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Geometria Analítica
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e Álgebra Linear0

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y x YM
A
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D
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YB B
M 0
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A
YA C

0 XM XB x
Geometria Analítica
e Álgebra Linear

SUMÁRIO
Apresentação........................................... 5 Geometria Analítica (Parte 1)................... 69

Sistema de Numeração (Parte 1)................. 7 Geometria Analítica (Parte 2)................... 79

Sistema de Numeração (Parte 2)............... 19 Geometria Analítica (Parte 3)................... 85

Noções de Lógica Matemática.................. 35 Geometria Analítica (Parte 4)................... 93

Noções de Lógica Matemática - Álgebra Linear: Matrizes.......................... 99


Cálculo Proposicional (Parte 1)................. 47
Álgebra Linear: Determinantes................117
Noções de Lógica Matemática -
Cálculo Proposicional (Parte 2)................. 57 Álgebra Linear: Sistemas Lineares........... 123
REITORIA
Reitor
Prof. Doutor Eduardo Martins de Lima
Vice-Reitora
Profa. Guadalupe Machado Dias
Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão
Prof. Doutor Cid Gonçalves Filho
Pró-Reitor de Graduação
Prof. Guilherme Guazzi Rodrigues
Pró-Reitora de Planejamento e Administração
Profa. Guadalupe Machado Dias

FACULDADE DE CIÊNCIAS
EMPRESARIAIS (FACE)
Diretor-Geral
Prof. Ricardo José Vaz Tolentino
Diretor de Ensino
Prof. Marco Túlio de Freitas

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS,


SOCIAIS E DA SAÚDE (FCH)
Diretor-Geral
Prof. Antônio Marcos Nohmi
Diretor de Ensino
Prof. João Batista de Mendonça Filho

FACULDADE DE ENGENHARIA
E ARQUITETURA (FEA)
Diretor-Geral
Prof. Luiz de Lacerda Júnior
Diretor de Ensino
Prof. Lúcio Flávio Nunes Moreira

BELO HORIZONTE
2015
APRESENTAÇÃO
A Geometria surgiu na Grécia Antiga há aproximadamente 2600 anos, como Ciência
Dedutiva, mas apesar do brilhantismo faltava operacionalidade à geometria grega. E isto
só iria ser conseguido mediante a Álgebra como princípio unificador. Os gregos, porém,
não eram muito bons em álgebra. Mais do que isso, somente no século XVII a álgebra
estaria razoavelmente aparelhada para uma fusão criativa com a geometria. Dois grandes
filósofos franceses da época, Pierre de Fermat (1601-1665) e René Descartes (1596-
1650), curiosamente ambos graduados em Direito, nenhum deles matemático profissio-
nal, são os responsáveis por esse grande avanço científico: o primeiro movido basicamen-
te por seu grande amor, a matemática e o segundo por razões filosóficas.

Fermat teve papel fundamental na criação do Cálculo Diferencial, do Cálculo de


Probabilidades e, especialmente, da teoria dos números, ramo da matemática que estuda
as propriedades dos números inteiros. Sua contribuição à Geometria Analítica encontra-se
num pequeno texto intitulado Introdução aos Lugares Planos e Sólidos e data no máximo,
de 1636 mais que só foi publicado em 1679, postumamente, junto com sua obra comple-
ta. Como Fermat era bastante modesto, e avesso a publicar seus trabalhos, resultou daí,
em parte, o fato de Descartes comumente ser mais lembrado como criador da Geometria
Analítica. Assim a Geometria Analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto
chamado “A Geometria como um dos três apêndices do Discurso do método”, obra consi-
derada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o méto-
do matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.

A Geometria Analítica, também chamada geometria de coordenadas e de geometria


cartesiana, é o estudo da geometria por meio de um sistema de coordenadas e dos
princípios da álgebra e da análise. Ela contrasta com a abordagem sintética da geometria
euclidiana, em que certas noções geométricas são consideradas primitivas, e é utilizado
o raciocínio dedutivo a partir de axiomas e teoremas para obter proposições verdadeiras.
A geometria analítica é muito utilizada na física e na engenharia, e é o fundamento das
áreas mais modernas da geometria, incluindo geometria algébrica, diferencial, discreta e
computacional.

Em geral, o sistema de coordenadas cartesianas é usado para manipular equações para


planos, retas, curvas e círculos, geralmente em duas dimensões, mas por vezes também
em três ou mais dimensões. A geometria analítica ensinada nos livros escolares pode
ser explicada de uma forma mais simples: ela diz respeito a definição e representação de
formas geométricas de modo numérico e a extração de informação numérica dessa repre-
sentação. O resultado numérico também pode, no entanto, ser um vector ou uma forma.
O fato de que a álgebra dos números reais pode ser empregada para produzir resultados
sobre o contínuo linear da geometria baseia-se no axioma de Cantor-Dedekind.

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FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA DA DISCIPLINA
Gabrielle Nunes P. Araújo
Nathan Ackerman Chagas de Souza
Profa. Isabel Cristina
Therus Santana
Dias Alves Lisboa

BELO HORIZONTE - 2015


SISTEMA DE NUMERAÇÃO (PARTE 1)

HISTÓRIA

ANTIGO SISTEMA DE NUMERAÇÃO


• Sistema de agrupamentos simples;
• Sistema de numeração posicionais;
• Período: aproximadamente 3500 a.C.

A numeração escrita nasceu, nas épocas mais primitivas, do desejo de manter registros
de gado ou outros bens, com marcas ou traços em paus, pedras, etc., aplicando o prin-
cípio da correspondência biunívoca. Os sistemas de escrita numérica mais antigos que
se conhecem são os dos egípcios e dos babilônios, que datam aproximadamente do ano
3500 a.C..

Os egípcios usavam um sistema de agrupamento simples, com base 10.


Para os egípcios, representava-se:
• um traço vertical ( ) valia 1.
• Um osso de calcanhar invertido ( ) valia 10.
• Um laço encaracolado valia 100.
• Uma flor de lótus ( ) valia 1000.

1 10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000

um traço um arco um rolo uma flor um dedo um peixe um homem

Um exemplo, de um número escrito em símbolos egípcios é dado abaixo:

13.015 = 1.(10)4 + 3.(10)3 + 1.(10)1 + 5 que representado fica igual a:

13.015 =

Escrevemos esse número da esquerda para a direita, embora os egípcios escrevessem em


uma ou outra direção, dependendo do documento.

Os babilônios usavam um sistema posicional que, em alguns aspectos era semelhante ao


dos egípcios. Algumas inscrições mostram que, surpreendentemente, eles usavam não
somente um sistema decimal mas também um sistema sexagesimal (isto é, base 60).

Usavam um traço vertical para representar as unidades e outro desenho para as dezenas:

=1 =1

No sistema decimal, os números de 1 a 99 eram representados por agrupamentos destes


símbolos, por exemplo,

25 = 2(10) + 5 =

Sistema de Numeração (Parte 1) 7


O símbolo para 100 era composto por traços:

e números superiores a 100, representados novamente por agrupamento. Assim, por


exemplo, temos:

= 123

O símbolo indica 10 vezes 100, isto é, 1000.

1 3 10 13 20 23 100 1000

Egípcios

Sumérios

Também empregava em algumas tabuletas o sistema sexagesimal. Os números de 1 a


59 eram representados novamente por agrupamento simples e a partir dali, se escreviam
“grupos de cunhas”, com base 60. Por exemplo,

2(60) + 3 = 123

Os babilônios chegaram a empregar um símbolo, formado por duas cunhas inclinadas,


para representar a ausência de um grupo. Por exemplo,

1(60) 2 + 0(60) + 2 = 3602

Como este símbolo não era de uso frequente, e ainda, nunca foi usado no fim de uma
expressão, o sistema babilônio apresentava ambiguidades.

Por exemplo,

Essa simbologia poderia representar o número 12 ou 12 × 60 = 720 ou 12 × 602 = 43.200,


e outros.

O sistema de numeração indo-arábico é um sistema de numeração posicional de base 10.


Ele é preciso e não apresenta ambiguidades, justamente porque temos o símbolo 0 (zero)
para representar ausência de uma casa.

A base de numeração 10 é o sistema usado quase que universalmente pelo fato de termos
dez dedos disponíveis nas mãos para nos auxiliar nos cálculos.

8 Sistema de Numeração (Parte 1)


SISTEMA DE NUMERAÇÃO INDO-ARÁBICO
Período: 250 a.C. até século XVI

O sistema de numeração indo-arábico tem esse nome devido aos hindus que o inventa-
ram, e devido aos árabes, que o transmitiram para a Europa Ocidental.

Na Índia encontramos colunas de pedras datadas no ano 250 a.C., com símbolos numé-
ricos que seriam os precursores do nosso sistema de numeração, mas nesses não encon-
tramos nem o zero (sinal para marcar ausência de unidade ou “o espaço vazio” de uma
unidade faltante) e nem a notação posicional. Porém, a ideia de valor posicional e zero
devem ter sido introduzida na Índia antes do ano 800 a.C., pois o matemático persa
Al-Khowârizmî descreveu de maneira completa o sistema hindu num livro datado no ano
825 d.C..

Não sabemos como esses numerais chegaram na Europa, provavelmente através de


comerciantes e viajantes árabes, pelas costas do Mediterrâneo. Sabemos que foi uma
tradução latina do tratado de Al-Khowârizmî, feita no século XII, seguida de alguns traba-
lhos europeus sobre o assunto, fez com que o sistema se disseminasse mais amplamente.

Um primeiro divulgador de seu uso foi Gerbert (c. 950 - 1003). Nascido em Auvugne,
França, foi um dos primeiros cristãos a estudar nas escolas muçulmanas da Espanha,
e ao retornar de seus estudos, tentou introduzir na Europa cristã os numerais indo-
-arábicos (sem o zero). Á ele, atribui-se a construção de ábacos, globos terrestres e
celestes e um relógio.

Ele subiu na hierarquia da Igreja, tornando-se papa com o nome de Silvestre II no ano 999.
Foi considerado um erudito profundo, escreveu sobre astrologia, aritmética e geometria.

Na época de Gerbert, começaram a entrar na Europa Ocidental os clássicos gregos de


ciência e matemática. Houve assim um período de transição, durante o qual o saber
grego, preservado pelos muçulmanos, foi passando para os europeus ocidentais.

No século XVI, Leonardo de Pisa defendeu e utilizou a notação indo arábica em seus
trabalhos, colaborando para a introdução desses numerais na Europa.

Muitos dos campos nos quais os cálculos numéricos são importantes, como a astrono-
mia, a navegação, o comércio, a engenharia e a guerra, fizeram com que esses numerais
fossem utilizados para tornar os cálculos rápidos e precisos.

A Representação de um número em uma base


Como sabemos cada sistema de numeração está associado a um conjunto de símbolos,
a partir dos quais escrevemos todos os outros números. Chamamos de base do sistema
à quantidade destes símbolos. Por exemplo, os babilônios usavam um sistema de base 60
e hoje usamos o sistema decimal (base 10).

A razão de utilizarmos base 10 é convencional e, provavelmente, é consequência do fato de


quase todos os povos terem usado os dedos das mãos para contar. Temos então que no
nosso sistema todo número pode ser representado por uma sequência an , a n-1 , ..., a1 , a0:
onde cada ai é um dos algarismos 0 , 1 , 2 , 3 , 4, 5, 6, 7, 8, 9 e que cada ai representa
dependendo de sua posição na sequência, de acordo com a seguinte regra: cada vez que
deslocamos uma casa para a esquerda na sequência acima, o valor do algarismo fica
multiplicado por dez.

Por exemplo, para representar o número de dias do ano civil 365 dias na base 10, o nosso
primeiro passo consiste em fatorar grupos de dez dias, obtendo o diagrama abaixo, onde

Sistema de Numeração (Parte 1) 9


cada cruzinha representa um dia, cada retângulo indica um grupo de dez dias, e cada
coração indica um grupo de 10 de 10 dias:

=
=
=

Representa 1 dia (uma unidade)


Representa grupo de 10 dias
Representa grupo de 100 dias

=
=
=

Centenas Dias Dezenas Dias Unidades Dias

Assim, cada representa 1 dia, e cada representa 10 dias, e cada representa um


grupo de 10 ,ou seja, 100 dias.

Obtemos assim três grupos de cem dias cada, seis grupos de dez dias cada e cinco dias.
Podemos, então, representar o número de dias do ano por 365, onde o algarismo 5 repre-
senta o número de dias que sobraram quando da divisão em grupos de dez; o algarismo
6 representa o número de grupos de dez dias e o algarismo 3 o número de grupos de dez
grupos de dez dias. Em outras palavras, como o algarismo 6 está deslocado uma casa à
esquerda na sequência 365, seu valor é de 6 vezes 10 e como o algarismo 3 está desloca-
do duas casas a esquerda, seu valor é de 3 vezes 10 vezes 10. Isto significa que:
365 = 3 × 10 × 10 + 6 × 101 + 5 × 100
365 = 3 × 102 + 6 × 101 + 5 × 100
Generalizando, se o número de elementos de um conjunto é representado por uma sequ-
ência an,an-1 , ... ,a1 ,a0, este conjunto tem a0 elementos mais a1 grupos de dez, mais a2
grupos de 102, e assim sucessivamente, ou seja, ele tem:
a0 × 100 + a1 × 101 + a2 × 102 + ... + an × 10n elementos .
O que fizemos com grupos de dez poderíamos ter feito com outros grupos. Por exemplo,
se estivéssemos contando com os dedos da mão, o natural seria usar grupos de cinco,
isto é, base 5.

Por exemplo, o número 23 na base 5 é representado por:

10 Sistema de Numeração (Parte 1)


Temos 4 grupos completos de 5 elementos e 1 incompleto com apenas 3 elementos.

Cada grupo completo de 5 unidades 4 grupos completos de 5 unidades e mais


forma uma nova representação 3 elementos isolados

Assim os grupos completos de unidades passam a ocupar uma nova ordem superior
conforme vemos abaixo:

4 grupos completos de 5 unidades 3 elementos isolados (Nenhum grupo


formam uma nova ordem completo de 5 unidades)

2ª ordem de grupos de 5 1ª ordem que não formam grupos de 5

Assim para a base 5 consideramos cinco símbolos, um para cada número de um a quatro
e outro para indicar posições vazias, usaremos os símbolos 0 , 1 , 2 ,3 e 4 como os
algarismos desse sistema.

Para representar o número 7 na base 2 devemos, de maneira análoga aquela utilizada para
base 5, formar grupos de dois.
7=1+1+1+1+1+1+1
7 =(1+1) +(1+1)+(1+1) +1

Quantidade de elementos

Sistema de Numeração (Parte 1) 11


1 grupo de 3 grupos de 1 elemento que não
2 elementos de 2 2 elementos forma grupo de 2

1 grupo de 2 grupos 1 grupo de 2 elementos Sobrou 1 unidade


de 2 elementos

Poderíamos ver assim também:

SOBROU SÓ “1” A CADA “2” VAI “1” A CADA “2” VAI “1”

II
I
I II
I
II
I

3ª ORDEM 2ª ORDEM 1ª ORDEM

I I I

Assim temos:
7 = 3x2 + 1
7 = (1x2 + 1) x 2 + 1
7 = 1x2x2 + 1x2 + 1
7 = 1 x 22 + 1x21 + 1x20

Escrevemos o número 7 na base 2 como sendo:


7 = 1112

Na verdade não é difícil demonstrar que podemos ter sistemas de numerações posicio-
nais com qualquer base b > 1. Depois de escolhida a base b, devemos adotar b símbolos
básicos para representar os números de 0 à (b -1); tais símbolos são chamados de alga-
rismos do sistema. Se b  ≤ 10, podemos utilizar os nossos algarismos hindu-arábicos; se
b > 10, podemos utilizar os nossos algarismos hindu–arábicos de 0 até 9 e escrever outros
símbolos (geralmente usamos letras) para representar os números 10, 11, 12, ... , (b-1).

12 Sistema de Numeração (Parte 1)


Assim, se b > 1 qualquer número natural “x” pode ser escrito como:
x b = a0 . b0 + a1 . b1 + a2 . b2 + . . . + an .bn

onde os coeficientes an, an-1, . . ., a2, a1, a0 tomam valores de 0 a (b – 1).

Assim o número x acima é representado posicionalmente na base b pela sequência:

an, an-1, . . ., a2, a1, a0


E escrevemos assim:

x = (an, an-1, ... , a2 , a1 ,a0)b .


Exemplo:

7 = 1x22 + 1x21 + 1x20


7= 1112
Convencionamos não escrever o subscrito da base b quando estamos utilizando a base
usual 10.

Cada um dos símbolos ai, i ≥ 1 (an, an-1, . . ., a2, a1, a0), representa, portanto, um múltiplo
de alguma potência da base b, a potência dependendo da posição na qual o algarismo
aparece, de modo que ao mover um símbolo uma casa para a esquerda este tem seu
valor multiplicado por b.

Alguns tipos de sistemas


numéricos importantes
Um sistema de numeração é um sistema em que um conjunto de números é representado
por numerais de forma consistente. Esse sistema deve, em condições ideais, representar
uma grande quantidade de números úteis, deve dar a cada número representado uma
única representação padrão e refletir as estruturas algébricas e aritméticas dos números.

Nos sistemas digitais/computação é frequente recorrer-se a diferentes sistemas de nume-


ração para proceder à representação da informação digital. O sistema de numeração deci-
mal (ou na base 10), que usa dez algarismos é sem duvida o sistema mais utilizado por
seres humanos no seu dia a dia, e o sistema binário é o mais frequente no mundo da
computação, apenas são utilizados os dois valores 0 e 1 (pois facilita a representação de
tensões), no entanto, existem outros como o sistema de numeração Octal, Hexadecimal,
entre outros.

A quantidade de algarismos disponíveis num sistema de numeração designa-se de base,


sendo que a representação numérica mais utilizada é a notação posicional (valor atribuído a
um símbolo dependente da posição em que este se encontra, num conjunto de símbolos).

Alguns sistemas de numeração especiais são:


• Decimal (base 10)
• Binário (base 2)
• Octal (base 8)
• Hexadecimal (base 16)

Inicialmente vamos aprender um pouco sobre cada um desses sistemas.

Sistema de Numeração (Parte 1) 13


Sistema Decimal
É o sistema mais utilizado pelos seres humanos, normalmente para indicar quantidades, e
é constituído por dez algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9. A origem dessa base provavelmente
estás relacionada a normalidade das pessoas possuírem dez dedos nas mãos.

No sistema decimal cada algarismo tem um valor posicional, ou seja, cada algarismo tem
um peso de acordo com a sua posição na representação do valor (unidades, dezenas e
centenas das classes).

Sistema Binário
O sistema binário é o sistema mais utilizado por máquinas, uma vez que os sistemas digi-
tais trabalham internamente com dois estados (ligado/desligado, verdadeiro/falso, aberto/
fechado). O sistema binário utiliza os símbolos: 0, 1, sendo cada símbolo designado por
bit (binary digit).

Para representarmos a quantidade zero, utilizamos o algarismo (0) e para representarmos


a quantidade um utilizamos o algarismo (1). Podemos então perguntar como representare-
mos a quantidade dois nesse sistema, se nós não possuímos o algarismo (2)?Responder
a essa pergunta requer uma simples comparação com o sistema decimal, veja: é fácil
observar que no sistema decimal, nós não possuímos o algarismo dez e nós representa-
mos a quantidade de uma dezena utilizando do algarismo 1 (um) seguido do algarismo 0
(zero). Neste caso, o algarismo 1 (um) significa que temos um grupo de uma dezena e o
algarismo 0 (zero) nenhuma unidade, o que significa dez .

No sistema binário, agimos da mesma forma, para representarmos a quantidade dois,


utilizamos o algarismo (1) (significa que temos um grupo de dois elementos) seguido do
algarismo (0) (significa que temos um grupo de nenhuma unidade).

14 Sistema de Numeração (Parte 1)


Podemos notar na tabela a seguir, a numeração em binário:

DECIMAL BINÁRIO

0 0
1 1
2 10
3 11
4 100
5 101
6 110
7 111
8 1000
9 1001
10 1010
... ...

Sistema Octal
O sistema octal é um sistema de numeração de base 8, ou seja, recorre a 8 símbolos
(0,1,2,3,4,5,6,7) para a representação de um determinado valor. O sistema octal foi muito
utilizado no mundo da computação, como uma alternativa mais compacta do sistema
binário, na programação em linguagem de máquina.

Para representarmos quantidades igual ou superior a oito agimos de maneira análoga aos
números binários, combinando ordenadamente os oito símbolos entre si.

Este é um sistema que simplifica muito a numeração do mapa de memórias de máquina


digitais de palavras de 6 bits.

Vejamos a sequência da numeração octal:

DECIMAL OCTAL
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 10
9 11
10 12
... ...
17 21
18 22
19 23
20 24
... ...

Sistema de Numeração (Parte 1) 15


Sistema Hexadecimal
O sistema hexadecimal, ao contrário do sistema decimal que dispõe de apenas dez símbo-
los necessita da inclusão de seis letras para completar o sistema. Esse conjunto exige 16
dígitos e / ou letras para expressar um número, que fica assim enumerado:

0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F
Nesse sistema de numeração as letras de “A” até “F” são usados ​​para obter os números:
1010= A
1110= B
1210= C
1310= D
1410= E
1510= F

Um número no sistema hexadecimal é formado por vários números divididos em pesos


diferentes (potências): 1, 16, 256, 4096, 65536, etc...

A letra A representa o algarismo A que por sua vez representa a quantidade dez. A letra B
representa o algarismo B que representa a quantidade onze, e assim sucessivamente até
a letra F que representa a quantidade quinze.

Pode parecer pouca a diferença para os números decimais, porem esses 6 dígitos a mais
fazem muita diferença. Por exemplo, com dois dígitos, em decimal, é possível fazer 100
combinações diferentes. Em hexadecimal, esse número sobe para 256.

Imagine mãos que


contenham 8 dedos cada

Para representar a quantidade dezesseis, utilizamos o conceito básico da formação de um


número, ou seja, colocamos o algarismo 1 (um) seguido do algarismo 0 (zero). Isso repre-
sentará um grupo de dezesseis adicionado a nenhuma unidade.

O Sistema Hexadecimal está vinculado a informática, pois os computadores costumam


utilizar o byte ou octeto como unidade básica da memória. Assim são usados para repre-
sentar números binários de uma forma mais compacta, pois é muito fácil converter biná-
rios pra hexadecimal e vice-versa.

Dessa forma, esse sistema é bastante utilizado em aplicações de computadores e micro-


processadores, especialmente nos equipamentos de estudo e sistemas de desenvolvimento
(programação, impressão e displays).

16 Sistema de Numeração (Parte 1)


Vejamos a sequência da numeração hexadecimal:

DECIMAL HEXADECIMAL
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 A
11 B
12 C
13 D
14 E
15 F
16 10
17 11
18 12
... ...
26 1A
27 1B
... ...

SAIBA MAIS
Em 1510, o índice do número significa a base do sistema em que estamos trabalhando, neste
exemplo a base é 10. O único sistema universal que não se usa índice para a representação da
base é o sistema decimal, os demais são necessários a indicação da base utilizada.
Ex: O número 110112 está escrito na base binária.

Sistema de Numeração (Parte 1) 17


SISTEMA DE NUMERAÇÃO (PARTE 2)

Conversões de sistemas
Nos sistemas digitais/computação é frequente recorrer-se a diferentes sistemas de nume-
ração para proceder à representação da informação digital. Quando utilizamos sistemas
diferentes entre si, para operacionalizar precisamos trabalhar na mesma base, assim preci-
samos fazer a conversão para uma única base, e para tal existem regras.

SISTEMA DECIMAL PARA OS OUTROS SISTEMAS


Nesse caso vamos utilizar a divisão Euclidiana, onde o resto é sempre menor que o divisor
(base ou módulo), e a cada quociente maior ou igual ao módulo gera nova divisão, assim
utilizamos as Divisões Sucessivas.

a. Conversão do sistema decimal para o sistema binário


O método prático utilizado é o das Divisões sucessivas por 2.
Exemplo 1: Vamos converter o número 27 para o sistema binário:

Dividindo o número 27 por 2 teremos:

27 2 teremos: 2 × 13 + 1 = 27
07 13 que poderemos escrever: 13 × 21 + 1 × 20 = 27
1
1º resto

Dividindo agora 13 por 2 encontraremos:

13 2 teremos: (2 × 6 + 1) × 21 + 1 × 20 = 27
1 6 podendo ser escrito na forma: 6 × 22 + 1 × 21 + 1 × 20 = 27

2º resto

Se dividirmos o 6 por 2 encontraremos:

6 2 teremos: (2 × 3 + 0) × 22 + 1 × 21 + 1 × 20 = 27
0 3 podendo ser escrito na forma: 3 × 22 + 0 × 22 + 1 × 21 + 1 × 20 = 27

3º resto

E finalmente, se dividirmos o 3 por 2 encontraremos:

3 2
1 1 último quociente

4º resto

Sistema de Numeração (Parte 2) 19


Teremos:
27 = 13×2 + 1
27= ((6×2 + 1)) × 2+ 1
27= (((3×2 + 0)×2 + 1)) × 2 + 1
27= ((((1×2 + 1) ×2 + 0) ×2 + 1)) × 2 + 1
27 = (((1×2×2 + 1×2) + 0) ×2 + 1)) × 2 + 1
27 = ((1×2×2×2 + 1×2×2 + 0×2) + 1) × 2 + 1
27 = (1×2×2×2×2 + 1×2×2×2 + 0×2×2 + 1×2) + 1
27= 1×24 + 1×23 + 0×22 + 1×21 + 1×20

A escrita nessa forma se denomina FORMA POLINOMIAL.

Assim o número decimal 27 escrito na forma polinomial é:

27 = 1 × 24 + 1 × 23 + 0 × 22 + 1 × 21 + 1 × 20

Desta última expressão podemos fazer a seguinte associação:

24 23 22 21 20
1 1 0 1 1

Que pode ser observado pelo método prático das divisões sucessivas.

27 2
1 13 2
1 6 2
0 3 2
1 1 último quociente (menor que o módulo)

O último quociente será o algarismo mais significativo (maior potência), fica colocado á
esquerda: os outros algarismos seguem-se na ordem: último resto, penúltimo resto, ante-
penúltimo resto, ..., até o 1º resto.

Concluímos: 2710 = 110112

Exemplo 2: Converta o decimal 19 para binário e o represente na forma Polinomial

19 2
1 9 2
1 4 2
0 2 2
0 1

Portanto temos:

19 = 100112

24 23 22 21 20
1 0 0 1 1

19 = 1 × 24 + 0 × 23 + 0 × 22 + 1 × 21 + 1 × 20

20 Sistema de Numeração (Parte 2)


b. Conversão do sistema decimal para o sistema octal
O método é análogo à conversão do sistema decimal para o binário, utilizando ao invés
da divisão por 2, a divisão por 8, pois o sistema é octal.

Exemplo 1:Converta o decimal 95 em número octal

95 8
7 11 8
3 1 último quociente

∴ 9510 = 1378

Na forma polinomial teremos:

82 81 80
1 3 7
95 = 1 × 82 + 3 × 81 + 7× 80

c. Conversão do sistema decimal para o sistema hexadecimal


O método também é análogo à conversão do sistema decimal para o binário, utilizando ao
invés da divisão por 2, a divisão por 16, pois o sistema é hexadecimal.

