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𝜌𝑙
𝑅 =
𝑆
𝑅(𝑇) = 𝑅𝑜 (1 + 𝛼Δ𝑇)
Onde R(T) denota que R é função da temperatura, Ro é a resistência do condutor a 0°C,
α é o coeficiente de temperatura do material do condutor e ΔT é a variação de temperatura a
qual o condutor está sujeito. Feita essa revisão, vamos estudar a ponte de Wheatstone, muito
empregada em conjunto com sensores resistivos de diferentes naturezas.
𝑅1 𝐼1 = 𝑅3 𝐼3
e
𝑅2 𝐼2 = 𝑅4 𝐼4
𝑅1 𝑅2
=
𝑅3 𝑅4
Utilizando esses conceitos, vamos estudar dois tipos de sensores resistivos: o LDR, ou
Light-Dependent Resistor, e o termistor. O primeiro varia sua resistência de acordo com a
incidência luminosa e, o segundo, de acordo com a temperatura.
A figura 4 traz a tabela dos parâmetros elétricos do mesmo LDR da figura 3, retirada do
seu datasheet. Podemos ver novamente a variação da resistência em relação à luminosidade.
Além disso, constam nessa tabela a corrente e tensão máximas que o LDR suporta, dissipação
de potência, e os limites de temperatura ambiente nos quais o sensor opera. Ainda, é
interessante verificar os tempos de resposta do sensor (Rise e Fall Time), que dão a resposta
dinâmica do sensor com relação a variações de luminosidade do ambiente.
Figura 4: Tabela com as características de um LDR comercial. Fonte: Datasheet LDR Sunrom.
As aplicações deste sensor são muitas. Podem ser utilizados em circuitos de controle de
exposição de câmeras, máquinas copiadoras, densímetros, escalas eletrônicas, controle
automático de ganho, sensor de posição, sensor de presença, iluminação pública, sistemas de
alarme, etc. Vamos estudar como exemplo a aplicação em iluminação. A figura 5 mostra dois
circuitos com LDR para iluminação, que acendem LEDs quando a luminosidade do ambiente se
torna menor que um dado valor. Vamos ver como é possível projetar um circuito para realizar
essa tarefa.
Figura 5: Circuitos com LDR para iluminação.
Uma possível implementação de um circuito para acionar um LED com LDR é mostrada
na figura 6. O resistor em azul na ponte de Wheatstone é um LDR, com resistência variável R LDR.
A tensão de alimentação da ponte de Wheatstone é Vin, e vamos assumir que esta tensão
alimenta também o amp-op. Entre a fonte Vin e a saída do amp-op, temos o LED que iremos
acionar. O resistor R em série com o LED serve apenas para limitar a corrente que passa pelo
componente. No mesmo braço da ponte que o LDR, temos o resistor R 3. A tensão no ponto
médio do braço com LDR é VLDR. Esta tensão varia de acordo com a variação da resistência do
LDR devido à incidência luminosa, e é calculada pela equação do divisor resistivo:
𝑅3
𝑉𝐿𝐷𝑅 = 𝑉𝑖𝑛
𝑅3 + 𝑅𝐿𝐷𝑅
Da equação acima, podemos ver que, quando temos menor incidência luminosa, de
acordo com a figura 3, RLDR é maior e, consequentemente, a tensão VLDR é menor. Por outro lado,
quando temos mais luz incidindo sobre o LDR, RLDR diminui, fazendo com que VLDR aumente. O
resistor R3 é projetado para ter valor igual à resistência do LDR para a qual queremos que o LED
acenda, correspondendo a um dado valor de LUX. No outro braço da ponte, temos os resistores
R1 e R2, que também compõem um divisor resistivo. A tensão no ponto médio desses resistores
é um valor constante, pois R1 e R2 não são variáveis. Vamos chamar esse sinal de tensão de
referência VREF:
𝑅2
𝑉𝑅𝐸𝐹 = 𝑉𝑖𝑛
𝑅2 + 𝑅1
Usualmente, para facilitar o projeto, escolhemos R 1 = R2, resultando em VREF = Vin/2. As
tensões VREF e VLDR são inseridas, respectivamente, nas entradas inversora e não-inversora do
amp-op. A saída do amp-op é a tensão Vo, e o amp-op está configurado como um comparador,
já que não temos realimentação negativa no circuito. Assim, Vo pode assumir os valores ±Vin, ou
seja, a tensão de alimentação do amp-op.
Figura 6: Circuito com LDR para acionar um LED.
No outro braço da ponte, temos os resistores R1 e R2, que também compõem um divisor
resistivo. A tensão no ponto médio desses resistores é um valor constante, pois R 1 e R2 não são
variáveis. Vamos chamar esse sinal de tensão de referência VREF:
𝑅2
𝑉𝑅𝐸𝐹 = 𝑉𝑖𝑛
𝑅2 + 𝑅1
Usualmente, para facilitar o projeto, escolhemos R1 = R2, resultando em VREF = Vin/2.
As tensões VREF e VNTC são inseridas, respectivamente, nas entradas inversora e não-
inversora do amp-op. A saída do amp-op é a tensão Vo. O amp-op está configurado como um
comparador, já que não temos realimentação negativa no circuito, e Vo pode assumir os valores
±Vin. Quando a temperatura ambiente é menor do que a temperatura para a qual queremos que
o relé atue, a resistência RNTC do termistor será grande, com valor maior do que a resistência do
termistor para a temperatura de atuação do relé. Se RLDR é grande, o valor de VNTC será pequeno.
O amp-op compara os valores de VNTC e VREF, e, nesse caso, como VNTC < VREF, a saída de tensão
do amp-op assume valor negativo, ou seja, Vo = -Vin. Esta tensão é aplicada na base do transistor
na saída do amp-op; sabemos que, para que o transistor npn seja polarizado e conduza corrente,
a tensão aplicada na base deve ser positiva. Como Vo = -Vin, o transistor não está polarizado e,
consequentemente, não conduz, deixando o relé inativo. Quando a temperatura aumenta acima
do valor especificado para atuação do relé, a resistência RNTC irá diminuir, até atingir um valor
menor do que a resistência do NTC para a temperatura de acionamento do relé. Se RNTC é
pequena, o valor de VNTC será grande. Agora temos que VNTC > VREF. Assim, a saída de tensão do
amp-op assume valor positivo, ou seja, Vo = Vin. A tensão positiva aplicada na base do transistor
coloca o mesmo em condução, acionando o relé de sobretemperatura. Este é o comportamento
que esperamos: que o relé seja acionado apenas quando a temperatura for maior que um certo
valor especificado em projeto.
