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DEFENSORIA PÚBLICA

do Estado de Mato Grosso


3ª. Defensoria Pública de Cáceres

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA PRIMEIRA


DE CÁCERES-MT.

Proc. n.º 91/2007 – cód. n.º 66568

ANTONIO RODRIGUES, brasileiro, convivente, lavrador,


identificado pelo RG n.º 546.892 SSP/MT e inscrito no CPF sob o n.º 396.374.761-72,
residente na Rua das Pamplonas, s/n, bairro Jardim das Oliveiras, requerido na ação
destituição de poder familiar de número em epígrafe, por intermédio da DEFENSORIA
PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO, via Defensor Público firmatário, vem à
ilustre presença de Vossa Excelência, apresentar a sua CONTESTAÇÃO,
consubstaciada nas razões de fato e de direito a seguir expostas, para, ao final,
proceder ao pedido e aos requerimentos finais:

Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e na
moralidade.

Rua Coronel Faria, esquina com Rua Tiradentes nº 382, Centro, Cáceres – MT, CEP 78.200-000 1
Fone/Fax: (65) 223-7005
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I SINOPSE DA EXERDIAL

Trata-se de procedimento que tem por demandante o


MINISTÉRIO PÚBLICO e por objeto a destituição do poder familiar dos requeridos
NEUZA CEBALHO e ANTONIO RODRIGUES sobre o adolescente LUIZ ANTONIO
CEBALHO RODRIGUES, uma vez que este tem sido vítima de abandono moral e
material.

O órgão do Conselho Tutelar da Infância e da Juventude, em


09/01/2005, recebeu informação policial de que o adolescente estaria praticando furto,
tendo sido dito pela sua irmã, ROSELI CEBALHO RODRIGUES, que o mesmo trabalha
como engraxate e não lhe obedece, inexistindo condições de cuidar do menor, pois ela
e o seu marido estão desempregados, têm dois filhos pequenos e moram em uma casa
com dois cômodos.

A genitora do adolescente, ora requerida, em 10/01/2006, por sua


vez, perante o Ministério Público, informou que o adolescente morou uns tempos com o
genitor, mas, posteriormente, decidiu morar com a ela, porém, a dimensão reduzida da
residência motivou o menor a mudar-se novamente, indo morar com a irmã —
provavelmente, a referida no parágrafo anterior —, sendo que frequentemente
permanece dias fora de casa.

O genitor do adolescente, ora requerido, em 12/01/2006,


informou, perante o Conselho Tutelar da Infância e da Juventude, desconhecer o
envolvimento do seu filho com más companhias, bem como a razão de estar o mesmo
engraxando sapatos.

Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e na
moralidade.

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O adolescente, em 08/08/2006, foi encaminhado para a Casa da


Criança, pois se encontrava morando na rua, entretanto, realizou fugas freqüentes e
consecutivas; e, em 29/09/2006, submetido à avaliação psicológica, constatou-se que
ele apresentava comportamento indesejado, como indecisão, ambivalência e
dissimulação de conflitos, depressão e agressividade, necessitando de ajuda também
no tocante ao campo da sexualidade.

Por meio de visita à residência da requerida, os conselheiros


constaram o descaso e a indiferença da mesma para com o adolescente,
apresentando-se como uma pessoa destituída de sentimentos para com seu filho,
informando que não via o menor há mais de três meses.

Sobressai dos autos que em 09/11/2006, o adolescente fugiu da


Casa da Criança e foi morar com a tia materna, VITURINA ARES CEBALHO,
constatando os conselheiros que o menor encontrava-se bem adaptado ao novo
ambiente doméstico.

A tia materna do adolescente, ao ser ouvida perante o Conselho


Tutelar da Infância e da Juventude, manifestou interesse em cuidar do menor,
afirmando que a genitora do adolescente não o teria recebido na residência da mesma,
e que o genitor não estaria em casa, pois trabalha em fazenda.

A partir dessas proposições, o representante ministerial requereu


a suspensão liminar do poder familiar dos requeridos sobre o adolescente em questão,
bem como a concessão da guarda provisória à tia materna, e pediu que, ao final, fosse
a presente demanda julgada procedente, destituindo os genitores do Poder Familiar,
colocando o menor em família substituta, tornando definitiva a guarda.
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e na
moralidade.

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II DOS FATOS

A situação descrita na peça vestibular, a despeito da gravidade,


não justifica o julgamento pela procedência da demanda, na medida em que não se
pode atribuir ao requerido qualquer conduta de exposição do seu filho aos sobreditos
eventos.

