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ADVOCACIA

Dra. Patrícia Campos de Lima OAB/SP 420.054

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA


INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE TATUÍ / SP

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002874-43.2022.8.26.0624 e código A562203.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PATRICIA CAMPOS DE LIMA, protocolado em 05/05/2022 às 14:33 , sob o número 10028744320228260624.
DISTRIBUIÇÃO URGENTE

COM PEDIDO DE LIMINAR

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO – ART. 4º. DA LEI Nº 8.069/1990

JOÃO RAVI DE ANDRADE, brasileiro, menor impúbere nascido


em 04/11/2020, representado por sua genitora, EDIANE DE ANDRADE,
Brasileira, solteira, costureira, portadora do RG sob o nº 40951351 e do CPF
sob o nº 375.320.778-02, residente e domiciliada a Rua José Bonifácio, 28,
Centro, Tatuí, São Paulo, CEP: 18270-200, vem a Vossa Excelência, por meio
de sua advogada (mandato anexo) com fulcro no artigo 5º,
inciso LXIX da Constituição Federal, e nos termos da Lei nº Lei 12.016/09,
impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

em face da SENHORA ELISÂNGELA DA COSTA ROSA CECÍLIO -


SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, com endereço à Rua Dr. Gualter
Nunes, 468 – Jardim Junqueira, por entender que a Autoridade coatora é
quem ordena a prática do ato impugnado ou se omite em praticá-lo, tudo
pelos fatos e fundamentos de direito a seguir narrados:

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Dra. Patrícia Campos de Lima OAB/SP 420.054

1 – DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002874-43.2022.8.26.0624 e código A562203.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por PATRICIA CAMPOS DE LIMA, protocolado em 05/05/2022 às 14:33 , sob o número 10028744320228260624.
A genitora do impetrante trabalha como costureira, tendo como
renda mensal o valor de R$1.500,00 conforme declaração anexa, não
possuindo condições de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo de
seu sustento familiar, necessitando, para tanto, que sejam deferidos os
benefícios da justiça gratuita.

2 – OS FATOS

O impetrante possui 1 ano e meio de idade e, recentemente a mãe


do menor, que é solteira e provém o sustento dos filhos sozinha, conseguiu
emprego fixo como costureira, necessitando que o mesmo frequente creche
para que a mesma possa trabalhar, não possuindo qualquer outra pessoa
que possa ficar com o menor em seus cuidados.

Neste sentido, a genitora da impetrante, no dia 28 de abril de


2022, procurou a Secretaria Municipal da Educação e realizou o pedido de
vaga em creche, indicando a creche “EMEI ALZIRA LEDO BONFIM”, que é a
mais próxima da residência dos mesmos.

Porém, até o momento não houve o contato da Secretaria da


Educação e sequer o nome do impetrante constou da lista divulgada pelas
escolas.

Apesar do pedido ter sido realizado em 28/04/2022, informou a


Secretaria da Educação não ter disponibilidade de vagas para atender as
crianças do município, e sequer há previsão da divulgação de novas listas de

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creches. Porém, é sabido que recentemente houve a inauguração de


nova creche no Bairro Jardim Juliana, que ocasionaria a chamada de

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mais crianças para vagas, o que não ocorreu.

https://www2.tatui.sp.gov.br/2022/04/06/mais-de-200-alunos-
serao-atendidos-na-nova-emei-inaugurada-no-jardim-juliana/

É mister consignar que a genitora do impetrante necessita


trabalhar para fim de prover ao sustento da família. Por isto, necessita
urgentemente da vaga escolar.

Não obstante isto, a frequência à creche consiste em direitos


fundamentais desta enquanto criança, de efetivação indispensável à sua boa
formação e educação.

