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Os Mares e Oceanos

    Os oceanos e seus mares adjacentes somam, juntos, mais de 90% do volume total
de água da Terra; cobrem, aproximadamente, 75% de sua superfície; e exercem um
papel fundamental sobre o equilíbrio da biosfera remanescente - a pequena camada de
ar, água e terra que suporta a vida: determinando o clima, através das interações
dinâmicas entre a atmosfera e os oceanos, e regulando a temperatura do planeta.

    Numa analogia ao corpo humano, podemos dizer que os oceanos foram o útero do
planeta Terra, onde toda vida começou e são, atualmente, o sangue, o coração, os rins
e o estômago do Mundo. De fato, como explica Sagan (1984), a Terra se condensou de
gás e poeira interestrelares há mais ou menos 4,6 bilhões de anos. A origem da vida,
aconteceu logo depois, talvez em torno de 4 bilhões de anos atrás, nos lagos e
oceanos da Terra primitiva. Naquele tempo, os relâmpagos e a luz ultravioleta do sol
separavam as moléculas simples, ricas em hidrogênio da atmosfera primitiva em
fragmentos que, espontaneamente, se recombinavam em moléculas mais complexas.
Os produtos incipientes dessa química eram dissolvidos nos oceanos, originando um
tipo de caldo orgânico de complexidade gradualmente maior, até que um dia, quase
que por acidente, apareceu uma molécula capaz de fazer cópias grosseiras de si
mesma. Este foi o primeiro ancestral do ácido desoxirribonucleico, o DNA, a principal
molécula da vida na Terra.

    Na maior parte dos quatro bilhões de anos desde a origem da vida, os organismos
dominantes eram algas azuis-esverdeadas microscópicas que cobriam e preenchiam
os oceanos. Então, há 600 milhões de anos, o poder monopolizante das algas foi
quebrado e emergiu uma proliferação de novas formas de vida - um evento chamado
explosão cambriana. Após a explosão, a evolução desses novos organismos ocorreu à
uma velocidade espantosa. Em rápida sucessão, apareceram o primeiro peixe e o
primeiro vertebrado; plantas anteriormente restritas aos oceanos, iniciaram a
colonização da Terra.

    Os primeiros insetos evoluíram, e seus descendentes tornaram-se os pioneiros na


colonização da Terra pelos animais; surgiram insetos alados juntamente com os
anfíbios, criaturas semelhantes aos peixes com pulmões, capazes de sobreviver tanto
na terra como na água; apareceram as primeiras árvores e os primeiros répteis; os
dinossauros evoluíram; emergiram os mamíferos e então os primeiros pássaros; as
primeiras flores desabrocharam; os dinossauros se tornaram extintos; os primeiros
cetáceos, ancestrais dos golfinhos e das baleias, surgiram no mesmo período que os
primatas - antepassados dos macacos, gorilas e homens. E, então, há mais ou menos
10 milhões de anos, as primeiras criaturas parecidas com seres humanos evoluíram,
acompanhadas por um aumento espetacular no tamanho do cérebro, resultando,
assim, nos seres humanos de hoje.

    Conforme a Terra gira em torno do sol, os oceanos são aquecidos e a água se
evapora formando nuvens. Elas fluem com os ventos que sopram em todos os lugares,
distribuindo a água por todo o planeta, como o coração que bombeia o sangue pelo
corpo humano. Depois, água volta aos oceanos pelos rios e geleiras, ou através das

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chuvas, formando um sistema fechado, contínuo e infinito (ciclo hidrológico).

    Os oceanos, com todos os seus braços e extensões, também funcionam como um
rim perfeito, filtrando e purificando poluentes de toda natureza, seja depositando-os no
fundo, ou transformando-os em vida quando digeridos por uma das muitas criaturas
marinhas existentes. Criaturas de variáveis formas e tamanhos (desde plânctons até
baleias) capazes de digerir qualquer coisa, independentemente do sabor e de seu valor
nutritivo.

  A Figura  é uma ilustração da biosfera global. Ela mostra a distribuição


vegetal na Terra vista do espaço. As medidas da coloração oceânica indicam a
distribuição e abundância de fitoplânctons nos oceanos do planeta. Os fitoplânctons
são plantas microscópicas que crescem nas regiões com altos índices de radiação. São
a principal fonte de alimentos para a maior parte da vida marinha e produzem a maior
parte do oxigênio que respiramos.

    O consumo de dióxido de carbono pelos fitoplânctons durante o processo da


fotossíntese é fator fundamental para a compreensão do papel dos oceanos no ciclo
global do carbono. O CO2 (dióxido de carbono) é o gás mais abundante entre os gases
que contribuem com o efeito estufa, sendo responsável por mais de 50% deste.
Aproximadamente 96% de todo CO2 liberado na atmosfera tem origem natural, e os 4%
restantes são produzidos pelo homem, a maioria, por queima de combustíveis fósseis e
conversão do uso da terra. (deflorestamento e degradação do solo).

    Além de garantir condições para o suporte da vida em todo o planeta, os oceanos
também são de importância vital aos seres humanos, do ponto de vista biológico, social
e econômico. Cerca de 60% de toda população mundial vive na zona costeira, isto é,
aproximadamente 3 bilhões de pessoas. As águas costeiras e oceânicas são regiões
de alta produtividade primária (fitoplânctons) e, respondem por cerca de 90% das
reservas de pescado do mundo. Delas, obtemos o oxigênio que respiramos, sal, água
(dessalinização), peles, pérolas, alimentos (cerca de 90 milhões de toneladas de peixes
e moluscos todos os anos), etc. Das ondas, correntes e marés, produzimos energia; do
seu subsolo, extraímos minerais e óleo; e por fim, os ambientes marinhos nos
propiciam fontes de turismo e lazer.

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