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Essas ideias, com efeito, não podem deixar de nos remeter a Schiller, outro autor

de monta fundamental para as reflexões de Nietzsche sobre a relação entre Natureza e


Cultura nos termos que temos apresentado até aqui. “o mundo estético não é apenas um
campo de exercício para o refinamento e enobrecimento dos sentimentos, mas o lugar
onde o homem se torna explicitamente aquilo que ele sempre é implicitamente: um homo
ludens” p.43 Schiller insinua que toda a civilização está em jogo [Spiel] que transforma
uma série de ações sérias em ações lúdicas que possibilitam um trato distanciando com
eles. O caminho da Natureza para a cultura passa pelo jogo: os impulsos sexuais rudes
são espiritualizados pelo jogo erótico que se apraz nas suas próprios lances, o medo da
morte perde também algo de sua força subjugadora, como defende a propósito do arte
sublime que joga com as forças titânicas da natureza nos que ameaçam com suas forças
irresistíveis

Empédocles: “apenas pelo igual o igual é reconhecido; apenas a natureza pode entender
a si mesma; apenas a natureza pode aprofundar-se em si. E também apenas pelo espírito
o espírito é compreendido” p.298
“A fantasia, conseguintemente, amplia o círculo de visão do gênio para além dos
objetos que se oferecem na efetividade à sua pessoa, em termos tanto de qualidade quanto
de quantidade”

44; na própria natureza queremos ver a natureza livre. 10, 60. Falamos da bela, risonha,
florida, gentil ou da natureza desolada, selvagem, áspera, da vida ou do resto da mesma,
de modo que aqui participam os conceitos de poder criador e a forma e o tipo criados e
novamente à personificação da natureza que nos cerca, pensada como um todo: se
lembrarmos da bela natureza que cercava os antigos gregos. Schiller 10, 442;

die ländliche, landschaftliche natur. Schiller 5, 161. 10, 237. 244; in der natur selbst
wollen wir freie natur ... sehen. 10, 60. wir sprechen von der schönen, lachenden,
blühenden, sanften oder von der öden, wilden, rauhen natur, vom leben oder vom ruhen
derselben, so dasz hier die begriffe der schöpferischen kraft und der angeschaffenen
gestalt und art mitwirken und wieder zur personification der als ein ganzes gedachten,
uns umgebenden natur führen: wenn man sich der schönen natur erinnert, welche die alten
Griechen umgab. Schiller 10, 442

A arte perfeita não consiste em retratar a natureza em geral, ou este e aquele tipo de
natureza, mas a natureza formada em sua força e plenitude, a natureza elevada, bela, a
mais nobre e a mais bela.

“A mesma ânsia que faz a arte ser, como complemento e aperfeiçoamento [Vollendung]
da existência que incita a continuar vivendo, também deu origem ao mundo olímpico, no
qual a "vontade" helênica ergueu um espelho transfigurador. Assim os deuses justificam
a vida humana vivendo-a eles mesmos – a única teodiceia suficiente!” (O Nascimento da
Tragédia, §3)

“Se (...) olharmos para o curso da Natureza nas gerações entre nós, observamos como passo a passo a
Escultora descarta o ignóbil e atenua a necessidade e como, em vez disso, cultiva o espiritual (...). Basta-
nos que todas as transformações que observamos nos reinos inferiores da natureza sejam aperfeiçoamentos,
e que, portanto, nos insinuem o aspecto de um mundo que por causas superiores seríamos incapazes de
olhar. A flor se oferece ao nosso olhar primeiro como broto seminal, depois como germe; o germe torna-se
um botão e só então a flor se abre, que em efeitos finais e transformações semelhantes existem em várias
criaturas, entre as quais a borboleta quando passa à categoria de símbolo. Veja como a lagarta rasteja,
cedendo a um instinto bruto de saciar sua fome; sua hora chega e um cansaço mortal toma conta dela; torna-
se rígida, enrola-se em si mesma, já tem em si a trama de seu sudário e em parte os órgãos de sua nova
existência. Então seus anéis atuam e as forças orgânicas internas são colocadas em tensão. A transformação
funciona lentamente no início e parece destruição; dez pernas permanecem na pele derramada, e a nova
criatura ainda tem membros sem forma. Pouco a pouco estes se formam e adquirem sua aparência normal;
mas a criatura não acorda até que exista plenamente; agora ela abre caminho para a luz, e o desenvolvimento
final ocorre ligeiro. Em poucos minutos, as asas delicadas aumentam cinco vezes o tamanho que tinham
sob o manto da morte; elas são dotadas de força elástica e de todo o esplendor dos raios que podem estar
sob este sol, numerosas e grandes para carregar a criatura como nas asas de Zéfiro. Toda sua estrutura foi
modificada; em vez das folhas ásperas para as quais foi formada antes, agora desfruta do néctar no cálice
dourado das flores; sua finalidade mudou: em vez do instinto grosseiro de se alimentar, agora serve a um
mais requintado: ao amor”.

“Exigimos que os alunos, para serem considerados maduros, tenham lido a) todo o Homero b) três obras
dos poetas trágicos c) um maior número de trechos selecionados de diálogos platônicos d) também trechos
selecionados de Tucídides, Heródoto e de Xenofonte e) Discursos de Lísias ou Demóstenes Esta lista refere-
se não só à escola mas também à leitura privada dos alunos.” (BVN-1875,456a — Brief AN
Erziehungsbehörde Basel: 24/06/1875.

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