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averiguam a sua influência nas vivências das comunidades minoritárias durante esta época tão
conturbada (Bruns et al., 2020). Ainda, relacionam a discriminação e estigma inerentes ao
Covid-19 nas doenças mentais em grupo étnico-culturais (Miconi et al., 2021). Entretanto, em
Portugal, já se iniciaram estudos no âmbito dos impactos psicológicos (Jornal Médico, 2020;
Ordem dos Enfermeiros & Urzal, 2020; Paulino et al., 2021). Acresce que um outro artigo
discute a segurança humana perante a pandemia, nomeadamente direitos, restrições, a questão
do género e os impactos desiguais que o vírus provocou (Carreiras et al., 2020). Quanto a
dissertações de mestrado ou doutoramento, ainda não houve tempo necessário para a produção
das mesmas. 1
Será, por isso, uma pesquisa exploratória (Gil, 2002, p. 41), porque o tema ainda não se
encontra suficientemente investigado, nomeadamente ao nível nacional e, particularmente, no
âmbito da relação da cultura com o Covid-19. Consequentemente, proporcionará uma “maior
familiaridade com o problema, tornando mais explícito (Gil, 2002, p. 41)”.
Na pesquisa qualitativa parte-se do pressuposto que a construção do conhecimento se
processa de modo indutivo e sistemático. Assim, a teoria surge a partir da recolha, análise,
descrição e interpretação dos dados. Ou seja, ela é desenvolvida de “baixo para cima” tendo
como base os dados que obtiveram e estão inter-relacionados. É o que Glasser & Strauss (1967)
designam de “teoria fundamentada” (citado em Carmo & Ferreira, 1998, p. 197). Nesta
perspetiva a produção do conhecimento dá-se à medida que se recolhem e analisam os dados.
Ainda, caracteriza-se por ter uma perspetiva heurística e etnográfica, porque se pretende
conhecer a experiência dos indivíduos perante um fenómeno e compreender a cultura desse
grupo (Carmo & Ferreira, 1998, p. 182).
Deste modo, as técnicas de pesquisa que melhor se enquadram na metodologia qualitativa
são a entrevista semiestruturada e em profundidade, os inquéritos de aplicação direta, a
observação participante e a análise de documentos. (Carmo & Ferreira, 1998, p. 199).
Excetuando esta última, todas as outras colocam o investigador em contacto direto com os
indivíduos e permitem compreender com detalhe o que eles pensam sobre determinado assunto
ou o que fazem em determinadas circunstâncias.
Também, segundo Gil (2002, p. 43) as pesquisas podem ser classificadas com base nos
procedimentos técnicos usados. E existem dois grandes grupos, o primeiro engloba a pesquisa
bibliográfica e a documental. O segundo inclui-se a pesquisa experimental, a ex-post-facto, o
levantamento e o estudo de caso. Neste caso concreto, utiliza-se, primeiramente, a pesquisa
1
Existem outros artigos, os quais não menciono aqui porque o objetivo deste trabalho é mias direcionado
para a metodologia. Assim, a descrição do “estado de arte” e a justificação do tema não é aqui abordado.
bibliográfica, visando identificar o que já foi escrito sobre o assunto. Depois, segue-se o estudo
de caso, onde o se procura o conhecimento profundo e exaustivo de um fenómeno (Gil, 2002,
pp. 54 e 88).
Segundo Yin (2003, p. 13) o estudo de um caso, em termos do processo de pesquisa é:
“uma investigação empírica de um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida
real, especialmente, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são claramente
evidentes2”. Em contrapartida, Merriam (2007, p. 27) elabora a sua noção, tendo em conta o
produto final, afirmando que “é uma descrição e análise intensiva e holística de uma única
instância, fenómeno ou unidade social3”. Ademais Stake (1995, p. xi) afirma que o estudo de
caso é a averiguação de um caso particular e complexo, procurando compreender a sua
atividade em circunstâncias importantes. Assim, pode-se considerar o estudo de caso como uma
abordagem metodológica que permite analisar com intensidade e profundidade diversos aspetos
de um fenómeno, de um problema, de uma situação real: o caso.
Ainda, segundo Merriam (2007) o “caso” é algo que se pode colocar fronteiras, ou como
ela diz “uma cerca”. Ou seja, é uma única unidade de estudo, que pode ser um estudante, um
professor, como também um grupo, uma comunidade. Por conseguinte o fenómeno investigado
irá estar circunscrito nas limitações que o investigador lhe coloca, dentro do seu contexto. Nesta
pesquisa, o fenómeno é “a vivência do covid-19” a unidade será a “comunidade de imigrantes
muçulmanos” no seu contexto “distrito do porto”. Ainda irá obter-se da análise dos dados
recolhido uma descrição detalhada e rigorosa do caso que constitui o objeto de estudo (Carmo
& Ferreira, 1998, p. 236). Por fim, esta é uma escolha estratégica para questões de “como” ou
“porque” e poderá ser usada em casos exploratórios, descritivos, explicativos e avaliativos
(Yin, 2003, pp. 13–16).
Uma questão pertinente na utilização do estudo de caso como método de análise do
fenómeno é a sua validade e fiabilidade. A questão, de os dados obtidos poderem ser replicados
caso o estudo fosse repetido é quase impossível de conseguir. Pois, em muitas pesquisas deste
género o investigador é um dos instrumentos de estudo, também, o caso, em si, pode não ser
replicado por ser uma ocorrência única. (Yin, 2003, pp. 33–39). Por conseguinte a fiabilidade
do estudo terá que ser alcançada através de uma descrição pormenorizada e rigorosa de todos
os passos do estudo, incluindo a recolha de dados e da forma como se obtiveram os resultados.
2
Tradução livre da autora. No original: “an empirical inquiry that investigates a contemporary phenomenon
within its real-life context, especially when the boundaries between phenomenon and context are not clearly
evident” (Yin, 2003, p. 13).
3
Tradução livre da autora. No original “is an intensive, holistic description and analysis of a single instance,
phenomenon, or social unit (Merriam, 2007, p. 27).
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Carreiras, H., Gomes, C. M., da Silva, R., Nascimento, D., Bessa, F., Malheiro,
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