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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

FACULDADE DE ENGENHARIA

ESTUDO COMPARATIVO DE CONCRETO COM ADIÇÕES MINERAIS


(SÍLICA ATIVA E METACAULIM)

Raphael Vieira de Carvalho Holanda 10000841

São Paulo/SP
Novembro de 2004
FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO
FACULDADE DE ENGENHARIA

ESTUDO COMPARATIVO EM CONCRETO COM ADIÇÕES MINERAIS


(SÍLICA ATIVA E METACAULIM)

Trabalho apresentado à
Disciplina de Concreto Armado,
Professor Fernando J. Relvas

Raphael Vieira de Carvalho Holanda 10000841

São Paulo/SP
Novembro de 2004
DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a meu pai, por acompanhar meus passos


na vida e na engenharia”.
AGRADECIMENTOS

1. Aos meus professores de Concreto


Armado, Prof. Fernando J. Relvas,
Sasquia H. Obata e Percival Camanho,
meu professor de Recuperação das
Construções, Paulo Fernando A. Silva,
por me agregarem conhecimentos para
toda vida;

2. À Metacaulim do Brasil em especial ao


engenheiro Guilherme Gallo e Marco
Antonio Rabello por cederem gentilmente
os trabalhos de ensaios elaborados pelo
Prof. Paulo Helene – USP na
caracterização do seu produto;

3. À Holanda Engenharia, através do


engenheiro Francisco G. Holanda, por
ceder os trabalhos de dosagens
experimentais das Usinas Hidrelétricas
de Irapé e Capim Branco I.
Resumo e Palavras-Chave

“Este trabalho apresenta diretrizes e resultados de experiências


práticas no uso de adições minerais ativas aos concretos e
argamassas de Cimento Portland visando à obtenção de estruturas
de concreto de elevada qualidade em diferentes condições de
solicitações, sejam de carregamento ou por imposição das
condições de intemperismos locais ou de natureza química
específica”.

Palavras-chaves: slump, sílica ativa, Microsílica, Sil Mix,


metacaulim, Metacaulim HP, caulim, ar incorporado, concreto,
adições, cimento equivalente, aditivos, pozolanas, reatividade,
patologia.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8
CAPÍTULO I - ADIÇÕES MINERAIS ATIVAS......................................................... 10
1. Generalidades....................................................................................................... 10
1.1. Ação pozolânica:................................................................................................ 11
1.2. Efeito micro-filler ................................................................................................ 12
1.3. Outros Tipos de Adições Minerais ..................................................................... 13
CAPÍTULO II - METACAULIM.................................................................................. 14
2. METACAULIM ...................................................................................................... 14
2.1. Definição ............................................................................................................ 14
2.2. Composição Física e Química ........................................................................... 18
2.3. Histórico Internacional........................................................................................ 18
2.4. Histórico Nacional .............................................................................................. 18
CAPÍTULO III - SÍLICA ATIVA ................................................................................. 22
3. SÍLICA ATIVA....................................................................................................... 22
3.1. Definição ............................................................................................................ 22
3.2. Composição Física e Química ........................................................................... 29
3.3. Histórico Internacional........................................................................................ 29
3.4. Histórico Nacional .............................................................................................. 31
CAPÍTULO IV - UTILIZAÇÃO PRÁTICA................................................................. 35
4. UTILIZAÇÃO PRÁTICA EM CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND -
EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM SÍLICA ATIVA E METACAULIM..................... 35
4.1. Generalidades.................................................................................................... 35
4.2. Concretos Convencionais – Estudos de Dosagens Efetuados .......................... 35
4.2.1. Generalidades................................................................................................. 35
4.2.2. Estudos com 7% de Adição de Metacaulim HP .............................................. 38
4.2.3. Estudos com 7% de Adição de Sil Mix............................................................ 39
4.2.4. Comentários Gerais ........................................................................................ 39
4.3. Alto desempenho (CAD) .................................................................................... 39
4.4. Concretos Projetados......................................................................................... 42
4.4.1. Via seca .......................................................................................................... 42
4.4.2. Via úmida ........................................................................................................ 43
CAPÍTULO V - ESTUDO COMPARATIVO............................................................... 45
5. ESTUDO COMPARATIVO – SÍLICA ATIVA / METACAULIM ............................. 45
5.1. Experiência Internacional ................................................................................... 45
5.2. Experiência Nacional ......................................................................................... 46
5.2.1. Resistência à Compressão ............................................................................. 46
5.2.2. Resistência aos Sulfatos ................................................................................. 47
5.2.3. Resistência à Penetração de íons Cloretos .................................................... 47
5.2.4. Retração Por Secagem ................................................................................... 49
5.2.5. Eficiência na Neutralização da Reatividade Potencial do Tipo Álcalis-
Agregados (RAA)................................................................................................ 50
CONCLUSÕES......................................................................................................... 56
ANEXOS ................................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 58
8

INTRODUÇÃO

“Toda partícula de agregado pode conter vários minerais, além de microfissuras e


vazios. Analogamente, tanto a matriz da pasta como a zona de transição contém
geralmente uma distribuição heterogênea, de diferentes tipos e quantidades de fases
sólidas, poros e microfissuras, acrescentando-se ainda o fato de estarem sujeitas a
modificações com o tempo, umidade ambiente e temperatura, o que torna o
concreto, diferentemente de outros materiais de engenharia, um material com
características parcialmente intrínsecas ao material.”
(MEHTA e MONTEIRO (1994))

O estudo da macro e microestrutura do concreto é fundamental para o


desenvolvimento de novas tecnologias, novos produtos e novos desafios para
a engenharia. Este trabalho tem como objetivo apresentar e caracterizar dois
produtos existentes no mercado atual da construção civil, a Sílica Ativa e o
Metacaulim, que são dois produtos que agregam diversas qualidades para o
concreto.

Será visto ao longo deste trabalho, as suas características, benefícios,


forma de utilização, dosagem entre outros aspectos. Apresentaremos também
estudos de comparação entre Sílica Ativa e Metacaulim, devido ao já
conhecido uso da Sílica por mais de 25 anos em experiência Brasileira e o
Metacaulim, que é um produto com os mesmos princípios, obtido por um
processo diferente, que está em fase de inclusão no mercado. Estes produtos
têm preços mais elevados do que o cimento, porém são usados em menores
quantidades e proporcionam ao concreto uma maior resistência mecânica,
durabilidade, evita ataques de diversas naturezas, coesão, etc. Assim,
dependendo da sua forma de utilização, são produtos que podem reduzir o
preço/m3 do seu concreto.

Neste trabalho, apresentamos estudos de dosagens feitos para as UHE


Irapé e UHE Capim Branco, com diversas comparações entre os produtos.

Quando falamos dos benefícios proporcionados, também está


relacionado o benefício que podemos proporcionar com estudos deste tipo,
como navegar numa micro-engenharia, de compostos químicos, minerais de
alta reatividade, verificando a eficácia dos produtos e o resultado final, a
durabilidade do concreto. Devido à elevada finura dos produtos, veremos
9

também que existe um preenchimento dos espaços vazios do concreto,


conhecido como o efeito micro-filler.

Entre as diversas aplicações da Sílica e do Metacaulim, mostramos a


eficiência para tratamentos de diversas patologias do concreto, como por
exemplo, a neutralização de Reações do tipo Álcalis-Agregados (RAA).

Outro item a ser abordado, é a utilização prática em concretos de


Cimento Portland, tais como concretos convencionais, concretos projetados por
via úmida e por via seca e concretos de alto desempenho (CAD).

Para assuntos relacionados e uma leitura mais completa, que fogem do


objetivo deste trabalho, sugerimos a consulta da bibliografia citada.
10

CAPÍTULO I - ADIÇÕES MINERAIS ATIVAS

1. Generalidades

Ao longo deste trabalho será apresentada diferentes nomenclaturas para


a Sílica Ativa e para o Metacaulim. Os termos “Sil Mix”, “Microssílica”,
“Metacaulim HP” e “Metacaulim Super” utilizados nos próximos capítulos
representam o nome comercial do produto.

