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Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 2

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO DAS TICS EM SALA DE AULA: UMA

DISCUSSÃO A PARTIR DO PROJETO PILOTO UCA NO ACRE

Darlan Machado Dorneles/Universidade Federal do Acre

RESUMO: Neste trabalho, temos como objetivos examinar as Estruturas Curriculares da

Universidade Federal do Acre (UFAC) e da União Educacional do Norte (UNINORTE), no que
tange à formação dos professores para o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)
no processo de ensino-aprendizagem, e a situação atual da formação dos professores de nove
escolas do Estado do Acre envolvidas no projeto “Um Computador por Aluno” (UCA). No
diagnóstico, focalizamos, também, as atividades extensionistas e de pesquisa da UFAC no sentido
de verificar se elas abarcam ações que envolvam as TIC e o ensino. Com isso, buscamos engendrar
reflexões e discussões que possam contribuir para a melhoria da formação dos professores nos
cursos de licenciatura deste Estado para a utilização adequada das TIC na educação. Constatamos
que o estado incipiente da utilização das TIC relacionadas ao ensino se reflete diretamente na
formação dos professores das escolas, na maioria oriundos destas instituições, que não tiveram,
majoritariamente, em seus cursos, preparação para lidar com esses novos recursos em suas aulas.
No que se refere à formação continuada do PROUCA, o número de participantes é expressivo,
sendo interessante, contudo, investigar, em pesquisas futuras, as razões da resistência de alguns aos
novos instrumentais.
PALAVRAS CHAVE: TICS. UFAC. UNINORTE. Formação do professor.

RÉSUMÉ: dans cet article, nous examinons comment le Curriculum objectifs Cadres Université
fédérale d'Acre (UFAC) et du Nord pour l'éducation de l'Union (UNINORTE), en ce qui concerne la
formation des enseignants à l'utilisation des technologies de l'information et de la communication
(TIC) dans le processus de l'enseignement et l'apprentissage, et la situation actuelle de la formation
des enseignants de neuf écoles dans l'Etat d'Acre impliqués dans le projet « One Laptop per
Student » (UCA). Au moment du diagnostic, mise au point, également, les activités de recherche et
de vulgarisation de l'UFAC afin de vérifier s'ils couvrent des actions impliquant les TIC et
l'éducation. Avec cela, nous réflexions engendrent et discussions qui pourraient contribuer à
l'amélioration de la formation des enseignants dans les cursus de cet état pour une bonne utilisation
des TIC dans l'éducation. Nous avons constaté que l'état naissant des TIC liées à l'éducation se
reflète directement dans la formation des enseignants, la plupart de ces institutions, qui ne sont pas
la plupart du temps dans leurs cours, se préparer à faire face à ces nouvelles fonctionnalités dans
leurs classes. En ce qui concerne la formation continue des PROUCA, le nombre de participants est
impressionnant, il est intéressant, cependant, d'enquêter dans de futures recherches, les raisons de la
résistance de certains instrumentaux nouveaux.
MOTS-CLÉS: TIC, UFAC, UNINORTE, la formation des enseignants.

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INTRODUÇÃO

De maneira geral, buscamos engendrar reflexões e discussões que possam contribuir

para a melhoria da formação dos professores nos cursos de licenciatura deste estado para a
utilização adequada das TICs na educação. Neste estudo, temos como objetivo analisar as Estruturas
Curriculares dos cursos de licenciatura da Universidade Federal do Acre (UFAC) e da União
Educacional do Norte (UNINORTE), no que se refere à formação dos professores para o uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino-aprendizagem, bem como
a situação atual da formação dos professores de nove escolas do Estado do Acre envolvidas no
projeto “Um Computador por Aluno” (UCA). A pesquisa é fruto da observação dos debates que
vêm se desenvolvendo nos meios acadêmicos acerca do avanço das Tecnologias na atualidade,
trazendo implicações para a vida das pessoas, e a posição da escola face a essa realidade que se
impõe.
Dentre esses instrumentos tecnológicos, o computador, por exemplo, tornou-se uma
ferramenta de grande necessidade para os indivíduos por, dentre outros aspectos, dar acesso a
serviços com uma rapidez inimaginável há algumas décadas. Efetivamente, o computador pode ser,
por um lado, um instrumento de acesso às diversas áreas do conhecimento de forma geral,
disponível a qualquer usuário, e, por outro, um meio bastante eficaz, se utilizado habilmente, de
acesso a esses conhecimentos de maneira mais específica, no processo de ensino-aprendizagem. Os
autores que têm se debruçado sobre este tema, a exemplo de Lima (2001), empregam, com
frequência, a palavra desafio para designar a posição da escola nesse contexto; de fato, a inserção
das novas tecnologias no ensino reveste-se de caráter desafiador ao se pensar nos diversos fatores
que intervêm na situação.

1 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Na pesquisa, descritiva e documental, seguimos as seguintes etapas:

a) Levantamento das Estruturas Curriculares dos cursos de licenciatura das duas
instituições já mencionados. Nesta fase, utilizamos o método proposto por Lima (2001),
considerando, sobretudo, a presença ou ausência de disciplinas relacionadas à Informática e às TICs
nos currículos dos cursos de licenciatura.
b) Observação da existência de projetos de pesquisa e de extensão, da Universidade
Federal do Acre, sobre a utilização das TICs em sala de aula. Esta etapa, não prevista no projeto
inicial, serviu para ampliar a discussão acerca das TICs nas Universidades.
c) Exame dos Projetos de Gestão Integrada de Tecnologias – PROGITEC, documentos
elaborados pela Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE-AC), referentes a cada escola
membro do Projeto UCA.

