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ANÁLISE E PREVISÃO DE DESEMPENHO DE

SISTEMAS ELÉTRICOS

TRABALHO 02

COMPENSAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Prof. CLAYTON GUIMARAES DA MATA

Alunos: Roberto Alves Magalhães Mat:201201415039


COMPENSAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Proteção de linhas de transmissão com compensação


série
As linhas de transmissão com compensação série sempre foram um dos maiores
desafios da engenharia de proteção de sistemas elétricos. Fenômenos como as inversões
de tensão e de corrente afetam a discriminação da direção para faltas em que o banco de
capacitores está em operação, ou seja, quando as proteções do banco de capacitores
("gaps" e MOVs) não atuam, comprometem o desempenho dos relés de distância,
direcionais de sobrecorrente e até mesmo dos relés diferenciais utilizados para proteger
a linha de transmissão em questão. Com o intuito de buscar uma solução mais
abrangente para estes problemas, este trabalho emprega o argumento da razão das
tensões à frente e atrás do banco de capacitores para obter a direcionalidade necessária.
• Atuação das proteções do banco de capacitores série ("gaps" e MOVs);
• Redução significativa da tensão para curtos-circuitos francos à frente do banco de
capacitores;
• Inversão de corrente que ocorre quando a reatância indutiva equivalente atrás do banco
é menor do que a sua reatância capacitiva.
Para a análise do método durante essas condições serão realizadas diversas simulações
computacionais com o auxílio do software ATP ("Alternative Transient Program").
Essas simulações serão posteriormente submetidas ao algoritmo proposto implementado
com o auxílio do software SCILAB.

 
A compensação série é um recurso muito utilizado para aumentar a capacidade de
transmissão de energia das linhas de transmissão. Somente no Sistema Interligado
Nacional (SIN) existem mais de 40 bancos de capacitores série, entre fixos e
controlados, todos instalados nos terminais de suas respectivas linhas de transmissão.
Entretanto, a utilização deste recurso tem um grande impacto na complexidade dos
sistemas de proteção. Dentre os fenômenos relacionados com a compensação série que
afetam a proteção podemos destacar os seguintes:
*Inversão de tensão – Quando ocorre uma falta com resistência elevada, próxima ao
banco de capacitores, de maneira que a reatância entre o relé e o ponto de falta tem
característica capacitiva, a tensão na barra se comporta como se o curto-circuito tivesse
ocorrido atrás do relé. Este problema, no entanto, pode ser facilmente resolvido
instalando-se os transformadores de potencial à frente do banco de capacitores.
*Inversão de corrente – Em alguns casos, quando ocorre uma falta próxima ao banco de
capacitores, a reatância equivalente total vista a partir ponto de falta apresenta
característica capacitiva. Nesses casos, é a corrente que se inverte afetando
direcionalidade do relé. Embora diversos estudos recomendem que este fenômeno seja
evitado por ações de planejamento, isso pode não ocorrer de fato. Para verificar tal
afirmação, foram calculadas as impedâncias equivalentes vistas a partir dos terminais de
diversas linhas de transmissão compensadas do SIN, com o auxílio do programa
ANAFAS/SAPRE, a partir da Base de Dados de Curto-circuito do Operador Nacional
do Sistema (ONS). De 41 bancos analisados, em 18 deles a reatância indutiva
equivalente da fonte era menor do que a reatância capacitiva do banco. Nestes casos, a
inversão da corrente irá ocorrer durante curtos-circuitos próximos aos bancos de
capacitores. Outro aspecto relacionado a este fenômeno, é que em curtos-circuitos
próximos ao banco de capacitores, os “gaps” e MOVs que protegem o banco de
capacitores podem atuar, retirando o banco de operação. A atuação das proteções do
banco pode não ocorrer para faltas de alta impedância, que também podem ocorrer.
*Ressonância subsíncrona – Durante uma falta em uma linha de transmissão
compensada surgem componentes de diversas frequências, em função dos diversos
modos de ressonância que podem ocorrer. A maior parte das componentes são
subsíncronas, ou seja, suas frequências naturais são inferiores à frequência fundamental.
As frequências subsíncronas fazem os fasores medidos pelos relés digitais se
aproximarem da solução final por meio de espirais, que são tão maiores quanto a
magnitude destas componentes. Estas espirais podem induzir os relés a erros, que vão
desde sobrealcance a erros de direcionalidade quando a falta ocorrer muito próxima ao
banco.
*Desbalanço das impedâncias de fase – Existem duas maneiras de se protegerem os
bancos de capacitores contra sobretensões: por meio de "gaps" (ou centelhadores) ou
por MOVs (ou varistores). Quando estes elementos atuam apenas em uma das fases, o
sistema fica desequilibrado, o que pode comprometer o desempenho das proteções.
Uma maneira de se resolver este problema é retirar todo o banco de capacitores do
sistema, quando um destes elementos atua, por meio de disjuntores de by-pass e só
depois disso permitir a atuação das proteções. Entretanto, isso pode levar o tempo de
eliminação de defeitos a valores inaceitáveis. Diversos trabalhos tentaram resolver este
problema utilizando diferentes recursos, como técnicas de proteção adaptativa e PMU
(“Phasor Measurements Units”) dentre outras. A despeito desses métodos, as técnicas
conhecidas até o presente momento, de uma forma geral, funcionam adequadamente
apenas em situações bastante particularizadas, pois não resolvem o cerne do problema
que é a direcionalidade. Com o objetivo de buscar uma solução mais abrangente para
este problema, os autores deste trabalho propuseram uma técnica inovadora que utiliza o
argumento da razão das tensões à frente e atrás do banco de capacitores para obter a
direcionalidade necessária.
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito dos seguintes fatores em seu
comportamento:
•Atuação das proteções do banco de capacitores série (“gaps” e MOVs);
•Redução significativa da tensão para curtos-circuitos francos à frente do banco;
•Inversão de corrente que ocorre quando a reatância indutiva equivalente atrás do banco
é menor do que a sua reatância capacitiva.
Para a análise do comportamento do método durante essas condições serão realizadas
diversas simulações computacionais com o auxílio do software ATP (“Alternative
Transient Program”). Essas simulações serão posteriormente submetidas ao algoritmo
proposto implantado com o auxílio do software SCILAB. Para uma melhor avaliação
dos resultados obtidos pelas simulações, será utilizado o plano ?. Este recurso,
geralmente utilizado para a análise de proteções diferenciais, pode ser utilizado para a
investigação do comportamento de qualquer relé de proteção que compare duas
grandezas fasoriais para definir sua característica de operação. Neste caso, as grandezas
comparadas serão as tensões à frente e atrás do banco de capacitores série.
COMPORTAMENTO DO MÉTODO FRENTE A FATORES EXTERNOS
Resistência de falta
Existem dois tipos de resistências que podem aparecer em uma falta: a resistência de
arco e a resistência de contato. A resistência de arco, como o próprio nome diz, é aquela
referente ao arco elétrico (“flashover”) formado pelo curto-circuito. Há diversas
referências na literatura para o cálculo desta resistência. Para uma linha de transmissão
de 500 kV, por exemplo, elas apresentariam um valor inicial bem baixo (entre 1 ? e 2 ?),
mas à medida que, por exemplo, o vento aumenta o comprimento do arco, este valor
pode aumentar consideravelmente.
A resistência de contato, no entanto, depende de diversos fatores como a natureza do
curto-circuito e a resistividade do solo. Em caso de curtos-circuitos envolvendo árvores,
por exemplo, esta resistência pode assumir valores superiores a 50?.
Quando existe uma resistência de falta, há uma modificação no lugar geométrico das
faltas no plano ?. As setas alaranjadas e violetas da Figura 4 mostram o comportamento
das faltas à frente e atrás do banco de capacitores com resistência de falta,
respectivamente.
Pode-se verificar, então, que os curtos-circuitos com resistência de falta estão cobertas
pela região de atuação inicial.
Faltas francas próximas ao banco de capacitores
Durante faltas francas próximas ao banco de capacitores, o módulo da tensão, no ponto
de falta, fica bastante reduzido. Isso pode impossibilitar o cálculo dos fasores
fundamentais pelo relé. Este problema, no entanto, pode ser resolvido definindo um
valor mínimo de tensão para que o relé tenha sensibilidade. O ponto que vier a
apresentar uma tensão abaixo deste valor pode ser considerado um ponto de falta. Desta
forma, poderia ser implementada uma lógica conforme a apresentada na Figura.