Figura 11: Circuito com termistor NTC para acionar um relé de sobretemperatura.
𝜌𝑙
𝑅 =
𝑆
Δ𝑅 Δ𝑙
= 𝐺 = 𝜀𝐺
𝑅 𝑙
Figura 2: Extensômetros sobre uma superfície deformável. Fonte: “Instrumentation and Control Systems”, de William
Bolton
a) Medida de tensão ou compressão – 1/4 de ponte: O primeiro caso que vamos analisar
é a medida de tração ou compressão de uma superfície utilizando um extensômetro. Vamos
tomar como exemplo o esforço de tensão, onde a resistência do extensômetro aumenta. O
sensor pode ser posicionado em uma das duas formas mostradas na parte superior da figura 6.
Se a superfície for alongada, como no desenho da esquerda, ou deslocada para baixo, como na
direita, o extensômetro irá ter um aumento de sua resistência. Para uma medição de
compressão, o posicionamento do sensor é o mesmo, porém os sentidos das forças mostradas
na figura se invertem. Como temos apenas um extensômetro, podemos colocá-lo em qualquer
posição da ponte de Wheatstone, como mostrado no circuito esquemático na parte inferior da
figura 6.
Para nossa análise, vamos considerar que os resistores R1, R2 e R3 são iguais entre si e
iguais a R, e o extensômetro é representado pelo resistor R4 = R + ΔR. A figura 7 mostra os sinais
de tensão e corrente na ponte de Wheatstone, para facilitar nossa análise. Podemos escrever as
equações das correntes I1 e I2 como:
𝑉𝑖𝑛
𝐼1 =
2𝑅
𝑉𝑖𝑛
𝐼2 =
2𝑅 + Δ𝑅
A tensão de saída Vo, por sua vez, pode ser escrita como a diferença entre as quedas de
tensão dos resistores R2 (tensão Vdc entre os pontos d e c da ponte) e R4 (tensão Vcb entre os
pontos c e b da ponte):
Figura 8: Medida de tensão ou compressão com compensação dos efeitos de temperatura – 1/4 de ponte.
Como o extensômetro “dummy” R3 não está sujeito à força aplicada e não sofre
deformação, sua resistência não varia e podemos novamente considerar que os resistores R1, R2
e R3 são iguais entre si e iguais a R, e o extensômetro “verdadeiro” é representado pelo resistor
R4 = R + ΔR. A figura 8 mostra os sinais de tensão e corrente na ponte de Wheatstone. Podemos
ver que o circuito da figura 8 é exatamente igual ao da figura 7, e, consequentemente, a dedução
do seu ganho de tensão é idêntica, resultando na mesma expressão do ganho:
𝑉𝑜 −Δ𝑅 −εG
= =
𝑉𝑖𝑛 4𝑅 + 2Δ𝑅 4 + 2εG
Figura 9: Sinais de tensão e corrente na ponte de Wheatstone com extensômetro “dummy” para compensação dos
efeitos da temperatura.
A análise deste circuito é muito parecida com as que já fizemos. Vamos considerar que
os resistores R1 e R2 são iguais entre si e iguais a R, e os extensômetros são iguais a R3 = R - ΔR e
R4 = R + ΔR. A figura 11 mostra os sinais de tensão e corrente na ponte de Wheatstone. Podemos
escrever as equações das correntes I1 e I2 como:
𝑉𝑖𝑛
𝐼1 =
2𝑅
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑛
𝐼2 = =
2𝑅 + Δ𝑅 + 2𝑅 − Δ𝑅 2𝑅
Vamos escrever a tensão de saída Vo como a diferença entre as quedas de tensão dos
resistores R4 (tensão Vab entre os pontos a e b da ponte) e R1 (tensão Vad entre os pontos a e d
da ponte):
Figura 11: Sinais de tensão e corrente na ponte de Wheatstone para medida de tensão ou compressão com dois
extensômetros.
2) Condicionamento de sinais do extensômetro: Para condicionarmos o sinal de
saída da ponte de Wheatstone Vo, podemos ainda inserir um ganho de tensão adicional, pois,
muitas vezes, a amplitude de Vo é muito pequena. Por exemplo, podemos inserir entre os
terminais da ponte um amplificador diferencial, como já estudamos na parte I sobre sensores
resistivos, e cujo circuito é mostrado na figura 12 para relembrar:
Figura 12: Ponte de Wheatstone com condicionamento do sinal de saída por meio de amplificador diferencial.
EXERCÍCIOS
Figura 1: Esquemático de um sensor capacitivo genérico. Fonte: Wiliam Bolton, “Instrumrntation and Control
Systems
Figura 2: Sensores capacitivos de proximidade comerciais.
Figura 3: Sensor capacitivo e suas dimensões; formas de variação da capacitância do capacitor sensor. Fonte:
Wiliam Bolton, “Instrumentation and Control Systems”
EXEMPLO: Seja um sensor capacitivo com A = 12cm2 (largura de 2cm e comprimento de 6cm),
d = 10cm e dielétrico com ε = 30pF/m. Qual a capacitância do sensor em repouso e para um
deslocamento x = 5cm?
EXEMPLO: Seja o mesmo sensor capacitivo do exemplo anterior, com A1 = 12cm2, d = 10cm e
dielétrico com ε = 30pF/m, mas agora a área de superposição entra as placas que varia, e não a
distância vertical entre elas. Qual a capacitância do sensor em repouso e para um deslocamento
x = 3cm, no mesmo sentido que o mostrado na figura 6?
EXEMPLO: Seja o mesmo sensor capacitivo do exemplo anterior, com A = 12cm 2, d = 10cm e
dielétrico móvel com ε = 30pF/m. O meio onde o sensor está inserido é o ar. Qual a capacitância
do sensor em repouso e para um deslocamento x = 2cm do dielétrico, no mesmo sentido que o
mostrado na figura 7?
