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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ANÍSIO TEIXEIRA

PROFESSORAS: Lucimar Teixeira de Souza


DISCIPLINA: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
SÉRIE/TURMAS: 3º anos “A” e “B” matutino e noturno

Modernismo no Brasil: 1ª geração


O Modernismo no Brasil teve início na primeira metade do século XX. O movimento artístico, cultural e literário tem seu marco
oficial com a Semana de Arte Moderna de 1922. O objetivo do movimento modernista era romper com o tradicionalismo e se
livrar dos paradigmas e das regras sobre como fazer arte que prevaleciam no momento.
O Modernismo no Brasil apareceu como um movimento que prezava pela independência e valorização da cultura cotidiana
brasileira. Os modernistas adotaram a simplificação do discurso, se aproximando da linguagem popular.
Seguindo a essência do movimento modernista na Europa, o Modernismo no Brasil preservou características como o
rompimento com a estética tradicional, valorização da expressão artística nacional, exploração de temáticas do
cotidiano, uso de linguagem simples na literatura, além do desejo de representar a realidade brasileira através da arte.
Considerado um divisor de águas na história da arte brasileira, o Modernismo no Brasil seguiu a tendência modernista que já
havia estourado na Europa. Surgido em um momento de insatisfação política, o Modernismo no Brasil foi desencadeado a
partir de influências das tendências artísticas das vanguardas europeias.
Iniciado oficialmente com a Semana da Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, o movimento teve grande
repercussão na cena artística e cultural brasileira. Após um mês da Semana de Arte Moderna, o Brasil presenciou um importante
momento na política: as eleições presidenciais e a fundação do Partido Comunista em Niterói.
O Brasil da época modernista era uma república recente em busca de sua identidade. Portanto, havia uma geração de artistas
e intelectuais que pregavam a ideia de que a arte deveria transmitir a identidade brasileira naquele momento.
Em 1926 Mário de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo, fundou o Partido Democrático. Os reflexos da Primeira
Guerra Mundial também estavam presentes na sociedade brasileira e o cenário político nacional favorecia um posicionamento
diferente.
Pensando em reestruturar o país politicamente, motivados a romper com a estética tradicional, o Modernismo no Brasil veio com a
proposta de que a arte deveria ser a voz da identidade brasileira e que a arte não deveria ter amarras estéticas nem
preocupações com estilos rígidos ou normas acadêmicas.

A Semana de Arte Moderna de 1922


Contrariando as escolas literárias anteriores, os modernistas buscaram transmitir suas emoções e retratar os fatos da realidade
cotidiana de uma forma livre e descompromissada. O Modernismo no Brasil se dividiu em três fases. Cada uma das gerações
modernistas apresentam características distintas, mas que se complementam em sua essência.

 Nos estudos dessa quinzena nos dedicaremos a conhecer um pouco mais sobre a 1ª geração de modernistas que foi
marcada pela tentativa de definir posições. Essa foi a fase em que o Modernismo no Brasil lançou mão de manifestos e
revistas para mostrar a necessidade de romper com o passado. Nessa fase fica evidente a busca dos artistas pela renovação
estética, influenciada pelo contato com as vanguardas europeias como Cubismo, Futurismo e Surrealismo.
Conhecida como Fase Heroica, essa fase foi a mais radical do movimento, formada, sobretudo, por artistas rebeldes. O objetivo
dos modernistas dessa fase era mostrar que não queriam nada do que já havia sido feito. Com um caráter essencialmente
destruidor, essa geração buscava o moderno, o polêmico, o original e o nacionalismo, em uma tentativa de representar o
cotidiano da sociedade brasileira.

Foi nesse período que foram criados os grupos modernistas e lançadas as publicações de revistas e de manifestos. Dentre os
grupos criados pela primeira geração de modernistas estão: Movimento Pau-Brasil, Movimento Antropofágico, Grupo
modernista-regionalista de Recife, Movimento Verde-Amarelo e a Escola da Anta.

No que diz respeito a publicações, o Brasil conheceu as revistas Klaxon (1922), Estética (1924), A Revista (1925), Terra Roxa e
Outras Terras (1927) e Revista de Antropofagia (1928); e os manifestos da Poesia Pau-Brasil (1924), Antropófago (1928),
Regionalista (1926) e Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929).