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2 NOÇÕES DE INTRODUÇÃO AO ASSUNTO E DOCUMENTOS DE BASE

Apresentamos, a seguir, as noções introdutórias ao tema, bem como alguns documentos

de base, notadamente do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do Conselho Nacional de
Educação (CNE), relativos ao perfil dos profissionais oriundos de cada curso ou área de
conhecimento.

2.1 O que são as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)

A denominação Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) abrange o conjunto de

recursos tecnológicos que propiciam agilidade no processo de comunicação, transmissão e distribuição
de informações, notícias e conhecimentos, ou seja, as TICs são “o resultado de três grandes vertentes
técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas” (BELLONI, 2005, p. 21). As TICs
“são usadas para reunir, distribuir e compartilhar informações, como por exemplo: sites da Web,
equipamentos de informática (hardware e software), telefonia, quiosques de informação e balcões
de serviços automatizados” (MENDES, 2008).
O computador, a televisão, o aparelho de som, o gravador, a filmadora, a câmera
fotográfica, a calculadora, o rádio, o datashow, o retroprojetor, os celulares, os pendrives, CDs, DVDs,
entre outros, são exemplos de TICs que estão presentes diariamente na vida das pessoas. De fato, o uso
desses recursos, assim como de outras novidades tecnológicas de nossa sociedade, tais quais novos
eletrodomésticos, propaga-se gradativamente, com eles, “invadindo o dia a dia do cidadão, seja no
ambiente de trabalho, nas ruas ou em suas residências” (BRIGNOL, 2004, p. 33).

2.2 As diretrizes do Ministério de Educação e Cultura (MEC)

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) estabelece diretrizes curriculares nacionais

que devem ser consideradas e seguidas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) na elaboração de
suas estruturas curriculares. A Lei 9.131/1995, por exemplo, atribui ao Conselho Nacional de
Educação e às Câmaras que o compõe, a responsabilidade e obrigação de “deliberar sobre as
diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Educação e do Desporto” (BRASIL, 1995).
Contudo, as Instituições de Ensino Superior no Brasil podem: “fixar os currículos dos seus cursos e
programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes” (BRASIL, 1996), ou seja, a partir das
diretrizes e normas fixadas pelo MEC, mais especificamente pelo Conselho Nacional de Educação,
as Instituições de Ensino Superiores brasileiras podem elaborar os seus currículos e garantir o
funcionamento de seus cursos. Machado (2011, p. 8) reuniu em uma tabela as diretrizes curriculares
nacionais para os cursos de graduação no nosso país; de nossa parte, apresentamos, na tabela 1 a
seguir, somente aquelas referentes aos cursos ministrados nas IES em que este estudo foi efetuado.

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Tabela 1: Diretrizes curriculares nacionais destinadas aos cursos de graduação no Brasil.

ESPERA-SE QUE: Curso Área Parecer/
Resolução
Possua “uma sólida formação ética, teórica, Artes Linguística, Parecer CNE/CES
artística, técnica e cultural que o capacita tanto a Cênicas Letras e nº 195, de 05 de
uma atuação profissional qualificada, quanto à Artes agosto de 2003.
investigação de novas técnicas, metodologias de
trabalho, linguagens e propostas estéticas” (MEC,
2003, p.6).
Possa “estabelecer relações entre ciência, Ciências Ciências Parecer
tecnologias e sociedade”, bem como – “avaliar o Biológicas Biológicas CNE/CES nº
impacto potencial ou real de novos e da Saúde 1.301, de 06 de
conhecimentos/tecnologias/serviços e produtos novembro de
resultantes da atividade profissional, considerando
2001.
os aspectos éticos, sociais e epistemológicos”
(MEC, 2001, p. 4).
Busque “utilizar recursos da tecnologia da Educação Ciências Parecer
informação e da comunicação, de forma a ampliar e Física Biológicas CNE/CES nº 58,
diversificar as formas de interagir com as fontes de e da Saúde de 18 de
produção e de difusão de conhecimentos específicos fevereiro de
da Educação Física e de áreas afins, com o
2004.
proposito de continua atualização e produção
acadêmico-profissional”. (MEC, 2004, p. 10).
Tenha “competência na utilização da informática” Filosofia Ciências Parecer
(MEC, 2001, p.3). Humanas e CNE/CES nº
Sociais 492, de 03 de
abril de 2001.
Procure “utilizar os diversos recursos da Física Ciências Parecer
informática, dispondo de noções de linguagem Exatas CNE/CES nº
computacional”. (MEC, 2001, p.4). 1304, de 06 de
novembro de
2001.
Seja capaz de “utilizar os recursos da informática” Geografia Ciências Parecer
(MEC, 2001, p.11). Humanas e CNE/CES nº
Sociais 492, de 03 de
abril de 2001.
Apresente “competência na utilização da História Ciências Parecer
informática” (MEC, 2001, p.9). Humanas e CNE/CES nº
Sociais 492, de 03 de
abril de 2001.
Exponha competências e habilidades na “utilização Letras: Linguística, Parecer
dos recursos da informática” (MEC, 2001, p.30). Português, Letras e CNE/CES nº
Inglês, Artes 492, de 03 de
Espanhol e abril de 2001.
Francês