1002 16
10 11 16
14 3 último quociente

Mas no sistema hexadecimal 1010 = A e 1410 = E, então:

∴ 1002 10 = 3EA16
Na forma polinomial tem-se:

1002 = 3×162 + 14 × 161 + 10 × 160


Concluindo tem-se:

1002 = 3×162 +E × 161+ A × 160


Exemplo 2: Converta o decimal 28.459 em hexadecimal

28459 16
11 1778 16
2 111 16
15 6

28.459 = 11 × 160 + 2 × 161 + 15 × 162 + 6 × 163 (ordem crescente)


28.459 = 6 × 163 + F × 162 + 2 × 161 + B × 160 (ordem decrescente)
∴ 28.459 = 6F2B16

Sistema de Numeração (Parte 2) 21


OUTROS SISTEMAS PARA O SISTEMA DECIMAL
A transformação de um sistema qualquer para a forma decimal (a volta) faz-se utilizando
a forma Polinomial.

a. Conversão do sistema binário para o sistema decimal


Utilizando o conceito básico de formação de um número, ou seja, a forma polinomial.

Exemplo 1: Converta o binário 101 em número decimal

Podemos mostrar que o número 101 na base 2 (sistema binário), é igual ao número 5 na
base 10 (sistema decimal).

Vejamos:
22 21 20
1 0 1

1012 = 1 × 22 + 0 × 21 + 1 × 20
1012 = 1 × 4 + 0 × 2 + 1 × 1
1012 = 4 + 0 + 1
1012 = 5
∴ 1012 = 5

Exemplo 2: Converta o número 101012 para o sistema decimal.

24 23 22 21 20
1 0 1 0 1

101012 =1 × 24 + 0 × 23 + 1 × 22 + 0 × 21 + 1 × 20
101012 =1 × 16 + 0 × 8 + 1 × 4 + 0 × 2+ 1 × 1
101012 = 16 + 0 + 4 + 0 + 1
101012 = 21
∴ 101012 = 2110

Exemplo 3: Converta o binário 100011 para a forma decimal

1000112 = 1×25 + 0×24 + 0×23 + 0×22 + 1 ×21 + 1×20


1000112 = 1 × 32 + 0 + 0 + 2 + 1
1000112 = 32 + 2 + 1
1000112 = 35

No Quadro das Potências temos:

25 24 23 22 21 20
1 0 0 0 1 1

32 16 8 4 2 1
1 0 0 0 1 1

1000112 = 32 + 2 + 1
1000112 = 35
∴ 1000112 = 35

22 Sistema de Numeração (Parte 2)


b. Sistema Octal Para o Sistema Decimal
Utiliza-se a Forma Polinomial ou o Quadro das Potências que geram os conceitos básicos
de formação de um número, para convertermos um número octal em decimal.

Exemplo 1: 1328 = (?)10


82 81 80
1 3 2

132 8 = 1 × 82 + 3 × 81 + 2 × 20
132 8 = 1 × 64 + 3 × 8 + 2 × 1
132 8 = 90
∴ 132 8 = 90

Exemplo 2: 74568 = (?)10

83 82 81 80
7 4 5 6

74568 = 7×83 + 4×82 + 5×81 + 6×80


74568 = 7×512 + 4×64 + 5×8 + 6×1
74568 = 3.584 + 256 + 40 + 6
74568 = 3.886
∴ 74568 = 3.886

c. Sistema hexadecimal para o sistema decimal


A transformação é análoga aos outros sistemas, ou seja, utilizando-se a Tabela das
Potências, ou seja, a Forma Polinomial.

Exemplo 1: Converter para o sistema decimal o número hexadecimal 4E .

161 160
4 E

4E16 = 4 × 161 + 14 × 160


4E16 =64 +14
4E16 = 78

Exemplo 2: Converter para o sistema decimal o número hexadecimal DAD04.

164 163 162 161 160


65.536 4.096 256 16 1
D A D 0 4
13 10 13 0 4

DAD0 416 = 13×65.536 + 10×4.096 + 13×256 + 0×16 + 4×1


DAD0 416 = 851.968 + 40.960 + 3.328 + 0 + 4
DAD0 416 = 896.260

Sistema de Numeração (Parte 2) 23


CONVERSÃO DO SISTEMA BINÁRIO PARA OS DEMAIS

a. Sistema binário para o sistema octal


O número 8 transformado em potência de base 2 é:

8 = 23
Assim utilizamos três bases 2 para se obter um octal, ou seja, agrupamos de três em três
binários para obter um octal.

Exemplo 1: Consideremos o número binário 11001 para transformarmos esse número em


octal, vamos separá-lo em grupos de três algarismos a partir da direita. Mas antes iremos
acrescentar zeros à esquerda até completarmos o grupo de três algarismos. Assim:

Acrescentamos um zero à esquerda 011001

Faremos então a conversão desses grupos de algarismos para o sistema decimal (ver
tabela). Notemos que o maior número que se pode formar com três algarismos binários
é o número sete (7).

∴ 11001 2 = 31 8

Exemplo 2: 1111111102 = (?) 8

111 
 111
111 
 111
100 
 100
7 77 76 6

∴ 1111111102 = 776 8

b. Sistema binário para sistema hexadecimal


É análoga à conversão do sistema binário para o octal, apenas agrupamos de quatro em
quatro algarismos da direita para a esquerda, porque 16 = 24.

Exemplo 1: 10 0011 11002 = (?)16

Acrescentamos dois zeros à esquerda

0010
 0011
 1100

2 3 C

∴ 10001111002 = 23C16

Exemplo 2: 1110 0001 1011 10002 = (?)16

1110
 0001
 1011
 1000

E 1 B 8

∴ 1110 0001 1011 10002 = E1B816

24 Sistema de Numeração (Parte 2)


c. Sistema octal para o sistema binário
utilizaremos a mesma regra, ou seja, como 8 = 23 o método consiste em desmembrar o
número octal em que cada algarismo é composto por três binários.

Exemplo 1: 728 = (?)2

7 2
111 010

∴ 728=1110102

Exemplo 2 : 357068 = (?)2

3 5 7 0 6
011 101 111 000 110

∴357068=011 101 111 000 1102

d. Sistema hexadecimal para o sistema binário


É análoga à conversão do sistema octal para binário, apenas necessitamos de quatro
algarismos binários para representarmos um algarismo hexadecimal.

Exemplo: Converter o número hexadecimal F1316 para o sistema binário.

F 1 3
1111 0001 0011

∴ F1316=1111000100112

CONVERSÕES ENTRE OS SISTEMAS


OCTAL E HEXADECIMAL
Não há uma transformação direta, o ideal é intermediar com o sistema binário, porque
8 = 23 e 16 = 24 . Assim agrupamos de três em três ou de quatro em quatro como veremos
a seguir.

Exemplo 1: 73418 = (?) 16

Inicialmente transformamos o octal em binário.

7 3 4 1
111 011 100 001

O binário originalizado é transformado em hexadecimal a partir de agrupamentos de quatro


em quatro binários, da direita para a esquerda.

1110 1110 0001



  
  
E E 1

7341 8= 1111000100112 = EE1 16


∴ 73418 = EE116

Sistema de Numeração (Parte 2) 25


Exemplo 2: 100648 = (?) 16

1 0 0 6 4
001 000 000 110 100

001000000110100

0001 0000 0011 0100


   
1 0 3 4

∴ 100648= 103416

Exemplo 3: 8A01F16 = (?)8

Inicialmente transformamos o hexadecimal em binário (agrupamento de 4 em 4),

8 A 0 1 F
1000 1010 0000 0001 1111
E depois esse binário em octal (agrupamento de 3 em 3).

010 001 010 000 000 011 111


2 1 2 0 0 3 7
E assim a conversão de Hexadecimal para Octal é realizada dessa forma, passando inicial-
mente pelo sistema Binário.

∴ 8A01F16= 21200378

Exemplo 4: FEDE16 = (?)8

Passando para binário (4 em 4)

1111 1110 1101 1110


Separando de 3 em 3 (octal)

001 111 111 011 011 110


1 7 7 3 3 6
∴ FEDE116 = 1773368

Operações envolvendo
os sistemas de numeração
Quando operamos no mesmo sistema de numeração basta seguir a regra prática da opera-
ção como foi visto no sistema decimal desde o início de nosso aprendizado, fazemos os
agrupamentos de bases. Mas como faremos com outros sistemas? Faremos as operações
de forma análoga, lembrando que só poderemos trabalhar com os dígitos que compõem
o correspondente sistema em questão.

Assim quando num agrupamento conseguimos formar um conjunto completo de elemen-


tos que compõe aquele sistema automaticamente a ordem supera, isto é, “vai um”.

Vamos verificar isso com alguns exemplos.

26 Sistema de Numeração (Parte 2)


Exemplo 1:

12 + 12 = (?)2

1
1 1 A cada conjunto de dois algarismos “1” do
sistema binário formaremos uma ordem superior

∴ 12 + 12 = 102

Exemplo 2:

12 + 12 + 12 = (?)2

1
1 1 A cada conjunto de dois algarismos “1” do
sistema binário formaremos uma ordem superior

∴ 12 + 12 + 12 = 112

Exemplo 3:

1100112 + 100102 = (?)2


Veja como formamos os resultados e aumentamos a ordem.

110011
10010+
120021

Mas não existe o símbolo “2” no sistema binário. A quantidade 2 é representada pelo
número 10, ou seja, dois dígitos (dois algarismos), aí vai “1”, e assim sucessivamente.

11 1
110011
010010+
1000101

Assim o resultado da operação (110011 + 10010)2 = 10001012

Exemplo 4:

15A16 + 7B16 = (?)16


Vamos lembrar inicialmente que o algarismo A representa a quantidade 10 e que o algaris-
mo B representa a quantidade 11, assim ao somarmos 10 + 11 obtemos 21, vamos a cada
agrupamento completo da base subir uma ordem no sistema, ou seja, supera 1 unidade e
fica apenas o resto que não forma um agrupamento completo do sistema.

Assim A + B = 10 + 11 = 21 que representa 16 + 5 , isto é, temos uma quantidade comple-


ta de “16” e restam 5, portanto:

Sistema de Numeração (Parte 2) 27


1
1 5A A + B = 21 menos 16 sobram 5 e vai
0 7B+ uma ordem
5

1
1 5A 1 + 5 + 7 = 13 que representamos pelo
0 7B+ algarismo "D"
D5

1
1 5A
1+0=1
0 7B+
1D5

Exemplo 5:

548 + 378 = (?)8

1
54 4 + 7 = 11 tirando uma classe completa
37 restam 3 (11 – 8 = 3) e "vai um"
3

11
54 1 + 5 + 3 = 9 tirando uma classe comple-
37 ta resta 1 (9 – 8 = 1) e "vai um"
13

1 1
0 54
1+0+0=1
0 37
1 13

Assim 548 + 378 = 1138

Com base nos conhecimentos de cálculos envolvendo operações no sistema decimal,


de forma análoga faremos cálculos também em outros sistemas de numeração, basta
lembrarmos dos conjuntos de algarismos que compõe cada sistema, pois as regras para
as outra operações têm os mesmos procedimentos.
A forma mais simples de operar com outros sistemas é trabalhando tudo na base binária,
porque tem menos algarismos nesse sistema (“0” e “1”) , gerando menos possibilidades
de erros.

Exemplo 6:

100112 × 7 = (?) 8
Inicialmente vamos transformar o decimal 7 em binário, depois multiplicar, e o resultado
obtido passar para a base octal agrupando os binários encontrados de três em três.

28 Sistema de Numeração (Parte 2)


7 = 1112
(10011 × 111)2

100 1 1
1 1 1×
100 1 1
1001 1 0
+ 10011 0 0
100001 0 1

(10011 × 111)2 = 100001012

Agora passando o binário encontrado para octal basta agrupar de 3 em 3:

010 000 101


2 0 5
100112 × 7 = 2058

Exemplo 7:

5718 – 3C16 = (?)16

Transformando o octal 571 e o hexadecimal 3C em binários teremos:

5 7 1 e 3 C
101 111 001 0011 1100

5718 – 3C16 = 1011110012– 001111002 = ?

101111001
00111100 1 – 0 = 1 e 0 – 0 = 0 mas 0 – 1 = ?
01

01 Nesse caso vamos tomar emprestados


101111001 da casa anterior.
000111100 E continuamos até que tenhamos que
tomar emprestados de novo.
01

1 1 1
0 0 0 0 1 1 – 1 = 0 e voltamos a 1 – 0, emprésti-
101 1 1 1 001 mo da casa anterior.
000 1 1 1 100 E assim sucesivamente.
100 0 0 0 001

Sistema de Numeração (Parte 2) 29


Mas o resultado foi pedido na base hexadecimal, então agora é só fazer agrupamentos de
4 em 4 que teremos o correspondente número hexadecimal.
000
1 0000
 0001

1 0 1

∴ 5718 – 3C16 = 10116

SUBTRAÇÃO
Outro processo de efetuar a subtração numa certa base é por meio do “Complemento da
base “b-1”
Mas como isso acontece?
Vamos aprender o processo do Complemento de base 1 ( maior algarismo do sistema
binário).
Numa subtração temos x – y = z onde os termos são:
x: minuendo
y: subtraendo
z: é a diferença

Procedimentos:
1º Completamos com zeros à esquerda do número (minueno ou subtraendo) que possuir
o menor número de casas (dígitos);
2º Para o subtraendo vamos trocar todos os algarismos pelos seus complementos: zero
vira 1 e 1 vira zero..
3º Adicionamos o subtraendo ao novo número encontrado (complemento do subtraendo).
4º Se o minuendo for maior que o subtraendo, significa que a diferença é positiva. Nesse
caso, se o número obtido pela soma anterior terá o 1º dígito da esquerda igual a “1”
(positivo), portanto ele sai da poisição em que se encontra (1º da esquerda) e será
adicionado ao último algarismo da direita do número encontrado. Esse novo resultado
será o resultado final da diferença proposta.

Exemplo: 1110112 – 101012 = ( ? )2

Resolução:
Vamos seguir os procedimentos anteriores
1º Completar com zeros o menor dos números.

111011
010101

2º Trocamos os dígitos do subtraendo pelos complementos:

111011
101010

30 Sistema de Numeração (Parte 2)


3º Somamos esses números do passo anterior:
11 1 1
1 11011
1 01010+
11 00101

4º O primeiro dígito da esquerda é “1” ele sai da posição em que se encontra (esquerda)
e vai ser adicionado ao último algarismo da direira do número encontrado.

11 1 1
1 11011
1 01010+
11 00101
1
100110

Portanto 1110112 – 101012 = 1001102

5º) Se o minueno for menor que o subtraendo, significa que a diferença é negativa.
Nesse caso, após o 3º procedimento, teremos o resultado encontrado terá como primeiro
dígito à esquerda igual a zero (negativo), ainda teremos que trocar cada dígito desse novo
número pelo seu complemento de 1, ou seja zero vira 1 e 1 vira zero.

Exemplo: 101012 - 1100112 = ( ? )2

Vamos aos procedimentos:


1º Completamos o meor número com ”zeros” à esquerda.

010101
110011

2º O subtraendo é substituído pelo seu complemento.

010101
001100

3º Somamos esses números:


1 1 1
0 10101
0 01100+
01 00001

4º O 1º díigito da esquerda é zero, significa que a diferença é negativa portanto despre-


zamos esse dígito e trocamos cada um dos outros dígitos desse resultado pelo seu
complemtento de 1 e o novo resultado será o resultado final.

1 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 02

Sistema de Numeração (Parte 2) 31


TOME NOTA
NOTA: O Zero à esquerda representa o sinal negativo, nesse caso teremos “ – 100001”, onde
cada algarismos será substituído pelo seu complemento de 1, ou seja, 011110.

Assim teremos que: 101012 – 1100112 = 111102

Dessa forma você pode operar em qualquer sistema bastando para isso você utilizar uma
base padrão.
A seguir apresentaremos a Tabela de Conversões dos Sistemas, para que você possa
exercitar ou convertendo ou operando os números de qualquer sistema.

Tabela de Conversões de Sistemas


Decimal Binário Octal Hexadecimal
0 0000 0 0
1 0001 1 1
2 0010 2 2
3 0011 3 3
4 0100 4 4
5 0101 5 5
6 0110 6 6
7 0111 7 7
8 1000 10 8
9 1001 11 9
10 1010 12 A
11 1011 13 B
12 1100 14 C
13 1101 15 D
14 1110 16 E
15 1111 17 F

AGORA VOCÊ JÁ ESTÁ PRONTO PARA PRATICAR SOZINHO

1. Converter os seguintes números:

a. 1A3ED16 = ( _____________ ) 8

b. 34578 = ( _____________ )16

c. 110110= ( _____________ ) 8

d. B0DE16= ( _____________ ) 2

e. C3FB516= ( _____________ )10

f. 92CD16 = ( _____________ ) 2

g. 16428 = ( _____________ ) 2

h. 47028 = ( _____________ ) 10

32 Sistema de Numeração (Parte 2)


2. Quantos dígitos são necessários, sem fazer a conversão, para escrever os seguintes
números nas bases indicadas:

a. 342= ( _____________ )2 ___ dígitos

b. 5.217 = ( _____________ )16 ___ dígitos

c. 1.343 = ( _____________ )8 ___ dígitos

3. Calcule:

a. 111110111012 + EB716= ( _____________ )8

b. 7458 – 111011012= ( _____________ )16

c. EB416× 10112 = ( _____________ ) 8

d. 6713758 – FACA16 = ( _____________ ) 2

e. DAD516 – 1111100011012 = ( _____________ ) 8

f. 1111011101012 – 73758= ( _____________ )16

4. Calcule as seguintes subtrações utilizando o processo do Complemento de 1:

a. 11000110002 – 1100112 = ( ? )2

b. 11011012 – 1110111002 = ( ? )2

Confira as respostas na próxima página.

Sistema de Numeração (Parte 2) 33


RESPOSTAS

1.
a. 3217558

b. 72F16

c. 3270368

d. 10110000110111102

e. 802.741

f. 10010010110011012

g. 11101000102

h. 2.498

2.
a. 9 dígitos

b. 4 dígitos

c. 4 dígitos

3.
a. 132248

b. F816

c. 1206748

d. 4740638 = 100 111 100 000 110 0112

e. 1455108

f. 7816

4.
a. 10111001012

b. 111011112

34 Sistema de Numeração (Parte 2)


NOÇÕES DE LÓGICA MATEMÁTICA

História
Alguns autores definem lógica como sendo a “Ciência das leis do pensamento”, e neste
caso existem divergências com essa definição, pois o pensamento é matéria estudada
na Psicologia, que é uma ciência distinta da lógica (ciência). Segundo Irving Copi, uma
definição mais adequada é: “A lógica é uma ciência do raciocínio”, pois a sua ideia está
ligada ao processo de raciocínio correto e incorreto que dependem dos estruturados argu-
mentos envolvidos nele. Assim a lógica estuda as formas ou estruturas do pensamento,
isto é, seu propósito é estudar e estabelecer propriedades das relações formais entre as
proposições.

A Lógica tem, por objeto de estudo, as leis gerais do pensamento, e as formas de aplicar
essas leis corretamente na investigação da verdade. Considerada como ciência do racio-
cínio e da demonstração, começou a desenvolver-se com Aristóteles (384-322 a.C) e
os antigos filósofos gregos passaram a usar em suas discussões sentenças enunciadas
nas formas afirmativas e negativa, resultando assim grande simplificação e clareza, com
efeito de grande valia em toda a Matemática. Aristóteles se preocupava com as formas
de raciocínio que, a partir de conhecimentos considerados verdadeiros, permitiam obter
novos conhecimentos. A partir dos conhecimentos tidos como verdadeiros, caberia à
Lógica a formulação de leis gerais de encadeamentos lógicos que levariam à descoberta
de novas verdades. Essa forma de encadeamento é chamada, em Lógica, de argumento.

Argumento  é uma sequência de proposições na qual uma delas é a conclusão e as


demais são premissas. As premissas justificam a conclusão.
• Proposições: sentenças afirmativas que podem ser verdadeiras ou falsas.
• Premissas: afirmações disponíveis.

O objetivo de um argumento é justificar uma afirmação que se faz, ou dar as razões para
uma certa conclusão obtida.

Por volta de 1666, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) usou em vários trabalhos o que
se chamou calculus ratiotinator, ou logica mathematica ou logística. estas ideias nunca
foram teorizadas por Leibniz, porém seus escritos trazem a idéia da Lógica Matemática.

No século XVIII, Leonhard Euler (1707-1783) introduziu a representação gráfica das


relações entre sentenças ou proposições, mais tarde ampliada por John Venn (1834-
1923), E.W. Veitch em 1952 e M . Karnaugh em 1953. Em 1847, Augustus De Morgan
(1806-1871) publicou um tratado Formal Logic envolvendo-se em discussão pública com
o filósofo escocês William, conhecido por sua aversão à Matemática, o qual entre outras
coisas escreveu: “ A Matemática congela e embota a mente; um excessivo estudo da
Matemática incapacita a mente para as energias que a filosofia e a vida requerem “ .
George Boole (1815-1864), ligado pela amizade de De Morgam, interessou-se pelo deba-
te entre o filosofo e o matemático, escrevendo The mathematical analysis of logic (1848)
em defesa de seu amigo; mais tarde publicou um livro sobre Álgebra de Boole, chamado
Na investigation of the laws of thought (1854) e em 1859 escreveu Treatise on differen-
tial equations no qual discutiu o método simbólico geral. O trabalho de Boole foi ampliado
por Lewis Carrol (1896), Whitehead (1898), Huntington (1904 e 1933), Sheffer (1913)
e outros. Esse período de desenvolvimento da Lógica culminou com a publicação do
Principia mathematica por Alfred North-Whitehead (1861-1947) e Bertrand Russel (1872-
1970), que representou grande ajuda para completar o programa sugerido por Leibniz, que
visava dar uma base lógica para toda a Matemática.

Noções de Lógica Matemática 35


A Álgebra de Boole, embora existindo há mais de cem anos, não teve qualquer utilização
prática até 1937,quando foi feita a 1ª aplicação à análise de circuitos de relés por A.
Nakashima, que não foi bem sucedido, pois, ao invés de desenvolver a teoria já existen-
te, tentou desenvolver a Álgebra Booleana por conceitos próprios. Em 1938 Claude E.
Shannon mostrou, em sua tese de mestrado no Departamento de Engenharia Elétrica do
MIT (Massachusetts Institute of Technology), a aplicação da Álgebra de Boole na análise
de circuitos de relés, usando-a com rara elegância, o que serviu de base para o desenvol-
vimento da teoria dos interruptores.

Sistemas dicotômicos
O mundo em que vivemos apresenta situações com dois estados apenas, que mutuamen-
te se excluem, como veremos, na tabela a seguir, alguns exemplos:

1 0
Sim Não
Dia Noite
Preto Branco
Ligado Desligado

Há situações como morno e tépido, diferentes tonalidades de vermelho, e outros que não
se apresentam como estritamente dicotômicas, ou seja, com dois estados excludentes
bem definidos.

Tipos de linguagens
Linguagem é o uso da palavra como meio de expressão e de comunicação entre pessoas.
É a forma de expressão pela linguagem própria do indivíduo.

Os tipos de linguagens que serão usados na Lógica serão:

• Linguagem comum (usual, escrita e falada)

Exemplo: Ana é professora.

• Linguagem simbólica (com gráficos, diagramas, tabelas, símbolos)

Exemplo: Ana é professora.


Linguagem simbólica: A

• Linguagem técnica (com termos técnicos específicos de cada área)

Exemplo: Ana é professora: A


Conjunto de professores: P
Linguagem Técnica: Ana pertence ao conjunto de professores: A ∈ P

36 Noções de Lógica Matemática


Cálculo das proposições
A Lógica matemática (ou Lógica Simbólica) trata do estudo das proposições, as quais
devem satisfazer, ou seja, ser governada por três princípios fundamentais:

• Princípio do Terceiro Excluído:


Toda proposição ou é verdadeira ou é falsa, isto é, nunca um terceiro caso, outra
alternativa. De acordo com esses princípios, podemos afirmar que: toda proposição
admite um e um só dos valores 1 ou 0.
Exemplo: 2 é par.
Essa proposição é verdadeira, não é falsa e jamais terá outra possibilidade.

• Princípio da Não Contradição:


Uma proposição não pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tempo.
Exemplo: Se 2 é par então não pode ser ímpar.
Uma contraria a outra.

• Princípio da Identidade: Todo objeto é idêntico a si mesmo.


Ex: 2 é par porque é par (todo par termina em 0, 2, 4, 6 ou 8, portanto 2 é par).

Com base nesses princípios as proposições simples são ou verdadeiras ou falsas, sendo
mutuamente exclusivos os dois casos, por isso, a Lógica Clássica é Bivalente.

A Lógica é extensivamente usada em áreas como Inteligência Artificial e Ciência da


computação.

Nas décadas de 50 e 60, pesquisadores previram que quando o conhecimento humano


pudesse ser expresso usando lógica com notação matemática, supunham que seria possí-
vel criar uma máquina com a capacidade de pensar, ou seja, inteligência artificial. Isto se
mostrou mais difícil que o esperado em função da complexidade do raciocínio humano. A
programação lógica é uma tentativa de fazer computadores usarem raciocínio lógico e a
linguagem de programação Prolog é comumente utilizada para isto.

Na lógica simbólica e lógica matemática, demonstrações feitas por humanos podem ser
auxiliadas por computador. Usando demonstração automática de teoremas os computa-
dores podem achar e verificar demonstrações, assim como trabalhar com demonstrações
muito extensas.

Na ciência da computação, a álgebra booleana é a base do projeto de hardware. As


aplicações da Álgebra de Boole ou Álgebra Lógica são usadas não só no processamento
automático de dados (computação), como também na automatização da produção
industrial, mediante a utilização da teoria aplicada aos fluidos. A Lógica simbólica aplica-
se em alguns ramos da eletricidade, da computação e da eletrônica.

Noções de Lógica Matemática 37


Proposição ou sentença

DEFINIÇÃO
É uma frase afirmativa (jamais exclamativa, imperativa ou interrogativa) que assume um
e apenas um valor-verdade: ou é verdadeira ou é falsa;
É toda oração declarativa que pode ser classificada em verdadeira ou falsa.
Portanto de acordo com as considerações acima as expressões do tipo:
“O dia está lindo! ”
“ Que dia é hoje ?”
“ 2+6 =x ”
“ x é um número real ”
"Vá estudar"
não são proposições lógicas, uma vez que não poderemos associar a ela um valor lógico
definido (verdadeiro ou falso) ou por serem interrogativas, imperativas ou exclamativas.

CLASSIFICAÇÃO
1) PROPOSIÇÃO SIMPLES

Conhecida pelo verbo de ligação (se não tem operador lógico).


Proposição Simples = Proposição Atômica = Átomo.

As proposições atômicas são indicadas por letras isoladas do nosso alfabeto:


Minúsculas: a, b , c ,...

ou maiúsculas: A, B, C, ... .

Exemplo 1: Ana é professora.


Letra sentencial: A

Exemplo 2: π é um número racional.


Letra Sentencial: P

2) PROPOSIÇÃO COMPOSTA

Conhecida pelo operador lógico, é formada através de junção de duas ou mais proposições ou
da transformação de uma proposição simples por um conectivo (ou operador lógico).
Chamam-se conectivos lógicos ou operadores lógicos palavras ou expressões que se
usam para formar novas proposições, a partir de proposições dadas. Veja algumas propo-
sições compostas formadas por diferentes conectivos (grifados):
P: O número 4 é quadrado perfeito e o número 3 é ímpar.