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Além disso, é notório que para que os pais possam trabalhar, é


indispensável que possam deixar seus filhos em segurança, em ambiente

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adequado para um crescimento saudável da criança, tanto que
a Constituição Federal prestigia a educação infantil, como forma de propiciar
o desenvolvimento integral das crianças de zero a seis anos de idade, o
atendimento em creches e unidades de pré-escola (artigo 208, inciso IV, CF).

Observa-se, portanto, que além da necessidade imposta pelo fato


de que os pais precisam trabalhar, o atendimento das crianças em creche e
a frequência destas são direitos garantidos constitucionalmente que devem
ser respeitados e efetivados.

3 – O DIREITO

O artigo 208, IV, da Constituição Federal, assegura às “crianças de


zero a seis anos de idade” o efetivo acesso e atendimento em creches e
unidades de pré-escola. Coaduna-se a este dispositivo o artigo 227 do Texto
Constitucional que ressalta o direito à educação, notadamente às crianças.

Enfatiza-se, ainda, que, nos termos do artigo 211, § 2º da CF,


compete prioritariamente aos Municípios atuar no ensino fundamental e
infantil.

No caso em tela, o impetrante sofreu com o ato abusivo e ilegal da


autoridade coatora, na medida em que não lhe foi assegurado o atendimento
em creche municipal, medida que afronta brutalmente os dispositivos
constitucionais apontados, além de outras disposições conforme adiante se
demonstrará.

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À luz da conformação constitucional, no caso em tela, é dever do


Município garantir o acesso pleno ao sistema educacional, haja vista que se

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trata de atendimento em creche municipal ou que lhe faça as vezes, por
convênio. E ainda, não se pode olvidar que o direito perseguido é LÍQUIDO
E CERTO, se refere à garantia de duas crianças de fluírem de seu direito
constitucional à educação. Neste sentido:

80025020- REMESSAEX OFFICIOE RECURSO VOLUNTÁRIO -


MANDADO DE SEGURANÇA - RECUSA DE MATRÍCULA EM
ESCOLA DE PRIMEIRO GRAU E CRECHES PELA MUNICIPALIDADE
A ALEGAÇÃO DE FALTA DE VAGAS - INADMISSIBILIDADE -
DIREITO LÍQUIDO E CERTO FERIDO -Conceitua-se como direito
líquido e certo a matrícula em estabelecimento de ensino público de
criança e adolescente, situado próximo a residência, por ser dever
constitucional do estado prover a educação dos que dela
necessitam, por força do estatuído no artigo 53 do Estatuto da
Criança e do Adolescente e artigo 208 da Constituição Federal.
(TJES - REO 024920039542 - Rel. Des. José Mathias de Almeida Neto
- J. 21.06.1994) (FONTE: www.iobonlinejurídico.com.br).

E sobre o tema educação consigna-se a magistral lição de Celso


Ribeiro Bastos:

“A educação consiste num processo de desenvolvimento do


indivíduo que implica a boa formação moral, física, espiritual
e intelectual, visando ao seu crescimento integral para um
melhor exercício da cidadania e aptidão para o
trabalho.”(BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito
constitucional. 20. Ed. Atual. São Paulo: Saraiva, 2005).

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À vista do exposto, pode-se assegurar que o direito à educação

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possui um alto relevo social e irrefutável valor constitucional, e uma de suas
faces é justamente a garantia de acesso a creche, e assim sendo, não pode ser
considerado apenas um axioma, mas deve ser posto em prática e é dever do
Estado efetivá-lo.

Complementando, anota-se que o direito do impetrante a vaga em


creche encontra-se resguardado inclusive pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei nº 8.069/90, em especial nos artigos 4º., parágrafo único,
alínea b e artigo 54, inciso IV.

Conclui-se, portanto, que diante da omissão do Poder Público


Municipal em não oferecer vaga na creche em período integral para o
impetrante, e pelo fato deste possuir direito líquido e certo a tal serviço
público, considerando as disposições constitucionais e infraconstitucionais,
o mandado de segurança ora impetrado é a medida judicial cabível, sendo
lícito ao Poder Judiciário apreciá-lo, sem que isto afronte o princípio da
separação de poderes.

