Você está na página 1de 90

.

UMA AVENTURA
LOGARíTMICA
CELSO AGOSTINHO M. ·DE OLIVEIRÃ
. I
F
I) . I

UMA AVENTUR. LOGARfrMlCA


\
"
C!hestudo dos logaritmos é de grande Importlnçia na ijlda
prátlc'. O tlominio dos logaritmos é- fundamental para a com re-
enslo de uma série de probleJ:l'las da vida cotidiana. O' A tor
mostra-nos, de forma divertida e originai, como funcionam os
logaritmos e para que eles . servem. Costuma-se gostar daq~1I0
que se compreende e o estudo motivado pela compreensãQ é
bem mais proveitoso. I
. Em' vEÍz de nos aprê'sentar • mais uma tábua de logaritmos·,
o Prof. Celso Agostinho de Oliveira n08 brindou com uma Qbra
que, temos certeza, cairá no agrado dos estudantes de ;.te-
mátlca. Partindo de um problema comum, o Autor nos leva0
raclocfnlo matemático de forma clara e intuitiva. fazendo om
que o leitor domine o assunto e saiba manusear, co{1sciente-
mente, uma tábua de logaritmos.
A seqüência dos diálogos, em linguagem escorreita, a) su-
ces8l0 de dlflculdadtHI que vãO sendo superadas pelos cinco
amigos levam o leitor a oompr"nder e a se Interessar pela
matéria. ; I I
. ·Ensl~r Q[lncandÓ".; parece o lema Que norteou o trabalho
do Autor. "em por Isso a parte técnica fpl posta de lado. ~ar
de nlo ter sido utilizada a Instrução programada, a pbra vai
num crescendo de dificuldades com as respectivas eXPIIC8ÇrS.
Para melhor ' fixação da matéria, existem os exercfaos ra
resolução, todos com as respectivas re~postas. !
As tabelas financeiras na~a mais são que liplicaçõe• . de
logaritmos; e não há nada malst utillzado: hoje em dia que .sas
tabelas. Conforme ficou demone~ado no. deoorrer da hls*'rla,
as ftlbelas podem ser 8ubstituíd~ pelos logaritmos e os 10tl~rlt­
mos podem ser calculados dispensanoo-se o manuseio das tá-
buas, através do cálculo por composição. A"m de útil, o livro
é atual e pode ser considerado como o alicerce de toda a Mate-
mática Financeira. Não temos dúvidas em afirmar que a pres,nte
obra terá um lugar garantido na estante de todos aqueles que
se Interessam pelo estudo da Matemática, e a sua utilidade prá'
tlca se estende aos homens de negócio ' e de todos aquetes
que desejarem, compreender o cálculo financeiro, tão difun~ldo
entre nós ultimamente.
Feitas estas considerações, esperamos que o leitor p~8a,
em última análise, divertir-se ' com Antonio, Bento, Carlos,
Daniel e Eduardo na fazenda. participando daquela • aven ra
logar~mica· .

.,
UMA AVEMIURA LOGARíTMICA
De como cinco rapazes de férias numa
fazenda resolvem um problema de cálculo
da prestação de um terreno através dos
LOGARITMOS

CELSO AGOSTINHO DE OLIVEIRA

Inclui:
15 problemas resolvidos
100 problemas propostos

EDITORA FUNDO DE CULTURA


RIO DE JANEIRO
Primeira edição: 1972

\ I
I .

Copyright © by
C. A. MARTINS DE OLIVEIRA

Contratados todos os direitos de


publicação, total ou parcial, pela
EDITORA FUNDO DE CULTURA S.A.
Rua das Laranjeiras, 567
RIO DE JANEIRO - BRASIL
PLANO DA OBRA

1. Projetos sobre a Compra de um Sítio

2. Os Primeiros Contatos com os Logaritmos


3. Procura-se um Logaritmo

4. Aprendendo a Manejar os Logaritmos

5. Aprendendo a Fazer a Interpolação

6. Um Auxiliar Prestimoso dos Logaritmos

7. Outro Tipo de Interpolação

8. As "Partes Proporcionais" Cumprem sua Função

9. Aprendendo a Mudar o Sistema de um Logaritmo

PARTE TEÓRICA

Logaritmos

Conceito Algébrico
Conceito aritmético
Propriedades Gerais
Cologaritmos
Sistema Decimal
Mudança de Sistema
Logaritmos Neperianos
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
1NDICE

1. Projetos sobre a Compra de um Sítio 9


2. Os Primeiros Cont atos com os Logaritmos ... .. . .. ........ 13
3. Procura-se um Logaritmo . . ... .. . .... .. . ....... . . . . ... . ... . . 23
4. Aprendendo a Manejar os Logaritmos ............ .. .... . .. . . . 29
5. Aprendendo a Fazer a In:t erpolação . .... .. . ... .... .. . ... .... 35
6. Um Aux iliar Prestimoso dos Logaritmos ...................... 43
7. Outro Tipo de Interpolação . ..... . ........ ...... . . .. . ..... . . 51
8. As " Partes Proporcionais" Cumprem sua Função ... . ....... . 57
9. Aprendendo a Mudar o Sistema de um Logaritmo .. . .. ... . . . . 63

PARTE TEóRICA

Logaritmos 73
Sistema Decimal de Logaritmos .. . ..... . .. ................. . 75
Logaritmos Neperianos 77
Exercícios Resolvidos .. .. . .................. . ... . .. . ..... . . . 77
Exercícios Propostos . ....... .. . . ..... ... . .. . .. . . .......... . . 84
Tábua de Logaritmos . .... . .. . .. . ........ .. ..... . ............ 91
1

Projetos sobre a Compra de um Sítio

Quem leu o volume Análise Combinatória, sabe que dei-


xamos cinco jovens amigos de férias numa fazenda. Tudo
transcorria às mil maravilhas e o estudo de análise combina-
tória tinha sido bastante proveitoso. Poucos dias antes do
término das férias aconteceu um fato que veio despertar a
curiosidade dos nossos rapazes.
Durante algumas horas Antonio esteve afastado do grupo
sem que ninguém soubesse do seu paradeiro. A tarde ele apare-
ceu, com as botas sujas de terra, suado, mas muito alegre.
Acenou para os quatro amigos e atirou-se na primeira cadeira
que encontrou vazia à beira da piscina natural. Bento, Carlos,
Daniel e Eduardo se aproximaram.
- O que é que houve? você sumiu de repente.
- Estive dando umas voltas a cavalo por aí. Visitei alguns
sítios aqui da redondeza. São espetaculares . . .
Uma garçonete ia passando e Antonio pediu-lhe uísque
com gelo.
- É só por isso que você está alegre?
Não, não é só por isso; é que um deles está à venda.
- Não vai me dizer que você vai comprar o sítio!
- Eu não, mas meu pai talvez se interesse.
Antonio passou o lenço pela testa suada. Descalçou as
botas e esticou as pernas.
- É grande? perguntou Carlos.
- É, sim. Tem uma casa confortável e uma nascente
muito boa. Luz elétrica, plantações, árvores frutíferas e área
de aproximadamente dez mil metros quadrados.
- É grande mesmo.
10 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

A garçonete trouxe o uísque e o colocou na mesinha de


madeira.
- Quanto custa? perguntou Carlos a Antonio, que mexia
o gelo do copo com o dedo.
- Cento e vinte mil cruzeiros à vista, ou em cinco anos
pela tabela Price. Dinheiro "batido" eu sei que o "velho" não
pode dar, mas se a prestação não for alta talvez ele se inte·
resse.
- É só fazer a conta, disse Daniel. Qual a taxa?
- Um e meio por cento ao mês. Alguém tem idéia de
quanto seja a prestação?
- Eduardo, isso é com você, disse Carlos.
- Só consultando a tabela Price.
- Será que aqui na fazenda tem uma?
- Temos que saber com o gerente, disse Bento. Eu vou lá.
E deu uma corrida até a gerência. Antonio bebericava o seu
uísque e os outros apreciavam as pessoas que se banhavam
alegremente na piscina de água corrente. Em poucos minutos
Bento voltou:
- Não tem. Ele disse que aqui só tem romance na biblio-
teca.
- Você sabe como se pode calcular isso, Eduardo?
- Sei. A fórmula é a seguinte.
E anotou num pedaço de papel:

o que é que significam essas letras?


- "P" é a prestação; "D" é a dívida total; "i" é a taxa
mensal centesimal e "n" é o número de meses. Compreendido?
Perfeitamente. Então numericamente o negócio fica
assim:

P = 12000000 X 0,015 (1 + 0,015)60


. , (1 + 0,015)60 - 1

- Exatamente.
UMA A VENTURA LOGARÍTMICA 11

- Ah! então a coisa é fácil, retrucou Antonio.


- Não é tão fácil assim como você pensa. Repare que há
uma potência de índice elevado. Você vai ter que multiplicar
1,015 por 1,015 sessenta vezes. Que tal?
- Epa! Essa agora não estava no meu programa. Se eu
for fazer esse cálculo na ponta do lápis, não vai haver papel
que chegue.
- Nós dividimos as tarefas, argumentou Daniel.
- Não adianta. O trabalho ainda assim vai ser exaustivo
e não compensa.
- Não existe uma maneira prática de se resolver isto?
perguntou Bento a Eduardo.
Existe, sim.
Ora, então nos diga qual é.
Logaritmos.
Logaritmos?! admirou-se Antônio.
Exatamente. Logaritmos, confirmou Eduardo.
Engraçado! eu sempre pensei que logaritmo fosse um
negócio chatérrimo, sem nenhuma utilidade prática!
- Pois está redondamente enganado. Os logaritmos sim-
plificam extraordinariamente os cálculos e têm grande utilidade
prática. Nesse caso, por exemplo, resolvemos o problema com
uma simples continha de multiplicar.
- Me custa até a crer que isto seja verdade!
Bento fez a proposta:
- Que tal se a gente aprendesse esse negócio de loga-
ritmos? Não se tem mesmo o que fazer . . .
- É uma boa idéia, acrescentou Antonio.
- Você topa nos ensinar, Eduardo?
Perfeitamente. Primeiro tenho que ver se trouxe as
tábuas.
Sem essas "tábuas" não se pode fazer nada?
Sem elas pode-se aprender o que seja logaritmo, mas
não se pode resolver nenhum problema.
- Então vamos lá em cima ver se você as trouxe. Con-
forme for, a gente começa agora mesmo o estudo. Vo'cês topam?
- Claro que topamos.
Os cinco amigos subiram para iniciarem uma "aventura lo-
garítmica", como eles próprios apelidaram. Acompanhemo-los,
leitor amigo.
2

Os Primeiros Contatos com os Logaritmos

Enquanto Eduardo procurava as tábuas na mala, Antonio


tomou um bom banho. Felizmente o livro lá estava: era um
tomo pequeno, fino, cheio de números. Antonio acabou de se
enxugar e todos se preparavam para aprender logaritmos.
Eduardo colocou o livro sobre a mesa enquanto os demais
apreciavam. Dirigindo-se aos quatro perguntou:
- Vocês sabem para que servem os logaritmos?
- Você já disse que é para simplificar os cálculos.
- Mas vocês imaginam como possa ser essa simplifica-
ção?
Ninguém sabia. Eduardo continuou:
- Então vamos começar explicando o que seja logaritmos
e como eles funcionam.
Antonio, Bento, Daniel e Carlos cravaram os olhos no
colega, que começou a explicar:
- Quando eu comparo duas progressões, uma geométrica
e outra aritmética, que se correspondem termo a termo, tenho o
que se ,c hama um "sistema de logaritmos". A progressão geo-
métrica representa os números e a aritmética, os logaritmos
desses números.
E escreveu:
números 1 2 4 8 16 32 64 128 256
logaritmos O 123 456 7 8
- Quer dizer que sempre que eu comparo uma progressão
geométrica e uma progressão aritmética tenho um sistema de
logaritmos? perguntou Bento.
- Sim, desde que haja uma condição fundamental ...
14 UMA A VENTURA LOGARíTMICA

- Essa condição eu sei: é que a progressão geométrica


comece por um e a aritmética comece por zero.
Todos se admiraram da sabedoria de Daniel. No entanto,
Eduardo contestou:
- Não é bem assim.
- Como não?! Meu professor de matemâti<:a ensinou
assim.
Não. Você não entendeu bem a explicação dele. O que
ele deve ter dito é que ao termo um da progressão geométrica
corresponda o termo zero da progressão aritmética.
- Ora essa! E não dâ no mesmo?
- Não, senhor. Daqui a pouco nós vamos ver que ambas
as progressões podem ser prolongadas para a esquerda indefi-
nidamente. Logo, elas não têm princípio nem fim.
Daniel se conformou com a explicação.
- Diz-se que o sistema de logaritmos é de base dois por-
que ao termo um da progressão aritmética corresponde o
termo dois da geométrica. Essa progressão geométrica tem dois
como razão. Vocês se lembram o que seja "razão" de uma pro-
gressão geométrica?
- ~ um número fixo que se multiplica cada termo para
obter o seguinte.
- Exato; é isso mesmo. Mas como eu ia dizendo, nós po-
demos fazer uma infinidade de sistemas de logaritmos. Vejam
só:
1 3 9 27 81 243 729 2187
O 1 2 3 4 5 6 7

- Essa é de base três, disse Carlos, porque ao termo um


da progressão aritmética corresponde o termo três da geomé-
trica.
- Perfeito. Vejamos agora como funcionam os logaritmos:
eles transformam a multiplicação em soma; a divisão em subtra-
ção; a potenciação em multiplicação e a radiciação em divisão.
Para trabalharmos com os logaritmos temos que saber de cor
essas quatro propriedades.
Os outros quatro fixaram a atenção e procuraram gravar
aquelas palavras.
UMA A VENTURA LQGARITMICA 15

- Vamos supor que eu quisesse saber o seguinte:


Eduardo escreveu:

x = 27 X 81

Utilizando o sistema de base três e baseado na proprie-


dade que acabamos de aprender, dizemos que logaritmo de
x é igual ao logaritmo de 27 mais o logaritmo de 81. Con-
sultando as progressões, descobrimos:

logaritmo de x 3 + 4

logo, logaritmo de x 7

- "É fácil verificar que 7 é o logaritmo de 2187. Logo,


27 X 81 = 2187. Aí está a conta feita de modo extremamente
simplificado através de logaritmos.
Antônio não se conteve e foi conferir o resultado fazendo
a conta.
- É. O negócio funciona mesmo!
- Agora vamos fazer uma conta de dividir: x = 729 7 81.
Aplicando ainda o sistema de base três, dizemos:

log x = log 729 .,....... log 81


log x 6-4
log x = 2

E dois é o logaritmo do número nove. Logo, 729 7 81 = 9.