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Expresse a “capacidade de compreender, criticar e Matemática Ciências Parecer

utilizar novas idéias e tecnologias para a resolução Exatas CNE/CES nº
de problemas” (p.3). Desta forma, “desde o início 1.302, de 06 de
do curso e licenciando deve adquirir familiaridade novembro de
com o uso do computador como instrumento de
2001.
trabalho, incentivando-se sua utilização para o
ensino de matemática, em especial para a
formulação e solução de problemas. É importante
também a familiarização do licenciando, ao longo
do curso, com outras tecnologias que possam
contribuir para o ensino de Matemática”. (MEC,
2001, p. 7).
Tenha um “pensamento reflexivo, da sensibilidade Música Linguística, Parecer CNE/CES
artística, da utilização de técnicas composicionais, Letras e nº 195, de 05 de
do domínio dos conhecimentos relativos à Artes agosto de 2003.
manipulação composicional de meios acústicos,
eletro-acústicos e de outros meios experimentais, e
da sensibilidade estética através do conhecimento
de estilos, repertórios, obras e outras criações
musicais, e revelando habilidades e aptidões
indispensáveis à atuação profissional na sociedade,
nas dimensões artísticas, culturais, sociais,
cientificas e tecnológicas, inerentes à área da
música” (MEC, 2003, p. 3-4).
Possua “conhecimentos básicos do uso de Química Ciências Parecer
computadores e sua aplicação em Química” (MEC, Exatas CNE/CES n.º
2001, p. 5). 1.303, de 06 de
novembro de
2001.
Fonte: Portal do Ministério da Educação (MEC).

De maneira geral, percebe-se que, de forma direta ou indireta, as diretrizes abordam

conhecimentos relacionados à informática: nas Ciências Exatas, por exemplo, há a preocupação de
se utilizar diversos recursos do computador tendo, sobretudo o domínio de sua linguagem; nas
Ciências Humanas, por sua vez, estabelece-se que os profissionais possuam, assim como nas
Ciências Exatas, competências e habilidades para o domínio da tecnologia; na Linguística, Letras e
Artes, os profissionais devem desenvolver habilidades e competências na utilização dos recursos de
informática tendo em vista as diversas inovações tecnológicas. Contudo, com um olhar mais crítico,
percebe-se que não há, ainda, a preocupação de aliar a informática ao processo de ensino-
aprendizagem; com efeito, as diretrizes apontam muito mais para o domínio da Informática ou, pelo
menos, do uso do computador, do que para a utilização desse instrumento de forma integrada ao
ensino.
Como afirma Bento (2010, p. 13), “estamos em uma era em que a infância e a juventude
se desenvolvem rodeadas de tecnologias de ponta”; com efeito, o computador passou a ser nos
últimos anos uma ferramenta indispensável ao ser humano e, em todos os ambientes e lugares, essa
ferramenta pode ser utilizada para diversas finalidades e objetivos. Lima afirma que:

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Com a disseminação da informática, o computador chega também às escolas e

passa a ser absorvido não só pela administração, mas também no processo ensino-
aprendizagem, revestido de uma modernidade que exerce grande fascínio sobre os
educandos, pois vem acompanhado da explosão da multimídia, dos programas que
misturam jogos e informações educativas, das enciclopédias virtuais e outras
oportunidades que possibilitam uma forma diferente de acesso a informações e ao
conhecimento (LIMA, 2001, p. 10).

No entanto, para que haja a utilização das TICs nas escolas, deve haver um professor
que esteja preparado; para isso, as instituições formadoras devem possibilitar-lhe o alcance da
capacidade de integrar as novas tecnologias a favor do processo de ensino-aprendizagem. Com isso,
estaremos encarando o ensino de forma diferente da tradicional, ou seja, tentando construir uma
escola inovadora que dê condições ao aluno de ter um maior e melhor desenvolvimento intelectual e
social. Como sustenta Lima (2001, p.11), a introdução do computador na escola trará mudanças
sociais, na qual o conhecimento passa a ser construído de forma mediada e o professor passa a
ensinar e aprender junto aos alunos de forma inovadora e interativa.
Maciel (2004, p. 30) afirma que “as experiências de implantação da informática na
escola têm mostrado que a formação de professores é fundamental e exige uma abordagem
totalmente diferente”, devendo-se ter claro que “a implantação da informática na escola envolve
muito mais do que prover o professor com conhecimento sobre computadores ou metodologias de
como usar o computador na sua respectiva disciplina”.
De acordo com Sette, Sette e Aguiar (s.d., p. 9) “a informática é vista como uma nova e
promissora área a ser explorada e com grande potencial para ajudar na mudança dos sistemas
educacionais. Daí a importância da preparação de professores para o domínio das tecnologias da
informação”. Esses autores sustentam ainda que “considera-se imprescindível introduzir essa
tecnologia nos currículos dos cursos de Licenciatura para que o profissional recém-formado chegue
ao mercado de trabalho com o conhecimento específico”. Lima (2001, p. 32), por sua vez, destaca o
papel social das universidades, que é o de formar profissionais em conformidade com os avanços
tecnológicos da sociedade contemporânea.
Maciel (2004, p. 30) considera um grande desafio a introdução de disciplinas ou
programas que discutam como o professor deve se posicionar para atender a necessidade atual,
inserir o computador na escola, no currículo dos cursos de licenciatura. Acerca da implantação de
disciplinas que abordem a informática educativa em tais cursos, Sette, Sette e Aguiar (s. d. p. 35)
destacam que:

[…] constata-se que diversas instituições universitárias vêm propondo ou

implementando reformas curriculares, incluindo uma ou duas disciplinas dessa
área, tais como Introdução ao Uso do Computador, ou Educação e Informática.
Nesse universo, surgem também algumas propostas de implantação de cursos de
Licenciatura em Informática.

