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Aduaneira e Portuária
Prof. José Geraldo Lamim
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. José Geraldo Lamim
L231l
ISBN 978-65-5663-062-5
CDD 382.0981
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico! O comércio internacional brasileiro tem apresen-
tado números expressivos de crescimento e desenvolvimento nestes últimos
anos, transformando o país não apenas em uma nação exportadora de com-
modities, mas também de uma ampla gama de produtos acabados, manufa-
turados, com tecnologia e design que vem conquistando novos mercados e
novos consumidores mais exigentes.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
UNI
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CONCEITOS INICIAIS DE
LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA
E PORTUÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles,
você encontrará atividades que proporcionarão auxílio na aprendizagem e
fixação dos conhecimentos adquiridos.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES
NO COMÉRCIO EXTERIOR
BRASILEIRO
1 INTRODUÇÃO
Para que uma empresa possa ingressar nesse mercado com segurança, são
imprescindíveis um planejamento e uma preparação adequada, pois o comércio
internacional, difere em vários aspectos do mercado local. São muitas particulari-
dades e controles a serem observados para que as operações internacionais gerem
não somente lucro, mas também uma satisfação e um crescimento contínuo na
atividade empresarial.
A atividade internacional vem apresentando números robustos em ter-
mos de crescimento das transações de compra e venda dos mais variados pro-
dutos. Vale ressaltar que a evolução dos meios de comunicação, principalmente,
a internet, abriu novas portas e novos leques para efetuar essas transações. Con-
forme Barbosa (2004, p. 16), “o principal motivo que conduz uma empresa a se
prepara para entrar na competição global seja justamente o de melhorar o seu
desempenho geral e potencializar o seu crescimento”.
Assim como no Brasil, os principais players do comércio internacional,
adotam rígidos controles para controlar o fluxo contínuo financeiro e de merca-
dorias que são negociadas todos os dias, ininterruptamente.
DICAS
3
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
4
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Sua atuação também alcança o poder executivo federal, pois tem papel na
formulação da política tributária brasileira. Quando pensamos em Receita Fede-
ral, normalmente imaginamos apenas apreensão de mercadorias, contrabando e
tráfico de drogas, entretanto, a Aduana tem um papel bem mais amplo, inclusive
no combate ao descaminho, pirataria, fraude comercial, tráfico de pessoas e ani-
mais e vários outros atos ilícitos voltados ao comércio internacional.
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
DICAS
6
TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
UNI
Ressaltamos que estes controles não são exclusivos do Brasil, sendo ado-
tados também em qualquer outro país do mundo. Existem várias razões que
determinam qual tipo de controle a ser aplicado a cada tipo de operação. A in-
tervenção justifica-se por envolver deveres, obrigações e direitos de cada país,
além da mera compra de um produto ou serviço quando é efetuado no mercado
doméstico, por exemplo.
Nas operações internacionais, cada país procura zelar não somente pelo
controle de suas fronteiras, mas também por outros interesses estratégicos que
gravitam ao redor do universo das compras e vendas no mercado externo.
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Nos últimos anos, a Receita Federal também vem se preparando para de-
sempenhar novos papéis na sociedade, com o aumento das operações internacio-
nais, novas demandas surgiram no cenário econômico nacional e internacional
e como um órgão de extrema importância como este, existe a necessidade de se
adaptar as novas demandas sociais e também se modernizar para exercer melhor
o seu papel de controle.
Estes são apenas alguns dos novos desafios da Aduana moderna para au-
xiliar o país no crescimento e desenvolvimento internacional, sem, no entanto,
tornar as operações lentas demais, atrapalhando o desempenho das empresas.
Buscar o equilíbrio entre fiscalização e desenvolvimento internacional não é tão
simples, mas através de novas ações e investimentos em tecnologia, a aduana
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TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
nacional vem se preparando adequadamente para estes novos desafios, com agi-
lidade e segurança a todos os envolvidos na cadeia de comércio internacional.
Algumas ações que estão sendo tomadas ao longo destes últimos anos
para auxiliar nas tarefas da Aduana:
NOTA
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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NOTA
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
3 SISCOMEX
O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) foi instituído
através pelo Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992. Este sistema representa
toda a sistemática administrativa do comércio exterior brasileiro, através da inte-
gração e gerenciamento das atividades afins da Secretaria de Comércio Exterior
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TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
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TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
NOTA
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
E
IMPORTANT
COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL
SAMIR KEEDI
Considerando os últimos quase 70 anos, desde 1950, impressiona as variações que temos
apresentado. Já tivemos abertura econômica, que é a relação do comércio exterior com o
Produto Interno Bruto (PIB), de 26,5% em 1954, a maior da história. A partir de então houve
uma queda contínua e célere até 1967. Em que atingimos nosso fundo do poço com 9,9%.
Tomando um PIB de US$ 100,00 como exemplo, isso significa que em 1954 nosso comér-
cio exterior apresentou nas duas mãos, exportação mais importação, o valor total de US$
26,50. Em 1967 esse valor desceu a US$ 9,90.
No mínimo, para sermos coerentes conosco, teríamos que ter um comex de cerca de 3%.
Que é mais ou menos o que representamos para o mundo em termos de economia, po-
pulação e território.
E, pior de tudo, o que explica isso nem é um mistério que deve ser estudado. É apenas a
desconsideração com aquilo que é a melhor forma de desenvolvimento de um país. Qual-
quer um. Quando se volta ao comércio exterior, encontra-se lá fora um mercado mais de
30 vezes o nosso. Tanto considerando a população efetiva, nominal, quanto consumidora
de fato.
Claro que não é tudo, mas, isso explica boa parte do nosso fracasso econômico. Ter aten-
ção apenas com nosso mercado interno. Que é diminuto, talvez uns 15%-20% da nossa
população. Não mais que isso considerando todas as condições que temos para consumo.
Enorme desemprego, apenas 15% da nossa população com carteira assinada, bolsa-esmo-
la, média salarial no país de pouco mais de R$ 2.000,00 etc.
Assim Brasil, governo, empresas, precisamos, antes tarde do que nunca, acordar para o co-
mércio exterior. Olhá-lo com o carinho que merece, e que já fez desenvolver dezenas de
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TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Mas, claro, não depende apenas de termos mercadorias, de serem boas e adequadas ao
mercado externo, ter bom preço etc. O comércio exterior é feito de muito mais coisas do
que isso.
Temos que cuidar da nossa infraestrutura e matriz de transporte, que são horríveis, das
piores da Via Láctea, considerando as condições que temos e pelo nosso nível de desen-
volvimento e de sermos considerados um país emergente (sic).
Também reduzirmos nossa carga tributária, que faz nossos produtos serem mais caros.
Como exemplo, na média geral, nossa produção de mercadorias é 23% mais cara que a dos
EUA. Incompreensível, quando sabemos que eles têm uma renda per capita de quase US$
60,000.00 enquanto a nossa patina em torno de US$ 9,000.00.
Em especial nossos profissionais, que se percebe que pouco sabem. Pouco se estuda, pou-
co se lê, acreditando que conhecimento cai do céu com a chuva. Não, não cai, é preciso
ler, estudar, aprender, analisar, saber como as coisas funcionam.
Para pararmos de ter que dizer que nosso COMEX não está preparado quanto a profis-
sionais. Que uma minoria, bem minoria, sabe exatamente o que está fazendo, se ajusta a
qualquer situação de desconforto e vai em frente. E uma maioria absoluta apenas faz, e a
coisa vai até o primeiro obstáculo. Aí para tudo. E é bom que pare, pois, se for alguém com
parcos conhecimentos, tiver atitude, e resolver ir em frente, arrisca-se a estragar tudo e
quebrar uma empresa.
23
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
24
AUTOATIVIDADE
a) ( ) IRF.
b) ( ) SECEX.
c) ( ) GECEX.
d) ( ) ANVISA.
e) ( ) CAMEX.
Com relação ao licenciamento prévio, qual é o órgão que tem por objetivo,
definir quais os produtos necessitam de licenciamento para que sua importação
seja devidamente autorizada:
25
( ) Podemos afirmar que a Aduana é apenas um órgão executivo, pois cuida
apenas da parte burocrática do comércio exterior. A etapa de fiscalização
das mercadorias é efetuada apenas pelos demais órgãos anuentes.
a) ( ) V – F – V – F – F.
b) ( ) V – V – V – F – F.
c) ( ) V – F – V – V – F.
d) ( ) F – F – V – F – V.
e) ( ) F – V – V – F – F.
26
TÓPICO 2 —
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE
MERCADORIAS
1 INTRODUÇÃO
A atividade de compra, venda, troca de mercadorias, bens e serviços vem aumen-
tando consideravelmente todos os anos e praticamente em todas as regiões do planeta.
2 CONCEITO DE NOMENCLATURA
A nomenclatura de mercadoria, como veremos detalhadamente a seguir,
representou um grande avanço para a verificação, controle e tributação das mer-
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Em princípio, a única forma lógica que poderia ser utilizada, seria uma
espécie de classificação em ordem alfabética, listando produto por produto. A
partir de então, como continuidade, haveria a necessidade de definir qual tipo de
carga tributária seria determinada a eles.
Existem muitas vantagens para este tipo de classificação, por exemplo, o se-
tor tributário do governo poderia instituir uma alíquota única para todos os produtos
deste grupo ou, de acordo com os interesses comerciais do país, pode pormenorizar
ou seja, criar alíquotas diferentes para alguns produtos do mesmo capítulo que gera-
riam impostos maiores ou menores dependendo da estratégia governamental.
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TÓPICO 2 —
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Desta forma, vamos imaginar que se não houvesse uma integração entre
os países com relação aos critérios adotados para classificação de descrição de
produtos, teríamos novamente uma espécie de Torre de Babel, ou seja, cada um
falando uma linguagem diferente, gerando muita confusão e morosidade ao pro-
cesso de intercâmbio internacional de mercadorias e serviços.
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TÓPICO 2 —
31
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
E
IMPORTANT
Item da NCM
Código NCM:
Empresa
:
04/12/201
4804.11.00
Unidade: Kg Líquido
Descrição:
PAPEL E CARTÃO, KRAFT, NÃO REVESTIDOS, EM ROLOS OU EM FOLHAS, EXCETO OS DAS
POSIÇÕES 48.02 E 48.03.
- Papel e cartão para cobertura, denominados Kraftliner:
-- Crus
Naladis Produto Negociado
48041100 Crus
NVE:
Alíquotas:
12 0 35 5 2,1 9,65 TN
Notas de II:
Notas de IPI:
32
TÓPICO 2 —
Notas de ICMS:
[E] – De acordo com as disposições da Portaria Secex nº 23, DOU 19/07/2011, para veri-
ficar os produtos sujeitos a Licenciamento Automático e não-Automático, e outras exi-
gências vigentes na realização da importação, deverá ser consultada a tabela Tratamento
Administrativo do Siscomex. A informação também está disponível no endereço eletrôni-
co do MDIC para simples consulta.
Notas de Editoria:
Publicação no
Atos Legais Aplicação
D.O.U
Decreto - 1355 Acordo Internacional; Comércio Exterior; GATT; II;
31/12/1994
Licenciamento de Importação; OMC; Regime de Ori-
gem; Tributário; Valoração Aduaneira
Decreto - 550 Acordo Internacional; Comércio Exterior; MERCOSUL 29/05/1992
Notas de Seção:
Seção X PASTAS DE MADEIRA OU DE OUTRAS MATÉRIAS FIBROSAS CELULÓSICAS; PA-
PEL OU CARTÃO PARA RECICLAR (DESPERDÍCIOS E APARAS); PAPEL OU CARTÃO E SUAS
OBRAS
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Com relação ao Mercosul, segundo Maia (2003 p. 231, “os países membros
deverão estabelecer uma mesma tarifa alfandegária para os produtos importados
de nações pertencentes ao Mercosul”.
34
TÓPICO 2 —
Foi considerado também que existem certos produtos que são amplamente
conhecidos em determinados países e pouco conhecidos em outros, razão pela qual,
além do detalhamento conferido com o acréscimo dos dois dígitos também foi ne-
cessário a criação de Notas Explicativas, que complementam e auxiliam bastante no
detalhamento e compreensão quando se está classificando determinado produto.
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
4.1 NOMENCLATURA DE VALOR ADUANEIRO E ESTATÍSTICA
(NVE)
Esta nomenclatura, criada através de uma instrução normativa de núme-
ro 80, publicada pela SRF de 27 de dezembro de 1996, surgiu também apenas
como um complemento do sistema SH para permitir um controle mais efetivo
sobre o valor da mercadoria importada.
36
TÓPICO 2 —
Segue parte do texto legal que trata do referido assunto, conforme Instru-
ção Normativa RFB nº 840/2008, a qual trata não apenas da tabela simplificada,
bem como da alíquota de imposto arbitrada, nestes casos, apenas para fins mone-
tários, caso o imposto fosse recolhido:
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
4.3 PENALIDADES RELATIVAS À DESCRIÇÃO INCOMPLETA
OU CLASSIFICAÇÃO INEXATA
Conforme foi possível observar até aqui, o governo brasileiro, através do
seu órgão máximo fiscalizador que é a Receita Federal, fiscaliza de forma eficiente
todos os procedimentos que envolvem as transações internacionais, notadamente
aqueles que envolvem o processo de importação de produtos.