Q: O triângulo ABC é retângulo ou isósceles.

R: Se 2 é par, então π é racional.

38 Noções de Lógica Matemática


Operadores lógicos ou conectivos
Os operadores lógicos são elos (ligação) entre duas ou mais proposições ou é um modifi-
cador de valor verdade de uma proposição. Os operadores se classificam em:

1) Monádicos:

É o operador que gera uma sentença a partir de uma proposição dada por uma partícula
de Negação.

Operador Monádico de Negação: Se é uma proposição alterada pelo negador “NÃO”


(partícula que inverte o valor de uma proposição).

Exemplo:

Proposição Simples: Ana é professora: A

Proposição Composta por Negação:

Ana não é professora.

não A

2) Diádicos:

São operadores que geram novas proposições a partir de pelo menos duas (2) proposições
dadas, denominadas proposições compostas ou moleculares. Os operadores diádicos são:
Conjunção, Alternação, Discordância, Condicional e Bicondicional.

Assim as proposições compostas (moleculares) são classificadas em:

a) Conjunção:

Formada de duas proposições ligadas pelo conjuntor “e” (ou termo semelhante).

Exemplo:

Proposições Simples: Ana é professora: A

Ana é bonita: B

Proposição Composta por Conjunção:

Ana é professora e é bonita.

A e B

b) Alternação:

Formada por duas proposições ligadas pelo alternador “ou”.

Exemplo:

Proposições Simples: Ana é professora: A

Ana é bonita: B

Proposição Composta por Alternação:

Ana é professora ou é bonita.

A ou B

Noções de Lógica Matemática 39


c) Discordância:

Formada de duas proposições ligadas pelo discordante “...ou ...ou...”.

Exemplo:

Proposições Simples: Ana é professora: A

Ana é bonita: B

Proposição Composta por Discordância:

Ana ou é professora ou é bonita.

ou A ou B

d) Condicional:

Formada de duas proposições ligadas pelo condicionador “Se..., então...”.

Exemplo:

Proposições Simples: Ana é professora: A

Ana é bonita: B

Proposição Composta por Condicional:

Se Ana é professora, então ela é bonita.

Se A, então B

e) Bicondicional:

Formada por proposições ligadas pelo bicondicionador “se, e só se...”.

Exemplo:

Proposições Simples: Ana é professora: A

Ana é bonita: B

Proposição Composta por Bicondicional:

Ana é professora se, e somente se é bonita.

A se, e somente se B

Na Tabela abaixo, temos a representação de todos os tipos de proposições compostas,


com as respectivas expressões e os símbolos desses operadores lógicos.

PROPOSIÇÂO EXPRESSÃO SÍMBOLO


1) Negação Não ¬, ~ , –
2) Conjunção e ∧,&
3) Alternação ou v
4) Discordância ... ou... ou... w,v
5) Condicional Se..., então... →
6) Bicondicional ...se, e somente se... ↔

40 Noções de Lógica Matemática


Vamos exercitar um pouco.
Exemplo 1: Para as proposições a seguir:
1. O meu gato é amarelo.
2. Alguns gatos são amarelos.
3. Os gatos são pretos.
4. Alguns gatos não são pretos.
5. O gato de Maria é branco.
6. O meu gato é amarelo ou o gato de Maria não é branco, no entanto existem gatos
amarelos.
7. Se meu gato é amarelo, então existem gatos que não são pretos.
8. Alguns gatos são amarelos se, e somente se existem gatos pretos ou brancos.
9. Ou o gato de Maria é branco ou o meu não é amarelo, mas alguns gatos são pretos.
10. Se meu gato é azul, então o gato de Maria é branco ou o meu gato não é amarelo.

pede-se:
• Construir o esquema Abreviador (letras sentenciais = Átomos)
• Simbolizá-las
• Classificá-las em Simples ou Compostas (tipo).

Resolução:
Esquema Abreviador (átomos):
A: O meu gato é amarelo.
B: Alguns gatos são amarelos.
C: Os gatos são pretos.
D: O gato de Maria é branco.
E: Os gatos são brancos.
F: O meu gato é azul.

A simbolização e classificação de cada uma delas:


1. Simples: A

2. Simples: B

3. Simples: C

4. Composta por Negação (não C): ~C

5. Simples: D

6. Composta por Conjunção: (A ou não D, e B): (A v ~D) ∧ B

7. Composta por Condicional: Se A então não C: A → ~C

8. Composta por Bicondicional: B se e só se, C ou E: B ↔ (C v E)

9. Composta por Conjunção: Ou D ou não A, mas C: (D w ~A) ∧ C

10. Composta por Condicional: Se F, então D ou não A: F → (D v ~A)

Noções de Lógica Matemática 41


CONSTRUÇÃO DE TABELAS-VERDADE DE
UMA PROPOSIÇÂO COMPOSTA QUALQUER:
NÚMERO DE LINHAS DE UMA TABELA-VERDADE
Considerando que as proposições admitem um e só um valor-verdade, cada uma delas é
verdadeira ou é falsa. Indiferentemente, os valores lógicos também costumam ser repre-
sentados por 0(zero) para proposições falsas e 1(um) para proposições verdadeiras.

Proposições verdadeiras (valor lógico 1) ou falsas (valor lógico 0), estão associadas à
analogia de que zero(0) significa um circuito elétrico desligado e um(1) significa um circui-
to elétrico ligado, que nos lembra alguma coisa vinculada aos computadores, ou seja, a
base lógica da arquitetura dos computadores.

“VERDADE OU FALSIDADE” (V=1 e F=0)

F P P
P F 0
V V 1

OPERAÇÔES LÓGICAS SOBRE PROPOSIÇÕES


Nas composições, o valor lógico de qualquer proposição composta depende unicamente
dos valores lógicos das proposições simples componentes, ficando por eles univoca-
mente determinado. Usaremos como meio auxiliar na construção das tabelas-verdade o
“diagrama da árvore”, que se vê ao lado das tabelas. Na situação atual, os números que
aparecem na primeira coluna têm apenas a finalidade de indicar o número de linhas para
cada exemplo apresentado.

Para as proposições compostas, veremos que o número das componentes simples deter-
mina o número de linhas das tabelas-verdade.

Se a proposição é formada por dois átomos P e Q, teremos 4 linhas:

0
LINHAS P Q

1a 0 0 0 Q
P 1
2a 0 1 0
1
3a 1 0
Q
1
4a 1 1
0

42 Noções de Lógica Matemática


Assim a cada átomo novo duplica o número de possibilidades (valores 1 e 0).

Se a proposição é formada por três átomos P, Q e R, teremos 8 linhas:

0
LINHAS P Q R

1ª 0 0 0 0 R
1
2ª 0 0 1 Q 0
1 1
3ª 0 1 0 R
P 1
4ª 0 1 1 0
5ª 1 0 0 0 0 R
6ª 1 0 1 1
Q 0
7ª 1 1 0 1
R
8ª 1 1 1
1

E assim sucessivamente. Portanto o número de linhas da tabela-verdade depende do


número de átomos (combinações dos binários) que a compõem.

Sendo assim, cada proposição simples “ P “ tem dois valores: 1 ou 0, que se excluem. Daí,
para “n” proposições atômicas distintas P1 , P2 , P3 , ... , Pn há tantas possibilidades quantos
são os arranjos com repetição de 2 elementos (0 e 1), n a n , isto é, A2,n= 2n. Segue-se que
o número de linhas da tabela-verdade é

2n
onde n é o número de átomos distintos que a compõe.

Portanto, para a construção prática da tabela de uma proposição composta basta verifi-
carmos o número de átomos que a compõe e daí combinarmos alternadamente os valores
verdade 0 e 1, sendo que o primeiro átomo levará o maior número possível de valores 0 e
1 seguidamente (metade da tabela será composta com número 0 e a outra metade será
completada com número 1) e assim sucessivamente. A convenção que adotaremos inicia-
rá por falso e depois por verdadeiro.

Assim, para a proposição composta com dois átomos distintos teremos 22 = 4 linhas; para
3 átomos distintos teremos 23 = 8 linhas, e assim sucessivamente, como foi visto acima.
Além disso, para determinar o valor-verdade da proposição composta precisa-se saber o
valor-verdade de cada operador (conectivo) que a compõe, e isso será dado pelas defini-
ções de cada operador lógico.

Noções de Lógica Matemática 43


Definições dos operadores
lógicos: valor-verdade

a. NEGAÇÃO
~ (lê-se “ não”)
~ P inverte o valor-verdade da proposição P
Exemplificamos a seguir algumas proposições, onde escreveremos ao lado de cada uma
delas, seu valor lógico V ou F, podendo ser também 1 ou 0.

Exemplo 1:
P : 2 > 0 (V)
~ P : 2 > 0 (F)
Exemplo 2:
P : 3 é o divisor de 5 (F)
~ P : 3 não é o divisor de 5 (V)

b. CONJUNÇÃO
∧ (lê-se “e”)
P ∧ Q só e verdadeiro quando as proposições P e Q são ambas verdadeiras.
Exemplificamos a seguir algumas proposições, onde escreveremos ao lado de cada uma
delas, seu valor lógico V ou F, podendo ser também 1 ou 0.

Exemplo 1:
P : 2 > 0 (V)
Q : 2 ≠ 1 (V)
P ∧ Q : 2>0 e 2 ≠ 1 (V)
Exemplo 2:
P : 3/5 (3 é o divisor de 5) (F)
Q : 4/5 (F)
P ∧ Q : 3/5 e 4/5 (F)
Exemplo 3:
P : A Lua é quadrada (F)
Q : A neve é branca (V)
P ∧ Q : A Lua é quadrada e a neve é branca.(F)

TABELA VERDADE: P ∧ Q (P e Q são chamados conjuntores).

P ∧ Q
0 0 0
0 0 1
1 0 0
1 1 1

44 Noções de Lógica Matemática


c. DISJUNÇÃO NÃO EXCLUDENTE
∨ (lê-se “ou” inclusivo)
‘P ∨ Q - só será falsa se ambas, P e Q, forem falsas

Exemplificamos a seguir algumas proposições, onde escreveremos ao lado de cada uma


delas, seu valor lógico V ou F, podendo ser também 1 ou 0.

Exemplo 1:
P : 10 é nº primo.(F)
Q : 10 é nº composto. (V)
P ∨ Q : 10 é nº primo ou é nº composto (V)

Exemplo 2:
P : 34 < 26 (F)
Q : 22 < (-3)5 (V)
P ∨ Q : 34 < 26 ou 22 < (-3)5 (V)

Exemplo 3:
P : A lua é quadrada (F)
Q : A neve é branca. (V)
P ∨ Q : A lua é quadrada ou a neve é branca. (V)

TABELA VERDADE: P ∨ Q (P e Q são chamados disjuntores)

P v Q
0 0 0
0 1 1
1 1 0
1 1 1

d. DISJUNÇÂO EXCLUSIVA
w (lê-se: ou excludente)
P w Q - só será falsa se ambas, P e Q, receberem o mesmo valor lógico
Exemplo:
P : O número 2 é ímpar. (F)
Q : π é um número racional. (F)
P w Q : Ou 2 é ímpar ou π é número racional. (F)

A TABELA-VERDADE: P w Q

P w Q
0 0 0
0 1 1
1 1 0
1 0 1

Noções de Lógica Matemática 45


e. CONDICIONAL
→ (lê-se “se ... , então .. ”).
P → Q só será falsa se P for verdadeira e Q for falsa
Na Condicional P → Q teremos:
P é o antecedente (hipótese) e
Q é o consequente (tese).

Exemplo:
P: “a soma dos ângulos internos de um polígono de n lados é dada por S1= 180(n-2) “ (V)
Q: “O Sol é um planeta” (F)
P → Q : Se a soma dos ângulos internos de um polígono de n lados é dada por Si=180(n-2),
então o Sol é um planeta. (F)
Q → p : Se O Sol é um planeta, então a soma dos ângulos internos de um polígono de n
lados é dada por S i = 180 (n- 2).(V)
Podemos verificar que na proposição composta abaixo é logicamente verdadeira não
obstante ao aspecto quase absurdo do contexto da frase.
“Se o Sol é um planeta, então a soma dos ângulos internos de um polígono de n lados é
dada por Si=180(n-2)” (V)

A TABELA VERDADE: P → Q

P → Q
0 1 0
0 1 1
1 0 0
1 1 1

f. BICONDICIONAL
↔ (lê-se “... se e somente se ...”).
P ↔ Q só será verdadeira se P e Q forem ambas verdadeiras ou ambas falsas.
Exemplo 1:
P : 2 | 14 (2 é divisor de 14) (V)
Q : 2 . 5 | 14 . 5 (V)
P ↔ Q : 2 | 14 se e somente se 2 . 5 | 14 . 5 (V)

Exemplo 2:
P : O Sol é um planeta. (F)
Q : Tiradentes morreu afogado (F)
P ↔ Q : O Sol é um planeta se, e somente se Tiradentes morreu afogado. (V)

A TABELA VERDADE: P ↔ Q

P ↔ Q
0 1 0
0 0 1
1 0 0
1 1 1

46 Noções de Lógica Matemática


NOÇÕES DE LÓGICA MATEMÁTICA -
CÁLCULO PROPOSICIONAL (PARTE 1)
Tabela verdade de uma proposição
composta qualquer
Para determinar o valor lógico de uma proposição composta vai depender do número de
proposições simples e dos operadores que a compõem.
Vejamos como proceder através de alguns exemplos de construção da tabela-verdade de
proposições formadas por átomos quaisquer, cujos valores verdade não são conhecidos.

Exemplo 1: Construir a tabela-verdade da proposição ~ (P ∧ ~ Q)

Resolução:
Como a proposição é formada por dois átomos distintos P e Q,dos quais não conhecemos
seus valores verdade, então pesaremos em todas as suas possibilidades de V ou F, ou
seja, teremos 4 linhas. A proposição negada começará com o valor-verdade 1.
Assim a tabela-verdade será:
Resposta
~ (P ∧ ~ Q)
1 0 0 1
1 0 0 0
0 1 1 1
1 1 0 0

Exemplo 2: Construir a tabela-verdade da proposição Q v (P → R)

Resolução:
Essa proposição é formada por 3 átomos distintos portanto são 8 possibilidades, ou seja,
a tabela-verdade é formada por 8 linhas.
As combinações dos valores verdade seguirá a ordem das letras do alfabeto, portanto P
ganhará o maior número sucessivo de combinações falsas e depois verdadeiras (de quatro
em quatro), Q será a segunda (de duas em duas), e finalmente R será a última cujos
valores aparecem alternadamente falso e verdadeiro (de uma em uma), lembrando que a
negação inverte essa combinação.
Notamos que o operador mais forte (último a ser resolvido) é a Disjunção Não Excludente
ou Inclusiva (v)
A Tabela-verdade ficará assim:

Q v (P → R)
0 1 0 1 0
0 1 0 1 1
1 1 0 1 0
1 1 0 1 1
0 0 1 0 0
0 1 1 1 1
1 1 1 0 0
1 1 1 1 1
Resposta
NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1) 47
Exemplo 3: Construir a tabela-verdade da proposição (A v ~ C) w (B → ~A)

Resolução:
Essa proposição é formada por 3 átomos distintos (A,B e C) portanto são 8 possibilidades,
ou seja, a tabela-verdade é formada por 8 linhas.

As combinações dos valores verdade seguirão a ordem das letras do alfabeto, portanto A
ganhará o maior número sucessivo de combinações falsas e depois verdadeiras (de quatro
em quatro), B será a segunda (de duas em duas), e finalmente C será a última cujos valo-
res aparecem alternadamente falso e verdadeiro (de uma em uma).

Notamos que o operador mais forte (último a ser resolvido) é a Disjunção Excludente (w).

A Tabela-verdade ficará assim:

(A v ~ C) w (B → ~A)
0 1 1 0 0 1 1
0 0 0 1 0 1 1
0 1 1 0 1 1 1
0 0 0 1 1 1 1
1 1 1 0 0 1 0
1 1 0 0 0 1 0
1 1 1 1 1 0 0
1 1 0 1 1 0 0
Resposta

Hierarquia dos operadores


Certas proposições já possuem hierarquias de operadores impostas por meio de parênte-
ses, colchetes e chaves.

Quando não há imposição de indicadores de ordem (parêntese, colchetes, chaves), a


hierarquia deverá respeitar a seguinte ordem de resolução: primeiro os mais fracos e por
último os mais fortes, a saber:

1º) Negação: é o mais fraco, por isso é o primeiro a ser resolvido.

2º) Conjunção e Disjunção Não Excludente: possuem a mesma força, e nesse caso a
hierarquia de resolução é da esquerda para a direita;

3º) Disjunção excludente;

4º) Condicional;

5º) Bicondicional: é o mais forte, por isso é o último.

Quando o operador aparecer repetidamente, a ordem será da esquerda para a direita.

48 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1)
Exemplo: Construir a Tabela-verdade da seguinte proposição:
A v ~ C w B→ ~A ∧ C

[ (A v ~ C) w B] → (~ A ∧ C)
0 1 1 1 0 0 1 0 0
0 0 0 0 0 1 1 1 1
0 1 1 0 1 1 1 0 0
0 0 0 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 0 0 0 0 0
1 1 0 1 0 0 0 0 1
1 1 1 0 1 1 0 0 0
1 1 0 0 1 1 0 0 1
Resposta final
(operador principal)

AGORA FAÇA VOCÊ

1. Construir a Tabela-verdade das seguintes proposições:


a. B → ¬ A ∨¬ B↔ ¬ A

b. C ↔ ~ A w B → ¬ A ∧ C

c. M → ¬ N ∨ ¬ M ∧ N → M

2. Eliminar o maior número de parênteses sem modificar a estrutura da proposição,


respeitando as convenções:

d. (((P ∧ (~Q)) ∧ R) v S) → ((~P) v R)

e. (P ↔ (((~Q) v (R ∧ S)) → ((¬P) w Q)))

f. ((((((~P) v (~R)) v (~P)) → (~ R))→ S) ↔ ((~R) ∧ P))

g. (((P v Q) → (~R)) v ((((~Q) ∧ R) ∧ Q)))

Respostas:

1a. B → ¬ A ∨¬ B↔ ¬ A

[B → (~A v ~B) ] ↔ ~A
0 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 0 1 1
0 1 0 1 1 0 0
1 0 0 0 0 1 0

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1) 49
1b. C ↔ ~ A w B → ¬ A ∧ C

C ↔ [ (~A w B) ] → (~ A ∧ C) ]
0 1 1 1 0 0 1 0 0
1 1 1 1 0 1 1 1 1
0 0 1 0 1 1 1 0 0
1 1 1 0 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0 1 0 0 0
1 1 0 0 0 1 0 0 1
0 1 0 1 1 0 0 0 0
1 0 0 1 1 0 0 0 1

1c. M → ¬ N ∨ ¬ M ∧ N → M

M → {[ (~N v ~M) ∧ N] → M}
0 1 1 1 1 0 0 1 0
0 1 0 1 1 1 1 0 0
1 1 1 1 0 0 0 1 1
1 1 0 0 0 0 1 1 1

2a. (((P ∧ (~Q)) ∧ R) v S) → ((~P) v R)

(((P ∧ ~Q) ∧ R) v S) → (~P v R)


(P ∧ ~Q ∧ R v S) → (~P v R)
P ∧ ~Q ∧ R v S → ~P v R

2b. (P ↔ (((~Q) v (R ∧ S)) → ((¬P) w Q)))

(P ↔ ((~Qv (R ∧ S)) → (¬P w Q)))


P ↔ ~ Q v (R ∧ S) → ¬P w Q

2c. ((((((~P) v (~R)) v (~P)) → (~ R))→ S) ↔ ((~R) ∧ P))

(((((~P v ~R) v ~P) → ~ R)→ S) ↔ (~R ∧ P))


~P v ~R v ~P → ~ R → S ↔ ~R ∧ P

2d. (((P v Q) → (~R)) v ((((~Q) ∧ R) ∧ Q)))

(((P v Q) → ~R) v (((~Q ∧ R) ∧ Q)))


(P v Q → ~R) v (~Q ∧ R ∧ Q)

50 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1)
APLICAÇÃO DE TABELA –VERDADE
A lógica proposicional estuda como raciocinar com afirmações que podem ser verdadei-
ras ou falsas, ou ainda como construir a partir de certo conjunto de hipóteses (proposi-
ções verdadeiras num determinado contexto) uma demonstração de que uma determina-
da conclusão é verdadeira no mesmo contexto. Assim, são fundamentais as noções de
proposição, verdade, dedução e demonstração.
A lógica proposicional clássica é um dos exemplos mais simples de lógica formal. Esta
lógica leva em conta, somente, os valores-verdade verdadeiro e falso e a forma das propo-
sições. O estudo detalhado dessa lógica é importante porque ela contém quase todos os
conceitos importantes necessários para o estudo de lógicas mais complexas.
Assim vejamos algumas aplicações envolvendo o cálculo proposicional e as tabelas-verdade.

Exemplo 1:

Mamãe fez um bolo de chocolate e deixou-o sobre a mesa para que ele esfriasse, e saiu
para comprar um refrigerante. Ao voltar encontrou na cozinha seus três filhos: Ana, Bruno
e Clara.

Imediatamente percebeu que o bolo havia desaparecido e que as três crianças estavam
envolvidas. Desejando saber quem comeu o bolo e quem diria a verdade, indagou cada
uma delas e obteve os seguintes depoimentos:

• Ana: Eu não comi o bolo, mas pelo menos um dos outros comeu.
• Bruno: Se eu comi, Ana também comeu.
• Clara: Eu não comi mas Bruno comeu.

Com base nessas informações podemos deduzir que o caso envolve fatos (ações) e depoi-
mentos (das pessoas envolvidas no fato).

FATOS (COMER O BOLO) DEPOIMENTOS (PESSOAS ENVOLVIDAS)

A: ANA COMEU O BOLO ANA: ~A ∧ ( B v C )

B: BRUNO COMEU O BOLO BRUNO: B → A

C: CLARA COMEU O BOLO CLARA: ~C ∧ B

Vamos construir a tabela de possibilidades de valores verdade ou falsidade para os fatos


e para os depoimentos, onde

0 : Não comeu o bolo


FATOS
1: Comeu o bolo

0 : Mentiu
DEPOIMENTOS
1: Falou a Verdade

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1) 51
ÁTOMOS (PROPOSIÇÕES- PESSOAS E FATOS): A , B E C

Como são três átomos, as nossas tabelas-verdade terão 8 linhas cada ( 23 = 8), a saber:

DEPOIMENTOS
FATOS
ANA BRUNO CLARA

A B C ~A ∧ (B v C) B → A ~C ∧ B

0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0

0 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 0

0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 1

0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 1

1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0

1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0

1 1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 1 1

1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1

E assim podemos tirar várias conclusões a partir das tabelas, veja a seguir.

3. Supondo que as três crianças comeram o bolo quem disse a verdade?


Na 8ª linha da Tabela de Fatos, todas as crianças comeram o bolo ( 1 ) , portanto na
8ª linha da Tabela de Depoimentos vemos que Ana mentiu (0), Bruno disse a verdade
( 1) e Clara mentiu (0).

A 8ª linha das duas Tabelas: Fatos e Depoimentos:

DEPOIMENTOS
FATOS
ANA BRUNO CLARA

1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1

Se as três crianças comeram o bolo, então Bruno disse a verdade.

4. Se apenas Clara comeu o bolo, quem mentiu?


Somente a Clara mentiu, porque na 2ª linha da tabela de Fatos só Clara comeu ( 1 ),
tiramos em frente na Tabela de Depoimentos que apenas Clara mentiu (0).

Tomando a linha 2 das tabelas Fatos e Depoimentos:

DEPOIMENTOS
FATOS
ANA BRUNO CLARA

0 0 1 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 0

Apenas Clara mentiu.

52 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1)
5. Se apenas Bruno disse a verdade, quem comeu o bolo?
Na 6ª linha da Tabela de Depoimentos quando apenas Bruno disse a verdade (1),
tiramos na mesma linha na Tabela de Fatos que Ana e Clara comeram o bolo ( 1 ).

DEPOIMENTOS
FATOS
ANA BRUNO CLARA

1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 0 0 0

Apenas Bruno disse a verdade (1).

AGORA FAÇA VOCÊ

Três amigos, Armando ( A ), Bruno ( B ) e Carlos ( C ), foram ao campo assistir um clás-


sico, e quando o jogo acabou, relataram:

Arnaldo: Bruno gostou do jogo mas eu não.

Bruno: Se Armaldo não gostou do jogo, então Carlos gostou.

Carlos: Eu não gostei do jogo, mas pelo menos um dos outros gostou.

Baseando-se nos depoimentos dos rapazes acima, pede-se:

1º) Simbolizar cada um desses depoimentos;

2º) Construir as Tabelas-verdade dos Fatos e dos Depoimentos;

3º) Se apenas Carlos não gostou do jogo, quem mentiu?

4º) Se apenas Carlos mentiu, quem não gostou do jogo?

Resolução:

1º) FATOS:

A: Armando gostou do jogo.

B: Bruno gostou do jogo.

C: Carlos gostou do jogo.

DEPOIMENTOS:

• Armando: B ∧ ~A

• Bruno: ~A → C

• Carlos: ~C ∧ ( A v B )

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1) 53
2º) Construção das Tabelas Verdade: FATOS e DEPOIMENTOS

Como são três átomos, as nossas tabelas-verdade terão 8 linhas cada (23 = 8), a saber:

DEPOIMENTOS
FATOS
ARMANDO BRUNO CARLOS

A B C B ∧ ~A ~A → C ~C ∧ (A v B)

0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0

0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0

0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1

0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 1

1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 1 0

1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 0

1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 1 1 1 1

1 1 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1

3º) Na 7ª linha só Carlos não gostou do jogo ( 0 ), então quem mentiu foi o Armando ( 0).

4º) Na 4ª linha, se apenas Carlos mentiu ( 0 ), então Armando não gostou do jogo (0).

CLASSIFICAÇÃO DE UMA PROPOSIÇÃO


COMPOSTA QUANTO AOS VALORES-VERDADE
A Classificação de uma proposição composta por meio de sua tabela-verdade será realiza-
da pela sua última coluna de resolução, ou seja, pelo operador mais forte da composição
que poderá ser: tautológica, antilógica ou indeterminada.

Tautologia
Se uma proposição composta encerra apenas o valor lógico 1 (verdadeira) na coluna prin-
cipal de sua tabela-verdade, independente dos valores lógicos das outras, então dizemos
que é uma TAUTOLOGIA ou proposição logicamente verdadeira.

Assim chama-se tautologia toda proposição composta cuja última coluna da sua tabe-
la-verdade é totalmente verdadeira, ou seja, é toda proposição composta que assume
somente o valor “1” para todas as combinações possíveis de suas proposições simples.

As tautologias são também denominadas proposições tautológicas ou proposições logi-


camente verdadeiras.

Exemplo 1: Verificar se a proposição (P → Q) ↔ (~P v Q) é Tautológica.

54 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1)
Resolução:
Vamos construir a tabela-verdade da proposição e verificar o que a sua última coluna de
resolução (operador bicondicional) encerra.