- Curioso!
- Para terminar, vamos calcular a raiz quadrada do nú-
mero 729. Uma propriedade dos logaritmos nos diz que o loga-
ritmo da raiz de um número é igual ao logaritmo do radicando
dividido pelo índice da raiz. Se a raiz é quadrada o seu índice
é dois. O logaritmo da raiz é igual ao logaritmo de 729 dividido
por 2. O logaritmo de 729 é 6.

6
log x = -
2

log x = 3
16 UMA A VENTURA LOGARITMICA

E três é o logaritmo do número vinte e sete. Podemos afirmar


que a raiz quadrada de 729 é 27.
- Quer dizer que através dos logaritmos a gente acha a
raiz de qualquer índice?
- Exato. Você quer outro exemplo? Seja calcular a raiz
quinta de duzentos e quarenta e três.

Bento tomou a iniciativa. Pegou o lápis e raciocinou alto:


- No caso, o logaritmo da raiz é igual ao logaritmo de
duzentos e quarenta e três dividido por cinco, que é o índice. O
logaritmo de duzentos e quarenta e três está aqui: .é cinco.

5
- = 1
5

- Um é o logaritmo do número três. Logo, a raiz quinta


de duzentos e quarenta e três é três.

~243 = 3
- É fácil! disse Carlos.
- Nós podemos escrever a progressão geométrica da se-
guinte maneira:

números 1 3 32
logaritmos O 1 2

- O que é que vocês deduzem daí? perguntou Eduardo.


Durante alguns segundos os quatro ficaram com os olhos
fixos no papel. Foi Bento quem respondeu:
O logaritmo é igual ao índice.
- Está certa, porém incompleta a sua observação.
- Como é que se diz, então?
- Logaritmo de um número é o expoente da potência a
que se deve elevar um número fixo, chámado base, para repro-
duzir o número dado.
- É muito complicada essa definição, afirmou Carlos.
UMA A VENTURA LOGARíTMICA 17

- Não é tão complicada assim. Veja bem: se eu quiser


saber o logaritmo de oitenta e um na base três, tenho que fazer,
de acordo com a definição:
81 = 3~

Decompondo oitenta e um em fatores primos, temos:

logo, x é igual a quatro. Conseqüentemente, o logaritmo de


oitenta e um na base três é quatro.
- Engraçado, é exatamente isso que está aqui nas pro-
gressões!
- Quer dizer, Eduardo, que se eu quiser saber o loga-
ritmo de qualquer número posso fazer essa igualdade? per-
guntou Antonio.
- Pode.
- Então o problema está resolvido. Se eu quiser saber,
por exemplo, o logaritmo de noventa, faço ...
Antonio tomou o lápis e ficou pensando. Todas as atenções
se voltaram para ele. Bento perguntou:
- É o sistema de base três que você vai usar?
- É. Usando o sistema de base três, faço

90 = 3x

Isso mesmo, acrescentou Eduardo. O valor de "x" nos


dará o logaritmo de noventa na base três.
Todos observaram em silêncio. Parece que Antonio não
sabia resolver aquela igualdade para achar o valor de "x".
Lembrou-se do procedimento de Eduardo no problema anterior
e decompôs n o v e n t a e m f a t o r e s primos. Achou:
90 = 2 X 3 X 3 X 5. Não dava certo. 3X = 32 X 2 X 5.
- Não sei como é que eu vou achar o valor de "x" no
caso, confessou por fim.
- Alguém pode-nos ajudar? perguntou Eduardo aos
demais.
Silêncio. Eduardo tomou a palavra:
18 UMA A VENTURA LOGARlTMICA

- Esse problema não tem solução prática. Para isso é que


existem as famosas "tábuas de logaritmos"~
- Ah! então é isso . . . resmungou Bento.
- Quer dizer que se a gente quiser saber o logaritmo de
um numero que não conste da progressão geométrica, tem que
recorrer a esse livrinho?
- Isso mesmo. Todos os logaritmos estão aqui tabelados.
Só possuem logaritmos inteiros as potências inteiras da base,
como estamos acabando de ver, explicou Eduardo.
Daniel olhou para as progressões e disse:

1 3 9 27 81 243 729 2187


O 1 2 3 4 5 6 7

- O numero noventa está situado entre oitenta e um e


duzentos e quarenta e três na progressão geométrica. Logo, o
seu logaritmo se acha entre quatro e cinco, isto é, é maior que
quatro mas menor que cinco.
Genial!!! :É isso mesmo, exclamou Eduardo. O logarit-
mo de noventa na base três será quatro vírgula qualquer
coisa.
- Vamos conferir nas tábuas, pediu Antonio.
- Não, não pode. As tábuas de logaritmos, na sua grande
maioria, são feitas na base dez e nós estamos trabalhando na
base três.
- Mas os problemas não podem ser resolvidos em qual-
quer base?
- Podem, sim, e nós vamos resolvê-los todos na base dez.
Esse negócio de base dois e base três é apenas o aperitivo.
- Então passemos à base dez porque nós já estamos com
apetite.
- Muito bem. Aqui temos uma tábua de logaritmos de-
cimais. Vejam aqui: qual o logaritmo de dez mil?
Bento consultou a página e disse:
- :É zero! Como ê que pode?
- Muito simples de explicar. Nos logaritmos de base dez
temos a seguinte progressão.
Eduardo escreveu no papel:
UMA A VENTURA LOGARíTMICA 19 .

números 1 10 100 1000 10000 100000


logaritmos Q 1 2 3 4 5

- Então a tábua está errada, Eduardo. O logaritmo de


dez mil é quatro e não zero como consta nela, afirmou Bento.
- Não está errada, não. Eu vou explicar o porquê. Nós
vimos ainda há pouco que o logaritmo de um número se compõe
de duas partes: uma inteira e outra decimal. Vocês se recor-·
dam que chegamos à conclusão de que o logaritmo de noventa
na base três é quatro vírgula qualquer coisa.
- Confere. Foi isso mesmo.
- Pois bem; nos logaritmos decimais é a mesma coisa.
Se eu quiser saber o logaritmo de duzentos e quarenta e três
na base dez, por exemplo, posso afirmar que ele é igual a dois
vírgula qualquer coisa.
- Espera aí. Deixa eu descobrir porque. E Antonio con-
sultou as progressões que Eduardo escrevera.
- Já sei. É porque duzentos e quarenta e três está con-
tido entre cem e mil. Logo o seu logaritmo está contido entre
dois e três. Vamos adiante.
- As tábuas só nos dão a parte decimal do logaritmo.
Como dez mil é uma potência inteira de dez, o seu logaritmo é
igual a 4,00000. Logo, nas tábuas só consta a parte decimal,
que é zero.
- Como é que a gente pode descobrir a parte inteira do
logaritmo, então? .
- Vamos devagar. A parte inteira do logaritmo chama-se
característica e. a parte decimal, mantissa.
- Quer dizer que as tábuas só nos dão a mantissa.
- Exatamente. Vamos ver como é que nós podemos des-
cobrir a característica. Analisemos mais uma vez o sistema de-
cimal:
números 1 10 100 1.000 10.000 100.000
logaritmos O 1 2 3 4 5

- Vejam bem, continuou Eduardo, que a característica


dos logaritmos dos números inteiros de um a nove é zero; de:
dez a noventa e nove é um; de cem a novecentos e noventa
20 UMA A VENTURA LOGARíTMICA

e nove é dois, e assim sucessivamente. Vamos ordenar este ra-


ciocínio:
De 1 a 9 .... . ... . ....... característica O
De 10 a 99 .. ..... ..... ... . característica 1
De 100 a 999 .... ..... .. . . . . . característica 2
De 1.000 a 9.999 .. . .. ...... . . .. . característica 3
De 10.000 a 99.999 .... ......... . .. característica 4

- Serã que podemos deduzir alguma regra da formação


da caraoterística? perguntou Eduardo aos demais.
Após breve silêncio, Carlos falou:
- Acho que sim. Querem ver uma coisa?
Tomou o lápis e anotou no papel:

Números de 1 algarismo . ... . ... característica O


Números de 2 algarismos · .. . .. . . característica 1
Números de 3 algarismos · ..... . . característica 2
Números de 4 algarismos ... . .. .. característica 3
Números de 5 algarismos · . . . . .. . característica 4

- Logo, continuou, a característica do logaritmo de um


número é igual ao número de algarismos desse número menos
uma unidade.
- Agora jã podemos fazer o cálculo da prestação? pergun-
tou Antonio.
- Calma, rapaz. Mobado come cru e insosso. Depois des-
sas explicações você vai ficar em condições de resolver não só
este mas outros quaisquer problemas, informou Eduardo.
- Bem, isso é verdade. Então toca p'ra frente.
- A conclusão de Carlos é verdadeira. A característica
do logaritmo de um número terã tantas unidades quantos forem
os algarismos da parte inteira do número menos uma unidade.
- Porque "parte inteira do número"?
- Quando estudarmos logaritmos dos números decimais
isso vai ficar claro. Então me respondam o seguinte: qual a
característica do logaritmo de 475?
UMA A VENTURA LOGARtTMICA 21

- Dois.
- E de 5.679?
- Três.
- E de 567,46?
- Dois.
- Exato, porque esse número tem três algarismos na sua
parte inteira. Agora então podemos aprender a manusear as
tábuas. Cheguem bem para cá.
Os outros quatro se acomodaram como puderam junto
à mesinha. Eduardo abriu o livro e começou a explicar.
3
Procura-se um Logaritmo
- Podemos usar as tábuas do número mil ao número dez
mil. Sabemos que o logaritmo de mil é 3,00000. O de dez mil
é 4,00000, continuou Eduardo. Daqui por diante, sempre que
falarmos em logaritmos subentende-se que sejam os decimais.
- Mas se a gente quiser saber o logaritmo dos números
menores que mil e maiores que dez mil?
- Calma, vamos por partes. Os logaritmos dos números
menores que mil são facílimos de achar. Nós acabamos de re-
cordar que o logaritmo de mil é 3,00000 e de dez mil é 4,00000.
Isto não serve de "pista"?
- A única coisa que eu pude reparar é que as mantissas
são iguais, disse Antonio.
- Exatamente; é isso mesmo. É fácil compreender que se
multiplicarmos ou dividirmos um número por dez ou potência
de dez, a mantissa do seu logaritmo não se altera, informou
Eduardo.
- Pode ser fácil para você, mas para mim não, exclamou
Bento.
- Pois eu lhe vou provar que é fácil para todo mundo. Te-
nha a bondade de efetuar a seguinte conta:

1500 + 100

- Ora bolas, Eduardo. Assim eu fico até ofendido. Dividir


mil e quinhentos por cem é coisa do 'c urso primário . . .
- Não, eu não estou querendo ofender ninguém. Quero
apenas que você entenda o uso das tábuas. Não quero que você
24 UMA A VENTURA LOGARíTMICA

decore mas sim entenda por que está fazendo cada cálculo. Fa-
çamos essa conta através dos logaritmos. Vejamos: qual é o
logaritmo de mil e quinhentos?
Bento tomou o livro e procurou. Os outros três assistiam
atentamente a todos os lances.
- Está aqui, disse Bento apontando com o dedo para
certo trecho da página. É 17609.
- Está incompleto o logaritmo. Isso é só a mantissa. E
a característica?
- A caraoterística no caso é três, disse Daniel.
Como Bento franzisse o cenho exprimindo dúvida, Carlos
explicou:
- Nós vimos ainda há pouco que a característica do lo-
garitmo de um número tem tantas unidades quantos forem
os algarismos desse número menos uma unidade, não se
lembra?
- Espera lá, anuiu Eduardo. Ela terá tantas unidades
quantos forem os algarismos do número em sua parte inteira,
. menos uma unidade.
- É verdade, eu tinha até esquecido esse detalhe.
- Então o logaritmo de mil e quinhentos é .. .
Bento anotou as próprias palavras:

3,17609

- Agora sim. Nós já vimos também que os logaritmos


transformam a divisão em subtração. O logaritmo da divisão
é igual ao logaritmo do dividendo menos o logaritmo do divisor.
Ora, nós já temos o logaritmo do dividendo e sabemos o do di-
visor. Pode fazer a subtração.
Bento tomou o papel e fez:

3,17609 - 2,00000 = 1,17609

- Alguém tem alguma coisa a dizer? perguntou Eduardo


aos quatro amigos.
UMA A VENTURA LOGARITMICA 25

- Bem, eu concluo que o logaritmo de quinze é 1,17609,


disse Antonio.
- Certo, é isso mesmo, confirmou Eduardo. Alguma outra
descoberta?
- Eu tenho. O logaritmo de mil e quinhentos e o de quin-
ze só diferem na característica. As mantissas são iguais.
- Perfeito! É isso mesmo. Você está vendo, Bento, como
foi fácil? Está convencido agora de que as mantissas não se
alteram quando dividimos ou multiplicamos os números por dez .
ou potência de dez?
- É, agora estou. Quer dizer que o logaritmo de cento e
cinqüenta é 2,17609?
- Exatamente. Com isso nós já aprendemos a achar os lo-
garitmos dos números menores que mil. Sabemos, por exemplo,
que a mantissa do logaritmo de 357 é a mesma do de 3.570; do
de 758 é a mesma do de 7.580, e assim sucessivamente.
- Bacaninha! Assim a gente economiza um bocado de
páginas ...
- Lógico. Não havia necessidade de serem tabelados os lo-
garitmos dos números menores que mil, não é mesmo?
- E os números maiores que dez mil, como se acham os
seus logaritmos?
- Calma, calma. Devagar com o andor que o santo é de
barro. Vamos fazer alguns probleminhas antes d~ passarmos
adiante. Vamos calcular por logaritmos o seguinte:
Eduardo escreveu no papel:

x = 21 X 458

Daniel se antecipou e tomou o lápis. Os outros acompa-


nhavam com toda a atenção.
- Nós sabemos que o logaritmo de "x" será igual ao
logaritmo de vinte e um mais o logaritmo de quatrocentos e
cinqüenta e oito.
E anotou:
log x = log 21 + log 458

- É isso mesmo, confirmou Carlos.


