Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
DEPARTAMENTO DE PESQUISA
Registro BN/1OO2-014497
Rua Augusto Corrêa, 1 (Núcleo Universitário) - 66075-900 Belém PA - Brasil
2
2 – EQUIPE DO PROJETO
Titulação Função no Carga horária
Matrícula Nome completo Tipo* Unidade/Departamento
máxima projeto** no projeto
1806030 Elizabeth Orofino Lucio PE Doutorado IEMCI CD 15 H
1439996 Patricia Corsino PE Doutorado UFRJ CS
1052295 Leonor Werneck PE Doutorado UFRJ CS
1. Justificativa
As expectativas sociais em torno da figura do professor são muitas. Espera-se que o docente seja um
agente transformador da sociedade através de seu trabalho, ou seja, o ato de educar. Discursos de diferentes
esferas sociais apontam, ainda que assumam diferentes posições axiológicas, para a leitura como um elemento
fundamental nesse processo de transformação. Sendo assim, formar leitores capazes de compreender,
entenderem-se como sujeitos no mundo, impõe-se como um dos objetivos principais da escola.
Atingir tal objetivo, no entanto, remete-nos a um primeiro questionamento: Que leituras poderiam
Primeiramente, destacamos o fato de que a formação cultural de qualquer sujeito passa pelo direito
a literatura. E, nesse sentido, afirmamos que no exercício da leitura literária, podemos não só ampliar a
compreensão sobre o que nos torna de fato humano, mas também entender quem somo e o mundo que nos
cerca. Conforme, esclarece Cosson (2006): “a experiência literária não só nos permite saber da vida por meio
da experiência do outro, como também vivenciar essa experiência. Ou seja, a ficção feita palavra na narrativa
e a palavra feita matéria na poesia são processos formativos tanto da linguagem quanto do leitor e dos escritos.
Uma e outra permitem que se diga o que não sabemos expressar e nos falam de maneira mais precisa o que
Sendo assim, é fundamental asseverarmos que a literatura tem e necessita manter um lugar no
processo de escolarização. Tal afirmativa nos impõe, no entanto, outros questionamentos: Quais os
conhecimentos necessários para que o professor promova junto aos alunos uma leitura efetiva do texto
literário? Quem garante a formação do professor que, no espaço escolar, será responsável por fazer essa
mediação?
Lucio (2019) demonstra, por meio de uma pesquisa, que a literatura não faz parte do rol de
conhecimentos que integram a formação do estudante de Pedagogia e que, sendo assim, tal formação fica
restrita, na maioria dos casos, àquela recebida na educação básica. Assim, o repertorio literário dos estudantes
é marcado pelas obras que contam com certa tradição de leitura na escola, ou seja, aquelas que se tornaram
representantes de um estilo de época. A análise das grades curriculares dos cursos de Formação de Professores
9Pedagogia, Letras, Licenciaturas Integradas) em algumas universidades da região norte confirmam os dados
da referida pesquisa, uma vez que foi constatada a ausência de disciplinas relativas a esta área de
conhecimento.
Corroborando ainda com as pesquisas de Frigotto (2009), Batista (2007), pesquisando a formação
literária de professores que cursaram a faculdade , demonstra que a realização do curso não garantiu àqueles
estudantes, cujas famílias não dispunham de certo capital cultural, uma inserção mais ampla no universo da
cultura literária.
Vale registrar que constatamos a ausência da disciplina Literatura Infantil nos cursos de formação
de professores na UFPA.
No que se refere às pesquisas acadêmicas, verificamos que há poucos estudos sobre o letramento
literário e a formação docente. Após um levantamento sobre a temática, no período de 1999 a 2019,
LUCIO(2019) verificou a existência de apenas nove estudos, a saber: a) Artigos: Paiva e Maciel (2005),
Evangelista (2000), Belmiro (1999) e Mello e Cunha (2008); b) Tese: Evangelista (2000b); c) Dissertações:
Neto (2008), Ciola (2008), Feitosa, Márcia S. A. (2008) e Reis (2009), Fonseca (2004).
É latente, portanto, a necessidade de criar espaços que possibilitem ao futuro professor formar-se e
reconhecer-se como um leitor de literatura e, consequentemente, como capaz de apresentar ao outro esta
Nesse sentido que se justifica a proposição de um curso de extensão que vise a garantir aos futuros
Trabalhar o diálogo entre a literatura infantil e juvenil brasileira contemporânea e a tecnologia nos
suportes impressos.
