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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTANNA

SAMUEL PESSOA DA SILVA RA 752027

T.D.E. – INSTRUMENTOS DA ANTIGUIDADE

SÃO PAULO
2019
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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTANNA

SAMUEL PESSOA DA SILVA RA 752027

T.D.E. – INSTRUMENTOS DA ANTIGUIDADE.

Projeto de pesquisa referente à U.C. –


História da Música do Curso Superior de
Música do Centro Universitário
UniSant’Anna.

Prof. Celso Marques.

SÃO PAULO
2019

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa tem por objetivo dissertar a respeito do trompete


utilizado na antiguidade até o século XV. Cabe salientar a importância do embasamento
contextual histórico no qual o instrumento encontrava-se inserido, bem como seu papel
social naquela época, sua construção e aplicação entre outras finalidades. Dentro destes
critérios, o instrumento foco desta dissertação possui suas raízes muito antigas datadas
dos tempos dos faraós. Inicialmente utilizado como uma forma de defesa, um alarme,
posteriormente como uma ferramenta ritualística, este instrumento tem acompanhado a
historia humana durante muito tempo, passando por varias transformações e ainda hoje
é utilizado largamente na musica moderna.
O trompete que outrora era utilizado como ferramenta ritualística no passado,
hoje assume papel fundamental nas Orquestras Modernas, Big Bands, Bandas Marciais
e Bandas Militares como instrumento indispensável no âmbito musical, uma ferramenta
indispensável para os arranjadores comporem trilhas de filmes, musicais, concertos
entre outros tipos de trabalhos e já consagrado em nossa cultura moderna.

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A ORIGEM DO TROMPETE

O Trompete é um dos instrumentos mais antigos da historia humana, datado de


antes de Cristo. Inicialmente utilizado como instrumento de sinalização, associação
ritualística e em cerimoniais. Os primeiros trompetes eram feitos de tubo de cana,
bambu, madeira, ossos e até conchas. Ele nasceu da necessidade que os pastores tinham
para conduzir os seus rebanhos e para assustar animais selvagens. Os trompetistas mais
primitivos usavam o instrumento como um megafone para fins ritualísticos, como
circuncisões e funerais. Apenas cantava-se ou gritava-se dentro do tubo para afastar os
maus espíritos, o instrumento não era tocado, nessa época ele não possuía afinação ou
escala e apenas sacerdotes os usavam. Mais tarde os romanos e outros povos
construíram-no de metal para ser utilizado para fins militares. Na Antiguidade, com o
desenvolvimento de tecnologias para a construção de ferramentas ou objetos de metais
(espadas, martelos, esporas, etc.), os instrumentos que são parentes próximos dos
trompetes, trompas e tubas – também foram construídos em ouro, prata, bronze e outras
ligas metálicas. (BONI, 2008 p.13). O instrumento é citado inclusive na Bíblia em
algumas passagens do antigo testamento onde era construído em diferentes modelos e
formatos, recebendo diferentes nomes como buzina chofar ou trombeta. Esses
instrumentos são mencionados com freqüência na Bíblia. Um dos mais antigos é a
buzina judaica, conhecida como chofar. Tratava-se de um chifre oco de carneiro que
produzia tons altos e estridentes. Os israelitas usavam o chofar a fim de reunir as tropas
para a batalha e para indicar ao povo a hora de agir. “Quando chegou lá, nas montanhas
de Efraim, ele tocou uma corneta de chifre de carneiro para chamar os homens de Israel
para a luta. Ele os guiou montanha abaixo (...) Enquanto os trezentos homens tocavam
as cornetas, o Senhor Deus fez com que os homens do acampamento atacassem uns aos
outros com as suas espadas.” (Juizes 3:27; 7:22. BÍBLIA DAS DESCOBERTAS,
2008.)
Outro tipo de trompete era a trombeta de metal. Um documento encontrado entre
os Rolos do Mar Morto indica que os músicos podiam tocar uma variedade
impressionante de harmônicos nesse instrumento. Jeová pediu que Moisés fizesse duas
trombetas de prata para serem usadas no tabernáculo. “Faça duas trombetas de prata

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batida. Com elas você chamará o povo para se reunir e dará o sinal de partida do
acampamento. Quando forem tocadas as duas trombetas, todo o povo se reunirá com
você na entrada do Tabernáculo. Porem, quando uma só for tocada, apenas os chefes
dos grupos de famílias se reunirão com você. Quando tocarem sons curtos e fortes, as
tribos acampadas a leste deverão começar a sair.Quando tocarem pela segunda vez sons
curtos e fortes, as tribos que estão ao sul começaram a sair. O sinal para a partida serão
toques curtos e fortes; mas, para reunir o povo, deverão ser dados toques longos. Os
encarregados de tocar as trombetas serão os sacerdotes, que são descendentes de Arão.”
(Juizes 10: 2-8. BÍBLIA DAS DESCOBERTAS, 2008.) Mais tarde, na inauguração do
templo de Salomão, foram usadas 120 trombetas para produzir um som poderoso. “E
todos os levitas que eram músicos, isto é, Asafe, Hemã e Jedutum, e os membros dos
seus grupos de famílias estavam de pé no lado leste do altar, vestidos de roupas de linho
e com pratos musicais, ‘harpas e liras nas mãos. Junto com eles estavam cento e vinte
sacerdotes que sabiam tocar trombetas. Aí todos juntos começaram a tocar as trombetas
e a cantar em voz alta para dar graças a Deus, o Senhor, e o louvarem.” (2 Crônicas 5:
12-13. BÍBLIA DAS DESCOBERTAS, 2008.). Os artesãos faziam trombetas de vários
tamanhos. Algumas chegavam a medir mais de 90 centímetros do bocal até a
extremidade em forma de sino. (A vida nos tempos Bíblicos – Os músicos e seus
instrumentos. A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová, 2012. pp. 22-24.)
Mas alem dos relatos bíblicos, arqueólogos descobriram que o trompete existia
muito antes dos relatos na bíblia. Os primeiros trompetes de metal foram encontrados na
tumba do famoso Tutancâmon, faraó egípcio que viveu entre c. 1341 e 1323 a.C.,
quando esta foi descoberta pelo arqueólogo inglês Howard Carter, em 1922. Carter
encontrou dois trompetes, um feito de prata e outro de bronze. O de prata media 58,2
cm e o de Bronze, 49,4 cm. Esses instrumentos eram construídos usando-se uma fina
folha de metal e, por causa da fragilidade, um centro de madeira para dar suporte e
preservar a forma com perfil cônico. No início, eram utilizados para fins militares e
religiosos. Ao seu som incisivo e potente, as tropas eram comandadas e encorajadas; do
mesmo modo, rituais religiosos eram anunciados.