Uma dessas multas clássicas diz respeito às mercadorias que para adentrar
o país necessitam de uma licença prévia de importação. Quando ocorre a falta deste
documento, o Artigo 711 do Decreto 6759, de 5 de fevereiro de 2009, também co-
nhecido por Regulamento Aduaneiro, prevê uma multa inicial de 1% sobre o valor
aduaneiro da mercadoria, além do recolhimento complementar de impostos, juros
e multa quando for aplicável. O texto do respectivo artigo é o seguinte:
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Infelizmente, estes recursos são utilizados para coibir e punir aqueles que não
tem a sensibilidade de entender que o controle é necessário para não haver
evasão fiscal e também para preservar a concorrência saudável no mercado
interno.
Empresas que se utilizam de artifícios ilegais para reduzir a carga tributária,
acabam prejudicando as empresas seria que pagam os impostos e não conse-
guem comercializar o seu produto com a mesma margem que uma empresa
que pratica a sonegação.
E
IMPORTANT
Dada a novidade que é o comércio internacional para um País cujas fronteiras eram pra-
ticamente fechadas até os anos 1990 – sendo hoje uma das menos internacionalizadas
das grandes economias mundiais – e que não tem clareza de propósito quanto às suas
aspirações no mercado global, não é surpreendente a ineficiência na gestão das operações
de comércio exterior.
Comuns são as críticas ao setor público no que tange às deficiências físicas e procedimen-
tais de nossa estrutura logística e burocracia, mazelas que oneram os bens importados,
consumidos, fabricados e exportados pelo Brasil. Esses elementos explícitos estão, contu-
do, fora da esfera de influência dos executivos corporativos. Pelo lado das empresas - ao
contrário do que ocorre nos países que têm cultura exportadora afirmada -, também o ge-
renciamento das atividades de importação e exportação apresenta problemas. Na maioria
das situações, não há a devida percepção da necessidade de domínio técnico dos proce-
dimentos aduaneiros para melhoria de processos e redução de custos.
A falta de preparação para condução das operações de comércio exterior faz com que haja
uma ampliação dos danos causados pelas ineficiências logísticas e burocráticas brasileiras,
adicionando mais tempo a processos que já são lentos. Quando a empresa descumpre um
requisito normativo, ou deixa de utilizar uma faculdade conferida pelo sistema aduaneiro, e
isso resulta num questionamento, penalidade ou retenção da mercadoria, os tempos e cus-
tos do processo são prejudicados. Esses aumentos de tempo e custos são tão frequentes que
as empresas calculam os seus preços considerando-os e isso contribui para que o preço das
mercadorias vendidas e fabricadas no Brasil estejam entre os mais altos do mundo.
40
TÓPICO 2 —
Classificação tarifária
Classificação tarifária é o ponto de partida de qualquer operação de comércio internacio-
nal. Desenvolvida nos anos 1950 pelo "Customs Cooperation Council" – que futuramente
se tornaria a Organização Mundial das Aduanas – e veiculado pelo tratado internacio-
nal chamado de "Convenção do Sistema Harmonizado", a nomenclatura indica procedi-
mentos aduaneiros que devem ser respeitados para o fluxo internacional de determinada
mercadoria. Também é amplamente utilizado para muitos outros fins, tais como tributos
internos, políticas comerciais, monitoramento de produtos controlados, regras de origem,
tarifas de frete, estatísticas de transporte, monitoramento de preços, controles de cotas e
compilação de estatísticas nacionais de comércio exterior.
O Sistema Harmonizado é formado por um código de seis dígitos provenientes de uma es-
trutura lógica de capítulos (2 primeiros dígitos), posições (4 primeiros dígitos) e subposições
(6 primeiros dígitos) e compreende todas as mercadorias passíveis de transações comerciais,
listando-as expressamente, ou implicitamente, mediante a utilização da ferramenta "outros".
Regional ou nacionalmente, há complementação da nomenclatura, com a inclusão de dígi-
tos adicionais. No caso de países que são membros do Mercosul, como o Brasil, dois dígitos
são acrescidos, possuindo a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) oito dígitos, que
correspondem ao item e subitem.
Para aplicação da NCM é necessário conhecimento técnico que resulte na perfeita obser-
vância das Regras Gerais Interpretativas, Regras Gerais Complementares, notas explicativas
do sistema harmonizado de seção e capítulo, bem como ao teor dos textos dos capítulos,
posições, subposições, itens e subitens. São excelentes indicativos os pareceres sobre clas-
sificação tarifária publicados pela Organização Mundial das Aduanas, fruto das reuniões do
Comitê do Sistema Harmonizado, órgão gestor da "Convenção do Sistema Harmonizado",
representativo dos mais de 200 países que são partes contratantes. Além disso, deve ser
verificada a existência de pronunciamentos do Comitê Técnico nº 1 do Mercosul, de "Tarifas,
Nomenclatura e Classificação de Mercadorias" (CT-1) e Soluções de Consulta e decisões em
processos administrativos fiscais da Receita Federal do Brasil.
As empresas devem ter atenção especial no tocante à definição da classificação tarifária dos
bens, contando com conhecimento sênior de produto e das normas de classificação tarifária
para definição dos parâmetros que serão a base para as suas operações de comércio exterior.
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UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Valoração aduaneira
A determinação do valor de uma mercadoria para transações internacionais é outro dos
temas que compõem o "pacote aduaneiro". Considerando que a maioria absoluta dos bens
submetidos a despacho de importação são sujeitos a tributos com base em alíquota ad
valorem, o valor aduaneiro equivalerá à definição da base de cálculo dessas exações.
O AVA sugere que o valor aduaneiro equivalha, sempre que possível, ao valor da transação.
Mesmo em operações intercompany, quando a vinculação societária não prejudicar o valor
da transação, deverá este ser o valor aduaneiro. Nos casos em que o valor de transação não
corresponda ao valor comercial equivalente à mercadoria – como na transferência de equi-
pamento depreciado ou uma doação entre empresas vinculadas –, o AVA fornece métodos
para obtenção do valor aduaneiro, que deverá ser declarado pelo importador no momento
da nacionalização do bem.
Regras de origem
Regras de origem são as normas que determinam a nacionalidade de uma mercadoria.
Tem grande valia na gestão do comércio internacional, atendendo a várias finalidades: pre-
ferências tarifárias, controles fitossanitários, aplicação de mecanismos de defesa comercial,
controle de fluxos de comércio entre países e blocos econômicos, entre outras. De acordo
com essas finalidades, são classificadas como preferenciais e não preferenciais.
Para determinação da origem de um bem, são estipulados critérios que variam de acordo
com a sua natureza: para bens primários e secundários, ter sido o produto extraído ou to-
talmente produzido em determinado território é elemento essencial para a determinação
de sua origem. No caso de produtos manufaturados, compostos por insumos procedentes
de outros países ou blocos econômicos, outras regras de origem são aplicáveis, como salto
tarifário3, mudança substancial ou agregação de valor mínimo.
Todas essas situações em que são aplicadas regras de origem preferenciais mostram a
42
TÓPICO 2 —
importância do domínio das regras de origem pelas empresas com atividades no Brasil,
diante da enorme redução de custos que a existência de um certificado de origem provê
para uma exportação.
Também as regras não preferenciais - ou seja, que não têm ligação com preferência ta-
rifária - têm impacto direto nas operações de empresas brasileiras. Atualmente, o Brasil é
líder mundial na aplicação de direitos antidumping, sendo que a sua imposição está ligada
à origem dos bens e não apenas à sua procedência. Tem sido comum também as investi-
gações de origem e medidas anticircunvenção relacionadas à matéria de antidumping, nos
casos em que há fraude ou simulação na declaração da origem dos bens visando a elidir
o pagamento dos direitos.
Em nosso país as regras de origem são usadas também para programas de financiamentos
e compras governamentais, como são os casos de algumas linhas de crédito do BNDES
e preferências para bens fabricados com tecnologia nacional em caso de licitações. Além
disso, regimes tributários como o Inovar Auto, do setor automotivo, e o aduaneiro especial
Repetro, do setor de óleo e gás, também controlam a origem dos bens favorecidos.
Conclusão
Com a crescente e inexorável internacionalização das empresas brasileiras, é premente
que haja a valoração do conhecimento técnico e o desenvolvimento de capacidades adu-
aneiras dentro das empresas que operam comércio exterior. O aumento da competição
entre as empresas torna as margens de lucro cada vez menores, fazendo com que qual-
quer deslize – como uma multa aduaneira ou a inobservância de um benefício – invibilize
a operação.
Para sucesso dessa mudança cultural, é necessário que haja o envolvimento das diversas
áreas corporativas que têm contato direto ou indireto com as operações de comércio ex-
terior, tais quais comércio exterior (compras, logística), jurídica, tributária (fiscal, controlado-
ria, financeiro), auditoria e compliance. Com a análise holística do fenômeno do comércio
exterior e construção de capacidade, as empresas lograrão otimizar as suas operações de
importação e exportação de mercadorias, não mais gerando desperdícios. Em paralelo,
almejamos que o governo brasileiro passe a ter real foco no desenvolvimento econômi-
co, extinguindo nossas deficiências infraestruturais e burocráticas. Com os dois lados da
mesma moeda engajados, esta se tornará forte e gerará auspícios a todos os envolvidos.
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
44
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – V.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – F – V.
d) ( ) F – V – F.
45
para que houvesse uma adequação mais rápida e eficiente em algumas si-
tuações especificas. Uma dessas situações diz respeito à classificação dos
bens quando existe a apreensão de uma mercadoria. Neste caso, poderá ser
utilizada a seguinte classificação:
46
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
CONTRATOS INTERNACIONAIS:
GARANTIAS, CONTRATOS DE COMPRA
E VENDA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Quando comentamos a respeito da facilidade que temos
hoje nas operações internacionais, seja através da redução significativa da burocracia
ou com a evolução dos meios de comunicação que aproximaram compradores e ven-
dedores em todos os locais do mundo, não podemos esquecer que existe uma gama
variada de deveres, direitos e obrigações a serem exaustivamente observados, anali-
sados e por que não dizer “medidos” antes de assumir algum tipo de compromisso
na entrega de um produto ou serviço.
A partir deste tópico, iremos abordar os aspectos relativos aos contratos in-
ternacionais, suas garantias, bem como os contratos de compra e venda celebrados
entre importador e exportador para auxiliar as empresas na consecução segura de
suas operações internacionais.
2 GARANTIAS
Em uma operação internacional existem garantias que podem ser utiliza-
das para conferir um grau maior de segurança e confiabilidade nas operações. A
escolha de cada uma delas, será efetuada, de acordo com a característica de cada
operação, assim como o acordo entre as partes que devem procurar sempre um
consenso que contemple a segurança e lisura da compra e venda.
Normalmente, essas garantias são utilizadas para operações que envol-
vem um maior volume de recursos e serviços envolvidos, razão pela qual se faz
imperativo à necessidade da formalização do contrato e suas respectivas garan-
tias. Segundo Luz (2012), as garantias podem ser:
47
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Imagine uma empresa que trabalha com grandes volumes de carga como
as commodities, por exemplo, onde as quantidades movimentadas são enormes
e o prazo final de fechamento do contrato pode se encerrar ap[os o termino da
colheita de uma safra, por exemplo.
49
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
valor que está sendo acertado entre as partes e os respectivos prazos de pagamen-
to e também o acordo firmado amistosamente entre as partes envolvidas.
Uma das primeiras dúvidas que surge é a respeito de qual legislação será
aplicada em caso de problemas futuros. Por este motivo é que se torna imperativo
conhecer quais são as normas e regras aplicáveis do país em que está sendo efetu-
ada a transação. Este tipo de dúvida, em alguns casos, até por desconhecimento
50
TÓPICO 3 —
Como este tipo de problema não ocorre somente em nosso país, e para in-
crementar ainda mais o comércio internacional, algumas nações celebram alguns
tipos de acordos para efetivar uma harmonização de algumas legislações, o que
facilita bastante o entendimento entre as partes, dando mais segurança e confia-
bilidade nos negócios.
51
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
LEITURA COMPLEMENTAR
Aspectos culturais
Todos devemos saber que "a regra básica no 1 para abordar o mercado ex-
terno é o aprendizado das diferenças culturais". Estas são marcantes entre os povos,
e o sucesso no relacionamento entre as pessoas depende, fundamentalmente, do
conhecimento e respeito ao seu perfil e aos seus valores culturais, tais como eti-
queta, valor atribuído à idade, forma de saudação e hierarquia nos cumprimentos,
oferta de presentes, noção e valor do tempo, pontualidade, horário de trabalho etc.
Idioma
O inglês é o idioma universal para o mundo dos negócios internacionais.
O espanhol também vem sendo bastante utilizado por nossos comerciantes, prin-
cipalmente no âmbito do Mercosul. Expressões e palavras de um mesmo idioma,
quando falado em mais de um país, nem sempre têm o mesmo significado. Mui-
tas barreiras podem ser rompidas quando se fala o idioma do parceiro!