Contudo, existe um desafio para as universidades, e mais especificamente para os cursos

de licenciatura, pois “espera-se que tais cursos favoreçam a formação de profissionais que, além de
possuir certo domínio dessa tecnologia, sejam capazes de incorporá-la aos processos de ensino-
aprendizagem” (SETTE, SETTE, AGUIAR, s.d. p. 36). Desta maneira, Sette, Sette e Aguiar (s.d., p.
36) salientam ainda que, levando em consideração as mudanças tecnológicas que atingem nossa

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sociedade, os cursos de licenciatura devem fornecer uma formação que faça com que o educador:
a) domine ferramentas computacionais de apoio ao desenvolvimento das atividades
docentes.
b) seja capaz de criar ambientes de aprendizagem que favoreçam a assimilação e a
produção do conhecimento.
Todavia, para Mercado (1998, p. 2) “a formação de professores para essa nova realidade
tem sido crítica e não tem sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas em educação
nem pelas Universidades”. Lima concorda que deve haver nos cursos de licenciatura uma disciplina
de informática educativa, pois como escreve essa autora:

Quanto mais conhecermos e discutirmos sobre os possíveis usos do computador em sala de

aula, mais descobriremos sobre os reais ganhos e eventuais prejuízos deste instrumento
para o ensino. Esta é também uma forma de acabar com algumas resistências e
desconfianças dos profissionais da área educacional (LIMA, 2001, p. 12).

Com disciplinas e programas que discutam as múltiplas possiblidades de utilização da

informática nos cursos de licenciatura ocorrerá uma formação que se inicia durante a graduação, e
que poderá ser estendida na formação continuada, quando o profissional estiver de fato atuando no
sistema educacional. Acerca das TICs na formação continuada, Dantas (2005, p. 20) lembra que “a
formação inicial pode ajudar o futuro professor a produzir e legitimar os saberes que irá utilizar na
sua profissão, fato que certamente diminuiria o choque com a realidade, característico das primeiras
experiências do professor no seu ambiente de trabalho”. Sobre a formação de professores na
licenciatura, Lima (2011, p. 13) aponta para o fato que:

[...] na maioria das instituições responsáveis pela formação dos professores, ainda ouve-se
apenas falar nas tecnologias, principalmente no computador. E o grande problema é que
esse professor que apenas ouve falar vai trabalhar ou já trabalha com as novas gerações
totalmente inseridas na sociedade da informática. Observa-se claramente que não há o
esforço nem a compreensão em propiciar aos professores um ambiente onde possam ter
experiências com as mudanças que estão ocorrendo atualmente na sociedade e com as
novas tecnologias.

Depreende-se das palavras de Lima que muitas instituições que formam professores
permanecem apenas no discurso e não preparam profissionais capazes de integrar a informática a
favor da educação. Lima (2001, p. 14) destaca ainda que as instituições que possuem uma disciplina
de informática no currículo preocupam-se em oferecer apenas um treinamento básico de alguns
recursos e programas do computador que não trazem uma reflexão de como utilizar o computador a
favor da educação, limitando o profissional, por exemplo, a uma pequena noção dos programas
Word, Excel, Power Point, entre outros. Não se trata, evidentemente, de contestar a importância
desses programas, mas de reconhecer a necessidade de ultrapassar a mera utilização da máquina e
proporcionar ao futuro professor uma formação que o capacite a integrar as novas tecnologias no
processo educativo. Sobre a não existência de disciplinas que discutam a informática no ensino,
Lima (2001, p. 32) escreve:

O que se percebe nos cursos de graduação é que a formação dos professores não tem

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acompanhado nem o avanço tecnológico e nem o nível de compreensão a respeito das

questões da Informática na Educação, pois o professor precisa estar consciente de como e
quando utilizar o computador e o curso de licenciatura deveria fornecer este suporte para
que ele possa ser mais ativo nessa área.

Portanto, inserir uma disciplina no currículo que aborde a informática educativa é um

dos caminhos a ser apostado para que o futuro professor possa estar preparado para atuar
posteriormente na escola, ou seja, “é de extrema importância que os cursos de graduação que
formam futuros professores preocupem-se com a formação de cidadãos críticos e reflexivos que
sejam capazes de resolver problemas e se adaptar a mudanças” (LIMA, 2001, p. 31).

2.3 A formação continuada: a necessidade de formação para a utilização adequada das

TICs no processo de ensino-aprendizagem

Da mesma forma que se deve discutir nos cursos de licenciatura a informática aplicada à
educação, é necessário haver cursos de formação continuada destinados aos professores que estão
atuando em sala de aula, uma vez que muitos desses professores não tiveram, em seus cursos de
licenciatura, uma disciplina ou mesmo preparação para o uso das TICs aliadas ao processo de
ensino-aprendizagem. Prado (s.d., p. 13) destaca que em uma “[…] sociedade em que as inovações
são processadas muito rapidamente, é necessário formar pessoas flexíveis, críticas, criativas, atentas
às transformações da sociedade e capazes de estar sempre aprendendo e revendo suas idéias e
ações”. Desta forma, com as mudanças em nosso cenário educacional, passamos a educar em
tempos incertos, ou seja, o conhecimento não é mais absoluto, o professor não é mais dono do
conhecimento e sim o mediador do saber. Assim, deve-se ter atualmente um novo professor, uma
vez que a sociedade exige um novo perfil profissional. Enfim, urge ter um educador que seja capaz
de encarar o desafio de inserir de forma adequada o computador na escola. De acordo com Aoki
(2004, p. 45):

[…] as Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs, como recurso em situações de

ensino-aprendizagem proporcionam ao professor uma mudança de papel, pois este deixa de
atuar como “conhecedor”, “repassador” e “transmissor” do conhecimento, para ser o
“orientador”, o “facilitador” e “promovedor” da construção do conhecimento.