26 UMA A VENTURA LOGAR1TMICA

- Muito bem. O logaritmo de vinte e um tem caracterís-


tica um e o logaritmo de quatrocentos e cinqüenta e oito tem
característica dois. A mantissa de vinte e um é a mesma de dois
mil e cem e a mantissa de quatrocentos e cinqüenta e oito é a
mesma de quatro mil quinhentos e oitenta.
- ótimo, é isso mesmo.
Depois de consultar as tábuas, Daniel anotou:

log x 1,32222 + 2,66087


log x 3,98309

- Muito bem. Quantos algarismos tem o produto de vinte


e um por quatrocentos e cinqüenta e oito?
- Quatro, porque a característica do seu logaritmo é três,
respondeu Antônio.
- Ué! Essa você não ensinou, Eduardo.
- Como não?! Pois foi você mesmo, Carlos, quem anotou a
tabela das características baseadas no número de algarismos do
número. Agora é só fazer o inverso.
- É verdade. Que memória ...
- Já sabemos então que o logaritmo do produto é 3,98309.
Agora procuramos nas tábuas o número a que corresponde essa
mantissa, e temos o número procurado. Não esqueçam que as
mantissas também estão em ordem crescente.
Bento tomou o livrinho e passou a manuseá-lo sob as vis-
tas dos demais.
- Está aqui. A mantissa 98309 corresponde por aproxi-
mação ao número nove mil, seiscentos e dezoito.
Carlos anotou no papel:

21 X 458 = 9618

Daniel tomou o lápis e conferiu a conta.


Está certinho o resultado. Espetacular!
- Como é que pode! . . . Bacana!
- Quem é que inventou esse negócio de logaritmo? per-
guntou Antonio.
UMA A VENTURA LOGARtTMICA 27

- Foi um escossês chamado John Napier, que viveu de


1550 a 1617.
- Ah! logo vi. Naquele tempo os "caras" não tinham nada
p'ra fazer e viviam inventando coisas. Vai ver que esse cama-
rada não passeava, não ia a cinema, ~ão namorava, não fazia
nada. Só pensava em logaritmos. Vou-te contar ...
- Agora já podemos calcular a potência para achar a
prestação?
- Calma, rapaz. Ainda faltam alguns detalhes. Vamos
devagar.
A sineta anunciou a hora do jantar. Os nossos cinco amigos
fecharam as tábuas de logaritmos, guardaram os apontamentos
e se dirigiram ao refeitório.
4
Aprendendo a Manejar os Logaritmos
No dia seguinte o estudo recomeçou. Os papéis e os lápIS
foram colocados sobre a mesa. Daniel começou com uma per-
gunta:
- Me diz uma coisa, Eduardo; você disse que os logaritmos
transformam a multiplicação em soma; a divisão em subtração;
a potenciação em multiplicação e a radiciação em divisão.
- Correto, é isso mesmo.
- Ainda ontem nós pudemos verificar que isso é verdade.
Aquela multiplicação fei-t a através de logaritmos deu certinho.
Mas por que é que a multiplicação se transforma em soma, a
divisão em subtração etc. etc.?
- Muito simples. Nós já vimos que o logaritmo de um nú-
mero é o expoente a que se deve elevar um número chamado
base para reproduzir o número pedido. Como nós estamos
agora trabalhando exclusivamente com os logaritmos decimais,
isto é, de base dez, para acharmos o logaritmo de qualquer
número, de acordo com a definição de logaritmo, temos que
fazer ...
Eduardo anotou na folha de papel

IN = lO~ I
Diz-se que "x" é o logaritmo de "N" na base dez.
- Quer dizer que essa igualdade me dá o logaritmo de
qualquer número? perguntou Antonio.
30 UMA A VENTURA LOGARITMICA

- Exato. E nós já vimos isso ontem quando estávamos


trabalhando com o sistema de base três, quando você tentou
achar o logaritmo de noventa, explicou Eduardo.
Se eu quiser saber, por exemplo, o logaritmo de 42, faço

42 = 10~

Exatamente. Como esse cálculo é praticamente impossí-


vel, recorremos às tábuas. Vejam bem: o logaritmo de dois, por
exemplo, é 0,30103. Isso quer dizer que se fizermos dez elevado
à potência 0,30103 dá dois.

10°,30103 = 2
- Interessante! . .
- Muito bem, continuou Eduardo. Para responder à sua
pergunta, Daniel, temos que fazer uma pequena recordação so-
bre as principais propriedades das potências. Os logaritmos de-
cimais nada mais são que expoentes de potências, todas de base
dez, e para multiplicarmos potências da mesma base, conser-
va-se a base e somam-se os expoentes.
- Ah! agora é que eu estou começando a compreender.
Quando eu estudei logaritmos o meu professor não ensinou
nada disso, lamentou Carlos.
- Nem podia. No colégio os professores lutam com pro-
blema de tempo e não podem descer a minúcias. Eles se preo-
cupam em ensinar os assuntos de forma objetiva, disse
Eduardo.
- Mas quando a gente aprende o "porquê" das coisas tudo
fica mais claro. Eu, por exemplo, continuou Carlos, sempre
pensei que logaritmo fosse um negócio chato, difícil, e sem
nenhuma utilidade prática, que os professores empurravam em
cima da gente só para poder reprovar meio mundo. Mas agora
estou vendo que a coisa é fácil e até agradável.
- Ainda bem. Mas veja bem, Daniel. Nós vimos ontem
que o logaritmo de vinte e um é 1,32222 e o de quatrocentos e
cinqüenta e oito é 2,66087. Isso quer dizer que vinte e um é
igual a dez elevado a 1,32222 e quatrocentos e cinqüenta e oito
é igual a dez elevado a 2,66087.
UMA A VENTURA LOGARITMICA 31

Eduardo tomou o papel e anotou:

21 = 10 1,32222
458 = 102 ,66087

Logo, continuou, vinte e uma vezes quatrocentos e cin-


qüenta e oito é o mesmo que

10 1,32222 X 102 ,66087 = 103,98309.

- Para multiplicarmos potências da mesma base conser-


va-se a base e somam-se os expoentes, repetiu Bento. E pelas
tábuas sabemos que dez elevado a 3,98309 é igual a 9618. Vocês
entenderam como é que a coisa funciona?
- Justo. Está entendido.
- Perfeito. Então podemos dar um passo adiante. Vamos
ver como se acha o logaritmo dos números maiores que dez mil.
Observem aqui na tábua que existe uma coluna à direita da das
mantissas. Vejam bem.
Eduardo exibiu o livro para que todos examinassem melhor.
- São as diferenças tabulares, explIcou Carlos.
- O que é que significa "diferenças tabulares"? perguntou
Antonio.
- E a diferença entre duas mantissas consecutivas. E isso,
explicou Eduardo. Muito bem. Agora vamos supor que a gente
quisesse saber o logaritmo de . . .
Aqui Eduardo parou, fez uma pequena conta no papel e
não deixou que ninguém visse. Continuou:
- '" de 43.566. Ora, esse número, como nós sabemos,
não consta das tábuas. Para achar o seu logaritmo, coloca-se
uma vírgula até obtermos o maior número inteiro contido nas
tábuas. No caso será 4356,6.
- Quer dizer que o lado esquerdo da vírgula ficará sempre
o maior número existente nas tábuas? perguntou Antonio.
- Exato. De posse do novo número 4356,6, fazemos uma
interpolação linear para acharmos o logaritmo procurado.
32 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

- Epa, você agora atrapalhou tudo com esse negócio de


"interpolação linear". Que "bicho" é esse? perguntou Bento.
Eduardo riu. Esses apartes sempre quebravam a monotonia
e colocavam os cinco amigos sempre à vontade.
- Depois eu explico. Deixa-me terminar o raciocínio. Como
ia dizendo, esse novo número 4356,6 está contido entre 4356
e 4357. Vejam aqui no livro as mantissas de 4356 e 4357.

4357 63919
10 (diferença tabular)
4356 63909

- Agora a gente faz a seguinte regra de três: quando o


número aumenta uma unidade (de 4356 para 4357) a mantissa
aumenta 10 unidades; quando o número aumentar 0,6 unidade
(de 4356 para 4356,6) a mantissa aumentará "x" unidades.
Eduardo anotou no papel:

1 10

0,6 x

0,6 X 10
x =
1

x = 6

- Logo, a mantissa do logaritmo de 43566 será

63909
+ 6
63915
- A característica será quatro, porque ele tem cinco alga-
rismos, completou Antonio.
- Logo, o logaritmo de 43.566 é 4,63915, arrematou
Daniel.
- É isso mesmo, ,c oncluiu Eduardo. Foi difícil?
- Foi "mole" , disse Bento dando um beijo sonoro nas pon-
tas dos cinco dedos unidos.
UMA A VENTURA LOGARfTMICA 33

- O negócio é bacana. Estou gostando cada vez mais disso,


completou Daniel. Mas que conta misteriosa foi aquela que você
fez aí escondidinha?
- Apenas multipliquei cento e trinta e sete por trezentos
e dezoito, que dá 43.566, ou seja, o número que escolhi como
primeiro exemplq da interpolação.
- Podemos saber o porquê desse mistério todo?
- Eu explico: é apenas para confirmar nossos cálculos.
Nós podemos dizer que o logaritmo de 43.566 é igual ao loga-
ritmo de 137 mais o logaritmo de 318. Vamos ver se dá o mesmo
resultado.
Bento tomou o lápis e depois de consultar as tábuas
anotou:
log de 137 2,13672
log de 318 2,50243
log de 43.566 4,63915

- Igualzinho!!! admirou-se Carlos.


- Nem podia deixar de ser, disse Eduardo.
- Poxa! Bacana mesmo ... exclamou Bento. Como é que
pode?!
- Me diz uma coisa, Eduardo, pediu Antonio. Assim
sendo, não há necessidade de se fazer a interpolação. Basta mul-
tiplicar dois números que reproduzam aquele cujo logaritmo
nós queremos saber e pronto!
- Meu caro Antonio, a coisa não é tão simples assim. Se
eu não tivesse feito antes aquela continha misteriosa, ia ser
um bocado difícil a gente descobrir que 43.566 é o produto de
137 por 318. Certo?
- Bem, isso é verdade.
- Acresce ainda outra circunstância: se o número for
primo, isto é, não possuir divisores?
- É, você tem razão. Vamos ficar mesmo com a interpo-
lação.
- Muito bem. Agora, Bento, vou explicar essa história de
"interpolação linear".
34 UMA A VENTURA LOGARITMICA

- Nesse momento a sineta anunciou o almoço. Os cinco


resolveram suspender os estudos.
- Depois do almoço você explica a "interpolação"?
- Explico. Vamos almoçar que eu estou com fome.
- Eu também, disse Antonio.
Um almoço suculento os esperava e eles estavam com
bastante apetite.
5
Aprendendo a Fazer a Interpolação
Depois do almoço os cinco voltaram aos estudos. Havia
curiosidade muito grande em saberem o que era afinal aquele
negócio de "interpolação linear". Tomados os assentos à mesa,
Eduardo muniu-se de dois esquadros, papel em branco, lápis de
ponta fina e anunciou:
- Antes de fazermos o traçado para compreendermos gra-
ficamente o que consiste a "interpolação", temos que aprender
outro aspecto dos logaritmos.
Ato contínuo anotou em outra folha o sistema de loga-
ritmos de base decimal:
1 10 100 1000 10000
O 1 2 3 4

Se nós prolongarmos as duas progressões para a es-


querda, como é que fica? perguntou aos colegas.
Breve silêncio. Carlos tomou a palavra:
- Na progressão geométrica a gente multiplica cada ter-
mo por dez para achar o termo subseqüente. Na progressão
aritmética soma uma unidade a cada termo para achar o sub-
seqüente. Com isto a gente está prolongando ambas as pro-
gressões para a direita. Se se quiser fazer o inverso, isto é,
prolongar para a esquerda, basta dividir cada termo da geo-
métrica por dez e subtrair uma unidade de cada termo da
aritmética.
Antonio, Bento e Daniel fitavam atentamente o papel que
continha as duas progressões.
- Eu acho que Carlos está certo, afirmou Daniel.
36 UMA A VENTURA LOGARfTMICA ···

- Exato. É isso mesmo, confirmou Eduardo. Tome o lápis


Bento, e prolongue as duas progressões para a esquerda.
Bento anotou:

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000


-4 -3 -2 -1 O 1 2 3

- Confere, disse Eduardo. O que é que deduzimos agora?


- Que os logaritmos dos números fracionários são nega-
tivos, continuou Carlos.
- É isso mesmo. Mas por enquanto vamos ficar por aqui.
Mais tarde voltaremos aos logaritmos negativos. Estes dados
vão-nos permitir fazer o traçado da curva logarítmica. Tracemos
duas retas que se cortam perpendicularmente.
Eduardo traçou:

- A reta horizontal é o eixo de "x" e a vertical, o de


")I", isto é, na reta horizontal marcamos os números e na ver-
tical os seus logaritmos. A equação logarítmica é: "y" é igual
ao logaritmo decimal de "x".
Eduardo escreveu a equação:

y = loglox

- Olhando para as duas progressões podemos dizer que


para x igual a um, y será igual a zero; para x igual a dez, y será
igual a um; para x igual a cem, y será igual a dois; para x igual
a um décimo, y será igual a menos um.
' UMA A VENTURA LOGARITMICA 37

Eduardo anotou esses diversos valores:

x y

100 2
10 1
1
0,1 -1 °
0,01 -2

- Já sabemos que a figura formada será uma curva.


- Como é que você sabe, Eduardo?
- Porque enquanto os valores de y decrescem em quan~
tidades constantes, os de x decrescem em quantidades que não'
são constantes. Por isso eu sei que a figura será uma curva,
- Ah! então é assim . . .
- Quando em uma função os valores atribuídos a x são
constantes e produzem valores de y também constantes, a fi-
gura formada é uma reta. Na interpolação linear utilizamos uma
regra de três, como vocês sabem, isto é, supomos a constância
das duas variáveis. Daí chamar-se interpolação linear.
Eduardo acendeu um cigarro e continuou:
- Do ponto cem da reta horizontal traçamos uma reta
paralela à vertical e do ponto dois da reta vertical traçamos
uma reta paralela à horizontal. Marcamos o ponto onde elas
se encontrarem. Fazemos a mesma operação do ponto dez da
reta horizontal e do ponto um da vertical; e assim sucessiva-
mente.
Eduardo fez o seguinte traçado: '

f -- - - ----- -------- -- - ~ --- -~ ---- - - - - - ~- -

'(I~~
-1
l.
' 7 r
".