Contratos comerciais
A instrumentalização dos contratos de compra e venda no comércio ex-
terior, muitas vezes, se dá por meio de uma simples fatura pro forma (pro forma
invoice) e da sua respectiva aceitação. São documentos extremamente resumidos
e codificados, porém devem conter – no mínimo – o essencial que assegure a
harmônica liquidação do negócio. Os contratos têm por objetivo a sua proteção
e segurança e lhe oferecem maior previsibilidade dos eventos. Buscam equilibrar
interesses conflitantes, reduzem disputas e custos.
Leis e regras
Os contratos internacionais têm como partes pessoas que estão sob orde-
namentos jurídicos distintos. É indispensável identificar a lei aplicável ao contra-
to, bem como a eleição do foro.
52
TÓPICO 3 —
Práticas comerciais
Algumas práticas comerciais incorporadas no cotidiano doméstico de um
país podem ser desconhecidas de outros países ou incompatíveis com as práticas
comerciais além-fronteiras. Nesse caso, será necessário ajustar as condições do
negócio a práticas comuns que possam ser interessantes e convenientes às partes.
Utilizar "costumes e práticas uniformes", regulados pela Câmara de Comércio
Internacional – Paris, será uma alternativa para reduzir incertezas e conflitos e,
consequentemente, reduzir as perspectivas de disputas e, certamente, eliminar
custos desnecessários.
Política e religião
Aspectos políticos devem ser observados, principalmente, no relaciona-
mento com alguns países do norte da África, Oriente Médio, Índia, Paquistão e
Extremo Oriente. No que respeita ao quesito religião, é sempre bom estar atento
aos povos que praticam o islamismo e o judaísmo. Questões religiosas fazem par-
te do seu dia a dia e interferem diretamente em suas práticas comerciais.
53
UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem, basicamente, quatro tipos de garantias que podem ser aplicadas aos
contratos internacionais.
• São três os elementos principais que definem um contrato de compra e venda sob
a ótica do Código Civil Brasileiro: a coisa, o preço e o consenso entre as partes.
CHAMADA
55
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Performance Bond.
b) ( ) Cláusula de quebra de contrato por atraso.
c) ( ) Refundement bond.
d) ( ) Cláusula de efeito aleatório.
e) ( ) Cláusula de Bid Bond.
a) ( ) Nesta situação não poderá ser celebrado o contrato por falta de parâme-
tros para definição do preço do produto.
b) ( ) O preço será determinado utilizando-se como base o preço do produto
no dia da venda.
c) ( ) O preço poderá ser determinado posteriormente em função das oscila-
ções do mercado.
d) ( ) O preço será determinado pelos valores médios do mesmo produto co-
mercializado em outros mercados.
3 Uma empresa no Brasil foi contratada por outra empresa sediada nos Estados
Unidos para o fornecimento de um lote de 80.000 tons de soja em grãos, os
quais seriam entregues em 4 lotes de 20.000 tons cada a cada 2 meses entre o
fornecimento de um lote e o seguinte. Foi celebrado um contrato de compra
e venda internacional entre as partes, inclusive com as respectivas garantias
para o fornecimento do produto na qualidade e prazos acordados. As duas
primeiras entregas ocorreram de forma normal, dentro do que celebrava o
acordo, entretanto, a terceira entrega já estava com atraso de praticamente
vinte dias e o fornecedor brasileiro alegava para a empresa americana que
56
estava tendo dificuldades na colheita, não especificando claramente quais
seriam estas dificuldades. Neste caso a empresa americana contratante pode
executar uma das garantias contra a empresa no Brasil por não cumprimento
do prazo acordado. Esta garantia a ser executada denomina-se:
a) ( ) Refundment bond.
b) ( ) Suppy bond.
c) ( ) Bid bond.
d) ( ) Performance bond.
57
58
UNIDADE 2 —
CONCEITOS INICIAIS DE
LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA
E PORTUÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles,
você encontrará atividades que proporcionarão auxílio na aprendizagem e
fixação dos conhecimentos adquiridos.
CHAMADA
59
60
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
CONTROLE ADUANEIRO
E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
1 INTRODUÇÃO
Nestes últimos anos, a economia nacional vem passando por vários ciclos
de crescimento, notadamente na atividade internacional, que foi uma das gran-
des responsáveis por proporcionar a muitas empresas uma grande oportunidade
de expandir suas fronteiras mercadológicas e no caso de outras, serviu como uma
questão de sobrevivência em meio a um mercado doméstico conturbado por al-
gumas crises políticas e econômicas.
Além destes acontecimentos, o governo, por sua vez, também, vem des-
burocratizando o setor de comércio exterior nacional, além de promover novos
investimentos em infraestrutura. A combinação destes dois fatores fez com que
novas empresas, que nunca tinham exportado ou importado, começassem a tri-
lhar seu caminho pelo competitivo e também lucrativo mercado internacional.
2 JURISDIÇÃO ADUANEIRA
Conforme frisamos anteriormente, em qualquer operação de comércio in-
ternacional, em qualquer lugar do mundo, existe a necessidade de exercer um
controle adequado sobre a movimentação de mercadorias, pessoas e ativos fi-
61
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Para que esta finalidade possa ser exercida, faz-se necessário que o Esta-
do delimite seu território de atuação e as regras a serem seguidas. Desta forma,
teremos o conjunto de direitos e obrigações a serem seguidas por todos, no caso
específico, abordaremos apenas aqueles aspectos ligados à atuação aduaneira das
empresas, bem como todos os seus integrantes da cadeia logística como termi-
nais, de carga, despachantes aduaneiros, empresas de transporte marítimo, ter-
restre, aéreo, entre outros atuantes.
Portanto, jurisdição nada mais é do que o local onde o Estado irá exercer
o seu poder legítimo e constitucional de controle ou fiscalização, conforme disci-
plinado no Artigo 2 ao 4 do Regulamento Aduaneiro ou Decreto nº 6759, de 5 de
fevereiro de 2009 (BRASIL, 2009):
62
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
63
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
A partir do momento que existe a determinação clara da área onde ser efetuado
o controle, passaremos a seguir a comentar a respeito destes locais e seu funcionamento.
64
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
Vale ressaltar que grande parte dos aspectos relacionados ao controle, está
voltado mais para a entrada ou importação de produtos tendo em vista que está
ligado diretamente a questão da arrecadação tributária, diferentemente da expor-
tação que não gera cobrança de impostos. Segundo Bizelli (2006, p. 15):
a) A arrecadação tributária.
b) A prevenção de evasão de divisas.
c) O equilíbrio da balança comercial.
d) A concorrência com o similar estrangeiro.
65
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
legislação, são todos os demais espalhados pelo território nacional. Para entender
melhor a esse conceito, vamos a algumas considerações que ajudam a entender a
diferença entre os dois.
66
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
DICAS
67
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
ser de um tipo específico de carga ou diversos tipos, e, caso tenha alguma carga com
alguma particularidade especial, será necessária alguma outra autorização específica
como no caso de cargas perigosas.
Os portos secos estão espalhados por todo o território nacional, com ênfase
nas cidades próximas às instalações portuárias e também com uma maior concentra-
ção de empresas, facilitando e também reduzindo custos logísticos.
68
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
Uma das formas de controle dos veículos adotada pela Aduana é atra-
vés do manifesto de carga, ou seja, o documento oficial que relaciona todas as
mercadorias que estão sob guarda do transportador. Através deste documento, a
Aduana pode fazer uma comparação com o que foi manifestado e o que foi des-
carregado e conferido pelo responsável no recinto alfandegado.
Para os fins legais, a carga somente será reconhecida pela Aduana a partir
do momento que são efetuados os registros legais, via Siscomex, com a finalidade
de desembaraço aduaneiro. O termo desembaraço nada mais é do que a autori-
zação para que a mercadoria seja nacionalizada, no caso da importação ou auto-
rizada a deixar o país com destino ao comprador no exterior.
69
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
70
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
DICAS
71
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
E
IMPORTANT
Geraldo Seixas
Para dar uma resposta à crise na segurança pública brasileira, materializada na intervenção
federal no estado do Rio de Janeiro/RJ, criou-se o Ministério Extraordinário da Segurança
Pública, com competências de coordenar e promover a integração da segurança pública
em todo o território nacional em cooperação com os demais entes federativos. À frente
do novo Ministério, o ministro Raul Jungmann que, após anunciar sua equipe, informou a
abertura de concursos para a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, destacando que o
contingente de Policiais Federais nas fronteiras será dobrado e que o programa Alerta Brasil
da Polícia Rodoviária Federal será fortalecido.
A preocupação com a segurança nas fronteiras brasileiras não é uma novidade trazida pelo
ministro Jungmann, pois no ano de 2011, o Decreto nº 7.496 instituiu o Plano Estratégico de
Fronteiras, buscando ampliar o controle, a fiscalização e a repressão dos delitos transfron-
teiriços e dos delitos praticados na faixa de fronteira brasileira. Foi o sinal de que o governo
brasileiro estava reconhecendo que a violência nos grandes centros urbanos estava direta-
mente ligada à facilidade com que as drogas, as armas e o contrabando ingressam no Brasil
pelas fronteiras. Cabe relembrar que em 2010, com o lançamento do projeto “Fronteiras
Abertas – Um retrato do abandono da Aduana Brasileira”, os Analistas-Tributários da Receita
Federal do Brasil já alertavam a sociedade para as limitações do controle de fronteiras e suas
consequências. O alerta foi dado por servidores que atuam diuturnamente nas unidades da
Receita Federal localizadas nos postos de fronteiras, portos e aeroportos, realizando proce-
dimentos de controle aduaneiro e que passaram a chamar a atenção para necessidade de
fortalecimento da Aduana.
A Organização Mundial das Aduanas reconhece que as Aduanas de todo o mundo têm
uma atuação fundamental no enfrentamento ao crime organizado internacional, bem
como o terrorismo. Essa Organização destaca o papel desses órgãos na segurança das
fronteiras por meio da gestão de movimento de bens, dinheiro, pessoas e meios de trans-
porte. No Brasil, o controle aduaneiro é realizado pelos servidores da Receita Federal, uma
atuação que está associada diretamente ao enfrentamento de crimes, como o contraban-
do, descaminho e o tráfico de drogas.
Uma das últimas ações de controle aduaneiro realizado por Analistas-Tributários da Re-
ceita Federal do Brasil resultou na apreensão, em um só dia, de mais de 1,5 tonelada de
cocaína em dois dos principais portos brasileiros. Ao efetuar procedimentos de análise de
risco, e posterior procedimento de verificação de mercadoria, com a utilização de escâner
de container e cão de faro, Analistas-tributários que atuam no plantão da Aduana no Porto
do Rio de Janeiro/RJ foram responsáveis diretos pela apreensão de 1,3 tonelada de cocaí-
72
TÓPICO 1 – CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA
Com um efetivo de 2.326 servidores, a Receita Federal atua nos postos de fronteiras e
nos principais portos e aeroportos brasileiros. Esse pequeno efetivo, quando comparado a
outras aduanas, é responsável pelo controle de uma balança comercial de mais de U$ 365
bilhões e de uma fronteira com mais de 24 mil quilômetros (16,6 mil quilômetros terrestre e
7,5 mil quilômetros marítima). Mesmo com um quantitativo de servidores muito abaixo do
ideal, a Receita Federal alcançou resultados significativos no ano de 2017, com a apreensão
de R$ 2,3 bilhões em mercadorias em ações de combate ao contrabando, ao descaminho
e à pirataria e apreendeu mais de 45 toneladas de drogas.
Por sua atribuição legal de realizar o controle aduaneiro nas operações do comércio inter-
nacional não há como desconsiderar a importância da Receita Federal do Brasil, da Aduana
Brasileira, nas ações que visam promover políticas públicas de segurança, pois o combate
ao contrabando, ao descaminho, ao tráfico de drogas e armas, à evasão de divisas faz parte
do dia a dia dos servidores do órgão. A Receita Federal também tem um papel fundamental
e precisa ampliar sua atuação e contribuir para combater efetivamente o fluxo financeiro
ilegal que alimenta o crime organizado ao mesmo tempo em que promove a evasão de
divisas do País.
É nesse sentido que, ao longo dos últimos dez anos, temos defendido a implementação
de uma política nacional visando o fortalecimento da Aduana, que está diretamente asso-
ciada ao controle das fronteiras do País. Essa política nacional passa obrigatoriamente pela
ampliação do efetivo da Receita Federal nos portos, aeroportos, postos de fronteira, com
a ampliação das equipes que operam nos plantões, com o fortalecimento da presença
fiscal ininterrupta nas unidades de fronteira e postos alfandegados, na ampliação e fortale-
cimento das equipes de vigilância e repressão, na ampliação, fortalecimento e estruturação
das equipes náutica e área, na concessão do porte de arma, inclusive de armamento logo
para servidores devidamente treinados e que atuam no enfrentamento de crimes como
contrabando e descaminho.
Está mais do que provado que a fragilidade no controle de nossas fronteiras fortalece a atu-
ação do crime organizado, que se utiliza das limitações do Estado brasileiro para ampliar
sua força e diversos estados do País. O controle de fronteira é uma questão de segurança
pública, mas também de soberania nacional.