Pode-se afirmar que são múltiplas as possibilidades, benefícios e mudanças trazidas

com a utilização das novas tecnologias na educação, no entanto, “para que sejam alcançadas
mudanças efetivas no processo ensino-aprendizagem, é essencial que o “professor de sala de aula”
participe efetivamente da idealização e da implementação dessas mudanças” (SETTE, SETTE,
AGUIAR, s.d. p. 21). No que tange ao programa de formação continuada, ressalte-se que as
políticas do Ministério da Educação (MEC) e das secretarias estaduais de educação estão
proporcionando programas e cursos de formação continuada para que os professores fiquem mais
capacitados e aptos para atuar com as TICs em sala de aula. Portanto, deve-se investir nos cursos de
formação continuada para que se tenha o uso adequado das novas tecnologias no processo
educacional. Enfim, o professor deve entender que, com as TICs tem-se uma ruptura com os
métodos tradicionais, bem como avanços e melhorias na educação.

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3 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO ADEQUADO DAS TICS EM SALA DE

AULA: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DO PROJETO UCA NO ACRE

Apresentamos, a seguir, os dados referentes às estruturas curriculares, aos projetos de

pesquisa e de extensão da UFAC e, ainda, aqueles concernentes à formação dos professores das 09
escolas ligadas ao Projeto UCA no Acre. Consideramos de interesse para a pesquisa iniciar esta
seção com breves descrições das instituições envolvidas na pesquisa e do Projeto “Um Computador
por Aluno”, que se constitui na mola propulsora do presente artigo.

3.1 Breve descrição das instituições de ensino envolvidas na pesquisa

A Universidade Federal do Acre (UFAC), primeira instituição que integra esta

pesquisa, oferece, na modalidade de graduação, diversos cursos de licenciatura e bacharelado, a
saber: Artes Cênicas; Ciências Biológicas; Ciências Sociais; Jornalismo; Direito; Economia;
Educação Física; Enfermagem; Engenharia Agronômica; Engenharia Civil; Engenharia Florestal;
Engenharia Elétrica; Geografia; História; Letras: Português; Letras: Francês; Letras: Inglês; Letras:
Espanhol; Matemática; Medicina; Medicina Veterinária; Nutrição; Filosofia; Saúde Coletiva;
Sistema de Informação; Pedagogia; Física; Química e Música. Desses cursos têm caráter de
licenciatura os a seguir mencionados: Artes Cênicas; Biologia; Espanhol; Educação Física;
Filosofia; Física; Francês; Geografia; História; Inglês; Matemática; Música; Português; Pedagogia e
Química. A UFAC objetiva, de maneira geral, formar cidadãos e profissionais críticos e
compromissados com o desenvolvimento humano e social.
A União Educacional do Norte (UNINORTE), segunda instituição que faz parte desta
pesquisa, tem sua estrutura acadêmica dividida em quatro distintas escolas: Ciências da Saúde,
Negócios e Humanas e Exatas e Licenciaturas. Esta instituição oferece cursos nas áreas de
Arquitetura, Biblioteconomia, Biologia, Ciência da Informação, Ciências Humanas, Comunicação
Social, Contabilidade, Desenvolvimento de Software, Direito, Economia, Educação, Educação
Física, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Geografia, Gestão, História, Letras, Pedagogia,
Psicologia, Secretariado Executivo, Serviço Social e Turismo. Atualmente só funcionam dois cursos
de licenciatura, a saber, Biologia e Educação Física. A UNINORTE objetiva, de modo geral,
“promover educação superior orientada por critérios de qualidade e relevância teórico-prática
social”.
A Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE) e as 09 escolas públicas, a saber,
Escola Estadual Rural Dr. Santiago Dantas (Rio Branco), Escola Municipal Mariana da Silva
Oliveira (Rio Branco), Colégio de Aplicação da UFAC (Rio Branco), Escola Municipal Marcílio
Pontes dos Santos (Acrelândia), Escola Estadual Getúlio Vargas (Brasileia), Escola Estadual Barão
do Rio Branco (Cruzeiro do Sul), Escola Municipal Euclides Feitosa Cavalcante (Sena Madureira),
Escola Estadual Santo Izidoro (Senador Guiomard), Escola Municipal Aldemar de Oliveira
(Tarauacá), formam a terceira instituição envolvida nesta pesquisa. A Secretaria de Estado de
Educação e Esporte, juntamente com a Universidade Federal do Acre, está desenvolvendo, em
gestão compartilhada, o projeto piloto “Um Computador por Aluno (UCA)” no Estado do Acre. O
UCA é um programa que se encontra em fase de implantação nas 09 escolas públicas acima citadas;
é um projeto do governo federal em fase de experimentação, cujo objetivo é trazer a inclusão digital
e a inovação tecnológica para as escolas públicas brasileiras, caracterizando-se pela utilização de
um Laptop Educacional nas aulas.

