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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 5º VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE PICOS-PI

AÇÃO PENAL
Proc. nº. 0805435-13.2021.8.18.0032

Autor: MINISTERIO PÚBLICO ESTADUAL

Acusado: IVAN COELHO DOS SANTOS

IVAN COELHO DOS SANTOS, já qualificado nos autos, vem, com o

devido respeito a Vossa Excelência, com suporte no com fulcro no art. 5º, inciso LXVIII,

da Constituição Federal e com base no art. 396-A do Código de Processo Penal, apresentar,

RESPOSTA A ACUSAÇÃO
na qual revela fundamentos defensivos, decorrentes da presente Ação Penal agitada em

desfavor de IVAN COELHO DOS SANTOS, já qualificado na exordial da peça acusatória,

consoante abaixo delineado.

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1 - SINTESE DOS FATOS

Conforme narram os autos, no dia e hora do fato, policiais militares receberam

informação de que no Povoado Saco do Agreste, zona rural do município de Dom Expedito

Lopes/PI, estava acontecendo alguns desentendimentos entre familiares e que um deles estava

na posse de um veículo S10, cor prata, placa KEZ 2350, apresentando sinais de embriaguez

alcoólica. Então, os policiais se dirigiram até o local informado e, durante o trajeto, se depararam

com um senhor caído de uma bicicleta, ocasião na qual pararam para prestar socorro. Naquele

momento, o condutor do veículo S10 chegou no citado local, identificado como IVAN COELHO

DOS SANTOS, o qual apresentava claros sinais de embriaguez alcoólica, como odor alcoólico,

olhos avermelhados e tom de voz elevado, motivo pelo qual foi convidado a realizar o teste

etilômetro, resultando em 0.97 mg/L.

Diante do fato, o denunciado foi conduzido à Central de Flagrantes para os

procedimentos legais, o qual, naquela oportunidade, confessou a prática do delito

2 - DA REALIDADE DOS FATOS

Diferente dos verdadeiros, e de causar estranheza os fatos descritos na

denuncia e nos depoimentos.

Ocorre que o acusado, estava na residência de sua mãe, localizada no

povoado saco do agreste, zona rural da cidade de Dom Expedito Lopes-PI, onde teve uma discussão

verbal com sua irmã, sobre assuntos familiares e de Herança.

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Por conta desta discussão familiar a policia militar foi acionada, quando a

guarnição chegou ao local, viatura com três policiais, o comandante da GPM e dois soldados, momento

em que os ânimos já estava acalmados, O acusado estava sentado na calçada.

O Comandante, Altamar, conhecido como Zezinho Policial, perguntou ao

acusado se o mesmo tinha ingerido bebida alcoólica, este afirmou que sim, e que os policiais

aconselharam a ir para casa. O acusado reiterou que havia bebido e não dava certo dirigir, mesmo
assim os policias lhe aconselharam a sair do local em seu veiculo. Logo após os policiais deixaram o

local residência.

Em seguida o acusado atendeu o pedido dos policiais e pegou seu carro e

saiu da residência de sua mãe com destino a sua residência. Cerca de 600mt estava a viatura da

policia parada a sua espera, momento em que recebeu voz de prisão por está dirigindo alcoolizado, e

fora levado algemado para a PRF, para fazer o “teste do bafômetro”.

Ocorre que após assoprar por 2(duas) vezes e não acusar teor alcoólico, o

mesmo foi submetido ao terceiro assopro que identificou 0,97mg/l, e foi levado a central de flagrante,

após o pagamento da fiança foi posto em liberdade.

3 - DAS PRELIMINARES

DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Ainda em sede de preliminar desta resposta à acusação, o Denunciado requer lhe seja

deferido o benefício da Justiça Gratuita, na forma do artigo 98 e seguintes do Código de

Processo Civil, por não poder arcar com o ônus financeiro da presente ação penal, sem que com

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isso sacrifique o seu próprio sustento e o de sua família, dado que atualmente encontra-se, com

apenas a aposentadoria por invalidez, para sustento da família.

DA POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Antes de adentrar ao mérito desta defesa, é imprescindível alegar algumas preliminares

que, acaso acatadas, haverá a suspensão da persecução penal ou ainda a absolvição sumária,

na forma do artigo 397 do CPP.

Sem delongas, dispõe o artigo 89 da Lei 9.099/1995:

“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a

um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a

denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,

desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido

condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam

a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).”

Denota-se, da leitura do artigo supratranscrito, que é hipótese de aplicação do instituto

denominado suspensão condicional do processo. Apesar de estar disposto na Lei 9.099/1995, é

aplicável tanto para crimes ali dispostos, como também as abrangidas no ordenamento jurídico.

