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Conceito Obrigatório: Sobrecorrente Direcional

Explicando a física que rege as Proteções Direcionais

A Geração Distribuída em todo o mundo é uma tendência tecnológica


emergente, que representa um novo conjunto de desafios para o setor de
energia. Com a real possibilidade de fluxo de energia bidirecional e também
a ideia da sequência convencional de Geração, Transmissão, Distribuição e
Varejo, o resultado inevitável é que as redes de distribuição precisam lidar
com a proteção de rede em um cenário de fluxo de energia direto e reverso.
Embora a proteção direcional não seja um conceito novo, ela fornece um
grau significativo de complexidade adicional em comparação aos esquemas
tradicionais de proteção baseados em magnitude. Esta minissérie de artigos
de revisão técnica abordará os conceitos básicos de física para ajudar
engenheiros e técnicos entender os conceitos por trás da proteção
direcional e para quais aplicações ela é mais adequada.
Sobrecorrente Direcional
Sobrecorrente direcional é o nosso primeiro elemento a ser examinado.
Conceitualmente, esse elemento fornece a compreensão mais simples para
cálculos, resultados e testes, mas certamente é útil entender os princípios
por trás de como ele opera no campo.
A sobrecorrente é normalmente aplicada para faltas que não incluem uma
corrente de fuga à terra. Esta classe de faltas inclui linhas que sobrepõe
entre si (uma falta fase a fase), galhos de árvores caindo entre linhas ou
alguma conexão de curto-circuito entre as fases. Não sendo a melhor
proteção para detectar faltas à terra. Filosoficamente, a sobrecorrente
direcional é o cálculo da diferença entre o ângulo de fase da corrente e o
ângulo de fase da tensão.
Para simplificar ainda mais, para os casos onde os vetores de tensão e
corrente indicam um mesmo sentido, essa provavelmente está no sentido
direto, caso estes vetores apontem em sentidos opostos, a falta
teoricamente deve adotar um sentido reversa ao esperado.
A prática típica do setor para relés é converter as tensões e correntes
medidas de fase em componentes de sequência (Correntes e Tensões
Positivas, Negativas e de Sequência Zero). A direção de sobrecorrente é
calculada com base na diferença entre o ângulo da Tensão de Sequência
Positiva e o ângulo da Corrente de Sequência Positiva.
Vamos explorar um cenário com faltas para um melhor entendimento deste
tópico. Considere a seguinte situação:

Figura 1 – Uma Rede Simples com Duas Fontes

Temos fontes diferentes em cada lado de nossa rede, dependendo da


configuração, a falta pode ser direta ou reversa na perspectiva do Religador
de Média Tensão (um disjuntor automático com Transformadores de
Corrente e Sensores de Tensão integrados e controlados por um relé
Microcontrolador).
Em primeiro lugar, vamos pegar o caso mais simples, quando assumimos
que o cabo é um resistor. Os vetores Qualitativos para a Corrente e Tensão
de Sequência Positiva estão nas figuras 2 e 3 abaixo.
Figura 2 e 3, Uma falta puramente resistiva direta e reversa

A partir desse diagrama, consideraremos a falta “A” como uma falta direta.
O ângulo da falta entre V1 e I1 seria aproximadamente 0 graus. Para o caso
inverso, uma falta reversa, a diferença seria de aproximadamente 180
graus.
Comumente, o alcance do ângulo da falta é de até 90 graus de cada lado
do para “a maioria dos casos direto / reverso”.
Se o ângulo característico do relé indicar que a falta foi direta de -90, de 0 a
90 graus, a falta seria captada como direta e reversa para qualquer outro
caso.

Figura 4: a Zona de Operação para um RCA de 0 grau


Mas por que nos preocupamos com uma gama tão grande de ângulos para
uma falta direta?
A realidade é que uma rede de distribuição de eletricidade não é puramente
resistiva, e a relação de mudança de ângulo entre Tensão e Corrente
depende dos componentes reativos e resistivos da rede - os valores X e R.
Conceitualmente, quando olhamos para o diagrama vetorial de faltas, os
valores resistivos estão ao longo do eixo x, e os valores reativos estão ao
longo do eixo y. Quanto maior a reatância (que pode ser capacitiva ou
indutiva), mais os vetores se afastam da linha resistiva.
O motivo pelo qual os engenheiros definem uma faixa operacional é de
capturar todos os casos para uma falta direta, enquanto rejeita todos os
casos reversos (ou vice-versa). De acordo com as características dos
cabos, da infraestrutura da rede, a quantidade de X e R, da distância da
falta até o disjuntor, estes ângulos serão drasticamente alterados, assim
como suas leituras.