38 UMA A VENTURA LOGARlTMICA •

Vejam que, unidos os pontos, a curva formada se apro-


xima do eixo de y indefinidamente. De um ponto qualquer da
curva, escolhido arbitrariamente, podemos traçar duas retas:
uma perpendicular ao eixo de x e outra perpendicular ao eixo
de y. O ponto em que uma toca o eixo de x é o número, e o
ponto em que a outra toca o ponto de y é o logaritmo desse
número.
- Você diz que a curva se aproxima do eixo de y indefini-
damente. Mas em algum ponto eles se irão encontrar.
- Não se encontram nunca. A distância entre ela .e o eixo
de y diminui cada vez mais, mas nunca chegará a zero. Por isso
elas nunca se encontrarão. Isto é, o encontro se dará no infinito.
Mas isso é outro assunto do qual falaremos em outra oportu-
nidade. Voltemos aos logaritmos.
Eduardo deu uma baforada, colocou o cigarro no dnzeiro
e continuou:
- Suponhamos que eu tivesse a seguinte posição:

.. Ir
::=:::: ~::::. ::::_-:..-:..~
.
-----------~
~: I:
i·~

I "
, "
4H 111,1 (V,

Continuou falando:
- Tenho graficamente o valor do logaritmo de cento e
quarenta e sete e cento e quarenta e oito, representado pela
curva e quero saber o logaritmo de 147,7.
Eduardo deu uma longa baforada e prosseguiu:
- Do ponto 147,7 sobre o eixo de x traço uma reta até
encontrar a curva e dali traço uma reta perpendicular a y. Ali
estará localizado o logaritmo procurado. No entanto, esse cál-
culo é extremamente difícil. Por isso faz-se uma "interpolação
linear", isto é, unimos os dois pólos "a" e "b" com uma reta.
• UMA A VENTURA LOGARtTMICA 39

Novamente do ponto 147,7 levantamos a mesma reta até alcan-


çar a que une os dois pólos e ali estará localizado o logaritmo
de 147,7 por aproximação, como é fácil verificar. Como o erro
é muito pequeno, pode ser desprezado.
- Ah! agora estou entendendo. O logaritmo verdadeiro
de 147,7 seria o ponto "c". Átravés da interpolação, encontra-
mos o ponto "d". A diferença entre "c" e "d" é tão pequena
que pode ser desprezada e justifica fazer a interpolação linear,
que é essa segunda operação.
- Exatamente. É isso mesmo.
- Então o nome interpolação linear é perfeito, acudiu
Bento. É uma linha que liga dois pólos. "Interpolação" significa
entre dois pólos. E "linear" porque é feita em linha reta, quando
deveria ser feita em curva.
- Bacaninha ...
- Alguém sabe me dizer aonde podemos encontrar a re-
presentação gráfica da curva logarítmica em forma retilínea?
perguntou Eduardo.
Ninguém sabia.
- Nas réguas de cálculo. Mas voltemos aos logaritmos
negativos porque são muito importantes. Nós acabamos de ver
que os números fracionários têm logaritmo negativo. Agora eu
pergunto: como se calcula o logaritmo de um número ne-
gativo?
- Eu sei, exclamou Carlos.
- Então não diga nada. Deixe que os outros pensem.
Antonio, Bento e Daniel passaram a examinar minuciosa-
mente as duas progressões.

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000


-4 -3 -2 -1 O 1 2 3

- A proporção que a progressão geométrica caminha


para zero a progressão aritmética caminha para o infinito nega-
tivo, observou Daniel.
- É isso mesmo. Só que em matemática não se usa o
termo "caminha", mas sim "tende". A progressão geométrica
tende para zero enquanto a aritmética tende para o infinito ne-
gativo. Logo, o logaritmo de zero é o infinito negativo.
40 UMA A VENTURA LOGARITMICA

E os logaritmos dos números negativos? perguntou An-


tonio.
- Não existem, respondeu Carlos.
- Por quê?
- Muito simples, explicou Eduardo. Quando a progressão
geométrica, que representa os números, chegar a zero, a aritmé-
tica, que representa os logaritmos, chegará ao infinito negativo.
Logo, se a progressão geométrica continuar sendo prolongada
para a esquerda entrando nos números negativos, não haverá
mais números correspondentes na progressão aritmética. Aca-
bou o "estoque" de números, pois ela chegou ao infinito ne-
gativo.
Quer dizer que depois do infinito não existe mais
nada?
Claro que não, Bento. O infinito não é número, mas sím-
bolo. Por isso se diz que os números negativos não têm loga-
ritmos.
- Está perfeitamente claro para mim, observou Carlos.
Agora é que eu estou entendendo direitinho esse negócio de
logaritmo.
- Muito bem. Já que todo mundo entendeu, vamos fazer
um probleminha sobre logaritmos negativos. Daniel, resolva esse
problema por logaritmos.
Eduardo escreveu:

16
x=-
50
Daniel tomou o lápis e fez os cálculos:

log x = log 16 - log 50

Antes de tomar as tábuas, disse:


- A característica do logaritmo de dezesseis é um. A man-
tissa é a mesma do número mil e seiscentos.
- Certo.
- A característica do logaritmo de cinqüenta também é
um. A mantissa é a mesma de cinco mil.
- Confere.
UMA A VENTURA LOGARfTMICA 41

Daniel consultou as tábuas e anotou:

log x = 1,20412 - 1,69897

Houve pequena hesitação ao efetuar o cálculo. Mas como


ele sabia que o logaritmo seria negativo, fez a conta:

1,69897
+ 1,20412
0,49485

log x = 0,49485

- É isso mesmo, confirmou Eduardo. Agora vamos ver


nas tábuas a que número pertence esse logaritmo.
- Bem, a característica zero significa que o número tem
um algarismo.
- Certo.
Daniel abriu o livro e consultou atentamente.
- A mantissa 49485 pertence ao número três mil cento e
vinte e cinco. Logo, x é igual a três vírgula cento e vinte e
cinco.
E escreveu:

x = 3,125

- Alguém tem alguma coisa a dizer?


- Eu tenho, adiantou-se Carlos. Dezesseis divididos por
cinqüenta não dá nunca três inteiros e cento e vinte e cinco
milésimos. Tem que dar forçosamente um número menor que
um. Logo, houve algum erro nesses cálculos.
Antonio fez rapidamente a conta e anunciou:
- Dezesseis divididos por cinqüenta dá zero vírgula trin-
ta e dois.
- Será que os logaritmos falharam dessa vez? perguntou
Bento meio desiludido.
- Não. Os logaritmos não falham. Vocês é que não pres-
taram atenção suficiente e se deixaram envolver. E eu já disse
que para estudar matemática é preciso estar muito atento.
42 UMA A VENTURA LOGAR1TMICA

Os outros quatro se entreolharam e encolheram os ombros.


Não podiam imaginar onde estaria o equívoco.
- Vou conferir todos os cálculos, disse Daniel.
- Não. O erro não está no cálculo, mas no raciocínio.
- Ué! essa não! exclamou Daniel coçando a cabeça.
- O negócio é o seguinte . . . principiou Bento.
Nesse momento a sineta anunciou a hora da merenda. O
aroma forte de café fresco aguçou o apetite dos rapazes.
- Depois da merenda voltaremos aos logaritmos. Vamos
descer.
E se dirigiram ao refeitório.
6

Um Auxiliar Prestimoso dos Logaritmos


Após a merenda, voltaram aos logaritmos curiosos de saber
.onde havia o engano, porque a resposta realmente estava
errada.
- Voces não repararam que o logaritmo de "x" é nega-
tivo?
- Eu reparei, disse Carlos. Mas sabia que o logaritmo
de qualquer fração tem que ser forçosamente negativo. Nós
já vimos inclusive que o logaritmo de um décimo é menos um,
de um centésimo é menos dois, e assim sucessivamente.
- Está certo. O logaritmo de qualquer fração é, realmente,
negativo. Mas as tábuas só nos dão as mantissas positivas, con-
cluiu Eduardo.
- É verdade! Então como é que a gente faz nesses casos?
- Temos que fazer uma espécie de prestidigitação: vamos
transformar o logaritmo negativo em logaritmo preparado.
- "Logaritmo preparado" como?
- "Logaritmo preparado" é o que tem característica ne-
gativa mas mantissa positiva. Só com mantissa positiva é que
podemos consultar as tábuas. Comparando novamente as duas
progressões, podemos fazer mais uma descoberta.
Eduardo anotou as duas progressões:

0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000


-4 -3 -2 -1 ° 1 2 3

- Qual a relação que existe entre a característica nega-


tiva e os números fracionários?
44 UMA A VENTURA LOGARITMICA

- Eu sei: a característica tem tantas unidades quantos


forem os zeros do número decimal, disse Carlos.
- Mais ou menos. Falta um pequeno detalhe, corrigiu
Eduardo.
- Qual é?
- Ela tem tantas unidades quantos forem os zeros exis-
tentes antes do primeiro algarismo significativo.
- Incluindo o que está à esquerda da vírgula?
- Exato. Você se lembra o que é "algarismo significa-
tivo", Bento?
- É qualquer algarismo diferente de zero.

- Muito bem. Você está ficando "cobra" no assunto. Qual


é então a característica do logaritmo de 0,0075?
- Menos três.
- E de 0,0005008?
- Menos quatro.
- Confere. Para transformarmos um logaritmo todo ne-
gativo num logaritmo preparado, isto é, com característrca ne-
gativa mas mantissa positiva, soma-se uma unidade ' ao valor
absoluto da característica, dando a ela o sinal negativo, e
toma-se o complemento aritmético da mantissa.
- Espera lá. Vamos devagar que eu não entendi bem. Que
negócio é esse de "complemento aritmético"?
- Complemento aritmético é um número que somado a
outro forma uma unidade da ordem seguinte. Por exemplo: o
complemento de 7 é 3; o de 358 é 642. Nesse cálculo nós acha-
mos o logaritmo negativo .
Eduardo copiou:

- 0,49485

. . .e queremos achar o logaritmo preparado. Pela regra


que acabamos de aprender, soma-se uma unidade ao valor
absoluto da característica.

o+ 1 =1
UMA A VENTURA LOGARtTMICA 45

Dá-se o sinal negativo. Mas como esse sinal se refere ape-


nas à característica, fIca em cima dela e não ao lado, como seria
normal.

1
Calcula-se o complemento aritmético da mantissa assim:
Eduardo anotou no papel:

49485 mantissa dada


50515 complemento aritmético
100000 soma

Logo, o logaritmo preparado será

1,50515

A característica negativa indica que o número é fracionário


e, no presente caso, tem um zero antes do seu primeiro alga-
rismo significativo. Como a mantissa agora é positiva, podemos
procurar nas tábuas o número a ela correspondente.
Daniel se antecipou, tomou as tábuas e disse:
A mantissa 50515 pertence ao número três mil e du-
zentos.
Mas como a característica é menos um, o número tem
um zero antes do seu primeiro algarismo significativo, conti-
nuou Carlos.
- Logo, o número procurado será 0,3200.
- Ou simplesmente 0,32, arrematou Eduardo.
- Ah! agora, sim. Dezesseis divididos por cinqüenta dá
isso mesmo, concluiu Antônio. E eu pensei que os logaritmos
tivessem falhado desta vez!
- Não existe um meio de a gente evitar o logaritmo ne-
gativo? perguntou Bento.
Carlos antecipou-se na resposta para mostrar que também
entendia do assunto:
- Existe, sim. São os cologaritmos.
- "Cologaritmo"! Que nome gozado.
46 UMA A VENTURA LOGAR1TMICA

- Se co-piloto é o auxiliar do piloto, cologaritmo deve ·


ser o auxiliar do logaritmo, disse Antonio.
- É mais ou menos isso. Sempre que houver uma divisão,.
fazemos: logaritmo do dividendo ou do numerador mais o colo-o
garitmo do divisor ou do quociente, justamente para evitarmos .
o logaritmo negativo.
- Mas você ainda não nos disse o que é cologaritmo, ata-
lhou Daniel.
- Cologaritmo de um número é o logaritmo do inverso·
desse número.
Bento olhou fixamente para Eduardo e fez uma careta ..
Todos riram.
- Quando você desanda a falar "linguaguem matemática'"
eu fico todo arrepiado. Não entendo patavina. Que negócio é
esse de "inverso de logaritmo"? Fale linguagem de gente . . .
- Não é "inverso de logaritmo", mas "logaritmo do in-o
verso do número", corrigiu Eduardo.
- O negócio está muito complicado.
- Não, senhor. Não tem nada complicado. Vamos por
partes. O que é "inverso de um número"?
- É o mesmo número com sinal trocado.
Carlos pôs as mãos à altura do peito, olhou para o teto,.
balançou levemente a cabeça e murmurou:
- Mamla mia!
- Eu sei que disse uma asneira, e daí? A gente está aqui.
para aprender, ora essa!
- Bento, o negócio é o seguinte: inverso de um número
é a fração que tem como numerador a unidade e como denomi-
nador esse número. "Números simétricos" é que são aqueles·
com o mesmo valor absoluto e sinais diferentes.
- Muito bem. Então cologaritmo de um número é o loga-
ritmo do inverso desse número, confere? perguntou Antonio.
- Exato. Se você tem um número "N", o cologaritmo des-
se número é o logaritmo de ~
UMA A VENTURA LOGARfTMICA 47

- Como se acha numericamente o cologaritmo de um


número? quis saber Bento.
- Para se achar o cologaritmo soma-se uma unidade alge-
bricamente à característica do logaritmo, trocando-se o seu sinal
e toma-se o complemento aritmético da mantissa.
- É o mesmo processo da transformação do logaritmo ne-
gativo em logaritmo preparado, disse Carlos.
- Não. É diferente. Vejam bem: para transformar loga-
ritmo negativo em logaritmo preparado, soma-se uma unidade
ao valor absoluto de sua característica, dando-lhe o sinal ne-
gativo, e toma-se o complemento aritmético da mantissa.
- Nesse caso a mantissa continua negativa. Só a caracte
rística é que vira positiva.
- Certo, é isso mesmo. No cologaritmo a coisa é diferente.
A característica pode ser positiva ou negativa. A regra é: soma-
se uma unidade algebricamente à sua característica, troca-se o
seu sinal e toma-se o complemento aritmético da mantissa.
- Quer dizer que, nesses casos, se a característica é po-
sitiva, vira negativa; se é negativa, vira positiva, anuiu Bento.
- Exatamente. Vamos fazer o mesmo problema usando o
cologaritmo.
16
x = 50

log x = log 16 + colog 50

log 50 = 1,69897

Como é que você calcularia o cologaritmo de cinqüenta?


perguntou Eduardo a Bento.
Bento tomou o lápis e foi anotando:

1 + 1 = 2 trocando o sinal, temos - 2

69897 mantissa
30103 complemento
100000 soma
48 UMA A VENTURA LOGAR1TMICA

- Logo, o co logaritmo de cinqüenta é 2,30103.

log 16 1,20412

mais colog 50 2,30103


log x 1,50515

Deu exatamente o logaritmo preparado que nós fizemos.