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O controle aduaneiro é efetuado não somente nas cargas que são movimenta-
das nessas estruturas, mas também existe o controle sobre os veículos e pessoas
que participam dessas operações além dos exportadores e importadores.
74
AUTOATIVIDADE
75
importador, a carga seria entregue no porto de origem e o frete e seguro
seriam de responsabilidade do fabricante. Como a mercadoria é proveniente
de um país cujo Brasil não possui acordo de preferência tarifária, não houve
a necessidade de emissão e remessa do certificado de origem. Desta forma,
a carga foi despachada apenas com os documentos obrigatórios para que a
carga fosse devidamente nacionalizada em nosso país. A carga chegou ao
porto de Navegantes dentro do prazo previsto. Como o importador não
possuía experiência, contratou o serviço de uma assessoria aduaneira que se
encarregou de toda a parte logística e burocrática do processo. A declaração
de importação foi registrada dentro do prazo normal e foi parametrizada
em canal de conferência documental sendo liberada no prazo de cinco dias
após o seu registro no Siscomex.
76
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Passaremos então a listar cada uma delas com suas devidas explicações e
amparo legal.
77
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
2 ISENÇÃO DE IMPOSTOS
A isenção total ou parcial de impostos, esta prevista nas normas legais e
podem ser classificadas como subjetivas ou objetivas:
78
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
NOTA
3 IMUNIDADE
Para entendermos melhor esse tipo de isenção, primeiramente, vamos
conceituar a “imunidade tributária”. Conforme descrito na revista eletrônica Por-
tal Tributário, (ÂMBITO JURÍDICO, 2017, s.p.):
79
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
4 ALÍQUOTA ZERO
Ao consultar a TEC, o importador verificará as alíquotas de impostos a
aplicar. A alíquota zero por cento é a menor tributação existente, porém, deve ser
encarada como imposto integral, e nunca confundida com qualquer outro regime
tributário, por exemplo, isenção ou imunidade.
A alíquota zero pode ser utilizada pelo governo para incentivar a aquisi-
ção de determinados produtos, principalmente nas areas de produção, informáti-
ca e tecnologia para tornar sua aquisição mais viável e proporcionar o desenvol-
vimento mais rápido de alguns setores da economia.
DICAS
Acesse o link e tenha acesso a uma notícia que trata a respeito da Redução
da alíquota do Imposto de Importação para 281 tipos de máquinas e equipamentos. Dis-
ponível em: https://bit.ly/2P0CRO4.
80
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
5 EX-TARIFÁRIO
O ex-tarifário é um benefício fiscal que concede redução da alíquota do
Imposto de Importação para as mercadorias relacionadas em seus textos, divul-
gados por Resoluções da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior.
Nas Resoluções constam, para cada classificação fiscal, uma lista de mer-
cadorias contempladas. Estas mercadorias são especificadas detalhadamente, e o
importador só poderá usufruir do benefício se satisfeitas todas as características
detalhadas no texto do Ex.
81
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
6 DRAWBACK
Trata-se de um regime especial oferecido pela legislação brasileira, onde
se pode importar sem o pagamento de impostos, desde que o material importado
seja transformado em produtos que se destinem à exportação. Este regime bene-
ficia qualquer material que integre o produto a ser exportado, mesmo quando for
consumido no processo de industrialização.
82
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
83
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
7 ENTREPOSTO ADUANEIRO
Regime aduaneiro especial que possibilita o armazenamento em local
alfandegado das mercadorias importadas, com suspensão dos tributos, até sua
nacionalização ou reexportação. Este regime não diminui a carga tributária na
importação, porém adia ao máximo o pagamento dos tributos devidos.
Este regime evita o total desembolso para pagamento dos tributos como
acontece na importação normal, permitindo que o importador vá pagando os tri-
butos conforme for vendendo ou consumindo a mercadoria importada, minimi-
zando os problemas com estoque, fluxo de caixa e tempo de entrega do material.
8 ADMISSÃO TEMPORÁRIA
Este regime, previsto no Artigo 353 do Decreto 6757/2009, autoriza a impor-
tação em caráter temporário de permanência no país, conforme prazo legal deter-
85
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
minado pela Aduana local que está sob a jurisdição deste regime. Diferente de uma
importação normal, nesta modalidade, todos os tributos ficam suspensos, desde
que sejam cumpridas as formalidades legais, e, principalmente que haja o com-
promisso legal, assumido mediante assinatura de termo de responsabilidade, onde
o importador se compromete a devolver o bem, objeto do regime, aos eu local de
origem e sem que haja alterações que descaracterizem seu estado original.
DICAS
9 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA
Assim como o regime de admissão temporária permite a entrada de bens
ou produtos no país por prazo determinado, a exportação temporária funciona ba-
sicamente da mesma forma, sendo aplicado para a exportação de produtos que
permanecerão por prazo determinado em outro país, vinculados à futura reimpor-
tarão do mesmo produto. Este tipo de regime pode ser aplicado em diversas situa-
ções, por exemplo, as feiras, competições ou eventos esportivos diversos e também
máquina e/ou equipamentos que serão submetidos a processo de conserto, reparo
ou algum tipo de restauração, desde que, não descaracterize o produto exportado.
86
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
10 TRÂNSITO ADUANEIRO
Caro acadêmico! Até o presente momento, tivemos a oportunidade de ob-
servar que a fiscalização aduaneira é bastante rígida no controle de entrada e
saída de mercadorias, principalmente aquelas que demandam os recolhimentos
dos impostos exigíveis.
Neste caso, para que não haja um prejuízo maior ao importador como a
despesa de transporte e liberação da mercadoria em outro local, a Receita Federal,
permite, que este produto seja transferido deste local para o destino original, com
a suspensão total dos impostos devidos, os quais, serão efetivamente recolhidos
quando houver o desembaraço efetivo no porto de descarga previamente acorda-
do entre ambas as partes. Esta é apenas uma das situações previstas pelo Decreto
Lei nº 37/66 e seu Artigo 73 (BRASIL, 1966). “O regime de trânsito aduaneiro é o
que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, com suspensão
de tributos” (RATTI, 2001, p. 424).
87
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
FONTE: O autor
88
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
E
IMPORTANT
Diversos setores são atingidos pela ausência de adequada infraestrutura. Tenhamos, como
exemplo, os grãos: neste ano, tivemos "supersafra" do gênero, porém não houve reflexo no
seu custo final, isso porque o preço do transporte aumenta a cada ano e, atualmente, es-
tima-se que representa cerca de 20% do valor do produto. Esse problema é internacional-
mente conhecido, conforme recentemente noticiado pelo jornal britânico BBC. A demora
causada pela precária infraestrutura resulta inclusive no cancelamento de exportações em
razão do não cumprimento de prazos pelos fornecedores brasileiros.
Conforme já dito, esse cenário se mostra contrário ao desenvolvimento do País, sendo que
para que isso ocorra de maneira adequada, bem como para incentivo ao aumento das ex-
portações e ainda com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos
Olímpicos em 2016, deve se investir na melhoria da infraestrutura nacional, tendo nos regi-
mes aduaneiros especiais uma excelente forma de incentivo e facilitação das obras.
Há diversas modalidades de regimes aduaneiros especiais, que em comum têm a caracte-
rística de exceção à regra, seja quanto à tributação incidente na importação ou exportação,
seja quanto ao controle aduaneiro aplicado. Visam ao incentivo às operações de comércio
exterior, desenvolvimento de determinadas regiões ou de determinados setores, melho-
rando, assim, a competitividade internacional. Com o dinamismo do comércio internacio-
nal vem a necessidade de adequação dos regimes às diferentes peculiaridades, e o objetivo
dos regimes aduaneiros especiais a seguir expostos é o desenvolvimento da estrutura para
incremento dos setores de energia, segmento esportivo, turístico, transporte de passageiros
e cargas e irrigação.
Reidi
O Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi) visa ao
incentivo às empresas que queiram investir na implantação de obras de infraestrutura no
País por meio de incentivos fiscais: a adesão ao regime acarreta na desoneração por meio
da suspensão do PIS/Pasep e Cofins sobre as receitas decorrentes de aquisição e importa-
ção de máquinas, equipamentos, materiais de construção e serviços relacionados à obra,
ainda que esta já esteja em desenvolvimento, desde que haja previsão de novos investi-
mentos. Ainda, é suspensa a incidência dessas contribuições sobre o aluguel de máquinas
e equipamentos utilizados nas obras, sendo que os tributos suspensos se convertem em
sujeitos à alíquota zero após incorporados ao bem.
O regime foi criado pelo governo federal pela Lei Federal n. 11.488/2007, é regulado pelo De-
creto Federal nº 6.144/2007 e abrange diversos setores, entre eles: energia elétrica, transpor-
tes, portos, irrigação, dutovias, sendo que as condições para solicitação do enquadramento
no regime dependem de cada espécie, devendo a pessoa jurídica ter seu projeto aprovado
pelo respectivo ministério e ser habilitada no Reidi pela Receita Federal do Brasil.
89
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Buscando garantir o tratamento isonômico dos interessados, a seleção dos projetos pelo
Poder Público é feita estritamente de acordo com as formalidades estabelecidas na legis-
lação sobre o tema.
O Reidi mostra-se uma excelente alternativa para os particulares que realizam investimen-
tos em infraestrutura nos setores abrangidos, porém deve ser feito estudo financeiro de-
talhado, já que a adesão ao regime pode ter impacto nos créditos das contribuições das
empresas que apuram seu Imposto de Renda pelo lucro real.
Reporto
Setor que carece de investimentos e atualizações é o portuário, como já falado no início
deste artigo, deficiência esta que acarretou a criação, em 2004, do Regime Tributário para
Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), que é consi-
derado uma das principais medidas para desenvolvimento e reaparelhagem dos portos.
O regime, inicialmente, suspendia a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), PIS/Pasep, Cofins e, quando o caso, Imposto de Importação (I.I.) sobre a venda e im-
portação de máquinas, equipamentos e outros bens destinados aos terminais portuários.
Em 2008, por meio da Lei nº 11.774, o regime foi ampliado, abrangendo também aqueles
bens utilizados em obras relacionadas ao transporte ferroviário, incluindo trilhos, locomo-
tivas, vagões, entre outros bens destinados a essa atividade.
Condição básica para utilização do regime é a venda ou importação dos produtos a be-
neficiários do Reporto, para inclusão no seu ativo imobilizado, e os investimentos devem
ser destinados a: serviço de carga, descarga e movimentação de mercadorias, serviço de
dragagem e treinamento de pessoal, armazenagem de mercadorias, proteção ambiental,
sistemas de segurança e monitoramento e sistemas suplementares de apoio operacional.
O regime tem vigência até o final de 2015 e o setor pede que seja estendido por prazo in-
determinado, consideradas as necessidades de desenvolvimento do setor para possibilitar
a concorrência internacional.
Recopa
Trata-se de regime especial de desoneração tributária, instituído pela Lei n. 12.350/2010 para
a construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios de futebol para utilização
na Copa das Confederações Fifa 2013 e na Copa do Mundo Fifa 2014.
Para se beneficiar do regime, a pessoa jurídica deverá apresentar seu projeto ao Ministério
do Esporte, observando os procedimentos estabelecidos na Portaria nº 209/2010 do Minis-
tério do Esporte, sendo que, após aprovado o projeto, deverá requerer sua habilitação ou
coabilitação junto à Receita Federal do Brasil, via formulário específico.
90
TÓPICO 2 – REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS
Pode ser habilitada ao Recopa pessoa jurídica que tiver aprovação pelo ME de projeto de
construção, ampliação, reforma ou modernização de estádio de futebol. Poderá ser co-
abilitada pessoa jurídica contratada pela empresa habilitada para realização de obras de
construção civil e/ou montagem de instalação industrial, para fornecimento de bens e/ou
serviços relacionados ao projeto.
Não poderão ser beneficiárias do Recopa empresas optantes pelo Simples Nacional e nem
aquelas tributadas pelo Imposto de Renda com base no lucro presumido ou arbitrado e o
prazo de vigência dos benefícios relacionados ao regime é até 31/12/2015.
Jogos Olímpicos
A Lei nº 12.780, de 9 de janeiro de 2013, que trata dos benefícios tributários referentes à
realização dos Jogos Olímpicos e dos Paraolímpicos de 2016, dispõe que ficam isentas
do pagamento dos tributos federais incidentes nas importações de bens, mercadorias ou
serviços relacionados com a organização do evento, como troféus e medalhas, material
promocional e semelhantes.
91
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A maioria dos produtos importados que entram no país são passiveis de co-
brança de impostos, principalmente, o imposto de importação e ICMS.
• Em alguns casos específicos, tal cobrança pode ser isenta ou reduzida em razão
da destinação do produto ou atividade econômica da empresa importadora.
• Quando o governo abre mão da carga tributária nesses regimes, está incenti-
vando o crescimento e desenvolvimento de alguns setores produtos, além de
fomentar a geração de empregos.
92
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Suspensão.
b) ( ) Redução.
c) ( ) Recolhimento integral.
d) ( ) Isenção.
e) ( ) Ex tarifário.
a) ( ) Ex-tarifário.
b) ( ) Redução.
c) ( ) Alíquota zero.
d) ( ) Drawback.
e) ( ) Acordos comerciais.
