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Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Felipe Damato de Lacerda
L131r
ISBN 978-65-5663-564-4
ISBN Digital 978-65-5663-563-7
CDD 780
Impresso por:
Apresentação
Estimado acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Regência!
Neste livro didático, nós vamos estudar os conhecimentos, habilidades e
competências da regência musical. No entanto, antes de adentrarmos nos
conteúdos, gostaríamos de fazer alguns avisos importantes.
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 75
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO............................................................................................ 77
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 157
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL............................................................. 159
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 237
UNIDADE 1 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
O QUE É REGÊNCIA?
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao nosso primeiro tópico de estudos deste
livro didático. Aqui iremos estudar os princípios fundamentais que constituem
a natureza da regência, seu histórico, as funções a serem desempenhadas, além
de refletir a respeito do motivo de estudar regência musical em um curso de
licenciatura em música.
Para começar vamos considerar alguns pontos para buscar uma definição
do que é regência. O Dicionário Grove de Música define regência como “A direção
de uma execução musical através de gestos visíveis destinados a garantir a
coerência e unidade de execução e interpretação” (SADIE, 1994, p. 771). Para nós,
definir a regência somente a partir da direção da performance musical com gestos
parece incompleto, tendo em vista que a execução musical é apenas a ponta do
iceberg do trabalho do regente. Aproveitando que estamos trabalhando com a
regência a partir de um curso de licenciatura em música, é importante expandir
nossos horizontes, por esse motivo adotaremos uma definição mais alargada de
regência para este livro.
NOTA
3
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Se você aceitou um trabalho para reger um coral composto por pessoas sem
experiência musical anterior, a conduta será diferente. Será necessário ensinar os
integrantes a cantar de forma afinada, mantendo o ritmo, para elaborar a execução
de um repertório a partir desse processo de educação musical, lembrando que o
repertório deverá ser escolhido de acordo com as capacidades do grupo. Nesse
contexto, é comum que as pessoas participem do grupo por querer socializar, ou
seja, talvez elas não estejam muito motivadas para desenvolver suas habilidades
musicais, o que deverá ser levado em conta por você.
NOTA
4
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
5
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
6
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
DICAS
7
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
Caso você queira saber mais sobre a história da regência recomendamos o livro
de Sylvio Lago Junior – A arte da regência: história, técnica e maestros (LAGO JUNIOR, 2002).
Caso você queira uma leitura mais leve, mas que traga mais detalhes sobre o que
abordamos aqui, acesse o site do professor André Egg da Universidade Estadual do Paraná
(UNESPAR): http://andreegg.org/2020/03/31/o-surgimento-do-maestro/.
8
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
3 AS FUNÇÕES DA REGÊNCIA
Como acabamos de ver no subtópico anterior, no século XX, o regente
se tornou “o artista, o administrador, o entrepreneur, o pensador, o educador, o
disciplinador e o guardião das tradições da música orquestral sob todas as suas
formas e gêneros” (LAGO JÚNIOR, 2002, p. 136). Neste subtópico, nós iremos um
pouco mais a fundo nessas diferentes funções que são exercidas na regência, além
de comentar processos de formação importantes para estar apto a desempenhá-las.
É digno de nota que as funções que listaremos aqui não ocorrem de forma
isolada, existem muitas intersecções e sobreposições entre elas. Vamos começar
então com a primeira delas e que para muitas pessoas ainda é a única definição:
o regente como intérprete musical. Em seguida, comentaremos a comunicação, a
relação entre regência e liderança, por fim o regente educador musical.
DICAS
9
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Para fazer isso tudo que descrevemos nos parágrafos anteriores é preciso
se ter diferentes conhecimentos e habilidades musicais. A seguir, vamos conversar
sobre os aspectos mais importantes para se desempenhar a função de regente
intérprete musical.
10
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
11
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
12
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
(antes dos seis anos de idade) a uma maior probabilidade de se desenvolver essa
característica, ao mesmo tempo que outros sugerem também para a presença de
fatores genéticos.
13
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
elevada em relação à produção do som. Ter algum domínio do piano é útil como
instrumento de apoio ao ensaio, principalmente em regência coral, por ser um
instrumento que permite a execução polifônica de, pelo menos, duas linhas
melódicas simultaneamente sem grandes obstáculos técnicos.