Tanto a Sílica Ativa como o Metacaulim são empregados atualmente na


construção civil para diversas finalidades, tais como:

Utilização Propriedades de desempenho


Maior resistência à compressão, durabilidade,
Concretos de Alto fck e CAD economia de cimento, redução do calor de
hidratação

Pré-Fabricados, Blocos, Alta resistência inicial facilitando o desmolde, evita


Pavimentos, Tubos, Vigas, a formação de trincas e rachaduras, maior
Etc durabilidade, economia de cimento

Evita a formação de eflorescência, boa reatividade


Argamassas, Rejuntes, com cal, redução da porosidade, maior
Grautes e Cimento-Colante durabilidade, melhor trabalhabilidade, melhor
acabamento e economia de cimento.

Inibidor da Reação Álcali-Agregado (RAA),


Barragens e Obras de Vulto
aumento da durabilidade e economia de cimento

Obras Marinhas, Dutos de Aumento da resistência ao ataque químico e


Efluentes Químicos corrosão

Aumento da impermeabilidade, maior


Telhas de Concreto e Fibro-
durabilidade, eliminação da eflorescência,
Cimento
economia de cimento

Tabela 1 – Aplicações das adições minerais na construção civil (Caulim


Ribeiro)

Os benefícios proporcionados pela adição de Sílica Ativa/Metacaulim no


concreto são apresentados devido aos dois importantes fatores a seguir.
11

1.1. Ação pozolânica:

A Sílica Ativa/Metacaulim reage com o hidróxido de cálcio, um cristal


fraco e solúvel, formado no processo de hidratação do cimento. Essas reações
químicas denominadas pozolânicas formam outros compostos mais
resistentes, estáveis e insolúveis, conhecidos esquematicamente como:

Sílica Ativa ou Metacaulim + Hidróxido de Cálcio Î REAÇÃO POZOLÂNICA

“C – S – H” no caso de uso da Sílica Ativa

Esquematicamente: S + C – H Î C – S – H (preenche espaços capilares)

“C – A – S – H” ou “Gelenita”, no caso do uso de Metacaulim

Esquematicamente: A – S + C – H Î C – A – S – H

A representação esquemática acima é usual para a área da engenharia


civil e as letras C, A, S e H representam o Hidróxido de Cálcio, Alumina, Sílica
e Água respectivamente.

Quimicamente:

Metacaulim: Al2O3.2SiO2 + 5 Ca(OH)2 Î 5CaO.Al2O3.2SiO2.5H2O

Sílica Ativa: Ca(OH)2 + SiO2 Î C – S – H (Gel de Silicato de Cálcio no estado amorfo)

A formação do adicional no concreto e argamassas de C – S – H e do C –


A – S – H no caso de adições de Sílica e Metacaulim ajuda a preencher os vazios dos
poros de dimensões capilares. Este fato faz com que os produtos contribuam para
resistências significativamente mais elevadas.

A atividade do Metacaulim e da Sílica Ativa é comprovada em termos de


desempenho técnico e de incremento de qualidade através dos seguintes
efeitos principais:

• Inibição da Reação Álcali-Agregado (RAA): o teor de álcalis é reduzido,


prevenindo os efeitos expansivos desta reação (ver item 5.2.5);
• Resistência à abrasão e erosão: ótima aderência pasta-agregado, com alto
12

desempenho quando o concreto for submetido à abrasão (mecânica) e à


erosão (hidráulica);
• Maior resistência a agentes agressivos: baixíssima permeabilidade a íons
e fluidos em geral, conferindo ao concreto alta durabilidade em ambientes de
grande agressividade.

Os concretos e argamassas com tais adições minerais apresentam


melhor desempenho em diversos fatores:

Penetração de Íons Cloreto: Quanto menor a relação água/aglomerante e


maior o teor de adição, menor será a penetração de íons cloreto em concretos
e argamassas.

Probabilidade de Corrosão: Quanto menor a relação água/aglomerante e


maior o teor de adição, menor a probabilidade de corrosão.

O teor de adição apropriado a ser utilizado em uma massa de concreto


depende do tipo de cimento a ser empregado e das características da
agressividade do meio.

1.2. Efeito micro-filler

O efeito micro-filler consiste na refinação dos poros do concreto e na


redução dos espaços vazios (Item 3 da figura 1). Isso acontece devido à
elevada finura dos materiais e o preenchimento com produtos provenientes da
reação química nos poros do sistema composto pelo concreto.

Figura 1 – Microestrutura do concreto (MORANVILLE (1992))


13

1.3. Outros Tipos de Adições Minerais

Existem outros tipos de materiais de adição de comprovada eficiência e


que possuem princípios similares de reação com o cimento:

A – Pozolanas Naturais

São aquelas que sendo produtos oriundos da natureza têm atividade


pozolânica, sem necessidade de nenhum processo prévio para serem
utilizadas como tais;

B – Pozolanas Artificiais

São aquelas que têm origem principalmente em materiais sedimentares,


necessitam ser tratadas termicamente para apresentarem atividade pozolânica.
Em geral, essa ativação é obtida por calcinação em uma faixa de temperatura
de 650 à 980 oC e com tempo de tratamento ótimo em cada caso.

O Metacaulim, sendo resultante do caulim, apurado de certas argilas, se


encaixa nesse grupo.

C – Pozolanas Sub-produtos

São aquelas originadas de sub-produtos industriais principalmente


resultantes da queima de carvões minerais (Antracíticos, ligníticos ou
betuminosos) de centrais termoelétricas, captadas em geral por precipitadores
eletrostáticos. Nesse grupo, se encaixam as cinzas volantes.

A Sílica Ativa, obtida a partir dos gases desprendidos no processo de


produção do ferro silício se encaixa neste grupo.

Neste trabalho, especificamente é feito um estudo técnico comparativo


entre o Metacaulim e a Sílica Ativa, ressaltando suas vantagens de utilização,
como adição ativa aos concretos de Cimento Portland.
14

CAPÍTULO II - METACAULIM

2. METACAULIM

2.1. Definição

Produzido a partir da ativação térmica controlada de um caulim de alta


pureza mineralógica, decorrente da calcinação criteriosa de argilas cauliníticas
cuidadosamente selecionadas, diferindo neste aspecto da grande maioria das
pozolanas, em geral constituídas de sub-produtos industriais que apresentam
grandes variações de propriedades e desempenho em misturas de concreto,
podendo comprometer sua utilização. O metacaulim constitui-se num pó de
coloração creme a rosa claro, totalmente amorfo e altamente reativo com
cimento portland, gerando uma recimentação pela reação química com o
hidróxido de cálcio. Um cimento rochoso à base de silicato e aluminato de
cálcio é formado, aumentando a resistência à compressão além de melhorar
significativamente as propriedades e a durabilidade de concretos, com
economia de cimento.

Figura 2 – Aparência do Metacaulim


15

O Metacaulim é um material de ação pozolânica de elevada reatividade,


de uso consagrado em concretos, grautes e argamassas, destinado a inúmeras
aplicações na construção civil.

Resultados importantes decorrentes de investigações adicionais, obtidos


em estudos em diferentes laboratórios no País, caracterizam o produto
segundo propriedades tais como: influencia da adição na redução da
reatividade dos álcalis do cimento com agregados potencialmente reativos, na
propriedade do calor de hidratação, resistência à compressão, dentre outras
propriedades.

O Metacaulim é constituído basicamente por compostos à base de sílica


(SiO2) e alumina (Al2O3) na fase amorfa (vítrea), proporcionando alta
reatividade com o hidróxido de cálcio presente no concreto - Ca(OH)2 –
resultante da hidratação dos compostos do cimento. O hidróxido de cálcio livre
é um cristal fraco e solúvel, e é responsável pela queda na resistência
mecânica e durabilidade do concreto a médio e longo prazo, notadamente
devido à reação com o dióxido de carbono - CO2 – presente na atmosfera,
conduzindo ao seguinte tipo de reação:

Ca(OH)2 + CO2 Î CaCO3 + H2O

O produto CaCO3 (Carbonato de cálcio) de coloração branca, que se


forma em geral na superfície exposta do concreto, trás o inconveniente de
afetar a aparência estética e de reduzir o PH do concreto naquelas imediações,
pondo em risco as armaduras das estruturas.

