RELATÓRIO FINAL

Relator: Deputado Zé Nunes - PT

1
2
SUMÁRIO
Palavra do Presidente 4
Palavra do Relator 6
Introdução 9
Histórico da situação do loteamento Granja Esperança 12
Cronograma das ações desenvolvidas pela Comissão Especial 18
Síntese das atividades da Comissão Especial
sobre a Regularização do bairro Granja Esperança 20
Conclusões da Comissão Especial 52
Medidas sugeridas 54
Anexos 56

3
 PALAVRA DO PRESIDENTE
A instalação da Comissão Especial para Regu-
larização do Bairro Granja Esperança foi motivada
pela reivindicação de 1.632 famílias que ocupam
a área no município de Cachoeirinha e que bus-
caram, no Parlamento gaúcho, um interlocutor
capaz de promover o diálogo com o Poder Judi-
ciário, Ministério Público, Poder Executivo Munici-
pal e demais instituições envolvidas no processo.
Após 31 anos de ocupação, o valor cobrado
por parte da Habitasul – agente financeiro na épo-
ca da construção das casas – gerou preocupação
entre os moradores.
4
Em ocasião da instalação da Comissão Es-
pecial em setembro de 2018, os moradores plei-
tearam a Lei Federal 13.465 de 2017, que dispõe
sobre a Regularização Fundiária Urbana (REURB)
como instrumento jurídico para regularizar as re-
sidências Também defendem que o valor seja de
acordo com as condições de cada família e com a
metragem de origem de cada imóvel.
O histórico da ocupação foi resgatado e pas-
sou por análise do nosso colegiado. Além das
reuniões prévias, foram realizadas visitas técnicas
e audiências públicas na Assembleia Legislativa
e em Cachoeirinha. Na condição de morador do
município, acompanho a situação das famílias
e a evolução da Granja Esperança nos últimos
anos. Nesse sentido, é preciso considerar que, na
época da formação do bairro, muitas moradias
não tinham portas, janelas, telhado, tampouco
ligação de água e de energia elétrica. Os morado-
res investiram, colocaram as casas em condição
de moradia e ergueram muros. No decorrer de
três décadas, por empenho e mobilização da
comunidade, a região passou a contar com esco-
la e linhas de ônibus. O resultado dessa luta foi a
valorização imobiliária da região, onde agora está
sendo cobrado um preço alto justamente das
pessoas que criaram essa condição para a Granja.
Atenta e sensível à pertinência dos motivos
apresentados pelas famílias e à urgência da de-
manda, a Assembleia Legislativa gaúcha instalou
a Comissão Especial para Regularização do Bairro
Granja Esperança com o objetivo de buscar cami-
nhos para viabilizar esse pleito coletivo, convicta
do seu compromisso em fazer valer o acesso à
moradia, um direito social assegurado pela nossa
Constituição Federal e condição essencial para o
bem-estar e conquista da dignidade humana.
Deputado Sergio Peres (PRB)
5
 PALAVRA DO RELATOR
O Acesso à moradia, muito além de ser
uma garantia constitucional, é uma exigência
que decorre da própria situação humana,
referente à necessidade de o homem proteger-
se das intempéries e possuir um espaço que
sirva como referencial para sua vida social.
É a partir de nossa morada que construímos
nossa história, nosso laços afetivos e nossa
própria identidade.
Muitas vezes este direito à moradia
não é efetivado, levando as famílias a se
estabelecerem em áreas de risco, insalubres e
sem as condições adequadas de saneamento e
6
serviços públicos básicos. Para muitas famílias
não resta alternativa na busca por este direito
fundamental senão a ocupação de áreas e
imóveis, mesmo que de forma irregular.
Em São Lourenço do Sul, durante nossa
gestão, este tema foi enfrentado de forma
prioritária a partir de um amplo diálogo com
a sociedade, onde buscamos construir ações
concretas, como a construção de moradias
populares, atendendo prioritariamente as
comunidades quilombolas e de pescadores
artesanais, que tinham uma demanda histórica
por moradia digna, além da regularização de
áreas urbanas.
A luta por moradia é um tema caro ao
nosso mandato, inclusive por vivenciar
pessoalmente esta luta, junto com moradores
da Vila Boqueirão, distrito onde se originou
nosso município de São Lourenço do Sul,
conquista da regularização do bairro, para que
as melhorias na comunidade sejam contínuas
e permanentes, pois só assim teremos uma
cidade mais humana para todas e todos.
Deputado Zé Nunes (PT)

que enfrentam uma batalha para terem seus

direitos assegurados.
O trabalho da Comissão Especial sobre a
Regularização do Bairro Granja Esperança,
mostrou que os moradores do bairro Granja
Esperança, após mais de 30 anos de luta, estão
no caminho certo para a conquista definitiva
dos seus imóveis, mas é importante que esta
mobilização se mantenha mesmo após a