O requerido, que é lavrador, errou unicamente em confiar a


guarda do adolescente à requerida, genitora do menor, em razão da necessidade de
deslocar-se para outras localidades em busca de emprego, para o sustento seu, do
filho, e da nova família constituída.

Prova disso é que em momento algum o Ministério Público


procedeu a qualquer apontamento de conduta concreta que denote o abandono do
menor pelo genitor, limitando-se a anunciar, de forma genérica, o suposto desinteresse
paterno.

Por outro lado, transcorridos quatorze meses desde a propositura


da demanda, a realidade é outra, pois, ao tomar conhecimento dos problemas
instalados em torno do adolescente, o requerido, antes de ser citado da presente,
trouxe o filho para morar consigo, não permitindo que o menor trabalhasse como
engraxate e promovendo o retorno dele à escola.

Dessa maneira, estando o adolescente há mais de seis meses na


companhia paterna, encontrando-se em boas condições, sobressai — ao menos em
relação ao requerido — a insofismável ausência de amparo do requerimento ministerial
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pela concessão do pedido na forma liminar, de maneira que a sua imediata revogação é
medida que se impõe.

Por conseguinte, o adolescente, hoje, conforme se demonstrará


no decorrer da instrução, encontra-se submetido a um processo de desenvolvimento
diverso, de forma que, semelhantemente a outras crianças da sua idade, tem uma
rotina de estudo, lazer e, inclusive, responsabilidade, consubstanciada, por exemplo, no
compromisso de levar e buscar o sobrinho até a escola.

Infelizmente, o requerido ainda não consegue exercer suas


atividades na localidade onde reside, porém, nas ocasiões em que necessita ausentar-
se, tem contado com a ajuda da filha LUZIMAR RODRIGUES na criação do
adolescente.

Dessa forma, o requerido não poderá ser destituído do poder


familiar, na medida em que isso implicaria um injusto reconhecimento de inaptidão
paterna, situação deveras inexistente nos presentes autos, pois estes, quando muito,
em desfavor do mesmo, poderão tão-somente demonstrar que se equivocou ao permitir
que o seu filho ficasse aos cuidados da genitora.

É sabido que a criança ou o adolescente tem direito de ser criado e


educado em sua família natural, sendo a família substituta medida excepcional 1 (artigo
19 do Estatuto da Criança e do Adolescente), ou seja, os vínculos familiares devem ser
preservados, via de conseqüência, a perda ou suspensão do poder familiar somente se

1
Vide comentários ao artigo 25 do Estatuto da Criança e Adolescente prelecionados na obra de Eduardo
Roberto Alcântara Del –Campo e Thales Cezar de Oliveira, intitulada Estatuto da Criança e do
Adolescente, 2005, p.35.
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justifica quando estiverem configurados os motivos que ensejaram o pleito, não sendo
esta a hipótese dos autos, ao menos em relação ao pai.

Por fim, a falta ou carência de recursos materiais não é motivo


bastante para a perda ou suspensão do poder familiar, caso em que o adolescente tem
o direito de ser mantido em sua família natural, e, juntamente com os seus pais, serem
submetidos às medidas de proteção previstas nos Estatuto da Criança e do
Adolescente.

III DOS REQUERIMENTOS FINAIS:

Diante de todo o exposto, requer:

a) seja o Defensor Público intimado pessoalmente, bem como os


prazos lhe sejam contados em dobro, nos termos do artigo 128, inciso I, da L.C. nº.
80/94;

b) seja determinada a realização de estudo psicossocial do caso


pela equipe interdisciplinar desse Juízo;

c) seja a medida liminar de suspensão do poder familiar


imediatamente revogada, em relação ao requerido, e, ao final, seja a presente demanda
julgada improcedente, ao menos parcialmente, aplicando ao requerido e ao seu filho as
medidas de apoio e orientação técnica eventualmente indicadas pelo estudo
psicossocial e recomendadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

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Pretende provar o alegado mediante oitiva da requerida e


testemunhas abaixo arroladas, prova documental, avaliação de especialistas e demais
meios admitidos em Direito, consoante determinação do art. 332 do Código de
Processo Civil.

Pede Deferimento.
Cáceres-MT, 28 de novembro de 2022.

Marcello Affonso Barreto Ramires


Defensor Público

ROL DE TESTEMUNHAS

a) Joacir P. Pinto, residente na Rua da Areeira, quadra 114, lote 08, Jardim das
Oliveiras, Cáceres/MT.

b) Maria Silva Oliveira, residente na Rua da Areeira, quadra 114, lote 08, Jardim das
Oliveiras, Cáceres/MT.

Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados com excelência, efetivando a inclusão social, respaldada na ética e na
moralidade.

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