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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
DEPARTAMENTO DE PESQUISA

Tertúlias do Grão Pará:


Literatura Infantojuvenil na cibercultura

Registro BN/1OO2-014497
 Rua Augusto Corrêa, 1 (Núcleo Universitário) - 66075-900 Belém PA - Brasil

 (091) 3201 7971 - Fax: (091) 3201 7657


PROJETO DE PESQUISA
1.- IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
1.1. Título do projeto: Tertúlias do Grão Pará: Literatura Infantojuvenil na cibercultura
1.2. Entidade Proponente (executora): Universidade Federal do Pará/Campus Belém.
1.3. Grande área de conhecimento: (de acordo com o CNPQ) - Humanidades
1.4. Área de conhecimento: (de acordo com o CNPQ) Educação
1.5. Subárea: (de acordo com o CNPQ) Linguagem
1.6. Instituição: Universidade Federal do Pará
1.7. Centro / Departamento: Campus Belém
1.8. Unidade executora: Instituto de Educação Matemática e Científica
Endereço:

MUNICÍPIO CEP U.F.PA TEL/FAX E-MAIL

Belém 66075-110 R. Augusto Corrêa, 1 - femci.liecml@gmail.com


Guamá, B
(91) 3201-7487

COORDENADORA DO PROJETO: Elizabeth Orofino Lucio


Vice- Coordenador (a):
DEPARTAMENTO: Instituto de Educação Matemática e Cientifica
FINANCIAMENTO DO PROJETO:
OUTRAS INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil

Instituto de Leitura Quindim

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2 – EQUIPE DO PROJETO
Titulação Função no Carga horária
Matrícula Nome completo Tipo* Unidade/Departamento
máxima projeto** no projeto
1806030 Elizabeth Orofino Lucio PE Doutorado IEMCI CD 15 H
1439996 Patricia Corsino PE Doutorado UFRJ CS
1052295 Leonor Werneck PE Doutorado UFRJ CS

* TA: Técnico Administrativo ** CD: Coordenador


PV: Professor Visitante CL: Colaborador
PE: Professor Permanente (lotado no centro em que pertence o projeto) CS: Consultor

PP: Professor Participante (lotado em outro centro)


PPE: Professor Participante Externo
TE: Técnico Administrativo Externo
PB: Professor Bolsista de Agência de Fomento (CAPES, CNPQ , DAAD , etc...)
PROJETO DE EXTENSÃO

1. Justificativa
As expectativas sociais em torno da figura do professor são muitas. Espera-se que o docente seja um

agente transformador da sociedade através de seu trabalho, ou seja, o ato de educar. Discursos de diferentes

esferas sociais apontam, ainda que assumam diferentes posições axiológicas, para a leitura como um elemento

fundamental nesse processo de transformação. Sendo assim, formar leitores capazes de compreender,

interpretar e criticar as variadas formas de manifestação da linguagem escrita, ampliando a capacidade de

entenderem-se como sujeitos no mundo, impõe-se como um dos objetivos principais da escola.

Atingir tal objetivo, no entanto, remete-nos a um primeiro questionamento: Que leituras poderiam

potencializar a reflexão, a crítica e a autonomia intelectual desses leitores em formação?

Primeiramente, destacamos o fato de que a formação cultural de qualquer sujeito passa pelo direito

a literatura. E, nesse sentido, afirmamos que no exercício da leitura literária, podemos não só ampliar a

compreensão sobre o que nos torna de fato humano, mas também entender quem somo e o mundo que nos

cerca. Conforme, esclarece Cosson (2006): “a experiência literária não só nos permite saber da vida por meio

da experiência do outro, como também vivenciar essa experiência. Ou seja, a ficção feita palavra na narrativa

e a palavra feita matéria na poesia são processos formativos tanto da linguagem quanto do leitor e dos escritos.

Uma e outra permitem que se diga o que não sabemos expressar e nos falam de maneira mais precisa o que

queremos dizer ao mundo, assim nos dizer a os mesmos..” (p.17).

Sendo assim, é fundamental asseverarmos que a literatura tem e necessita manter um lugar no

processo de escolarização. Tal afirmativa nos impõe, no entanto, outros questionamentos: Quais os

conhecimentos necessários para que o professor promova junto aos alunos uma leitura efetiva do texto

literário? Quem garante a formação do professor que, no espaço escolar, será responsável por fazer essa

mediação?