14
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
3.2 COMUNICAÇÃO
Quem rege, assim como qualquer professor, precisa conseguir comunicar
suas ideias, tanto musicais como não musicais, de forma clara, sintética e objetiva,
seja de forma verbal ou não verbal, caso contrário, não desempenhará suas
funções de forma satisfatória. Neste subtópico iremos introduzir esse assunto que
será mais detalhado ao longo do livro.
15
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
TUROS
ESTUDOS FU
16
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
17
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
• egos inflados e orgulhos feridos “eu canto muito melhor que a fulana, por que
ela vai fazer o solo?”;
• o sentimento de que os outros não se entregam tanto para o grupo como você;
• corrida maluca para quem bajula mais o “maestro” para entrar na sua “graça”;
• hipersensibilidade à crítica “eu não toquei a nota errada como o regente falou”.
DICAS
18
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
19
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Imagine que nessa mesma situação você também tem um grupo de violinos
que executará um arranjo escrito por você, então você precisa saber muito bem
as notas que compõem cada acorde da harmonia e saber fazer uma boa condução
de vozes para fazer o arranjo soar legal, além de considerar a limitação técnica
dos alunos ao fazer o arranjo. Ou seja, mesmo que seu instrumento principal seja
a bateria, é importante que possa atuar de forma ampla na constituição de uma
música com variedade de instrumentos.
20
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
4 REGENTE OU MAESTRO?
Acadêmico, vamos imaginar uma cena?
Um homem vestindo um fraque entra no palco após os integrantes da orquestra terem afinado seus
instrumentos. Ele, portando uma batuta na mão, é aplaudido enquanto se posiciona acima de um
pódio elevado se vira de frente para a plateia e se curva em um gesto cortês, então ele vira de costas,
levanta seus braços e juntamente com seus gestos energéticos a orquestra começa a fazer música.
Ele é o maestro!
21
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Essa utilização como pronome de tratamento, ainda que não seja viciosa por
natureza, pode abrir espaço para a utilização do termo para fins de enaltecimento
do ego e para a conquista de status social. É comum algumas pessoas ao pegarem
uma batuta e regerem uma orquestra de estudantes de um projeto social, por
exemplo, comecem a se autointitular “maestro”, sem necessariamente possuírem
ampla experiência musical o que justificaria o uso de um pronome de tratamento.
22
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
23
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
24
TÓPICO 1 — O QUE É REGÊNCIA?
NTE
INTERESSA
25
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
26
AUTOATIVIDADE
( ) O regente deve evitar que o grupo se habitue a ter conversas paralelas e
outros ruídos durante os ensaios.
( ) Algumas formas de comunicação não verbal que podem ser utilizadas são:
demonstração no instrumento, gestual de regência e expressões faciais.
( ) Recomenda-se que o regente faça longas e detalhadas explanações sobre
seus conhecimentos musicais durante os ensaios, assim ele garantirá o
entendimento do grupo e uma boa execução musical.
( ) É importante que o regente se prepare bem para os ensaios a fim de que tenha
clareza do que quer, facilitando o processo de comunicação com o grupo.
27
3 A regência é uma disciplina frequentemente encontrada em matrizes
curriculares de cursos de licenciatura em música. Sobre os motivos para se
estudar regência na formação de professores de música assinale a alternativa
CORRETA:
28
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, nós vimos uma síntese da história da regência, além
de conhecer suas funções, conhecimentos e habilidades. No Tópico 2, vamos
mergulhar na comunicação gestual, abordando as convenções de marcação de
tempo. Tudo isso com o objetivo de que você comece a desenvolver a capacidade
de comunicar ideias musicais através do gesto durante ensaios e performances.
2 PRINCÍPIOS GERAIS
Vamos começar os princípios gerais refletindo novamente sobre
comunicação. Comunicação é um meio para algo e não uma finalidade em si,
lembre-se disso. A comunicação, primeiramente, precisa de um propósito, o
porquê de se comunicar e o que se almeja conseguir; ela também precisa de um
objeto, ou seja, a informação que, de fato, está sendo comunicada; por último
é necessário que a comunicação ocorra de uma forma adequada que permita
alcançar os objetivos almejados.