Deste modo, o Metacaulim torna o concreto muito mais durável e


resistente, além de proporcionar diversas outras vantagens.

Sendo um pó muito fino, o Metacaulim tem como uma das finalidades se


interpor nos grãos de cimento, preenchendo os vazios deixados por ele. Este
efeito leva a um aumento da compacidade do concreto com conseqüente
redução da sua porosidade, tal como mostrado no esquema a seguir (Figura 3):
16

GRÃO DE CIMENTO

Metacaulim

Figura 3 – Interposição dos grãos de cimento e Metacaulim

A natureza hidrofílica do Metacaulim permite que sua dispersão seja


feita em pó, da mesma maneira adotada para o cimento.

Em conseqüência deste fato, ganha-se com a utilização da adição em


relação ao cimento, em termos de redução da absorção, do índice de vazios e
de redução na permeabilidade dos concretos e argamassas.

Este fato não ocorre com a sílica ativa: em geral é recomendável que se
produza inicialmente uma calda (sílica – água) para facilitar a sua
homogeneização com os demais constituintes do concreto.

A outra finalidade do Metacaulim, ainda mais importante, é a reatividade


com os compostos do cimento hidratado, levando a um acréscimo na formação
de cristais durante o processo de endurecimento, através do surgimento de
nucleações que tornam a matriz da pasta ainda mais compacta e resistente.

A sílica ativa presente no metacaulim, promove reações com o Ca(OH)2


formando cristais de “C-S-H” (Silicato de Cálcio Hidratado), mais resistentes e
menos solúveis. O Metacaulim, por ser um silicato de alumínio, além da
formação dos cristais de “C-S-H”, leva também ao surgimento de diversos
outros cristais ainda mais resistentes, pertencente ao grupo da gelenita, cuja
composição média é do tipo 5CaO.Al2O3.2SiO2.5H2O (esquematicamente: “C-
A-S-H).
17

Esta função pozolânica de alto desempenho, aliada à capacidade de


retenção de água que o Metacaulim promove na mistura por sua ação
hidrofílica, levam a um benefício das características elastomecânicas dos
concretos.

Sua utilização com cimentos tipo Portland é recomendada pelo


fabricante na dosagem de 5% a 15% do peso de cimento (Pc) utilizado no
traço, de acordo com o tipo de cimento, aditivos e aplicação do concreto.

As dosagens mais baixas correspondem às praticas de uso em


combinação com cimentos dos tipos Pozolânicos e de adição de escória de alto
forno.

Dosagem em geral recomendada pelo fabricante com relação aos tipos


de cimentos brasileiros:

Por tipo de cimento


(aditivo plastificante normal)
CP II 32 E / F / Z 6% a 10%
CP V ARI RS 7% a 12%
CP V ARI 7% a 15%
CP III ou CP IV 5% a 8%
Tabela 2 – Dosagem recomendada pelo fabricante (Metacaulim do Brasil)

Com aditivos superplastificantes, estas dosagens podem ser acrescidas


em até 7% do especificado acima.

Análise comparativa pela microscopia eletrônica entre a pasta de referência com cimento
puro (à esquerda) e a pasta contendo 8% de Metacaulim (direita) em substituição ao
cimento, ambos aos 28 dias. As regiões mais escuras representam porosidades ou
interstícios. (Metacaulim do Brasil Ltda.)
18

2.2. Composição Física e Química

Produto: Metacaulim SiO2 51%

(porcentagem média, por peso) Al2O3 41%

Fe2O3 < 3%

TiO2 < 1%

Finura # 325 (via úmida): < 1,0% MgO <0,4%


3
Massa Específica: 2,60 kg / dm Na2O < 0,1%
2
Área Específica > 300.000 cm /kg (BET) K2O < 0,5%
Diâmetro médio: 0,006mm (até 4 vezes mais
SO3 < 0,1%
fino que o cimento)
CaO < 0,5%

Tabela 3 – Propriedades do Metacaulim (Metacaulim do Brasil)

2.3. Histórico Internacional

Trata-se de material largamente utilizado na Europa, Estados Unidos e


Ásia há mais de 10 anos. Recentemente nos EUA, o Departamento de
transportes de Nova York, aprovou o uso de metacaulim como substituto ou
alternativa da sílica pulverizada em seus concretos, tomando por base os
resultados de ensaios de laboratório.

2.4. Histórico Nacional

No caso específico das obras de barragens, registram-se as seguintes


aplicações mais notáveis:

- Na UHE Candonga, foi explorada a condição do produto de natureza


pozolânica possibilitar a redução do consumo de cimento, conseqüentemente
reduzindo o calor de hidratação da massa de concreto e somar em efeitos nos
locais onde foi preconizado o resfriamento do concreto na diminuição dos picos
19

térmicos destas concretagens. Foi surpreendente a ação na redução do pico


térmico dos concretos estruturais mais massivos na região da Casa de Força e
Tomada D´água, minimizando trincas de origem térmica.

Observa-se que, no caso específico da obra de Candonga, o metacaulim


foi empregado em traço de concreto de menor fator de cimento por m3 de
mistura, visando principalmente o ganho na diminuição da curva de elevação
adiabática1 de temperatura do concreto.

Figura 4 – Vista da Obra da UHE Candonga (Holanda, 2002)

- Na AHE Queimado, possibilitou a construção do tampão de desvio, em


camadas de espessuras arrojadas e com temperatura abaixo da máxima
requerida pela estrutura. Como resultado, não foram percebidas trincas ou
fissuras nas superfícies expostas destes concretos;

1
Curva que assinala num gráfico as variações de um par de grandezas
termodinâmicas em um sistema.
20

Figura 5 – AHE Queimado (Holanda, 2002)

- Nos concretos da UHE Irapé, estudos comparativos na mesma forma


que feitos para Capim Branco, resultaram na substituição da Sílica Pulverizada
(Sil Mix) como adição ao cimento CP III 40 RS (HOLCIM) visando contribuir
para a durabilidade dos concretos sujeitos ao ataque de ácidos gerados pela
Pirondita (Minério de Ferro) além de reduzir o potencial de fissuras no concreto
pela diminuição da geração de calor especificamente por sua contribuição.

Figura 6 – Vista da Obra da UHE Irapé


21

- Na construção da Barragem de João Leite, na atualidade, os concretos


convencionais estão sendo produzidos com a adição de 12% em termos de
volume sólido do cimento do tipo CP II 32, com a finalidade de neutralizar a
Reação Álcalis-Agregado (RAA) que tem origem nos agregados empregados.
Além desta aplicação necessária como parte de aglomerante das misturas de
concreto, neste empreendimento também se emprega argamassa de
metacaulim, formulada com 7% de metacaulim em relação ao volume sólido do
cimento, com relação 1:3,00:0,48 para utilização em reparos de concreto. A
substituição da sílica pulverizada nesta mistura resultou de boa trabalhabilidade
e de baixa retração superficial.

Figura 7 – Vista aérea da Barragem de João Leite

Estas experiências foram vivenciadas pela equipe técnica da Holanda


Engenharia que atua nos controles de Qualidade destes empreendimentos.
22

CAPÍTULO III - SÍLICA ATIVA

3. SÍLICA ATIVA

3.1. Definição

A Sílica Ativa é um pó fino de cor cinza-clara. Suas partículas têm o


diâmetro médio de 0,2 µm, ou seja, 40 vezes menor que o tamanho médio de
um grão de cimento. Em 28 dias, o concreto com adição de Sílica Ativa
apresenta um aumento na resistência de até 78% em relação ao concreto
normal, o que favorece o emprego deste material na produção de concretos de
alto desempenho (CAD).

Com uma maior cristalização e preenchimento de vazios, a Sílica Ativa


promove um grande acréscimo de resistência mecânica dos concretos em
diferentes relações água/cimento.