93
4 Uma empresa que importe grande quantidade de produtos e queira efetuar
o pagamento dos impostos de forma parcial, ou seja, cada vez que efetue
a liberação de uma parte destes produtos, pode utilizar-se de um regime
especial denominado:
a) ( ) Drawback.
b) ( ) Entreposto aduaneiro.
c) ( ) Dac Dub.
d) ( ) Exportação temporária.
94
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
VALORAÇÃO ADUANEIRA
1 INTRODUÇÃO
Até o presente momento estamos demonstrando, repetidamente, que o
comércio internacional vem apresentando uma grande evolução nos últimos
anos, principalmente com o avanço dos meios de comunicação, transporte, que-
bra de barreiras econômicas internacionais, entre outros fatores que favorecem
sobremaneira este incremento nas negociações internacionais.
2 HISTÓRICO
Para ilustrar melhor a expansão do comércio internacional, vamos relem-
brar alguns fatos históricos, começando pela quebra da bolsa norte-americana, um
fenômeno histórico ocorrido entre 1929 e 1930, em virtude de uma grande oferta
de produtos e uma redução drástica de consumo de vários países, notadamente o
mercado europeu, que passava por uma série de dificuldades. Posteriormente, com
o início da Primeira Guerra Mundial, os países europeus, com a economia severa-
mente afetada pelo longo período de guerra, abriram novamente as portas para
que os Estados Unidos se transformassem no principal fornecedor de produtos
primários, principalmente alimentos, material bélico e recursos financeiros. Desta
forma, com o desenvolvimento tecnológico e com poucos concorrentes disponíveis
na época, a economia americana tornou-se a maior no mundo (LUZ, 2012).
95
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Tais medidas, basicamente, mexem com a estrutura cambial do país para que
se torne mais atrativo para empresas, exportar seus produtos através de uma taxa
cambial mais favorável, ao mesmo tempo que o Estado impõe uma taxa cambial mais
elevada para quem importa, portanto, o produto importado fica extremamente mais
caro e prejudica o crescimento dos países em ritmo de crescimento. São as chamadas
taxas múltiplas de câmbio ou as políticas de desvalorização cambial para manipular
o valor da moeda e influenciar diretamente na atividade importadora e exportadora.
96
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
nos dias atuais. Subsídio, nada mais significa que uma ajuda financeira aos produ-
tores nacionais, custeado pelos cofres do Estado para que o preço do produto final
fabricado fique menor, e, portanto, mais competitivo no mercado internacional.
NOTA
Como resultado prático desta conferência, foram criadas três instituições com
papéis bem definidos para auxiliar o desenvolvimento econômico mundial, são elas:
97
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
98
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Foi através das resoluções do GATT que deu início ao processo de regula-
mentação da valoração aduaneira que nada mais é do que determinar o real valor
do produto importado, o qual será utilizado como base de cálculo da carga tribu-
tária. Conforme Luz (2012, p. 337), especificado no Parágrafo segundo artigo VII
da Resolução GATT de 1947, “o valor aduaneiro das mercadorias importadas deve
basear-se no valor real da mercadoria importada a que se aplique o tributo ou de
mercadoria similar e não no valor de uma mercadoria de origem nacional nem va-
lores arbitrários ou fictícios”.
Esta resolução deixa bem claro para todos os países sobre o método correto
a ser empregado e não apenas aqueles que favoreçam a manipulação de dados para
restringir a entrada de produtos importados em alguns países em detrimento do
país exportador da mercadoria.
Ainda segundo esta Resolução, quando ainda restarem dúvidas sobre o va-
lor a ser utilizado, e esgotados todas as outras recomendações legais, o valor para
os fins aduaneiros deve ser o mais próximo possível do valor a ser utilizado para
fins de cálculo de impostos.
99
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Mais uma vez, havia a necessidade de ajustes nas normas, mesmo porque,
a questão ou conceito de “valor” é algo que varia muito e pode ter várias interpre-
tações, dependendo do ponto de vista a ser abordado. Segundo descrito no Dicio-
nário Michaellis (2002, p. 814): “Valor pode ser o preço que se atribui a algo ou a
importância de alguma coisa determinada previamente”, entre outros significados.
Todo este processo, descrito até aqui, foi fruto de uma evolução natural que
ocorre em qualquer área, principalmente, quando envolve questões comerciais e
financeiras em vários países, o cuidado deve ser redobrado, pois seus reflexos irão
influenciar todas as nações.
100
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
blindar o seu mercado interno ao mesmo tempo em que defendem a redução das
barreiras de exportação para ter acesso a maiores mercados mundiais, o que é um
contrassenso. Apesar de algumas reclamações, a OMC desempenha um importan-
te papel como mediador e incentivador do comércio internacional.
101
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
haver variações quanto aos valores aplicados, mas não podem haver diferenças
nos critérios utilizados para a sua apuração.
• Princípio da equidade: este princípio prega a filosofia de que todos serão tra-
tados de forma igualitária e justa. A real intenção de utilização dos métodos e
seus critérios não busca unicamente a tributação e sim, uma forma justa para
todos de apuração do valor real do produto sem levar em consideração os efei-
tos tributários que serão gerados posteriormente.
NOTA
103
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
DICAS
Para entendermos melhor como funciona este que é o método mais utilizado
nas transações internacionais, primeiramente, iremos conhecer o que diz o Capítulo I, Ar-
tigo 4 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal número 327/2003. Acesse:
https://bit.ly/2XtOhhH.
104
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Mesmo com a definição mais clara das regras para minimizar as dúvi-
das, ainda existem situações em que não será autorizada a utilização do primeiro
método, uma delas diz respeito a questões de possíveis dúvidas sobre os docu-
mentos ou dados que são apresentados no momento do processo de importação
pelo adquirente da mercadoria. Tal situação está prevista no Artigo 82 do Decreto
6759/2009 (BRASIL, 2009):
Art. 82. A autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer funda-
mentado, pela impossibilidade da aplicação do método do valor de transação
quando (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 17, aprovado pelo Decreto Le-
gislativo no 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 1994):
I- Houver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou
documentos apresentados como prova de uma declaração de valor; e
II- As explicações, documentos ou provas complementares apresentados
pelo importador, para justificar o valor declarado, não forem suficientes para
esclarecer a dúvida existente.
Parágrafo único. Nos casos previstos no caput, a autoridade aduaneira po-
derá solicitar informações à administração aduaneira do país exportador,
inclusive o fornecimento do valor declarado na exportação da mercadoria.
105
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Como nos dias atuais existe uma maior facilidade em adulterar documen-
tos com a finalidade de reduzir os valores empregados ou ainda ocultar o real
adquirente da mercadoria, as aduanas, no mundo inteiro, adoram rígidas medi-
das para o controle de todo o processo para minimizar e coibir possíveis fraudes.
106
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Como foi possível verificar, o primeiro método, apesar de ser o mais uti-
lizado nas operações, não pode, e nem deve ser tratado de forma genérica pelos
importadores, pois suas regras são rígidas e somente poderá ser utilizada se o
produto estiver devidamente enquadrado em seus itens.
107
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Para se ter uma noção de valor do bem importado pode ser utilizado como
base o valor de uma Declaração de Importação anterior cuja data seja recente, des-
de que o produto seja idêntico ao objeto da importação.
A legislação prevê, assim como temos critérios similares em nossa vida co-
tidiana, que se for localizado mais de um produto importado idêntico ao que está
sendo objeto da solicitação, prevalecerá o menor preço encontrado para não pena-
lizar o importador.
Ainda sobre a utilização de mercadorias idênticas, caso surjam outras dúvi-
das, a legislação pertinente, informa que podem ser consideradas idênticas aquelas
iguais em tudo, nas características físicas, qualidade e outros aspectos comerciais.
Algumas modificações sutis na aparência não impedem que seja utilizado esse ra-
ciocínio, tampouco com relação as quantidades importadas que podem ser ajusta-
das de acordo para se determinar o valor devido.
Em alguns casos, a Fiscalização Aduaneira também permite uma consulta
prévia de algum produto que está sendo importado, com a finalidade de ter a refe-
rência do preço, mas somente se a mercadoria já tiver sido embarcada para o país.
Após a pesquisa, a Aduana informa o número do processo de importação corres-
pondente para que seja informado na documentação para desembaraço, criando
uma fonte de referência para o fiscal que irá analisar o processo posteriormente.
DICAS
Leia a reportagem que trata sobre um caso recente de Dumping. Título: Brasil investiga
Dumping na importação de lápis da China. Disponível em: https://glo.bo/30usSXB.
108
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
109
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Obviamente, ainda podem surgir dúvidas com relação sobre os valores que
compõem o preço final como o lucro na operação e demais despesas, desta forma, a
fiscalização analisa as informações e somente iniciará uma investigação mais profunda
caso seja detectado alguma divergência maior em relação do praticado no mercado.
O sexto e último método pode ser utilizado no caso dos métodos anterio-
res não sejam passíveis de aplicação. Neste caso específico, o Acordo de Valoração
Aduaneira permite que os métodos anteriores sejam revistos, mas com pequenas
adaptações. Mas por que então permitir alterações nos métodos anteriores? Se
pensarmos que todas as tentativas anteriores foram esgotadas, restarão apenas
poucos casos, muito específicos que poderiam recorrer a este método, cuja inten-
ção é tornar mais flexível algumas determinações nos métodos anteriores e, desta
forma, com seguir chegar a um acordo definitivo para o impasse criado sobre o
real valor da mercadoria.
111
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
do país de importação;
(f) em valores aduaneiros mínimos;
(g) em valores arbitrários ou fictícios.
3. Caso o importador o solicite, será ele informado, por escrito, do valor
determinado, segundo as disposições deste artigo e do método utilizado para
determinar tal valor.
5 PARCELAS ACRESCIDAS AO VALOR ADUANEIRO
Após a elaboração das regras de valoração aduaneira, a qual é utilizada
para se confirmar o valor tributável da mercadoria importada, neste mesmo acor-
do, também foi previsto que cada país, conforme decisão interna, também fosse
possível acrescentar a este valor original da mercadoria, as despesas relativas ao
transporte internacional, seguro de carga quando houver e também algumas des-
pesas associadas a movimentação da carga.
Segundo a legislação brasileira, foi aprovado em consonância com o per-
mitido pelo acordo de valoração, os valores de frete, seguro e despesas de mo-
vimentação da mercadoria, denominadas pela sigla THC (Terminal Handling
Charge ou Taxa de Movimentação de Mercadoria) na base de cálculo da merca-
doria. Portanto, segundo o Artigo segundo do Decreto 92930/86, ficou determina-
do a obrigatoriedade de acrescentar estes valores na base de cálculo dos impostos
incidentes sobre a mercadoria importada.
A base de cálculo do imposto ficou então definida desta forma: Valor FOB
da mercadoria + Frete Internacional + Seguro + THC = Valor Aduaneiro ou valor
tributável para fins de cobrança do Imposto de importação e demais impostos
incidentes na cadeia de comercio exterior, como o Imposto sobre Produtos Indus-
trializados, PIS, COFINS e ICMS.
112
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Por fim, veremos os casos previstos em Lei, que permitem a não aplicação
do Acordo de Valoração Aduaneira.
113
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Prezado acadêmico, com este item, encerramos esta unidade que tratou
basicamente das formas de controle aduaneiro exercida pelo Estado e também
quais as metodologias legas que são utilizadas para definir o valor real de um
produto importado e dirimir as possíveis dúvidas quando houver.
114
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
LEITURA COMPLEMENTAR
Introdução
Tal acordo ganhou mais relevância ainda depois que os principais países
que praticam o comércio mundial, entre eles o Brasil, assinaram a Ata Final que
Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multila-
terais do GATT em 12 de abril de 1994.
115
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Listas de preços
Assim até parece fácil determiná-lo, porém na prática não é assim, pois o
mais difícil é chegar ao valor da transação, isto é, o preço pelo qual o produto é ven-
dido ou oferecido em condições normais de livre concorrência no país exportador.
Uma das primeiras providências que a Receita Federal tomou foi a criação
de centros regionais e locais de valoração aduaneira, os quais forneciam listas de
preços, em caráter restritivo, ao auditor responsável pelo despacho, a fim de auxi-
liá-lo na difícil tarefa de verificar a veracidade do preço da mercadoria, declarado
pelo importador.
Com o tempo, a medida anterior foi superada por outras julgadas mais
eficazes.
117
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
118
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Canal cinza
Assim sendo, na evolução natural de tal proposta, pode-se dizer que ficou
mais difícil ainda para o auditor a criação do canal cinza de conferência aduanei-
ra, que direcionava as declarações de importação selecionadas a um roteiro de
preparo de ação fiscal para exame de valor aduaneiro.
119
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
120
TÓPICO 3 – VALORAÇÃO ADUANEIRA
Se o valor das mercadorias importadas não puder ser estabelecido pelo va-
lor de mercadorias idênticas, será ele o valor de transação de mercadorias simila-
res, vendidas para exportação para o mesmo país de importação e exportadas no
mesmo tempo que as mercadorias objeto de valoração, ou em tempo aproximado.
Na sequência, toma-se como base o preço unitário pelo qual são aqui vendidas
as mercadorias já importadas, idênticas ou similares às que estão sendo fiscalizadas.