7
8
INTRODUÇÃO
O artigo 25º da Declaração Universal do
Direitos Humanos (1948) dispõe que toda
pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de
prover o bem-estar a si e a sua família, incluindo
a habitação como um dos critérios para o
alcance desse padrão. Da mesma forma, o Pacto
Internacional dos Direito Econômicos, Sociais e
Culturais (1966), ratificado pelo Decreto nº 591,
de 06 de Julho de 1992, faz referência ao mesmo
direito afirmado na Declaração Universal, prevê,
em seu artigo 11-1, a moradia.
Por seu turno, o artigo 6º da Constituição
Federal garante o direito à moradia, ao passo que
o inciso IV, artigo 7º, também da Constituição,
determina que o salário deve ser tal que atenda
à necessidade de moradia do trabalhador e de
sua família.
O Acesso à moradia é uma exigência que
decorre da própria situação humana, referente
à necessidade de o homem proteger-se das
intempéries e possuir um espaço que sirva como
referencial para sua vida social.
Muitas vezes este direito à moradia
não é efetivado, levando as famílias a se
estabelecerem em áreas de risco, insalubres e
sem as condições adequadas de saneamento e
9
 serviços públicos básicos. Para muitas famílias
não resta alternativa na busca por este direito
fundamental senão a ocupação de áreas e
imóveis, mesmo que de forma irregular.
A luta por moradia está no cerne da
situação enfrentada pelos moradores do bairro
Granja Esperança, localizado no município de
Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto
Alegre, que há mais de 30 anos residem no local
e enfrentam uma longa batalha judicial para
evitar a desocupação dos imóveis onde vivem.
Tal situação levou a Assembleia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul, por inciativa do
Deputado Sérgio Peres (PRB), a instalar uma
Comissão Especial para tratar exclusivamente
10
desta situação.
A Comissão Especial sobre a regularização
do Bairro Granja Esperança, no município
de Cachoeirinha, instalada pela Assembleia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul no
dia 25 de setembro de 2018, teve como objetivo
estabelecer um espaço de diálogo entre todos
os atores envolvidos neste tema, que são
a prefeitura municipal de Cachoeirinha, os
atuais moradores da localidade, representados
pela Associação Comunitária Granja Unida –
ACOGEU – e representantes da Habitasul Crédito
Imobiliário.
O objetivo prioritário da Comissão Especial é
a busca de alternativas para a regularização de
1.632 imóveis localizados na Granja Esperança,
que há mais de 30 anos estão ocupados.
A Comissão foi integrada pelos seguintes
Deputados:
Deputado Sérgio Peres (PRB):
Presidente;
• Deputado Elton Weber (PSB):
Vice-Presidente;
• Deputado Zé Nunes (PT):
Relator;
• Deputado Tarcísio Zimmermann (PT);
• Deputado Juvir Costela (MDB);
• Deputado Gabriel Souza (MDB);
• Deputado Gerson Burmann (PDT);
• Deputada Juliana Brizola (PDT);
• Deputada Silvana Covatti (PP);
• Deputado Sérgio Turra (PP);
• Deputado Maurício Dziedricki (PTB) e
• Deputado Adilson Troca (PSDB).
11
 HISTÓRICO DA SITUAÇÃO DO
LOTEAMENTO GRANJA ESPERANÇA
A história do loteamento Granja Esperança
remonta a década de 80, quando a Cooperativa
Habitacional São Luiz iniciou a criação do
loteamento e a construção das casas (foto 1),
contraindo um financiamento junto a Habitasul
Crédito Imobiliário. Com a paralisação das
obras e a inadimplência da Cooperativa São
Luiz, ocorreram as primeiras ocupações, antes
da finalização das obras. Na época, muito dos
ocupantes dos imóveis tiveram que finalizar
a construção das casas, que se encontravam
sem portas, janelas, telhados e não possuíam
12
ligações de água e luz.
No início a região não possuía calçamento,
iluminação pública, recolhimento de lixo, linha
de ônibus ou qualquer serviço público. Hoje,
após muita luta e mobilização dos moradores,
a situação é bem diferente, a maioria das casas
possui bem feitorias, o loteamento possui
infraestrutura necessária, como escolas e um
comércio pujante.
Loteamento Granja Esperança, 1980 (fonte)

13
 Em 1992 uma ação de execução de penhora
pela Habitasul contra a Cooperativa São Luiz
solicitou a retomada de todos os imóveis pela
empresa credora, sendo que em abril de 2018
a justiça determinou a avaliação dos imóveis
e sua retomada pela Habitasul, dando um
prazo de 180 dias para a aquisição preferencial
dos imóveis pelos atuais moradores, caso o
morador não realize a negociação e efetive a
compra do imóvel dentro do prazo, a Habitasul
poderá proceder a venda do mesmo para outra
pessoa.
Na avaliação feita pelos peritos designados
pela justiça, avaliou-se os imóveis enquadrando-
os da seguinte forma: casa residencial, de
14
três dormitórios, por R$ 151.059,75; casa
residencial, de dois dormitórios, por R$
126.381,12; casa residencial, de um dormitório,
por R$ 99.046,50; casa comercial, de três
dormitórios, por R$ 177.619,70; casa comercial,
de dois dormitórios, por R$ 148.625,09; casa
comercial, de um dormitório, por R$ 116.421,14.
As condições para a aquisição dos imóveis
pelos atuais moradores apresentada pela
Habitasul são de 10% do valor avaliado como
entrada, ficando este valor entre R$ 9 mil e
R$ 13 mil, com financiamento direto do saldo
restante em até 180 parcelas, resultando em
parcelas de cerca de R$ 1 mil. A média salarial
dos moradores é de 2,7 salários mínimos
por família, o que dificulta a aceitação das
condições propostas.
O prazo de 180 dias para que os atuais
moradores efetuassem a negociação de compra
do imóvel, findaria em 12 de novembro de
2018, tendo sido tal prazo prorrogado dentro
da própria ação, à pedido da Habitasul, por
mais 180 dias, a partir de uma solicitação desta
Comissão Especial.
Ao mesmo tempo que corre os prazos
estipulados no processo de execução de
penhora, um morador obteve o usucapião do
imóvel comprado do primeiro ocupante, após
uma decisão favorável no TJ/RS, que reformou
decisão do juiz do Fórum de Cachoeirinha,
que havia negado o pedido de usucapião,
citando que havia uma execução hipotecária
da Habitasul contra a Cooperativa São Luiz. O
relator do processo no TJ/RS sustentou que “a
execução hipotecária não caracteriza oposição
contra posse de terceiros, já que a usucapião é
forma originária de aquisição de propriedade”.
Na ação o Cooperativa, que é a detentora da
matrícula do imóvel, não se manifestou, o
que levou a consideração de posse pacífica
do imóvel. Esta decisão é única e ainda cabe
recurso.
Outra inciativa acerca da situação do bairro
Granja Esperança é o processo de Regularização
Fundiária Urbana – Reurb – realizado pela
15
 prefeitura municipal de Cachoeirinha. O Reurb,
regulamentado através da Lei Federal nº
13.465/17, é um conjunto de normas gerais que
estabelecem as medidas jurídicas, urbanísticas,
REGULARIZAÇÃO
ambientais e sociais a serem adotadas para FUNDIÁRIA URBANA
incorporação dos núcleos urbanos informais DE INTERESSE SOCIAL
(núcleos em situação irregular e sem titulação (“REURB -S”)
dos ocupantes) ao ordenamento territorial.
O Reurb possui duas modalidades distintas, Que corresponde à regularização
podendo os moradores da Granja Esperança
fundiária aplicável aos núcleos urbanos
se enquadrarem em um dos dois, que são os
informais ocupados predominantemente
seguintes:
por população de baixa renda;

16
 A partir da publicação do edital nº 24, em 01
de outubro de 2018, a prefeitura de Cachoeirinha
instaurou o processo de regularização fundiária
REGULARIZAÇÃO da área, com o chamamento dos moradores
FUNDIÁRIA URBANA para realização de cadastro e enquadramento
DE INTERESSE ESPECÍFICO nas modalidades do Reurb.
(“REURB -E”) Este processo ainda é incipiente e não
suspende a tramitação da ação de execução

Que objetiva a regularização fundiária da penhora dos imóveis, que continua na

de núcleos informais ocupados contagem dos prazos estipulados.

por população não qualificada na

hipótese da primeira modalidade.