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3.2 Estruturas Curriculares da Universidade Federal do Acre e da União Educacional do

Norte

As tabelas 1 e 2 contêm, respectivamente, os resultados do exame das estruturas

curriculares atuais dos cursos de licenciatura da UFAC e da UNINORTE, no que concerne à
presença ou ausência de disciplinas relacionadas à informática e ao ensino.

Tabela 2: Disciplinas relacionadas à informática nos cursos de licenciatura da UFAC.

Curso Presença Ausência Observações
Artes Cênicas X
Biologia X
Espanhol X
Educação Física X
Filosofia X
Física X
Francês X
Geografia X
História X
Inglês X
Matemática 1 (uma) disciplina Disciplina voltada para
a utilização do
computador, sem a
preocupação de
relacionar a informática
ao processo de ensino.
Música X
Português X
Pedagogia X
Química X
Fonte: Pró-Reitoria de Graduação da UFAC.

Tabela 3: Disciplinas relacionadas à informática nos cursos de licenciatura da UNINORTE.

Curso Presença Ausência Observações
Ciências Biológicas X
Educação Física X
Letras X Não há turmas, no
entanto o curso é
reconhecido e autorizado
pelo MEC.
Fonte: Centro Acadêmico da UNINORTE.

Constatamos a total ausência de disciplinas que abordem as múltiplas possibilidades de

utilização das TICs no processo de ensino-aprendizagem. Aparece apenas na UFAC, no curso de
Matemática, uma disciplina relacionada à Informática; no entanto, em tal disciplina não há uma
ligação com atividades pedagógicas, tratando-se apenas da utilização da máquina e de programas. A
ementa desta disciplina, intitulada Informática, tendo como código CCET055 e carga horária de 60
horas, versa sobre: “Estrutura geral do computador. Utilização de programas. Arquivo e dados.
Sistemas Operacionais e Internet”.
Por outro lado, examinando os projetos de reformulação em desenvolvimento dos

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cursos de licenciatura da UFAC - Artes Cênicas, Biologia, Espanhol, Educação Física, Filosofia,
Física e Francês, Geografia, História, Inglês, Matemática, Música, Português, Pedagogia e Química
- percebemos que o curso de Matemática implantou em sua Estrutura Curricular uma disciplina que
relaciona a informática ao processo de ensino-aprendizagem. A ementa desta disciplina, intitulada
Informática Aplicada ao Ensino de Matemática, com carga horária de 60 horas, é: “Análise e
utilização de aplicativos de informática para o ensino de matemática na Educação Básica e no
ensino profissionalizante. Planejamento de ensino em ambiente informatizado” (COORDENAÇÃO
DO CURSO DE MATEMÁTICA). Embora se trate de apenas uma disciplina em somente um curso,
acreditamos ser o primeiro passo para que uma discussão mais ampla a respeito do assunto se
estabeleça na UFAC e, sobretudo, o caminho aberto para que disciplinas semelhantes sejam
incluídas nas estruturas dos demais cursos.

3.3 Projetos de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Acre

Os resultados do levantamento dos projetos de pesquisa e extensão da UFAC serão

também apresentados em forma de tabela.

Tabela 4: Discussões referentes à informática voltada para o ensino, nos projetos de pesquisa da UFAC.
Projeto de Pesquisa Área de Conhecimento Financiador Modalidade

A formação do professor para o Letras / Educação

uso das TICs em sala de aula: uma Conselho Nacional de Iniciação
discussão a partir do projeto piloto Centro de Educação, Letras e Desenvolvimento Científica
UCA no Acre Artes (CELA). Científico e Tecnológico (IC)
(CNPq).
O uso de recursos tecnológicos no Letras / Educação
ensino de Língua Portuguesa no 3° Conselho Nacional de Iniciação
ano do Ensino Médio Centro de Educação, Letras e Desenvolvimento Científica
Artes (CELA). Científico e Tecnológico (IC)
(CNPq).
Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC's) no ensino de Ciências Humanas / Educação Universidade Federal do Iniciação
Geografia Centro de Filosofia e Ciências Acre (UFAC) Científica
Humanas (CFCH). (IC)
Explorando o Laptop Educacional
(UCA) e a Prática Pedagógica no Ciências Exatas e da Terra/ Universidade Federal do Iniciação
Tratamento da Informação na Educação Acre (UFAC) Científica
Educação Matemática no 6º ano (IC)
nas Escolas Santo Izidoro e no Centro de Ciências Exatas e
Colégio de Aplicação. Tecnológicas (CCET).

Pesquisa e Produção de Objetos Ciências Exatas e da Terra/ Fundação de Iniciação

Digitais de Aprendizagem para o Tecnologia e Desenvolvimento Tecnologias do Estado Científica
Ensino da Linguagem XML. Regional do Acre (FUNTAC) (IC)

Centro de Ciências Exatas e

Tecnológicas (CCET).

Produção de Objeto Digital de Ciências Exatas e da Terra/ Iniciação

Aprendizagem para o Ensino de Tecnologia e Desenvolvimento Fundação de Científica

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Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 2

Computação Utilizando Regional Tecnologias do Estado (IC)

Dispositivos Móveis. do Acre (FUNTAC)
Centro de Ciências Exatas e
Tecnológicas (CCET).

