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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


INSTITUTO DE LETRAS - DEPARTAMENTO LIPO
Prof. Dr. Charleston de Carvalho Chaves / e-mail: charlestonchaves@gmail.com
Prof. Adjunto de Língua Portuguesa (matrícula 40.388-1)

Disciplina: Língua Portuguesa I


(Turma 1) 2021.1
(Avaliação 1) – 29/10/2021

Nome completo: Renata da Silva Sebastião

Folha de respostas:

Questão 1:

"A quinta história" é um conto de Clarice onde a autora baseia o desenrolar da história
em 4 narrativas que ao todo se encontram no mesmo pilar, apesar de a princípio serem
apresentadas como distintas. O conto é narrado a partir da perspectiva de uma Dona de
casa que mora em um apartamento manifestado de baratas, a dona de casa busca um
método para acabar com a praga e uma vizinha lhe apresenta uma receita de veneno
caseiro onde ela faz uma mistura de açúcar, farinha e gesso para atrair as baratas e por
fim matá-las.

O que acontece é que no intuito de instigar o leitor, Clarice faz da ação vil de somente
"matar baratas" um valor catastrófico, como um exagero. Ela vai passeando entre os
aspectos de efeito do ato e experimentando os sentimentos que a ação de matar as
baratas causam nela. A respeito da morte, quando o eu-lírico comete o assassinato pela
primeira vez sente curiosidade e medo porém ao mesmo tempo: gosto por matar, como
um paradoxo, onde ideias totalmente opostas tomam a frente da narrativa. De um jeito
sádico ela começa a apresentação da história com um ato simples, e deste ato simples
os pensamentos da autora vão desabrochando; um fato cru que seria a morte somente
pela morte acaba adentrando esferas maiores até chegar ao limite do fato, batendo de
frente com o que o eu-lírico sente. O que para muitos acaba gerando um certo incômodo
durante a leitura, pois o texto traz essa ideia de nos colocar à prova dos nossos
sentimentos mais profundos causados pela Epifania que Clarice faz ao deparar-se com
os fatos que ela escreveu antes.

O texto também apresenta grande potencial e referências a acontecimentos externos que


sem estes conhecimentos de mundo compartilhado poderíamos deixar de entender parte
da ideia. Quando Clarice fala “Sou a primeira testemunha no alvorecer de Pompeia” ela
acaba fazendo referência a cidade de Pompeia onde pessoas morreram petrificadas
assim como as baratas que ela faz questão de matar. Podemos dizer que há coerência
com o restante da história pois ela trabalha de forma clara focando as informações em
uma sequência lógica, as ideias são bem organizadas o que faz com que o leitor se
instigue no que a autora propõe, despertando certo mal estar por essa potência
destrutiva que pode estar ligado não somente a autora mas também a quem lê. A dona
de casa da história enxerga nas baratas uma alteridade absoluta a quem ela precisa
destruir.

Ao final do texto, podemos dizer que Clarice deixa em aberto a história para criação de
novas histórias, sabendo que no próprio início do texto é dito que ela poderia criar mil
histórias se mil e uma noite fossem dadas, para a criação deste conto.

Questão 2:

Caetano começa o texto expondo o duplo sentido da palavra Língua que é o título
de sua poesia. Quando ele escreve "Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de
Luís de Camões" ele tira o sentido físico da palavra que por vezes entendemos como
"beijar alguém", e atribui o sentido linguístico, onde é relatado o idioma Potuguês ao
grande poeta Luís de Camões.
Caetano expõe e defende a ideia de nossa língua possuir riquezas, e explora isso
quando apresenta a ideia de querer uma profusão de paródias, neste caso trata-se dos
tipos de poesias cômicas feitas em cima de músicas já existentes, estes textos tem o
intuito de fazer rir e propor alegria. Ele relata bem quando escreve "que encurtem dores
e furtem cores como camaleões". O autor traz uma ideia de um certo patriotismo e
expõe isso vangloriando-se de determinados aspectos linguísticos, por exemplo, no
trecho em que ele repete diversas vezes a palavra "imã" o seu intuito é demonstrar a
capacidade da Língua portuguesa ao reproduzir sons que outros idiomas teriam
dificuldade de reproduzir. Para além disso, ele traz aspectos em seu texto sobre a
cultura e a diversidade linguística presentes dentro do Brasil, isso fica exposto No
trecho: "Tá craude brô / Você e tu/ Lhe amo / Qué queu te faço, nego? / Bote ligeiro"
onde é apresentado um diálogo com gírias baianas. Ele altera muito bem os graus de
formalismos nesta frase como antes se apoderando de uma linguagem mais culta e
terminando na forma coloquial com a apresentação de gírias baianas.
O que podemos concluir é que a poesia entrega um forte desejo de influenciar e
evidenciar as beldades da língua portuguesa, exaltando de um jeito além de patriótico
mas sim matriótico (como o próprio Caetano) revela em seu texto. Em meio a sua
poesia ele critica a ideia de que só seria possível filosofar em alemão, pois pelo fato da
colonização a ideia de que nosso idioma é pobre de riquezas e que não seria possível
criar referências filosóficas com o embasamento teórico que temos nesta terra.

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