17
 CRONOGRAMA DAS AÇÕES
DESENVOLVIDAS PELA COMISSÃO ESPECIAL
A partir da instalação da Comissão Especial, para buscar uma solução definitiva a situação
os deputados realizaram uma série de reuniões, enfrentada pelos moradores do bairro, conforme
audiências públicas, visitas ao bairro Granja cronologia descrita:
Esperança e reuniões com o poder judiciário

25/09 Instalação da Comissão Especial.

Local: Sala da Presidência da Assembleia Legislativa

Edital nº 24 de 01 de outubro de 2018, publicado em 03 de

01/10 outubro de 2018, no Diário Oficial de Cachoeirinha
DECISÃO INSTAURADORA DO REURB – Prefeitura de Cachoeirinha

Reunião para escolha do relator e do vice-presidente e votação

16/10 de requerimentos de audiências públicas
Local: Sala Prof Dr Sarmento Leite / Horário: 13:15

18
 Visita ao bairro Granja Esperança. Local: Associação Comunitária Gran-
ja Unida (ACOGEU), rua Carlos de Sousa Feijó, 127. Horário: 14:00
29/10 Reunião com a juíza Lúcia Rechden Lobato.
Local: Fórum de Cachoeirinha - rua Manatá, 690. Horário: 17:00

Audiência Pública: Regularização do Bairro Granja Esper-

05/11 ança no município de Cachoeirinha – Entraves e Metas
Local: Plenarinho. Horário: 19:00

Seminário: Aplicação da Lei 13.465/2017 e Regularização Fundiária

19/11 Urbana (REURB) no Bairro Granja Esperança –

Local: Câmara Municipal de Cachoeirinha / Horário: 9-17 horas
Publicação da Cartilha sobre a REURB

Audiência Pública: Regularização do Bairro Granja Esperança no mu-

20/11 nicípio de Cachoeirinha – Avanços e perspectivas
Local: Ginásio do Colégio São Mateus, em Cachoeirinha. Horário: 19:30

29/11 Reunião com Desembargador Nelson José Gonzaga,

Local: Tribunal de Justiça. Horário: 14:30

19
 SÍNTESE DAS ATIVIDADES DA COMISSÃO
ESPECIAL SOBRE A REGULARIZAÇÃO
DO BAIRRO GRANJA ESPERANÇA

Foto: Luiz Morem

20
 Parlamento gaúcho, Marlon Santos (PDT),
25 de Setembro
deu posse ao autor da proposta de criação
INSTALAÇÃO do colegiado, deputado Sérgio Peres (PRB).
DA COMISSÃO Também presentes ao evento, o deputado
ESPECIAL SOBRE Tarcísio Zimmermann (PT); o chefe de gabinete
A REGULARIZAÇÃO do deputado Zé Nunes (PT), Zelmute Marten; a

DO BAIRRO GRANJA representação da Comissão de Moradores para

ESPERANÇA negociar prazos e valores, Lúcia Woll, Leandro

Almeida e Diego Dias; o chefe de gabinete da
Presidência da Assembleia, Jeferson Fagundes,
Em cerimônia na sala da Presidência da
e superintendentes da Casa.
Assembleia Legislativa foi instalada a Comissão
Especial para tratar da regularização do bairro
Granja Esperança, em Cachoeirinha.
O ato, conduzido pelo deputado Pedro
Ruas (PSOL), representando o presidente do

21
 Foto: Marcelo Bertani | Agência ALRS

22

16 do Outubro
ELEIÇÃO DO RELATOR
E DO VICE-PRESIDENTE
E VOTAÇÃO DOS
REQUERIMENTOS DE
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
Na primeira reunião da Comissão Especial
foi aprovado o Plano de Trabalho da Comissão
Especial, o convite, como hospedes oficiais
da Assembleia Legislativa, aos senhores Sílvio
Figueiredo, ex-diretor do Departamento de
Assuntos Fundiários Urbanos do Ministério das
Cidades, e Gilmar Souza Santos, secretário na-
cional de Desenvolvimento Urbano do Ministério
das Cidades, para participarem do Seminário
sobre o Reurb a ser realizado em Cachoeirinha.
Foram eleitos o Vice-presidente da Comissão,
Deputado Elton Weber (PSB) e o seu relator,
Deputado Zé Nunes (PT).
Por fim, foram votados e aprovados os
seguintes requerimentos:
REQUERIMENTO DE
AUDIÊNCIA PÚBLICA 01/2018:
com o tema “Regularização do Bairro Granja
Esperança no município de Cachoeirinha – Entra-
23
 ves e metas”, no Ginásio do Colégio São Mateus
(Rua Mario Teixeira de Souza, 511 - Granja Espe-
rança), em Cachoeirinha, tendo como convidados
moradores do Bairro Granja Esperança, Comissão
dos Moradores, Ministério das Cidades, Secreta-
ria Estadual de Obras, Saneamento e Habitação
(Rogério Araújo de Salazar) e Departamento de
Regularização Fundiária e Reassentamento (Kel-
len de Mattos), Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Sul, Defensoria Pública, Prefeitura
de Cachoeirinha, Câmara Municipal de Cachoei-
rinha, Secretaria Municipal de Assistência Social,
Cidadania e Habitação de Cachoeirinha, Núcleo
de Defesa Agrária e Moradia e demais órgãos e
entidades interessados.
24
REQUERIMENTO DE
AUDIÊNCIA PÚBLICA 02/2018:
com o tema “Regularização do Bairro Granja
Esperança no município de Cachoeirinha – As-
pectos técnicos: Lei 13.465/2017 e Regularização
Fundiária Urbana (REURB)”, em Cachoeirinha,
tendo como convidados moradores do Bairro,
Comissão de Moradores, Ministério das Cidades
(Silvio Figueiredo, ex-diretor, e Gilmar Souza
Santos, secretário nacional de Desenvolvimento
Urbano), Secretaria Estadual de Obras, Sanea-
mento e Habitação (Kellen de Mattos – Diretora
do Departamento de Regularização Fundiária
e Reassentamento), Conselho de Arquitetura
e Urbanismo – CAU/RS (arquiteto Rui Minei-
ro – vice-presidente), Prefeitura Municipal de
Cachoeirinha (prefeito Miki Breier), Ministério
Público (promotor de Justiça Daniel Martini –
coordenador do Centro de Apoio Operacional
de Defesa da Ordem Urbanística e Questões
Fundiárias), UniRitter (professora Thaís Cesário
Nunes da Cunha – Experiência em Regularização
Fundiária e Garantia de Direitos);
REQUERIMENTO DE
AUDIÊNCIA PÚBLICA 03/2018:
com o tema “Regularização do Bairro
Granja Esperança no município de Cachoei-
rinha – Avanços e perspectivas”, em Cachoei-
rinha, tendo como convidados moradores do
Bairro, Comissão de Moradores, Ministério
das Cidades, Secretaria Estadual de Obras,
Saneamento e Habitação (Rogério Araújo
de Salazar) e Departamento de Regulari-
zação Fundiária e Reassentamento (Kellen
de Mattos), Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Sul, Secretaria Municipal de
Assistência Social, Cidadania e Habitação de
Cachoeirinha, Prefeitura Municipal de Cacho-
eirinha, Câmara de Vereadores, Defensoria
Pública, Núcleo de Apoio à Moradia, demais
órgãos e entidades interessadas.
25
 29 de Outubro
VISITA AO BAIRRO
GRANJA ESPERANÇA
No dia 29 de outubro de 2018, os deputados
Sérgio Peres e Tarcísio Zimmermann, realizaram
visitas no bairro e conversaram com os
moradores.
As atividades iniciaram na sede da Associação
Comunitária Granja Unida (ACOGEU), rua Carlos
de Sousa Feijó, 127 e seguiram para as ruas do
entorno onde foram ouvidos moradores, além
de verificar as condições das residências.