Análise e Projeto de um Sistema de Ciências Exatas e da Terra/ Iniciação

Informação para Gestão de Editais Tecnologia e Desenvolvimento Fundação de Científica
de Projetos de Pesquisa: Estudo de Regional. Tecnologias do Estado (IC)
caso do software livre do Acre (FUNTAC)
KAXINAWA Centro de Ciências Exatas e
Tecnológicas (CCET).
Análise das práticas pedagógicas Letras / Educação
em língua inglesa com utilização Universidade Federal do Iniciação
do laptop educacional - UCA - no Centro de Educação, Letras e Acre (UFAC) Científica
ambiente escolar Artes (CELA). (IC)

LAPTOP EDUCACIONAL UCA: Ciências Humanas/ Cultura e Conselho Nacional de Projeto

Análise das práticas pedagógicas e Sociedade Desenvolvimento Institucional
da formação dos professores das Científico e Tecnológico
escolas do Projeto Piloto do Acre Centro de Educação, Letras e (CNPq).
Artes (CELA).

Fonte: Diretoria de Pesquisa da UFAC.

Os projetos de pesquisa, em maior número do que os de extensão, abrem espaço para a

reflexão sobre a temática nesta instituição de ensino. É interessante notar que os projetos estão
praticamente concentrados em duas grandes áreas, Letras/Educação e Ciências Exatas e
Tecnológicas. Quatro deles têm por objeto de estudo temas relacionados ao UCA e dois debruçam-
se sobre o uso das TICs, em geral, no ensino, o primeiro de Língua Portuguesa e o segundo de
Geografia. Na seara da produção de objetos digitais de aprendizagem aparecem dois projetos, um
destinado à produção dos referidos objetos para o ensino da linguagem XLM e outro voltado para o
ensino de computação, utilizando dispositivos móveis. Por fim, vem a análise e projeto de um
sistema de informação para gestão de editais de projetos de pesquisa, tendo como estudo de caso, o
software livre Kaxinawa. Embora este último não esteja, em absoluto, vinculado ao processo de
ensino-aprendizagem, achamos por bem incluí-lo no rol por se tratar do software que a comunidade
acadêmica da UFAC, tanto os docentes quanto os discentes, deverão acessar para submeterem seus
projetos a editais seletivos de fomento.
No que tange ao caráter extensionista na UFAC, encontramos somente duas atividades,
realizadas no ano de 2011. A primeira foi um dos trabalhos desenvolvidos pelo projeto ao qual a
presente pesquisa está ligada. Trata-se de um grupo de trabalho (GT) inserido em três eventos
concomitantes: V Simpósio Linguagens e identidades da/na Amazônia Sul Ocidental; IV Colóquio
Internacional “As Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia” e “XV Semana de
Educação da UFAC”. O GT alavancou discussões sobre “as práticas pedagógicas dos professores
das diversas áreas de ensino e dos níveis fundamental, médio e superior com a introdução das TICs,
procurando apontar as mudanças em suas estratégias e contribuir para o professor superar a
perspectiva instrumental de uso dessa ferramenta na educação” (MESSIAS, 2011).
A segunda atividade foi a XIII Semana de Letras, intitulada “O ensino de línguas e as
novas tecnologias”, cujo objetivo principal foi integrar os estudantes universitários através dos
debates em palestras, minicursos, conferências e comunicações sobre a importância e inter-relação
do ensino de línguas e o computador (PERES, 2011). Cabe destacar que os projetos de pesquisa e
de extensão vigentes na Universidade Federal do Acre (UFAC), embora não sejam numerosas, já

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Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 2

mostram reflexões acerca das TICs, constituindo-se em passos iniciais para discussões maiores
sobre a importância de se pensar na inclusão de disciplinas e atividades que integrem Informática e
Ensino nos programas das IES.

3.4 A formação dos professores das nove escolas do Projeto UCA no Acre

Com o objetivo de analisar a situação atual da formação dos professores das 9 escolas
envolvidas no projeto “Um Computador por Aluno” (UCA) no Estado do Acre, examinamos os
Projetos de Gestão Integrada de Tecnologias (PROGITEC i), buscando, sobretudo, identificar o
número de professores que tiveram, em seus cursos de licenciatura, disciplinas voltadas para as
TICs e, ainda, o contingente de professores que estão participando do programa de formação
continuada do projeto UCA. Os resultados também serão apresentados em forma de tabela.

Tabela 5: Disciplinas voltadas para as TICs na graduação dos professores que trabalham nas escolas do projeto UCA no
Acre.
Nome da escola Nº de Número de professores que Número de Númer Número de Número de
profes tiveram na graduação professores o de professores professores
sores disciplinas voltadas para que não profess que que não
as TICs tiveram na ores participam do participam
graduação que não programa de do
disciplinas respon formação programa
voltadas deram continuada de
para as UCA formação
TICs continuada
UCA
Escola Estadual 10 02 08 0 10 0
Rural Dr.
Santiago Dantas
Escola Municipal 13 03 10 0 09 04
Mariana da Silva
Oliveira
Colégio de 06 0 06 0 06 0
Aplicação da
UFAC
Escola Municipal 13 03 10 0 12 01
Marcilio Pontes
dos Santos
Escola Estadual 14 04 03 07 14 0
Getúlio Vargas
Escola Estadual 08 0 08 0 08 0
Barão do Rio
Branco
Escola Municipal 20 06 14 0 17 03
Euclides Feitosa
Cavalcante
Escola Estadual 07 02 05 0 06 01
Santo Izidoro
Escola Municipal 07 04 03 0 06 01
Adelmar de
Oliveira
Fonte: Secretaria de Estado da Educação e Esporte do Acre.