Consiste ele em se basear num valor que será igual à soma de:
121
UNIDADE 2 – CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA
Subfaturamento
122
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
123
AUTOATIVIDADE
a) ( ) PIS.
b) ( ) IPI.
c) ( ) ICMS.
d) ( ) THC.
124
4 Uma das práticas desleais de comércio internacional utilizada por algumas
empresas, trata-se de um artifício de venda que consiste em comercializar a
mercadoria em outro mercado com preços muito inferiores aos praticados no
mercado local prejudicando os fabricantes sediados no país importador. Tal
prática que está sujeita à penalidade pela autoridade aduaneira, denomina-se:
a) ( ) Subsídio.
b) ( ) Dumping.
c) ( ) Descaminho.
d) ( ) Salvaguarda.
125
126
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
127
128
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO
MONOPÓLIO
1 INTRODUÇÃO
A atividade portuária, em todo mundo, representa uma das formas mais
antigas do monopólio estatal sobre a movimentação de mercadorias, que cruza-
vam os mares desde os tempos mais remotos.
129
2 DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO
O setor portuário, assim como outros setores econômicos de qualquer na-
ção, é considerado como estratégico para o desenvolvimento, além de estar inti-
mamente ligado às questões da soberania nacional.
130
FIGURA 1 – TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS
Neste caso, o Estado utiliza seu poder de soberania uma vez que tais ins-
talações devem submeter-se à autoridade estatal.
131
Não obstante, o exercício da soberania sobre os bens não é absoluto,
existindo nos limites estabelecidos pelo próprio Estado, podendo-se
dizer que o domínio eminente é um conceito político, mas que seu
exercício é um conceito jurídico, dependente da definição legal que
lhe é atribuída pelo ordenamento jurídico, da mesma forma que a pro-
priedade privada tem seu exercício condicionado pelos parâmetros
estabelecidos pela ordem jurídica que a submete a uma função social
(SOUZA JUNIOR, 2008, p. 9).
Com relação à exploração da atividade portuária, o governo pode efetuar sua
exploração econômica ou, através de concessões, delegá-la à iniciativa privada, man-
tendo o controle sobre as atividades executadas, mesmo porque, todos os órgãos ofi-
ciais reguladores das atividades de comércio exterior, estão presentes nestes terminais
e também ajudam na tarefa de fiscalização e controle das normas a serem seguidas.
132
A importância dos portos para um país sempre esteve diretamente relacio-
nada a considerações de ordem macroeconômica sobre os efeitos do comér-
cio exterior em sua economia. Os portos são estratégicos para o exercício da
soberania nacional, servindo como locais de aplicação da política tributária
governamental para viabilizar o modelo econômico adotado pelo país. No
Brasil, cerca de 97% do comércio exterior é transportado via marítima, fato
que notabiliza o seu papel no cenário econômico nacional.
Os portos são pontos nodais de integração e transferência entre dife-
rentes modais de transportes (terrestre X marítimo), possuindo adicio-
nalmente a função de amortecer o impacto da chegada e da saída das
cargas nesse fluxo no sistema viário local, através de armazenagem tem-
porária, regulando o processo de consolidação de cargas (exportação) e
o de distribuição física (importação) (RODRIGUES, 2009, p. 166).
Porto, nada mais é do que uma estrutura construída pela engenharia hu-
mana para unir um trecho de terra a rios ou mares, possibilitando, desta forma,
a atracação de embarcações de diferentes tipos e portes onde são executados os
serviços de movimentação de mercadorias.
DICAS
133
dos, como Santa Catarina, por exemplo, temos diversos terminais de pequeno
porte, porém, dotados de uma excelente infraestrutura logística.
134
que a carga é liberada no terminal, posteriormente, segue para o local definitivo
de embarque na zona primária, devidamente apta para carregamento no modal
de transporte designado.
• Centro Logístico Industrial Aduaneiro (CLIA): possibilita a armazenagem e
desembaraço de mercadorias destinadas à exportação bem como importação.
Como é um tipo de recinto com atribuições mais completas, também pode ser
utilizado na modalidade de Entreposto Aduaneiro. O CLIA foi instituído pela
medida provisória número 612 de 04/04/2013 publicado no Diário Oficial da
União (BRASIL, 2013).
DICAS
E
IMPORTANT
A balança comercial teve superávit superior a US$ 60 bilhões, mas os valores de exportação
e importação foram inferiores aos valores de 4 anos atrás. Ou seja, geramos superávit redu-
zindo drasticamente as importações devido à longa crise econômica que o País enfrenta
há 3 anos. Não só não evoluímos no comércio exterior como regredimos.
No mesmo período de 40 anos atrás, a China exportava mais ou menos US$ 20 bilhões e im-
portava outro tanto, com volume global inferior ao do Brasil. Hoje, a China representa mais de
20% do comércio mundial, e o Brasil continua em 1 a 1,1%. Países como Índia e outros emer-
gentes também cresceram mais que o Brasil em comércio exterior. Ou seja, nosso país es-
135
tagnou em 1% enquanto muitos outros países passaram à frente. Como justificar ou analisar?
Temos ainda como agravante o fato de exportarmos produtos agrícolas e minérios e impor-
tar todo tipo de manufaturados, máquinas e equipamentos, eletrônicos, produtos químicos
e farmacêuticos, agroquímicos, brinquedos etc.
Exportamos minério de ferro e chapas grossas de aço como matéria-prima, a US$ 300/t, e
importamos chapas finas como produto final a US$ 1.000/t ou mais, dependendo da espe-
cificação e composição química e aplicação do aço.
Exportamos óleo bruto (petróleo tipo pesado) e importamos óleo leve, querosene, metanol,
gasolina, em valores acima de US$ 10/12 bilhões por ano, sempre pela Petrobras, que tem o
monopólio de tais produtos.
O Brasil ainda é um país fechado ao comércio internacional, tem muitas barreiras à importação,
tanto tarifárias como não tarifárias, além de ter limitado acesso aos mercados externos para suas
exportações.
Não podemos crescer nas exportações limitando nossas importações – o comércio internacional
exige, como regra básica de intercâmbio, reciprocidade de tratamentos tarifários e não tarifários.
Infelizmente, poucos empresários e empresas têm essa visão ou estão preparados para investir
em exportação e conquista dos mercados internacionais. A grande maioria de nossos empre-
sários e de nossas empresas não têm qualquer preparo, experiência ou disposição de investir,
por ignorância das reais potencialidades dos mercados externos, ou por acomodação. Todos
querem vender, mas não querem ter trabalho nem gastos para conquistar novos mercados.
Competitividade internacional
136
A qualidade dos serviços de pré e pós-venda é essencial, bem como informações corretas e
completas sejam elas agilidade no atendimento, embalagem de qualidade, documentação
correta e completa, pronto atendimento de eventuais problemas de logística ou mesmo de
produto, cumprimento rigoroso de prazos e regularidade nos fornecimentos e embarques.
O exportador deve ter excelente imagem e reputação, como um verdadeiro reliable su-
pplier. Qualquer falha no atendimento e cumprimento de prazos já torna o fornecedor
como não confiável (unreliable supplier) – e ninguém quer fazer negócios com quem não
é confiável, não cumpre prazos, não mantém a regularidade dos fornecimentos, dos em-
barques ou da qualidade dos produtos.
Toda empresa que atua em comércio exterior tem grandes ganhos na melhoria de sua es-
trutura de administração, produção, controle de qualidade, atualização tecnológica, aten-
dimento e serviços em geral.
Os clientes do mercado interno percebem que estão comprando produtos de melhor qua-
lidade e recebem melhor atenção, melhores serviços pré e pós-venda. Isso resulta em mais
vendas e lucros para a empresa exportadora.
Entraves às exportações
São vários os entraves às nossas exportações, tanto entraves internos como externos. A
respeito de entraves internos podemos citar alguns principais:
- falta de política eficiente de comércio exterior;
- estrutura deficiente de transportes rodoviários e ferroviários;
- estrutura portuária deficiente;
- custos de logística proibitivos e não competitivos no mercado internacional;
- elevada carga tributária para produção e comercialização;
- custos financeiros elevados e não competitivos no mercado internacional;
- falta de cultura exportadora tanto no governo como nos setores privados da indústria,
comércio e serviços;
- baixa produtividade, exceto no setor agropecuário;
- falta de investimento em novas tecnologias, novos processos, novos equipamentos ou
novos produtos;
- custos elevados de produção e distribuição;
- falta de investimento e conhecimento para atuar no mercado internacional com compe-
tência e competitividade;
- falta de capital e recursos para financiamento da produção e comercialização a custos
competitivos; e
- despreparo e falta de disposição ou interesse dos empresários para investir e atuar em
comércio internacional.
Os entraves acima são alguns dos fatores que denominamos CUSTO BRASIL - custos de falta
de estrutura, falta de eficiência na produção e logística, além de elevados desperdícios que
encarecem a produção e comercialização de nossos produtos no mercado internacional, o
137
que impede que nossos preços e condições sejam competitivos, exceto em alguns produtos
agrícolas e minerais para os quais temos condições de competir em qualidade, quantidade e
preços mesmo a custos logísticos proibitivos que reduzem a margem dos produtores.
Os entraves externos são basicamente as barreiras tarifárias e não tarifárias que os demais
países adotam para proteção de seus próprios mercados e suas políticas de trocas inter-
nacionais com base na reciprocidade. As que mais afetam nossas exportações são as bar-
reiras não tarifárias como sistema de cotas, controles fitossanitários e ecológicos e demais
exigências que dificultam ou impedem a venda de produtos sujeitos a esses controles.
Gargalos na exportação
Exportação de serviços
A exportação de serviços é importante para nosso país, pois indica capacidade de forne-
cimento de mão de obra especializada nas áreas de engenharia, processamento de dados
e tecnologia da informação, serviços bancários, serviços de seguros, estudos de mercado,
advocacia em geral, marketing e telemarketing, consultorias e auditorias, serviços médicos,
construções de obras no exterior, treinamentos especializados, ensino em geral.
Os requisitos comentados anteriormente para exportação de produtos também se apli-
cam, em parte, à exportação de serviços, como capacidade de investir e prospectar mer-
cados no exterior, viagens, negociações e contratos internacionais, formação de preços
competitivos em moeda estrangeira, cumprimento dos prazos, qualidade dos serviços
prestados, suporte de pré e pós-venda desses serviços, garantias etc.
As exportações de serviços no Brasil representam muito pouco, algo como 1% das expor-
tações, mas tende a crescer e o governo tem programas para dinamizar essas exportações
como informa a Apex. Os serviços prestados no processo de exportação de mercadorias
138
como transporte, logística, armazenagem, inspeções, serviços portuários etc. são inclusos
no valor da mercadoria exportada e não são considerados exportação de serviços para fins
de estatísticas de exportações. Estes serviços agregados ao valor das exportações podem re-
presentar mais de 20% do valor exportado, dependendo do produto, distância do transporte,
modal, serviços especializados de logística, armazenagem e embarque.
139
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os portos são de domínio público, pois representam uma área estratégica para a eco-
nomia e soberania nacional.
• Como funciona o domínio do Estado e seu poder de regulamentação sobre os portos.
• Para que uma nação seja competitiva na área internacional é necessário que os portos
sejam ágeis, competitivos e com custos compatíveis aos praticados nos grandes portos
mundiais.
CHAMADA
140
AUTOATIVIDADE
a) ( ) REDEX.
b) ( ) CLIA.
c) ( ) ENTREPOSTO ADUANEIRO.
d) ( ) TRÂNSITO ADUANEIRO.
a) ( ) Município.
b) ( ) Exportador.
c) ( ) Estado.
d) ( ) De qualquer grupo econômico.
4 Cite e explique três motivos pelos quais o nosso país ainda é conhecido pela
fama de possuir altos custos e baixa produtividade na atividade portuária.
141
142
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
A REGULAÇÃO DA INFRAESTRUTURA
AQUAVIÁRIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! No presente tópico, nós vamos continuar os estudos
abordando a respeito dos órgãos que foram criados para imprimir uma maior
agilidade às mudanças necessárias nas estruturas portuárias nacionais.
2 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – ANTAQ
A estrutura portuária nacional, com o passar dos anos e o aumento signifi-
cativo do aumento de cargas importadas e exportadas, o que, consequentemente
também trouxe a criação de novas estruturas de armazenagem e movimentação
de cargas distribuídas por todo o litoral do país.
143
à soberania nacional e também porque o assunto envolvia aspectos relacionados
à mão de obra empregada nos terminais, cuja hegemonia era dos sindicatos de
mão de obra de que trataremos posteriormente.
Causando apreensão no meio empresarial resolveu o governo propor
a criação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários para tratar
da marinha mercante e dos portos. Na realidade, com objetivos inde-
finidos, segundo a extensa regulamentação proposta, a ANTAQ, mal-
conduzida, poderá complicar a já retardada modernização dos portos,
equacionada na Lei n. 8630/93. Ao contrário, se bem administrada,
cingindo-se ao estrito cumprimento da lei, poderá a ANTAQ prestar
bons serviços, caso complete a privatização do setor, assegurando a
liberdade dos terminais particulares e evitando a interferência de ou-
tros órgãos oficiais nas atividades portuárias (OLIVEIRA, 2005, p. 14).
