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Belchior começa a música nos dizendo que quer contar algo com base em sua
experiência pessoal, e não no que estudou. Sabemos que, às vezes, valorizamos
muito mais o conhecimento escrito do que o oral, e talvez o autor tenha tentado
fazer uma crítica a isso. A música tem um tom de conselho; a princípio, é como se
alguém mais velho — talvez um pai — falasse com alguém mais jovem.
Aqui temos dois conselhos de Belchior que podemos adotar pra vida: apesar de
tudo, viver a realidade é melhor do que fantasiar, e o amor é, sim, uma coisa boa.
Afinal, quem são “eles”? Pode ser uma referência aos militares, aos pais ou aos
mais conservadores. Algo aconteceu e fechou a porta para a juventude. É aqui que
entendemos que, na verdade, se trata de um jovem falando para outros da mesma
geração.
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantado
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais
Voltamos ao questionamento com a juventude: resumindo em poucas palavras, o
cantor nos diz que faz muito tempo que ninguém faz nada, que todos estão
acomodados e que lembrar dos tempos em que a juventude se reunia é o que mais
dói nele.
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Mais uma vez o tom de conselho fica claro. O compositor reforça suas ideias, contra-
argumenta e ressalta a necessidade de esperança.
Hoje eu sei
Que quem me deu a ideia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando o vil metal
Quem quer que seja que inspirou a consciência crítica no autor, hoje está
parado em casa, talvez tenha se conformado com a situação atual ou até aprendido
a gostar dela. Vil metal é uma forma poética de se referir ao dinheiro.