Primeira Geração (1922-1930)


Atividades
A partir da leitura das informações sobre a 1ª geração do Modernismo no Brasil, pode-se perceber que essa primeira fase, também
conhecida como fase heroica, vem carregada de ousadia e inovação e propõe uma busca pela identidade nacional. Porém, diferente de
outras épocas e movimentos, o modernismo tem como objetivo mostrar que não queriam nada do que já havia sido feito, romper com as
tradições era um dos seus principais lemas. A produção artística desse movimento tem como características: o nacionalismo crítico,
valorização do cotidiano, originalidade, liberdade artística, valorização da linguagem coloquial, ironia, sarcasmo, irreverência,
caráter anárquico e destruidor, adoção de versos livres e brancos, entre outras.

Para a atividade de hoje, selecionei alguns textos dos principais autores da 1ª geração modernista no Brasil. Considerando as
características da produção artística dessa geração, leia os textos a seguir e responda as questões propostas:

Texto 1 para dizerem que as filhas da senhora falam o francês


Pronominais e tocam os “Printemps” com as unhas!
Dê-me um cigarro Eu insulto o burguês-funesto!
Diz a gramática O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Do professor e do aluno Fora os que algarismam os amanhãs!
E do mulato sabido Olha a vida dos nossos setembros!
Mas o bom negro e o bom branco Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Da Nação Brasileira Mas à chuva dos rosais
Dizem todos os dias o êxtase fará sempre Sol!
Deixa disso camarada Morte à gordura!
Me dá um cigarro. Morte às adiposidades cerebrais!
Oswald de Andrade Morte ao burguês-mensal!
Texto 2 Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
Canto de regresso à pátria Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
“— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
Minha terra tem palmares — Um colar… — Conto e quinhentos!!!
Onde gorjeia o mar Más nós morremos de fome!”
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Minha terra tem mais rosas Oh! purée de batatas morais!
E quase que mais amores Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Minha terra tem mais ouro Ódio aos temperamentos regulares!
Minha terra tem mais terra Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ouro terra amor e rosas Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados
Eu quero tudo de lá Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
Não permita Deus que eu morra sempiternamente as mesmices convencionais!
Sem que volte para lá De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Não permita Deus que eu morra Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Sem que volte pra São Paulo Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Sem que veja a Rua 15 Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
E o progresso de São Paulo. Morte ao burguês de giolhos,
Oswald de Andrade cheirando religião e que não crê em Deus!
Texto 3 Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Ode ao Burguês
Fora! Fu! Fora o bom burguês!…
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel Mário de Andrade
o burguês-burguês! Texto 4
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas! Os sapos
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, Enfunando os papos,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
A luz os deslumbra.
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos, Em ronco que aterra,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!" Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
O sapo-tanoeiro,
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Parnasiano aguado,
Abaixo os puristas
Diz: - "Meu cancioneiro
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
É bem martelado.
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Vede como primo Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Em comer os hiatos! Estou farto do lirismo namorador
Manuel Bandeira Político
Raquítico
Texto 5
Sifilítico
Andorinha De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
Andorinha lá fora está dizendo:
De resto não é lirismo
— “Passei o dia à toa, à toa!”
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
Passei a vida à toa, à toa… maneiras de agradar às mulheres, etc
Manuel Bandeira Quero antes o lirismo dos loucos
Texto 6
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
Poética O lirismo dos clowns de Shakespeare
Estou farto do lirismo comedido — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Do lirismo bem comportado Manuel Bandeira
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Questões propostas
1. Leia atentamente a coletânea de textos dos principais autores da 1ª geração modernista no Brasil;
2. Após a leitura, sugiro que pesquise (Google) análises e/ou comentários de cada um dos poemas para que você possa
contextualizá-los e melhor compreender o conteúdo de cada um deles.
3. Em seguida, faça a sua análise considerando as orientações abaixo:

 Analise cada um dos textos justificando porque é modernista, destacando características desse novo movimento
com trechos que exemplifiquem tais características e, se possível, estabelecendo relações comparativas com textos produzidos
pelos movimentos literários anteriores ao modernismo.

OBSERVAÇÂO: Essa atividade tem como objetivo proporcionar um momento de leitura e análise desses textos a fim de que você
perceba as mudanças e inovações propostas pela Arte Moderna.

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