144
A ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) surgiu com
um novo conceito pautado na agilidade nas decisões e concedendo prioridade
aos participantes da respectiva área técnica, buscando o entendimento entre os
vários setores atuantes no meio portuário.
145
Conforme exposto anteriormente, o principal papel da ANTAQ é não ape-
nas modernizar o setor portuário através de uma estrutura mais ágil e dinâmica,
mas também, regulamentar e fiscalizar o setor dentro de um cenário econômico
nacional mais competitivo não somente para as empresas exportadoras e impor-
tadoras, mas também para as estruturas portuárias e toda a cadeia de usuários.
146
XIII- (VETADO)
XIV- estabelecer normas e padrões a serem observados pelas administrações por-
tuárias, concessionários, arrendatários, autorizatários e operadores portuários,
nos termos da Lei na qual foi convertida a
XV- elaborar editais e instrumentos de convocação e promover os procedimentos
de licitação e seleção para concessão, arrendamento ou autorização da exploração
de portos organizados ou instalações portuárias, de acordo com as diretrizes do
poder concedente, em obediência ao disposto na Lei na qual foi convertida.
XVI- cumprir e fazer cumprir as cláusulas e condições dos contratos de concessão
de porto organizado ou dos contratos de arrendamento de instalações portuárias
quanto à manutenção e reposição dos bens e equipamentos reversíveis à União
de que trata o inciso VIII do caput do art. 5o da Lei na qual foi convertida.
XVII- autorizar projetos e investimentos no âmbito das outorgas estabelecidas,
encaminhando ao Ministro de Estado dos Transportes ou ao Secretário Especial
de Portos, conforme o caso, propostas de declaração de utilidade pública;
XVIII- (VETADO)
XIX- estabelecer padrões e normas técnicas relativos às operações de transporte
aquaviário de cargas especiais e perigosas;
XX- elaborar o seu orçamento e proceder à respectiva execução financeira.
XXI- fiscalizar o funcionamento e a prestação de serviços das empresas de na-
vegação de longo curso, de cabotagem, de apoio marítimo, de apoio portuário,
fluvial e lacustre;
XXII - fiscalizar a execução dos contratos de adesão das autorizações de instala-
ção portuária de que trata o art. 8o da Lei na qual foi convertida.
XXIII- adotar procedimentos para a incorporação ou desincorporação de bens,
no âmbito das outorgas;
XXIV- autorizar as empresas brasileiras de navegação de longo curso, de cabota-
gem, de apoio marítimo, de apoio portuário, fluvial e lacustre, o afretamento de
embarcações estrangeiras para o transporte de carga.
XXV- celebrar atos de outorga de concessão para a exploração da infraestrutura
aquaviária, gerindo e fiscalizando os respectivos contratos e demais instrumentos
administrativos;
XXVI- fiscalizar a execução dos contratos de concessão de porto organizado e de
arrendamento de instalação portuária, em conformidade com o disposto na Lei
na qual foi convertida.
XXVII- (revogado).
XXVIII - publicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos de conces-
são, precedida ou não de execução de obra pública, para a exploração de serviços
de operação de eclusas ou de outros dispositivos de transposição hidroviária de
níveis situados em corpos de água de domínio da União.
147
ma portuário nacional, modernizando sua estrutura, incentivando a competição
saudável no mercado aquaviário e também alterações significativas na então ul-
trapassada estrutura de mão de obra portuária que era predominantemente do-
minada por uma estrutura sindical ultrapassada, tema este que abordaremos a
seguir e que tem uma importância significativa no desempenho operacional das
movimentações portuárias e seus respectivos custos.
148
Art. 36. Será instituído em cada porto organizado um conselho de autoridade
portuária, órgão consultivo da administração do porto.
§ 1º Compete ao conselho de autoridade portuária sugerir:
I- alterações do regulamento de exploração do porto;
II- alterações no plano de desenvolvimento e zoneamento do porto;
III- ações para promover a racionalização e a otimização do uso das instalações
portuárias;
IV- medidas para fomentar a ação industrial e comercial do porto;
V- ações com objetivo de desenvolver mecanismos para atração de cargas;
VI- medidas que visem estimular a competitividade; e
VII- outras medidas e ações de interesse do porto.
§ 2º Compete ao conselho de autoridade portuária aprovar o seu regimento in-
terno.
Art. 37. Cada conselho de autoridade portuária será constituído pelos membros
titulares e seus suplentes:
I- do Poder Público, sendo:
a) quatro representantes da União, dentre os quais será escolhido o presidente do
conselho;
b) um representante da autoridade marítima;
c) um representante da administração do porto;
d) um representante do Estado onde se localiza o porto; e
e) um representante dos Municípios onde se localizam o porto ou os portos orga-
nizados abrangidos pela concessão;
II- da classe empresarial, sendo:
a) dois representantes dos titulares de arrendamentos de instalações portuárias;
b) um representante dos operadores portuários; e
c) um representante dos usuários; e
III- da classe dos trabalhadores portuários, sendo:
a) dois representantes dos trabalhadores portuários avulsos; e
b) dois representantes dos demais trabalhadores portuários.
149
A seguir, caro acadêmico, falaremos a respeito de outro órgão criado para
modernizar também a estrutura de mão de obra empregada nos terminais por-
tuários e sua importância para a melhoria na movimentação de cargas e redução
destes custos.
150
ária. Como consequência destas mudanças, houve aumento na produtividade,
redução não somente dos custos das operações, bem como redução no índice de
avarias nas cargas movimentadas, fruto do trabalho desenvolvido para treina-
mento constante deste “novo” trabalhador portuário.
151
Com a finalidade de se obter um controle mais específico também sobre
este órgão, a legislação nacional, também criou mecanismos capazes não só de
gerenciar a sua atividade, bem como resguardar o seu devido funcionamento
e fiscalização através de uma estrutura formada por diversos representantes de
várias categorias participantes da atividade portuária.
DICAS
152
E
IMPORTANT
Na edição anterior desta publicação, escrevemos um artigo sobre os problemas entre ar-
madores e embarcadores com relação ao frete marítimo. E que não existe uma única as-
sociação ou discussões sérias sobre o assunto. Mas que, nesse momento, também de nada
adiantaria criar algo a esse respeito. Perdemos o momento, e agora os armadores são
grandes demais para qualquer discussão com eles. A hora passou. A não ser que seja uma
questão política, que seja um assunto encampado por países e não embarcadores apenas.
Solução que não encampamos, e quem nos lê sabe bem por quê. Não queremos o Estado
em absolutamente nenhum setor da economia.
Dessa feita, queremos discutir as associações de usuários dos terminais portuários brasilei-
ros. Coisa bem mais fácil e simples. Em que já existe uma na Bahia e uma na Associação
Comercial de São Paulo, pelo que sabemos. E se está articulando e trabalhando uma em
Santa Catarina, no momento.
Esta sim é uma discussão útil, passível de realização e de obtenção de bons frutos, pelo
menos em nossa modesta opinião. Conquanto, sejam associações que funcionem de fato.
Que congreguem grande número de usuários, em especial empresas grandes e repre-
sentativas. E, mais importante, que estejam dispostas a lutar. A dar a cara a bater. Que não
sejam associações apenas para constar. Resumindo, que não tenham medo de qualquer
cara feia. Nem do governo.
Terão de ser associações que estejam dispostas a mudar o quadro atual. Que batam de
frente contra os obstáculos naturais e artificiais que se costumam impor às operações por-
tuárias e aos portos brasileiros. Que estejam de fato contra todas as ineficiências existentes
e aquelas que se procuram criar, no intuito de criar dificuldades para se vender facilidades.
Muito comum em terras tupiniquins.
E agora, por mal dos pecados, tivemos a revogação da Lei nº 8.630/93, devidamente subs-
tituída há pouco tempo, gerando um grande stress e desentendimentos entre todos os
153
atores. Coisas de governo, como sempre, neste País. Tudo o que tínhamos de fazer eram
alguns ajustes na Lei nº 8.630/93, para melhorar pontos que não foram possíveis de serem
implementados naquela ocasião, ou que estavam defasados neste momento.
Ficamos pensando quanta falta nos fez não ter associações de usuários em todos os portos
brasileiros. Uma ou diversas em todos os portos, estas por tipos de empresas ou produtos
etc. E federações de associações de usuários dos portos brasileiros. Que, trabalhando em
conjunto com federações de indústrias e confederações nacionais de indústria e transpor-
tes, poderiam ter feito um trabalho bem melhor do que vimos até hoje.
Assim, como temos feito em muitos outros artigos, em outros assuntos e setores, concla-
mamos os usuários dos portos brasileiros a uma união. A criação imediata dessas asso-
ciações e federações pode ainda fazer com que tenhamos algo a comemorar no futuro.
E permanentemente. Não o que aconteceu até agora, que, após a bela vitória de 1993,
tivemos várias tentativas de retrocesso e mesmo algum retrocesso.
154
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
155
AUTOATIVIDADE
2 Qual dos órgãos foi criado para gerenciar os serviços de mão de obra
executado dentro das estruturas portuárias?
a) ( ) OGMO.
b) ( ) CAP.
c) ( ) ANTAQ.
d) ( ) IRF.
156
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA
PORTUÁRIA
1 INTRODUÇÃO
Estamos quase finalizando nossos estudos, prezado acadêmico. Até aqui,
conseguimos traçar um perfil da estrutura portuária nacional, demonstrando
principalmente as suas deficiências e o papel regulatório do Estado no sentido de
interferir nesta área, promovendo as mudanças necessárias para a sua reestrutu-
ração.
Outro aspecto que começou a pesar também foi o alto índice de danos ou
avarias nas cargas, fruto da falta de especialização dos trabalhadores portuários.
Durante anos de domínio dos sindicatos, vários aspectos relacionados à qualifica-
ção desta mão de obra, ficou relegada a segundo plano tendo em vista que o foco
visava tão somente às questões salariais.
157
Historicamente, as empresas sempre detiveram o capital financeiro sobre
o seu controle, o que lhes permitia escolher os trabalhadores das tarefas mera-
mente repetitivas ou que eram fáceis de substituir em casos de problemas de
adaptação, relacionamento ou ainda de custos.
Naquela época, o capital humano ainda não era considerado como um fa-
tor estratégico para o desenvolvimento das organizações, o que ocasionava ape-
nas a sua exploração para fins produtivos sem considerar suas reais capacidades
em contribuir para o crescimento organizacional.
158
Também, nos Estados Unidos, a força sindical sempre teve um papel de
destaque, defendendo o direito dos menos favorecidos e colaborando para im-
portantes conquistas que mudaram a forma como as empresas tratam seus em-
pregados.
FONTE: O autor
159
4) Insatisfação com a chefia e formas de tratamento dispensado: ao contrário do
que muitos imaginam, os trabalhadores, nem sempre lutam por questões vin-
culadas à remuneração pelo trabalho prestado. Em alguns casos, existem con-
dutas dentro das empresas que são questionadas pelos seus funcionários e que
se tornam fator de descontentamento ocasionando atritos entre os níveis ope-
racionais e de chefia. A diferença de tratamento entre os níveis administrativos
e operacionais, historicamente sempre foi ponto de descontentamento entre
os trabalhadores da base e tais diferenças devem ser administradas da melhor
forma possível para amenizar os impactos negativos que elas proporcionam.
5) Fatores salariais e benefícios: as questões ligadas à remuneração sempre foram
ou na maioria das vezes o pivô central das greves ou manifestações dentro das
organizações. Os operários buscam através dos Sindicatos, a força necessária
para fazer com que as melhorias salariais cheguem até a chefia e sejam traduzi-
das em números reais em sua folha de pagamento. Isoladamente, sabemos que
é difícil um único operário conseguir aumento salarial, ainda mais se levarmos
em conta que dependendo do tamanho da companhia e número de funcionários
que exercem a mesma função, ficaria difícil gerenciar coletivamente e explicar
qual a razão que levou a empresa a alterar a remuneração de apenas um traba-
lhador ou um pequeno grupo. Através das pressões, greves e outros instrumen-
tos utilizados pelo movimento sindical, normalmente a empresa acaba cedendo
e entrando em um consenso para modificar as políticas de remuneração e bene-
fícios de seus empregados, dentro de bases reais para ambas as partes.
6) Estabilidade no emprego: com a velocidade das mudanças que ocorrem nas or-
ganizações, os trabalhadores observam que a cada dia que passa, mais postos
de trabalho vão desaparecendo ou sendo incorporados a outras funções que são
realizadas por outras pessoas. Tal fato pode ser observado claramente no setor
bancário e metalúrgico, onde diversos postos de trabalho foram substituídos de
forma acelerada pela automatização das agências e fábricas. Os robôs, caixas ele-
trônicos e outros equipamentos utilizados foram rapidamente implementados
nas empresas, substituindo e diminuindo o quadro funcional. No setor portu-
ário também não foi diferente, principalmente nos países desenvolvidos como
nos continentes europeu, americano e asiático, onde a mecanização dos portos
foi fundamental para atingirmos os níveis de movimentação de cargas verifica-
dos atualmente. Em nosso país, os sindicatos então ainda são amplamente uti-
lizados para tentar manter o atual quadro funcional, a despeito dos custos que
oneram esta atividade e da consequente falta de competitividade que isto nos
acarreta. Neste aspecto, percebe-se uma posição equivocada dos sindicatos que
lutam basicamente contra a modernização não importando o alto custo causado
pelo atual quadro de trabalhadores atuando nos portos brasileiros.