26
Foto: Sâmella Moreira

27
 Foto: Sâmella Moreira

28
 29 de Outubro
REUNIÃO
COM A JUÍZA
LÚCIA RECHDEN
LOBATO
No dia 29 de Outubro, às 17 horas, após a
visita ao Bairro Granja Esperança, os deputados
realizaram uma Audiência com a Juíza Lúcia
Rechden Lobato no Fórum de Cachoeirinha, rua
Manatá, 690 para tratar dos temas relativos a
regularização do Bairro Granja Esperança.

29
 Foto: Marcelo Bertani | Agência ALRS

30
 Defensoria Pública, prefeitura de Cachoeirinha
05 de Novembro
e moradores do bairro Granja Esperança,
AUDIÊNCIA PÚBLICA que lotaram o Plenarinho e mais três salas
REGULARIZAÇÃO da Assembleia Legislativa, onde assistiram
DO BAIRRO GRANJA a audiência pelo sistema interno de TV. Na

ESPERANÇA NO ocasião foram discutidos os principais entraves

MUNICÍPIO DE para regularização do bairro e quais metas para

o próximo período a Comissão poderia assumir.
CACHOEIRINHA – Compuseram a mesa de trabalhos, além do
ENTRAVES E METAS Presidente da Comissão, Deputado Sérgio Peres
(PRB), os deputados Tarcísio Zimmermann (PT)
A Comissão Especial realizou dia 05 de
e Zé Nunes (PT), o prefeito de Cachoeirinha, Miki
novembro de 2018 sua primeira Audiência
Breier, o procurador-geral de Justiça, Fabiano
Pública, que reuniu no Plenarinho da
Dallazen, as promotoras de Justiça Simone
Assembleia os deputados integrantes da
Annes Keunecke e Paula Athanasio e a advogada
Comissão, representantes do Ministério Público,