Bacaninha!
- Agora eu quero que você me explique, Eduardo, por que
é que deu a mesma coisa, pediu Bento.
- É que transformamos a divisão numa multiplicação.
Nós fizemos:
1
16 X 50

Calculamos o logaritmo de dezesseis, calculamos o loga-


ritmo de um sobre cinqüenta e somamos os dois. Não houve
divisão. Repare que o logaritmo de um sobre cinqüenta nada
mais é que o cologaritmo de cinqüenta.
- Ah! sim. É apenas artifício de cálculo ...
- Exatamente. Artifício para evitarmos os logaritmos ne-
gativos.
- Eu estou reparando que o cologaritmo de cinqüenta é
o logaritmo de 0,02. Como é que você explica isso?
- Muito facilmente. Se você transformar a fração um cin-
qüenta avos em número decimal, vai achar exatamente dois cen-
t ésimos.
Bento confirmou fazendo as contas.
- É isso mesmo! Mais uma que fiquei sabendo! Então o
cologaritmo de três é o logaritmo de um terço, ou seja, é o lo-
garitmo de uma dízima periódica, porque um dividido por três
dá 0,333 ...
- Exato. O logaritmo de três é 0,47712 e o seu cologaritmo
é 1,52288, que também é o logaritmo de 0,333 ...
- E agora já podemos calcular a prestação do terreno?
perguntou Antonio.
UMA A VENTURA LOGARITMICA 49

- Ainda não. Falta pouco para terminarmos os nossos es-


tudos sobre logaritmos, disse Eduardo.
- Eu jã estou com a "cuca" cheia. Acho melhor a gente
descansar um pouco, pediu Bento. Essa noite eu sonhei que es-
tava tomando banho numa banheira cheia de logaritmos. Pensei
até que ia morrer afogado. Vamos lã p'ra baixo "paquerar" um
pouco e amanhã a gente continua. Vocês jã viram como tem
garotas bonitas aqui na fazenda?
Houve concordância unânime. Os livros foram fechados, os
apontamentos guardados e os cinco rapazes foram ter à sala
de estar.
7

Outro Tipo de Interpolação

Eram sete horas da manhã quando Eduardo foi de cama em


cama acordando os amigos. O sol penetrava pela janela e lã de
fora vinha um suave aroma de mato. O canto de um cigarra
ao longe espalhava sensação de paz no ambiente.
- Vamos embora, moçada. Vamos aos logaritmos.
- Poxa! sete horas da madrugada e você jã vem falando
em matemãtica?!
- Antonio quer saber o valor da prestação. Vamos acabar
com esse estudo.
Após alguma relutância, todos ficaram de pé. Depois do
banho frio foram ter ao refeitório para o desjejum.
- Engraçado! Vocês sabem que hoje eu também sonhei
com logaritmos?! disse Carlos. Eu queria saber o logaritmo exato
do número dois, apareceu uma fada bonita que começou a es-
crever o número no chão 'com a varinha mãgica e o número
não acabava nunca. Depois de ela ter escrito umas quinhentas
casas decimais eu acordei.
- Os logaritmos têm tantas casas decimais assim, Eduar-
do? perguntou Bento.
- Têm, sim. Eu tenho uma tãbua com sessenta casas de-
cimais. Foi feita para cãIcUlos de grande precisão.
Terminado o desjejum, voltaram aos estudos. Eduardo
acendeu um cigarro, abriu o livro e todos se acomodaram.
- Vamos aprender agora outro tipo de interpolação linear.
- Ué! Existe outro tipo de interpolação?" admirou-se
Bento.
52 UMA A VENTURA LOGARITMICA

- Eu não expliquei bem. Não é propriamente outro tipo


de interpolação. Nós vimos a interpolação para achar o loga-
ritmo de um número que não consta das tábuas. Agora vamos
fazer o inverso: vamos achar o número que corresponde a
logaritmo que não conste das tábuas.
- Não entendi bem esse negocio, disse Bento.
- Em vez de perder tempo com explicações, eu vou dar
um exemplo prático. Vejam bem: vamos supor que eu quisesse
calcular, por logaritmos, o valor de x.
Eduardo anotou no papel:

x = 123 2

- Como é que você faria esse cálculo, Bento?


O rapaz tomou o lápis e ficou pensando.
- Será que você já esqueceu as propriedades dos loga-
ritmos? perguntou Carlos;
- O logaritmo da potência é igual ao expoente multipli-
cado pelo logaritmo da base, informou Antonio.
- É verdade. Eu tinha me esquecido.
E escreveu:

log x = 2.log 123

- O logaritmo de cento e vinte e três tem característica


dois e a mesma mantissa do número mil duzentos e trinta, con-
tinuou Bento.
Ora viva! É isso mesmo. Então "manda brasa".

log x 2 X 2,08991
log x = 4,17982

- Agora vejam bem: quantos algarismos tem essa potên-


cia?
- Cinco, porque a característica do seu logaritmo é qua-
tro, disse Carlos.
- Perfeito. Como as nossas tábuas só têm números até
quatro algarismos, teremos que fazer uma interpolação. Vamos
procurar nas tábuas as mantissas mais próximas de 17982.
UMA A VENTURA LOGARITMICA 53

Os quatro começaram a pesquisar ao mesmo tempo.


- Está aqui, exclamou Daniel. Essa mantissa está contida
entre as dos números mil quinhentos e doze e mil quinhentos
e treze.
- Muito bem. Façamos a interpolação, disse Eduardo.

1513 17984
29 (diferença tabular)
1512 17955

- Façamos a interpolação usando a mantissa menor. Pres-


tem atenção: a diferença entre a mantissa dada e a mantissa
menor contida nas tábuas é

17982
17955
-~

Agora fazemos o seguinte raciocmlO: quando a mantissa


aumenta vinte e nove unidades (de 17955 para 17984) o nú-
mero aumenta uma unidade (de 1512 para 1513); quando a
mantissa aumentar vinte e sete unidades (de 17955 para 17982)
o número aumentará x unidades.
Eduardo escreveu a regra de três:

29 1

27 x

27 X 1
x=---
29
Carlos fez a conta e anunciou:

x = 0,9

Esses nove décimos serão acrescentados ao número me-


nor, que é mil quinhentos e doze, porque foi através dele que
fizemos o cálculo da interpolação, explicou Eduardo.

1512,9
54 UMA A VENTURA LOGARlTMICA

- Como o numero procurado tem cinco algarismos, porque


a característica do seu logaritmo é quatro, a vírgula é deslocada
uma casa para a direita e, no caso, desaparece. Podemos afirmar
então que

1232 = 15.129

Bento não acreditou muito e foi conferir.


- Certinho!!! Como é que pode?! Bacana às pampas ...
- Me diz uma coisa, Eduardo: a interpolação também po-
dia ser feita através do numero maior, não podia?
- Podia. Podemos fazer para treinar mais um bocadinho.
- Deixa comigo, pediu Daniel.

1513 17984
29 (diferença tabular)
1512 17955

A diferença entre a mantissa maior e a mantissa dada


é . ..

17984
17981
3

- Agora fazemos a regra de três: quando a mantissa di-


minui 29 unidades o numero diminui uma unidade; quando a
mantissa diminuir 3 unidades, o numero diminuirá x uni-
dades.
29 1

3 x

3X1
x=--
29

Enquanto Daniel fazia as contas, Bento perguntou baixi-


nho a Carlos:
- Será que vai dar certo?
UMA A VENTURA LOGARlTMICA 55

- Claro.
- Sei lá! As vezes eu não acredito muito nessas histórias ...
Daniel anunciou:
- x é igual a O,l.
- Tá vendo, Carlos? Não deu certo.
- Calma, rap~z.
- Como nós fizemos a interpolação pelo número maior,
esse décimo será subtraído de mil quinhentos e treze, o que nos
dará a resposta do nosso problema, explicou Eduardo.

1513,0
0,1
1512,9

- Como o número procurado tem cinco algarismos, des-


locamos a vírgula uma casa para a direita, continuou Daniel.

15129

Houve uma euforia geral no grupo. Todos se sentiam como


se houvessem ganho uma batalha difícil.
- Não te disse, Bento, que dava certo? falou Carlos bai-
xinho.
- ~ mesmo! Não sei por que às vezes eu penso que a coisa
não vai funcionar.
Eduardo acendeu um cigarro e deu longa baforada.
- Onde é que você aprende essa coisas todas, Eduardo?
- Sozinho.
- Mas eu sempre ouvi dizer que a gente não pode estudar
matemática sozinho.
- Isso é verdade quando se trata de matemática elemen-
tar. Depois de certo nível você pode, perfeitamente, estudar
sozinho.
- Por que é que os professores no colégio não ensinam
assim, de modo tão fácil?
- Se todos os alunos entrassem em sala com a mesma dis-
posição que vocês estão agora, a tarefa do professor seria bas-
56 UMA A VENTURA LOGARITMICA

tante simplificada. Mas a grande maioria entra na turma já


com prevenção contra a matemática. Acha que é bicho de sete
cabeças, cheia de fórmulas complicadas e que exige esforço
mental QemaslaQamente grande. Puro engano, como vocês estão
vendo.
- É mesmo. É pena, porque a matemática é até bonita.
Eu que não gostava dela estou começando a gostar agora, dis-
se Bento.
- Já podemos calcular o valor da prestação? perguntou
Antonio.
- Podemos, Antonio, podemos. Vamos lá calcular essa
prestação senão esse camarada vai chatear o resto do dia. Aliás,
eu não vejo dificuldade alguma no cálculo depois de tudo isso
que nós aprendemos. Afinal, o trabalho consiste exclusivamente
em descobrirmos o valor de 1,015 elevado à potência sessenta.
- É verdade! Deixa eu fazer o cálculo sozinho para ver
se acerto, pediu Antonio.
Eduardo passou-lhe às mãos o lápis e o papel e Antonio
começou a fazer as contas.
8

As "Partes Proporcionais" Cumprem sua Função


Enquanto Antonio fazia seus câlculos, Bento perguntou a
Eduardo:
- Me diz uma coisa, Eduardo. O que é que quer dizer
essas colunas aqui ao lado com as letras P. P.?
- Elas servem para facilitar os cálculos nas interpolações
lineares. Você sabe, ou deve saber, que em toda interpolação
para se achar a mantissa de um número maior que dez mil o
câlculo se resume em multiplicar a diferença ta.bular por um
número decimal.
- Taí, eu não sabia!
- Pois então fique sabendo. Se quisermos saber o loga-
ritmo de 204.169, por exemplo, fazemos aqueles cálculos já co-
nhecidos: separamos com uma vírgula o maior número contido
nas tábuas:

2041,69

Agora procuramos a diferença tabular entre as mantissas


de dois mil e quarenta e um e dois mil e quarenta e dois. Aqui
está: 22. Multiplicamos essa diferença por 0,69. Você ainda
se lembra daquela regra de três?
- !Me lembro. É sempre a diferença tabular multiplicada
pelo número decimal que aparece com o 'deslocamento da vír-
gula?
- Sim; é sempre assim. Invariavelmente. Pois bem; essas
°
colunas que têm "apelido" de P. P. evitam que se faça a con-
ta de multiplicar. Procuramos o grupo que tem o valor da dife-
rença tabular, ou então o mais próximo, se ele porventura não
58 UMA A VENTURA LOGARlTMICA

constar exatamente nas colunas das P. P. À esquerda existem os


algarismos de 1 a 9, que representam os multiplicadores de-
cimais. Repare bem que temos que multiplicar seis décimos e
nove centésimos por 22. Na coluna 22 com o multiplicador seis
encontramos 13 e no multiplicador 9, 20. Como o nove deve ser
centesimal e ali é decimal, desprezamos o último algarismo,
com o arredondamento, se houver:

13
2
15

- Logo, a mantissa do logaritmo de 204.169 é

30984
15
30999

- Ah! Então essa coluna P. P. nos ajuda muito. Não é pre-


ciso fazer aquela continha de multiplicar! ...
- Exatamente. É para isso que elas existem.
O que é que significam as letras "P. P."?
- "Partes Proporcionais".
- Você disse que quando nas partes proporcionais não
contiver exatamente o valor da diferença tabular a gente deve
usar o valor mais próximo. Isso não vai dar diferença no loga-
ritmo?
- A diferença é tão pequena que pode ser desprezada
.sem prejuízo para o resultado final.
- Gozado! eu nunca pensei que uma tábua de logaritmos
fosse tão fácil e tão prática! Admirou-se Bento.
A um canto Antonio continuava a fazer as suas contas
visivelmente atrapalhado.
- Como é que andam os seus cálculos? perguntou-lhe
Eduardo.
- Mais ou menos. Veja se está certo: o logaritmo de
1,015 é 0,00647.
UMA . ,A VENTUJU LOGARlTMICA 59

- Confere.
- Logo, o logaritmo de 1,015 elevado à potência sessenta
é igual a 0,00647 vezes sessenta.
- Certo.
- A conta deu 0,38796. O número a que corresponde esse
logaritmo tem que ser achado através de uma interpolação, por-
que a mantissa não consta exatamente das tábuas .
. -:-:- Pois faça a interpolação.
Antonio anotou:

2444 38810 .
18 (dif. tabular)
2443 38792

38796
38792
4

18 1

4 x

2443
0,222
2443,222

- A característica do logaritmo do número procurado é


zero. Logo, ele tem um algarismo na sua parte inteira. O número
será, portanto:

2,443222

- Perfeito. É isso mesmo. Se você fosse procurar o valor


exato dessa potência, teria um número com cento e oitenta casas
decimais, explicou Eduardo.
- Nossa Senhora! É muita casa decimal. Eu acho que es-
sas seis casas são suficientes.
60 UMA AVENTURA LOGARlTMICA

- Éclaro. Pode calcular o valor da prestação.


Antônio anotou:

P = 120.000,00 X 0,0151,443222
X 2,443222

P = 120.000,00 X 0,0253934 = Cr$ 3.047,20


Quer dizer que a prestação é essa mesmo? Três mil e
quarenta e sete cruzeiros e vinte centavos?
- É isso mesmo.
- Poxa! É "uma nota" ...
- Se o valor fosse pago sem juros, a prestação seria de
dois mil cruzeiros mensais. Com os juros, vai a isso mesmo.
- Me diz uma coisa, Eduardo. Se a gente quisesse saber
o valor exato daquela potência com as cento e oitenta casas
decimais, os logaritmos nos davam o resultado com absoluta
precisão?
- Não. Com uma tábua de cinco decimais apenas, não
pode haver precisão em contas tão grandes. Não precisamos
ir tão longe; vamos fazer uma conta de multiplicar no lápis e
por logaritmos e comparemos os dois resultados. Você faz por
logaritmo e Daniel faz no lápis.
Eduardo anotou:

2353 X 4152

Em poucos segundos ambos tinham os resultados.