Os crimes aqui em tese praticados estão abrangidos pelo instituto da suspensão condicional do

processo, dado que são crimes de menor potencial ofensivo, cujas penas mínimas cominadas

são inferiores a um ano.

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Soma-se, da leitura dos autos processuais, que o Denunciado não está nem nunca foi

processado por qualquer outro delito/crime, conforme vida pregressa adiante demonstrada, o

que caracteriza e autoriza a suspensão condicional do processo.

Deste modo, requer, desde já, seja realizada a audiência para propositura, por parte do

Ministério Público ao Denunciado, da suspensão condicional do processo, dado que os

requisitos do artigo 89 da Lei 9.099/1995 estão caracterizados para concessão do benefício ao

Denunciado, o que se espera como medida de justiça.

DA VIDA PREGRESSA DO DENUNCIADO

Inobstante a preliminar arguida, importa destacar que o Denunciado tem deficiência na


coluna (invalido), trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes, pai de família. Não é preciso

muito esforço para concluir que o Denunciado é um cidadão exemplar, pessoa idônea, bom

comportamento público e privado. Além do mais, o denunciado é primário.

ESTAS INFORMAÇÕES CERTIDÃO Nº 2442189, EXPEDIDA PELO TJPI.


(INFORMAÇÕES SOBRE A VIDA PREGRESSA)

O Denunciado possui ainda endereço certo na Rua Barros Rocha,232 onde reside com

sua família, vende mel e castanha para complementar sua renda.

As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, no devido processo legal, não

cabendo, neste momento, um julgamento prévio de sua inocência.

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Neste sentindo, Julio Fabbrini Mirabete em sua obra Código de Processo Penal

Interpretado, 8ª edição, pág. 670, leciona:

“Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão senão após a sentença condenatória

transitada em julgado, procura-se estabelecer instintos e medidas que assegurem o desenvolvimento

regular do processo com a presença do acusado sem sacrifico de sua liberdade, deixando a custódia

provisória apenas para as hipóteses de absoluta necessidade.”

À vista do exposto, requer-se o imediato arquivamento da denúncia.

3-DO DIREITO E FUNDAMENTOS

Aqui nesta oportunidade, o Denunciado, presumindo que este D. Juízo não saiba, ou, se

sabe, desconhece os efeitos que o presente processo está causando, haja vista que ele foi

induzido a dirigir pelas próprias autoridades.

DO PARADOXICO NA ATITUDES DOS POLICIAIS MILITARES

Por conseguinte, o Denunciado vê, na presente defesa, uma tentativa de levar ao

conhecimento de Vossa Excelência, que ele está sendo submetido ao constrangimento de

responder a uma ação penal, além ter sido levado algemado e “preso”, porque foi orientado

pelos próprias autoridades(policiais militar) a dirigir sob efeito de álcool, e logo após ser levado

de forma coercitiva algemado, para submeter ao teste do bafômetro.

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Ou seja há um total paradoxo, em que: a autoridades confirmaram que o denunciado

estava habito a dirigir, pois sugerindo que saísse do local, mesmo quando o próprio respondeu

que tinha bebido um pouco. Contundo, minutos depois que o denunciado obedeceu ao que foi

lhe-sugerido, os policiais que já estavam esperando pararam seu veiculo e somente neste

momento, que “perceberam” que o condutor(denunciando) estava com características de

embriaguez ao volante.

É clarividente que as atitudes e abordagem dos policiais é motivada. O denunciado

estava sentado na casa de sua genitora. Mas foi induzido pelas autoridades policiais a dirigir e

logo após ser preso, pelos próprios policiais.

DO TESTE DE ETILÔMETRO

Art. 4º O etilômetro deve atender aos seguintes requisitos:

I – ter seu modelo aprovado pelo INMETRO;

II – ser aprovado na verificação metrológica inicial, eventual, em serviço e anual realizadas pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO ou por órgão da Rede Brasileira
de Metrologia Legal e Qualidade - RBMLQ;

Parágrafo único. Do resultado do etilômetro (medição realizada) deverá ser descontada margem de
tolerância, que será o erro máximo admissível, conforme legislação metrológica, de acordo com a
“Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro” constante no Anexo I.

A Resolução n. 432/2013 diz que “o etilômetro deve ser aprovado na verificação metrológica inicial,
eventual, em serviço e anual”. Vejamos o Boletim de Ocorrência no item ÚLTIMA AFERIÇÃO, que sua
realização se deu em 11/06/2015, há mais de 18 meses da suposta data do fato, ou um ano e meio de
sua última aferição, o que torna o procedimento absolutamente maculado.