µ𝐴𝑁 2
𝐿 =
𝑙
Figura 13: Diagrama esquemático de circuito de condicionamento de sinal para LVDI com o CI AD598. Fonte: site
Analog Devices.
DISCIPLINA DE ELETRÔNICA APLICADA E INSTRUMENTAÇÃO
i) Sensor de efeito Hall em malha fechada: Este sensor é composto por um núcleo
magnético com uma abertura no centro, por onde passa o condutor que conduz a corrente que
se quer medir. A figura 3 mostra um exemplo do sensor de corrente de efeito Hall LA-100P da
LEM, capaz de medir correntes CA de até ±150A. O sensor possui apenas três terminais:
alimentação em ±VCC e o sinal de saída M. O condutor com a corrente que se quer medir passa
pela abertura central na figura 3, sendo considerado o primário do sensor, e a corrente que
passa por ele é a corrente primária IP. No entreferro do núcleo magnético do sensor, é colocada
uma sonda de efeito Hall, mostrada na figura 4 (o quadrado em preto sólido no entreferro). A
corrente primária IP gera um fluxo magnético no primário do sensor, que é transformado na
tensão VH pela sonda de efeito Hall. O circuito eletrônico na saída da sonda amplifica a tensão
VH resultante e a converte em uma corrente secundária IS proporcional à VH. A corrente IS flui
então por um conjunto de espiras NS no secundário do sensor, gerando um fluxo secundário que
cancela os efeitos do fluxo primário. A corrente de saída do secundário I S é uma réplica
praticamente exata de IP em todos os instantes de tempo, sendo a saída do sensor. Desta forma,
o sensor de corrente de efeito Hall em malha fechada pode ser considerado um transformador
eletrônico de corrente com isolação galvânica entre o primário e o secundário, cujo sinal de
saída é uma corrente proporcional à corrente de entrada. Estes sensores conseguem medir uma
ampla gama de frequências, geralmente entre 0Hz (CC) a centenas de kHz, medindo valores
instantâneos e pulsos de corrente com alta precisão, linearidade, confiabilidade e com resposta
dinâmica rápida, o que os tornam muito atraentes para aplicações de controle de processos,
como, por exemplo, drives para controle de máquinas, inversores conectados à rede elétrica,
UPS, aplicações de energias renováveis, tração, etc. Por possuir um núcleo magnético, o sensor
está sujeito à saturação, ou seja, valores muito altos de corrente, acima da nominal, podem
saturar o núcleo, resultando em erros de medida ou até mesmo danificando o sensor. Desta
forma, geralmente podem medir correntes de até alguns poucos milhares de Ampères. Como
exemplo comercial, temos o sensor da LEM LA 100-P, que, como vimos, é capaz de medir
correntes CA de até ±150A, com relação de transformação de 1:2000, banda passante de 0Hz a
200kHz e precisão de ±0,45% (em relação ao valor nominal de corrente).
Figura 3: Sensor de corrente de efeito Hall em malha fechada LA 100-P. Fonte: Datasheet LEM.
Figura 4: Esquemático de sensor de corrente de efeito Hall em malha fechada. Fonte: Catálogo ABB.
ii) Sensor de efeito Hall em malha aberta: Deriva do sensor de efeito Hall em malha
fechada, porém seu circuito é mais simples. Externamente, o sensor é semelhante ao mostrado
na figura 3, sendo composto por um núcleo primário com uma abertura para a passagem do
condutor com a corrente que se quer medir, a corrente primária I P. Como mostrado no
esquemático da figura 5, este sensor também tem uma sonda de efeito Hall em seu entreferro,
e seu funcionamento é semelhante ao descrito anteriormente para o sensor de malha fechada.
A corrente primária IP gera um fluxo magnético, que é convertido pela sonda de efeito Hall na
tensão VH equivalente. O circuito de amplificação na saída da sonda amplifica essa tensão,
resultando na tensão VS secundária na saída do sensor. Note que não há realimentação da saída
de volta para o núcleo, como vimos no sensor de malha fechada, e por isso esse sensor é dito
em malha aberta. Assim, o sensor de corrente de efeito Hall em malha aberta pode ser
considerado um transformador eletrônico de corrente com isolação galvânica entre o primário
e o secundário, cujo sinal de saída é uma tensão proporcional à corrente de entrada. Estes
sensores conseguem medir uma gama menor de frequências de corrente quando comparados
com os sensores em malha fechada, geralmente entre 0Hz (CC) a dezenas de kHz. Embora a
banda passante seja menor, estes sensores geralmente são mais baratos. Podem medir valores
instantâneos e pulsos de corrente com alta precisão, linearidade, confiabilidade e com resposta
dinâmica rápida. Suas aplicações são basicamente as mesmas que o sensor de corrente de efeito
Hall em malha fechada, e também estão sujeitos à saturação magnética do núcleo.
Figura 5: Esquemático de sensor de corrente de efeito Hall em malha aberta. Fonte: Catálogo ABB.
iii) Sensor de efeito Hall eletrônico: Ao contrário dos dois casos anteriores, este sensor não
possui um núcleo magnético com entreferro, não estando sujeito à saturação e,
consequentemente, sendo capaz de medir correntes de algumas dezenas de milhares de
Ampères, mas ao custo de precisão inferior à dos sensores Hall de malha aberta e fechada. Isso
faz com que sejam muito empregados em aplicações de altas potências, como em subestações,
e não em aplicações de controle de processos, onde uma grande precisão é necessária. O sensor
também possui uma abertura por onde passa o condutor com a corrente primária IP que se quer
medir, como mostrado na figura 6. Contudo, não temos agora uma sonda de efeito Hall no
entreferro, mas sim um conjunto de sondas de efeito Hall diferenciais igualmente espaçadas ao
longo da abertura, como mostrado na figura 7. A corrente primária IP gera um fluxo magnético
no primário, que é medido pelo conjunto de sondas de efeito Hall diferenciais. O circuito
eletrônico na saída de todas essas sondas condiciona a trata os sinais de cada sonda (soma e
amplificação), disponibilizando duas saídas de corrente (IS1 e Is2) e duas de tensão (VS1 e Vs2), que
são proporcionais à corrente medida no primário. Também é capaz de medir correntes desde
0Hz até algumas dezenas de kHz, bem como pulsos de corrente.