7) Exposição indireta: Por meio do movimento sindical, os operários ficam mais
seguros em expor suas ideias e reivindicações. Psicologicamente o indivíduo
sente-se protegido pelo simples fato de não ter que ficar frente a frente com
seus empregadores, expondo suas deficiências e temores de perder o seu posto
de trabalho. As probabilidades de demissões em massa são proporcionalmente
menores do que a exposição isolada ou de um pequeno grupo que além de
não demonstrar representatividade da maioria pode ser facilmente demovido
a desistir de seu pleito.
160
8) Aspectos de higiene e segurança no trabalho: São fatores também determi-
nantes para a filiação dos trabalhadores ao movimento sindical. É através dos
sindicatos que muitas conquistas nesta área são conseguidas, tornando melhor
o ambiente de trabalho e aumentando os níveis de segurança, baixando índices
de acidentes e vítimas em várias atividades industriais e também portuárias.
A adoção de normas de segurança, utilização de equipamentos de proteção,
entre outros, torna o cotidiano de algumas funções, menos estressantes, pro-
porcionando satisfação no trabalho e aumento da produtividade.
9) Filiação com fins políticos: A militância sindical pode ser utilizada também para
que seus indivíduos, principalmente os dirigentes principais obtenham não so-
mente o reconhecimento de seus filiados, mas também proporciona uma pro-
jeção que jamais seria alcançada de outra forma. Esta projeção, muitas vezes é
utilizada para fins puramente políticos ou eleitoreiros, desvirtuando o objetivo
principal da entidade e seus membros. De qualquer forma, de comum consenso,
existem entidades sindicais que buscam através de sua força junto à classe traba-
lhadora, a conquista do campo político para ampliar ainda mais seu raio de ação
e conseqüentemente maior poder de influência junto a iniciativa privada, órgãos
governamentais e opinião pública para a consecução de seus objetivos.
Por outro lado, a atuação dos sindicatos pode ser decisiva para a análi-
se de várias questões estratégicas da empresa, não somente no que concerne a
políticas salariais. É de conhecimento geral que em função da atuação sindical,
poderemos ter um quadro positivo de participação em decisões que afetam o lu-
cro e produtividade como as empresas também podem ter sérios problemas para
administrar os conflitos gerados pela atuação distorcida destas entidades, assim
como ocorre hoje no setor portuário nacional.
161
A afirmação do autor reflete a realidade atual das entidades sindicais que
atuam na atividade portuária nacional, demonstrando claramente um excesso
de influência em vários campos da atuação de seus filiados, revelando para a
comunidade internacional, um quadro de ineficiência extrema atrelado a custos
superiores à média mundial.
162
meio das comissões de trabalhadores, sindicalizados ou não, em relação a ques-
tões locais de trabalho” (MILKOVICH, 2000, p. 465).
Baseado nas informações descritas podemos apontar alguns dos itens que
levaram as empresas, independentemente de seu ramo de atuação, a desenvolve-
rem estratégias em busca de enfrentar as resistências sindicais, as quais conforme
observamos são cruciais para o bom desempenho no atual mercado competitivo
e que nos visualizam o porquê do declínio da atividade sindical nos últimos anos
de nossa história.
164
NOTA
165
6) Manutenção do emprego: o novo cenário recessivo mundial fez com que os
trabalhadores, a despeito da questão salarial no momento da escolha de seu
emprego, refletissem melhor acerca de possíveis reivindicações salariais que
talvez agravassem o quadro econômico das empresas e provocassem o aumen-
to do desemprego.
Para conseguir tais objetivos, é mister que se desenvolva uma nova men-
talidade trabalhista e sindical, onde as empresas e sindicatos atuem em parceria,
buscando formas de contornar as adversidades do mercado.
166
• O funcionamento no regime de 24 horas também foi estendido à Receita Fede-
ral. Em conjunto com a mão de obra que não apresentava paralisações para tro-
ca de turnos, as empresas começaram a contar com uma estrutura ininterrupta
para a liberação e embarques de suas mercadorias.
E
IMPORTANT
Nos últimos nove anos, a movimentação de cargas no setor portuário cresceu 31,5%
Os portos privados foram responsáveis por 66% da movimentação total no ano passado e
registraram um crescimento médio anual (2010-2019) de 3,4%. Já os portos organizados
ficaram com 34%: crescimento médio anual de 2,5%.
Um dos pontos que contribuiu para o decréscimo foi uma menor movimentação de mi-
nério de ferro. Em 2019, foram movimentados 39,2 milhões de toneladas a menos que
em 2018: uma diminuição de 10%. No ano passado, as instalações portuárias nacionais
movimentaram 367,8 milhões de toneladas. Outro fator foi a queda da movimentação de
soja: um decréscimo de 10%. Em 2019, os portos e terminais movimentaram 92,4 milhões
de toneladas.
33%
167
Número que representa o minério de ferro na movimentação total
A movimentação de petróleo e derivados, no entanto, aumentou 11% no último ano (224,7
milhões de toneladas). A movimentação de milho também cresceu. Em 2019, foram 55,7
milhões de toneladas. A exportação desse granel aumentou 75% no ano passado em com-
paração a 2018.
Ranking
Santos (SP) foi o que mais movimentou nos portos organizados em 2019, com 106,2 milhões
de toneladas. Em segundo, apareceu Paranaguá (PR): 48,4 milhões de toneladas. Na terceira
posição: Itaguaí (RJ), com 43,2 milhões de toneladas. O estudo aponta que dez portos brasi-
leiros são responsáveis por 85% da movimentação total do setor portuário brasileiro.
Em relação aos terminais privados, Ponta da Madeira (MA) movimentou 190,1 milhões de
toneladas. Em segundo, Tubarão (ES), com 76,4%. Em terceiro lugar, esteve o Terminal da Baía
da Ilha Grande (Tebig), no Rio de Janeiro, que movimentou 51,9 milhões de toneladas.
Navegação
Em 2019, a navegação de longo curso transportou 794,8 milhões de toneladas, sendo 643,4
milhões de toneladas exportadas e 151,4 milhões de toneladas importadas. Na cabotagem,
foram transportados 240,3 milhões de toneladas no ano passado. Na navegação interior,
65,7 milhões de toneladas foram transportadas: um aumento de 7,5% (2018-2019).
169
A Ásia Terminal tem atualmente 8 mil funcionários, dos quais apenas
1.800 tem vínculo empregatício. Os outros 6,2 mil são autônomos,
contratados para serviços específicos (motoristas, guindasteiros,
estivadores, vigias etc.) pelos jornais ou nas agências especializadas
locais. “Como não há desemprego na cidade, prevalecendo um
bom clima entre o capital e o trabalho, os sindicatos não interferem
na política do porto nem das empresas, atuando como associações
culturais e recreativas” (OLIVEIRA, 2000, p. 114).
Fatos desta natureza podem e devem ser discutidos, pois estamos atra-
vessando um período crucial em nosso desenvolvimento econômico, onde o co-
mércio exterior brasileiro deve buscar novas formas de se adequar à realidade
internacional, modernizando-se e propiciando a exportadores e importadores o
retorno esperado nas operações de comércio exterior.
NOTA
170
carregamento e a descarga de embarcações, quando efetuados por aparelha-
mento portuário nas instalações portuárias.
• Estiva: é a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos
porões dos navios das embarcações principais ou auxiliares, incluindo o trans-
bordo, arrumação da carga, peação1 e despeação, bem como o carregamento e
a descarga das mesmas, quando realizadas com equipamentos de bordo.
• Conferência de carga: é a contagem de volumes, anotação de suas caracterís-
ticas (espécie, peso, número, marcas e contramarcas), procedência ou destino,
a verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência
do manifesto, e demais serviços correlatos nas operações de carregamento e
descarga de embarcações. Conserto de carga: constitui-se no reparo e na res-
tauração das embalagens de mercadorias, nas operações de carregamento e
descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem,
etiquetagem e abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição. São
realizados a bordo ou em terra.
• Vigilância de embarcações: atividade de fiscalização de entrada e saída de pes-
soas à bordo das embarcações, atracadas ou fundeadas.
• Bloco: é toda a atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes
e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de pe-
quena monta e serviços correlatos (MANUAL DO TRABALHO PORTUÁRIO
E EMENTÁRIO, 2001.
ATENCAO
171
QUADRO 1 – CATEGORIA DOS TRABALHADORES PORTUÁRIOS
CATEGORIA LOCAL DE ATUAÇÃO
Estivadores Porões ou convés dos navios
Conferentes Costado do navio
Consertadores A bordo dos navios ou em terra
Vigias A bordo dos navios
Blocos A bordo dos navios
FONTE: O autor
172
LEITURA COMPLEMENTAR
Samir Keedi
E eis que, uma vez mais, voltamos à questão portuária. Todos sabem o que
vem acontecendo nessa área, que tem sido muito judiada. Não que ela não tenha
avançado nas últimas duas décadas. Isso ocorreu, com a abertura da economia de
1990. Na esteira desta, recebemos a abertura portuária, antes tarde do que nunca.
A segunda grande após a de 1808, histórica. Naturalmente, esta é muito mais im-
portante. Tanto pelas circunstâncias em que se deu, quanto pelo que representa em
termos econômicos ao país. Foi econômica e não política, de interesses escusos.
Desta feita, foi compreendido que o país precisava se abrir ao mundo. Não
poderia continuar fechado como sempre esteve. Claro que não podemos consi-
derar que o Brasil é uma economia aberta, longe disso. É muito fechada. Apenas
com mais oportunidades se levada a sério. Quando se verifica que representamos
1,3% do comércio mundial, tudo que podemos fazer é chorar. E ao perceber que
nossa corrente de comércio exterior, com exportação e importação em conjunto,
não chega a 20% do nosso PIB – Produto Interno Bruto, só resta sentar no chão e,
uma vez mais, chorar.
E isso é muito fácil de explicar. Temos a mais alta carga tributária do pla-
neta. Juros idem. Investimento irrisório, bem aquém do mínimo necessário. Tudo
conforme números que já colocamos em diversos escritos. O custo Brasil é insu-
portável por todas essas coisas e muito mais.
173
consideramos que deve haver no mundo, entre os ricos, bem como aqueles que
estão chegando lá, e os que também querem chegar, uns 50-60-70 países que con-
tam de fato, que fazem a diferença, então estamos muito além do último.
Esta é uma situação inaceitável para um país como o nosso. Que é sucesso em
muitas áreas. Com trabalhadores versáteis se lhes forem dados educação e treinamento
adequados, e não apenas político e de submissão para todo o sempre. Que tem, fisica-
mente, tudo que um país precisa para se desenvolver e atingir o ápice do sucesso.
174
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
175
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Conferentes.
b) ( ) Consertadores.
c) ( ) Estivadores.
d) ( ) Vigias.
2 Cite e explique dois motivos pelos quais o custo de mão de obra portuária
no Brasil é superior aos países mais desenvolvidos.
3 Qual das medidas a seguir foi criada pelo terminal portuário de Itajaí
(SC) que foi adotada para aumentar significativamente o número de
movimentações efetuadas que anteriormente eram bastante inexpressivos:
a) ( ) Criação do CAP.
b) ( ) Criação da jornada de 24 horas.
c) ( ) Utilização de duas ou mais categorias no mesmo navio.
d) ( ) Criação do OGMO.
a) ( ) Poder de mobilização.
b) ( ) Possibilidade de maiores ganhos na profissão.
c) ( ) Possibilidade de integrar o grupo formado pelo CAP.
d) ( ) Poder de escolha em qual terminal poderá executar o seu trabalho.
176
REFERÊNCIAS
ANEEL (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA), instituída através
da Lei n. 9.427/1996. Disponível em: www.aneel.gov.br. Acesso em: 18 nov. 2019.
177
BRASIL. Decreto nº 8.033, de 27 de junho de 2013. Regulamenta o disposto na
Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, e as demais disposições legais que regulam
a exploração de portos organizados e de instalações portuárias. Disponível em:
https://bit.ly/2Ps16Vo. Acesso em: 2 jun. 2020.
178
FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de comércio exterior, visão e experiência
brasileira. São Paulo: Atlas, 2007.
179
MICHAELIS. Dicionário escolar de língua portuguesa. São Paulo: Editora Me-
lhoramentos, 2002.
OLIVEIRA, Carlos Tavares. Portos e marinha mercante. São Paulo: Lex Editora, 2005.
RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. 10. Ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001.
180
terceiro do Brasil em movimentação de contêineres. 2020. Disponível em: http://
www.revistaportuaria.com.br/noticia/20677. Acesso em: 2 jun. 2020.
SILVA, Luiz Augusto Tagliacollo Silva. Logística no comércio exterior. São Paulo:
Aduaneiras, 2008.
VASQUEZ, José Lopes. Manual de exportação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
181