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PROVÉRBIOS 8:22-24
Curitiba 2018
DIEGO FERREIRA HELEODORO
FATESUL
PROVÉRBIOS 8:22-24
2. Delimitação da Perícope
O texto de Provérbios 8.22-31 pertence ao bloco dos primeiros capítulos do livro
(1.9). Nesse bloco se destacam dois temas: a educação do povo orientado pelo
temor de Yave (1.7) e a sabedoria personificada. Neste trabalho vamos nos
concentrar principalmente nos versículos de 22 a 24 onde Salomão compõe
interessante alegoria para descrever a excelência da sabedoria. Em linguagem
figurada, descreve o surgimento da sabedoria, sua antigüidade inescrutável, sua
participação na criação e seu valor inapreciável.
3. Tradução
ZI¦[@¤X s f sg ct no princípio de
M£C£W s m sg ct antes de
23
:U£X¡@ s f sg a terra
24
Z]N«D¥x s m pl abismos
Z]P¡I¥R¢N s m pl fontes
:M¦I¡N s m pl águas
4. Tradução literal do texto
Senhor me possuía, no princípio do caminho dele antes de suas obras mais
antigas de longo tempo fui estabelecida de início de antes de a terra antes de
haver abismos eu fui gerado em dores antes de haver fontes as que são
carregadas de águas Provérbios 8:22-24
7. Análise Histórica
Tradicionalmente Salomão foi o autor ou compilador dos capítulos de um a vinte
e quatro e autor dos capítulos de vinte e cinco a vinte e nove, compilados pelos
homens de Ezequias. A data provável de compilação do livro está entre 950 a
700 a.C. Embora críticos liberais achem que o livro de Provérbios foi compilado
após o exílio, e atribuam a coleção a outras pessoas, não há motivo para rejeitar
o ponto de vista tradicional de que foi Salomão quem reuniu ou escreveu os
capítulos 1-24. Nesse caso na metade do seu reinado aproximadamente 950
a.C, e aproximadamente 725-700 a.C para os últimos capítulos, 25-31.
Esse tipo de literatura era comum na maioria das nações antigas, como
Babilônia, o Egito Edom e a Fenícia. Todas tínhamos seus “homens sábios”. O
homem sábio de Israel, Salomão, foi o mais sábio de todos, conforme
reconhecimento da Rainha de Sabá (1 Reis 4:34, 10:6-7), e pessoas de todas
as nações vinham abeberar-se nos seus ensinos. Diz-se que Salomão proferiu
3000 provérbios em muitos campos de ciência, muito mais do que os 800
incluídos no Livro de Provérbios
Os nomes de Salomão e Ezequias, como compiladores sugerem que os
provérbios surgiram em época de reavivamento e interesse espiritual. O início
do reinado de Salomão foi caracterizado pela dedicação espiritual e os dias de
Ezequias por uma época de novo despertamento religioso em Judá depois de
grande idolatria. Os provérbios não eram apenas reflexões práticas para fruir boa
vida, mas sabedoria pra viver no “temor do Senhor”. Os termos “justo” e “justiça”
são usados mais de quarenta vezes no livro de Provérbios, mais do que em
qualquer outro livro, com exceção de Salmos. É possível que Ezequias tenha
enfatizado para o povo o seguinte provérbio: “ A justiça exalta as nações, mas o
pecado é o opróbio dos povos” (14:34)
9. Analise teológica
A sabedoria tem diversas formas. O Livro de Provérbios usa três termos para
distingui-las, embora deixe bem claro que elas se relacionam entre si: a.
"Sabedoria" (Chokhmah). Usado quarenta e sete vezes: 1:2, 7, 20 etc. Esse
termo expressa um discernimento moral entre o bem e o mal, entre o certo e o
errado. Aplica-se também à prudência secular em negócios. "Entendimento"
(Binah). Usado cinqüenta e três vezes em diversas formas: 1:2, 5; 2:2, 3 etc.
Significa uma habilidade para discernir entre a verdade e o erro ou entre a
realidade e a ficção. É a faculdade de perceber com objetividade valores de
longo alcance contra os interesses momentâneos de pôr a vida em ordem.
"Verdadeira Sabedoria" (Tushiyyah). Usado apenas três vezes: 2:7; 3:21; 8:14.
Significa um discernimento espiritual ou divino da verdade, desenvolvido por um
longo conhecimento da Palavra de Deus. É a habilidade de considerar a vida a
partir da perspectiva divina ou colocar princípios divinos nos hábitos diários.