- Por logaritmos achei 9.769.750.
- Na ponta do lápis achei 9.769.656.
- Vejam que há um erro de noventa e quatro unidades
em quase dez milhões de unidades. É bastante razoável, vocês
não acham?
- Quer dizer que quanto maior for o número de casas de-
cimais, mais precisos serão os cálculos?
- Perfeitamente. Vejam: aqui temos uma tábua de loga-
ritmos com vinte decimais. Existem tábuas de até sessenta. De-
pende da precisão de que se necessite nos cálculos.
UMA A VENTURA LOGARíTMICA 61

, Eduardo abriu o livro em determinada página e mostrou a


tábua com vinte decimais.
- Deve ser um bocado difícil a gente fazer uma tábua
de logaritmos, não deve? perguntou Bento.
- Isso é coisa de doido. Nem pense nisso, retrucou An-
tonio.
- Não é tão difícil assim. :É trabalhoso, mas n,ão difídl.
Vejam bem: se eu tiver o logaritmo de dois, posso descobrir
o de vários outros números, observou Eduardo.
- Só com o logaritmo de dois?
- Sim. Você quer ver? eu dou o logaritmo de dois e peço
o logaritmo de vinte e cinco, sem consulta às tábuas. Comú
é que você resolve?
' Eduardo anotou no papel:

log 2 = 0,30103
log 25 = ?

Houve algum silêncio no grupo.


- Eu acho que não podemos calcular. Vinte e cinco não é
divisível por dois.
Como ninguém se aventurasse a calcular, Eduardo "ex-
plicou:
- Vocês são uns preguiçosos mentais. Vejam bem: vinte
e cinco é igual a cinco ao quadrado.

25 = 52

Logo, o logaritmo de vinte e cinco será igual a duas vezes


o logaritmo de cinco.

log 25 = 2.log 5

- Por sua vez, prosseguiu, cinco é igual a dez dividido


por dois. Logo, o logaritmo"de cinco será igual ao logaritmo de
dez menos o logaritmo de dois. "

5 = 10
2

log 5 = log 10 - log 2


82 UMA A VENTURA LOGARtrMICA

o logaritmo de dez nós sabemos que é um. Logo, o loga-


ritmo de cinco será . . .

log 5 = 1,00000 - 0,30103

log 5 = 0,69897

- Ah! agora estou começando a perceber, disse Catlos.


- O logaritmo de vinte e cinco será igual a

2 X 0,69897
log 25 = 1,39794

Para achar o logaritmo de quatro basta multiplicar o loga-


ritmo de dois por dois, que dá 0,60206. E assim sucessivamente.
Bento não acreditou muito e foi conferir nas tábuas.
- Poxa! dá certinho. .. Bacana mesmo. .. Eduardo, onde
é que você aprende essas coisas todas?
- Estudando, ora essa.
- Quer dizer que eu posso fazer uma tábua de logaritmos?
será que eu posso publicar? perguntou Bento entusiasmado.
- Pode. Não há nada que impeça. É só ter paciência.
- Boa idéia. Hoje à noite vou começar esse trabalho .. Le-
gal às pampas! Eu vou ser autor . . .
Bento chegava a rir sozinho. Antonio, Carlos, Daniel e Edu-
ardo acharam graça da euforia do amigo.
Nesse momento a sineta anunciou o almoço.
- Depois do almoço vamos estudar a mudança de sistema.
Os livros foram fechados e os cinco amigos foram ter ao
refeitório da fazenda.
9

Aprendendo a Mudar o Sistema de um Logaritmo

Depois do almoço, Antonio, Carlos, Daniel e Eduardo es-


tavam a postos enquanto Bento pennanecia ausente. Enquanto
aguardavam o amigo, conversaram os quatro sobre assuntos di-
versos. Depois de alguns minutos, o ausente apareceu:
- Salve! Salve! eu estava num "papo firme" com uma
garota por isso me atrasei um pouco. Vocês me desculpem. Ela
não quis vir aqui para cima estudar conosco.
- Foi até bom ela não ter vindo, observou Daniel. Senão
ninguém ia estudar direito. Eu sei como são essas coisas.
- Eu acho que a gente já pode ir começando os estudos.
Nós vamos embora depois de amanhã, não esqueçam, lembrou
Antonio.
- Então vamos aos logaritmos.
- Muito bem, começou Eduardo. Nós sabemos que existe
uma infinidade de sistemas de logaritmos. Vamos aprender co-
mo se muda o logaritmo de um sistema conhecido para outro
desconhecido. Nós vimos que as tábuas em sua grande maioria
nos dão os logaritmos de Briggs.
- Espera aí. Você disse que as tábuas nos dão os loga-
ritmos decimais e agora está dizendo que elas nos dão os loga-
ritmos de '" esse nome complicado que você falou aí. Agora
eu fiquei atrapalhado.
- Logaritmos de Briggs, confirmou Eduardo. Henry Briggs
foi um matemático inglês e a primeira pessoa que publicou uma
tábua de logaritmos no sistema decimal. É isso. Os logaritmos
decimais também são conhecidos como logaritmos vulgares.
64 UMA A VENTURA LOGARtTMICA

- Mas você não disse que o inventor dos logaritmos foi


um tal de John Napier, matemático escossês? Como é que agora
nos diz que o primeiro a publicar uma tábua foi o Henry
Briggs?
- Eu não disse isso, Bento. Você não presta atenção às
palavras e isso em matemática é muito importante. Realmente
o inventor dos logaritmos foi o John Napier. Mas a tábua uti-
lizada por ele foi no sistema de base "e".
- Sistema de base "e"? Que base é essa afinal?
- A letra "e" representa um número irracional. O seu
valor aproximado é 2,71$281828459.
- Ah! Então deve ser alguma coisa parecida com a letra
"pi".
- Isso mesmo. São os dois números mais famosos da ma-
temática. Mas como eu ia dizendo, o John Napier publicou suas
tábuas na base "e", por isso esses logaritmos são conhecidos
como "neperianos", em homenagem ao seu autor.
- Então devia se chamar "napierianos" e não "nepe-
rianos".
Todos acharam graça da observação de Bento.
- É porque os franceses chamam Napier de Néper.
- Francês é danado para mudar o nome das coisas. Vejam
que eles chamam o Rio de "Riô", Aurora de "Orrorrá" e até o
nome do inventor dos logaritmos eles mudaram. Poxal
Uma risada dos outros quatro acompanhou as palavras de
Bento.
- Os logaritmos neperianos também são chamados "natu-
rais" ou "hiperbólicos".
- Estão vendo? depois vocês dizem que eu tenho marca-
ção com a matemática. Vejam se isso é nome que se use: "hi-
perbólico". Vão p'ro diabo que os carregue com essas compli-
cações todas!
- Mas afinal de contas nós estamos aqui para estudar a
mudança de base e até agora só está saindo conversa fiada,
disse Carlos.
Eduardo tomou a palavra:
UMA A VENTURA LOGARíTMICA 65

- Vamos mudar o logaritmo de seiscentos e trinta e cinco


do sistema decimal para o sistema de base cinco. Da definição
de logaritmos, podemos dizer que

635 = lO'
635 = 5·

isto é, "y" nos dará o logaritmo de 635 na base decimal e "x"


o logaritmo de 635 na base cinco. Logo, podemos dizer que

I(}II = 5-

Aplicando os logaritmos decimais nessa igualdade, temos:

y.lOglO 10 = X .lOglO 5

Mas o logaritmo decimal de 10 é um. Por sua vez, "y" é igual a


2,80277, que é o logaritmo decimal de 635. O logaritmo decimal
de cinco é 0,69897. Logo, podemos dizer que:

2.80277 = 0,69897 .x
2,80277
x = 0,69897

x = 4,00984

- Esse é o logaritmo de seiscentos e trinta e cinco na base


cinco, anunciou Eduardo.
- Como é que a gente pode conferir esse cálculo?
- S6 por aproximação. Querem ver?
Eduardo anotou:

1 5 25 125 625 3125


O 1 2 3 4 5

- 1!. Realmente, o logaritmo de seiscentos e trinta e cinco,


na base cinco, é quatro vírgula e um bocadinho. Deve estar
certo o cálculo, concluiu Daniel.
66 UMA A VENTURA LOGARITMICA

. - Vamos fazer o mesmo cálculo de maneira que dê nú-


mero inteiro. Vamos calcular o logaritrr..o de mil duzentos e
noventa e seis na base seis.

1.296 = 10:
1.296 = 6u

o valor de "x" nos é dado pelas tábuas. É o logaritmo decimal


de mil duzentos e noventa e seis. Podemos fazer a seguinte
igualdade:

10" = 6U

Consultando as tábuas, verificamos que o valor de "x" é


3,11261. Aplicando logaritmos decimais à igualdade, temos:

X .loglo 10 = Y .loglo 6

Já conhecemos o valor de "x" e sabemos que o logaritmo deci-


mal de dez é um. O logaritmo decimal de seis é 0,77815.

3,11261 = 0,77815.y

3,11261
y = 0,77815

y=4

Logo, o logaritmo de mil duzentos e noventa e seis na base seis


é quatro.
- Mas nesse caso não havia necessIdade de tudo isso. Se
a gente fatorasse mil duzentos e noventa e seis ia achar que
era igual a seis elevado à quarta potência. Logo, o seu loga-
ritmo na base seis era quatro, explicou Carlos.
- Todos nós sabemos disso. Eu disse no início que ia usar
um exemplo que desse número inteiro apenas para confirmar
o raciocínio. Só isso.
- Ah! bem.
- Se eu quiser mudar da base seis para a base dez, como
é que eu faço? perguntou Daniel.
UMA A VENTURA LOGARíTMICA 67

- Aí o cálculo se torna difícil. Só podemos fazer a mu-


dança de base conhecida para desconhecida. No caso, teríamos
que ter todos os logaritmos da base seis tabelados, para efe-
tuarmos a mudança para a base dez ou para outra qualquer.
- Quer dizer que, praticamente, só podemos fazer a mu-
dança de base dez para outra base qualquer, não é?
- Exato. As tábuas, entretanto, nos dão o módulo para
as mudanças da base decimal para a neperiana e vice-versa.
- "Módulo"?! que é isso?
- Módulo é o multiplicador fixo que permite mudar os
logaritmos de uma base para outra. :É isso. Aqui nas tábuas tem
tudo isso explicadinho.
- Até que enfim vocês acharam um nome bonito: "mó-
dulo"!
- Então quer dizer que esse "módulo" é o valor fixo que
permite o cálculo do logaritmo de qualquer número em certa
base, conhecido o seu logaritmo em outra? perguntou Carlos.
- Não é bem um valor fixo. É uma relação constante que
existe entre os logaritmos de um mesmo número em duas bases
diferentes. Esse módulo é o seguinte:
Eduardo anotou no papel:

M=_l_
Ioga b

- Isso traduzido em miúdos significa: "módulo é igual


à unidade sobre o logaritmo de "b" na base "a"". É isso?
- Exatamente. O logaritmo da base a é aquele que nós
conhecemos e o da base b o que queremos saber. Para calcular
esse novo logaritmo, basta fazer.

10gb N = M . loga N
- Eu sabia que você não passava sem meter letras nesse
negócio. Essa história de letras em matemática "é fogo"!
- Você tem prevenção contra as letras, Bento. Não tem
nada difícil. Se você quiser mudar o logaritmo do número mil
setecentos e vinte e oito da base dez para a base doze, por exem-
plo, deve considerar a letra a como sendo igual a dez; a letra b
68 UMA A VENTURA LOGAR1TMICA

será igual a doze e N será igual a mil setecentos e vinte e oito.


Anote aí.
Bento tomou o lápis e anotou:

a =
10
b - 12
N = 1.728

M=_l_ 10gb N = M.loga N


Ioga b

- Para saber o logaritmo decimal de b e de N temos que


consultar as tábuas, certo?
- Certo.

M= 1 log12 1.728 = M .lOglO 1.728


loglo 12

Consultando as tábuas, chegou-se à seguinte conclusão:

loglo 12 = 1,07918
loglo 1.728 = 3,23754

1
M = 1,07918 = 0,92672
IOg 12 1.728 = 0,92672 X 3,23754

Iog 12 1.728 = 3

- Agora está claro para mim. A letra a significa a base


conhecida sempre, e a letra b a base que se deseja saber. Não
é difícil. Mas para a mudança de base está provado que real-
mente uma delas tem que estar tabelada. É esta que designamos
sempre por a.
- É isso mesmo.
- Eu acho que por hoje chega, não? perguntou Bento.
- É verdade. Nessa brincadeira aprendemos tudo sobre
logaritmos. Se vocês conseguiram fixar todos os ensinamentos,
UMA A VENTURA LOGARITMICA 69

podem ser considerados "doutores" em logaritmos. Bento até


vai construir uma tábua, vejam só ...
- Ah! por falar em tábuas, eu preciso de uma explicação.
Ontem você falou que partindo do logaritmo de dois podíamos
calcular o de vários outros números.
- Certo. E cheguei a provar que era verdade, não se
lembra?
- Sim, está certo. Mas eu não consegui calcular o loga-
ritmo de três. Como é que eu faço?
- Essa é a dificuldade que os autores têm. Não só de três,
mas de sete, de onze, etc., ou melhor, dos números primos. A
solução desse problema eu deixo a seu critério. É preciso desen-
volver o espírito de investigação, que diabo!
- Poxa, Eduardo. Como é que você me dá uma dessa?! Eu
estava todo animado para publicar a minha tábua . . .
- Publica uma tábua em outra base diferente de dez, ora
essa. Você já sabe calcular o módulo e o resto é fácil. Fica até
original.
- Boa idéia, disse Bento dando um estalo com os dedos.
Vou fazer isso mesmo.
No dia seguinte os cinco amigos arrumaram as malas e se
prepararam para regressar. Houve as despedidas de praxe e.con-
certaram voltar no próximo ano. Qual seria o assunto? Ainda
era cedo para pensar nisso. Não sabemos se Bento realmente
publicou a sua tábua de logaritmo e se o pai de Antonio comprou
o sítio. De qualquer forma, o tempo não foi perdido. Nunca
mais nenhum deles esqueceu aquela "aventura logarítmica",
principalmente porque a compra do sítio foi o início de tudo.
PARTE TEÓRICA
I
LOGARITMOS

Conceito algébrico dos logaritmos - Logaritmo de um nú-


mero é o expoente da potência a que é preciso elevar um nú-
mero fixo, chamado base, para obter esse número.
Da definição acima, podemos fazer:

I N = a'" I
Na igualdade acima, "x" é o logaritmo do número "N" na
base "a".
Conceito aritmético de logaritmo - Sistema de logaritmos
é o conjunto formado ' por duas progressões, uma geométrica
e outra aritmética, que se correspondem termo a termo, de modo
que o termo um da progressão geométrica corresponda ao termo
zero da aritmética.

