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N.º: 802627
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(ex. Colégio Islâmico de Palmela). Neste sentido a entidade nacional deixa de poder ser
pensada como englobante e homogénea, passado a ter um caráter multicultural. Necessita de
uma identificação dos principais grupos humanos que contribuíram para formá-la e
sobretudo um reconhecimento das relações de força que entre eles teceram-se ao longo do
tempo.
Mas o multiculturalismo não é o único sinal de mudança, a par surge o
transnacionalismo e as comunidades transnacionais. O primeiro pode-se definir como um
processo pelo qual os imigrantes constroem campos sociais que conectam o seu país de
origem ao seu país de acolhimento. As comunidades transnacionais (Castles, 2005, p. 68)
“são grupos baseados em dois ou mais países, envolvidos em atividades transfronteiriças
significativas, recorrentes e duradouras, que podem ser de natureza económica, política,
social ou cultura”. As migrações transnacionais dão lugar a relações multilocalizadas que
atravessam fronteiras dos Estados, dando origem a formas sociais particulares e
diversificadas. Consequentemente o transmigrante é uma pessoa que cruzando fronteiras,
estabelece ligações sociais, familiares, políticas, económicas e religiosas em dois ou mais
estados.
As comunidades transnacionais podem-se organizar de duas formas. A primeira é
fechada, não estabelecem relações com a comunidade em que estão inseridos e em vez disso
estreitam laços transnacionais, poderá dizer que têm um caráter discriminativo. A segunda é
a cosmopolita que tem a característica de multiculturalismo e como tal criam laços locais e
transnacionais, obtendo (Castles, 2005, p. 89) “benefícios em termos de abertura cultural e
de oportunidades económicas.”
Para Levitt & Schiller (2010) relaciona as migrações transnacionais com a conceção
de “campo social”. E migrante relaciona-se não numa comunidade transnacional, mas num
campo social. Este é delimitado não por fronteiras das nações, mas pelos países com os quais
ele se relaciona. Assim, “definimos campo social como um conjunto encadeado de múltiplas
redes de relações sociais através das quais se trocam, organizam e transformam, de forma
desigual, ideias, práticas e recursos”.
As formas como os indivíduos se relacionam nesse campo social pode ser como
“pertença”, ou seja, ele pratica ou aciona “uma identidade que acusa uma ligação consciente
a um grupo particular”, por exemplo, usar um “hijab” demonstra especificamente a sua
religião. A outra forma é de “existência”, implica práticas sociais efetivas. Diferente da
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anterior, por exemplo, um indivíduo inserido numa “comunidade muçulmana”, mas por
viver nela não significa que se identifique com a cultura ou a política. Se a comunidade for
maioritariamente de origem indiana e o indivíduo for marroquino, haverá de certeza muitas
diferenças e o único elo será a religião. Por isto ele não terá o sentimento de pertença, mas
apenas de existência.
Em suma a globalização trouxe muitas mudanças na migração. A mobilidade humana
é feita de uma forma mais rápida, devido aos novos meios de transportes e comunicações,
possibilitando os fluxos mais dinâmicos. Surgem novas modalidades de migração e o
ressurgimento de outras. Os processos de assimilação que existiam nos países recetores já
não fazem sentido, perante os novos transmigrantes. É necessário repensar em novas
políticas de migração, as quais tragam vantagens para ambas as partem e promovam a
multiculturalidade.
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