31
 Clarice Zanini.
O Presidente comunicou que a Habitasul
havia pedido a prorrogação, por mais cento
e oitenta dias, do prazo para a aquisição
preferencial dos imóveis da Granja Esperança
pelos moradores, o qual estava previsto para se
encerrar dali a sete dias, em doze de novembro
de dois mil e dezoito.
Houve um relato da situação jurídica do
processo movida pela Habitasul, seu atual
estágio e desdobramentos, pela Promotora
de Justiça, Dra. Simone Annes Keunecke, que
também relatou também que a prefeitura
de Cachoeirinha, através do Reurb, estaria
buscando alternativas para a regularização
32
fundiária da localidade.
A advogada contratada pela Comissão
de Moradores da Granja, Dra. Clarice Zanini,
fez um relato das ações desenvolvidas pela
Comissão, salientando que o objetivo era o de
alterar as condições propostas pela Habitasul
para a aquisição dos imóveis, uma vez que a
renda médias dos moradores não possibilitaria
a efetivação da compra das casas pelos valores
propostos.
O prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier
destacou a importância da Comissão Especial
e colocou que a nova legislação federal que
trata do tema da regularização fundiária, o
Reurb, traz uma nova perspectiva sobre o
tema, possibilitando um outro caminho para a
regularização do bairro, sendo que a prefeitura
já publicou edital com a Decisão Instauradora
do REURB, que dá início ao processo de
regularização fundiária urbana. O próximo
etapa, já em execução, é o cadastramento das
famílias junto a Secretaria de Habitação do
munícipio.
O Deputado Tarcísio Zimmermann (PT)
parabenizou os moradores pela grande
mobilizou e colocou que hoje existem três
caminhos para a concretização da regularização
do bairro Granja Esperança, a negociação com
a Habitasul nos termos do processo existente,
o processo de usucapião e agora recentemente
o Reurb, coordenado pela prefeitura municipal.
O Deputado salientou que tanto com o Reurb
como com o usucapião não há garantias de
sucesso e que para a negociação com a habitasul
os moradores devem se manter mobilizados.
O representante da comissão de moradores
do bairro, Sr. Valci Guimarães, comemorou a
notícia da prorrogação do prazo com a Habitasul,
observando que recentemente afirmavam que
se a Comissão Especial obtivesse essa vitória
já se teria atingido o objetivo de ela existir.
Relatou visita ao bairro realizada na semana
anterior pelos deputados Sergio Peres e Tarcísio
Zimmermann, quando aproveitaram para se
reunir com a juíza, junto com o representante da
33
 Prefeitura, Dr. Cláudio, procurador, e o presidente
da Câmara de Cachoeirinha, vereador Rubens
Otávio. Explicou que, na ocasião, foi alegada a
importância da prorrogação do prazo e que a
juíza teria se comprometido a prorrogá-lo desde
que uma das partes legítimas – a Habitasul ou
a Cooperativa – entrasse com um pedido. Por
fim, frisou a importância dos moradores se
manterem mobilizados.
O Deputado Zé Nunes (PT) comunicou
que era relator da Comissão Especial e que
produziria um relatório a partir dos trabalhos
realizados. Disse que o tema da habitação o
vinha sensibilizando e que havia muitos desafios
nessa área e colocou-se à disposição para buscar
34
solução para o caso.
O Sr. José Renato Reis, da comissão de
moradores, explicou que em nenhum momento
a comissão de moradores orientou as pessoas
a não comprarem suas casas, sempre deixaram
claro que havia três caminhos: comprar o imóvel
da Habitasul, optar pelo usucapião, como alguns
o fizeram, ou coletivamente partir para uma
negociação. Em seguida expôs alguns pontos que
considerava importante para o prosseguimento
da regularização do bairro, como a reavaliação
dos imóveis com base no tamanho original
e na condição de quando foram ocupados;
a análise da realidade socioeconômica dos
moradores, cujo levantamento a prefeitura
já vinha realizando; a ampliação do prazo de
pagamento que, atualmente, era de 15 anos,
quando o almejado por eles era de até de 25
ou 30 anos; a redução dos juros acrescidos aos
valores; a retirada da entrada, porque, embora
pudesse ser parcelada, somava-se à prestação
do mês; a retirada de corretagem de imobiliária,
que era de 4%; e a REURB para todos, levando
em conta a condição econômica de cada um.
Por fim, levantou um questionamento a respeito
do Reurb, se o início do processo por si só não
suspenderia a ação movida pela Habitasul.
Em seguida a Promotora de Justiça, Dra
Simone Keunecke disse que a matéria era muito
nova e que eram poucos os processos de REURB
já decretados no país, mas ponderou que não
parecia a ela ser essa a solução para o caso,
porque para que houvesse a suspensão teria
que haver uma determinação do juiz, que teria
de ser provocado por uma das partes, então,
num primeiro momento, não lhe parecia que
pudesse haver essa suspensão automática – até
porque a REURB já estava decretada na Granja
e o processo seguia. No entanto, havendo uma
provocação de uma das partes, não estaria
afastada essa possibilidade.
35

19 de Novembro
SEMINÁRIO
APLICAÇÃO DA
LEI 13.465/2017 E
REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA URBANA
No dia 19 de novembro de 2018, na Câmara
Municipal de Cachoeirinha, foi realizado
um Seminário para analisar a aplicação da
Lei 13.465/2017 e a regularização fundiária
urbana. Compuseram a mesa de trabalhos os
deputados Sérgio Peres (PRB) e Juvir Costella
(MDB), o presidente da Câmara Municipal
36
de Cachoeirinha, Rubens Otávio, o prefeito
de Cachoeirinha, Miki Breier, o secretário de
Habitação de Cachoeirinha, Valdir Mattos, e
José Renato Reis, representante da Comissão
de Moradores do bairro. Também estiveram
presentes o deputado federal José Stédile
(PSB/RS) e a promotora Simone Keunecke.
O arquiteto Sílvio Figueiredo, idealizador da
Lei da REURB, descreveu o processo de criação
da lei, desde a consulta e o mapeamento das
dificuldades dos municípios brasileiros na
questão fundiária, passando pela elaboração
de uma primeira minuta e a criação de um grupo
de trabalho, até a atuação junto ao Congresso
Nacional e ao Palácio do Planalto que resultou
Foto: Sâmella Moreira