Mapear a produção literária infantojuvenil brasileira contemporânea que dialoga com a tecnologia nos
suportes impressos.
5
Identificar as estratégias literárias e imagéticas presentes nas narrativas e poesias para crianças e
jovens a partir do diálogo com o universo tecnológico.
Oportunizar aos professores em formação a inserção em práticas de leitura literária, contribuindo para
ampliação da formação leitora e para o entendimento da função humanizadora da literatura.
Vivenciar práticas coletivas de leitura literária.
4. Metas
Desenvolver práticas regulares de leitura de modo a estimular o gosto pela literatura infantojuvenil
brasileira e paraense.
5. Metodologia
O curso contará com um acervo de livros cedidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil e pelo Instituto de Leitura Quindim que circularão entre os cursistas para manuseio e leitura
coletiva e individual e a vivência do livro objeto; de algumas aulas expositivas orientadas para a
compreensão da leitura como construção de sentidos e articulação com os sistemas de referência dos
cursistas; análise de textos teóricos; reflexões sobre as práticas leitoras situadas no contexto sociológico
dos participantes.
6
As atividades de leitura devem centrar-se realmente no contato com os diversos tipos de livros,
textos e na leitura efetiva de obras literárias e não apenas em ações de divulgação e difusão do livro e
de autores - exposições, encontros com escritores, feiras do livro, dramatizações, sessões de (re)conto
oral ou sessões de leitura; estas ações deverão decorrer de atos de leitura e do contato dos alunos com
6. Referências Bibliográficas
BAKHTIN, M. Qué es el lenguaje? In: SILVESTRI, Adriana e BLANCK, Guillhermo. Bajtín y Vigotski: la
organización semiótica de la conciencia. Barcelona: Anthropos, 1993. p.217-243.
______. Estrutura do enunciado. V.N. Voloshinov (1930). Tradução de Ana Vaz, para fins didáticos.
______/VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara
Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1988.
______. Problemas da poética em Dostoievski. Tradução Paulo Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: Forenze
Universitária, 2005.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BOSI, Alfredo. Machado de Assis - O enigma do olhar. Rio de Janeiro: Ática, 1999.
BOSI, E Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
BRANDÃO, Helena Nagamine (coord.) Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político,
divulgação científica. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. (Coleção aprender e ensinar com textos; v.5)
BRAIT, Beth. Bakhtin e a natureza constitutivamente dialógica da linguagem.
BRAIT, B. (org.) Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1997, p.
91-104.
CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do Homem. In: Ciência e Cultura. > São Paulo, 1972, p.803-
809.
CASTRO, Gilberto de. Os apontamentos de Bakhtin: uma profusão temática. In: FARACO, C. A; TEZZA, C.
e CASTRO, G. Diálogos com Bakhtin. Curitiba: Editora da UFPR, 1996. p. 93-111.
CIOLA, Ana Carla Lanzi. PISA 2000 e letramento literário: um estudo comparativo entre Brasil e Alemanha.
Dissertação, UNESP, 2008. CAVALLO, G.; CHARTIER, R. Introdução. In: CAVALLO, G.; CHARTIER, R.
(Orgs.). História da leitura no mundo occidental – 1. São Paulo: Ática, 1998.
CHARTIER, A.-M.; HÉBRARD, J. Discursos sobre a leitura – 1880-1980. São Paulo: Ática, 1995.
CHARTIER, R A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa, Portugal: Difel, 1990.
CHARTIER, R . A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp, 1998.
CHARTIER, R Cultura escrita, literatura e história. Porto Alegre: ARTMED, 2001.
CORRÊA, Manoel Luiz Gonçalves. O modo heterogêneo de constituição da escrita. São Paulo: Martins Fontes,
2004.
CUNHA, Antonio H. da e MELLO, Cláudio. “Literatura como prática social em contexto escolar.” ABRALIC,
2008. EVANGELISTA, Aracy Alves Martins. A escolarização da literatura – entre ensinamento e mediação
7
cultural: formação e atuação de quatro professoras. Tese, UFMG, 2000. . “Diversidade na recepção estética.”
Coleção Literatura e Educação. 2000.
FARACO, Carlos. A. (2003). Linguagem & diálogo: as idéias lingüísticas do círculo de Bakhtin. Curitiba, PA:
Criar Edições.
FEITOSA, Márcia Soares de Araújo. Prática docente e leitura de textos literários no Fundamental II: uma
incursão pelo Programa Hora da Leitura. Dissertação, USP, 2008. FIORIN, José Luiz, Introdução ao
pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.