(P → Q) ↔ (~P v Q)

(P → Q) ↔ (~ P v Q)
0 1 0 1 1 1 0
0 1 1 1 1 1 1
1 0 0 1 0 0 0
1 1 1 1 0 1 1
Só encerra o valor-verdade “1”

Assim a proposição é tautológica ou é uma tautologia.

TOME NOTA
a) as tautologias são também conhecidas como Regras de Inferências.
b) como uma tautologia é sempre verdadeira, podemos concluir que a negação de umatauto-
logia é sempre falsa, ou seja, uma contradição.

Exemplo 2: Verifique fazendo o uso da tabela-verdade, se a proposição abaixo é uma tautologia:


(P ∧ ~ Q) → (Q ∨ P)

Resolução:
Construção da tabela-verdade que nesse caso a última coluna a ser resolvida é a
Condicional (→).
(P ∧ ~ Q) → (Q ∨ P)
A Tabela-verdade ficará assim:

(P ∧ ~ Q) → (Q v P)
0 0 1 1 0 0 0
0 0 0 1 1 1 0
1 1 1 1 0 1 1
1 0 0 1 1 1 1
Resposta é Tautológica

Antilogia
Denomina-se Antilogia toda proposição que encerra em sua tabela-verdade, na coluna prin-
cipal, apenas o valor-verdade 0 (falsidade), ou seja, é toda proposição composta que assu-
me somente o valor F para todas as combinações possíveis de suas proposições simples.
Também se denomina contradição que é a negação de uma tautologia, já que esta é sempre
verdadeira e sua negação será, então, sempre falsa. Outras denominações para as contra-
dições são: proposições contra válidas ou proposições logicamente falsas.

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1) 55
Exemplo 1: Verificar se é uma Antilogia a proposição: p ↔ ~p

P ↔ ~P
0 0 1
1 0 0

Resposta: Contradição

∴ A classificação da proposição P ↔ ~P é uma Antilogia

Indeterminação ou contingência
Denomina-se Contingência ou Proposição Indeterminada toda proposição que simboliza
(encerra) em sua tabela-verdade, na coluna principal (a última a ser resolvida), os dois
valores-verdade 1 (verdade) e 0 (falsidade) indiferentemente, pelo menos uma vez cada
um, ou seja, contingência é toda proposição composta que não pode ser classificada
como tautologia nem como contradição. Outra denominação para as contingências é
proposições indeterminadas ou proposições contingentes.

Exemplo 1: Classificar a proposição abaixo conforme seus valores-verdade:


¬ (Q ∧ P) ↔ (¬ Q ∧ ¬ P)

¬ (Q ∧ P) ↔ (¬ Q ∧ ¬ P)
1 0 0 0 1 1 1 1
1 1 0 0 0 0 0 1
1 0 0 1 0 1 0 0
0 1 1 1 1 0 0 0

Resposta: Contingente

A classificação da proposição (¬ (Q ∧ P) ↔ (¬ Q ∧ ¬ P)) é uma Contingência.

AGORA FAÇA VOCÊ


Sendo P, Q e R três proposições simples quaisquer. Verifique se as seguintes proposições
compostas são Tautologias, Antilogias ou Contingências:
1. [ (P → R) ∧ ~ P ] → ~ Q)
2. [P ∨ (P → Q)] w ~Q
3. [ (P → ~R) ↔ ~ P ] v Q
4. [ (P → Q) ∧ (Q → R) ] → (P → R)

56 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte1)
NOÇÕES DE LÓGICA MATEMÁTICA -
CÁLCULO PROPOSICIONAL (PARTE 2)
Relações entre operadores

RELAÇÃO DE EQUIVALÊNCIA
Dadas duas proposições P e Q, dizemos que “ P é equivalente a Q” quando P e Q têm
tabelas verdades iguais, isto é, quando P e Q têm sempre o mesmo valores lógicos. E indi-
camos: P ⇔ Q. Dizemos que a relação P ⇔ Q é uma equivalência quando a proposição
bicondicional P↔Q é tautológica.
P ⇔ Q se e só se P↔Q é tautológica

Exemplo 1: Verificar a Equivalência: ¬ (Q ∧ P) ⇔ (¬ Q v ¬ P)


Construimos a tabela-verdade trocando o símbolo de relação (⇔) pelo símbolo de opera-
dor (↔) e verificamos se acontece a tautologia.

¬ (Q ∧ P) ↔ (¬ Q v ¬ P)
1 0 0 0 1 1 1 1
1 1 0 0 1 0 1 1
1 0 0 1 1 1 1 0
0 1 1 1 1 0 0 0

Resposta: Bicondicional tautológica

Portanto a proposição (¬ (Q ∧ P) ⇔ (¬ Q v ¬ P)) é uma relação de Equivalência

∴ ¬ (Q ∧ P) ⇔ (¬ Q v ¬ P)

Exemplo 2: Verificar a Equivalência: (Q → P) ⇔ (¬ Q v ¬ P)


Construimos a tabela-verdade trocando o símbolo de relação (⇔) pelo símbolo de opera-
dor (↔) e verificamos se acontece a tautologia.

(Q → P) ↔ (¬ Q v ¬ P)
0 1 0 1 1 1 1
1 0 0 0 0 1 1
0 1 1 1 1 1 0
1 1 1 0 0 0 0
Resposta: A Bicondicional não é tautológica

A proposição ((Q → P) ⇔ (¬ Q v ¬ P)) não é uma Relação de Equivalência

∴ (Q → P) ⇎ (¬ Q v ¬ P)

RELAÇÂO DE IMPLICAÇÃO
Dadas duas proposições P e Q, dizemos que “ P implica Q” quando a proposição condi-
cional P → Q é tautológica. E indicamos: P ⇒ Q.

P ⇒ Q se e só se P → Q é tautológica

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 57
TOME NOTA
Os símbolos ⇒ e ⇔ são distintos dos símbolos → e ↔ . Os dois primeiros representam
Relações enquanto os dois últimos representam Operadores Lógicos.

Exemplo: Verificar a Implicação: (Q v P) ⇒ (Q v P)

Construindo a tabela-verdade trocando a implicação pela condicional, teremos:

(Q v P) → (Q v P)
0 0 0 1 0 0 0
1 1 0 1 1 1 0
0 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 1 1 1

Resposta: A Condicional é Tautológica

Portanto a proposição ((Q v P) ⇒ (Q v P)) é uma Relação de Implicação

AGORA FAÇA VOCÊ


Verificar as Implicações ou as Equivalências Lógicas a seguir:
1. P → Q⇒ ((P ∧ R)→ Q)

2. P ⇒ (P∧ Q) ↔ Q

3. P → P v Q ⇔ P ∧ ¬Q → P

4. ¬ P ∧ Q ⇒ ¬ P

5. P → Q⇔¬Q → ¬P

6. ¬ (P → Q) ∧ R ⇔ P ∧ (¬Q ∧ R)

Respostas: Todas são verdadeiras

Negação de uma proposição


A Negação de uma proposição é a transformação de forma que seu valor verdade inverta:

• Se é verdadeira(1) se torna falsa (0).


• Se é falsa (0) se torna verdadeira (1).

Vejamos os critérios para modificar o valor verdade de uma proposição composta.

MODIFICADOR DE NEGAÇÃO
Dada a proposição P, indicaremos a sua negação por ~ P (lê-se “ não p”) .

Exemplo: (P): Vasco da Gama descobriu o Brasil (F)

(~P): Vasco da Gama não descobriu o Brasil (V)

58 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2)
LEIS DE MORGAN
a. Dupla negação
Duas negações equivalem a uma afirmação. Em símbolos: ~(~ P) ≡ P ou seja,
¬ (¬ P) ⇔ P
Verificando a Relação de Equivalência:
¬ (¬ P) ⇔ P
¬ (¬ P) ↔ Q
0 1 1 0
1 0 1 1

∴ ¬ (¬ P) ⇔ P
Exemplo: A proposição (P) O número 2 é par tem como dupla negação a sentença:

“Não é verdade que o número 2 não é par” que equivale a “O número 2 é par”.

b. Negação da disjunção não excludente ou


negação conjunta de duas proposições
Definição:

Sejam P e Q dois átomos quaisquer. A negação da proposição composta ~ ( P v Q), que


denomina-se Negação Conjunta de duas proposições P e Q, é a proposição “não P e não
Q”, isto é, simbolicamente “ ¬ P ∧ ¬ Q ”.
A Negação Conjunta de duas proposições P e Q também se indica pela notação “P ↓ Q“

Portanto: ¬ ( P v Q ) ⇔ ¬ P ∧ ¬ Q ⇔ P ↓ Q

A proposição ¬ P ∧ ¬ Q é verdadeira somente no caso em que P e Q são ambas falsas.

Exemplo: A negação da proposição:

“Tiradentes morreu afogado e Cabral descobriu as Índias” é:

Tiradentes não morreu afogado ou Cabral não descobriu as Índias”

c. Negação da conjunção ou negação


disjunta de duas proposições
Definição:

Sejam P e Q dois átomos quaisquer. A negação da Conjunção ~ ( P ∧ Q), que também


denomina-se Negação Disjunta de duas proposições P e Q, é a proposição “não P ou não
Q”, isto é, simbolicamente ¬ P v ¬ Q .
A Negação Disjunta de duas proposições P e Q também se indica pela notação “P ↑ Q“

Portanto, temos: ~(P ∧ Q)⇔ ¬P v¬Q ⇔ P ↑ Q


A proposição ¬ P v ¬ Q é falsa somente no caso em que P e Q são ambas verdadeiras.

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 59
TOME NOTA
Os símbolos “ ↑ ” e “↓” são denominados operadores ou conectivos de Sheffer.

Exemplo: A negação da proposição: “2 é par ou Tiradentes morreu afogado” é:


“2 não é par e Tiradentes morreu afogado”

AGORA FAÇA VOCÊ


Escreva, em linguagem comum, a Negação das proposições a seguir:
1. “2 não é par e Tiradentes morreu afogado”.
2. “A Lua é um satélite natural da Terra ou Cabral não descobriu o Brasil”.

Respostas:
1. “2 é par ou Tiradentes não morreu afogado”.
2. “ A Lua não é um satélite natural da Terra e Cabral descobriu o Brasil”.

Forma normal de uma proposição


Uma proposição está na forma normal (FN) se é formada apenas pelos conectivos: não
(~), e (∧) e ou (˅). Para escrever a negação de uma proposição, inicialmente ela deverá
estar na forma normal, pois só conseguimos negar os operadores “~ , ∧ e v ”.
As formas Normais são: Conjuntiva ou Disjuntiva
Quando a proposição apresenta outros operadores (w, →, ↔) deveremos substituí-los
pelas suas respectivas definições em função apenas dos operadores “~ , ∧ e v ”.
Faremos isso por meio de relações lógicas equivalentes, como você verá a seguir.
Nesse caso, basta trocar os outros operadores (disjunção excludente, condicional e a
bicondicional) pelas suas respectivas definições.
• Disjunção Excludente: w
É a discordância, ou seja, apenas um deles acontece (é verdadeiro).
P w Q ⇔ (P ∧ ¬ Q) v (¬P ∧ Q)
Assim para a Disjunção Excludente (P w Q) a sua forma normal (Conjuntiva e Disjuntiva)
é a proposição (P ∧¬ Q) v (¬P ∧ Q).

• Condicional: →
A definição da condicional é P → Q é dada por:
P→Q⇔ ¬PvQ
Assim para a Condicional (P → Q) a sua forma normal (Conjuntiva e Disjuntiva) é a propo-
sição ¬P v Q.

60 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2)
• Bicondicional: ↔
A definição da bicondicional é P↔ Q é dada por:
P ↔ Q ⇔ (P → Q) ∧ (Q → P)
E que transformada se torna:
P ↔ Q ⇔ (¬ P v Q) ∧ (¬ Q v P)
Assim para a Bicondicional (P ↔ Q) a sua forma normal (Conjuntiva e Disjuntiva) é a propo-
sição (¬ P v Q) ∧ (¬ Q v P).

Exemplo:
Represente a seguinte proposição na forma normal Conjuntiva e Disjuntiva:
(Q → ~R) w P

Resolução:
Inicialmente trocamos os operadores lógicos → e w pelas suas respectivas definições:
(Q → ~R) w P ⇔ [(Q → ~R) ∧ ~P ] v [ ~ (Q → ~R) ∧ P]
(Q → ~R) w P ⇔ [(~ Q v ~R) ∧ ~P ] v [ ~ (~Q v ~R) ∧ P]
(Q → ~R) w P ⇔ [(~ Q v ~R) ∧ ~P ] v [ (~~Q ∧~~R) ∧ P]
(Q → ~R) w P ⇔ [(~ Q v ~R) ∧ ~P ] v [ (Q ∧ R) ∧ P]
Portanto a proposição ficou representada apenas pelos operadores “ ~, ∧ e v ”

AGORA FAÇA VOCÊ


Escrever a Negação na linguagem simbólica, utilizando as formas normais (conjuntivas e
disjuntivas), das seguintes proposições:

1. P → ¬ R w ¬ Q

2. (P w R) → Q

3. Se hoje não chover e não fizer frio, amanhã fará bom tempo; no entanto, espera-se que
amanhã haja uma tempestade ou faça um bom tempo.

RESPOSTAS COM RESOLUÇÕES

1 . P → (¬ R w ¬ Q)

Substituição de “w” pela sua equivalência


P → [(¬R ^ Q) v (¬Q ^ R)]
Substituição de “→” pela sua equivalência
¬P v [(¬R ^ Q) v (¬Q ^ R)]
Negação:

¬{¬P v [(¬R ^ Q) v (¬Q ^ R)]}


¬¬P ^ ¬[(¬R ^ Q) v (¬Q ^ R)]
P ^ [¬(¬R ^ Q) ^ ¬(¬Q ^ R)]
P ^ [(¬¬R v ¬Q) ^ (¬¬Q v ¬R)]
P ^ [(R v ¬Q) ^ (Q v ¬R)]

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 61
2. Substituição de “w” pela sua equivalência

{[(P ^ ¬R) v (R ^ ¬P)] → Q}


Substituição de “→” pela sua equivalência

{¬[(P ^ ¬R) v (R ^ ¬P)] v Q}


Negando

¬{¬[(P ^ ¬R) v (R^¬P)] v Q}


¬¬[(P ^ ¬R) v (R ^ ¬P)] ^ ¬ Q
[(P ^ ¬R) v (R ^ ¬P)] ^ ¬ Q

3. Se hoje não chover e não fizer frio, amanhã fará bom tempo; no entanto, espera-se que
amanhã haja uma tempestade ou faça um bom tempo.

Esquema abreviador

A: Hoje choverá

B: Hoje fará frio

C: Amanhã fará bom tempo

D: Amanhã haverá tempestade

Proposição na linguagem simbólica

[(~A ^ ~B) → C] ^ (D v C)

Substituição de “→” pela sua equivalência

[~(~A ^ ~B) v C] ^ (D v C)
Negação

~{[~(~A ^ ~B) v C] ^ (D v C)}


~[~(~A ^ ~B) v C] v ~(D v C)
[~~(~A ^ ~B) ^ ~C] v (~D ^ ~C)
∴ [(~A ^ ~B) ^ ~C] v (~D ^ ~C)

Regras de inferências
A seguir serão definidas algumas proposições por meio de relações de equivalências
também denominadas Regras de Inferências.

• Condicional: p → q ⇔ ¬ p v q

• Bicondicional: p ↔ q ⇔ (p → q) ∧ (q → p) ⇔ (~ p v q) ∧ (~ q v p)

• Disjunção Excludente: p w q ⇔ (p ∧ ~ q) v (q ∧ ~ p)

• Dupla Negação: ¬ (¬ p) ⇔ p

• Negação de uma Conjunção: ~ (p ∧ q) ⇔ ~ p v ~ q

• Negação de uma Disjunção Não Excludente: ~ (p ∨ q) ⇔ ~ p ∧ ~ q

62 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2)
• Negação de uma Disjunção Excludente: ~ (p w q) ⇔ (~p v q) ∧ (p v ~q)

• Negação de uma Condicional: ~ (p → q) ⇔ p ∧ ~ q

• Negação de uma Bicondicional: ~ (p ↔ Q) ⇔ (P ∧ ~ Q) ∨ (~ P ∧ Q)

Veja os exemplos de negações de proposições com suas equivalências:

1. “Carlos é médico e a Lua é quadrada” é:


“Carlos não é médico ou a Lua não é quadrada”

2. “Todo quadrado é um retângulo ou 2 é primo” é:


“ Todo quadrado não é um retângulo e 2 não é primo”

3. “ Ou compro uma bicicleta ou caso”


“ Compro uma bicicleta e não caso, ou não compro uma bicicleta e caso”.

4. “ Se 2 é par, então π é irracional” é:


“ 2 é par e π não é irracional”

5. “ tgπ=1 se, e somente se Andorra é um país europeu” é:


“ tgπ = 1 e Andorra não é um país europeu, ou tgπ ≠1 e Andorra é um país europeu”

Proposições associadas a uma condicional


Definição: Dada a condicional P → Q, chamam-se proposições associadas a P → Q as
seguintes proposições que contêm P e Q.

P 1 : Proposição Recíproca de P → Q : Q → P

P 2 : Proposição Contrária de P → Q : ¬ P → ¬ Q

P 3 : Proposição Contra Recíproca ou Contra Positiva de P → Q : ¬ Q → ¬ P

As tabelas-verdade destas quatro proposições são:

P Q P → Q Q → P ~P → ~Q ~Q → ~P
0 0 0 1 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1
0 1 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 1 1
1 0 1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0
1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 1 0

A partir dessas tabelas verdade, podemos encontramos as propriedades demonstradas


por equivalências de proposições:

• A Condicional P → Q e sua Contra recíproca ~Q → ~P são equivalentes:


P → Q ⇔ ~Q → ~P
• A Reciproca Q → P e a Contraria ~P → ~Q da condicional P → Q são equivalentes:
Q → P ⇔ ~P → ~Q

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 63
As mesmas tabelas-verdade também demonstram que a condicional P → Q e a sua
Recíproca Q → P ou a sua Contraria ~ P → ~ Q não são equivalentes.

A contraria de P → Q também é denominada a inversa de P → Q e a Contra Recíproca ou


Contra Positiva de P → Q outra coisa não é que a Contraria da Reciproca de P → Q e por
isso também é denominada Contra Reciproca de P → Q.

RELAÇÃO RECÍPROCA

Dada a condicional, basta troca o antecedente com o consequente de posição na nova


condicional.

Exemplo:

Condicional
Se meu pai é médico, então a Lua é quadrada.
Antecedente: Meu pai é médico
Consequente: A Lua é quadrada

Recíproca da Condicional
Se a Lua é quadrada, então meu pai é médico.

RELAÇÃO CONTRÁRIA

Dada a condicional, basta negar o antecedente e negar o consequente da condicional.

Exemplo:

Condicional
P → Q: Se meu pai é médico, então a Lua é quadrada.
Antecedente: (P) Meu pai é médico
Consequente: (Q) A Lua é quadrada

A Contrária da Condicional
~P → ~Q: Se meu pai é não médico, então a Lua não é quadrada.

RELAÇÃO CONTRA POSITIVA OU CONTRA RECÍPROCA

Troca o antecedente pelo consequente e os nega.

Exemplo:

Condicional

P → Q : Se meu pai é médico, então a Lua é quadrada.


Antecedente: (P) Meu pai é médico
Consequente: (Q) A Lua é quadrada

Contra Recíproca
~Q → ~P: Se a Lua não é quadrada, então meu pai não é médico.

64 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2)
Vamos fazer mais alguns exemplos:
1. Seja a Condicional relativa a um triangulo T:
P → Q: Se T é equilátero, então T é isósceles
A Reciproca desta Condicional é:
Q → P: Se T é isósceles, então T é equilátero
Nesse exemplo temos a Condicional P → Q é verdadeira (1), mas sua Reciproca Q
→ P é falsa (0).

2. Para a Condicional:
P → Q: Se Carlos é professor, então é pobre.
A Contra recíproca dessa condicional é:

~Q → ~P: Se Carlos não é pobre, então não é professor

3. Para a proposição condicional:


P → Q : Se X² é impar, então X é impar
A Contra recíproca dessa condicional é:

~Q → ~P: Se x não é ímpar, então X² não é ímpar


ou
~Q → ~P: Se x é par, então X² é par.

AGORA FAÇA VOCÊ

1. Dada a condicional
P → Q :  Se o triângulo é equilátero, então é isósceles.
Determine a recíproca dessa condicional e determine o valor-verdade de cada uma delas.

2. Dada a condicional P → Q 
P → Q : Se Carlos é professor, então é pobre.
Determine a Contra Positiva

3. Dada a proposição:
Se x é negativo, então x é menor que zero.

Determine a Contra Positiva e a Contrária da Condicional.

Respostas:

1. Recíproca:
Q → P  :  Se triângulo é isósceles, então é equilátero.
Valor-Verdade :

A condicional P → Q é verdadeira (V)

A sua recíproca Q → P  é falsa (F)

2. A contra positiva
~ Q →~P  :  Se Carlos não é pobre, então não é  professor.

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 65
3. A contra positiva:
~ Q→ ~ P :  Se x não é menor que zero, então x não é negativo.
A contrária de P→ Q é a proposição:

~ P→ ~ Q :  Se x não é menor que zero, então x não é negativo.

VARIANTES ESTILÍSTICAS
São formas ou estilos diferentes de representar uma ou mais palavras ou expressões.

Considerando-se as diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambien-


te familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os
receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois
limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo
sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o
formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do
dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo
formal e informal com língua escrita e falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as
formas de comunicação. As diferentes modalidades de variação linguística não existem
isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas.

A seguir veremos algumas variantes estilísticas para os operadores lógicos.

a. NEGAÇÃO: ~ P
Não P

Não se dá que P

Não é verdade que P

É falso P
Não tendo P

Não é fato que P

Não se tem que P

b. CONJUNÇÃO: P ∧ Q
Pe Q
P embora Q
P mas Q
P assim como Q
P em adição, Q
P além disso Q
Não apenas P, como também Q
P; apesar disso, Q
P, no entanto Q
P todavia Q
P porém Q

66 NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2)
c. CONDICIONAL: P → Q
 P é o antecedente
P → Q temos: 
Q é o consequente
Se P, então Q
P somente se Q
tendo P, resulta Q
P apenas se Q
Sempre que P , Q
P implica Q
Quando P, Q
P quando Q
P é condição necessária para Q
A menos que P, não Q
No caso de P, Q
P é suficiente para Q
É suficiente P para Q
É bastante que P para Q
Q, se P
Q, quando P
Q é condição necessária para P
Q, admitindo P
Q é preciso que P
É necessário Q para P

d. BICONDICIONAL: P ↔ Q
P se e somente se Q
P é condição necessária e suficiente para Q
P é equivalente a Q
O fato de P é condição necessária e suficiente para que Q
P quando e apenas quando Q

e. DISJUNÇÃO EXCLUDENTE: P w Q
ou P ou Q

P ou Q,mas não ambos


P ou Q, e não ambos
P ou Q mas não, P e Q
Apenas P e não Q, ou apenas Q e não P
Apenas um, P ou Q
P ou Q, mas não simultaneamente os dois P e Q

NoçõesdeLógicaMatemática-CálculoProposicional(Parte2) 67
GEOMETRIA ANALÍTICA (PARTE 1)

Introdução

UM POUCO DE HISTÓRIA – UMA SÍNTESE DO


SURGIMENTO DA GEOMETRIA ANALÍTICA
A Geometria surgiu na Grécia Antiga há aproximadamente 2600 anos, como Ciência
Dedutiva, mas apesar do brilhantismo faltava operacionalidade à geometria grega. E isto
só iria ser conseguido mediante a Álgebra como princípio unificador. Os gregos, porém,
não eram muito bons em álgebra. Mais do que isso, somente no século XVII a álgebra
estaria razoavelmente aparelhada para uma fusão criativa com a geometria. Dois grandes
filósofos franceses da época, Pierre de Fermat (1601-1665) e René Descartes (1596-
1650), curiosamente ambos graduados em Direito, nenhum deles matemático profissio-
nal, são os responsáveis por esse grande avanço científico: o primeiro movido basicamen-
te por seu grande amor, a matemática; e o segundo por razões filosóficas.

Fermat teve papel fundamental na criação do Cálculo Diferencial, do Cálculo de


Probabilidades e, especialmente, da teoria dos números, ramo da matemática que estuda
as propriedades dos números inteiros. Sua contribuição à Geometria Analítica encontra-se
num pequeno texto intitulado Introdução aos Lugares Planos e Sólidos e data no máximo,
de 1636 mas que só foi publicado em 1679, postumamente, junto com sua obra comple-
ta. Como Fermat era bastante modesto, e avesso a publicar seus trabalhos, resultou daí,
em parte, o fato de Descartes comumente ser mais lembrado como criador da Geometria
Analítica. Assim a Geometria Analítica de Descartes apareceu em 1637 no pequeno texto
chamado “A Geometria como um dos três apêndices do Discurso do método”, obra consi-
derada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o méto-
do matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.

A Geometria Analítica, também chamada geometria de coordenadas e de geometria


cartesiana, é o estudo da geometria por meio de um sistema de coordenadas e dos
princípios da álgebra e da análise. Ela contrasta com a abordagem sintética da geometria
euclidiana, em que certas noções geométricas são consideradas primitivas, e é utilizado
o raciocínio dedutivo a partir de axiomas e teoremas para obter proposições verdadeiras.
A geometria analítica é muito utilizada na física e na engenharia, e é o fundamento das
áreas mais modernas da geometria, incluindo geometria algébrica, diferencial, discreta e
computacional.

Em geral, o sistema de coordenadas cartesianas é usado para manipular equações para


planos, retas, curvas e círculos, geralmente em duas dimensões, mas por vezes também
em três ou mais dimensões. A geometria analítica ensinada nos livros escolares pode
ser explicada de uma forma mais simples: ela diz respeito a definição e representação de
formas geométricas de modo numérico e a extração de informação numérica dessa repre-
sentação. O resultado numérico também pode, no entanto, ser um vetor ou uma forma.
O fato de que a álgebra dos números reais pode ser empregada para produzir resultados
sobre o contínuo linear da geometria baseia-se no axioma de Cantor-Dedekind.

Geometria Analítica (Parte 1) 69


COORDENADAS CARTESIANAS NO PLANO
Vamos iniciar tratando do Sistema de Coordenadas Cartesianas, falando primeiramente de
eixos reais ou retas orientadas.

Eixo real é a reta na qual se fixou um ponto como sendo a origem e um sentido de percur-
so escolhido como positivo. A essa reta orientada é que denominamos de eixo, e eixo real
por causa da correspondência biunívoca (Cantor-Dedekind) “a cada ponto da reta está
associado a um e apenas um número real, e vice-versa”. Cada número real é denominado
imagem do ponto ou abscissa
 do ponto, e a reta denominamos de eixo das abscissas que
representaremos por OX .

o
−∞ 0 +∞

No plano, tomados dois eixos perpendiculares entre si, formaremos o plano cartesiano
ortogonal ou simplesmente o Sistema de Coordenadas cartesianas. Temos assim dois
eixos denominados:

( ) ou eixo horizontal
• eixo das abscissas OX

• eixo das ordenadas ( OY ) ou eixo vertical.
 
Sistema cartesiano ortogonal ou Plano Cartesiano XOY: OX ⊥ OY
 
• Origem do sistema: OX ∩ OY = 0, ponto associado ao par de números reais (0,0)
• Ponto Genérico do Plano: P(xP, yP) associado a um par ordenado de números reais
xP e yP.