37
 em um projeto de lei e finalmente na Lei
13.465/2017 e no Decreto Federal 9.310, de
15/03/2018 (que regulamentou e estabeleceu
normas para a aplicação da lei).
Figueiredo descreveu os aspectos da lei:
a ampliação do alcance da regularização ao
se considerarem todos os núcleos informais
com usos e características urbanas, ainda
que situados em zonas rurais; a possibilidade
de milhares de domicílios, principalmente
os da Amazônia Legal, serem regularizados;
o reconhecimento dos direitos reais aos
ocupantes dos imóveis informais, conferindo-
lhes segurança jurídica; ingresso dos núcleos
urbanos regularizados na economia formal,
38
gerando receitas para os municípios; e
indução de ações de desenvolvimento
econômico, ordenação do espaço urbano, com
sustentabilidade fiscal.
Segundo Figueiredo, R$ 3,5 bilhões haviam
deixado de ser arrecadados em IPTU ao ano,
em municípios com até 20 mil habitantes,
por conta da falta de regularização fundiária.
Ainda conforme o arquiteto, mais de 60%
das propriedades urbanas no país estavam
irregulares, o que representava 30 milhões de
imóveis. Em Porto Velho, por exemplo, esse
índice era de 87%; em Guarulhos estava acima
de 80%.
As professoras da UNIRITTER, Thais Cesário
Nunes da Cunha e Cibele Gralha Mateus,
abordaram a importância da regularização
fundiária e relataram projeto nesse sentido
desenvolvido em parceria entre a universidade
e a prefeitura de Canoas. Thais Cesário explicou
como os direitos à moradia, à propriedade e à
dignidade se inter-relacionavam. Considerou
imensos os avanços da regularização fundiária
para a municipalidade.
O vice-presidente do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do
Sul (CAU/RS), Rui Mineiro, apresentou um
panorama das mudanças ocorridas no país
desde 1950, quando 75% da população vivia
na zona rural, até hoje, quando 80% das
pessoas concentrava-se nas áreas urbanas.
Nesta perspectiva, conforme palavras de
Mineiro, “A cidade seduz”. Na análise da cidade
de Cachoeirinha, emancipada de Gravataí em
1966, avalia que eram 130 mil habitantes, dos
quais 70% provenientes de outras localidades.
Com o tempo, Porto Alegre restringiu a
ocupação, de modo que as pessoas foram se
instalando nos municípios limítrofes. A falta
de planejamento configurou como o grande
problema das cidades e que a regularização
fundiária seria benéfica para todos por trazer
justiça, inclusive tributária.
Isabel Rodrigues Wexel, dirigente do Núcleo
de Defesa Agrária e Moradia da Defensoria
39
 Pública, destacou o quanto a lei 13.465/2017
é recente e sua aplicação em Cachoeirinha,
poderia servir de modelo a outros casos no
estado.
Kellen de Mattos, diretora do Departamento
de Regularização Fundiária e Reassentamento
da Secretaria Estadual de Obras, Saneamento
e Habitação, abordou os aspectos referentes
a nova lei, está pode surgir como um alento,
não somente a Granja Esperança, mas para
uma grande parcela que passa por situação
semelhante, onde mais de 50 mil imóveis
no estado necessitam de regularização. Em
um ano, o Departamento de Regularização
Fundiária e Reassentamento da Secretaria
40
Estadual de Obras, Saneamento e Habitação,
identificou e obteve soluções em virtude desta
lei, como foi o caso do projeto das Bananeiras,
ocupação com mais de 70 anos. Sobre o bairro
Granja Esperança, Mattos considera salutar
um possívelsob uma proposta de avaliação de
quanto se poderia abater dos valores cobrados
pela empresa, uma vez que os moradores do
bairro e o poder público haviam investido na
área ao longo dos últimos 31 anos.
O secretário nacional de Desenvolvimento
Urbano do Ministério das Cidades, Gilmar
Souza Santos, abordou o tema da regularização
fundiária, medida que promove a dignidade
e segurança jurídica para as comunidades.
Relatou casos que o emocionaram de entrega
de títulos a pessoas em várias cidades do país,
muitas das quais choravam ao recebê-los,
lembrando-se de uma luta que havia sido dos
pais, eventualmente já falecidos. Apresentou
um vídeo produzido pela Universidade Rural
do Semiárido mostrando alguns desses casos
e colocou-se à disposição para “ouvir, entender
e resolver”.
A advogada Clarice Zanini, profissional
contratada pelos moradores, abordou o tema
das melhorias realizadas no bairro em virtude
da união e da organização. Cabe o destaque
a transformação que bairro passou, com sua
valorização, produto de todas as melhorias
que transformaram a região, fruto do trabalho
dos moradores. No debate com o autor da
Lei da REURB, Zanini esclareceu dúvidas dos
moradores, tornando-se evidente que o fato de
haver uma ação judicial em curso não impede
a regularização fundiária.
O coordenador do Centro de Apoio
Operacional de Defesa da Ordem Urbanística
e Questões Fundiárias, promotor de Justiça,
Daniel Martini, anunciou a participação
do Poder Judiciário em uma câmara de
conciliação sobre o caso. Anunciou que havia
recebido a confirmação de que as juízas da
Comarca de Porto Alegre haviam contatado as
de Cachoeirinha para comunicar a decisão. O
41
 promotor comemorou os passos já dados na
questão, como a atuação do Ministério Público,
a instalação da REURB e o acompanhamento
do Judiciário, lamentando, porém, a falta
de planejamento e de políticas públicas
que previssem os riscos de determinadas
situações. Ficou registrado que uma série de
tragédias poderiam ter resultado dessa falta de
planejamento no país e no estado.
Sobre a Lei da REURB, Martini realizou
uma intensa reflexão. A lei adequava o direito
ao mundo dos fatos, o que era algo positivo,
assim como a flexibilidade observada nas
modalidades REURB-S e REURB-E. Neste
sentido, pode ser interpretado como
42
“controvertido” o Art. 23 da Lei, o qual,
segundo ele, abria uma porta muito ampla
para que o município desse a propriedade de
unidade imobiliária a quem detivesse a sua
posse até 22 de dezembro de 2016. O artigo é
interpretado por algumas correntes jurídicas
como inconstitucional.
Figueiredo, procurando contextualizar
as diferentes questões abordadas, retomou
aspectos de sua apresentação, especialmente
sobre os caminhos percorridos até a
consolidação da lei atual. A matéria havia
recebido 700 emendas, das quais 23 haviam
sido aprovadas, em um processo de intenso
debate envolvendo consultas a universidades e
autoridades técnicas e jurídicas. Sobre as ações mil residentes.
de inconstitucionalidade, não questionam os “Pretendemos não só fornecer uma
aspectos técnicos da lei, mas ao fato de ter sido ferramenta de trabalho aos agentes públicos
criada por Medida Provisória. envolvidos na regularização fundiária urbana,
mas também democratizar a informação

CARTILHA referente ao assunto, fazendo chegar ao

Durante o Seminário, a Comissão Especial cidadão um dos caminhos legais para o acesso

lançou uma cartilha informativa sobre à moradia, que é direito social assegurado pela

Regularização Fundiária Urbana (REURB). A nossa Constituição Federal”, explicou Sergio

publicação foi motivada pela reivindicação Peres.

das 1.632 famílias do Bairro Granja Esperança, EXEMPLARES DO MANUAL PODEM

de Cachoeirinha, que veem a REURB como SER OBTIDOS PELO FONE 51
3210 2439 OU PELO LINK:
instrumento legal para regularizar a situação dos http://www.al.rs.gov.br/FileRepository/
moradores da área, que começou a ser ocupada repdcp_m505/ComEspGranja_Rsperan%c3%a7a/
Cartilha%20-%20REURB.PDF
há 31 anos e hoje registra aproximadamente 15

43
 SOBRE A REURB
Com o objetivo de resolver problemas
do ordenamento territorial brasileiro, foi
promulgada em 2017 a Lei Federal nº 13.465,
resultante da conversão legal da Medida
Provisória 759/16, e, em março deste ano,
o Decreto Federal nº 9.310, tratando do
processo de regularização fundiária urbana
e estabelecendo procedimentos e diretrizes
a serem seguidos pelos Poderes Públicos e
44
particulares. A aprovação dos dispositivos
legais revogou por completo a Lei 11.977 de
2009, que até então cumpria tal papel.
Dentre as principais inovações, a Lei e
o Decreto se destacam por terem criado
o instrumento jurídico da Regularização
Fundiária Urbana. O marco legal cria o termo
“REURB” para conceituar a regularização
fundiária urbana como o conjunto de
medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais
e sociais destinadas à incorporação dos
núcleos urbanos informais ao ordenamento
territorial urbano e à titulação de seus
ocupantes, estabelecendo-se novos objetivos
em relação à legislação anterior.
Destacam-se, entre eles: criar unidades
imobiliárias compatíveis com o ordenamento
territorial urbano e constituir sobre elas
direitos reais em favor dos seus ocupantes;
concretizar o princípio constitucional da
eficiência na ocupação e no uso do solo;
prevenir e desestimular a formação de novos
núcleos urbanos informais e franquear
participação dos interessados nas etapas do
processo de regularização fundiária.
Fonte: Ministério das Cidades
45
 PROGRAMAÇÃO Rui Mineiro