Figura– Lógica proposta para evitar atuações incorretas devido à ausência de tensão
durante faltas francas próximas ao banco
Inversão de corrente
A inversão de corrente é um fenômeno que ocorre quando a reatância indutiva
equivalente do sistema atrás do banco de capacitores tem o módulo menor do que a
reatância capacitiva do banco de capacitores. Neste caso, as correntes passam a fluir no
sentido inverso. Como o método proposto se baseia em tensões, ele é imune à
ocorrência de inversões de corrente. Além disso, na formulação proposta, não são
utilizadas a impedâncias equivalentes dos sistemas.
Inversão de tensão
A inversão de tensão é um fenômeno inerente do sistema e que sempre irá ocorrer
quando a reatância indutiva do trecho da linha de transmissão entre o banco de
capacitores e o ponto de falta tiver o módulo menor do que a reatância capacitiva do
banco de capacitores. Este caso já está coberto pela simulação apresentada na Figura 2 e
nas deduções elaboradas.
CONCLUSÕES
Os resultados das simulações mostraram a possibilidade de aplicação prática da técnica
proposta. Além disso, com o artifício proposto de se usar uma lógica utilizando um
temporizador, podem ser utilizados os relés de distância disponíveis no mercado para se
implantar esta técnica, desde que estes relés possuam:
• 2 entradas trifásicas de tensão;
• Flexibilidade para a implantação da lógica do método pelo usuário;
• Memória suficiente para a implementação da lógica do método pelo usuário (6
unidades – AT, BT, CT e AB, BC e CA).
Para a utilização deste método, no entanto, seriam necessários dois conjuntos de
transformadores de potencial por terminal de linha, enquanto o usual é utilizar apenas
um conjunto. Isso, obviamente, resultaria em um maior custo para o sistema de
proteção. Entretanto, para que seja feita uma análise de viabilidade econômica mais
criteriosa, deve ser levada em conta a robustez da técnica proposta, que dificilmente irá
permitir que o relé atue indevidamente e dificilmente deixará de atuar para uma falta à
frente do banco de capacitores. Somando-se isso ao advento da parcela variável (PV),
que é uma multa proporcional ao tempo de desligamento de linhas de transmissão, é
razoável aceitar este pequeno incremento no investimento total de uma obra de uma
linha de transmissão compensada
Fonte: http://www.osetoreletrico.com.br/web/component/content/article/58-artigos-e-
materias-relacionadas/134-protecao-de-linhas-de-transmissao-com-compensacao-
serie.html

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