FONSECA, Leda Maria da. Sala de leitura – concepções e práticas. Dissertação, PUC-RJ, 2004.
FRIGOTTO, Edith. A emergência do letramento literário. in: Dionisio, M.L.; Carvalho, J.A.B.; Castro,
R.V.Discovering Worlds of Literacy. Braga.Portugal: Littera - Associação Portuguesa para a Literacia/CIEd.
Universidade do Minho.2010
BRAIT, B. (org.). Estudos enunciativos no Brasil: histórias e perspectivas, Campinas, S.P.: Pontes: São Paulo:
Fapesp.
GALVÃO, A. M. O. Leituras de professores e professoras: o que diz a historiografia da educação brasileira.
In: MARINHO, M. (Org.). Ler e navegar: espaços e percursos da leitura. Campinas: Mercado de Letras;
Associação de Leitura do Brasil, 2001.
GUEDES-PINTO, A. L. Percursos de letramento em narrativas de professores: subsídios para a reflexão sobre
a formação inicial. Horizontes, v. 24, n. 2, 2006. Guedes-Pinto, Ana Lúcia. Os mediadores das práticas de
letramento de professores em formação inicial. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v. 8, n. 3, p. 417-437,
set./dez. 2008.
GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercício de militância e divulgação. Campinas, SP:
Mercado de Letras – ALB, 1996. ______. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991. KLEIMAN,
ngela B. (org.) (1995). Os significados do letramento. São Paulo: Mercado de Letras.
KLEIMAN, ngela (Org.). A formação do professor: perspectivas da lingüística aplicada. Campinas: Mercado
de Letras, 2001. Kleiman Angela B. OS ESTUDOS DE LETRAMENTO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUA MATERNA. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v. 8, n. 3, p. 487-517, set./dez. 2008
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003. ______.
Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1987.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1998. LAHIRE, B. Homem
Plural: os determinantes da ação. Tradução: Jaime C. Clasen. Petrópolis: Vozes, 2002. ______. As origens da
desigualdade escolar. In MARCHESI, Álvaro & GIL, Carlos H. Fracasso escolar: uma perspectiva
multicultural. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 69-75.
MACIEL, Francisca e PAIVA, Aparecida. “Discursos da paixão: a leitura literária no processo de formação
do professor das séries iniciais.” Coleção Literatura e Educação. 2005.
MATENCIO, Maria de Lourdes M. Letramento na formação do professor. Integração a práticas discursivas
acadêmicas e construção da identidade profissional. In: CORRÊA, M. L. G.; BOCH, F. (orgs.). Ensino de
língua: representação e letramento. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006. p. 93-106.
MATENCIO, M. L. M. (Orgs.). Letramento e formação do professor: práticas discursivas, representações e
construção do saber. Campinas: Mercado de Letras, 2005.
8
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. A “querela dos métodos” de alfabetização no Brasil: contribuições para
metodizar o debate. In: Acolhendo a alfabetização nos países de língua portuguesa – revista eletrônica ISSN:
1980-7686, 2007.
MOYSÉS, Sarita Maria Affonso. Literatura e história. Imagens de leitura e de leitores no Brasil no século XIX.
Trabalho apresentado na XVII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, outubro de 1995. NETO, Alaim Souza.
Formação do leitor e cânone literário: relações entre as Orientações Curriculares e as práticas docentes.
Dissertação, UNESC, 2008. REIS, Madalena de Souza. O professor como agente de letramento e o pensar alto
em grupo na leitura de poemas. Dissertação, PUC-SP, 2009. Paulino, Graça .Letramento Literário: Por Vielas
e Alamedas .Revista da FACED, nº 05, 2001. pgs 117-125
SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na Escola. Campinas: Mercado das Letras. 2004
SOARES, Magda. O livro didático e a escolarização da leitura. Entrevista concedida ao Programa Salto para
o Futuro em 07/10/2002. Disponível em www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/magda_soares.htm SOARES,
Magda. (2002). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale. ______. (1995).
Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas.In: Revista Brasileira de Educação, nº
0 set/out/nov/dez, pág. 5-16.
STREET, Brian. Abordagens Alternativas ao Letramento e desenvolvimento. Apresentado durante a
Teleconferência Unesco Brasil sobre Letramento e Diversidade, outubro de 2003. TFOUNI, Leda Verdiani.
Letramento e Alfabetização. 6a. ed. São Paulo: Cortez, 2004. (Coleção Questões de Nossa Época; v 47).