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Trompete Piccolo
Contexto Histórico:
Durante o período anterior ao barroco, o uso do trompete era bastante limitado. Este
instrumento era apenas usado para fins militares, por ter um som forte e claro, audível a
grandes distâncias, e para anunciar a chegada de mensageiros e de reis. No entanto, com
a chegada do período barroco, a “Era de Ouro” para o trompete, o trompete começou a
ser utilizado em fanfarras cerimoniais e sonatas, o que permitiu que este demonstrasse
as suas qualidades tímbricas e flexibilidade melódica, acabando assim com o dogma que
era impossível tocar o instrumento de forma musical.
Uma das únicas semelhanças entre estas diferentes designações era que todos eles
estavam vinculados a certos contratos/acordos, que continham diretrizes estritas sobre
as suas obrigações profissionais e morais, ou seja, as suas condições de aprendizagem.
O título “Brethren-In-Art", ou seja, "Irmãos-Na-Arte" foi dado aos trompetistas da
corte e do campo, denotando que a sua ocupação estava vinculada e protegida pelos
Privilégios Imperiais de 1623. Estes Privilégios Imperiais são um conjunto de regras e
normas concedidas e confirmadas pelos imperadores romanos e por eleitores da
Saxônia, que todos os trompetistas deviam seguir. Estas regras eram bastante rigorosas
e o seu incumprimento levava a punições monetárias e até mesmo a proibição de tocar o
instrumento.
“Ninguém deve ser admitido na nobre e cavalheiresca arte de tocar trompete que não
tenha sido concebido numa cama de casamento pura"
“Se um trompetista engravidasse uma mulher fora do seu casamento, a este ia ser
cobrado uma certa quantidade em dinheiro, demitido do seu estatuto e nunca mais
admitido na nobre arte de tocar trompete”
Trompetistas da corte
Trompetista de Campo/Militares
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Trompetista da cidade/gaiteiros da cidade
Eram instrumentistas versáteis que tocavam com as orquestras locais da cidade com o
propósito de interpretar música sacra. Devido ao seu modesto salário, também tocavam
em funerais, casamentos, festas e outras celebrações.
Trompete Barroco:
Características estruturais:
Importa também referir que a ligação entre as jardas e os arcos eram feitas por juntas,
essas também cilíndricas e de metal, decoradas chamadas de guarnições, essas
guarnições não fixas com o uso de solda, para permitir o ajuste dos tubos, por fricção,
dando uma maior flexibilidade ao instrumentista de ajustar a exatidão da serie de
harmónicos produzida.
Existe outros dois componentes no trompete barroco que afetam o seu timbre e a
capacidade do instrumentista tocar com mais precisão, a campânula e o bocal.
A campânula tornou-se progressivamente mais estreita no final do período barroco e a
transformação de um som barroco escuro e pesado para leve e claro deveu-se ao
desenvolvimento das campânulas através de Johann Wilhelm Hass (foi um fabricante de
trompetes, alemão), ficando conhecidas como as campânulas de Nuremberga.
Já os bocais eram proporcionais ao comprimento total da coluna de ar e eram projetados
para auxiliar a produção de diferentes frequências. Eram construídos em dois ou três
tamanhos específicos, os bocais “Clarino” ou de registo alto eram caracterizados por
uma pequena taça rasa, criando assim uma transição abrupta do fundo da taça para a
garganta (shank), os bocais de registo medio tinham uma profundidade e largura de taça
maiores.
Tom:
Como o comprimento do tubo do trompete barroco era fixo, ele só era capaz de produzir
as notas da série harmónica.
A série harmónica do trompete padrão (comprimento de tubo 214cm), que é afinada em
Ré seria então:
Estando o trompete barroco com uma série de harmónicos tão limitada, como é possível
tocar em tonalidades diferentes?
Acrescentando pequenas hastes ou bits de afinação (pequenos tubos de latão) inseridas
entre o bocal e o tubo principal para diminuir o tom. Se as hastes/bits de afinação
fossem muito longas, o trompete acabaria por ficar desconfortável de se segurar, dessa
forma eram enrolados em forma de bobine. A trompete com tal curvatura teria
aproximadamente 244cm de comprimento e seria afinada em C.
Dependendo da tonalidade ora encurtavam ora acrescentavam tubo.
Legenda trompete
barroca em C.
Existiam, no entanto, outros fatores além da limitação no tom, que contribuíram para
tornar a técnica de tocar trompete barroco um mistério para os trompetistas da
atualidade. Estes incluem entoação, precisão de ataque e qualidade do som, embora no
trompete piccolo seja mais seguro e fácil de executar as obras barrocas, ele não está
imune aos problemas e dificuldades associados a estes fatores.
Outra limitação prendia-se com a afinação e o temperamento desigual no período
baroco (ou seja, cada tamanho de intervalo não era o mesmo), e isso limitava não só a
sua entoação como também criava problemas na afinação, e no ataque do harmónico
correto. Com todas estas limitações era extremamente difícil para o trompetista alcançar
tanto a dinâmica como o brilho do tom que era pretendido na época.
Então e como é que o instrumento foi capaz de responder aos padrões da música
exigidos na época com todas estas limitações?
Ora o timbre do instrumento não podia ser alterado e isso dava ao instrumento o seu
caracter tonal único, mas no que diz respeito à entoação, alcance do registo e
ataque/precisão, a resposta obviamente estava na técnica de tocar de cada trompetista e
na pedagogia usada no ensino do instrumento.
O trompete piccolo
História:
Atualmente, muitos trompetistas tocam trompete Piccolo, no entanto há muito pouca
informação a cerca deste trompete. Não basta apenas fazer o ajuste para um instrumento
mais agudo, é necessário aprender, estudar e conhecer não só o contexto como também
o instrumento.
O trompete em Ré, com válvulas, tinha metade do tamanho do trompete natural em Ré.
O trompete em Sol, foi construído por F. Besson (Paris), em 1885, para o trompetista
Teste, que tocou a Magnificat de Bach nesse mesmo trompete. O primeiro trompetista
do seculo XX a ser bem-sucedido na performance do Concerto Brandeburguês de Bach
foi A. Goeyens de Bruxelas. Tendo tocado este concerto pela primeira vez em 1902
com o trompete agudo em Fá e mais tarde no ano de 1906 no trompete Piccolo em Sib.
Embora este instrumento tenha crescido em popularidade, também é de se notar que o
ganho na precisão e no brilho do registo foi realizado à custa da plenitude do tom.
TRANSPOSIÇÃO
Conclusão:
A época barroca viu o trompete ser usado de uma forma brilhante, com tal
virtuosismo que desafiará aqueles que tentarem a sua execução e será motivo de grande
satisfação para aqueles que o conseguirem. O trompete barroco apresentava muitas
dificuldades a nível de entoação e afinação, mas o público da época era muito mais
tolerante do que os ouvintes altamentes críticos de hoje, que esperam uma performance
impecável o que torna ainda mais difícil a replicação dos concertos barrocos na
atualidade.
O propósito de reaprender a arte do trompete barroco hoje, não é satisfazer a
preocupação académica pela autenticidade, mas expandir o desenvolvimento em
instrumentos modernos.
Bibliografia:
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