A adição de 5 a 12% de Sílica Ativa, em relação ao peso do cimento,


altera profundamente as características do concreto, tanto no estado fresco
quanto no endurecido. Estas mudanças ocorrem devido à ação pozolânica e ao
efeito micro filler.

Figura 8 – Aparência da Sílica Ativa

A seguir na tabela 4, apresentamos os teores de adições recomendados


pelo fabricante para adição de sílica ao concreto:
23

Aplicação Teor de Adição (*), %


Facilitador para
2-3
Bombeamento

Concreto Convencional 4-7


Concreto Auto-adensável 4 - 10
Elevada Resistência (CAD) 7 – 10(**)
Baixa Permeabilidade 7 – 10(**)
Submerso 12 -15
Concreto Projetado 8 - 12
(*) a porcentagem de sílica é sempre dada como material no estado
seco em peso em relação ao teor de materiais cimentícios

(**) porcentagens mais elevadas poderão ser utilizadas sob condições


específicas, de modo a atender condições de desempenho especiais.

Tabela 4 – Teores de Adição de Sílica Ativa Recomendados para diferentes


finalidades (Elkem, 2003)

No quadro a seguir (Tabela 5), é apresentado um resumo das exigências


técnicas do produto em diversos países, inclusive o Brasil.
24

Tabela 5 – Comparação dos principais padrões internacionais de


normalizações – Propriedades físicas e químicas requeridas. (Elkem, 2003)

A seguir apresentaremos micrografias obtidas com microscópio


eletrônico de varredura, apresentadas por Dal Molin em sua tese de doutorado
(DAL MOLIN, 1995).

Com estas micrografias, a autora mostra como o fator a/c e a adição de


microssílica agem sobre a microestrutura do concreto, comprovando-se que a
adição de microssílica e a redução do fator a/c aumentam o desempenho do
concreto.
25

O conjunto de micrografias da Figura 9 ilustra a maior porosidade do


concreto com maior relação água cimento, sem adição de microssílica.
Observa - se que a coloração da pasta em contato com o agregado (c) é mais
escura, refletindo um maior número de vazios.

Figura 9 – Micrografias de concretos com 3 dias de idade, com: (a) relação a/c
= 0,25, sem microssílica; (b) relação a/(c+ms) = 0,25, com 10% de microssílica;
(c) relação a/c = 0,50, sem microssílica; (d) relação a/(c+ms) = 0,50, com 10%
de microssílica. (DAL MOLIN, 1995)
26

Na Figura 10 observa-se que a maior coesão da pasta nos concretos


preparados com relação a/c baixa e com adição de microssílica dificulta a
expulsão do ar incorporado. Desta forma, conclui-se que o processo de
vibração deve ser mais cuidadoso no concreto de alto desempenho, fazendo
com que estes concretos possam alcançar resistências ainda superiores.

Figura 10 – Volume de ar incorporado em concretos, aos 28 dias de idade,


com: (a) relação a/c = 0,25, sem microssílica; (b) relação a/(c+ms) = 0,25, com
10% de microssílica; (c) relação a/c = 0,50, sem microssílica; (d) relação
a/(c+ms) = 0,50, com 10% de microssílica. (DAL MOLIN, 1995)
27

A Figura 11 ilustra o fato de que quando se utilizam baixos fatores a/c,


nem todo o cimento anidro hidrata, permanecendo como material de
enchimento na matriz, aumentando a compacidade.

Figura 11 – Grão anidros de cimento e microssílica existente, aos 28 dias de


idade, com: (a) relação a/c = 0,25, sem microssílica; (b) relação a/(c+ms) =
0,25, com 10% de microssílica; (c) relação a/c 0,50, sem microssílica; (d)
relação a/(c+ms) = 0,50, com 10% de microssílica. (DAL MOLIN, 1995)

Para melhorar o desempenho do concreto, utilizam-se adição de


partículas ultrafinas ou pozolanas, que são, o fumo de sílica (microsílica), as
pozolanas naturais e a escória de alto forno. Possuem características de
atuação diferente, mas proporcionam resultados semelhantes.
28

A próxima figura (Figura 13) ilustra o mecanismo de ação da microssílica


na região de transição, transformando os grandes cristais de hidróxido de
cálcio em C-S-H amorfo e homogêneo, preenchendo inclusive os espaços
vazios. A microssílica ocorre como microesferas com aproximadamente 0,5 µm
de diâmetro (Figura 12) que preenchem os espaços intersticiais entre os grãos
de cimento que possuem um diâmetro médio de 30 a 100 µm. Primeiro a
microssílica age como material de preenchimento (filler). Todas as partículas
são bem dispersas com o uso de um superplastificante (é indispensável o uso
de superplastificantes). Em seguida, durante a hidratação do cimento, as
esferas de microssílica reagem como pozolanas, removendo o excesso de
hidróxido de cálcio da pasta de cimento hidratado, conferindo uma aparência
homogênea e amorfa ao C-S-H, conforme pode ser visto na Figura 13.
(ANEXO 1)

Figura 12 – SEM (Scanning Electron Micrograph) of sílica fume (Elkem, 2003).

(a) (b)
Figura 13 - (a) Zona de transição pasta / agregado de um concreto
convencional típico (b) Zona de transição pasta / agregado de um concreto de
alta resistência, obtidas por microscopia eletrônica (DAL MOLIN, 1995)
29

3.2. Composição Física e Química

Tabela 6 – Propriedades da Sílica Ativa (CAUE)

3.3. Histórico Internacional

A Sílica Ativa têm um histórico de uso em concretos a área internacional


de cerca de 30 anos, principalmente em aplicações onde se requer resistência
química e elevadas propriedades mecânicas. Um exemplo mais recente de
emprego de sílica ativa em uma estrutura de grande porte, pode ser citada na
França, a ponte da Normandia.
30

Figura 14 – Ponte com uso da Sílica Ativa, Normandia – França

A seguir, apresentamos duas obras internacionais que também tiveram o


emprego da microsílica:

Figura 15 – Nordhordland Bridge - Berger, Noruega (Elkem, 2000-2)

Obra: Ponte na Cidade de Berger, Noruega (ANEXO 2)

Do tipo estaiada com comprimento total de 1615m.

Duas misturas de concreto de diferentes dosagens foram empregados


na construção desta estrutura:
31

(a) Na região da super-estrutura da (b) Na região do trecho flutuante:


ponte : Cimento: 410 kg/m3
Cimento: 430 kg/m3
Microsílica: 33 kg/m3
3
Microsílica: 35 kg/m Água/Cimento + Microsílica: 0,45
Água/Cimento + Microsílica: 0,42

Figura 16 – Hidrelétrica Salal, Índia (Elkem, 2003)

Obra: Barragem de Salal na Índia (ANEXO 3)

Concretos adicionados com microsílica foram empregados nos reparos


efetuados nas superfícies hidráulicas.

Os reparos foram conduzidos em áreas de túnel de descarga e de lajes


de bacia do vertedouro empregando composição de concreto com microsílica
que apresentou em ensaios perda por abrasão da ordem de 1%.

3.4. Histórico Nacional

Em obras nacionais, de modo geral, destacam-se aplicações:


32

Na área de barragens, na execução de concretos pré-moldados, de


segundo estágio de estruturas, concretos protendidos, argamassas de reparos
e caldas de injeções.

Em obras de edificações e de metrovias, a sílica têm sido utilizada como


promotora de concretos de elevada resistência (CAD).

“O concreto de alto desempenho já é uma realidade em nosso país, o


emprego de concretos com resistências maiores que as usuais têm se
difundido muito nos últimos anos (resistências em torno de 50 MPa),
principalmente em estruturas de edificações, pontes e pré-moldados. Porém
ultrapassar a barreira dos 70 MPa de um concreto dosado em central e
aplicado em uma estrutura seria um desafio. E foi este o grande desafio que
fez com que a Engenharia Nacional obtivesse o recorde mundial com o uso do
concreto de alto desempenho.