Figura 6: Sensor de corrente de efeito Hall eletrônico. Fonte: Catálogo ABB.
Figura 7: Esquemático de sensor de corrente de efeito Hall eletrônico. Fonte: Catálogo ABB.
c) Bobina de Rogowski: Muito utilizada para medir correntes CA, pulsos muito
rápidos de corrente e correntes harmônicas, devido a sua baixa indutância, porém não consegue
medir correntes CC. Consiste em uma bobina helicoidal, com o cobre de uma extremidade
retornando pelo centro da bobina até a outra extremidade, fazendo com que os dois terminais
estejam do mesmo lado da bobina. Não há núcleo de ferro no sensor, fazendo com que este
dispositivo seja altamente linear, não ocorrendo saturação devido à variação do fluxo
magnético. A densidade do fio que constitui a bobina e a rigidez do enrolamento são muito
importantes para garantir a imunidade do sensor a ruídos externos, garantindo também baixa
sensibilidade à posição que o sensor será colocado junto ao condutor que se quer medir a
corrente, pois a bobina é “enrolada” ao redor deste condutor, como mostrado na figura 8.
Vemos também na figura 8, que a saída do sensor é uma tensão secundária VS; contudo, VS é
proporcional à taxa de variação da corrente IP, e não à corrente IP instantânea:
𝐴𝑁µ𝑜 𝑑𝑖𝑃 (𝑡)
𝑣𝑆 (𝑡) = −
𝑙 𝑑𝑡
𝐴𝑁µ𝑜
∫ 𝑣𝑆 (𝑡) = − 𝑖𝑃 (𝑡)
𝑙
Figura 11: Esquemático de sensor de tensão de efeito Hall em malha fechada. Fonte: Catálogo ABB.
Figura 12: Sensor de tensão de efeito Hall em malha fechada LV 25-P. Fonte: Datasheet LEM.
Na aula de hoje, iremos estudar três tipos de sensores de grandezas não-elétricas ativos,
ou seja, cuja saída já é um sinal de tensão proporcional à variável que se quer medir. Iremos
apresentar aqui uma breve descrição de sensores piezoelétricos (medida de pressão, forças e
deslocamentos), termopares (medida de temperatura) e encoders (velocidade e posição
angulares).
Δ𝑄 𝑉𝑐𝑐
𝑉𝑜 = +
𝐶𝑓 2
1
𝑓𝑐 =
2𝜋𝑅𝑓 𝐶𝑓
Da equação da tensão de saída Vo, podemos ver que o ganho do circuito é dado por 1/Cf.
Portando, devemos escolher um valor para Rf que resulte na frequência de corte desejada e que,
ao mesmo tempo, não prejudique o funcionamento do integrador. Geralmente, R f assume
valores grandes, na casa de 1MΩ, podendo variar entre 100kΩ a 10MΩ. Por outro lado, a
capacitância do condutor, expressa por Cc, juntamente com o resistor de entrada Ri e a
capacitância Cp do sensor, se combinam para formar uma rede passa-baixa, com frequência de
corte igual a:
1
𝑓𝑐 =
2𝜋𝑅𝑖 (𝐶𝑝 + 𝐶𝑐 )
Na maior parte das aplicações, a rede passa-baixa não irá afetar os sinais de interesse,
pois sua frequência de corte se encontra bem acima das frequências que o sensor piezoelétrico
é capaz de sintetizar; contudo, é importante saber que esse fenômeno pode ocorrer.
Figura 2: Circuito de condicionamento de sinal para sensor piezoelétrico utilizando o modelo de carga. Fonte: “Signal
Conditioning Piezoelectric Sensors” – Texas Instruments.
Figura 7: Encoder incremental. Fonte: Willian Bolton, “Instrumentation and Control Systems”.
Figura 11: Vista lateral de um encoder absoluto com quatro círculos concêntricos. Fonte: Willian Bolton,
“Instrumentation and Control Systems”.
Figura 12: Exemplos de encoders comerciais.
DISCIPLINA DE ELETRÔNICA APLICADA E INSTRUMENTAÇÃO
Até agora, trabalhamos com circuitos e sensores para sinais puramente analógicos. A
partir da aula de hoje, iremos começar a trabalhar com instrumentação digital. Iremos estudar
como condicionar os sinais de saída dos sensores que estudamos a fim de que os mesmos
possam ser lidos por um conversor AD e processados dentro de um processador digital de sinais,
como, por exemplo, o Arduíno. Antes de mais nada, convém revisar os conceitos de sinais
contínuos e discretos.
a) Sinais contínuos: são sinais que existem, ou seja, são definidos, para todo tempo
t (contínuos no tempo). A amplitude destes sinais pode assumir valores contínuos, existindo
para todo e qualquer valor (contínuos em amplitude), como mostrado na Figura 1a, ou podem
assumir apenas valores específicos, ou seja, quantizados (discretos) em amplitude, como
mostrado na Figura 1b. Os sinais da Figura 1a também são geralmente denominados sinais
analógicos, por serem contínuos no tempo e na amplitude.
b) Sinais discretos: são sinais que existem apenas em instantes definidos de tempo
t, ou seja, são sinais amostrados (ver as disciplinas de Sinais e Sistemas e Controle II). Podem ser
discretos no tempo porém assumir qualquer valor de amplitude, como na Figura 1c, ou ser
discretos no tempo e na amplitude, como na Figura 1d. Este último caso representa um sinal
amostrado e quantizado, e são os sinais encontrados dentro de processadores, sendo, por isso,
também chamados de sinais digitais. Dentro dos processadores, usualmente são representados
por números binários.