Temos xP é a abscissa do ponto P e yP é a ordenada do ponto P. Os números reais xP e yP


são as coordenadas do ponto P, ou seja o par ordenado.

Yp P

0 Xp x

 
Quando os eixos OX e OY se interceptam o plano fica dividido em quatro regiões
denominadas “quadrantes”, portanto as regiões compreendidas entre os eixos são deno-
minadas de quadrantes, e são enumeradas no sentido positivo ou seja, anti-horário (da
direita para a esquerda) como representado a seguir.

70 Geometria Analítica (Parte 1)


y
2º quadrante 1º quadrante

0 x

3º quadrante 4º quadrante

Temos duas retas especiais no plano: retas bissetrizes dos quadrantes, a saber:
• Reta Bissetriz dos Quadrantes Ímpares: passa pela origem no 1º e no 3º quadrante: bI
• Reta Bissetriz dos Quadrantes Pares: passa pela origem no 2º e no 4º quadrante: bP.
y bI y

0 x 0 x

bP

Generalizando, temos as localizações dos Pontos no Plano Cartesiano assim definidas:


• Se o ponto P pertence ao 1º quadrante: xP > 0 e yP > 0 ou seja P(+, +).
• Se o ponto P pertence ao 2º quadrante: xP < 0 e yP > 0 ou seja P(– , +).
• Se o ponto P pertence ao 3º quadrante: xP < 0 e yP < 0 ou seja P(– , –).
• Se o ponto P pertence ao 4º quadrante: xP > 0 e yP < 0 ou seja P(+, –).
A
• Se o ponto P pertence ao Eixo das Abscissas: xP ∈ ℜ ⇒ yP = 0 ou seja P(xP , 0).
A
• Se o ponto P pertence ao Eixo das Ordenadas: yP ∈ ℜ ⇒ xP = 0 ou seja P (0, yP).
• Se o ponto P pertence à Reta Bissetriz dos Quadrantes Ímpares: xP = yP ou seja P(x, x).
• Se o ponto P pertence à Reta Bissetriz dos Quadrantes Pares: xP = – yP ou seja P(x, –x).

Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 1:
Determine o valor real de “t“ para que o ponto A(t – 1, 2t + 3) pertença ao 1º quadrante.

Resolução:
Se o ponto A pertence ao 1º quadrante deve obedecer a condição: xP > 0 e yP > 0 .
Assim temos:
A abscissa xP = t – 1 e a ordenada yP = 2t + 3 que atendendo a condição de localização
no 1º quadrante:
xP > 0 e yP > 0
t – 1 > 0 e 2t + 3 > 0
t > 0 + 1 e 2t > – 3
3
t > 1 e t >−
2

Geometria Analítica (Parte 1) 71


As duas condições têm que ser atendidas ao mesmo tempo,ou seja, é uma interseção.

1ª Solução: S1: xP > 0 ⇒ t > 1


1
3
2ª Solução: S2: yP > 0 ⇒ t > −
2 −3 / 2
Solução Final: S1 ∩ S2

−3 / 2

1
S = {t ∈ ℜ / t > 1}

Exemplo 2:

Determine o valor real de “t“ para que o ponto M (2t – 5, 1 – 3t) pertença ao 3º quadrante.

Resolução:
Se o ponto M pertence ao 3º quadrante deve obedecer a condição: xP < 0 e yP < 0 .

Assim temos:

A abscissa xP = 2t – 5 e a ordenada yP = 1 – 3t que atendendo a condição de localização


no 3º quadrante:

xP < 0 e yP < 0
2t – 5 < 0 e 1 – 3t + 3 < 0
2t <5 e – 3t >– 1 x (-1)
2t < 5 e 3t >1
5 1
t < e t>
2 3
As duas condições têm que ser atendidas ao mesmo tempo, ou seja, é uma interseção.
5
1ª Solução: S1: t < 5
2 2
1
2ª Solução: S2: t > 1
3 3
Solução Final: S1 ∩ S2

1 5
S = {t ∈ℜ / <t< } 1 5
3 2 3 2
Exemplo 3:

Determine o valor real de “t“ para que o ponto B (3t – 1, 3 – t2 ) pertença a reta bissetriz
dos quadrantes ímpares.

Resolução:
Se o ponto B pertence a reta bissetriz dos quadrantes ímpares deve obedecer a condição:
xP = yP.

72 Geometria Analítica (Parte 1)


Assim temos:
A abscissa xP = 3t – 1 e a ordenada yP = 3 – t2, que pela condição terão que ser iguais.
3t – 1= 3 – t2
3t – 1– 3 + t2 = 0
t2 + 3t – 4 = 0
Os valores de “t” que anulam são as raízes da equação de segundo grau at2+bt+c=0
(fórmula de Bhaskara).
Temos: a = 1 , b = 3 e c = – 4

−b ± b 2 − 4ac
t=
2a

−3 ± (3) 2 − 4.(1).(−4)
t=
2.(1)

−3 ± 9 + 16
t=
2

−3 ± 25
t=
2
−3 ± 5
t=
2
−3 − 5 −3 + 5
t= ou t =
2 2
t = – 4 ou t = 1
S = { – 4, 1}

AGORA FAÇA VOCÊ

Determine o valor de “a” para que:

1. O ponto A (2a – 3 , 3 – a) pertença ao 2º quadrante.

2. O ponto M (a2 – 1 , 7a3 + 5a2 – 3a + 2a – 4) pertença ao eixo das ordenadas.

3. O ponto P (2a + 1 , 5 – 7a) pertença a reta bissetriz dos quadrantes pares.

Respostas:
3
1. {a ∈ ℜ / a < }
2
2. {-1 , 1}
6
3. {a ∈ ℜ / a = }
5

SEGMENTO DE RETA

Dados dois pontos A e B, vamos representar o segmento de reta de extremidades A e B


por AB e sua medida por AB .

A B

Geometria Analítica (Parte 1) 73


PONTO MÉDIO DE UM SEGMENTO
Seja dado o segmento AB e seja M um ponto pertencente a esse segmento de tal forma
que ele divida o segmento em dois segmentos congruentes, ou seja, de mesma medida.
M é denominado o ponto médio de AB.
Os triângulos ∆ACM e ∆AMD são congruentes pelo caso LAL:

∆ACM ≅ ∆MDB

π
AC = MD , Ĉ = D̂ = e CM = DB
2
y
yB B
M
yM D
A
yA C

0 xA xM xB x

Se AC = MD então:
xM - xA = xB - xM
xM + xM = xB + xA
2.xM = xA + xB
x A + xB
xM =
2

E se CM = DB então:
yM - yA = yB - yM
yM + yM = yB + yA
2.yM = yA + yB
y A + yB
yM =
2
As coordenadas do ponto M médio de AB são:
x A + xB y + yB
xM = e yM = A
2 2
Exemplo 1:

Determine as coordenadas do ponto M médio do segmento de extremos A (-1, 2) e B (5, 4).

Resolução:
x A + xB y A + y B
Se M é médio de AB então temos M = ( , )
2 2
−1 + 5 2 + 4
M=( , )
2 2
4 6
M=( , )
2 2
O ponto M (2, 3) é médio de AB.

74 Geometria Analítica (Parte 1)


Exemplo 2:

Sabendo-se que as coordenadas do ponto M médio de um segmento AB são M (-1, 2),


determine as coordenadas do extremo B tendo o extremo A= (2, 5),

Resolução:
Se M é médio de AB temos:

x A + xB y + yB
xM = e yM = A
2 2

2 + xB 5 + yB
−1 = e 2=
2 2

– 1 x 2 = 2 + xB e 2 x 2 = 5 + yB
– 2 – 2 = xB e 4 – 5 = yB
XB = – 4 e y B = – 1
Portanto as coordenadas do extremo B (– 4, – 1).

DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS:

Sejam A(xA , yA) e B(xB , yB) os extremos de um segmento AB, inicialmente não paralelo a
nenhum dos eixos.

A distância entre os pontos A e B que se indica por δAB é encontrada pela construção
auxiliar no plano cartesiano do Triângulo ABC retângulo em C, conforme figura a seguir:

y
YB B
δ AB
A
YA C

0 XA XB x

∆A D B é retângulo, então aplicando o teorema de Pitágoras temos:

AB ) 2 ( AC ) 2 + ( AB ) 2
(= ①

 AC
= xB − x A

Como 
CB
= yB − y A ③

Substituindo as equações ③ e ② em ①, temos:

( AB )² = (xB – xA)² + (yB – yA)²

δ AB = ( xB − x A ) 2 + ( yB − y A ) 2 ou δ AB = (∆x) 2 + (∆y ) 2

OBS: Se o segmento AB for paralelo a um dos eixos também vale a fórmula.

Geometria Analítica (Parte 1) 75


Exemplo 1:

Determine o comprimento do segmento cujos extremos são A (1, 2) e B (5, -1).

Resolução:
A medida do segmento AB é a distância entre os pontos A e B.

AB = ( xB − x A ) 2 + ( y B − y A ) 2

δ AB= (5 − 1) 2 + (−1 − 2) 2

δ=
AB (4) 2 + (−3) 2

δ=
AB 16 + 9

δ AB = 25

δ AB = 5 unidades de medida

MEDIANA E BARICENTRO DO TRIÂNGULO

Sejam A(xA , yA) , B(xB , yB) e C (xC , yC) os três vértices do triângulo ABC.

Mediana do triângulo ABC é o segmento que une um vértice ao ponto médio do lado
oposto.

P N

G
B C
M

Temos no triângulo ABC:

A mediana AM relativa ao lado BC,

A mediana BN relativa ao lado AC,

A mediana CP relativa ao lado AB.

O ponto de encontro das medianas (G) é o Baricentro.

76 Geometria Analítica (Parte 1)


As coordenadas do ponto G serão determinadas pela razão de seção de um segmento.

Dados três pontos colineares distintos A, B e C, denomina-se razão entre os segmentos


 
orientados AB e BC o número real r tal que:

B
AB
r= A
BC

 
Se AB e BC tem o mesmo sentido, então a razão r é positiva
 
Se AB e BC tem o sentido oposto, então a razão r é negativa

Assim vamos determinar as coordenadas do Baricentro G.

Sejam A(xA , yA) , B(xB , yB) e C (xC , yC) os três vértices do triângulo ABC.

Baricentro do triângulo ABC é o ponto G que divide a mediana numa razão de seção.

A Baricentro

P N
G

B C
M

Por meio de razão de seção temos:


2 1
AG = 2. GM , AG = AM e GM = AM
3 3
2 1
BG = 2. GN , BG = BN e GN = BN
3 3
2 1
CG = 2. GP , CG CP e GP = CP
3 3

As coordenadas do baricentro do triângulo ABC serão dadas por:

x A + xB + xC y A + yB + yC
xG = e yG =
3 3

Assim o Baricentro do triângulo ABC terá as coordenadas dadas por:

 x + xB + xC y A + yB + yC 
G A , 
 3 3 

Exemplo 1:

Determine as coordenadas do Baricentro do triângulo ABC cujos vértices são A(2,7),


B(2,2) e C(5,3).

Geometria Analítica (Parte 1) 77


Resolução:
x A + xB + xC
xG =
3
2+2+5
xG =
3
xG = 3

y A + yB + yC
yG =
3
7+2+3
yG =
3
yG = 4

Logo as coordenadas do baricentro são G (3, 4).

AGORA FAÇA VOCÊ

Para o Triângulo ABC, onde A(3,5), B(-2,7) e C(0,3), pede-se determinar:

a. As coordenadas do Baricentro.
b. O comprimento da mediana BM relativa ao lado AC.
c. O perímetro desse triângulo.

Respostas
1
a. G ( , 5)
3
43
b. δ BM = ( xB − xM ) 2 + ( yB − yM ) 2 =
2
c. 2 p = 2. 5 + 13 + 29 unidades de comprimento

78 Geometria Analítica (Parte 1)


GEOMETRIA ANALÍTICA (PARTE 2)
ESTUDO COMPLETO DA RETA:

CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO ENTRE TRÊS PONTOS:

Dados os pontos A(xA, yA); B (xB, yB) e C(xC, yC) distintos, pertencentes ao um mesmo
plano XOY, diz-se que os pontos A, B e C estão alinhados se, e somente se, o determinante
"D" formado pelas coordenadas desses pontos for igual a zero.

xA yA 1
onde det D = x B yB 1 = 0
xC yC 1

Resolvendo o det D pelo processo de colocar os pontos ordenadamente um abaixo do


outro e repetir o primeiro e assim calculamos os produtos dos termos aditivos (Diagonais
para a direita) e subtraímos dos produtos dos termos subtrativos (Diagonais para a esquer-
da), ou seja, aplicando a regra de SARRUS, temos:
xA yA

-xB .yA xB yB +xA .yB

-xC .yB xC yC +xB .yC


=0

-xA .yC xA yA +xC .yA

Como o detD=0, temos:

xA.yB + xB.yC + xC. yA – xB.yA – xC.yB – xA.yC = 0

Exemplo 1

Verifique se os pontos A(-2,3), B(5,4) e C(2,-1) estão alinhados.

Resolução:
Para que os pontos A, B e C estejam alinhados (pertençam a uma mesma reta) o determi-
nante formado pelas coordenadas desses pontos tem que ser igual a zero.

-2 3

5 4
det=
2 -1

-2 3

Det = – 8 – 5 + 6 – 15 – 8 – 2
Det = – 32 ≠ 0
Portanto os pontos A, B e C não estão alinhados.

Geometria Analítica (Parte 2) 79


EQUAÇÃO GERAL DE RETA

Teorema:

Dada uma reta r no plano cartesiano, sua equação pode ser escrita na forma: ax + by + c = 0
onde a, b e c são números reais tais que a e b não simultaneamente nulos.

A equação ax + by + c = 0 é denominada equação geral da reta.

 A( x A , y A ) ∈ r

dados  B ( xB , yB ) ∈ r

 P ( x, y ) ∈ r é genérico

yA A

y P
yB B

0 xA x xB x

Se P é um terceiro ponto da reta r, então pela condição de alinhamento de 3 pontos o


determinante formado pelas suas coordenadas tem que ser igual a Zero.
x y
xA yA
=0
xB yB
x y

x.yA + xA. yB + x.y – xB.yA – y . xB –yB . x = 0

x(yA – yB) + y(xB – xA) + (xAyB – xByA) = 0

a y A − yB
= 

b= ( xB − x A )  ⇒ ax + by + c= 0 é a equação geral da reta r .
=c ( x A . yB − xB . y A ) 

Exemplo 1

Determine a equação geral da reta “r” que passa pelos pontos A(-1, 2) e B(3,5).

Resolução:
Seja P(x,y) um ponto genérico de r (um ponto qualquer). Pela condição de alinhamento
de 3 pontos da reta temos:
A(−1, 2) ∈ r 

B (3,5) ∈ r  det = 0
P ( x, y ) ∈ r 

80 Geometria Analítica (Parte 2)


x y
-1 2
=0
3 5
x y

(r) : 2x – 5 + 3y + y – 6 – 5x = 0
(r) : – 3x + 4y – 11 = 0 ou
(r) : 3x – 4 y + 11 = 0

COEFICIENTE LINEAR E COEFICIENTE ANGULAR DA RETA:

Coeficiente Linear da reta é a ordenada do ponto de interseção da reta r com o eixo OY:
(0, n) .

n
α

Coeficiente Angular ou Inclinação da reta é o valor da tangente do ângulo α (menor deter-


minação do ângulo) formado entre a reta r e o eixo OX.

O coeficiente angular da reta r indicado por m é dado pela tangente do ângulo α: m = tgα.

Temos:
π
Se α é um ângulo agudo (0 < α < ) então a tangente de α é positiva: m > 0
2

y
r

α
0 x

α é agudo ⇒ tgα > 0 ⇒ m > 0


π
Se α é um ângulo obtuso ( < α < π ) então a tangente de α é negativa: m < 0
2
y

Geometria Analítica (Parte 2) 81


π
α é obtuso ( < α < π) ⇒ tg α < 0 ⇒ m < 0
2 π
Obs: Se α é reto (α = ) ⇒ ∄ m e se α é nulo (α = 0) ⇒ m = 0
2

COEFICIENTE ANGULAR “m” CONHECIDOS DOIS PONTOS:

Sejam A(xA, yA) e B(xB, yB) pontos distintos pertencentes à mesma reta r, inicialmente
não paralela a nenhum dos eixos coordenados.

y
B
yB
y B − yA
A α
yA
x B − xA
0 xA xB x

m = tg α
cateto oposto
tg α =
cateto adjacente

yB − y A
α
m tg=
=
xB − x A

Exemplo 1:
Determine o coeficiente angular da reta r que passa pelos pontos A(-2,3) e B(5,-1).

Resolução:
O coeficiente angular “m” é dado por:
yB − y A
= α
m tg= =0
xB − x A
−1 − 3
m=
5 − (−2)
−4
m=
7
4
m= −
7

82 Geometria Analítica (Parte 2)


EQUAÇÃO REDUZIDA DA RETA:

Dados os pontos A (0, n) e o ponto genérico P (x, y) pertencente a reta r, tem-se:

y
r
P
y
y−n
A α
n x−0
0 x x

y−n
m=
x
m.x = y – n
m.x + n = y
y mx + n é a equação reduzida de r (1)
=

onde:
m = coeficiente angular da reta
n = coeficiente linear da reta
OBS: Na equação geral ax + by + c = 0

ax c
Temos : y =
− − (2)
b b

Então comparando (1) e (2) vem :


a c
m= − e n= −
b b
Equação da Reta dados Coeficiente Angular (inclinação) “m” e um Ponto A:

Seja A(xA, yA) um ponto pertencente a uma reta r e seja “m” o coeficiente angular de r.
Assim temos:

y
r
y P

yA A

0 xA x x

y − yA
m=
x − xA

y – yA = m (x - xA)

Geometria Analítica (Parte 2) 83


Exemplo 1:

Determine a equeco da reta “r” que passa pelo ponto E(–3,4) e cujo coeficiente angular é –3.

Resolução:

mr = −3 
 (r ) : y − yE = m.( x − xE )
E (−3, 4) ∈ r 

(r) : y – 4 = –3.(x – (–3))


(r) : y – 4 = –3. (x + 3)
(r): y – 4 = – 3x – 3.(3)
(r): y – 4 = – 3x – 9
(r): y – 4 + 3x + 9 = 0
(r) : 3x + y + 5 = 0 Equação Geral da reta (r).

E a Equação Reduzida da reta r:

(r) : y – 4 = – 3x – 9
(r): y = – 3x – 9 + 4
(r) : y = – 3x – 5

AGORA FAÇA VOCÊ

1. Determine a equação geral da reta r que passa pelos pontos M(2,4) e N(0,3).

2. Determine a equação reduzida da reta r que passa por D(4,–2) e cujo coeficiente
angular é 5.

3. Determine a equação reduzida da reta r que passa por C(1,2) e cujo coeficiente
linear –2.

Respostas:

1. r : x – 2y + 6 = 0

2. r : y = 5x – 22

3. r : y = 4x – 2

84 Geometria Analítica (Parte 2)


GEOMETRIA ANALÍTICA (PARTE 3)
POSIÇÕES RELATIVAS DE DUAS RETAS NO PLANO:

Sejam r e s duas retas do plano cartesiano XOY, cujas equações reduzidas são:
(r) : y = mr .x + nr
(s) : y = ms.x + ns .

As posições relativas de r e s no plano podem ser:

1) Retas Coincidentes: r = s

As retas r e s são coincidentes se, e somente se, representam a mesma r , ou seja, elas
têm todos os pontos em comum.
r=s

y
r=s

αr = αs
x

Temos r = s, portanto:

mr = ms e nr = ns

2) Retas paralelas: r // s

As retas r e s são paralelas, se, e só se, somente se, elas não têm nenhum ponto em comum.

r∩s=∅
y r
s αr = αs
nr nr ≠ ns
αr αs
x
ns

r // s ⇒ mr = ms e nr ≠ ns

3) Retas Concorrentes:

Duas retas r e s são concorrentes se, e somente se, elas têm apenas um ponto em
comum, isto é, r ∩ s = P= {(xP, yP)}

y r

s
P
x

Geometria Analítica (Parte 3) 85


Sendo assim as declividades serão necessariamente diferentes, portanto m r ≠ m s .

Entretanto podem ter o mesmo coeficiente linear: nr = ns , isto é, se interceptam no


mesmo ponto pertencente ao eixo OY.

y
r
P

x
s
Exemplo:

(r) : y = 2x+1
(s) : y = - 2x+1
Obs: Caso particular de retas concorrentes, são as retas perpendiculares entre si.

RETAS PERPENDICULARES:

Sendo αs > αr

αs é externo ao triângulo NPQ, portanto é igual à soma dos internos não adjacentes
π
αs = αr +
2
y
r
N

αr αs
P Q x
s

Como tangente do ângulo é a inclinação, então calculamos membro a membro a tangente:

 π
tgα s tg  α r +  ①
=
 2

 π
Como tg  α r + =−cotgα s
 2
Portanto na eq. ① podemos escrever: tg αs = − cotg αr ou ainda :

1
tgα s = −
tgα r

Mas tg αs = ms e tg αr = mr , então:

1 1
ms = − ou mr = − ⇒ mr . ms = − 1
mr ms
Veja alguns exemplos:

Exemplo 1
Sabendo-se que r passa pelo ponto A(–2, 1) e é paralela à reta (s): y = –2x + 1, determine
a equação da reta r.

86 Geometria Analítica (Parte 3)


Resolução:
A(–2, 1) ∈ r
r//s ⇒ mr = ms ⇒ mr = –2

A equação genérica da reta r é: y = mx + n

Se A pertence a reta então satisfaz a sua equação, ou seja, ele pode ser um ponto (x, y)
genérico (qualquer) da reta.
r : y = mx + n
r : yA = mr . xA + nr
Substituindo os dados temos:
r : 1 = – 2 .(– 2) + n
r: 1= 4+n
r: 1 –4= n
r:–3=n
Portanto temos m= – 2
Assim a equação da reta r é y = – 2x – 3

Exemplo 2

Sabendo-se que r passa pelo ponto D(3, –2) e é perpendicular à reta (s): y = 3x – 2, deter-
mine a equação da reta r.

Resolução:
D(3, –2) ∈ r
1 1
r ⊥ s ⇒ mr = − ⇒ mr = −
ms 3
A equação genérica da reta r é: y = mx + n

Se D pertence a reta r então satisfaz a sua equação, ou seja, ele pode ser um ponto (x,y)
genérico (qualquer) da reta.
r : y = mx + n
r : yD = mr . xD + n
1
r: –2 = − . (3) + n
3
r: –2= –1 +n
r: –2+1 = n
r:–1=n
1 1
Temos mr = − e nr = – 1 , assim a equação da reta r é y = − x – 1
3 3
Vamos resolver alguns exercícios com aplicações sobre retas.
1. Uma construtora, para construir o novo prédio numa certa cidade, cobra um valor fixo
para iniciar as obras e mais um valor variável, que aumenta de acordo com o passar
dos meses da obra. O gráfico abaixo descreve o custo da obra, em milhões de reais,
em função do número de meses utilizados para a construção da obra.

Geometria Analítica (Parte 3) 87


y (milhões de reais)

B
19

13 A

24 x (meses)

a. Obtenha a lei para que determina o gráfico, ou seja, a equação da reta.

Resolução:
O gráfico é de uma reta. Na representação gráfica temos dois pontos específicos:
B(24,19) e A(0,13).
A ordenada de A é o coeficiente linear da reta (r) que passa por A e B: n= 13

A equação genérica da reta r é: y = mx + n

B(24,19) ∈ r 
 Substituindo na equação genérica reduzida da reta (r)
nr = 13 
Temos:
(r): y = mx + n
yB = m.xB + n
19 = m(24) + 13
19 – 13 = 24.m
6 = 24.m
6
=m
24
1
m=
4
Portanto a Lei (equação da reta) que define o Custo da Obra (R$) em função do tempo(-
meses) é: y = mx + n
1
(r): y = + 13
4
b. Determine o valor inicial cobrado pela construtora para a construção do prédio.

Resolução:
O Valor inicial acontece no instante zero, ou seja, x = 0 e como resultado obtemos o
coeficiente linear, y = 13.
Se substituirmos na equação que define a Lei do Custo teremos:
1
y= x + 13
4
1
y = (0) + 13
4
y = 13

Assim o valor inicial cobrado é de 13 milhões de Reais.

c. Qual será o custo total da obra, sabendo que a construção demorou um ano e meio
para ser finalizada?

88 Geometria Analítica (Parte 3)


Resolução:
Se o tempo foi de um ano e meio então são 18 meses (tempo está em meses). Se o valor
de x = 18, então ao ser substituído gera o custo total da obra:
1
y = x + 13
4
1
y = .(18) + 13
4
18
y= + 13
4
y = 4,5 + 13
y = 17,5 milhões.
O Custo total da obra em 18 meses foi de R$ 17,5 milhões.

2. Uma torneira é aberta para encher uma piscina com capacidade para 12.000 litros
quando está vazia. O gráfico abaixo mostra esta situação.

Volume (litros)
700
A
600
500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 tempo (minutos)

a. Determine a Lei que expressa o volume dessa piscina em função do tempo.

Resolução:

Graficamente temos pelo menos dois pontos definidos (0,0) e (10, 600).

Como a reta intercepta o eixo OY no ponto de ordenada y = 0 , temos que n= 0.

Assim:

A equação genérica da reta r é: y = mx + n


(10,600) ∈ r 
nr = 0
 Substituindo na equação genérica reduzida da reta (r)

Temos:
(r): y = mx + n
yA = m.xA + 0
600 = m(10) + 0
600 = 10.m
600
=m
10
m = 60

Geometria Analítica (Parte 3) 89


Assim a Lei que expressa o Volume dessa piscina é:
y = 60.x + 0 , 0 ≤ x ≤ 200
b. Quando tempo, em minutos, levará para a piscina ficar totalmente cheia?
Para a piscina encher terá que ter 12.000 litros, assim se y = 12.000 litros, substituindo
na equação:
y = 60.x + 0
12.000 = 60x
12.000
=x
60
x = 200
Resposta: 200 minutos que transformados representam 3 horas e 20 minutos (200: 60
minutos =3,3333 ... horas).

Obs: Para que não haja desperdício de água, o limite do tempo é 200 minutos.

AGORA FAÇA VOCÊ

1. Dados os pontos A(-2,1), B(4,7), C(3,5) e D(0,4), determine:


a. A equação geral da reta r que passa pelos pontos B e D.
b. A equação reduzida da reta s que passa por A e é paralela à reta “r”.
c. A equação reduzida da reta t que passa por C e é perpendicular à reta “s”.
d. A equação da reta que contém a mediana DM do triângulo ADC.
e. O comprimento da mediana DM do triângulo ADC.

2. “Certa cidade, no mês de janeiro de 2014, o número de usuários da internet chegava


a 9 mil habitantes. Em fevereiro do mesmo ano, esses internautas chegavam a 17 mil
pessoas.

Número de usuários da Internet (mil )

y
17

jan fev meses

Com base nos dados, determine:


a. A Lei (equação) que representa o número de usuários da internet em função do
tempo.
b. Se esse crescimento se manter constante, qual a quantidade de internautas para o
mês de julho desse mesmo ano?
c. Em que mês de 2014, o número de internautas será igual a 97mil pessoas?