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Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 2

Com base nas informações e dados contidos nos PROGITECs, destacamos que:
A) Poucos professores (24 do total de 98) tiveram, quando cursavam a graduação,
disciplinas que discutissem as TICs voltadas para o processo de ensino aprendizagem;
B) Quase todos os professores (88 do total de 98) participam do programa de formação
continuada do programa UCA.
Logo, a situação da formação dos professores que atuam nas escolas integrantes do
projeto UCA no Acre, encontra-se, por um lado, dividida entre os que tiveram e os que não tiveram
na graduação uma formação para as TICs, e, por outro lado, por docentes que estão participando da
formação continuada, para suprir, na maioria dos casos, essa habilidade que deveria ser fornecida na
Universidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatamos, nesta pesquisa, o estado incipiente da utilização das TICs relacionadas ao

ensino nas duas instituições envolvidas, com apenas uma disciplina no curso de licenciatura em
matemática, bem como oito projetos de pesquisa e dois de extensão na Universidade Federal do
Acre (UFAC). Isso se reflete diretamente na formação dos professores das escolas, em sua maioria,
oriundos destas instituições, notadamente da UFAC, que não tiveram, majoritariamente, em seus
cursos, preparação para lidar com esses novos recursos em suas aulas. No que se refere à formação
continuada do Projeto UCA, o avanço, em termos de participantes é significativo, se comparado o
número deles aos dois quantitativos anteriores, seria, contudo, interessante, observar as razões da
recusa dos 10 professores que não se envolveram na referida formação. Praticamente não há oferta
de disciplinas relacionadas às TICs nas duas instituições de ensino superior, o ensino nas 2
instituições não é eficiente no que tange à formação dos professores para o uso das TICs, na
formação continuada nas escolas, o avanço do número de professores é significativo e as mudanças
devem ser realizadas nas estruturas curriculares para a inserção de disciplinas relativas às TICS.

REFERÊNCIAS

ACRE, Secretaria de Estado da Educação e Esporte. Projetos de Gestão Integrada de Tecnologias

(PROGITEC). Rio Branco – Acre, 2012.

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Fundamental: o que muda na gestão da sala de aula. Dissertação de Mestrado (PUC-SP). Belo
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BENTO, Raquel Matos de Lima; MARINHO, Simão P. O uso do laptop educacional no modelo
1:1: o que se altera no cotidiano da sala de aula? Disponível em:
<http://www.inf.pucminas.br/sbc2010/anais/pdf/wie/st01_06.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2012.

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aprendizagem da estatística no ensino médio. Faculdade Jorge Amado, Salvador, 2004
(Monografia). Disponível em: <http://www.redeabe.org.br/Monografia.pdf>. Acesso em: 26 jun.
2012.

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comunicação e informação. Revista Holos, ano 21, maio/2005. Disponível em:
<http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/53/57>. Acesso em: 26 jun. 2012.

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professores nos cursos de licenciatura do Estado de Santa Catarina. Dissertação de mestrado.
Florianópolis, 2001. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/~edla/orientacoes/patricia.pdf>.
Acesso em: 26 jun. 2012.

MACHADO, Márcia Alves de Carvalho. Oferta de disciplinas relativas às TIC nos cursos de
licenciatura presenciais das universidades de Sergipe. In: Anais do V Colóquio Internacional
“Educação e Contemporaneidade”. São Cristóvão: Sergipe, 2011. Disponível em:
<http://www.educonufs.com.br/vcoloquio/cdcoloquio/cdroom/eixo%2012/conteudo.htm>. Acesso
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MESSIAS, Lindinalva Messias do Nascimento Chaves. Projeto de extensão: as tecnologias da

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SILVA, Elbênia Marla Ramos. TIC na educação: análise preliminar dos novos saberes na
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TORRES, Maria Lícia. A formação de professores e as novas tecnologias: dificuldades ou exclusão.

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VALENTE, José Armando. Informática na Educação: o computador auxiliando o processo de

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 http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/textolivre
Ano: 2012 – Volume: 5 – Número: 2

ANEXO

LEIS E DIRETRIZES NACIONAIS CONSULTADAS

BRASIL. Casa Civil. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. LEI Nº 9.131, DE 24 DE NOVEMBRO DE 1995. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9131.htm. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação.

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12991.
Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas - PARECER

CNE/CES 1.301/2001, DE 06 DE NOVEMBRO DE 2001. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1301.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física -

PARECER CNE/CES Nº 58, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2004. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/pces058_04.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Filosofia, História, Geografia, Serviço
Social, Comunicação Social, Ciências Sociais, Letras, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia
- PARECER CNE/CES Nº 492, DE 03 DE ABRIL DE 2001. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Nacionais Curriculares para os Cursos de Física - PARECER CNE/CES Nº

1304, DE 06 DE NOVEMBRO DE 2001. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1304.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Matemática, Bacharelado e

Licenciatura - PARECER CNE/CES Nº 1.302, DE 06 DE NOVEMBRO DE 2001. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES13022.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Música, Dança, Teatro e
Design – PARECER CNE/CES Nº 195, DE 05 DE AGOSTO DE 2003. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES_0195.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química - Parecer CNE/CES n.º
1.303, de 06 de novembro de 2001. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1303.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

87
i Os PROGITEC são documentos elaborados pelas escolas juntamente com os formadores da Secretaria Estadual de
Educação e Esporte, ou seja, tratam-se de documentos que apresentam informações acerca das escolas e dos
programas de tecnologia que desenvolvem.