A partir de agora, iremos trabalhar com dois conceitos muito importantes, que
apareceram nos parágrafos anteriores: amostragem e quantização. O processo de amostragem
já é conhecido, sendo estudado em maiores detalhes nas disciplinas de “Sinais e Sistemas” e
“Controle II”, e, portanto, iremos apenas aplicá-lo na nossa disciplina. A amostragem transforma
um sinal contínuo no tempo em um sinal discreto no tempo, que existe apenas nos instantes de
amostragem. Esses instantes são determinados pela frequência de amostragem do sinal, fs, que,
na maioria das vezes, é fixa. Entre dois instantes de amostragem, o sinal discreto resultante não
contém informação sobre o sinal de entrada que o gerou. Quanto maior a frequência de
amostragem, mais resolução teremos no sinal amostrado, e mais ele irá se parecer com o sinal
contínuo original. Mais adiante, iremos ver como escolher f s de maneira adequada para uma
dada aplicação. À medida que fs se aproxima do infinito, mais o sinal amostrado irá se parecer
com o sinal contínuo original. Na prática, existem fatores que limitam a frequência de
amostragem que podemos empregar como, por exemplo, a máxima fs que um dado processador
é capaz de implementar. Isso faz com que o sinal amostrado possua banda passante limitada.
Por outro lado, a quantização transforma um sinal contínuo em amplitude em um sinal discreto
em amplitude. A quantização está relacionada com o número de bits do processador: quanto
mais bits o processador possui para representar dados, mais “degraus” de amplitude, ou valores,
ele pode representar, aumentando a resolução da representação dos dados. Por exemplo, um
processador de 8 bits pode representar 28 = 256 valores, enquanto um processador com 12 bits
pode representar 212 = 4096 valores, com uma resolução muito maior. À medida que o número
de bits do processador tende ao infinito, o sinal quantizado se parece cada vez mais com o sinal
contínuo original. Contudo, sabemos que é impossível um processador trabalhar com frequência
de amostragem infinita, bem como ter um número infinito de bits. Disso decorre que sempre
teremos erros associados à instrumentação digital.
O fato de termos sinais de diferentes naturezas também faz com que tenhamos
instrumentações apropriadas para as diferentes naturezas dos sinais. A instrumentação
analógica já é nossa conhecida, pois estamos trabalhando com ela desde o início da disciplina.
A figura 2 traz um exemplo que já estudamos, de um sensor analógico de temperatura do tipo
termopar. O calor aquece o líquido onde o termopar está inserido, modificando a temperatura
deste. Consequentemente, a tensão de saída nos terminais do termopar varia de acordo com a
variação da temperatura. Esta tensão geralmente é muito pequena, como vimos, sendo então
passada por um circuito de condicionamento de sinais, que pode, por exemplo, utilizar amp-ops
para inserir ganho na tensão de entrada. A saída desse circuito é uma tensão analógica
amplificada, contínua no tempo e na amplitude, como mostrado no gráfico na parte inferior
direita. Neste exemplo, tudo é analógico: o sensor, o circuito de condicionamento (que pode
incluir resistores, amp-ops, capacitores, transistores, etc – componentes passivos e ativos), e os
sinais são analógicos em todas as etapas do circuito, desde a medição pelo sensor até o
condicionamento. Um problema da instrumentação analógica é a imprecisão referente aos
componentes: por exemplo, circuitos de amplificação são baseados em amp-ops e resistores, e
os resistores podem ter seus valores alterados devido à temperatura, as resistências reais não
são exatamente iguais às ideais, etc.
Por outro lado, a figura 3 mostra um exemplo de instrumentação digital, onde o sensor
é um encoder incremental. Como estudamos, a saída do encoder incremental é um trem de
pulsos digital, onde um sinal alto significa que a luz do transmissor passou por entre uma das
aberturas do eixo rotativo do sensor, e um sinal baixo significa que a luz foi bloqueada pela parte
opaca do sensor. Este trem de pulsos digital é então processado por um circuito digital como
um contador ou registrador, que mostra na saída um sinal que pode ser a posição ou velocidade
do eixo, por exemplo. Porém, independentemente da natureza do sinal de saída, ele precisa
passar por algum tipo de condicionamento de sinal.
Figura 4: Sistema de conversão A/D. Fonte: David A. Rauth, Vincent T. Randal "Analog-to-Digital Conversion"
𝑓𝑠 = 10𝑓𝑚𝑎𝑥
Se o critério de Nyquist for satisfeito, o sinal digital não apresentará distorções, e o sinal
original conseguirá ser reconstruído corretamente dentro do processador. Isso também pode
ser visto na figura 6. Na parte superior da figura, temos um sinal senoidal que foi amostrado
com uma frequência que satisfaz Nyquist. A amostras são os pontos pretos no sinal original.
Desta forma, o sinal original pode ser reconstruído de forma adequada. Por sua vez, na parte
inferior da figura, o mesmo sinal senoidal original é amostrado com uma frequência muito baixa,
não satisfazendo Nyquist. Notem que o sinal reconstruído é um sinal em baixa frequência,
totalmente diferente do sinal original. Esta é a visualização do fenômeno do aliasing.
Figura 5: Fenômeno do aliasing. Fonte: David A. Rauth, Vincent T. Randal "Analog-to-Digital Conversion"
𝑓𝑐 = 0,5𝑓𝑠
2) Sample-and-Hold (SH): Como conversores A/D são sistemas físicos com limitações,
levam um certo tempo para converter o sinal contínuo amostrado em um sinal digital
equivalente, ou seja, fazer a quantização deste sinal. Assim, a amplitude do sinal amostrado
deve ser mantida constante durante um intervalo de tempo, a fim de que o A/D consiga
quantizar o sinal. Existem vários circuitos capazes de amostrar e segurar o sinal de entrada
(sample-and-hold - SH), sendo que o circuito mais simples e amplamente utilizado é o Zero-
Order-Hold, ou ZOH, mostrado na figura 7. Neste circuito, uma chave amostra o sinal analógico
original com a frequência de amostragem fs. A cada instante de amostragem, a capacitância de
entrada do circuito de SH é carregada até o valor da variável discreta (o sinal original amostrado);
a chave é aberta, e o capacitor mantém sua tensão constante, dada pela carga, até que a
quantização feita pelo A/D esteja completa. Este período no qual o capacitor mantém sua tensão
para que o A/D possa realizar a quantização é chamado de “hold time”. A saída do circuito é o
sinal amostrado.