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Figura 1: Trompetes encontrados na tumba de


Tutankhamon (SADIE, 2001, v. 25, p. 828)

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O TROMPETE NO CONTEXTO SOCIAL

O trompete existiu nas mais diversas sociedades. No Egito era chamado de


Chnoué, os gregos chamavam de Sálpinix (antiga trombeta grega. Sua invenção foi
atribuída a Deusa Atena. Era fabricado de ferro e bronze). Os romanos antigos tinham
vários nomes para o instrumento: Corno, Salpinge, Aduba, Clário, Tubesta, Tuba, Lítuo
ou até Árgia. Eram fabricados de prata e bronze. Mediam 117cm (1 cm de diâmetro na
embocadura) e eram cõnicas. Era um instrumento bem próximo dos ancestrais assírios,
egípcios e judeus. As tubas romanas eram utilizadas pelo exército em chamadas e eram
instrumentos cônicos feitos de bronze. Outro instrumento do exército romano era o
Lituus que também era feito de bronze mas com a campana virada.

Figura 2: Tuba, lituus e cornu (TARR, 1988, p. 26)

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Figura 3: Lur (TARR, 1988, p. 28)

O trompete da Etiópia se chamava Kárnykes. O trompete chinês se chamava


Cha Chiao, ou Suona – Também chamado de Iaba, é um tipo de trombeta parecida ao
oboé, de tons altos e fortes, que pode ser de sete a oito buracos. Era muito popular nos
primeiros anos da Dinastia Jin (265-420) nas áreas da região Xinjiang. Consiste de um
tubo cônico de madeira com até oito furos (sete na fretne e uma na parte traseira), um
tubo de cobre e um bocal de cana (o que o torna semelhante ao oboé). Esse instrumento
tem um fantástico formato, pois sua campana tem a forma de um dragão. Os mongóis e
os tibetanos, que tinham habilidades com o bronze fundido, fizeram os trompetes
curvos. O trompete do Tibete era gigante podendo atingir os 5 metros de comprimento,
sendo feito de cobre. Era chamado de Dung. Os europeus suecos, gauleses e iberianos
também preferiram curvar seus trompetes. A melhor solução entretanto, foi dos
romanos, que fizeram o Cornu, que também era curvado. O Cornu era usado em bandas
de infantaria, em funerais e outras cerimônias solenes. Na América Central, os
trompetes dos Maias chamavam Tecciztli,Tepuzquiquiztli e Quiquiztli, e eram feitos de
madeira. O antigo instrumento chinês era o Hai Lo, e o japonês, Hora. O trompete
assumia na Antiguidade um papel quase sagrado.
A partir da queda do Império Romano (c, 359 d.C.) até o século XI, o trompete
perdeu seu lugar de destaque na sociedade. Há poucos registros de seu uso e
desenvolvimento. Muitos dos rituais herdados do Império Romano desapareceram,

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levando consigo a necessidade do uso desse instrumento. A própria área militar também
passou por mudanças: enquanto a tática militar utilizada pelo exército romano
incorporava o trompete como elemento essencial, após a queda do Império, essa função
perdeu importância.
Por volta de 1100, sobretudo após a Primeira Cruzada (1096-1099), o trompete
reapareceu e o principal motivo para isso foi a sua utilização para fins militares
(WALLACE, 1997, p. 38-40). Contudo, somente retomou lugar de destaque quando foi
incluído nos grupos instrumentais profissionais do século XVI.
No século XV ocorreu outra evolução tecnológica. Os fabricantes descobriram
uma forma de curvar os tubos, deixando o instrumento mais estável e com melhor
portabilidade. Inicialmente, foram fabricados em forma de “S”. Outra evolução foi o
aumento de grupos de trompetistas, mantidos pelos nobres, com cerca de 10 a 12
componentes para tocar nas cerimônias.
Cláudio Monteverdi (1567 – 1643) foi o primeiro compositor a utilizar os
trompetes em orquestra, na ópera L’Orfeo (1607). Ele utilizou cinco membros, ou seja,
um naipe, que foram chamados de Clarino, Quinta, Alto, Vulgano e Basso. Cada qual
atuava em uma tessitura especifica (WALLACE,1997, p 85):
. Clarino atuava do Dó5 ao Lá5, excepcionalmente Dó6
. Quinta atuava do Dó4 ao Dó5
. Alto atuava do Sol3 ao Mí4
.Vulgano atuava do Sol3 ao Sol5
. Basso atuava sobre o Dó3

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