29
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Outro princípio geral da regência versa sobre as funções que cada uma das
mãos adota na comunicação gestual. Lago Junior (2002), ao falar principalmente da
regência orquestral, descreve que a “mão direita é a que se destina habitualmente
a numerosas indicações, marcando o compasso e prescrevendo o tempo, dando
as entradas, cuidando da métrica, orientando os instrumentistas nas passagens
mais complexas do ritmo, controlando rigorosamente todo o fluxo da música”
(LAGO JÚNIOR, 2002, p. 249). Para o autor a mão esquerda “exprime as diversas
nuances da dinâmica, com gestos discretos para passagens suaves, em piano e
uma gesticulação ampla e enfática para as passagens mais fortes, tudo assim em
30
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
Já que falamos das funções das mãos, vamos abordar a questão da batuta.
Usar ou não usar a batuta? É a batuta que faz o regente? Esses são questionamentos
que surgem em quem inicia seus estudos na regência, principalmente por esse
objeto ter amplos significados no imaginário popular, frequentemente vendo na
batuta um símbolo de status e representação do que é a regência.
FIGURA 4 – BATUTA
31
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Como você pode ver, existem argumentos para o uso e para o não uso
da batuta, dependendo do contexto e das opções individuais. Para a finalidade
deste livro didático dentro de um curso de licenciatura em música optaremos
pela regência a mão livre.
32
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
FONTE: <https://www.escoladepostura.com.br/main.asp?link=noticia&id=406>.
Acesso em: 29 nov. 2020.
Uma boa postura para reger é uma postura equilibrada, onde o seu
peso está bem distribuído entre os dois pés, com as pernas abertas apenas o
suficiente para estarem alinhadas com o seu quadril, além do resto do tronco
estar bem alinhado com as pernas. Muito importante que juntamente com a
postura do corpo você sustente sua cabeça erguida e mantenha contato visual
com seu grupo!
33
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
34
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
3 MARCAÇÃO DE TEMPO
Antes de iniciarmos a marcação de tempos propriamente, vamos dar
uma olhada em um conceito muito importante: o plano de regência. O plano de
regência é o “chão” do gesto de regência que se encontra um pouco abaixo da
altura que você achou sua posição fundamental, ou seja, é uma linha imaginária
através da qual o gesto não pode passar. Esse chão funciona como uma cama
elástica que amortece o impacto, quicando as mãos um pouco.
E
IMPORTANT
35
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
E
IMPORTANT
36
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
Acadêmico, você lembra que falamos no início deste tópico que tudo que
vai ser comunicado através do gesto precisa ser avisado antecipadamente? Agora
vamos falar de forma prática sobre o gesto preparatório, que serve para comunicar
diversas informações antecipadamente, andamento, dinâmica, entradas, entre
outros. Nesse momento, ele servirá para nós começarmos a marcação dos
compassos, mas no próximo tópico iremos ampliar a sua utilidade. Na Figura 11,
você pode ver o gesto preparatório para o 1° tempo de um compasso qualquer.
37
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
E
IMPORTANT
38
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
E
IMPORTANT
39
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
40
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
41
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
Quando você marcar dois tempos no mesmo ponto, a sua mão dará uma
leve “quicada” para cima e voltará a bater no mesmo ponto do plano de regência.
Como se você desse um saltinho em uma cama elástica e caísse no mesmo lugar.
Esse procedimento é o mesmo, não importando qual ponto de contato com o
plano de regência você esteja, sempre dê uma quicada no gesto para cima e caia
de volta no mesmo lugar.
42
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
DICAS
43
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
44
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
DICAS
45
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Lembramos que muito dos usos das fórmulas de compasso tem mais a ver
com tradição do que com os princípios lógicos do sistema, pois, se aplicássemos
o rigor da lógica do sistema, um compasso 6/8 seria sempre um compasso de
seis tempos de colcheia e nunca de dois tempos de semínima pontuada, no
entanto, se convencionou que tal fórmula de compasso representa um binário
composto. Na Figura 20, apresentamos as formas mais comuns de compassos
unário, binário, ternário e quaternário compostos, escrevendo as UT e suas
respectivas subdivisões.
46
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
47
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
48
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
DICAS
Neste livro didático, nós trabalhamos com três padrões básicos de marcação
de tempo, binário, ternário e quaternário, sendo que todos os outros compassos
são derivados desses três desenhos de gesto. Vimos também que o compasso de
um tempo é regido como uma pulsação subindo e descendo tocando uma vez só
o plano de regência. Para andamentos rápidos estabelecemos o critério de marcar
a UT em compassos compostos e utilizar o desenho geométrico do padrão em
compassos simples.