Figura 7: Circuito SH ideal e seu funcionamento. Fonte: David A. Rauth, Vincent T. Randal "Analog-to-Digital
Conversion"
3) Quantização: A última etapa que vamos estudar na aula de hoje é a quantização, que,
como vimos, transforma um sinal contínuo em amplitude em um sinal discreto em amplitude,
representado por um número finito de bits B (sinal digital). Quanto mais bits o processador
possui para representar dados, mais valores ele pode representar, aumentando a resolução da
representação. Como vimos, um processador de 8 bits pode representar 2 8 = 256 valores,
enquanto um processador com 12 bits pode representar 212 = 4096 valores. O processo de
quantização sempre insere erros no sinal quantizado, pois, para que a amplitude de um sinal
contínuo seja perfeitamente discretizada, precisaríamos de um número infinito de bits, o que já
vimos que é impossível. Assim, temos a figura do degrau ou passo de quantização, que é a
mínima variação necessária no sinal de entrada a fim de mudar o bit menos significativo (Least
Significant Bit - LSB) do sinal digital, sendo expresso por:
𝑅
𝑄 =
2𝐵
O item ii é muito importante, pois temos que condicionar o sinal de saída do sensor (ou
sensores) que estamos trabalhando de tal forma que o máximo sinal que entra no A/D esteja
contido entre 0V e Vcc, como mostrado na figura 9. Neste exemplo, temos uma tensão de
entrada entre ±50V, que deve ser medida por um sensor, e depois condicionada, de forma tal a
se tornar uma tensão entre 0V e SV, a fim de que possa ser lida e convertida pelo conversor A/D
de um Arduíno. Para tal, nas próximas aulas iremos estudar circuitos de condicionamento de
sinais para conversores A/D, fazendo exemplos de projeto e de simulação.
Figura 9: Sinal a ser medido e sinal condicionado para ser lido e convertido por um conversor A/D.
DISCIPLINA DE INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA
INSTRUMENTAÇÃO DIGITAL
1,5𝑉
𝑅 = = 20Ω
75𝑚𝐴
3) Offset: O papel deste circuito é adicionar um offset CC na tensão sobre o resistor, a fim
de que esta fique entre 0V e 3V. O valor do offset que devemos incluir é de 1,5V. Podemos fazer
isso de diversas formas, e como primeiro exemplo implementaremos um somador de ganho
unitário não-inversor, cujo circuito é mostrado na figura 2. Em uma das entradas do somador
colocamos a tensão CC de 1,5V (que pode vir de um regulador de tensão, divisor resistivo, fonte
CC, etc), e, na outra, a tensão sobre o resistor de 20Ω. A tensão de saída do circuito é um sinal
entre 0V e 3V. Para que tenhamos ganho unitário, sabemos que o amp-op somador deve ter
todos os resistores com mesmo valor de resistência. Porém aqui é preciso tomar cuidado:
valores pequenos de resistência pode fazer com que o amp-op somador tenha baixa impedância
de entrada, fazendo com que o circuito atue como uma carga para o resistor de 20Ω, drenando
corrente e modificando a tensão sobre o resistor. Para que este efeito de carga não aconteça, é
recomendado usar valores altos de resistências para o amp-op somador; vamos escolher aqui
todos os resistores com resistência igual a 560kΩ.
4) Filtro anti-aliasing: É o circuito responsável por filtrar ruídos de alta frequência e impedir
que o fenômeno do aliasing distorça o sinal amostrado e reconstruído pelo processador. Vimos
anteriormente que este é um filtro passa-baixa que pode ser implementado de diversas formas
diferentes: ativo ou passivo, primeira ordem ou ordem superior, etc. Porém, vimos também que
um requisito deste filtro, independentemente de sua implementação, é que sua frequência de
corte seja próxima da metade da frequência de amostragem. Para termos um projeto simples,
iremos projetar um filtro passivo de primeira ordem, composto por apenas um resistor e um
capacitor; a tensão de entrada é aplicada em um dos terminais do resistor, e a tensão de saída
do filtro é medida sobre o capacitor. A frequência de corte fc será metade de fs, ou seja, 2,5kHz.
Se escolhermos o resistor do filtro igual a 1kΩ, temos que o capacitor será:
1 1
𝐶 = = = 6,37𝑒 −8 𝐹
2𝜋𝑓𝑐 𝑅 2𝜋 ∗ 2,5𝑘𝐻𝑧 ∗ 1𝑘Ω
5) Proteção: Como o nome diz, este circuito protege o A/D contra sub- e sobretensões, que
podem vir a danificar o processador. Assim como para os demais circuitos, existem diversas
formas de implementar a proteção do conversor A/D. Veremos neste exemplo a mais eficaz, que
é utilizar um amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário). Amp-
ops rail-to-rail são alimentados em 0v e Vcc, diferentemente de amp-ops convencionais, com
alimentação em ±Vcc. Isso faz com que sua saída seja naturalmente grampeada entre 0V e Vcc,
mesmo que a entrada ultrapasse esses valores (obviamente que valores extremamente
elevados na entrada podem danificar o amp-op). Assim, a tensão que chega no A/D ficará
grampeada entre 0V e Vcc, protegendo o processador. Como nosso A/D é alimentado com 0V e
3V, iremos usar um amp-op rail-to-rail alimentado com essas mesmas tensões, como mostrado
na figura 3. Um exemplo comercial de amp-op rail-to-rail é o OPA342.
Figura 3: Amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário) para proteção de conversor A/D.
𝑉𝐴𝐷
𝐼 = ( 𝑉 − 𝑉𝑜𝑓𝑓 ) 𝐴𝑣
2𝐵− 1 𝑐𝑐
Onde I no nosso caso é a corrente digital reconstruída, VAD é a tensão binária entre 0 e 255, B é
o número de bits, Vcc é a tensão de alimentação do A/D, Voff é a tensão de offset e Av é o inverso
do ganho do circuito analógico. No nosso exemplo, B = 8, Vcc = 3V, Voff = 1,5V e Av = 2000/20 =
100 (vide figura 1). Portanto, nossa equação de reconstrução fica:
𝑉𝐴𝐷
𝐼 = ( 3𝑉 − 1,5𝑉) 100
255
É fácil verificar a veracidade da equação acima. Se a tensão convertida pelo A/D for igual
a 0, temos que I = -150A, que corresponde ao diagrama da figura 1. Se VAD = 128, I é
aproximadamente 0A. Finalmente, se VAD = 255, I=150A. Vamos verificar passo a passo este
projeto através da simulação e do vídeo em anexo.