Tal fato é decorrente do emprego de um concreto com resistência à


compressão de 125 MPa na concretagem de 5 pilares de 7 pavimentos de um
edifício comercial situado na Vila Olímpia em São Paulo (Figura 17). Os altos
valores obtidos representam, com certeza, dois recordes da engenharia
brasileira.” (HARTMANN, Carine T.; HELENE, Paulo R.L.)

Figura 17 – e-Tower, pilares de fck 125 MPa (portaldrywall.com.br)


33

Também apresentamos mais dois tipos de obras com o emprego da


Sílica Ativa em seu concreto pra atender as mais diversas exigências:

Figura 18 – Tribunal Superior de Justiça, Brasília - DF (Elkem, 2003)

Obra: Prédio do Tribunal Superior de Justiça, Brasília – DF (ANEXO 4)

Características técnicas principais:

- Área de construção de 133.569m2 representando um marco na história


de concretos de alta resistência no Brasil;

- O teor de 12% de microsílica foi empregado com cimento tipo CPII-F32


para obtenção de concreto de fck=60 MPa aos 28 dias. A resistência de
controle deste concreto resultou igual a 94 MPa.

Figura 19 – Porto do Pecém – Fortaleza, Ceará (Elkem, 2003)


34

Obra: Porto do Pecém; complexo portuário situado no estado do Ceará


distante 56km de Fortaleza. (ANEXO 5)

O Porto do Pecém consiste de dois Piers e um terminal protegido por


estrutura de enrocamento. A microsílica foi adicionada em cerca de 50.000 m3
de concreto com a finalidade de aumentar a durabilidade, impermeabilidade e
proteção das armaduras contra corrosão devido ao agressivo ambiente
marinho em que se localiza o empreendimento.

A mistura de concreto desta obra, apresentou teor de cimento CPII-F-32


de 405 kg/m3 de concreto e a microsílica foi ajustada em 45 kg/m3.

O fator água/cimento + microsílica foi ajustado para 0,40.


35

CAPÍTULO IV - UTILIZAÇÃO PRÁTICA

4. UTILIZAÇÃO PRÁTICA EM CONCRETOS DE CIMENTO


PORTLAND - EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM SÍLICA ATIVA E
METACAULIM

4.1. Generalidades

São relatadas a seguir algumas experiências práticas com o emprego


das adições minerais de Sílica e de Metacaulim em empreendimentos de
grande importância no Brasil. Tais experiências são abrangentes às diferentes
tipologias de concreto e alcance de propriedades mecânicas requeridas.

Ao longo deste capítulo, nos referimos às adições empregadas como


“Cimento Equivalente”, que consiste basicamente na adição de Sílica Ativa ou
Metacaulim em substituição a uma porcentagem do cimento utilizado no traço.
A determinação do peso do produto a ser adicionado no traço consiste no
princípio de transformar o peso da adição em peso equivalente de cimento,
conforme apresenta a seguinte fórmula:

Adição
Ceq = Cimento + x γ Cimento
γ Adição

4.2. Concretos Convencionais – Estudos de Dosagens Efetuados

4.2.1. Generalidades

À titulo de exemplo de emprego de concreto com adições, apresenta-se


neste item os estudos de dosagens experimentais conduzidos pela Holanda
Engenharia para determinação de traços de concretos convencionais, de
consistência de bomba e do tipo auto-adensáveis para aplicação nas obras da
AHE Capim Branco I com adição de Metacaulim HP, produzido pela
36

Metacaulim do Brasil, de forma comparativa com a Sílica Ativa, produzida pela


Camargo Corrêa Metais de denominação comercial Sil Mix.

Os estudos foram realizados com o objetivo de verificar o desempenho


destas adições nos concretos da obra.

Foram dosados no caso de Capim Branco I, misturas experimentais de


concreto com teor de adição de Metacaulim de 7% em relação ao cimento
equivalente do traço. Igual teor foi empregado nas misturas com adição de
Sílica Ativa (Sil Mix).

No decorrer dos estudos conduzidos para o empreendimento de Irapé, o


Laboratório de Furnas elaborou estudos em argamassas para verificar o teor
ótimo de adição do Metacaulim HP, Metacaulim Super e Sílica Ativa, cujos
resultados obtidos são reproduzidos a seguir:

O traço de argamassa foi fixado em 1:1,270:0,45 dosado com 0,65% do


fluidificante Rheobuild 1000B, registrando-se o índice de espalhamento em
termos de flow – table para cada mistura ensaiada.

Resistência à Compressão em corpos de prova (10x20) cm de argamassa – Mpa


Registro R S S HP HP HP HP SU SU SU SU
11439 11448 11449 11441 11440 11442 11443 11444 11445 11446 11447

% em
0 7 10 5 7 10 12 7 10 12 14
Volume
Flow –
Table 352 349 322 352 328 335 321 360 355 342 332
(mm)
31,9 35,1 33,1 33,9 35,4 33,1 33,1 32,6 33,1 33,4 30,9
fc12
32,1 36,6 32,6 33,9 34,6 36,1 33,6 33,6 34,1 34,1 28,9
(*)
32,4 31,4 27,2 32,6 35,6 35,1 31,4 33,6 33,9 30,2 32,6
Média
32,1 35,9 32,9 33,5 35,2 34,8 32,7 33,3 33,7 32,6 30,8
(**)
Tabela 7 – Ensaios de Resistência à Compressão em Argamassas de Sil Mix e
Metacaulim (Holanda, 2004).

(*) Três CP’s para ruptura à compressão simples na idade de 12 dias


(**) Para o cálculo das médias foram descartados valores individuais de ruptura com desvio
relativo superior a 10%.
37

LEGENDA:
R: referência;
S: Sil Mix;
HP: Metacaulim HP;
SU: Metacaulim Super

Com relação aos resultados obtidos pelo Laboratório de Furnas e


constantes nesta tabela, concluímos o seguinte:

- A adição de Metacaulim HP em termos de resistência à compressão é


mais favorável para o teor de 7%;

- Na adição de 10% de Metacaulim HP, a resistência a compressão é


superior à apresentada pela sílica ativa.

- O metacaulim Super é comparável com a sílica (para adição de 10%);

- Os índices de flow-table obtidos tanto para a sílica quanto para o


metacaulim HP indicam que não existe diferença sensível em termos de água
requerida.

Uma confirmação de que estas informações dos ensaios de argamassas


podem ser transferidas para os concretos pode ser apreciada no quadro a
seguir (Tabela 8) contendo duas misturas de concreto ensaiadas pelo
Laboratório de Furnas na forma comparativa de mesma taxa de adição de
metacaulim e de sílica ativa em relação ao cimento:
38

Dosagem Experimental E 11425 E 11427


Traço em massa 1: 5,00 5,00
Cimento Equivalente 360 361
Cimento CP III – 40 RS 324 336
Sílica Ativa (10% em Volume) 27 -
Metacaulim HP (7% em Volume) - 22
Água 196 187
Areia Natural (Kg/m3) 630 632
Brita 19mm 1170 1173
Aditivo Superplastificante Rheobuild 2,340 2,347
1000B
Aditivo Polifuncional PF 171 0,900 0,900
Aditivo Incorporador de Ar Micro Air 0,545 0,518
Relação A/C 0,545 0,518
% de Areia em Massa 35 35
Abatimento (cm) 14,5 14,5
Ar Incorporado (%) 2,0 2,3
3
Massa Unitária (kg/m ) 2351 2347
Resistência à Compressão aos 7 dias – MPa 22,6 22,5
Tabela 8 – Desempenho das adições em misturas de concreto (Holanda,2004)
Observa-se que para o mesmo abatimento das duas misturas, a água
requerida pela mistura dosada com o metacaulim foi inferior ao traço dosado
com sílica.