1 1
1 5 25 125 625
25 5

-2 -1 o 1 2 3 4
Nas progressões acima, temos um sistema de base cinco,
porque ao termo cinco da progressão geométrica corresponde
o termo um da aritmética. Os termos da progressão geométrica
são os números e os da progressão aritmética são os logaritmos
desses números.
Prolongando indefinidamente as duas progressões, verifi-
camos que os termos da geométrica tendem para o infinito po-
sitivo no sentido crescente e para zero 'no decrescente; os da
aritmética tendem para o infinito positivo no sentido crescente
e para o infinito negativo no sentido decrescente.
74 UMA A VENTURA LOGARlTMICA

Somente os sistemas de logaritmos de base maior que a


unidade têm aplicação prática.
Analisando um sistema de logaritmos, chegamos às seguin-
tes conclusões:

1) Somente os números positivos têm logaritmos;


2) O logaritmo da base é a unidade;
3) O logaritmo de um é zero;
4) Os números negativos não têm logaritmos;
5) Os números menores que um têm logaritmo negativo;
6) O logaritmo do infinito positivo é o infinito positivo;
7) O logaritmo de zero é o infinito negativo;
8) Só as potências inteiras da base têm logaritmos
inteiros.

Propriedades gerais dos logaritmos

1') O logaritmo de um produto é igual à soma dos logaritmos


dos fatores.

x=AXBXC

log x = log A + log B + log C

2'10) O logaritmo de uma divisão ou fração é igual ao logaritmo


do dividendo ou do numerador menos o do divisor ou do
denominador.

A
x= -
B
log x = log A - log B

3'10) O logaritmo de uma potência é igual ao expoente multi-


plicado pelo logaritmo da base.

log x = n.1og A
UMA A VENTURA LOGARlTMICA 75

4V.) O logaritmo de uma raiz é igual ao logaritmo do radican-


do dividido pelo índice da raiz.

x= vA
log A
log x = -n-

Co logaritmos

Co logaritmo de um número é o logaritmo do inverso desse


número.
1
colog N = log N

Os cologaritmos evitam a subtração. Nas divisões por meio


de logaritmos fazemos: logaritmo do dividendo ou do numera-
dor mais cologaritmo do divisor ou do quociente.

SISTEMA DECIMAL DE LOGARITMOS

Sistema decimal de logaritmos é o que tem para base o nú-


mero dez. É também conhecido como sistema de logaritmos de
Briggs, ou ainda por sistema de logaritmos vulgares, porque a
grande maioria das tábuas o utiliza.
Quando o número não é uma potência inteira da base, o seu
logaritmo se compõe de duas partes: uma inteira, chamada
característica, e uma decimal, chamada mantissa. A caracterís-
tica pode ser positiva, negativa ou nula e a mantissa é sem-
pre considerada positiva.
A característica do logaritmo de um número maior que a
unidade tem tantas unidades quantos forem os algarismos da
parte inteira menos um.
A característica do número menor que a unidade terá tantas
unidades negativas quantos forem os zeros à esquerda do pri-
meiro algarismo significativo, incluindo o que precede a vírgula.
Transformação do logaritmo negativo em logaritmo prepa-
rado - Para transformar um logaritmo negativo em logaritmo
preparado, soma-se uma unidade ao valor absoluto da caracte-
76 UMA AVENTURA LOGARITMICA

rística, colocando-se o sinal menos sobre o resultado, e toma-se


o complemento aritmético da mantissa.
Cálculo do co logaritmo - Para se obter o cologaritmo, co-
nhecido o logaritmo, soma-se algebricamente uma unidade à
característica, troca-se o sinal do resultado e toma-se o com-
plemento aritmético da mantissa.

Mudança de sistema

Seja x o logaritmo do número N no sistema de base a e y o


logaritmo do mesmo número no sistema de base b. Pela defini-
ção de logaritmo, temos:

N=a"eN=b"

Donde se conclui facilmente que

Aplicando os logaritmos de base a à igualdade acima,


temos:

x.log" a = y.lo~ b

Como o logaritmo de a na base a é 1, podemos dizer:

x = y.log" b
Logo,

JL = _I_
x Ioga b

Ou ainda

10gb N = 1
Ioga N Ioga b

Como os valores de a e b são conhecidos e se deseja co-


nhecer 10gb N, fazemos:
UMA A VENTURA LOGARlTMICA 77

1
10gb N = Ioga N X - 1 b
oga
1
A relação constante -- é chamada "módulo do sis-
Ioga b
tema de base b em relação ao de base a". Por conseguinte,
módulo do sistema de base b em relação ao de base a é o in-
verso do logaritmo de b no sistema de base a, sendo o sistema
de base a suposto conhecido.

LOGARITMOS NEPERIANOS

Logaritmos neperianos, também chamados logaritmos na-


turais ou hiperbólicos, são os que têm para base o número irra-
cional representado pela letra "e". O valor aproximado desse
número é 2,718281828459. Representam-se os logaritmos nepe-
rianos com as letras "In". Para passarmos um logaritmo do sis-
tema decimal para o neperiano, usa-se o seguinte módulo:

1
M = 1 " e" = 2,3025851
ogro

Para passarmos um logaritmo do sistema neperiano para o


decimal, usa-se o seguinte módulo:

1
M = Inl0 = 0,4342945

EXERCICIOS RESOLVIDOS

1) Sabendo que o logarit mo de seis é 0,77815 e o de 2 é


0,30103, calcular o logaritmo de 144, sem consultar as
tábuas.
Solução: Decompondo em fatores primos, concluímos
que 144 é igual a 122 • O logaritmo de doze é igual ao logaritmo
de seis mais o logaritmo de dois: 0,77815 + 0,30103 = 1,07918.
O logaritmo de 144 será igual a duas vezes o logaritmo de doze:

2 X 1,07918 = 2,15836

Resposta: 2,15836
78 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

2) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

x = 567 X 0,0000285

Solução: aplicando a propriedade dos logaritmos,


temos:

log x = log 567 + log 0,0000285


log x = 2,75358 + 5,45484
2,75358
5,45484
2,20842
A característica menos dois significa que o número tem
dois zeros antes do seu primeiro algarismo significativo.
Resposta: 0,016159.

3) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

x = 0,000024 5

Solução: aplicando a propriedade dos logaritmos,


temos:

log x = 5 X log 0,000024

log x = 5 X 5,38021

log x = 24,90105

Resposta: x = 0,000000000000000000000007962

4) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

x = {3Io,oooooo000000013841271917
UMA A VENTURA LOGARlTMICA 79

Solução: o logaritmo do radicando é

14,14118

o logaritmo de x serâ igual a

_ 14,14118
Iog x - 12

Para facilitar o câlculo da divisão, transformamos o loga-


ritmo de característica negativa e mantissa positiva num loga-
ritmo totalmente negativo. Para tanto, subtrai-se uma unidade
do valor absoluto da característica e toma-se o complemento
aritmético da mantissa:

I _ -13,85882
ogx - 12

log x = - 1,15490

E agora transforma-se o logaritmo negativo num logaritmo


preparado:

log x = 2,84510

x = 0,07

5) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

1567
x = 0,458

Solução: aplicando logaritmos, temos:

log x = log 1567 + colog 0,458


log x 3,19507 + 0,33913
log x 3,53420
x 3421
80 UMA A VENTURA LOGARlTMICA

6) Calcular o logaritmo de 2401 na base 7.

Solução: da definição de logaritmo, deduzimos:

2401 = 7-

Decompondo 2401 em fatores primos, concluímos que

Logo, x = 4

Resposta: o logaritmo de 2401 na base 7 é 4.

7) Calcular o logaritmo de 379 na base oito.

Solução: aplicando o módulo, temos:

1
logs 379 = IOglO 379 X - I8
OglO

1
logs 379 = 2,57864 X 0,90309

logs 379 = 2,57864 X 1,10731

logs 379 = 2,85535

8) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

x = 3(4 2)

Solução: aplicando logaritmos, temos:

log x = 4 2 .log 3
UMA A VENTURA LOGARfTMICA 81

Aplicando logaritmos novamente, temos:

2 .log 4 + log log 3 = log log x


2 X 0,60206 + log 0,47712 = log log x
1,20412 + 1,67863 = log log x
0,88275 = log log x
log x = 7,63400
x = 43.053.000

9) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

x = (3 4)2

Solução: aplicando logaritmos temos:

log x = 2.log 340

Aplicando novamente logaritmos vem:

log log x = log 2 + log(4.1og 3)


log log x = 0,30103 + log 1,90848
log log x = 0,30103 + 0,28069
log log x = 0,58172
log x = 3,81700
x = 6561

10) Sabendo que o logaritmo de 10 na base 2 é 3,32193, cal-


cular o logaritmo de 5 na base 2.

Solução: o logaritmo de 5 é igual ao logaritmo 'de 10


menos o logaritmo de 2.

log 5 == 3,32193 1,00000 = 2,32193


82 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

11) Calcular o valor de x por logaritmos:

8'" = 16.777.216

Solução: aplicando logaritmos, temos:


x.1og 8 = log 16.777.216
0,90309x = 7,22472
7,22472
x = 0,90309

x=8

12) Calcular o cologaritmo de 0,00538.

Solução: o logaritmo do número nos é dado imediata-


mente pelas tábuas: 3,73078. O seu co logaritmo será

2,26922

13) Calcular em que sistema o logaritmo de 2~~ é 4.

Solução: da definição de logaritmos, temos:

81
x4 =--
256

Decompondo os termos da fração em fatores primos,

log :IJ será igual á !.


Resposta: 4é 6 lbgariÜtib d.e 1;6 na base !.
UMA A VENTURA LOGARITMICA 83

14) Calcular o logaritmo de ~ na base 7.

Solução: jã vimos que

1
10gb N = logaN X - Ib
oga

Logo,

3 - 1
IOg7"5 = 1,77815 X 0,84510

3 -
IOg7 = 1,77815 X 1,18329
5

IOg7 5"3 = 1,73748


-

15) Calcular, por logaritmos, o valor de x:

~1490115791280466872 = 25

SolUÇão: baseados em uma das propriedades dos loga-


ritmos, fazemos:

log 1490115791280466872 = log 25


x

18,i7322 = 139794
x '
18,17322 = 1;~!:l794 x

._ 18;17322
x= 1;39794
x= 13
81 UMA A VENTURA LOGARITMICA

EXERCíCIOS PROPOSTOS

1) Aplicar as propriedades dos logaritmos às seguintes igual-


dades:'

a) x = A XB R. log x = log A + log B

A
b) x=- R. log x = log A + colog B
B

c) x = An R. log x = n .log' A

615 8 X V114 log 114


d) x=
17 X 19
R. logx = 3.1og615 + - ' 2- +

+ colog 17 + colog 19

log b
3.loga+ -2- +5.cologc
e) x = R. log x = - - -_ _ _ _ __
5

f)

r .log A + s.log B~+ t. colog C + v .colog D


log x = -'-':'~--'---~-'-------""--'------->"--
n

2) , Calcular as características dos logaritmos dos seguintes


números:

a) 157.492 R. 5

b) 1.578 R. 3

c) 57 R. 1

d) 0,00578 R. -3

e) 1,574 R. O

f) 0,005008 R. -3
UMA AVENTURA LOGARITMICA 85

3) Calcular os logaritmos dos seguintes números:

a) 28 R. 1,44716
b) 0,000005638 R. 6,75112
c) 72,49 R. 1,86028
d) 135 R. 2,13033
e) 0,0000037 R. 6,56820

4) Calcular os logaritmos dos seguintes números:

a) 158.672 R. 5,20050
b) 0,000578364 R. 4,76220
c) 1.857.359 R. 6,26889
d) 100.097 R. 5,00042
e) 856.632 R. 5,93279

5) Transformar os seguintes logaritmos negativos em loga-


ritmos preparados:
-
a) -0,56734 R. 1,43266
b) - 5,34856 R. 6,65144
c) -11,34529 R. 12,65471
d) -1,83725 R. 2, 16275
e) - 3,56234 R. 4,43766

6) Calcular os cologaritmos dos seguintes logaritmos:

a) 4,56739 R. 5,43261
b) 3,57483 R. 2,42517
-
c) 0,50047 R. 1,49953
d) 1,23587 R. 0,76413
-
e) 2,00012 R. 1,99988
86 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

7) Calcular o número a que corresponde os seguintes loga-


ritmos:

a) 0,56596 R. 3,681
b) 1,71104 R. 51,41
c) 2,74787 R. 559,6
d) 6,39462 R. 2.481.000
e) 3,53007 R. 0,003389

8) Calcular o número a que corresponde os seguintes loga-


ritmos:

a) 3,53111 R. 3397,172
b) 5,71443 R. 518.130
c) 7,79435 R. 62.280.588
d) 6,48117 R. 3.028.122
e) 3,47836 R. 0,00300861

9) Calcular o logaritmo dos números abaixo na base 8:

a) 767 R. 3,194361
b) 5483 R. 4,1402496
c) 32.768 R. 5
d) 0,015625 R. -2
I e) 0,00024414 R. -4
J
10) Calcular o logaritmo dos números abaixo na base 12:

a) 746.352 R. 5,4420341
b) 2.985.984 R. 6
c) 0,083 R. -1
d) 56.439 R. 4,4029465
e) 0,0000482735 R. -4
UMA AVENTURA LOGARfTMICA 87

11) Calcular o valor de x, por logaritmo, dando a resposta


com três decimais:

a) -{l0,0823542 R. 0,700
b) {o/O,000006745389672 R. 0,452
c) {rO,0000000000000000019 R. 0,130
d) {lo,0000032'l68 R. 0,080
e) {/1251,080501 R. 3,282

12) Calcular o valor de x, por logaritmos:

(0,1578)3
a) x= R. 0,003416 aprox.
1,15

1,467 6 X ~0,004362
b) x= R. 0,1776 aprox.
43,67 X 0,0143

{I0,056 2 X 0,00567
c) x= R. 0,0005562 aprox.
1,15 3 X V"43,2378
~ 14,5 2 X 0,045 3 R. 0,0459896
d) x=
V0,721 X 0,056 6
0,83 3 X 1,47 8 11 .636.550
e) x= R.
~185,193 X 7,34 6

13) Calcular o módulo para passar do sistema decimal para


o de base 5.
R. ·1,4306909

14) Calcular o módulo para passar do sistema decimal para


o de base 1,333 ...
R. 8,000392

15) Calcular o valor de x:

110,558 = 1,7a! R. x = 8
88 UMA A VENTURA LOGARfTMICA

16) Calcular o número de algarismos das seguintes potências:


a) 157 47 R. 104
b) 36 28 R. 44
c) 158 10 R. 22

d) (3 9)8 R. 35
e) 97 9 R. 9

17) Em que sistema o logaritmo de 321 é 3,221l0? R. = 6

18) Calcular os cologaritmos dos seguintes números:


-
a) 5640 R. 4,24872
b) 0,00564 R. 2,24872

c) 7462,79 R. 4,12710

d) 2675 R. 4,57268
e) 0,0000836 R. 2,07779

19) Transformar os seguintes logaritmos preparados em loga-


ritmos negativos:
a) 3,57683 R. -2,42317

b) 2,15746 R. -1,84254

c) 1,73956 R. -0,26044

d) 5,00574 R. -4,99426

e) 2,99935 R. -1,00065

20) Sabendo que o logaritmo de 2 é igual a 0,30103 e o loga-


ritmo de 7 é igual a 0,84510, calcular os logaritmos de x,
sem consulta às tábuas:
a) x = 98 2 R. 1,99123
b) x = 196 3
R. 2,29226
UMA A VENTURA LOGARITMICA 89

c) x = 28 8 R. 1,44716
d) x = 56 R. 1,74819
2
,
e) x=- R. "L45593
7
f) x = 35 R. 1,54407
g) x = 245 R. 2,38917
h) x = 175 R. 2,24304

' ...
N 1500 - 1800 L 17-25

N
I Log
H N
I Log
H N
I Log
H N
I Log
H N
I Log Hpp
1500 17609 29 1560 19312 28 1620 20952 26 1680 2253 1 1740 24055 29
1501 26 25
17638 29 1561 193·1 0 28 1621 . 20978 1681 22557 1741 24080
1502 17667 1562
29 1563
19368 28 1622 2100.'; 27 1682 22583 26 1742 24105 25 1 3
1503 17696 19396 Hl23 21032 27 1683 22608 25 1743 24130 25 2 6
29 1564 28
1504 17725 29
19424
27 1624 21059 27 1684 22634 26 1744 24155 25 3 9
26 26 25 412
1505 17754 1565 19451 28 1625 21085 1685 !l2660 1745 24180 515
1506 17782 28 1566 19479 1626 21112 27 1686 26 1746 24
29 1567 28 22686 24204 617
1507 17811 29
19507 28 1627 21139 27 1687 22712 26 1747 24229 25 720
1508 17840 29 1568
19535
27 1628 21165 26 1688 22737 25 1748 24254 25 823
1509 17869 15139 10562 1629 21192 2727 22763 26 1-749 25 926
29 28 1689 26 24279
25
15 10 17898 1570 19590 1630 21219 26 1690 22789 1750 24304 28
1511 17926 28 19618 28 25 25
1571
29 1572 27 1631 21245 1691 22814 1751 24329
1512 17955 19645 28 1632 21272 27 1692 22840
26
1752 24353
24 1 3
1513 17984 29 1573 19673 27 26 25
29 1574 27 1633 21299 26 1693 22866 25 17li3 24378 2 6
1514 18013 19700 1634 21325 27 1694 22891 1754 24403 25 3 8
28 28 26 25 4 11
1515 18041 1575 19728 28 1635 21352 1695 22917 1755 24428 514
1516 18070 29 1576 19756 21378 26 26 24
29 27 1636 27 1696 22943 25 1756 24452 617
1517 18099 1577 19783 1637 21405 1697 22968 1757 24477 25 720
1518 18127 28 1578 28 21431 26 26 25
29 19811 27 1638 27 1698 22994 1758 24502 822
1519 18156 1579 19838 1639 21458 1699 23019 25 1759 25 925
28 28 26 26 24527 24
1520 18184 1580 19866 1640 21484 1700 23045 1760 24551 27
1521 18213 29 1581 19893 27
28 1641 2 1511 27
1701 23070
25
1761 24570
25
1522 18~41
28 1582 199%1 21537 26 26 25
27 1642 1702 23096 1762 24601 1 3
1523 18270 29 1583
28 1584 19948 28 1643 21564 27
1703 23121
25
1763 24625 24 2 5
1524 18~g8 19976 1644 21590 26 26 25
29 27 27 1704 23147 25 1764 246~0
24 3 8
411
1525 111327 28 15i5 20003 27 1645 21617 1705 23172 1765 24674 514
1526 18355 29 1586 20030 164.6 21643 26 26 25
28 26 1706 23198 25 1766 24699 6 16
1527 18384 28 1587 20058 1647 21669 1707 23223 25
27 27 26 1767 24724 24 719
1528 18<112 29 1588 20085 27 1648 21696 1708 23249 1768 24748 li 22
1529 18441 28 1589 20112 21722 26 25 25
28 1649 26 1709 23274 26 1769 24773 924
24
1530 18469 1590 20140 1650 21748 1710 %3300 1770 24797
1531 18498
29 1591 20167 27
1651 21775 27
1711 23325
25 25 26
28 27 26 25 1771 24822 24 1 3
1532 18526 28 1592 20194 28 1652 21801 1712 23350 1772 24846
1533 18554 1593 20222 21827 26 26 25
24 ~ 5
2Q 27 1053 27 1713 23376 25 1773 24871
1534 28583 1594 20249 27 1654 21854 1714 23401 1774 24895 3 8
28 26 25 25 410
1535 18611 1595 20276 27 1655 21880 1715 23426 1775 24920 513
1536 18639 28 1596 20303 2 1906 26 26 24
1656 1716 23452 1776 24944
1537 18667
28 1597 20330 27
1657 21932 26
1717 23477
25 25 616
718
29 28 26 25 1777 24969 24 821
1538 18696 1598 20358 27 1658 21958 1718 23502. 1778 24993
1539 18724 28 1599 20385 21985 27 20 25 928
28 27 1659 26 1719 23528 25 1779 25018 24
1540 18752 1600 20412 1660 22011 1720 23553 25042
1541 18780
28
1601 20439 27
1661 22037 26 172 1 23578 25 1780 24 25
28 27 26 25 1781 25066 25
1542 18808 1602 20466 1662 22063 1722 23603 1782 25091
1543 18837
29
1603 20493 27
1663 22089 26 1723 23629 26 24 21 53
28 27 26 25 1783 25115 24
1544 18865 1604 20520 1664 22115 1724 23654 1784
28 28 26 25 25139 25 3410 8
1545 18893 1605 20548 1665 22141 1725 23679 1785 25164 513
1546 18921 28 27 26 25 24 015
28 1606 20575 27 1606 22167 1726 23704 1786 25188
1547 18949 1607 20602 22194 27 25 24
1667 1727 23729 1787 25212
1548 18977 28
1608 20629 27
1668 22220 26 1728 23754
25 25 718
28 27 26 25 1788 25237 24 820
1549 19005 28 1609 20656 27 1009 22240 1729 23779 1789 25261 923
26 26 24
1550 19033 1610 20683 1670 22272 1730 23805 1790 25285
1551 19061 28 1611 20710 27
1671 22298 26
1731 23830 25 25 24
28 27 26 25 1791 25310 24
1552 19089 1612 20737 1672 22324 1732 23855 1792 25334
1553 19117
28
1613 20763 26
1673 22350 26 23880
25 24 1 2
28 27 26 1733 25 1793 25358 24 2 5
1554 19145 1614 20790 1674 22376 1734 23905 1794 25382
28 27 25 25 24 3410 7
1555 19173 1615 20817 1675 22401 1735 23930 1795 25406 li 12
1556 19201 28 1616 20844 27 22427 26 25 25 ~ 14
28 27 1676 1736 23955 1796 25431
1557 19229 1617 20871 1677 22453 26 1737 2.980 25 24 717
28 27 26 25 1797 25455 24
1558 19257 1618 20898 1678 22479 1738 24005 1798 25479
1559 19285
28
1619 20925 27
1679 22505 26
1739 24030 25 24 819
27 27 26 25 1799 2550a 24 922
1560 19312 1620 20952 1680 22531 1740 24055 1800 25527

N
I Log
H N
I Log
H N
I Log
Idi N
I Log
H N
I Log Hpp
L. 25-32 N 1800 -2100

N
I Log
H N
I Log
II
d
N
I Log H N
I Log H N
I Log Hpp
1800 25527 1860 269.51 1920 28330 1980 29667 2040 30963 25
24 24 23 21 21
1801 25551 1861 26975 1921 28353 1981 29688 2041 30984
1802 24 1862 23 1922 22 22 22
25575 25 26998 23 2837;; 23 1982 29710 2042 31006 1 3
1803 25600 1863 1923 1983 22 21
24 27021 24 28398 23 29732 22 2043 31027 2 5
1804 25624 1864 27045 1924 28421 1984 29754 2044 31048 21 3 8
24 23 22 22 21 410
1805 25648 1865 27068 1925 28443 1985 29776 2045 31069 5 13
1806 2.5672 24 1866 23 1926 23 1986 22 22
24 27091 23 28466 22 29798 22 2046 31091 615
1807 25696 1867 27114 1927 28488 1987 29820 2 0 ~7 31112 21 7 18
1808 25720 24 1868 24 23 1988 22 21
24 27138 23 1928 28511 22 29842 21 2048 31133 820
1809 25744 1869 27161 1929 28533 1989 29863 2049 21 923
24 23 23 22 31154 21
1810 25768 1870 27184 1930 28556 1990 291:'85 2050 31175
24 1871 23 22 22 22
1811 25792 27207 24 1931 28578 23 1991 29907 2051 31197
1812 25816 24 1872 1992 22 21
24 27231 23 1932 28601 22 29929 22 2052 31218
1813 25840 1873 27254 1933 28623 1993 2995 1 2053 31239 21
24 1874 23 23 22 21
1814 25864 24 27277 23 1934 28646 22 1994 29973 21 2054 31260 21
1815 25888 1875 27300 1935 28668 1995 29994 2055 31281 24
24 1876 23 23 22 21
1816 259 12 27323 23 1936 28691 22 1996 30016 2056 3 1302
1817 23 1877 1997 22 21
25935 24 27346 24 1937 28713 22 30038 22 2057 3 1323 1 2
1818 25959 1878 27370 1938 28735 1998 30060 2058 31345 22 2 5
24 1879 23 23 21 21
1819 25983 24 27393 23 1939 28758 22 1900 30081 2050 31366 3 7
22 21 410
1820 26007 1880 27416 23 1940 28780 23 2000 30103 2060 31387 512
24 1881 2001 22 21
1821 26031 27439 23 1941 28803 22 30125 21 2061 31408 614
1822 24 18!l2 1942 2002 21
260.55 24 27462 23 28821; 22 30146 22 2062 31429 7 17
1823 26079 1883 27485 1943 28847 2003 301ô8 2063 21 819
23 23 23 22 31450 21
182 i 26102 1884 27508 23 1944 28870 22 2004 30190 21 2064 3 1471 922
24 21
1825 26126 1885 27531 23 1941; 28892 22 2005 30211 22 2065 31492
24 2006 21
1826 26150 24 1R86 275,54 23 194'1 28914 23 30233 22 2066 31513
1827 26174 1887 271;77 1947 289:n 2007 302.55 2067 21
24 23 22 21 31534 21
1828 26198 1888 27600 23 1948 28959 22 2008 302711 22 2068 31555
1829 26221 23 2009 21
24 1889 27623 23 1949 28981 22 30298 22 2069 31576 21
1830 26245 1890 27646 23 1950 29003 23 2010 30320 21 2070 3159i 23
24 2011 21
1831 26269 24 1891 2766A 23 1951 29026 22 30341 22 2071 31618
1832 26293 1892 27692 1952 29048 2012 30363 2072 21 1 2
23 23 22 21 31639 21
1833 26316 24 1803 27715 23 1953 29070 22 2013 30384 22 2073 31660 2 5
1834 26340 1894 27738 1954 29092 2014 30406 2074 21 3 7
24 23 23 22 31681 21 4 9
1835 26364 1895 27761 23 195/\ 2911,5 22 2015 30428 21 20715 31702 512
23 2016 21
1836 26387 24 1896 27784 23 1956 29137 22 30449 22 2076 31723 614
1837 26411 1897 27807 1957 2017 30471 2077 21 716
24 23 29159 22 21 31744 21
1838 26435 1898 27830 22 1958 29181 22 2018 30492 22 2078 31765 818
23 2019 20
1839 26458 24 1899 27852 23 1959 29203 23 30514 21 2079 31785 921
21
1840 26482 1900 27875 23 1960 29226 22 2020 30535 22 2080 31806
23 2021 21
1841 26505 24 1901 27898 23 1961 20248 22 30557 21 208 1 31827
1842 26529 1902 27921 1962 29270 2022 30578 2082 3 1848 21
24 23 22 22 21
1843 26553 1903 27944 23 1963 29292 22 2023 30600 21 2083 3 1869
23 2024 21
1844 26576 24 1904 27967 22 1964 29314 22 30621 22 2084 3 1890 21
1845 26600 23 1905 27989 23 1965 29336 22 2025 30643 21 2085 31911 22
1846 26623 1906 28012 1966 2026 30664 2086 20
24 23 29358 22 21 3 1931 21
1847 26647 1907 28035 23 1967 29380 23 2027 30685 22 2087 31952 1 2
23 2028 21 2 4
1848 26670 24 1908 28058 2:1 1968 2\J.103 22 30707 21 2088 31973
1849 26694 1909 1969 2029 30728 21 3 7
23 28081 22 29425 22 22 2089 3 1994 21 4 9
1850 26717 1910 28103 23 1970 29447 22 2030 30750 21 2090 32015 5 11
24 2031 20 613
1851 26741 23 1911 28126 23 1971 29469 22 30771 21 2091 32035
1852 26764 1912 28149 1972 2032 30792 2092 21 715
24 22 29491 22 22 32056 21
1853 26788 1913 28171 23 1973 291513 22 2033 30814 21 2093 32077 818
23 2034 21
1854 26811 23 1914 28194 23 1974 29535 22 30835 21 2094 32098 920
20
1855 26834 1915 28217 23 1975 29557 22 2035 30856 22 2095 32118
24 2036 21
1856 26858 23 1916 28240 22 1976 29579 22 30878 21 2096 32139 21
1857 2688 1 19 17 2826'2 23 1977 29601 22 2037 30899 21 2097 32160
24 2038 21
1858 26905 23 1918 28285 22 1978 29623 22 30920 22 2098 32181
1859 26928 1919 28307 1979 29645 2039 30942 2099 32201 20
23 23 22 21 21
1860 26951 1920 28330 1980 29667 2040 30963 2100 32222

N
I H I H I H I H
Log N Log N Log N Log N
I Log Hpp

Você também pode gostar