4 – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

A Lei 12.016/09 - que disciplina o Mandado de Segurança -, dispõe


que a liminar será concedida, estando presentes o relevante fundamento do
pedido e a ineficácia da medida, caso não seja deferida de plano.

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Se houve o pedido administrativo e a abertura de novas vagas


mas até o momento a impetrada não deu qualquer informação aos

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responsáveis do impetrante, há motivos para a liminar ser deferida,
posto que, é um direito da criança frequentar a creche.

A relevância do fundamento pode ser entendida como a


plausibilidade do direito invocado ou, na expressão latina, fumus boni iuris,
este consistente, no caso em tela, na obrigação do Município em propiciar
efetivamente o atendimento em creche e pré-escola às crianças entre
zero e seis anos de idade, enquanto que a ineficácia da medida, caso não
seja deferida de imediato, poderá resultar em imensuráveis prejuízos
à formação saudável da criança, uma vez que se encontra sem o amparo
educacional, e além disso, sua família poderá sofrer fortes abalos na
renda, diante da escassez de recursos financeiros que a caracteriza,
assim configurando-se o chamado periculum in mora.

Assim, estão presentes o fumus boni iuris, pois a obrigação de


atendimento na creche/pré-escola é manifesta, tenda em vista o Comando
Constitucional existente e pela legislação infraconstitucional que
regulamenta e disciplina o dever da Administração Pública em prover
atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade, bem como o periculum in mora, pois, a genitora trabalha,
necessitando que seu filho esteja devidamente matriculado em creche
escolar. Afinal, caso isso não ocorra de imediato, mais complicada ficará a
situação da mesma, que não possui condições de trabalhar em tranquilidade
para prover sozinha o sustento da família.

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A creche em período integral é imprescindível para que a mãe do


menor possa trabalhar e cuidar com dignidade dos filhos, além de ser

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necessária para a sua formação educacional, e sua ausência pode causar
enormes prejuízos para a renda familiar que depende do trabalho da
genitora, de modo a desrespeitar os ditames da Constituição Federal.

Ante todo o exposto, é notório o cabimento da concessão


do mandamus, determinando à autoridade suscitada no preâmbulo do
presente mandado, já LIMINARMENTE, o atendimento e disponibilização ao
impetrante de vaga em período integral na escola indicada no protocolo
anexo, conveniada à Municipalidade, ou em outra creche e pré-escola mais
próxima à residência deste, dentro deste Município, em período integral, por
prazo indeterminado.

5 - DO PEDIDO

Em face do exposto, a impetrante requer:

a) a concessão LIMINAR da segurança, ordenando à autoridade


coatora a IMEDIATA colocação do menor, ora impetrante, na “EMEI
ALZIRA LEDO BONFIM”, OU outra creche e pré-escola mais próxima
da residência do impetrante, com a fixação de astreintes para
garantia da efetividade da liminar.

b) Deferimento da justiça gratuita;

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c) Prioridade na tramitação do processo e sigilo de justiça, em


atendimento ao art. 4º da Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do

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d) Notificação da autoridade coatora, para que, no prazo da lei, preste as


informações necessárias;

e) Seja ouvido o Ministério Público;

f) Ao final seja julgado o pedido procedente, confirmando-se a liminar


anteriormente concedida e concedendo-se a segurança em definitivo,
determinando que a autoridade coatora seja compelida a atender e
disponibilizar vaga em período integral para o menor, ora impetrante, na
creche indicada ou em, outra creche próxima da residência do mesmo,
por prazo indeterminado, enquanto sua idade for compatível com a
instituição educacional.

Atribui à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais).

Termos em que,

pede deferimento.

Tatuí, 05 de maio de 2022

PATRICIA CAMPOS DE LIMA

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