90 Geometria Analítica (Parte 3)


Respostas:
1.
a. (r) : 3x – 4y + 16 = 0

3 5 4
b. (s): y = + x + −
4 2 3
5 4
c. (t) : +y = − x +9
2 3
d. 2x + y – 4 = 0

e. 5
u.c.
2
2.
a. y = 8x + 1

b. 57 mil internautas

c. Dezembro de 2014

Geometria Analítica (Parte 3) 91


GEOMETRIA ANALÍTICA (PARTE 4)
Distância de um Ponto A uma Reta r:

Seja dada uma reta cuja equação genérica é (r): ax+ by + c = 0 e A (xA, yA) um ponto
não pertencente a reta r dada.

A
yA δ A, r
r
xA x

A distância do ponto A à reta r é dado pela fórmula que não será demonstrada (translação
de eixos):

ax A + by A + c
δ A, r =
a 2 + b2

Exemplo 1:

Determine a distância do ponto M(2,1) até a reta (r): 2x + 3Y – 1 = 0.

Resolução:
A distância de M até a reta r é:

axM + byM + c
δ M ,r =
a 2 + b2

2 xM + 3 yM − 1
δ M ,r =
(2) 2 + (3) 2

2.(2) + 3.(1) − 1
δ M ,r =
4+9

4 + 3 −1
δ M ,r =
13

6 . 13
δ M ,r =
13. 13

6. 13
δ M ,r = unidades de comprimento
13

Geometria Analítica (Parte 4) 93


AGORA FAÇA VOCÊ

Determine a distância da reta r que passa pelos pontos P(–1,3) e Q(5,-2) até o ponto
M(2,7).
39. 61
Resposta: δ M , r = u.c.
61

ÁREA DE POLÍGONOS

1) Área do Triângulo

Sendo “S∆” a representação da área de um triângulo ABC cujos vértices são A(xA,yA) ;
B(xB, yB) e C(xC , yC ).
Como sabemos pela Geometria plana, a área do ∆ABC é dada por:
b. h
S∆ =
2

Sendo b a base do ∆ABC e h a altura do ∆ABC.

Seja b = BC e h= AH, conforme o desenho a seguir:

B H C

b
Temos:
ax A + by A + c
b = δ CB = ( xB − xC ) 2 + ( yB − yC ) 2 =
e h δ=
A, BC
a 2 + b2

onde a reta que passa por B e C (BC: ax + by + c = 0) é encontrada pelos alinhamentos


dos três pontos: B, C e P(x,y), determinante formado pelas suas coordenadas tem que
ser igual a Zero.
x y
xC yC
D=
xB yB
x y

Desenvolvendo o determinante temos:


D = yC .x + xC .y B + xB . y − xC . y − xB . yC − x. yB

Que após os agrupamentos de termos semelhantes fica:


D = (yC – yB).x + (xB – xC).y + (xC.yB – xB.yC)

( yC − yB ).x A + ( xB − xC ). y A + ( xC . yB − xB . yC )
δ A, BC =
( yC − yB ) 2 + ( xB − xC ) 2

94 Geometria Analítica (Parte 4)


Substituindo na fórmula de área temos:
b. h
S∆ =
2
1 1 1
S ∆ =b =.Sδ∆BC=.δeA.,δBC
S ∆ = .b. h onde =.δ A, BC
hBC
2 2 2
1
S ∆ = .δ BC .δ A, BC
2

1 ( y − yC ).x A + ( xB − xC ). y A + ( xC . yB − xB . yC )
S=
∆ . ( xB − xC ) 2 + ( yB − yC ) 2 . B
2 ( y − y )2 + ( x − x )2
B C C B

1
S ∆ = . ( yB − yC ).x A + ( xB − xC ). y A + ( xC . yB − xB . yC )
2
1
S ∆= . yB .x A − yC .x A + xB . y A − xC . y A + xC . yB − xB . yC
2
Onde representaremos este desenvolvimento modular por “D”

Mas o desenvolvimento de “D” é exatamente o resultado do determinante formado pelas


coordenadas dos pontos A, B e C:

xA yA
xB yB
D=
xC yC
xA yA

D = x A . yB + xB .yC + xC . y A − xC . yB − xB . y A − x A . yC
1
Simplificando transformamos a área do triângulo na fórmula: S ∆ = D
2
Exemplo 1:
Determine a área do triângulo cujos vértices são os pontos M(2,3), N(–1,5) e P(4,–2).

Resolução:
A área do triângulo é dada por:
1
S∆ = D
2
−1 5
1 4 −2
S∆ =
2 2 3
−1 5

1
S∆ = . 2 + 12 + 10 − 20 + 4 + 3
2
1
S=
∆ . +11
2
11
S∆ = .u.a.
2

Geometria Analítica (Parte 4) 95


AGORA FAÇA VOCÊ

Determine a área do triângulo formado pelos pontos médios dos lados do triângulo ABC,
dados os pontos A(-2,3), B(5,4) e C(7, 2), conforme a figura abaixo.

N P

A M C

Resposta: S ∆ = 8 u a

2) Área de um polígono qualquer

Sejam A, B, C, ..., M os vértices consecutivos de um polígono ABC...M, qualquer.

A área do polígono, também poderá ser transformada em vários triângulos que não se
sobrepõem, e assim será o somatório das áreas dos triângulos que o compõem.

Seja, por exemplo, o pentágono da figura abaixo:


A

E S1 S3 B
S2

SP = S1 + S2 + S3 D C

Mas que poderá ser simplificada pela fórmula:

1
SP = D
2

onde D é o determinante formado pelas coordenadas dos vértices consecutivos desse


pentágono, repetindo-se as coordenadas do primeiro ponto que começar:

xA yA
xB yB

D = xC yC
xD yD
xE yE
xA yA

Assim para um polígono qualquer, teremos:


D = xA yB - yA xB + xB yC - yB xC +...+ xM yA - yM xA , ou ainda:

xA yA
xB yB
xC yC
: :
xM yM
xA yA

96 Geometria Analítica (Parte 4)


Exemplo 1:
Determine a área do polígono cujos vértices são: A(4.5), B(-1,1), C(6,2), D(4,0) e E(3,3).

Resolução:
Inicialmente vamos localizar esses pontos no plano para saber os vértices consecutivos
do polígono.
y
5 A
4
3 E
2 C
B 1
D
−1 0 3 4 6 x

Escolhemos um sentido de percurso (horário ou anti-horário) dos pontos consecutivos e


aplicamos a fórmula:
xA yA
xE yE
1 xC yC
SP = ou
2 xD yD
xB yB
xA yA

xA yA
xB yB
1 xD yD
SP =
2 xC yC
xE yE
xA yA

4 5
−1 1
1 4 0
SP =
2 6 2
3 3
4 5
1
SP = 4 + 8 + 18 + 15 + 5 − 4 − 6 − 12
2
1
SP = 28
2
28
SP =
2
S P = 14 u.a.
Portanto a área desse polígono ABDCE (ou AECDB) é igual a 14 unidades de área.

Geometria Analítica (Parte 4) 97


AGORA FAÇA VOCÊ

1. Determine a área do polígono da figura abaixo:

y
9
8
7

0 2 5 5 7 9 x

Resposta: S P = 26,5 u.a.

2. Determine a área do polígono cujos vértices são os pontos A(-2,7), B(1,-6), C(-8,0),
D(5,-3), E(-7,4), F(4,3) e G(-6,-5).

Resposta: S P = 121 u.a.

SAIBA MAIS
Esse material de Geometria Analítica foi preparado com uma abordagem simples do estudo
do Ponto e da Reta no Plano. Espero que o mesmo possa ajudá-lo a resolver muitas aplica-
ções no seu cotidiano.

98 Geometria Analítica (Parte 4)


ÁLGEBRA LINEAR: MATRIZES
Um Pouco de História
Álgebra linear é um ramo da matemática que surgiu do estudo detalhado de sistemas
de equações lineares, que se utiliza de alguns conceitos e estruturas fundamentais da
matemática como vetores, espaços vetoriais, transformações lineares, sistemas de equa-
ções lineares, determinantes e matrizes.

O estudo da álgebra linear, particularmente os relacionados com a solução de siste-


mas de equações lineares, datam da antiguidade, como a eliminação gaussiana, citada
pela primeira vez por volta do século II d.c, no entanto, só começou a tomar sua forma
atual em meados do século XIX. Matrizes e tensores foram introduzidos como objetos
matemáticos abstratos e bem estudados na virada do século XX. O uso de tais objetos
na relatividade geral, estatística e mecânica quântica fez muito para espalhar o assunto
para além da matemática pura.

A Álgebra Linear é muito utilizada pelos matemáticos, engenheiros, biólogos, físicos, progra-
madores de computadores e outros cientistas. Com o desenvolvimento dos computadores
houve um ressurgimento no interesse em matrizes, particularmente no cálculo numérico.

A álgebra abstrata representa uma generalização moderna, introduzida na metade do


século XX. Tensores, como generalização de vetores, surgiram no final do século XIX.
Todas essas ferramentas são amplamente utilizadas na mecânica quântica, relatividade, e
estatística, o que contribuiu para que o estudo da álgebra linear se tornasse generalizado
para estudantes de ciências exatas. Ela é, ainda, uma importante base para o desenvolvi-
mento de tópicos teóricos avançados modernos.

Estudaremos em Álgebra as Matrizes, os Determinantes e os Sistemas Lineares.

Matriz

CONCEITO
A uma tabela de números, dispostos em linhas e colunas, colocados entre colchetes ou parên-
tese, damos o nome de Matriz, e indicaremos por uma letra maiúscula do nosso alfabeto.
 1 2 −1 1 2 −1
 
A = 2 9 4  ou A =  2 9 4 
0 3 5   0 3 5 
 

Os números que a compõem damos o nome de elementos, e cada elemento ocupa na


matriz uma posição indicada pela sua linha e coluna respectivamente, assim representa-
remos cada elemento por aij , onde “i” indicará a posição da sua linha e “j” a posição de
sua coluna.
1 2 −1
 
Na matriz A =  2 9 4  temos, por exemplo, que:
 0 3 5 

• O elemento “9” é representado por a22 , ou seja ele ocupa a posição de interseção
da 2ª linha e da 2ª coluna da matriz.
• O elemento “0” é representado por a31, ou seja ele ocupa a posição de interseção
da 3ª linha e da 1ª coluna da matriz.

Álgebra Linear: Matrizes 99


ORDEM DE UMA MATRIZ
É a quantidade de linhas e colunas que ela possui e indicaremos por: Amxn onde “m” indica
a quantidade de linhas que ela possui e “n” a quantidade de colunas.
 2 −1 3 
A matriz A =   é indicada por A2x3 , ou seja, ela possui 2 linhas e 3 colunas.
0 5 −2 

Se a matriz possui quantidade de linhas igual a quantidade colunas dizemos que a matriz
é quadrada e nesse caso a ordem será indicada apenas por um índice “n”: An.

Se a matriz possui apenas uma linha e qualquer quantidade de colunas, então a denomi-
naremos de Matriz Linha, e se ela possui apenas uma coluna e qualquer quantidade de
linhas, diremos que ela é Matriz Coluna.

Exemplos:
1 2 −1
A matriz A3 =  2 9 4  é Quadrada de ordem 3.
 0 3 5 

A1×3 [1 0 −2] é uma Matriz Linha.


A matriz=

2
0
A matriz A4×1 =   é uma Matriz Coluna.
5
 
 −3

IGUALDADE MATRTIZES
Duas matrizes A e B são iguais quando possuem a mesma ordem e os elementos corres-
pondentes (que ocupam a mesma posição de linha e coluna) são iguais.

Exemplo:
1 x 2  1 3 y 
As matrizes A2×3 =   e B2×3 = 3 0 −1
 3 0 −1  

são iguais se x = 3 e y = 2.

Operações com Matrizes

ADIÇÃO DE MATRIZES
Para a adição de duas matrizes, A e B, a compatibilidade para realizar essa operação é:

1º) A e B têm que possuírem a mesma ordem.

2º) Cada elemento resultante da adição é a soma de dois elementos correspondentes.

Amxn + Bmxn = Cmxn = [ cij = ( aij + bij ) ]

Exemplo:
 2 −1  −2 0 
Sejam as Matrizes A3×2 = 0 4  e B3×2 =  −1 3  , calcule
 
A + B.
 −2 5  1 0 

100 Álgebra Linear: Matrizes


Resolução:
 2 −1  −2 0 
A + B  0 4  +  −1 3 
=
 − 2 5   1 0 

 2 + (−2) −1 + 0 
A + B= 0 + (−1) 4 + 3 
 − 2 + 1 5 + 0 

 0 −1
A + B = −1 7 
 −1 5 

SUBTRAÇÃO DE MATRIZES
Para a subtrair duas matrizes, A e B, temos que ter a seguinte compatibilidade:

1º) A e B têm que possuírem a mesma ordem.

2º) Cada elemento resultante da subtração é a diferença de dois elementos correspondentes.

Amxn – Bmxn = Cmxn = [ cij = ( aij –bij ) ]

Exemplo:
 2 −1  −2 0 
Sejam as Matrizes A3×2 =  0 4  e B3×2 =  −1 3 
  , calcule A – B.
 −2 5  1 0 
Resolução:
 2 −1  −2 0 
A − B  0 4  −  −1 3 
=
 −2 5  1 0 

 2 − (−2) −1 − 0 
A − B= 0 − (−1) 4 − 3 
 −2 − (1) 5 − 0 

 2 + 2 −1 − 0 
A − B =  0 + 1 4 − 3 
 −2 − 1 5 − 0 

 4 −1
 1 1
A− B =
 
 −3 5

Uma maneira mais fácil de resolver a subtração e não errar os sinais dos elementos, é
somar a primeira matriz (A) com a oposta da segunda matriz (B), ou seja, a matriz oposta
de B é trocar na matriz B os sinais de todos os seus elementos.

Álgebra Linear: Matrizes 101


Veja o exemplo:

 2 −1  − 2 0 
A − B  0 4  −  −1 3 
=
 −2 5  1 0 

A − B = A + (− B)

 2 −1  2 −0 
A − B  0 4  +  1 −3 
=
 −2 5  −1 −0 

 2 + (2) − 1 + (−0) 
A − B=  0 + (1) 4 + (−3) 
 −2 + (−1) 5 + (−0) 

 2 + 2 −1 − 0 
A − B =  0 + 1 4 − 3 
 −2 − 1 5 − 0 

 4 −1
 1 1
A− B =
 
 −3 5

AGORA FAÇA VOCÊ

2 1 2  3 1 0   4 −3 5 
Dadas as Matrizes
= A  3 5 −1 , B = 1 −2 −3
  e C=
 2 −2 −3
  , calcule:
1 7 −2  0 5 −1  4 0 −3
1. A + C
2. B – ( A + C)
3. B – C

Respostas:
6 −2 7 
A
= + C 5 3 −4 
1.  
5 7 −5

 −3 3−7 
 4 −5 1 
2. B− ( A + C ) =−

 −5 −2 4 

1 −4 5 
1 0 0 
3. C − B =

 4 −5 −2 

102 Álgebra Linear: Matrizes


MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZ POR UM
NÚMERO REAL NÃO NULO
Seja A uma matriz de ordem “mxn” e seja “α” um número real não nulo. O produto de A
por α é dado por:

 a11 a12 ...... a1n 


a a22 ...... a2 n 
α . Amxn = α .  21
...... ...... ...... ...... 
 
 am1 am 2 ...... amn 

Cada elemento de A é multiplicado por “α”:

 α .a11 α .a12 ...... α .a1n 


α .a α .a22 ...... α .a2 n 
α . Amxn =  21
 ...... ...... ...... ...... 
 
α .am1 α .am 2 ...... α .amn 

Veja o exemplo a seguir:

 2 −3
Dada a matriz A3 x 2 =  1 0  determine:
 −1 2 

1º) 3.A

Resolução:

 2 −3
3. A = 3 x  1 0 
 −1 2 

 6 −9 
3. A =  3 0 
 −3 6 

2º) – 2.A=

 2 −3
−2 x  1 0 
−2. A =
 −1 2 

 −4 6 
−2. A = −2 0 
 
 2 −4 

MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES
A multiplicação de matrizes só é possível se a primeira matriz tiver o número de colunas
igual ao número de linhas da segunda matriz.
Amxn × Bpxq ⇔ n = p e (A×B)mxq

E como encontramos esse produto?

Álgebra Linear: Matrizes 103


Cada elemento (cij) gerado pelo produto de A×B é dado pelo somatório dos produtos
parciais de cada elemento da linha “i”por cada elemento da coluna “j” respectivamente,
a saber:
cij = ai1 b1j + ai2 b2j + (...) + ain bnj

Em outras palavras, cada elemento de “c” é calculado multiplicando-se ordenadamente os


elementos da linha i da matriz A pelos elementos correspondentes da coluna j da matriz
B e, a seguir soma-se os produtos obtidos.
Veja o exemplo a seguir:

Sejam as matrizes:
 2 3
3 1 
A3 x 2 =  1 0  e B2 x3 =   , calcule A×B.
 4 5 2 4
Resolução:
A3 x 2 × B2 x 2 =
( A.B )3 x 2

Vamos multiplicar tomando a 1ª linha e a 1ª coluna:

 2 3
3 1 
AxB = 1 0  x 
 2 4 
 4 5

 2x3 + 3x2 2x1 + 3x4 


AxB =  
 

E fazemos o mesmo procedimento para as demais linhas com cada uma das colunas.

 2 3
3 1 
AxB = 1 0  x 
2 4 
 4 5 

 2x3 + 3x2 2x1 + 3x 4 


AxB =  1x3 + 0x2 1x1 + 0x 4 
 4x3 + 5x2 4x1 + 5x 4 

12 14 
AxB =  3 1 
 22 24 

Vamos a outro exemplo:

Sejam as matrizes:
 2 3
3 1 
A3 x 2 =  1 0  e B2 x3 =   , calcule B×A.
2 4
 4 5

104 Álgebra Linear: Matrizes


Resolução:
B2 x 2 × A3 x 2 =

2≠3
Diferentes (Não é possível multiplicar estas matrizes.)

OBS: Não existe Comutatividade para a Multiplicação de Matrizes (A×B ≠ B×A).

Sejam as matrizes:

 2 3  −2 0 
A=  e B =  1 3  , calcule:
 −1 5   

1º) A×B = ?

2º) B×A = ?

Resolução:

1º) A2 x 2 × B2 x 2 =
( A.B ) 2 x 2

 2 3  −2 0 
AxB 
= × 
 −1 5   1 3 

 2 x(−2) + 3 x1 2 x 0 + 3 x3 
AxB = 
(−1) x(−2) + 5 x1 (−1) x0 + 5 x3

 −4 + 3 0+9 
AxB = 
 2+5 0 + 15

 −1 9 
AxB =  
 7 15

2º) B x A =

 −2 0   2 3
BxA 
= × 
 1 3  −1 5 

(−2) x 2 + 0 x(−1) (−2) x3 + 0 x5


BxA = 
 1x 2 + 3 x(−1) 1x3 + 3 x5 

 −4 + 0 −6 + 0 
BxA =  
 2 − 3 3 + 15

 −4 −6 
BxA =  
 −1 18

Álgebra Linear: Matrizes 105


POTENCIAÇÃO DE MATRIZ
A compatibilidade para que haja a potência de uma matriz só se ela for quadrada, e será
assim definida:

Ank = An x An x A n x ... x An

K fatores iguais a An

E para resolver a potência efetuamos a multiplicação de matrizes, de duas em duas.

Assim, por exemplo:

• A3 = A x A x A
A3 = ( AxA) x A
A3 = A2 x A
• A4 = A2x A2
• A5 = A2 x A2 x A
A5 = A2 x A3
A5 = A4 x A
Vamos efetuar algumas potências.

Exemplo:
2 1 
Dada a matriz A =   , calcule:
3 0 

1º) A2 = A x A
2 1  2 1 
A2 
= × 
3 0  3 0 

2 1  2 1 
A2 
= × 
3 0  3 0 

 2 x 2 + 1x3 2 x1 + 1x0 
A2 = 
3 x 2 + 0 x3 3 x1 + 0 x0 

4 + 3 2 + 0
A2 =  
6 + 0 3 + 0 

7 2 
A2 =  
6 3 

2º) A3 = A x A x A = A2 x A
7 2   2 1 
=A3  × 
 6 3  3 0 

7 x 2 + 2 x3 7 x1 + 2 x0 
A3 =  
6 x 2 + 3 x3 6 x1 + 3 x0 

 20 7 
A3 =  
 21 6 

106 Álgebra Linear: Matrizes


AGORA FAÇA VOCÊ

Dada a matriz A:

2 1 
A= 
3 0 

Calcule:

1º) A4 = ?

2º) A5 = ?

Respostas:

1º )
61 20 
A4 =  
60 21

2º)
182 61
A5 =  
183 60 

MATRIZ INVERSA
Seja A uma matriz quadrada de ordem “n”. Chama-se Matriz Inversa de A., e se indica por
A-1, a matriz que satisfaz a seguinte lei:
An × An-1 = An1 × An = In,
onde In é a matriz Elemento Neutro da Multiplicação de Matrizes denominada matriz
Identidade (diagonal principal possui o elemento “1” e os demais elementos são nulos) de
mesma ordem da matriz A.

Só é possível encontrar a matriz Inversa de uma matriz Quadrada, mas nem toda matriz
Quadrada possui matriz Inversa, e a Inversa é a mesma à esquerda e a direita de A.

Seja A uma matriz quadrada de ordem 2, a saber:


 2 1
A= 
1 2 

Determine, se existir, a Inversa de A (A-1) :

Resolução:

Para determinar a matriz Inversa de A, teremos que criar uma matriz genérica, quadrada
de mesma ordem que A, a saber:
a b 
A−1 =  
c d 

Que satisfaz a condição de existir a esquerda e a direita de A, a saber:


A2 × A2-1 = A2-1 × A2 = I2

Álgebra Linear: Matrizes 107


Inicialmente procuraremos a Inversa a direita de A:
A × A-1 = I2
 2 1  a b  1 0 
1 2  × c d  =
 
    0 1

 2a + 1c 2b + 1d  1 0 
1a + 2c =
 1b + 2d  0 1

Pela igualdade de matrizes, temos:


 2a + 1c =
1

1a + 2 c 0
=

 2b + 1d =
0

 1b + 2d =
1

Vamos resolver os sistemas de duas equações com duas variáveis iguais, aplicando o
Método da Adição:
 2a + 1c = 1x(−2)

 1a + 2c = 0
−4a − 2c = −2

1 a + 2 c= 0 +
−3a = −2 x(−1)
3a = 2
2
a=
3

Substituindo o valor de “a”, numa das equações, determinamos o valor de “c”:


2a + c = 1
c = 1 − 2a
2
c = 1 − 2.( )
3
4
c= 1 −
3
3−4
c=
3
1
c= −
3

E agora tomando o outro par de equações, determinaremos os valores de “b” e “d”:


2b + 1d =
0

1b + 2d =
1

Usando o método da Adição de equações, teremos:


2b + 1d = 0 x(−2)

1b + 2d = 1

−4b − 2d = 0

1 b + 2 d = 1 +
−3b = 1x(−1)
3b = −1
1
b= −
3

108 Álgebra Linear: Matrizes


Substituindo o valor de “b” em uma das equações determinaremos o valor de “d”:
2b + 1d =0
d = −2b
1
d= −2.(− )
3
2
d=
3

Assim determinamos todas as variáveis que formam a matriz A-1 a direita de A.

 2 1
 − 
 a b  3 3
A−1 =
=   
c d   − 1 2
 3 3 

Portanto existe a matriz Inversa de A pela direita. Entretanto para que realmente exista ela
tem que existir também a esquerda e tem que ser a mesma (única). Assim, teremos que
também atender a relação à esquerda, e resolvê-la:

A-1 x A = I2

 a b   2 1 1 0   2a + 1b 1a + 2b  1 0 
0 1 ⇒  2c + 1d 1c + 2d  = 0 1
c d  × 1 2  =
         

Em vez de resolver novamente o produto e depois os sistemas de equações que se formaram,


vamos simplesmente testar a matriz Inversa de A que foi encontrada a direita de A.

2 1 2 1 
 3 x 2 + (− 3 ) x1 3
x1 + (− ) x 2 
3 1 0 
 =
(− 1 ) x 2 + 2 x1 1 2  0 1
 3 (− ) x1 + x 2 
3 3 3 

 4 1 2 2
 3−3 −
3 3  1 0 
 =
 −2 + 2 1 4 0 1
 3 3 − +  
3 3

1 0  1 0 
0 1 = 0 1
   

Como a igualdade permaneceu verdadeira, então a Inversa à esquerda é a mesma da


Inversa a direita, ou seja,
 2 1
 3 − 
 a b  3
A−1 =
=   
c d   − 1 2
 3 3 

Conclusão a matriz A admite a Inversa, A–1, a esquerda e a direita e é única.

Como são poucas as matrizes invertíveis, então não existe a Divisão de Matrizes.

Álgebra Linear: Matrizes 109


Aplicações com Matrizes
1) Uma confecção vai fabricar 3 tipos de roupas utilizando 3 materiais diferentes. Considere
a tabela abaixo que representa os tipos de roupas e os tipos de materiais utilizados:

Material 1 Material 2 Material 3


Roupa tipo 1 5 0 2
Roupa tipo 2 0 1 3
Roupa tipo 3 4 2 1

a) Quantas unidades de material 3 serão empregados na confecção de uma roupa tipo 2?

Resolução:
Vamos inicialmente transformar a tabela numa matriz:
5 0 2
A =  0 1 3 
 4 2 1 

O número de unidades de material j = 3 na confecção de uma roupa tipo i = 2 é o elemento


a23 da matriz A, ou melhor, é o elemento da segunda linha com a terceira coluna a23 = 3
unidades.

b) Calcule o total de unidades do material 1 que será empregado para fabricar cinco
roupas do tipo 1, quatro roupas do tipo 2 e duas roupas do tipo 3.

Resolução: Coluna 1 com a

O valor procurado é 5a11 + 4a21 + 2a31 = 5×5 + 4×0 + 2×4 = 25 + 0 + 8 = 33 unidades.

2) Na confecção de três modelos de camisas dos tipos A, B e C são utilizados botões


dos tipos grandes (G) e pequenos (p). O número de botões por modelos é dado na tabela
abaixo:

  Camisa A Camisa B Camisa C


Botões p 3 1 3
Botões G 6 5 5

O número de camisas fabricadas, de cada modelo, nos meses de maio e junho, é dado
pela tabela:

Maio Junho
Camisa A 100 50
Camisa B 50 100
Camisa C 50 50

Nestas condições, obter a tabela que dá o total de botões usados em maio e junho.

SOLUÇÃO: O problema se resume a transformar as tabelas em matrizes e efetuar a multi-


plicação dessas matrizes: Materiais x Períodos
100 50 
3 1 3     500 400 
6 5 5  50 100  =
×  
   50 50  1100 1050 
 

110 Álgebra Linear: Matrizes


Assim geramos uma nova tabela que representa a quantidade de botões pequenos e gran-
des para fabricar os três modelos de camisas nos meses de maio e junho.

  Maio Junho
Botões p 500 400
Botões G 1100 1050

MATRIZES E CRIPTOGRAFIA
A criptografia é o estudo dos princípios e técnicas pelas quais a informação pode ser
transformada da sua forma original para outra ilegível, de forma que possa ser conhecida
apenas por seu destinatário.