4.2.2. Estudos com 7% de Adição de Metacaulim HP

As misturas formuladas estão contidas no ANEXO 6.1. e correspondem


às misturas de concreto do tipo estruturais de bomba e estruturais
convencionais, abrangendo nesta etapa, classes de concreto de diferentes
resistências características à compressão conforme definidas em Projeto
daquela obra.
39

4.2.3. Estudos com 7% de Adição de Sil Mix

As misturas formuladas estão contidas no ANEXO 6.2. e correspondem


às misturas de concreto do tipo estruturais de bomba e estruturais
convencionais, abrangendo nesta etapa, classes de concreto de diferentes
resistências características à compressão conforme definidas em Projeto
daquela obra.

4.2.4. Comentários Gerais

Os estudos conduzidos indicaram a eficiência sob todos os aspectos


melhorada, quando foram adicionadas os produtos Metacaulim e Sil Mix às
misturas de concreto.

4.3. Alto desempenho (CAD)

Devido às suas excelentes características, que superam os concretos


convencionais, os CAD têm uso crescente nos últimos anos. Tudo isso é
devido a sua excelência no estado fresco e endurecido. É um concreto de
excelente resistência e de grande durabilidade, o que nos permite trabalhar
com menores seções de pilares, atender especificações arquitetônicas e
garantir uma vida útil ainda maior à obra.

Conforme citado no histórico nacional da Sílica Ativa (item 3.4.), hoje já


chegamos a concretos com resistência à compressão de fck 125 MPa, projeto
executado de um edifício comercial na Vila Olímia, em São Paulo, conforme
trabalho de HARTMANN, Carine T. e HELENE, Paulo R.L. “Pilares com fc 125
MPa: recorde mundial em Concreto de Alto Desempenho Colorido.”

A partir deste trabalho, concluímos que ao estar trabalhando com CAD,


estamos trabalhando com o que há de melhor em tecnologia e sempre
aceitando desafios, tais como a execução da sapata do edifício em questão
(Figura 20), que tem as dimensões de 14,60 m x 26,90 m com altura de 2,30 m,
consumindo um volume de concreto de 805 m³, suficiente para executar um
40

edifício de 4.000 m². Os pilares que se apóiam nesta sapata gigante possuem
carga total de 27.000 toneladas.

Figura 20 – Concretagem da “super” sapata, concreto com gelo.


(HARTMANN;HELENE)

Tabela 9 - Materiais utilizados no HPCC (HARTMANN;HELENE)

No caso deste edifício, foi empregado o uso da Sílica Ativa (com


alternativa para o uso de Metacaulim), que por sua vez atingiu excelente
desempenho, conforme dados a seguir:
41

Tabela 10 – Comparação dos resultados dos ensaios realizados pela ABCP


para os concretos de 125 MPa e 35 MPa (resistências empregadas na obra e-
Tower) (HARTMANN;HELENE)

Com o uso do CAD podemos economizar também, pois apesar de ser


um concreto que tem uma produção mais cara, podemos reduzir as seções dos
pilares e conseqüentemente ganhando mais área útil nos pavimentos,
principalmente em garagens, onde cada vaga tem valores influentes no custo,
dependendo da região da obra.
42

4.4. Concretos Projetados

4.4.1. Via seca

Figura 21 – Concreto Projetado Via Seca

A utilização de adições pozolânicas de elevada finura no concreto


projetado já é conhecida pelo seu ótimo desempenho. No caso de Concreto
Projetado Via Seca (CPVS), a Sílica Ativa proporciona aumento da resistência
mecânica, da coesão (diminuindo desplacamentos) e reduz significativamente
a reflexão do material, aspecto importante já que o CPVS obtém um volume de
perdas sempre maior que o de via úmida. A redução da reflexão representa a
otimização do processo e do custo. O Metacaulim também se apresenta muito
bem para o CPVS, com a possibilidade de se obter uma economia global ainda
maior devido à possibilidade de redução da espessura dos revestimentos.

Como o CPVS é um concreto de reologia seca, não é aplicável à lei de


Abrams, isto é, a maior compacidade e resistência mecânica do material não
são obtidas pela redução da relação água/cimento. Cabe ressaltar aqui que os
benefícios citados são para os CPVS dosados com Metacaulim/Sílica Ativa
utilizados como um cimento equivalente, e não como adição, que no caso de
tal aplicação não proporcionará o mesmo resultado. A principal vantagem do
emprego de Metacaulim/Sílica Ativa está na aplicação de 5 a 10% do produto
em substituição do cimento, reduzindo a reflexão, consumo de cimento e
43

aumentando a coesão e a resistência mecânica. Todos esses fatores influem


diretamente no custo da obra. O estudo de concreto projetado apresenta
dificuldades, porque além de ser um estudo do material, também é um estudo
do processo de projeção, que intervém claramente na propriedade do material.

(FIGUEIREDO, Concreto Projetado por via seca com Metacaulim; USP)

4.4.2. Via úmida

Figura 22 – Concreto Projetado com Microsílica (Via Úmida) na UHE Irapé


(Holanda, 2004)

Conhecido o incremento de desempenho que se pode obter com


adições pozolânicas em Concreto Projetado Via Seca, que entre outros
benefícios, reduz a reflexão do material e proporciona aumento da resistência
mecânica e da coesão (diminuindo desplacamentos). O aumento da coesão é
um dos principais fatores limitantes do Concreto Projetado Via Úmida (CPVU),
sendo que sua aplicação está invariavelmente ligada à utilização de aditivos
aceleradores de pega e endurecimento, os quais estão associados a uma
perda de resistência mecânica nas maiores idades. Assim, com a adição de
Metacaulim/Sílica Ativa, podemos diminuir os teores de aditivos e o consumo
de aglomerantes totais, reduzindo o custo e maximizando a resistência final do
CPVU. Com o aumento da resistência mecânica obtida, pode-se obter uma
44

economia global ainda maior dada à possibilidade de redução da espessura


dos revestimentos.

É fundamental que o CPVU apresente uma consistência mais plástica ou


até fluida, normalmente associada a uma exigência de abatimento de tronco de
cone mínimo (NBR 07223), para que o material deva permanecer aderido à
superfície após a projeção, o que exige então a utilização de aditivos
aceleradores de mesmo quando não há grandes exigências quanto a
resistência inicial do concreto projetado. O estudo de concreto projetado
apresenta dificuldades, porque além de ser um estudo do material, também é
um estudo do processo de projeção, que intervém claramente na propriedade
do material. Fica claro que a utilização do Metacaulim/Sílica Ativa proporciona
um ganho de coesão que possibilitam a utilização de CPVU sem o uso de
aditivos aceleradores de pega e endurecimento, o que é extremamente
benéfico pelo ponto de vista ambiental, da resistência final do material e
econômico.

(FIGUEIREDO, Concreto Projetado por via úmida com Metacaulim;


USP)
45

CAPÍTULO V - ESTUDO COMPARATIVO

5. ESTUDO COMPARATIVO – SÍLICA ATIVA / METACAULIM

5.1. Experiência Internacional

Vários estudos tem sido feito no exterior com o objetivo de se comparar


o desempenho dos dois tipos de adições de que tratam este trabalho.

A seguir, apresenta-se um quadro comparativo de propriedades de


concreto com a finalidade de aplicação em obras de mineração nos Estados
Unidos (Minerals and Colors Group, Iselin, N.J.)

Metacaulim de Alta Reatividade vs. Sílica Ativa

Experimentais Controle Metacaulim Sílica Ativa


5% 10% 5% 10%
Composição do concreto (kg/m3)
Agregado Graúdo 1035 1049 1035 1055 1035

Agregado Miúdo 736 730 682 697 686


Cimento Tipo I ASTM C 150 390 392 389 390 390
Aditivo Redutor de Água Tipo F 0,039 0,059 0,068 0,081 0,106
ASTM C 494
Água de Mistura 159 154 156 155 157
Relação A/C .40 .40 .40 .40 .40
Relação A/C + Adição .41 .38 .36 .38 .36
Propriedades
Slump (cm) 16 17 12 18 11
Resistência à Compressão (MPa)
7-dias 33,7 48,4 53,4 44,5 44,8
28-dias 41,7 59,5 64,1 56,4 58,6
360-dias 60,2 79,6 73,3 64,6 69,5
Penetração de íons Cloretos
(coulombs)
4832 754 878
Módulo de Elasticidade (GPa)
28-dias 33,6 35,9 39,5 38,1 39,2
Notes: Os estudos foram conduzidos no laboratório Yard 1 Serviços de Materiais em Chicago. A
Sílica Ativa foi introduzida na forma de lama pré-homogeneizada.

