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05/03/2018 Folha de S.

Paulo - Entenda as diferenças entre religiões - 28/8/1994

São Paulo, domingo, 28 de agosto de 1994

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Entenda as diferenças entre religiões


REGINALDO PRANDI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os católicos são maioria no Brasil, reunindo hoje 75% do eleitorado.


Podem ser classificados, de acordo com o grau de participação nos
ritos, como praticantes e não praticantes.
Além disso, podem ser distinguidos pela participação em diversos
movimentos religiosos no interior do catolicismo, os quais adotam
ênfases diferentes no exercício da fé.
Assim, as comunidades eclesiais de base, da Teologia da Libertação,
foram o mais importante movimento católico entre os anos 60 e 80.
Hoje, os eleitores que se declaram membros deste movimento
representam 1% do eleitorado.
O Movimento de Renovação Carismática, de recente origem norte-
americana, é atualmente o de maior expansão entre os católicos,
apresentando muitos traços do pentecostalismo, como a cura pelo
Espírito Santo e a glossolalia (o dom de falar em línguas estranhas).
Ao contrário dos eclesiais de base, que defendem a importância do
coletivo na vida religiosa, adotando posições mais à esquerda, os
carismáticos estão mais preocupados com a questão da fé tradicional,
longe da política. Eles perfazem 3% dos eleitores.
Os protestantes no Brasil dividem-se basicamente em dois grandes
ramos: os protestantes ou evangélicos históricos e os pentecostais.
O ramo do chamado protestantismo histórico é constituído pelas
igrejas protestantes de origem européia e norte-americana instaladas
no Brasil desde o século passado e que há mais de quatro décadas
estão quase completamente institucionalizadas entre nós,
caracterizando-se por baixo grau de proselitismo, reproduzindo-se
hoje de geração em geração.
Suas principais denominações são: Luterana, Batista, Presbiteriana,
Metodista, Episcopal Congregacional. Os protestantes históricos são
4% do eleitorado.
Os pentecostais tiveram origem no reavivamento do protestantismo
nos EUA, caracterizando-se por intenso exercício de conversão de
massa e culto bastante centrado no apelo emocional, sobretudo pela
glossolalia, reprodução do episódio bíblico da manifestação do
Espírito Santo aos apóstolos, no dia de Pentecostes.
As principais denominações evangélicas pentecostais de origem
estrangeira são: Congregação Cristã no Brasil, Assembléia de Deus e
Evangelho Quadrangular.
A partir dos anos 70, esse pentecostalismo deu origem a diversas
denominações já constituídas em solo brasileiro, com ênfase na cura
divina.
As principais igrejas são: O Brasil Para Cristo, Casa da Bênção, Nova
Vida, Deus é Amor, Igreja Universal do Reino de Deus, Renascer em
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Cristo e Internacional da Graça Divina. O pentecostalismo reúne 10%


dos eleitores, sendo portanto a segunda força eleitoral entre as
religiões.
O espiritismo kardecista, de origem francesa, foi introduzido no final
do século passado, tendo prosperado por todo o país, sobretudo entre
as camada médias urbanas, criando uma larga rede de instituições
assistenciais. Os kardecistas, ou espiritualistas, congregam 4% dos
eleitores.
As religiões afro-brasileiras compõem-se das religiões tradicionais
africanas, como o candomblé, o xangô, o tambor de mina, catimbó e
batuque, mais a umbanda, religião surgida nos anos 30 do encontro do
kardecismo com as religiões afro-brasileiras, no Sudeste, donde se
espalhou pelo país.
Hoje, de cada quatro fiéis destas religiões, três são umbandistas e um
segue as denominações tradicionais.
Os afro-brasileiros são 1% dos eleitores.
Restam 2% de eleitores adeptos de um conjunto muito diversificado
de religiões que não se classificam nos grandes grupos acima
enumerados: judaísmo, adventista, Testemunhas de Jeová, mórmons,
Seicho-No-Iê, messiânica, Perfeita Liberdade, budismo, Santo Daime,
esotéricas e outras.
Entre os eleitores, 5% declaram não ter religião.

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