INSTRUMENTAÇÃO DIGITAL
2) Atenuação: Como a saída do sensor é uma tensão máxima de 50V, temos que
transformá-la em uma tensão de pequenos sinais para que ela possa ser inserida em nosso
circuito de instrumentação. Uma forma de fazer isso é por meio de um divisor resistivo, cuja
tensão de saída já pode ser calculada de forma tal a ser uma tensão entre ±1,5V. Escolhendo o
resistor inferior do divisor resistivo igual a 10kΩ, temos que o resistor superior é igual a
323,333kΩ.
3) Offset: O papel deste circuito é adicionar um offset CC na tensão sobre o resistor, a fim
de que esta fique entre 0V e 3V. O valor do offset que devemos incluir é de 1,5V. Na aula
passada, fizemos isso através de um circuito somador de ganho unitário não-inversor. Hoje
vamos estudar uma forma mais simples e eficiente de adicionar um offset no sinal de entrada,
por meio de um amplificador de instrumentação, como, por exemplo, o AD620. Já apresentamos
o circuito interno deste tipo de amp-op, deduzimos sua equação do ganho e analisamos seu
funcionamento em outra aula. O circuito interno e a pinagem do AD620 são mostrados aqui
novamente nas figuras 2 e 3. O resistor RG de ganho do circuito é dado por:
2𝑅1
𝑅𝐺 =
𝐴𝑣 − 1
Figura 3: Circuito genérico de um amplificador de instrumentação com resistor externo de ganho RG. Fonte: Thomas
Floyd, "Electronics Devices: Conventional Current Version"
Figura 4: Pinagem do amp-op de instrumentação AD620. Fonte: Datasheet AD620, Texas Instruments
1 1
𝐶 = = = 6,37𝑒 −8 𝐹
2𝜋𝑓𝑐 𝑅 2𝜋 ∗ 2,5𝑘𝐻𝑧 ∗ 1𝑘Ω
5) Proteção: Como o nome diz, este circuito protege o A/D contra sub- e sobretensões, que
podem danificar o processador. Assim como para os demais circuitos, existem diversas formas
de implementar a proteção do conversor A/D. Veremos neste exemplo a mais eficaz, que é
utilizar um amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário). Amp-ops
rail-to-rail são alimentados em 0v e Vcc, diferentemente de amp-ops convencionais, com
alimentação em ±Vcc. Isso faz com que sua saída seja naturalmente grampeada entre 0V e Vcc,
mesmo que a entrada ultrapasse esses valores (obviamente, valores extremamente elevados na
entrada podem queimar o amp-op). Assim, a tensão que chega no A/D ficará grampeada entre
0V e Vcc, protegendo o processador. Como nosso A/D é alimentado com 0V e 3V, iremos usar
um amp-op rail-to-rail alimentado com essas mesmas tensões, como mostrado na figura 3. Um
exemplo comercial de amp-op rail-to-rail é o OPA342.
Figura 5: Amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário) para proteção de conversor A/D.
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 𝑉 − 𝑉𝑜𝑓𝑓 ) 𝐴𝑣
2𝐵 − 1 𝑐𝑐
Onde V no nosso caso é a tensão digital reconstruída, VAD é a tensão binária entre 0 e 255,
B é o número de bits, Vcc é a tensão de alimentação do A/D, Voff é a tensão de offset e Av é o
inverso do ganho do circuito analógico. No nosso exemplo, B = 8, Vcc = 3V, Voff = 1,5V e Av =
((1/10)*(1/33,333)) = 333,33 (vide figura 1). Portanto, nossa equação de reconstrução fica:
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 3𝑉 − 1,5𝑉) 333,33
255
Se a tensão convertida pelo A/D for igual a 0, temos que V = -500V, que corresponde ao
diagrama da figura 1. Se VAD = 128, V é aproximadamente 0V. Finalmente, se VAD = 255, V = 500V.
Cada etapa deste projeto pode ser analisada na simulação do PSIM em anexo.
INSTRUMENTAÇÃO DIGITAL
1) Conversão tensão-corrente: Esta primeira etapa corresponde ao fato que, mesmo que
o sensor LV 25-P seja um sensor de tensão, a sua entrada é em corrente. O datasheet do sensor
especifica que, para uma melhor precisão, a máxima tensão a ser medida deve ser convertida
para a corrente nominal do primário, igual a 10mA. Desta forma, podemos calcular um resistor
que faça a conversão tensão-corrente como:
300𝑉
𝑅 = = 30𝑘Ω
10𝑚𝐴
Aqui é importante fazer uma consideração de ordem prática. Como estamos medindo altas
tensões, este é um circuito de potência, e não podemos usar um resistor comum de 30kΩ na
entrada do sensor, e sim um resistor (ou uma associação de resistores) de potência, como os
mostrados na figura 2.
3𝑉
𝑅 = = 120Ω
25𝑚𝐴
Como a tensão medida já é CC, não é necessário um circuito de offset, pois, através da
conversão corrente-tensão, já temos a tensão dentro dos valores necessários para o conversor
A/D.