O poema, 8.22-31, apresenta a sabedoria associada ao Senhor como Criador e
Sustentador do mundo; porém, em vez de ser o instrumento que realizou essa
criação, a sabedoria é personificada como companheira do Senhor ao longo de
todo o seu processo criador. A literatura sapiencial está unida ao restante do
cânon do Antigo Testamento pela ênfase na criação. Como Zimmerli propôs na
sua frase clássica e frequentemente citada: “A sabedoria pensa resolutamente
dentro da estrutura da teologia da criação”. Vemos esta relação de vários modos.
Primeiro, a sabedoria, está envolvida na busca do homem por ordem (ou
regularidade e propósito) no reino natural e na experiência humana. Ser bem-
sucedido em enfrentar a realidade (ou seja, ser sábio) envolve (1) ver o desígnio
que Deus colocou no reino criado e (2) viver de acordo com esse desígnio. Por
exemplo, muitos provérbios estão baseados em observações dos fenômenos
múltiplos da natureza e nas complexidades da experiência humana. Esses
provérbios enunciam verdades gerais baseadas nessas observações. Notar os
padrões na criação de Deus tornou possível a formulação de provérbios.
Segundo, o mundo veio à existência pela sabedoria de Deus. “O Senhor, com
sabedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteligência. Pelo seu
conhecimento, se fenderam os abismos, e as nuvens destilam o orvalho” (Pv
3.19,20). (Cf. SI 104.24: “O Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as
coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas”). Em
Provérbios 8, a sabedoria é personificada como estando com Deus na hora da
cria Esse poema acerca da criação visa mostrar a autoridade da sabedoria que
Salomão recebeu de Deus.
I¦P¡P¡W (qanah) me possuía. Em qanah observa-se uma raiz que denota uma
aquisição comercial e financeira de bens materiais (à exceção de alguns usos
em Provérbios, em que a sabedoria é adquirida: 4.5, 7; etc.) e outra que denota
“criação” por Deus. "A referência aqui não é que a Sabedoria foi o primeiro ser
criado, pois a sabedoria de Deus certamente é inseparável dEle; pelo contrário,
devemos entender por isso que a Sabedoria estava com Ele desde toda a
eternidade". Ela é um atributo de Deus que recebeu expressão tanto na criação
como na redenção. Neste capitulo, a sabedoria foi personificada para conseguir
um efeito poético. Os atributos de Deus são eternos, pelo que a figura da
sabedoria vem desde o "início"
Alguns têm buscado aqui nessa passagem apoio para a ideia de que houve um
tempo em que Cristo não existia, e que Ele fora criado, ou gerado pelo Pai como
o princípio de Sua obra em estabelecer um Universo ordenado e habitado. São
incabíveis conclusões dogmáticas extraídas de passagens figurativas e
parabólicas. Mas esse texto faz referência a Cristo apenas de modo indireto. O
objetivo do livro é apresentar a sabedoria e seus grandes benefícios,
apresentação que chega ao seu ponto mais alto nos capítulos 8-9, onde os
benefícios são sintetizados. Em monólogo dramático, a "sabedoria" declara a
sua associação eterna com o Senhor, especialmente na obra da criação. Esse
discurso não é basicamente cristológico, mas demonstra que a sabedoria
exaltada no livro é a mesma pela qual Deus age. Adquirir e aplicar essa
sabedoria pode preparar uma pessoa para ser usada por Deus em grandiosa
obra. O Novo Testamento lembra-nos, porém, que Cristo é a "sabedoria de
Deus" (1 Corintios 1:24, 30; Colossenses 2:3) e aquele "em quem todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento" estão ocultos. Muitas das
caracterizações da sabedoria em Provérbios 8:22-31 têm extraordinárias
semelhanças cristológicas.
Entendemos melhor as palavras de Jesus: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e
da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as
revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”. (Lc 10, 21)
Quando lembramos que conhecimento e sabedoria não são a mesma coisa, Um
cristão sem instrução formal pode ser superior em sabedoria a um erudito. O
conhecimento é adquirido pelo estudo, mas a sabedoria resulta de uma
compreensão coisas espirituais. Aquele é teórico, enquanto que esta é prática,
tornando o conhecimento subserviente a algum propósito específico de assuntos
pertencentes a esta vida, mas no sentido mais elevado, é a aceitação teórica e
prática da revelação divina. Jesus louvou o Pai e exultou no Espírito quando os
seus discípulos enxergaram” as maravilhas que ocorreram quando eles saíram
anunciando o Reino. “Felizes os olhos que veem o que vós vedes!” Quando nos
dispomos a divulgar o Reino dos Céus aqui na terra, é sinal de que ele já está
acontecendo na nossa vida e, na medida em que nós nos abrimos, mais e mais
nós vamos experimentando a alegria e a felicidade interior. O Pai se dá a
conhecer através da revelação do Filho e quanto mais nós conhecermos a Jesus,
mais nós teremos comunhão com Deus Pai e assim estaremos vivendo a
felicidade tão almejada.
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