Tabela 11 - “High-Reactivity Metakaolin: A New Generation Mineral


Admixture.” Concrete International (Michael A. Caldarone, Karen A.
Gruber, and Ronald G. Burg., November 1994).
46

Observa-se a partir dos ensaios apresentados na tabela acima que as adições


efetuadas além de promover um excelente ganho de resistência mecânica para
todas as idades ensaiadas, indicaram ainda uma importante redução na
penetração de Íons de Cloretos, o que é fator agregador de durabilidade.

5.2. Experiência Nacional

De forma a gerar opiniões, é apresentado neste capítulo um relato de


resultados de estudos comparativo com diversas dosagens, basicamente com
traços de referência, traços com adição de Metacaulim e traços com adição de
Sílica Ativa para diversas propriedades de caracterização dos concretos.

5.2.1. Resistência à Compressão

R e fe rê n c ia 8 % M e ta c a u lim 8 % S ílic a A tiv a

65,0
_RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)_

60,0

55,0

50,0

45,0

40,0

35,0

30,0

25,0

20,0
3 7 28 60
ID A D E (D IA S )

Figura 23 - Concreto tipo bombeável – Slump 100 ± 5 mm – Pedra tipo 1 (25 mm)
Aditivo Plastificante Normal / Dosagem: 8% em substituição ao peso de Cimento.
(Holanda, 2004)

Cimento: CP V ARI RS – Fator Água / Aglomerantes = 0,500


Traço Referência = mistura com cimento puro, sem adições especiais.
47

5.2.2. Resistência aos Sulfatos

Este ensaio foi realizado na USP em conformidade com a NBR 13583 e


consiste em manter barras de argamassa confeccionada com cada
aglomerante em dois tipos de cura.

Sendo o primeiro realizado em solução de sulfato de sódio e o segundo


em água saturada de cal.

A diferença de variação dimensional do primeiro tipo de cura pela do


segundo, fornece os dados apresentados no Quadro a seguir:

Variação Dimensional (%)


VARIAÇÃO
Cimento CP V Cimento CP V
DIMENSIONAL
Idade (Dias) Cimento CP V ARI PLUS RS + ARI PLUS RS +
MÁXIMA
ARI PLUS RS 10% de 10% de Sílica
SEGUNDO A
Metacaulim HP Ativa
ABCP
7 0.003 0.003 0.001
14 0.005 0.002 0.002
21 0.004 0.000 0.001
0.030%
28 0.003 -0.003 -0.001
35 0.003 -0.002 -0.001
42 0.003 -0.001 -0.001
Tabela 12 – Resistência aos Sulfatos – Variação dimensional com a idade
(Holanda, 2004)

5.2.3. Resistência à Penetração de íons Cloretos

Os ensaios correspondentes a este item foram realizados na USP.

Um dos principais agentes agressivos causadores da corrosão de


armaduras em estruturas de concreto armado é o íon cloreto que está presente
principalmente em região litorânea, atmosferas industriais, reservatórios de
águas tratadas, piscinas e águas contaminadas.
48

Os ensaios de verificação desta propriedade foram conduzidos de


acordo com o método de ensaio ASTM C 1202 a 28 dias de cura úmida em
concretos de slump igual a 80mm com diferentes relações em peso. Os
resultados obtidos foram os seguintes:

Resistência à
Carga Resistência à
Penetração de
Traço Passante em Penetração de
Cloretos (Condição
Coulombs Cloretos
Relativa)
1:2,8 R 915 Muito alta 1,0
1:2,8 M 179 Muito alta 5,1
1:2,8 S 118 Muito Alta 7,8
1:3,6 R 974 Muito Alta 1,0
1:3,6 M 185 Muito Alta 5,3
1:3,6 S 143 Muito Alta 6,8
1:4,4 R 1295 Alta 1,0
1:4,4 M 308 Muito Alta 4,2
1:4,4 S 168 Muito Alta 7,7
Tabela 13 – Resistência à Penetração de íons Cloretos (Holanda, 2004)

LEGENDA:
R (REFERÊNCIA)
M ( METACAULIM HP )
S (SÍLICA ATIVA)

Segundo a ASTM C 1202, valores menores do que 100 Coulombs


indicam elevadíssima resistência à penetração de cloretos, por sua vez na faixa
de 100 a 1000 Coulombs encontram-se os concretos com muito alta resistência
a penetração de Cloretos, entre 1000 e 2000 Coulombs apresentam moderada
resistência à penetração de cloretos e acima de 4000 estão os concretos de
baixa resistência à penetração de cloretos.

Tanto a Sílica ativa quanto o Metacaulim HP apresentaram a


classificação de MUITO ALTA resistência à penetração de cloretos.
49

O fato significa grande eficiência em manter a passividade das


armaduras de projeto garantindo maior proteção contra mecanismos de
corrosão do aço.

Observa-se que mesmo as misturas de referencia desta seqüência de


ensaios conduzidos para diferentes relações em peso dos traços,
apresentaram excelente resistência à penetração de cloretos, haja visto que o
cimento utilizado nas provas foi o tipo V, de elevada resistência aos sulfatos.

O índice relativo apresentado na última coluna deste quadro indica em


relação ao cimento puro, em quantas vezes foi ampliada a resistência à
penetração de cloretos quando as adições foram adotadas como parte do
material cimentício.

Para esta propriedade, uma pequena vantagem é visualizada para as


misturas conduzidas com a sílica pulverizada.

5.2.4. Retração Por Secagem

Os ensaios correspondentes a este item foram realizados na USP.

No Quadro a seguir constam os resultados do ensaio de retração por


secagem para os corpos de prova submetidos à cura úmida aos 28 dias. O
ensaio foi realizado conforme estabelece o método C 157 da ASTM:
50

Retração (0/00)
Traço
(Relação 1:m)

Aos 28 dias Aos 31 dias Aos 35 dias Aos 42 dias


1:2,8 R 0.13 0.16 0.20 0.24
1:2,8 M 0.08 0.11 0.12 0.15
1:2,8 S 0.09 0.15 0.15 0.22
1:3,6 R 0.21 0.22 0.25 0.35
1:3,6 M 0.17 0.18 0.19 0.23
1:3,6 S 0.18 0.21 0.23 0.30
1:4,4 R 0.54 0.60 0.61 0.64
1:4,4 M 0.30 0.34 0.34 0.35
1:4,4 S 0.39 0.40 0.48 0.50
Tabela 14 – Resultados de Ensaios de Retração por Secagem (Holanda, 2004)

LEGENDA:
R (REFERÊNCIA)
M (METACAULIM HP)
S (SÍLICA ATIVA)

Os resultados de ensaios correspondentes à relação em peso 1:4,4,


correspondem à mistura de consumo de cimento da ordem de 400 kg por m3 de
concreto. Para esta relação em peso, observa-se que:

- Tanto a sílica ativa quanto o metacaulim são eficientes na redução da


retração por secagem comparativamente ao traço de referencia;

- O metacaulim é mais eficiente comparativamente à sílica ativa.

5.2.5. Eficiência na Neutralização da Reatividade Potencial do Tipo


Álcalis-Agregados (RAA)

A reação álcalis-agregado (RAA) é um processo químico onde alguns


constituintes mineralógicos do agregado reagem com hidróxidos alcalinos
51

(provenientes do cimento, água de amassamento, agregados, pozolanas,


agentes externos, etc.) que estão dissolvidos na solução dos poros do
concreto. Como produto da reação forma-se um gel higroscópico expansivo. A
manifestação da reação álcalis-agregado pode se dar de várias formas, desde
expansões, movimentações diferenciais nas estruturas, fissurações e até
pipocamentos.