Colaciona-se ainda a Resolução n. 206/2006 que dispõe sobre os requisitos necessários para
constatar o consumo de álcool estabelecendo os procedimentos a serem adotados pelas autoridades
de trânsito e seus agentes, verbis:

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Art. 6º. O medidor de alcoolemia- etilômetro- deve observar os seguintes requisitos:

I – ter seu modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – INMETRO, atendendo a legislação metrológica em vigor e aos requisitos estabelecidos
nesta Resolução;

II – ser aprovado na verificação metrológica inicial realizada pelo INMETRO ou órgão da Rede
Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade - RBMLQ;

III - ser aprovado na verificação periódica anual realizada pelo INMETRO ou RBMLQ;

IV - ser aprovado em inspeção em serviço ou eventual, conforme determina a legislação metrológica


vigente. Art. 7º. As condições de utilização do medidor de alcoolemia – etilômetro - devem obedecer a
esta resolução e à legislação metrológica em vigor.

É o preconiza o entendimento jurisprudencial dominante, senão vejamos:

Cito decisão do Tribunal de Justiça do Paraná que entende-se claramente pela aferição
do etilômetro em período inferior a um ano:

Ementa: DECISÃO: ACORDAM OS INTEGRANTES DA SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ, POR UNANIMIDADE DE VOTOS EM NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - RÉU
CONDENADO PELA PRÁTICA DO CRIME DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ARTIGO 306 DO CTB)-
PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE PROVA DA EMBRIAGUEZ, POR NÃO PREENCHER O
INSTRUMENTO DE ETILÔMETRO OS REQUISITOS LEGAIS - DISTINÇÃO ENTRE CALIBRAÇÃO E
VERIFICAÇÃO - PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL - INSTRUMENTO PERFEITAMENTE APTO À
REALIZAÇÃO DO EXAME, VEZ QUE SUBMETIDO À VERIFICAÇÃO EM PRAZO INFERIOR A UM ANO,
NOS TERMOS DA RESOLUÇÃO Nº. 206/2006, DO CONTRAN, E DA PORTARIA Nº. 06/2002, DO
INMETRO.RECURSO DESPROVIDO (TJPR - 2ª C. Criminal - AC - 1235708-5 - Foro Regional de São José
dos Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Roberto De Vicente - Unânime - -
J. 20.11.2014).

No caso em tela o denunciado, soprou por 3 vezes o instrumento de etilômetro, nas duas

primeiras não registrou teor alcoólico e somente na terceira registrou 0.97 mg/L.

Portanto Excelência, é clarividente que que este equipamento não esteja calibrado ou seja: não

está apito para realizar o teste com precisão.

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A única prova que tem nos autos foi realizada por este equipamento. supostamente constado
que ele estava conduzindo veículo, após ter consumido uma pequena quantidade de bebida
alcoólica (sequer comprovada nos autos).

O Denunciado se encontra processado como incurso nas penas do artigo 306, caput do

Código de Trânsito Brasileiro

Consoante já exposto, bem como será devidamente demonstrado, o Denunciado não

praticou os crimes a ele imputado.

Dessa forma, por falta prova especifica, pois a única prova nos autos foi trazida pelo

instrumento que não tem confirmação que está apto para uso. E tem indícios que NÃO estava

apto, e que o denunciado foi induzido pelos próprios policiais que o conduzi-o. Sem provas

específicas quanto à autoria do delito e pelo princípio da presunção de inocência, o Denunciado

entende que a decisão mais acertada no caso em voga é a absolvição do mesmo.

5– PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Isto posto, requer que seja aplicado o Art. 386, VI do Código de Processo

Penal, para fins de absolver o denunciado, diante da existência de circunstâncias que excluem o

crime e isentam o réu da pena e consequentemente a aplicação do Art. 306, do Código de Trânsito

Brasileiro.

Em caso de não absolvição sumaria, que seja a remessa dos autos para o

Ministério Público a fim de que seja oportunizado ao acusado a aceitação de acordo de não

persecução penal, devendo, posteriormente, ser designada audiência admonitória para esse fim;

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Não sendo oferecido o citado instituto despenalizador, requer a designação

de AIJ para a produção de provas por todos os meios admitidos em direito e, posteriormente, seja

proferida sentença absolutória consoante os artigos 386, III, VI e VII, do CPP

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admissíveis.

Respeitosamente, pede deferimento.

Dom expedito Lopes-PI , 08 de março de 2022.

DR. ÁQUILA GONÇALVES ARAÚJO


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DOCUMENTOS EM ANEXO:

01- CERTIDÃO NEGATIVA CRIMINAL

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