1 1
𝐶 = = = 6,37𝑒 −8 𝐹
2𝜋𝑓𝑐 𝑅 2𝜋 ∗ 2,5𝑘𝐻𝑧 ∗ 1𝑘Ω
5) Proteção: Como o nome diz, este circuito protege o A/D contra sub- e sobretensões, que
podem vir a danificar o processador. Assim como para os demais circuitos, existem diversas
formas de implementar a proteção do conversor A/D. Veremos neste exemplo a mais eficaz, que
é utilizar um amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário). Amp-
ops rail-to-rail são alimentados em 0v e Vcc, diferentemente de amp-ops convencionais, com
alimentação em ±Vcc. Isso faz com que sua saída seja naturalmente grampeada entre 0V e Vcc,
mesmo que a entrada ultrapasse esses valores (obviamente, valores extremamente elevados na
entrada podem queimar o amp-op). Assim, a tensão que chega no A/D ficará grampeada entre
0V e Vcc, protegendo o processador. Como nosso A/D é alimentado com 0V e 3V, iremos usar
um amp-op rail-to-rail alimentado com essas mesmas tensões, como mostrado na figura 3. Um
exemplo comercial de amp-op rail-to-rail é o OPA342.
Figura 3: Amp-op rail-to-rail configurado como buffer não-inversor (ganho unitário) para proteção de conversor A/D.
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 𝑉 ) 𝐴𝑣
2𝐵 − 1 𝑐𝑐
Onde V no nosso caso é a tensão digital reconstruída, VAD é a tensão binária entre 0 e 255,
B é o número de bits, Vcc é a tensão de alimentação do A/D e Av é o inverso do ganho do circuito
analógico. Note que, como não temos offset no circuito, o mesmo não aparece na equação de
reconstrução. No nosso exemplo, B = 8, Vcc = 3V e Av = 100 (vide figura 1). Portanto, nossa
equação de reconstrução fica:
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 3𝑉 ) 100
255
Se a tensão convertida pelo A/D for igual a 0, temos que V = 0V, que corresponde ao
diagrama da figura 1. Se VAD = 128, V é aproximadamente 150V. Finalmente, se VAD = 255, V =
300V. Cada etapa deste projeto pode ser analisada na simulação do PSIM em anexo.
EXERCÍCIO: Repita o projeto desenvolvido em aula para uma tensão de entrada de 100V.
DISCIPLINA DE INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA
INSTRUMENTAÇÃO DIGITAL
2) Offset e ganho de tensão: Neste exemplo, vamos implementar uma forma diferente de
aplicar offset e ganho ao nosso sinal utilizando um circuito somador não-inversor com ganho
diferente de 1 (lembrando que existem outras formas de se fazer isso, este é apenas um
exemplo). Como visto na figura 1, vamos aplicar um offset de 0,55V no sinal de saída do sensor,
a fim de deixa-lo totalmente positivo. Desta forma, a escala das tensões passa a ser entre 0V e
2,05V. Para que tenhamos tensões entre 0V e 3V para nosso conversor A/D, podemos
simplesmente adicionar um ganho de tensão de 1,463. O circuito do somador não-inversor com
ganho não-unitário é mostrado na figura 2 (as tensões foram representadas como senoides
apenas para visualização, a saída de um sensor de temperatura não é um seno).
Em uma das entradas do somador temos o offset de 0,55V, e, na outra, a saída do sensor
LM35. Como visto em outra aula, o somador de ganho unitário tinha todos os resistores iguais,
mas agora para termos um ganho de tensão diferente, especificamente Av = 1,463, temos que
projetar os resistores adequadamente. Os resistores R das entradas de sinal continuarão sendo
iguais a 560kΩ. Vamos analisar a tensão de saída deste circuito pelo princípio da superposição.
Se aterramos a entrada de offset, a tensão VR que corresponde à saída do sensor LM35 entra na
entrada não-inversora do amp-op por meio de um divisor resistivo. Como os dois resistores R
são iguais, a tensão na entrada não-inversora é VR/2. Esta tensão é amplificada para a saída com
o ganho do amp-op não-inversor:
𝑅1
𝐴𝑣 = 1 +
𝑅2
Ou seja:
𝑉𝑅 𝑅1
𝑉𝑜 = (1 + )
2 𝑅2
Vamos agora aterrar a tensão VR e analisar a tensão de offset Voff. Temos novamente o
divisor resistivo na entrada não-inversora, resultando em uma tensão na V off/2, que é
amplificada para a saída com o ganho do amp-op não-inversor:
𝑉𝑜𝑓𝑓 𝑅1
𝑉𝑜 = (1 + )
2 𝑅2
Pelo princípio da superposição, somando as parcelas das duas entradas de tensão,
temos que a tensão de saída do circuito somador não-inversor de ganho não-unitário é:
𝑉𝑜𝑓𝑓 + 𝑉𝑅 𝑅1
𝑉𝑜 = (1 + )
2 𝑅2
Ou seja, seu ganho Av é:
𝑉𝑜 1 𝑅1
𝐴𝑣 = = (1 + ) = 1,463
𝑉𝑜𝑓𝑓 + 𝑉𝑅 2 𝑅2
1 1
𝐶 = = = 6,37𝑒 −8 𝐹
2𝜋𝑓𝑐 𝑅 2𝜋 ∗ 2,5𝑘𝐻𝑧 ∗ 1𝑘Ω
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 𝑉 ) 𝐴 − 𝑉𝑜𝑓𝑓
2𝐵− 1 𝑐𝑐 𝑣
Onde V no nosso caso é a tensão digital reconstruída, VAD é a tensão binária entre 0 e 255,
B é o número de bits, Vcc é a tensão de alimentação do A/D, Voff é a tensão de offset e Av é o
inverso do ganho do circuito analógico. No nosso exemplo, B = 8, Vcc = 3V, Voff = 0,55V e Av =
1/1,463 = 0,6835 (vide figura 1). Portanto, nossa equação de reconstrução fica:
𝑉𝐴𝐷
𝑉 = ( 3𝑉) 0,6835 − 0,55
255
Se a tensão convertida pelo A/D for igual a 0, temos que V = -550mV
(aproximadamente), que corresponde ao diagrama da figura 1. Se VAD = 128, V é
aproximadamente 475mV. Finalmente, se VAD = 255, V = 1,5V. Esta tensão pode ser conferida
no sinal “V_processador” na simulação do PSIM. Ainda, temos que converter essa tensão na
temperatura equivalente. Isso é feito simplesmente dividindo a tensão reconstruída no
processador por 0,01, que é o inverso do ganho de 10mV/°C do sensor. Esta “temperatura” pode
ser conferida no sinal “Temperatura_graus_celsius” na simulação do PSIM.