Característica 95mm2 Al 240mm2 Al


Resistência 0.31 Ω/km 0.12 Ω/km
Reatância 0.15 Ω/km 0.3 Ω/km
Relação X/R 0.48 2.5

A tabela acima descreve alguns valores para uma comparação de exemplo


entre dois Condutores de Alumínio. Uma é uma seção transversal de
95mm² e a outra é de 240mm². O valor que mais nos interessa é a relação X
/ R. Esta relação nos mostra que, para um determinado comprimento de
linha, você pode esperar uma certa quantidade de reatância e resistência.
Quando a relação é inferior a 1, ou seja, quanto mais comprido o cabo,
maior resistente este possuí. Ou seja, quanto mais distante a falta estiver
do disjuntor, mais próxima a zero será a diferença do vetor tensão-corrente.
Quando a relação está acima de 1, quanto mais longo o cabo, mais reativo
ele é. Logo, com o aumento da distância da falta para disjuntor, mais
distante será a diferença do vetor tensão - corrente.
Em outras palavras, dependendo do seu cabo, a diferença de vetor irá
divergir ou convergir devido à razão entre X e R. A Figura 5 mostra os
vetores de corrente qualitativos baseados na relação X e R.
Figura 5: Correntes Resultantes Diferentes Baseadas em X/R

A razão pela qual a sobrecorrente Direcional tem um “Ângulo de


Característica de Relé” ou “Ângulo de Torque” (termo proprietário) é
responsável pela reatância de sua rede. Você pode supor que, se o ângulo
direto deriva com base na reatância, então um desvio semelhante ocorrerá
no sentido oposto. Portanto, uma configuração de Sobrecorrente Direcional
de, digamos, 60 graus, pressupõe uma rede razoavelmente reativa, com
intervalos de operação resultantes de 150 graus, seguido por 60 graus e
abaixando para -30 graus. Os casos reversos seriam o exato oposto.
“As redes de distribuição com alta incidência de energia solar de conexões
de energia solar renovável muitas vezes trabalham com alimentação
contrária durante o dia (o fluxo de energia ocorre das cargas para a
subestação) e na alimentação convencional à noite (fluxo de energia da
subestação para a carga) ”, relata Neil O'Sullivan, diretor administrativo da
NOJA Power Group. “Esse fenômeno está se tornando cada vez mais
comum e requer a Proteção Direcional implementada em todos os
dispositivos de proteção instalados nesses alimentadores para garantir a
detecção correta de faltas e a coordenação das proteções. ”
Em resumo, nós exploramos alguns pontos chave:
 A sobrecorrente direcional é determinada por meio de várias técnicas,
mas a mais comum é através de uma comparação entre o ângulo de
tensão de sequência positiva e os ângulos de corrente de sequência
positiva.
 Nos casos onde a rede seja puramente resistiva, uma suposição justa
seria que o direto tem uma diferença vetorial de zero, e as faltas
reversas têm uma diferença de vetor de 180 graus.
 O maior motivo para a mudança de fase entre tensão e corrente é a
relação X / R em um local de falta.
 Todas as redes reais possuem alguma reatância, e a razão para um
Ângulo de Torque é considerar todos os Casos de Falta de
Sobrecorrente, uma vez que que a razão entre X e R varia ao longo do
comprimento do alimentador protegido.
 Quanto mais resistiva for uma rede, mais próxima o Ângulo
Característico do Relé (RCA) é de zero graus. Quanto mais reativa,
mais próximo o RCA será de -90 graus.
O sistema de religadores OSM da NOJA Power é implementado em
inúmeras situações de proteção direcional ao redor do mundo. Se você
precisar de suporte para configurar seu dispositivo ou quiser saber mais,
entre em contato com www.nojapower.com.br

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