A melhor maneira de combate à reação álcalis-agregado (RAA) é evitar


sua ocorrência, antes da construção, ou reduzir seus efeitos caso ela tenha se
manifestado com a obra pronta. Para combater a RAA antes da construção,
deve-se efetuar as análises e ensaios recomendados dos agregados e do
conjunto agregado-aglomerante. Caso haja potencialidade de ocorrência da
reação usar neutralizadores da mesma no concreto, tais como materiais
pozolânicos, sílica ativa, metacaulim, escória granulada moída de alto forno,
em proporções previamente estudadas, ou utilizar cimentos pozolânicos ou
cimentos de escória de alto forno contendo materiais pozolânicos ou escória
em quantidades adequadas.

Nas figuras (24 e 25) a seguir é apresentado o efeito da RAA na UHE


Peti, onde podemos notar a forma acentuada de fissuração:

Figura 24 – UHE Peti (Holanda, 2004)


52

MT - 001 MS - 004

MS - 001 MS - 003
MS - 002

EH - 202

MT - 002 EH - 201
EH - 103
MT - 003

EH - 102
EH - 101

Figura 25 – Fissuração por RAA na UHE Peti (Holanda, 2004)

Na figura 26 nota-se a eficiência da neutralização com o uso de sílica


ativa num estudo realizado para o Proyecto Hidrelectrico San Francisco:

Figura 26 - Cimento Tipo I - Proyecto Hidrelectrico San Francisco - Expansão aos 16 dias ASTM C
1260 x % de Adição de Microsilica

0,12

0,11

0,1
Expansão aos 16 dias (%) (E)

0,09

2
0,08 E = -0,0013(M) + 0,0125M + 0,09
2
R =1

0,07

0,06

%Microsilica x Reatividad
0,05 Límite ASTM C 1260
Polinômio (%Microsilica x Reatividad )

0,04
6 8 10 12 14 16 18
% de adição de microsilica (M)

Figura 26 – Proyecto Hidrelectrico San Francisco (Holanda, 2004)


53

Os estudos de reatividade realizados com os agregados para concretos


da obra da AHE Capim Branco I, indicaram que tanto a areia natural, quanto o
agregado britado a partir de rocha de granito são potencialmente reativos aos
álcalis solúveis do cimento quando realizados de acordo com o método C 1260
da ASTM.

Nas figuras a seguir indica-se os resultados obtidos dos estudos


efetuados, tanto para o Metacaulim HP (a), quanto para o Sil Mix (b) de acordo
com essa norma.

Verifica-se que ambas as adições, de acordo com esta metodologia de


ensaio conduzem a uma condição de reação expansiva inócua quando
adicionadas na proporção de 7% em relação ao cimento equivalente da mistura
de argamassa.
54

(a) Ensaios com Metacaulim HP

Gráfico - Verificação da Reatividade Álcalis-Agregado


CIMENTO CP III VOTORAN - 50% DE ESCORIA + METACAULIM
Variação dimensional x Tempo decorrido
0,300
Brita 1 - 25mm
Deletério
Areia Natural
Variação Dimensional (%)

0,200

Potencialmente Reativo

0,100
Inócuo

0,000
0 dias

5 dias

10 dias

15 dias

20 dias

25 dias

30 dias
Tem po decorrido
55

(b) Ensaios com Sil Mix

Gráfico - Verificação da Reatividade Álcalis-Agregado


CIMENTO CP III 40 VOTORAN - 50% DE ESCORIA + SIL MIX
Variação dimensional x Tempo decorrido
0,300

Brita 1 - 25mm

Deletério Areia Natural


Variação Dimensional (%)

0,200

Potencialmente Reativo

0,100
Inócuo

0,000
0 dias

5 dias

10 dias

15 dias

20 dias

25 dias

30 dias
Tem po decorrido
56

CONCLUSÕES

As adições ativas objeto deste trabalho, permitem concluir o seguinte:

(a) Aumentam a resistência dos concretos aos meios agressivos


com presença de Sulfatos e Cloretos;

(b) Reagem com o Ca(OH)2 gerado no processo de hidratação do


cimento e desta forma reduzindo o aparecimento de manchas
de carbonatação;

(c) Inibem reações expansivas do tipo álcalis-solúveis –


agregados reativos conforme ensaios realizados de acordo
com a norma C 1260 da ASTM;

(d) A diferença básica entre Sílica Ativa e o Metacaulim é que o


primeiro é um sub-produto e o segundo trata-se de um produto
fabricado dentro de certos parâmetros de uniformidade: em
termos de atividade física e química, os dois materiais têm
similaridade de comportamento.

(e) As normas existentes são específicas para a Sílica Ativa e


falta a inclusão do Metacaulim em textos normativos. Na
realidade, percebe-se a falta de textos brasileiros normativos
para lidar com estes tipos de adições;

(f) O uso destas adições, de modo a se obter maior proveito de


seus benefícios, exigem cuidados especiais de dosagens e
manuseio;

(g) A experiência crescente destas adições no Brasil e no exterior


apontam pela busca de realização de obras com melhor
desempenho mecânico e de maior critério de durabilidade,
conforme relatada em alguns exemplos citados neste trabalho.
57

ANEXOS

ANEXO 1 – Guidance for the Specification of sílica fume

ANEXO 2 – Nordhordland Bridge, June 2002-3

ANEXO 3 – Hydro Dams, Índia, June 2003

ANEXO 4 – Supreme Court, Brasília June 2003

ANEXO 5 – Port of Pecem, June 2003

ANEXO 6 – Resumo de Estudos Experimentais Metacaulim e Sil Mix

ANEXO 6.1. – Metacaulim

ANEXO 6.2. – Sílica Ativa


58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros

MEHTA P.K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: estrutura, propriedades e


materiais. São Paulo: PINI, 1994, 573p.

SILVA, P. F. A., Durabilidade das estruturas de concreto aparente em


atmosfera urbana. São Paulo: PINI, 1995, 147p.

HOLANDA, F. G., Verificação da eficiência do cimento CP-III-32 na


neutralização de reações do tipo álcalis-agregados em concretos.
Caderno Técnico N.1, S.A. Indústrias Votorantin, 53p.

KOSMATKA, S. H. Cementitious Grouts and Grouting. Portland Cement


Association

Sites da internet
Metacaulim do Brasil Ltda. <http://www.metacaulim.com.br> [12/09/2004]

Camargo Corrêa – Cauê – Silmix <http://www.silmix.com.br/> [03/10/2004]

Elkem ASA <http://www.elkem.com> [04/10/2004]

Advanced Cement Technologies <http://www.metakaolin.com> [28/10/2004]

Caulim Ribeiro <http://www.caulimribeiro.com.br/portugues/produtos.htm>


[28/10/2004]

IBRACON < http://www.ibracon.org.br/concreto/RAA.htm > [12/12/2004]

Teses, Publicações e Seminários

HELENE, P.; MEDEIROS, M. Estudo da influência do Metacaulim HP como


adição de alta eficiência em concretos de cimento portland, São Paulo,
Maio de 2004.; PCC - USP)

KAEFER, L. F. Seminário de PEF5736 - Aspectos Tecnológicos de


Materiais Estruturais. (Doutorado, 2000)

DAL MOLIN, D.C.C. Contribuição ao estudo das propriedades mecânicas


dos concretos de alta resistência com e sem adições de microssílica. São
59

Paulo, 1995. 286p. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de


São Paulo.

ELKEM A|S CHEMICALS. First Seminar – Elkem Microsílica Technology.


Setember, 1984

FIGUEIREDO, A. D.;LACERDA, C. S.;GALLO, G. Concreto Projetado por via


úmida com Metacaulim, Relatório Parcial.; USP)

FIGUEIREDO, A. D.;LACERDA, C. S.;GALLO, G. Concreto Projetado por via


seca com Metacaulim, Relatório Parcial.; USP)

Periódicos
THE ABERDEEN GROUP. Concrete materrials – High-Reactivity Metakaolin.
Concrete Construction. EUA: Julho de 1995, Vol. 40 – N.7

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