DO SEMINÁRIO arquiteto, vice-presidente do Conselho de

Arquitetura e Urbanismo (CAU) - Importância

08:30 RECEPÇÃO da regularização fundiária urbana

09:00 ABERTURA
Miki Breier
Sílvio Figueiredo prefeito de Cachoeirinha - Estudo para

arquiteto, ex-diretor do Departamento de aplicação da REURB na Granja Esperança

Assuntos Fundiários Urbanos do Ministério

das Cidades - REURB – O que é?
Thais Cesário Nunes da Cunha
e Cibele Gralha Mateus
professoras Uniritter - Experiência em
Regularização Fundiária – Garantia de Direitos
Isabel Rodrigues Wexel
dirigente do Núcleo de Defesa Agrária e
Moradia da Defensoria Pública - REURB,
Instrumento de garantia de direitos coletivos
12:30 INTERVALO

46
Kellen de Mattos
diretora do Departamento de Regularização
Fundiária e Reassentamento da Secretaria
Estadual de Obras, Saneamento e Habitação
- Aplicação da REURB na regularização
fundiária urbana pelo Estado
Gilmar Souza Santos
secretário nacional de Desenvolvimento
Urbano / Ministério das Cidades -
Regularização urbana a partir da REURB
Clarice Zanini
advogada, representante da
Comissão dos Moradores do bairro
- REURB na Granja Esperança
Daniel Martini
promotor de Justiça, coordenador do
Centro - REURB como solução de conflitos
de Apoio Operacional de Defesa da Ordem
Urbanística e Questões Fundiárias
Sílvio Figueiredo
arquiteto, ex-diretor do Departamento de
Assuntos Fundiários Urbanos do Ministério
das Cidades - Perguntas e respostas
17:00 ENCERRAMENTO
47
 Foto: Sâmella Moreira

48
 Cachoeirinha, reunindo os Deputados membros
20 de Novembro
da Comissão Especial, representantes da
AUDIÊNCIA PÚBLICA prefeitura municipal de Cachoeirinha e os
REGULARIZAÇÃO moradores do bairro Granja Esperança. A
DO BAIRRO GRANJA audiência teve como objetivo relatar aos
ESPERANÇA NO moradores as ações desenvolvidas até então e

MUNICÍPIO DE as perspectivas para a resolução do problema

CACHOEIRINHA enfrentados pelas famílias.

– AVANÇOS E
PERSPECTIVAS
A Comissão Especial realizou no dia 20 de
novembro sua segunda Audiência Pública,
no Ginásio do Colégio São Mateus, em
O presidente abriu os trabalhos saudando
a todos e comunicando, de imediato, duas
importantes conquistas obtidas a partir
da instalação da Comissão Especial: a
prorrogação do prazo por mais 180 dias
para a aquisição preferencial dos imóveis do
bairro por seus ocupantes e a participação

49
 do judiciário em uma câmara de negociação
sobre o tema, conforme anunciado no dia
anterior, em seminário na Câmara Municipal,
pelo Promotor Daniel Martini. Fez, a seguir, um
breve relato do referido seminário, destacando
a participação no evento do autor da lei da
Reurb, Sílvio Figueiredo, e do Secretário
Nacional do Desenvolvimento Urbano, Gilmar
Souza Santos.
O representante da Comissão de Moradores,
Sr. Leandro Almeida, avaliou de forma positiva
as etapas vencidas pela comunidade. Pediu
aos parlamentares presentes que, assim que
a comissão especial da Assembleia Legislativa
encerrasse seu funcionamento, conforme
50
determinavam as regras da Casa, fosse
instalada, se possível, uma nova comissão.
A seguir, conclamou os moradores e levarem
a documentação solicitada para o cadastro
socioeconômico da Prefeitura e informou
que haveria um plantão para isso na Praça
da Juventude, no sábado seguinte, dia 24 de
novembro.
A advogada da Comissão de Moradores,
Dra. Clarice Zanini iniciou sua manifestação
parabenizando a Comissão de Moradores e
atribuindo à mesma os avanços obtidos até
então, entre os quais a própria instalação da
Comissão Especial da Assembleia Legislativa.
Saudou a oportunidade que tiveram de ouvir
o arquiteto Sílvio Figueiredo, autor da lei projetos originais dos imóveis, descontadas,
da REURB, e os esclarecimentos prestados portanto, as benfeitorias realizadas ao longo
por ele em seminário da comissão. Disse dos anos e sem levar em conta o seu caráter
que, respondendo a uma pergunta feita comercial ou residencial.
por ela, o arquiteto havia assegurado que a
regularização fundiária podia se dar em áreas
privadas e também em situações de litígio.
Ele também validou a possibilidade de dois
tipos de regularização em uma mesma área,
Reurb-S e Reurb-E, o que poderia se aplicar
ao caso da Granja Esperança, onde havia
pessoas em situações distintas. Ainda sobre
as declarações do arquiteto, disse que ele foi
bem claro ao afirmar que os valores cobrados
dos moradores deveriam se dar a partir dos