Lucio (2019) demonstra, por meio de uma pesquisa, que a literatura não faz parte do rol de

conhecimentos que integram a formação do estudante de Pedagogia e que, sendo assim, tal formação fica

restrita, na maioria dos casos, àquela recebida na educação básica. Assim, o repertorio literário dos estudantes

é marcado pelas obras que contam com certa tradição de leitura na escola, ou seja, aquelas que se tornaram

representantes de um estilo de época. A análise das grades curriculares dos cursos de Formação de Professores

9Pedagogia, Letras, Licenciaturas Integradas) em algumas universidades da região norte confirmam os dados
da referida pesquisa, uma vez que foi constatada a ausência de disciplinas relativas a esta área de

conhecimento.

Corroborando ainda com as pesquisas de Frigotto (2009), Batista (2007), pesquisando a formação

literária de professores que cursaram a faculdade , demonstra que a realização do curso não garantiu àqueles

estudantes, cujas famílias não dispunham de certo capital cultural, uma inserção mais ampla no universo da

cultura literária.

Vale registrar que constatamos a ausência da disciplina Literatura Infantil nos cursos de formação

de professores na UFPA.

No que se refere às pesquisas acadêmicas, verificamos que há poucos estudos sobre o letramento

literário e a formação docente. Após um levantamento sobre a temática, no período de 1999 a 2019,

LUCIO(2019) verificou a existência de apenas nove estudos, a saber: a) Artigos: Paiva e Maciel (2005),
Evangelista (2000), Belmiro (1999) e Mello e Cunha (2008); b) Tese: Evangelista (2000b); c) Dissertações:

Neto (2008), Ciola (2008), Feitosa, Márcia S. A. (2008) e Reis (2009), Fonseca (2004).

É latente, portanto, a necessidade de criar espaços que possibilitem ao futuro professor formar-se e

reconhecer-se como um leitor de literatura e, consequentemente, como capaz de apresentar ao outro esta

dimensão do mundo da cultura.

Nesse sentido que se justifica a proposição de um curso de extensão que vise a garantir aos futuros

professores da educação básica a possibilidade de inserir-se em práticas de leitura literária, de modo a

favorecer experiências coletivas.


2. Objetivos

Trabalhar o diálogo entre a literatura infantil e juvenil brasileira contemporânea e a tecnologia nos
suportes impressos.
Mapear a produção literária infantojuvenil brasileira contemporânea que dialoga com a tecnologia nos
suportes impressos.

Analisar a intersecção entre a linguagem literária e a linguagem virtual na produção literária


contemporânea para o leitor em formação e seus efeitos na constituição dos gêneros literários para a
infância e a juventude.

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Identificar as estratégias literárias e imagéticas presentes nas narrativas e poesias para crianças e
jovens a partir do diálogo com o universo tecnológico.

Oportunizar aos professores em formação a inserção em práticas de leitura literária, contribuindo para
ampliação da formação leitora e para o entendimento da função humanizadora da literatura.
Vivenciar práticas coletivas de leitura literária.

Vivenciar práticas coletivas de leitura literária.

Compreender as especificidades da linguagem literária.

Entender a literatura como lugar de manifestação das tensões do homem e da sociedade.

4. Metas

Promover o letramento literário e estimular hábitos de leitura autónoma.

Desenvolver competências de compreensão leitora através da leitura de obras literárias.

Desenvolver práticas regulares de leitura de modo a estimular o gosto pela literatura infantojuvenil
brasileira e paraense.

Dar a conhecer autores e obras do universo da literatura infantojuvenil de modo a aprofundar e a


enriquecer o conhecimento da língua e cultura em que se inscrevem.

5. Metodologia

O curso contará com um acervo de livros cedidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e

Juvenil e pelo Instituto de Leitura Quindim que circularão entre os cursistas para manuseio e leitura

durante o período do curso e por meio da plataforma digital e de aplicativos.


A metodologia de trabalho constitui-se prioritariamente de leitura de textos literários de forma

coletiva e individual e a vivência do livro objeto; de algumas aulas expositivas orientadas para a

compreensão da leitura como construção de sentidos e articulação com os sistemas de referência dos

cursistas; análise de textos teóricos; reflexões sobre as práticas leitoras situadas no contexto sociológico

dos participantes.

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As atividades de leitura devem centrar-se realmente no contato com os diversos tipos de livros,

textos e na leitura efetiva de obras literárias e não apenas em ações de divulgação e difusão do livro e

de autores - exposições, encontros com escritores, feiras do livro, dramatizações, sessões de (re)conto

oral ou sessões de leitura; estas ações deverão decorrer de atos de leitura e do contato dos alunos com

os textos e não devem substituir a(s) leitura(s).

6. Referências Bibliográficas

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