Uma forma bastante interessante de ensinar matrizes inversas e multiplicação de matri-


zes é utilizando a criptografia.  Vamos utilizar um método bastante simples que envolve
matrizes inversas. Seja C uma matriz quadrada de ordem 2, e C-1 a matriz inversa de A,
quadrada de ordem 2, denominadas: C matriz chave para o código e C-1 a decodificadora
da mensagem.
3 1  −1  1 −1
C=  e C =  −2 3
 2 1  

Logo podemos verificar que C × C-1 = C-1 × C=In, onde In é a Matriz Identidade.

Vamos utilizar essas duas matrizes como ‘chaves’ para codificar e decodificar a mensa-
gem. O rementente vai usar a matriz C para codificar a mensagem e o destinatário vai
usar a matriz C-1 para decodificar a mensagem.

Para codificar uma mensagem o primeiro passo é convertê-la da forma alfabetica para
uma forma numérica, tomando como base a tabela abaixo:

A B C D E F G H I J
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

K L M N O P Q R S T
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

U V W X Y Z #
21 22 23 24 25 26 0

O espaçamento entre palavras será representado pelo símbolo#.

O remetente e o destinatário devem conhecer essa tabela alfa numérica e também pode
fazê-la usando outras correspondências entre números e letras. Vamos codificar a seguin-
te mensagem: AMOR. Vamos fazer a correspondência entre as letras e os números usan-
do a tabela dada.

A M O R
↓ ↓ ↓ ↓
1 13 15 18
Vamos colocar a sequência de números dispostos em uma matriz “M” formada por duas
linhas e duas colunas (Matriz Mensagem).   
 1 13 
M = 
15 18

Álgebra Linear: Matrizes 111


Para codificar a mensagem M multiplicamos a matriz M pela matriz Código C gerando
uma matriz codificada “D” a saber:
D=MxC
 1 13  3 1
=D  × 
15 18  2 1

Assim:
 1x3 +13 x 2 1x1 + 13 x1 
D= 
15 x3 + 18 x 2 15 x1 + 18 x1

 29 14 
D= 
81 33 

A matriz D recebe o nome de “Matriz Codificada” da Mensagem “M”.

Os elementos da matriz codificada “D” constituem a mensagem codificada:


“29 14 81 33”.
Quando a mensagem codificada “D” chegar ao destinatário, ele usará a matriz C -1 deco-
dificadora para ler a mensagem. Sabendo que: D = M.C (multiplicando membro a membro
pela inversa de C).
D x C-1 = M x C x C-1
D x C-1 = M x ( C x C-1 ) (aplicando a associatividade)
D x C-1 = M x In (propriedade da Simetria)
D x C-1 = M (propriedade do Neutro)

Portanto temos que a relação para decodificar uma mensagem é: D x C-1 = M, ou seja,
“a mensagem M é igual ao produto da mensagem codificada D pela inversa da chave do
código C-1.

Finalmente, temos a matriz M = D x C-1 do remetente que é a mensagem original.

Agora é só converter os números utilizando novamente a tabela alfanumérica.

1 13 15 18
↓ ↓ ↓ ↓
A M O R

Note que na mensagem inicial M convertida na matriz D= M x C e aplicada em D x C-1


gera a mensagem “AMOR”.

Outro exemplo de decodificação de matriz é dado a seguir.

Uma maneira de codificar uma mensagem é por meio de multiplicação de matrizes. Vamos
associar as letras do alfabeto aos números, segundo a correspondência abaixo:

# A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Suponha que a nossa mensagem M seja “BOA # FORMA”. Podemos formar uma matriz
3×3
B O A  2 15 1 
M =  # F O  que a matriz numérica correspondente torna-se M =  0 6 15 .
 R M A  18 13 1 

112 Álgebra Linear: Matrizes


Seja C uma matriz quadrada de ordem 3, que admite inversa, a saber:
 1 2 −1
C =  −1 3 0  denominada matriz Chave do Código.
 0 1 1 

Se multiplicarmos a matriz Mensagem M pela matriz Chave C (M x C), obtemos a matriz


"Mensagem Codificada":

 2 15 1   1 2 −1
=MxC  0 6 15 ×  −1 3 0 
18 13 1   0 1 1 

 −13 50 −1 
MxC=  −6 33 15 
 5 76 −17 

Transmitindo esta mensagem em cadeia de números, obtemos a seguinte sequência:


“– 13 50 –1 –6 33 15 5 76 –17”.
Denominada matriz Codificada “M.C”, e quem a recebe, decodifica-a através da relação:
(M x C) x C-1=M,
e posteriormente transcreve os números para as letras conforme a tabela acima. A matriz
C é chamada matriz Chave para o código e C-1 é a matriz Inversa de C Decodificadora da
mensagem.

Exemplo:
Vamos supor que recebemos a mensagem codificada (MxC):
“231 27 81 329 38 129 199 28 76”,
e a matriz C Chave para o código de decodificação é:
 8 1 3
C =  5 1 2 
10 1 4 

Inicialmente procuramos a matriz Inversa de C, C-1, a saber:


C x C-1 = In.

 8 1 3  a b c  1 0 0 
C =  5 1 2  ×  d e f  = 0 1 0 
10 1 4   g h i  0 0 1 

E pela multiplicação e igualdade de matrizes, encontramos os sistemas:


8.a + 1d + 3 g =1

−5.a + 1d + 2 g = 0
10.a + 1d + 4 g = 0

8.b + 1e + 3h =0

−5.b + 1e + 2h = 1
10.b + 1e + 4h = 0

8.c + 1 f + 3i =0

−5.c + 1 f + 2i = 0
10.c + 1 f + 4i =1

Álgebra Linear: Matrizes 113


Após a resolução desses sistemas encontraremos a matriz Inversa de C, ou seja, C-1:
a b c   2 −1 −1
=C  d=
−1
e f   0 2 −1
  
 g h i   −5 2 3 

A decodificação da mensagem é dada pela relação: M = (M.C) x C -1 e substituindo as


matrizes (M.C) e C -1 na Relação de Decodificação de Mensagens, teremos:

M = (M x C) x C-1

 231 27 81   2 −1 −1
M 329 38 129  ×  0 2 −1
=
199 28 76   −5 2 3 

Encontraremos a mensagem M que foi enviada:


 7 5 15 
M = 13 5 20 
18 9 1 

Agora basta trocar cada um desses números pelas suas respectivas letras conforme
disposição da tabela dada, e assim teremos:

7 5 15 13 5 20 18 9 1
↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓
G E O M E T R I A

Portanto a mensagem recebida foi “ GEOMETRIA”.

AGORA FAÇA VOCÊ

1) Utilizando a tabela de conversão alfa numérica e a matriz Chave para o código (C),
 8 1 3
C =  5 1 2  descubra a mensagem M recebida com a seguinte codificação (M.C):
10 1 4 

“ 313 35 122 68 8 27 131 33 80”


Resposta: A mensagem é “ P A R A B E N S # ”

Uma indústria fabrica bicicletas tipo A, B, C e D. A tabela I representa uma estimativa


do número de bicicletas de cada modelo que serão vendidas nos meses de Maio, Junho,
Julho e Agosto; a tabela II representa o número de parafusos, porcas e arruelas que são
utilizados em cada modelo de bicicleta.

Tabela I: modelo x mês


Mês
Maio Junho Julho Agosto
Modelo
A 1.000 1.200 1.500 2.100
B 750 800 750 900
C 600 550 650 700
D 400 540 580 620

114 Álgebra Linear: Matrizes


Tabela II: material x modelo
Modelo
A B C D
Material
Parafusos 8 12 18 25
Porcas 15 16 20 30
Arruelas 20 25 28 38

a) Por meio de um produto matricial, determine uma matriz que represente o número de
parafusos, porcas e arruelas que terão de ser comprados em cada mês.

b) Escreva uma tabela que represente a quantidade de Material X Períodos, e criar uma
nova coluna de quantidade total X período.

Respostas:
37.800 129.000 47.200 55.700 
a) 51.000 220.000 64.900 78.500 
70.750 295.920 88.990 107.660 

b)
Período Total Geral
Maio Junho Julho Agosto
Material Material X Período

Parafusos 37.800 129.000 47.200 55.700 269.700


Porcas 51.000 220.000 64.900 78.500 414.400
Arruelas 70.750 295.920 88.990 107.660 563.320

Álgebra Linear: Matrizes 115


ÁLGEBRA LINEAR: DETERMINANTES
Determinantes
Seja A uma matriz quadrada de ordem “n”. Denomina-se determinante da matriz A, e se
indica por “det A”, o número real K que é associado a matriz por meio de regras pré-es-
tabelecidas, a saber:

1º) Se A é uma matriz quadrada de ordem n=1, A=[a11], o determinante de A será o
próprio número “a11”.
det A = | a11 |
det A = a11
Exemplo:

Se A=[–2] , então calcule det A.

det A=|–2| ⇒ det A= –2

2º) Seja A é uma matriz quadrada de ordem n=2,


a a 
A =  11 12 
 a21 a22 

O determinante de A é a diferença dos produtos parciais dos elementos que estão na


Diagonal Principal (Termos Aditivos) pelo produto dos elementos que estão na Diagonal
Secundária (Termos Subtrativos).
a a 
detA = det  11 12 
 a21 a22 

a11 a12
detA =
a21 a22

a11 a12
detA =
a21 a22
Substrativos Aditivos

det A = a11 . a22 – a12 . a21


Exemplo:
 2 −1
Se A =   , calcule
 detA.
 3 5 

2 −1
det A =
3 5
det A= 2×5 – 3×(– 1)
det A = 10 + 3
det A = 13

3º) Se A é uma matriz quadrada de ordem n= 3, ou seja,


 a11 a12 a13 

 
A =  a21 a22 a23 
 
a a33 
 31 a32

Álgebra Linear: Determinantes 117


Para calcular o determinante de A, aplicaremos a Regra de SARRUS, que nesse caso
será a repetição das duas primeiras colunas ordenadamente após a terceira coluna, e aí
teremos os Termos Aditivos (Principal e Paralelas a ela contendo 3 elementos cada) e tere-
mos os Termos Subtrativos (Diagonal Secundária e Paralelas a ela contendo 3 elementos
cada), a saber:
a11 a12 a13 a11 a12
det A = a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32
Termos Substrativos Termos Aditivos

O det A é o somatório dos produtos parciais dos termos aditivos e dos termos subtrativos.
det A=[(a11 ×a22 ×a33 )+(a12 ×a23 ×a31 )+(a13 ×a21 ×a32 )]–[(a13 ×a22 ×a31 )–(a11 ×a23 ×a32 ) –(a12 ×a21 ×a33 )]

OBS: Termos Aditivos: Conservam-se os sinais dos produtos parciais.


Termos Subtrativos: Trocam-se os sinais dos produtos parciais.
Em vez de repetir as duas primeiras colunas podemos repetir as duas primeiras
linhas e o procedimento é o mesmo (SARRUS).

Veja o exemplo:

Dada a matriz A, quadrada de ordem 3, a saber:

2 1 −1
A 3 −2 4
=
5 0 3

Calcule det A.

Resolução:
2 1 −1 2 1
det A =
3 −2 4 3 −2
5 0 3 5 0
–10 0 –9 –12 20 0

det A = – 10 – 0 – 9 – 12+ 20+ 0 ⇒ det A = – 11


Outro exemplo:
Calcule:
−1 3 −2
detA = 0 2 7
5 2 4

−1 3 −2 −1 3
detA = 0 2 7 0 2
5 2 4 5 2
+20 +14 0 –8 105 0

detA=20+14–8+105 ⇒ detA=131
Detalhe: No caso de determinante de uma matriz com ordem n ≥ 4, usaremos o
Abaixamento de Ordem, pelo Método de CHIÒ, mas existem outras técnicas de resolução.

4º) Se A é uma matriz quadrada de ordem n ≥ 4, nesse caso para o cálculo do determi-
nante de A usaremos a Regra de Chiò (Abaixamento de Ordem), com os seguintes
procedimentos:

118 Álgebra Linear: Determinantes


1º) Inicialmente o elemento da posição “a11” tem que ser igual a unidade (a11 = 1);

2º) Suprimir a 1ª linha e a 1ª coluna, e a parte tomamos o produto desses elementos


cortados:

a11 a12 a13 a1n


a21 a22 a23 a2 n
detAn = a31 a32 a33 a3n
a( n −1)1 a( n −1)2 a( n −1)3 a( n −1)( n −1)
an1 an 2 an3 ann
Elementos que sobraram

A parte, realizamos com os elementos que foram suprimidos, os produtos dos elementos
que estão na 1a linha pelos elementos que estão na 1a coluna.

x a12 a13 ... a1n


a21 a21.a12 a21.a13 ... a21.a1n
a31 a31.a12 a31.a13 ... a31a1n
.
.
.
an1 an1.a12 an1.a13 ... a1n.a1n

3º) Os elementos que restaram (aqueles que não foram cortados), subtraímos o produto
do “pé da perpendicular” traçado de cada elemento, ou seja, o resultado dos produ-
tos encontrados dos elementos que foram suprimidos da 1ª linha e da 1ª coluna (os
cortados).
a22 − a21.a12 a23 − a21.a13 ... a2 n − a21.a1n
a32 − a31.a12 a33 − a31.a13 ... a3n − a31.a1n
detAn =

an 2 − an1.a12 an3 − an1.a13 ... ann − a1n .a1n

4º) O determinante a ser calculado é de uma matriz de uma ordem inferior, ou seja, de
ordem (n-1).

Se A é de ordem 4, cai para ordem 3, aí basta aplicar a Regra de SARRUS.

Se A é de ordem 5, cai para ordem 4, e aplicamos novamente a Regra de CHIÒ, para cair
para ordem 3, e aplicar a Regra de SARRUS.
E assim sucessivamente.
Vejamos um exemplo de uma matriz de ordem 4, com a11= 1.
 1 −1 2 0 

 
2 3 1 −1
Seja A4 =  
1 0 4 3 
 
 0 1 3 5 

A parte, realizamos os produtos dos elementos que formam os “pés de perpendiculares”


traçados de cada elemento (linha 1 x coluna 1):

Produtos dos elementos que formam os Pés de Perpendiculares

x –1 2 0
2 –2 4 0
1 –1 2 0
0 0 0 0

Álgebra Linear: Determinantes 119


E agora com os elementos restantes subtraímos, de cada elemento, o seu respectivo “pé
de perpendicular”, a saber:

3 − (−2) 1 − 4 −1 − 0
detA = 0 − (−1) 4 − 2 3 − 0
1− 0 3−0 5−0

E o determinante gerado é de uma matriz de ordem 3, por isso aplicamos a Regra de


SARRUS:
5 −3 −1
detA = 1 2 3
1 3 5

Repetindo as duas primeiras colunas após a 3ª coluna, obtemos:

5 −3 −1 5 −3
detA = 1 2 3 1 2
1 3 5 1 3
+2 –45 +15 50 –9 –3

det A = 2 – 45 + 15 + 50 – 9 – 3
det A = 10

AGORA FAÇA VOCÊ


 1 3 2 5 

 
 2 3 1 1
Seja A =  
 1 0 3 3 
 
 −1 4 3 −1

Calcule det A.

Resposta: det A = 162


 1 3 2 7 

 
 3 −4 −1 2
Seja A =  

 −2 5 4 0
 
 2 0 3 −1

Calcule det A.

Resposta: det A = 108

Calcule:
1 3 2 7
−2 5 4 0
detA =
11 3 1 5
3 −4 −1 2

Resposta: det A = 891

Mas se na Matriz dada o elemento a11 ≠ 1, como faremos?

Veremos a seguir duas propriedades de Determinantes:

1ª) Se em um determinante trocarmos a posição (casada) de duas filas (linhas ou colu-
nas), o determinante muda de sinal.

2ª) Num determinante podemos colocar um número de uma determinada fila em evidên-
cia, e esse número ficará multiplicando o resultado do determinante gerado.

120 Álgebra Linear: Determinantes


O objetivo de aplicar essas propriedades, ou pelo menos uma delas, se dará quando o
elemento a11 for diferente da unidade e assim ele poderá se tornar igual a unidade (a11 =1),
veja os exemplos a seguir.
Calcule:
2 4 0 −6
−2 5 4 0
detA =
1 3 1 5
3 −4 −1 2

A 1ª linha é toda divisível por 2, por isso vamos colocar o número “2” em evidência, as
demais filas permanecem do mesmo jeito.
1 2 0 −3
−2 5 4 0
detA = 2 x
1 3 1 5
3 −4 −1 2

Assim o número 1 aparece na posição a11, podendo assim aplicar a Regra de CHIÒ.
Achando os “pés de perpendiculares” (produto dos elementos da 1a linha pela 1a coluna):

x 2 0 –3
–2 –4 0 6
1 2 0 –3
3 6 0 –9

E tomando os elementos restantes e subtraindo esses pés de perpendiculares:


5+4 4−0 0−6
detA =3 − 2 1 − 0 5+3
−4 − 6 −1 − 0 2+9

9 4 −6
detA = 1 1 8
−10 −1 11

E aplicando a Regra de SARRUS (ordem 3), temos:

det A = 99 + 6 – 320 – 60 + 72 – 44
det A = – 247
Outro exemplo: Calcule:

5 2 0 −3
−2 5 3 0
detA =
7 3 1 5
3 −4 −1 2

Notamos que nenhuma fila possui um fator comum, portanto vamos aplicar a outra
propriedade de mudança de posição de filas. Mas percebemos que dentro do determinan-
te temos um elemento igual a unidade (a33 = 1), vamos trocar a 1ª linha com a 3ª linha
de lugar, mas poderia ser a 1ª coluna com a 3ª coluna, lembrando que o determinante
muda de sinal.

5 2 0 −3 7 3 1 5
−2 5 3 0 −2 5 3 0
detA = ⇒ detA = –
7 3 1 5 5 2 0 −3
3 −4 −1 2 3 −4 −1 2

Álgebra Linear: Determinantes 121


Mas o número “1” ainda não chegou na posição desejada ( a110-, então aplicamos nova-
mente a mesma propriedade de mudança de filas, agora é a 1ª com a 3ª coluna, e nova-
mente muda o sinal do determinante.

7 3 1 5
−2 5 3 0
detA = –
5 2 0 −3
3 −4 −1 2

1 3 7 5
3 5 −2 0
detA = +
0 2 5 −3
−1 −4 3 2

Agora você já sabe fazer, ou seja, aplique a Regra de CHIÒ:

5 − 9 −2 − 21 0 − 15
detA= 2 − 0 5 − 0 −3 − 0
−4 + 3 3+ 7 2+5

−4 −23 −15
=detA 2 5 −3
−1 10 7

E aplicando a Regra de Sarrus, teremos:

det A = – 140 – 300 – 69 – 75 – 120 + 322


det A = – 382

SAIBA MAIS
Se você mudar no determinante apenas uma vez a posição de duas filas, ele terá o sinal nega-
tivo na frente do determinante, mas se você mudar duas vezes, uma de cada vez, ao final ele
ficará com o sinal positivo na frente do determinante.

AGORA FAÇA VOCÊ

Calcule:
−4 2 0 3
2 5 3 0
1) detA =
7 3 1 5
1 3 1 2

5 7 0 3
2 5 3 0
2) detA =
0 3 4 −9
1 3 1 6

Respostas:

1) det A = – 54

2) det A = – 102

122 Álgebra Linear: Determinantes


ÁLGEBRA LINEAR:
SISTEMAS LINEARES
Introdução
Para a resolução de sistemas de equações lineares com coeficientes constantes, necessi-
taremos dos conceitos de Matriz e de Determinante. Em 1772 Laplace discutiu a solução
de sistemas lineares associados ao estudo de órbitas planetárias e apresentou seu méto-
do de cálculo usando cofatores e “matrizes menores”. Cramer apresentou sua fórmula em
1750, a que hoje chamamos de Regra de Cramer.

Apesar da existência de manuscritos chineses muito antigos mostrando a solução de siste-


mas de três equações em três incógnitas por “eliminação”, o método de Gauss só foi apre-
sentado em 1800. Este método foi usado inicialmente apenas em aplicações e sua impor-
tância teórica foi ignorada. A introdução definitiva do método de Gauss na matemática se
deu com a contribuição de Wilhelm Jordan que aplicou o método de Gauss na solução de
problemas associados à medição e representação da superfície terrestre, a geodesia.

A solução de um sistema de 3 ou mais equações pelo método de Cramer, usa determi-


nantes, mas é muito trabalhoso, por isso o nosso estudo de restringirá ao Método de
eliminação de Gauss, ou seja, escalonamento de equações.

Definições

EQUAÇÃO LINEAR
O que é uma equação linear?

Equação linear é, necessariamente, uma equação polinomial. A equação dada a seguir é


a representação da Equação Linear.
a1 x1+a2 x2+a3 x3+...+an xn=b

onde :
 a1, a2, ..., an são os coeficientes das variáveis

 x1, x2, ..., xn são as variáveis ou incógnitas
 b é a constante ou o termo independente

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES


Sistema de Equações Lineares é um conjunto contendo equações lineares cuja solução
tem que atender a todas ao mesmo tempo. O sistema linear também pode ser conceituado
como um sistema de equações do primeiro grau, ou seja, um sistema no qual as equações
possuem apenas polinômios em que cada parcela tem apenas uma incógnita. Em outras
palavras, num sistema linear, não há potência diferente de um ou zero, e também não
pode haver multiplicação ou divisão entre incógnitas.

O sistema de equações tem que ser:


• Completo, isto é, quando a equação não apresentar uma determinada variável,
completamos com o coeficiente nulo para ela.

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 123


• Ordenado, isto é, cada equação deverá ter variável debaixo da mesma variável.
Seja (S) o sistema de “m” equações lineares a “n” variáveis reais, representado generica-
mente por:

 aa11 xx1 ++ aa12 xx2 ++ aa13 xx3 ++ ...+


...+
a1n xn = b1
a2n xn = b2

(S )= 
21 1 22 2 23 3
...
...
 a x + a x + a x + ...+ a x = b
 m1 1 m2 2 m3 3 mn n m

Observe que os coeficientes aij foram apresentados com dois índices: o primeiro (i)
representa a posição da equação no sistema; e o segundo (j) representa a variável que
ele acompanha.

SAIBA MAIS
Uma equação Linear não apresenta termos em que existam grau ”n” sobre a incógnita, como
x2, y3, e outros; ou termo em que haja produto ou quociente entre as variáveis, como x.y, y
, e outros; Cada termo só apresenta uma variável e no grau 1 (expoente). x

Exemplos de Equações Lineares:

2x + y – 3z = 5
x + y – 3z + t = – 1

CLASSIFICAÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR


A classificação de um sistema linear depende da resolução que ele apresenta, a saber:

SISTEMA LINEAR

COMPATÍVEL ou POSSÍVEL IMCOMPATÍVEL ou IMPOSSÍVEL


Quando admite solução Quando admite solução

DETERMINADO INDETERMINADO
Admite Uma Admite Infinitas
Única Solução Soluções

SISTEMAS LINEARES EQUIVALENTES


Sejam S1 e S2 dois sistemas de equações lineares de mesmas variáveis x1, x2, x3, ... , xn.
Dizemos que os sistemas S1 e S2 são equivalentes quando possuem as mesmas soluções,
e indicaremos por: (S1 ) ~ (S2 ).

Para transformarmos esses sistemas em equivalentes (S1 ~ S2 ), deveremos aplicar algu-


mas regras elementares, a saber:
1. Trocamos posição de duas equações quaisquer;
2. Multiplicamos todos os termos de uma equação por um número k, k ≠ 0.
3. Somamos, membro a membro, a uma equação uma outra, está previamente multi-
plicada por um número.

124 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


RESOLUÇÃO DE SISTEMA DE DUAS EQUAÇÕES
LINEARES A DUAS INCÓGNITAS
Um sistema de duas equações a duas variáveis x e y será representado por:
a11.x + a12 . y =b1

a
 21. x + a22 . y b2
=

Para resolvê-lo teremos que achar a solução que satisfaz as duas equações ao mesmo
tempo, ou seja, o par ordenado de números reais x e y, será dado por {(x, y)}, e a resolu-
ção será feita pelo Método da Adição.

Esse método consiste em somar as equações do sistema, para obter outra equação com
uma única incógnita (sistemas equivalentes). Para que isso aconteça, será necessário que
multipliquemos uma ou mais vezes as equações (ou apenas uma equação), pelo número que
nos interessa, de modo que uma incógnita tenha coeficientes opostos nas duas equações.

Ao aplicarmos essa equivalência que consiste em somar as duas equações de modo que
uma das variáveis se anule, e consequentemente achamos o resultado da outra, e depois
por uma mera substituição encontramos o valor da outra variável. Veja o exemplo a seguir.

Determinar os valores de x e y que satisfazem o sistema a seguir:


2 x + 3 y =5
S1 = 
 x − 5 y =−4

Se multiplicarmos a 1ª equação (membro a membro) por 5, obteremos um outro sistema


S2, mas equivalente ao primeiro: S1 ~ S2
2 x + 3 y =5 ( x5 ) 10 x + 15 y = 25
S1 =  ⇒ S2 = 
 x − 5 y =
−4  x − 5 y =− 4

E se agora multiplicarmos a 2ª equação (membro a membro) por 3, teremos um outro


sistema S3 equivalente ao sistema S2: S1 ~S2 ~S3
10 x + 15 y =25 10 x + 15 y =25
S2 =  ⇒ S3 = 
−4 ( x3)
 x − 5 y = 3 x − 15 y =−12

E se somarmos nesse novo sistema S3 , membro a membro, a 1ª equação à 2ª equação,


obteremos o resultado da variável x :
10 x + 15 y = 25

3 x − 15 y = −12 +
13 x = 13
x =1

Agora voltamos e substituímos o valor encontrado de x em uma das equações, não faz
diferença qual delas porque a solução tem que atender todas as equações do sistema.

Vamos substituir o valor de x = 1 na 1ª equação dada em S1:


2.x + 3. y = 5
2.(1) + 3. y = 5
2 + 3. y = 5
3. y= 5 − 2
3. y = 3
y =1

Esse sistema é Possível determinado.

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 125


Assim resolvemos esse sistema utilizando equivalência de sistemas, e essa prática se
denomina “Método da Adição”.

Portanto a solução dos sistemas S1 , S2 ou S3 é a mesma, pois são equivalentes.

Indicamos a solução do conjunto verdade V como um par ordenado de números reais


(x, y) a saber:
V = {( 1, 1 )}
Outro exemplo:

Resolver o sistema a seguir:


2 x + 3 y = 7
S =
3 x + y = 0

Vamos aplicar as transformações convenientes:


2 x + 3 y =7
~S =
3 x + y = 0 x(−3)

2 x + 3 y = 7
~S =
 −9 x − 3 y = 0

2 x + 3 y = 7
~S =
 −9 x − 3 y = 0
− 7x = 7
7 x = −7
x = −1

Substituindo numa das equações, obtemos:


3x + y =0
3.(−1) + y =0
−3 + y =0
y= 0 + 3
y=3

O Sistema é Possível Determinado, e assim teremos o conjunto solução V:


V={(–1,3)}
Mais um exemplo:

Resolver o seguinte sistema


2 x − y = 2

4 x − 2 y =5

2 x =
−y 2 x(−2)

4 x − 2 y =
5

−4 x + 2 y =−4

 4x − 2 y = 5 +
0 =1 (absurdo!!)