51
 CONCLUSÕES DA COMISSÃO
Apesar do trabalho desta Comissão Especial
ter sido realizado em apenas 3 meses, em virtude
do fim desta legislatura, é inegável os avanços
por ela conquistados na busca de uma solução
definitiva para um imbróglio que já dura mais
de 30 anos, estes avanços só foram possíveis
pela mobilização de todos atores envolvidos, da
prefeitura municipal de Cachoeirinha, que não
mediu esforços para iniciar o processo de regu-
larização através do Reub, sendo protagonista
na utilização desta legislação, do Ministério
Público e Defensoria Pública, que acompanham
todas as ações em prol de uma solução pacífica
52
para o tema e em especial dos moradores do
bairro Granja Esperança, que se mobilizaram e
se organizaram para lutar por seus diretos.
Antes da instalação da Comissão Especial
o sentimento dos moradores era de medo e
insegurança a respeito do seu futuro, pois com
o processo de execução hipotecária em sua fase
final, muitos não teriam condições de efetuar a
compra do seu imóvel nos termos estipulados
pelo judiciário e teriam que abandonar seus
lares sem ter outra alternativa de moradia. A
partir da mediação da Comissão Especial, os
moradores obtiveram sua primeira vitória, que
foi a prorrogação do prazo para a opção de
compra por mais 180 dias, dando um fôlego
para que a Comissão de Moradores possa buscar
alternativas que atendam às necessidades de
todas as famílias do bairro. Concomitante a isto,
a prefeitura de Cachoeirinha iniciou, através
do Reurb, o processo de cadastramentos das
famílias moradoras do bairro para executar o
trabalho de regularização urbana. Além disto,
com a concessão de usucapião a uma família do
loteamento, que mesmo ainda cabendo recurso,
mostrou mais um caminho possível na busca de
solucionar em definitivo esta questão.
Antes com o prazo já findando para a decisão
de efetuar a compra do imóvel ou abandona-lo,
os moradores do bairro Granja Esperança agora
tem 3 caminhos a seguir, todos com suas incer-
tezas e pontos negativos e positivos, mas todos
indicando uma solução permanente. A Comis-
são não cabe apontar qual caminho a seguir,
mas sim, acompanhar com muita proximidade
este tema, colaborando no processo de concer-
tação com todos os envolvidos, buscando atra-
vés de um amplo diálogo a resolução pacífica
deste histórico problema que aflige a todos os
moradores do bairro.
53
 MEDIDAS SUGERIDAS
Após um período de profundo e intenso
debate, com diversas reuniões entre os
moradores e o poder executivo e judiciário, a
realização de duas audiências públicas, visitas
ao bairro Granja Esperança e a realização de
um seminário para discutir o Reurb, a Comissão
Especial para tratar da regularização do
bairro Granja Esperança sugere as seguintes
medidas para o prosseguimento das ações de
regularização definitiva do bairro:
54
INSTALAÇÃO DE UMA CÂMARA DE
CONCILIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO:
Tal ação tem como objetivo realizar a media-
ção entre a Habitasul e os moradores dispos-
tos a efetuar a compra do imóvel, buscando
rever os valores hoje cobrados, considerando
no cálculo as condições iniciais em que os
imóveis foram ocupados bem como a infra-
estrutura existente à época no loteamento,
descontando as benfeitorias realizadas pelos
moradores ao longo do tempo;
CONTINUIDADE DO PROCESSO DE
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA PELA
PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA:
Através do Reurb, a prefeitura deve prosseguir no
cadastramento das famílias, identificando quais
famílias poderão aderir ao programa de Regu-
larização Fundiária Urbana de Interesse Social
(“REURB -S”), que corresponde à regularização
fundiária aplicável aos núcleos urbanos informais
ocupados predominantemente por população
de baixa renda ou a Regularização Fundiária
Urbana de Interesse Específico (“REURB -E”), que
objetiva a regularização fundiária de núcleos in-
formais ocupados por população não qualificada
na hipótese da primeira modalidade;
CRIAÇÃO DE UMA FRENTE PARLAMENTAR
SOBRE A REGULARIZAÇÃO DO BAIRRO
GRANJA ESPERANÇA, EM CACHOEIRINHA:
Organizar, na próxima legislatura, a criação de
uma Frente Parlamentar para dar continuidade
ao acompanhamento, por parte da Assembleia
Legislativa, dos desdobramentos das ações já
iniciadas e por iniciarem com o objetivo de
regularizar a situação das famílias moradoras
do bairro Granja Esperança.
55
 ANEXOS
REQUERIMENTO DE Deputado(a) Sérgio Peres

COMISSÃO ESPECIAL Nº 8 /2018

Deputado(a) Adão Villaverde
Deputado(a) Sérgio Peres + 46 Dep(s)
Deputado(a) Adilson Troca
Deputado(a) Adolfo Brito
Comissão Especial sobre a Regularização do bairro
Deputado(a) Aloísio Classmann
Granja Esperança no município de Cachoeirinha
Deputado(a) Álvaro Boessio
Deputado(a) Any Ortiz
O deputado que este subscreve requer, na forma do
Deputado(a) Bombeiro Bianchini
Regimento Interno, a criação de uma Comissão Es-
Deputado(a) Catarina Paladini
pecial para tratar sobre a Regularização do Bairro
Deputado(a) Ciro Simoni
Granja Esperança, no município de Cachoeirinha,
Deputado(a) Edegar Pretto
onde existem 1.632 imóveis pendentes de regular-
Deputado(a) Edson Brum
ização junto à Habitasul, Caixa Econômica Federal
Deputado(a) Eduardo Loureiro
e Emgea, sob a coordenação deste parlamentar.
Deputado(a) Elton Weber
Deputado(a) Enio Bacci

56
Deputado(a) Ernani Polo
Deputado(a) Fábio Branco
Deputado(a) Frederico Antunes
Deputado(a) Gabriel Souza
Deputado(a) Gerson Burmann
Deputado(a) Gilberto Capoani
Deputado(a) Jeferson Fernandes
Deputado(a) João Fischer
Deputado(a) João Reinelli
Deputado(a) Juliana Brizola
Deputado(a) Juliano Roso
Deputado(a) Juvir Costella
Deputado(a) Liziane Bayer
Deputado(a) Lucas Redecker
Deputado(a) Luís Augusto Lara
Deputado(a) Manuela d´Ávila
Deputado(a) Miriam Marroni
Deputado(a) Missionário Volnei
Deputado(a) Nelsinho Metalúrgico
Deputado(a) Pedro Pereira
Deputado(a) Pedro Ruas
Deputado(a) Regina Becker Fortunati
Deputado(a) Ronaldo Santini
Deputado(a) Sérgio Turra
Deputado(a) Silvana Covatti
Deputado(a) Stela Farias
Deputado(a) Tarcísio Zimmermann
Deputado(a) Tiago Simon
Deputado(a) Valdeci Oliveira
Deputado(a) Vilmar Zanchin
Deputado(a) Zé Nunes
Deputado(a) Zilá Breitenbach
66570957 28/11/2018 19:48:39 Página 1 de 1
57
58
59
60