Portanto esse sistema não tem um par de números reais que satisfaça simultaneamen-
te as duas equações, dizemos que é Impossível, e representaremos a resposta por um
conjunto vazio (∅).
V = { } ou V = ∅

126 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Mais esse exemplo:

Resolver o seguinte sistema:


3 x − y = 3

6 x − 2 y = 6

 3x − y = 3 x(2)

6 x − 2 y =6

 6x − 2 y =
6 As duas equações são iguais

6 x − 2 y =
6 Na verdade é apenas uma equação.

{ 6x − 2 y =
6

A equação apresenta infinitas soluções, portanto vamos representar as soluções gene-


ricamente, substituindo uma das incógnitas por outra letra, por exemplo, y = α, onde α
representa um número real qualquer, e em função dele determinamos o valor da outra
incógnita (x), assim, teremos:

Seja y = α, substituindo na equação:


6x – 2.(α) = 6
6x = 6 + 2α ( ÷ 2 )
3x = 3 + α ( ÷ 3 )
x=1+ α
3

O sistema dado é Possível Indeterminado, porque apresenta infinitas soluções. Para cada
valor de α, teremos uma resposta diferente, então apresentaremos a solução em função
da uma nova variável (α), ou seja, por um par de infinitas soluções reais:
 α  
V 1 + ,α  ,α ∈ ℜ 
=
 3  

SAIBA MAIS
Existem outros métodos de resolução para sistema de duas equações a duas variáveis, são eles:
• Método da substituição: consiste em isolar uma incógnita em qualquer uma das equa-
ções, obtendo igualdade com um polinômio. Então deve-se substituir essa mesma
incógnita em outra das equações pelo polinômio ao qual ela foi igualada.
• Método da comparação: consiste em compararmos as duas equações do sistema,
após termos isolado a mesma variável (x ou y) nas duas equações. e as equações
ficam mais detalhadas.

Escolhemos abordar o método da Adição por achar que é o mais simples.

AGORA FAÇA VOCÊ

Resolver os seguintes sistemas de equações:

−3 x + 4 y = 4
1) S = 
5 x − 2 y =−16

4 x + 5 y =0
2) S = 
 7 x + 3 y 0
=

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 127


4 x + 5 y =
−1
3) S = 
4 x + 5 y =
3

x + 5 y = −1
4) S = 
 2 x + 10 y = −2

Respostas:
1) V = {(–4, –2)}

2) V = {(0, 0)}

3) V = ∅ (não tezm nenhuma solução que satisfaça as duas equações ao mesmo tempo)

4) V = {(–1 –5α, α) α∈ℜ } (α é um número real qualquer).

APLICAÇÕES COM SISTEMAS DE EQUAÇÕES


LINEARES A DUAS VARIÁVEIS
No nosso cotidiano encontramos vários usos dos sistemas lineares, como por exemplo,
na física, na economia, na engenharia, na biologia, na geografia, na navegação, na avia-
ção, na cartografia, na demografia, na astronomia, e outros.

Hoje, para resolver algoritmos computacionais, é muito importante a parte da álgebra


linear aplicada, pois tais métodos têm uma grande importância para tornar mais eficientes
e rápidas as soluções dos sistemas.

Vamos resolver alguns problemas do cotidiano em que apareçam duas incógnitas.

Exemplo:

Num estacionamento, há 14 veículos, entre carros e motos. Sabe-se que o número


total de rodas, sem contar os estepes, é 48. Quantos carros e quantas motos há nesse
estacionamento?

Resolução:

Temos:

Número de motos que há nesse estacionamento: x

Número de Carros que há nesse estacionamento: y

Total de veículos que há nesse estacionamento: 14

Total de rodas dos veículos que estão no estacionamento: 48

Tipo de Veículo Número de rodas Quantidade de Veículos


Moto 02 x
Carro 04 y

Esse problema consiste em determinarmos a quantidade de motos (x) e a quantidade de


carros (y) que estão no estacionamento. No entanto sabemos que cada moto possui 2
rodas e que cada carro possui 4 rodas, assim temos:

1 moto: 2 rodas
2 motos: 2 x 2 rodas = 4 rodas
3 motos: 3 x 2 rodas = 6 rodas
E assim sucessivamente.

128 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Portanto x motos: x. 2 rodas ou seja 2x rodas
E também temos que:
1 carro: 4 rodas
2 carros: 2 x 4 rodas = 8 rodas
3 carros: 3 x 4 rodas = 12 rodas
E assim sucessivamente.

Portanto y carros: y. 4 rodas, ou seja, 4y rodas.

Como temos 14 veículos distribuídos entre x motos e y carros, então x+y=14 e também
sabemos que os mesmos somam 48 rodas distribuídos entre as x motos cada uma com
duas rodas e entre os y carros cada um com 4 rodas, portanto temos: 2x+4y=48.

Então temos um sistema de duas equações com duas incógnitas, a saber:


x + y = 14
S =
2 x + 4 y = 48

Para resolvê-lo vamos usar o Método da Adição e Equivalências de sistemas:


 x=+ y 14 x(−2)
S =
 2 x + 4 y 48
=

−2 x − 2 y = −28
S =
 2 x + 4 y = 48 +
2 y = 20 : (2)
y = 10

y = 10 carros
Substituindo numa das equações, encontraremos o valor de x a saber:

x + y = 14
x + 10 = 14
x = 14 – 10
x=4
x = 4 motos
Resposta: Nesse estacionamento tem 4 motos e 10 carros.

Outro exemplo:

Como se sabe, uma partida de voleibol não pode terminar empatada. Em qualquer torneio
de vôlei, no regulamento se marca 2 pontos por vitória e 1 ponto por derrota. Ao disputar
um torneio de vôlei, uma equipe realizou 9 partidas e acumulou 15 pontos. Quantas parti-
das a equipe venceu e quantas ela perdeu nesse torneio?

Resolução:

Partidas com Vitórias 9 partidas x 15 pontos


Partidas com Derrotas no total y no total

Quantidade de partidas são 9 distribuídas entre x vitórias e y derrotas

Quantidade de pontos são 15 distribuídos entre cada vitória, ganha 2 pontos e cada derro-
ta, perde 1 ponto, e esse total distribuídos entre x vitórias e y derrotas.

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 129


Assim o sistema se transforma em:
x + y = 9

2 x − 1y = 15

Resolvendo pelo Método da ADIÇÃO, temos:


 x=
+y 9 x(−2)

2 x − 1y =
15

−2 x − 2 y = −18
2 x − 1 y= 15 +

− 3y = −3.(−1)
3 y = 3 : (3)
y =1

E substituindo em uma das equações do sistema, temos:


x+y=9
x+1=9
x=8
Portanto são 8 vitórias e 1 derrota nesse torneio.

AGORA FAÇA VOCÊ

 uas pessoas têm, juntas, 70 anos. Subtraindo 10 anos da idade da mais velha e
1) D
acrescentando os mesmos 10 anos à idade da mais jovem, as idades ficam iguais.
Qual a idade de cada uma dessas pessoas?

Resposta: A mais velha tem 45 anos e a mais jovem tem 25 anos.

2) Para embalar 1.650 livros, uma editora utilizou 27 caixas, umas com capacidade para
50 livros, e outras, para 70 livros. Quantas caixas de cada tipo a editora utilizou?
Resposta: A Editora utiliza de 12 caixas que contém 50 livros cada e 15 caixas que
contém 70 livros cada.

SISTEMA DE 3 EQUAÇÕES COM 3 INCÓGNITAS:


SISTEMA CRAMER
Para um sistema de 3 equações com 3 incógnitas, vamos usar a Regra de Cramer, e o que
vem a ser o Sistema de Cramer?

Vamos definir o sistema de Cramer.

Seja (S) um sistema linear de n equações a n incógnitas (nº de equações = nº de incógnitas):

 aa11 xx1 ++ aa12 xx2 ++ aa13 xx3 ++ ...+


...+
a1n xn = b1
a2n xn = b2

(S )= 
21 1 22 2 23 3
...
••• ...
 a x + a x + a x + ...+ a x = b
 n1 1 n2 2 n3 3 nn n n

Se em (S) a matriz incompleta A (formada apenas pelos coeficientes das variáveis) for
diferente de zero, ou seja, det A ≠ 0, diz-se que (S) é um Sistema de Cramer. Portanto
para que seja um Sistema de Cramer é necessário que o número de equações seja igual
ao número de incógnitas e que seja um sistema Possível Determinado.

130 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Para determinar o valor de cada incógnita Xij basta que :
det ( Aij )
X ij = ,
det ( A)

onde det (Aij ) é originado do det A , trocando-se neste a coluna dos coeficientes de xi j
pelos termos independentes (constantes) das equações do sistema na ordem respectiva
das equações.

Veja um exemplo

Resolver o sistema S por Cramer.


x + 2 y − z = 4

 2 x − y + z = 1
3 x + 5 y − 2 z = 11

Inicialmente vamos verificar se o sistema é de Cramer, e para isso teremos que:

1º) Conferir se o número de equações é igual ao número de incógnitas (V).

2º) Provar que o det (A) ≠ 0 , onde A é a matriz formada apenas pelos coeficientes orde-
nados e completos das incógnitas.
1.x + 2. y − 1.z =
4

2.x − 1. y + 1.z =
1
3.x + 5. y − 2.z =
11

 1 2 −1 
 
 
=A  2 −1 1 
 
 3 5 −2 
 

Assim o determinante de A é:
1 2 −1
detA
= 2 −1 1
3 5 −2

Resolvendo por SARRUS (repetição das duas primeiras colunas ordenadamente após a
3ª coluna), teremos:

det A = 2 – 10 + 6 – 3 + 8 – 5
det A = – 2 (det A ≠ 0 )
Portanto o Sistema é de Cramer.

Para determinar o valor de cada variável, vamos aplicar a seguinte fórmula:


det ( Aij )
X ij =
det ( A)

Inicialmente vamos encontrar o valor de cada determinante Aij , a saber:

1ª Variável x:

O determinante de Ax é gerado pela matriz A substituindo nela, os coeficientes da variável


x (1a coluna) pelos termos independentes de cada equação, ordenadamente, a saber:

1.x + 2. y − 1.z = 4

 2 . x − 1 . y + 1 . z 1
=
3.x + 5. y − 2.z = 11

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 131


Assim em A, substituiremos a coluna dos coeficiente variável x pelos termos independentes.
 1 2 −1 
 
 
=A  2 −1 1 
 
 3 5 −2 
 

A nova matriz gerada Ax é:


 4 2 −1 
 
 
Ax  1 −1 1 
=
 
 11 5 −2 
 

Calculando o determinante de Ax, teremos:


4 2 −1
detA
= x 1 −1 1
11 5 −2

det Ax = 8 – 5 + 22 – 11 – 20 + 4
det Ax = – 2

O valor da incógnita x é dado por:


det ( Ax )
X=
det ( A)

Que substituindo os respectivos valores:


−2
X=
−2
X =1

2ª Variável y:

O determinante de Ay é gerado pela matriz A substituindo nela, os coeficientes da variável


y pelos termos independentes de cada equação, ordenadamente, a saber:
1.x + 2. y − 1.z = 4

 2 . x − 1 . y + 1 . z 1
=
3.x + 5. y − 2.z = 11

A matriz A é:
 1 2 −1 
 
 
=A  2 −1 1 
 
 3 5 −2 
 

Assim em A, substituiremos a coluna dos coeficientes da variável y pelos termos


independentes:
 1 4 −1 
 
 
Ay =  2 1 1
 
 3 11 −2 
 

O determinante de Ay é:
1 4 −1
detAy = 2 1 1
3 11 −2

detAy = – 2 – 22 + 12 + 3 – 11 + 16
det Ay = – 4

132 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


O valor da variável y é dado por:
det ( Ay )
y=
det ( A)

Que substituindo os respectivos valores:


−4
y=
−2

y=2

3ª Variável z:

Utilizando raciocínio análogo (a coluna dos coeficientes "z" foram substituídos pelos
termos independentes):
1 2 4
detA
= z 2 −1 1
3 5 11

det Az = – 11 + 40 + 6 + 12 – 5 – 44
det Az = – 2

O valor da variável z é dado por:


det ( Az )
z=
det ( A)
−2
z=
−2

z=1
E assim o sistema é determinado, é de Cramer e a solução final é dada pela terna ordenada:
V = {(x, y, z)} ⇒ V = {( 1, 2, 1) }
Outro exemplo

Resolver o seguinte sistema por Cramer, se possível:


1.x + 3. y + 1.z =3

−2.x − 3. y + 5.z = 27
3.x + 1. y − 2.z =1 4

O sistema é formado por 3 equações com 3 incógnitas, é completo e ordenado, portanto


vamos verificar se ele é de Cramer, calculando o determinante da matriz A.

A matriz A é dada por:


 1 −3 1 
 
 
A =−
 2 −3 5 
 
 3 1 −2
 

O determinante de A é igual a:
1 −3 1
detA =−2 −3 5
3 1 −2

det A = 6 – 2 – 45 + 9 + 12 – 5
det A = – 25

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 133


1ª variável: x
3 −3 1
detA
= x 27 −3 5
14 1 −2

det Ax = 18 + 27 – 210 + 42 – 15 – 162

det A = – 300

O valor da Variável x é igual a:

detAx
x=
detA

−300
x=
−25

x = 12

2ª variável: y
1 3 1
detAy = −2 27 5
3 14 −2

det Ay = – 54 – 28 + 45 – 81 – 70 – 12
det Ay = – 200

O valor da variável y é igual a:


detAy
y=
detA

−200
y=
−25

y=8

3ª variável: z
1 −3 3
detAz =−2 −3 27
3 1 14

det Az = – 42 – 6 – 243 + 27 – 27 – 84

det Az = – 375

O valor da variável z é igual a:

detAz
z=
detA

−375
z=
−25

z = 15

A solução do sistema de Cramer é:

V= { ( 12, 8 , 15 ) }

134 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


AGORA FAÇA VOCÊ

1) Resolver por Cramer o seguinte sistema;


2.x − 1. y + 3.z =1

( S ) =−3.x + 2. y + 5.z =6
5.x + 1. y + 3.z =−16

Resposta:
Sistema é Cramer e a solução é V = {( –3, –4, 1 )}

2) Resolver por Cramer, o seguinte Sistema:


1.x − 4. y + 3.z =
5

(S ) =
3.x + 1. y − 5.z =
−16
5.x + 1. y − 3.z =
− 2

Resposta: Sistema é Cramer e a solução é V = {( 2, 3, 5 )}

Mas se o sistema possuir 4 ou mais equações com 4 ou mais variáveis, como faremos?

Embora a regra de Cramer seja importante teoricamente, tem pouco valor prático para
grandes matrizes, uma vez que o cálculo de grandes determinantes é um pouco compli-
cado (trabalhoso).

Assim vamos usar outra técnica de resolução, ou seja, vamos aprender a Escalonar o
Sistema de Equações. Na verdade a partir de três ou mais incógnitas vale a pena aplicar
a técnica do escalonamento (abaixamento de ordem: GAUSS).

SISTEMAS ESCALONADOS
O processo de escalonamento de um sistema linear ocorre por meio de operações elemen-
tares, que são iguais às utilizadas na equivalência de sistemas.
Portanto, para escalonarmos um sistema, deveremos seguir um roteiro com alguns
procedimentos.
1º. As equações podem ser trocadas de posição e ainda assim teremos um sistema
equivalente.
2º. Para facilitar o procedimento, aconselhamos que a primeira equação seja aquela sem
coeficientes nulos e que o coeficiente da primeira incógnita seja, de preferência,
igual a 1 ou –1. Esta escolha facilitará os passos seguintes. Assim essa equação
será mantida até o final.
3º. Podemos multiplicar todos os termos de uma equação pelo mesmo número real dife-
rente de zero. Assim multiplique todos os membros de uma equação por um mesmo
número real, que seja diferente de zero de modo que o coeficiente da 1a variável da
1a equação seja oposto ao coeficiente da mesma variável na 2a equação. E assim
somamos essas equações (1a e 2a) de modo que a 1a variável (x) desapareça e a
novaequação gerada por essa soma seja a 2a equação do novo sistema.
4º. Repita este processo para as demais equações que possuam a mesma incógnita.

5º. E após eliminar a mesma variável em todas as equações, a partir da 2a equação,


faremos o mesmo procedimento mantendo a 2a equação desse novo sistema, e a
partir da 3a equação, eliminamos a sua 1a variável (y) e assim sucessivamente até
que na última equação fique com apenas uma variável ou com o menor número
possível de incógnitas.

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 135


Definição: um sistema (S) de equações lineares está na forma escalonada quando:

1º) em cada equação existe pelo menos um coeficiente não nulo;

2º) o
 número de coeficientes nulos, antes do primeiro coeficiente não nulo, cresce “da
esquerda para a direita, de equação para equação.”

Exemplo de um Sistema escalonado:


2 x + y − 3 z + 4t = 3
 3 y − z − 3t = −2


 2 z + 3t = 7
 5t = −2

Vamos resolver um sistema linear para explicitarmos o escalonamento, passo a passo.

Escalonar e Resolver o seguinte Sistema de Equações Lineares:


2 x + 3 y + 3z =5

x + y + 2z = 10
 y + 2z = 3

Inicialmente vamos ordenar e completar, e depois trocar posição de equações, de modo


que a 1ª variável (x) possua o coeficiente igual a unidade(1). Esta 1ª equação será manti-
da até o final do escalonamento, e será base para as demais equações anularem os coefi-
cientes da variável “x”.

2 x + 3 y + 3z =5
 trocar de posição
 x + y + 2 z =10
 y + 2z = 3

x + y + 2z = 10 Essa equação servirá de base para cancelar



2 x + 3 y + 3z =5 nas demais equações a variável "x"
0 x + y + 2 z =3

Vamos multiplicar todos os membros da 1ª equação por um mesmo número real (– 2) e


vamos somar esta equação obtida à 2ª equação do sistema, de modo que a variável “x”
desapareça na 2ª equação, e assim obteremos uma nova equação que substituirá a 2ª
equação do sistema.

x + y + 2z = 10 x(−2) 
... −2 x − 2 y − 4 z =−20
 
2 x + 3 y + 3z =5  2 x + 3 y + 3z = 5 +
0 x + y + 2 z =3
 0 x + y − z =−15

Assim essa equação substituirá a 2ª equação no sistema.

A 3a equação já tem o
x + y + 2z = 10
 quoeficiente da variável x
0 x + y − z =−15
0 x + y + 2 z = nulo. Portanto é só mantê-la.
 3

O sistema ficará assim:

x + y + 2z = 10

 y − z = −15
 y + 2 z =3

136 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Note que a 1ª equação continuou normal, mesmo após ter sido multiplicada por –2. Esta
multiplicação é feita para obtermos coeficientes opostos (sinais trocados) para que quan-
do a soma seja realizada com a outra equação, o coeficiente se anule e o escalonamento
seja feito. Não existe a necessidade de escrever a primeira equação de maneira diferente,
mesmo se você multiplicá-la.

Como todas as equações, a partir da 2ª, já anularam os termos com a variável “x”, inicia-
remos o processo de redução de incógnitas tomando a 2ª equação como base, e a partir
da 3ª anulamos os coeficientes da variável “y”.

x + y + 2z =10
 Essa equação servirá de base para cancelar
 y − z =−15
 próxima equação, a variável "y"
 y + 2z =3

x + y + 2z =10 −y + z = 15

 y − z =−15 x(−1)  ... y + 2z = 3 +
 y + 2z = 3 
  0 y + 3z =18

Com isso, substituiremos esta equação obtida no lugar da 3ª equação. Note que esta
equação já não possui a incógnita “x” e “y”.
x + y + 2z = 10

 y − z =−15
 3 z = 18

Note que a 1ª e a 2ª equações continuaram normais. As multiplicações realizadas sobre elas


são feitas para obtermos coeficientes opostos (sinais trocados) para que quando a soma
seja realizada com a outra equação, o coeficiente se anule e o escalonamento seja feito.

O sistema já está escalonado, de baixo para cima, encontraremos os valores de cada


incógnita.

x + y + 2z = 10 ⇒ Equação 1

 y − z = −15 ⇒ Equação 2

 3 z = 18 ⇒ Equação 3

Debaixo para cima, teremos:


Equação 3:
3z = 18
z=6
Equação 2, substituindo o valor de z, teremos:

y – z = - 15
y – 6 = - 15
y = - 15 + 6
y=-9
Equação 1, substituindo os valores de z e y, teremos:

x + y + 2z = 10
x + (- 9) + 2.(6) = 10
x – 9 + 12 = 10
x = 10 + 9 – 12
x=7

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 137


Assim o sistema apresenta como solução a seguinte terna ordenada:

V = {( 7, - 9, 6 )}
Vejamos outro exemplo:
Escalonar e resolver o seguinte sistema:
2 x − y + 3 z =−1

3 x + 2 y − 2 z =−1
−4 x − y + z = 3

Se repararmos, nenhuma equação tem a 1ª variável com o coeficiente igual a unidade (1).
Não tem problemas, escolhemos uma para fixar como base, e aplicamos a multiplicação
de termos opostos para as duas equações, de forma que surja uma 2ª equação com a 1ª
variável nula, sendo a nova 2ª equação.

 2 x − y + 3 z =−1x(−3) multiplicamos pelos coeficientes cruzados e um


 deles negativo (termos opostos)
 3 x + 2 y − 2z = −1x(2)
−4 x − y + z = 3

 2 x − y + 3 z =−1 (−3)  −6 x + 3 y − 9 z =3
  ... 6 x + 4 y − 4 z =−2 +
 3 x + 2 y − 2z =−1 (2) 
−4 x − y + z = 3 0 x + 7 y − 13 z =
1

E assim obtemos outro sistema equivalente:


 2 x − y + 3 z =−1 (1a equação mantida até o final)

 7 y − 13 z = 1
−4 x − y + z = 3

Ainda com a 1ª equação como base, vamos cancelar a variável “x” na 3ª equação.
Raciocínio analógo, tomamos a 1ª e a 3ª equação e multiplicamos pelos coeficientes de
“x” cruzados, e um deles será negativo, para aparecer os termos opostos e se cancela-
rem, e assim surgir uma nova 3ª equação. Veja a seguir.

4x − 2 y + 6z = −2
 2 x − y + 3 z =−1 (+2)  ...
  −4 x − 1 y + 1z = 3 +
 7 y − 13 z =1 
 0x − 3y + 7z = 1
−4 x − y + z = 3

Assim a 1ª variável desaparece a partir da 2ª equação:


2 x − y + 3 z =−1

 7 y − 13 z = 1
 −3 y + 7 z = 1

Agora vamos Tomar a 2ª equação como base até o final para cancelar a 2ª variável (y) na
3ª equação, e para isso vamos multiplicar cruzado pelos seus coeficientes de y a 2ª e 3ª
equações:

 2 x − 1y + 3z =
−1 21 y − 39 z =3
 ... −21 y + 49 z =7 +
 + 7 y − 13 z =1 (3) 
 −3 y + 7 z =  0 y + 10 z =10
 1 (7) 

Assim surge uma nova 3ª equação sem a variável y, e o sistema equivalente fica assim:
2 x − y + 3 z =−1 ⇒ 1º Equação

 7 y − 13 z = 1 ⇒ 2º Equação
 10 z = 10 ⇒ 3º Equação

138 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Finalmente o sistema está escalonado, e de baixo (3ª equação) para cima (2ª e 1ª equa-
ções) obtemos a solução:

3ª equação:
10z = 10
z = 10 : 10
z=1
Substituindo esse valor de z na 2ª equação, teremos o resultado de “y”:

2ª equação:
7y – 13z = 1
7y = 1 + 13z
7y = 1 + 13(1)
7y = 1 + 13
7y = 14
y = 14 : 7
y=2
1a equação: Substituímos os valores de “z” e de “y” e teremos o resultado de “x”:
2x – y + 3z = – 1
2x = – 1 + y – 3z
2x = – 1 + 2 – 3.1
2x = – 1 + 2 – 3
2x = – 2
x =–2:2
x=–1
O sistema dado gerou a solução final: {(– 1, 2, 1)}

AGORA FAÇA VOCÊ:

1) Escalonar e Resolver o seguinte Sistema Linear:


x + 2 y + 4z =0

 2x + 3y − z =0
 − x + 16 z =4

Sugestão: Sempre complete e ordene o sistema.

 x + 2 y + 4z = 0

 2x + 3y − z = 0
− x + 0 y + 16 z =4

Resposta:

O sistema escalonado:
x + 2 y + 4z = 0

 − y − 9z = 0
 z = 2

Álgebra Linear: Sistemas Lineares 139


Solução:
{(28, –18, 2)}
Escalonar e resolver o seguinte sistema:
2 x + 3 y − z = 5

3 x − y + 2 z =7
 5 x + y − 3 z =−2

O sistema escalonado:
2 x + 3 y − z =5

 11 y − 7 z 1
=
 −102 z = −306

Solução:
{(1, 2, 3)}

No nosso cotidiano, vários problemas nas área científicas, tecnológicas e econômicas


requerem soluções precisas e em tempo real, ou pelo menos no menor tempo possível.
Assim o que aprendemos em Matemática sobre a teoria de sistemas lineares é a parte
fundamental da Álgebra Linear, ou seja, é o caminho quando a situação-problema envol-
ver duas ou mais variáveis.

Assim espera-se que esse material lhe sirva de suporte e não deixe de aplicá-lo no seu
dia-a-dia.

140 Álgebra Linear: Sistemas Lineares


Referências
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à lógica matemática. 18 ed. São Paulo: Nobel, 2002.
ANTON, Howard. Álgebra Linear Com Aplicações. - 10ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
BALDIN, Yuriko Yamamoto. FURUYA, Yolanda K. Saito. GEOMETRIA ANALÍTICA PARA TODOS. São Paulo:
EDUFSCAR, 2012.
BOULOS, Paulo. CAMARGO, Ivan de. Geometria Analítica. 3ª ed. São Paulo, Editora: PRENTICE HALL BRASI,
2005.
CASS, Mark J. R. Lógica para Principiantes. São Paulo: editora EdUfscar, 2006.
CORRÊA, Paulo Sérgio Quilelli. Álgebra Linear e Geometria Analítica, São Paulo, Saraiva, 2006.
FÁVARO, Silvio; KMETEUK FILHO, Osmir. Noções de lógica e matemática básica. São Paulo: Ciência Moderna,
2005. 224p.
HEGENBERG, Leônidas. O Cálculo Sentencial - cálculo de predicados e cálculo com igualdade. 3ª edição. São
Paulo: Ed. Forense Jurídica, 2012
IEZZI, Gelson. MURAKAMI, Carlos. Fundamentos de Matemática Elementar– Coleção- Vols. 1,4 e 7. São Paulo:
Atual, 2013.
Introdução à Lógica Matemática. Disponível em: http://minhateca.com.br/weslleydourado. Acesso
em 14/03/2014
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LEON, Steven J. Álgebra Linear com Aplicações. 8ª ed. São Paulo: LTC, 2011.
Lógica Matemática. Disponível em: http://www.angelfire.com/bc/fontini/logica.html. Acesso em
14/09/2014.
MORTARI, Cezar. Introdução à Lógica. São Paulo: Ed. Unesp, 2001.
POOLE, David. Álgebra Linear. 1a ed. São Paulo, Pioneira Thompson Learning, 2005.
STRANG, Gilbert. Álgebra Linear e suas Aplicações. São Paulo: Ed Cengage Learning, 2010Parte superior do
formulário

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