49
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Na Figura 25, você pode observar que ocorreram duas mudanças na fórmula
de compasso, mas a unidade de tempo continuou sendo a semínima. Nesse caso, a
equivalência é obtida com a manutenção das unidades de tempo, portanto a única
alteração que precisará ser feita é acrescentar ou reduzir, de acordo com a necessidade,
tempos no gesto. Exercite a regência do exemplo apresentado.
50
TÓPICO 2 — CONVENÇÕES PARA MARCAÇÃO DE TEMPO
DICAS
Assim chegamos ao final deste tópico, parabéns por ter conseguido chegar
aqui. Vimos alguns dos princípios fundamentais da regência, como a antecipação
da comunicação através do gesto preparatório, a regência espelhada, o plano de
regência, marcação de compassos simples e compostos e, por último, abordamos
a mudança de compasso. Nunca é demais reforçar que você é responsável pelo
seu treino no gesto de regência, então exercite os padrões na frente do espelho,
assista aos vídeos indicados e procure entrar em contato com um regente mais
experiente. Regência é prática.
51
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ler sobre gestual de regência para nada serve se você não praticar
constantemente, sozinho e diante de grupos musicais.
52
AUTOATIVIDADE
54
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Antes de adentrar propriamente nos conteúdos deste tópico, nós vamos
falar das vantagens de se estudar sistematicamente o gesto de regência. É
importante refletir sobre esse ponto, pois muitos regentes com formação “na
prática” acabam por desenvolver um código gestual próprio que funciona muito
bem para o grupo que regem, mas, muitas vezes, poderiam ser mais eficazes, ou
então não funcionariam em outro grupo. Esse desenvolvimento do gesto na prática
profissional, baseado na observação do que funciona e não funciona, é muito
importante, mas não isenta a necessidade do estudo reflexivo e sistematizado dos
padrões convencionais de regência.
55
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
2 ENTRADAS E CORTES
Marcar tempo, dar entradas e cortar o som são as habilidades mais
fundamentais do gesto de regência. Reger as entradas em diferentes tempos,
com diferentes rítmicas envolvidas pode parecer desafiador no início, mas uma
vez que você consiga interiorizar a lógica do gesto ficará tudo mais fácil. Neste
subtópico, mostraremos como realizar entradas em diferentes situações, além de
fazer cortes e fermatas.
56
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
E
IMPORTANT
Vamos apresentar agora alguns exemplos para você treinar sua entrada,
em que você deverá reger e solfejar a melodia, ou seja, você regerá a si mesmo.
Utilizamos apenas semínimas nas entradas para facilitar o seu solfejo enquanto
rege, mas a entrada será idêntica se houver qualquer outro tipo de figura rítmica
que esteja na cabeça do tempo. A Figura 28 contempla todas as entradas possíveis
em cabeça de tempo nos compassos quaternário, ternário e binário.
57
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Esse exercício pode ser realizado parando a cada barra dupla, para
exercitar várias vezes o mesmo tipo de entrada, ou então regendo continuamente.
58
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
Na Figura 30, dos números um a quatro, temos uma situação que também
torna pertinente essa marcação antecipada, quando se tem pausa de semicolcheia
antes do início do som. Nesse caso específico, mesmo em andamentos mais
moderados o tempo de reação do grupo é muito curto se fizermos apenas o gesto
preparatório.
DICAS
59
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Quando você estiver regendo uma nota longa (com mais de dois tempos),
ou uma fermata, é preferível que você suspenda a marcação visível do tempo e
continue a contagem mentalmente, deixando os seus braços parados na posição
do último tempo que você marcou. Isso vai evitar que o grupo fique com a
impressão que tem que fazer mais coisas nesses tempos do que somente sustentar
a nota. No caso de uma fermata, você pode até virar as palmas das suas mãos em
direção ao centro do plano de regência ou até um pouco para cima.
Após uma nota longa ou fermata pode acontecer de você cortar o som
ou dar novamente uma entrada. A reentrada funciona da mesma forma que as
entradas que vimos anteriormente, a sua mão parte do tempo que você estava
sustentando bate o tempo preparatório anterior ao da entrada e continue
marcando normalmente. Já o corte você comunica fazendo um gesto circular que
toca o plano de regência no final do círculo ao mesmo tempo que o som deve ser
interrompido (simultaneamente ao primeiro tempo de silêncio).
FIGURA 31 – CORTE
60
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
Destacamos que nem sempre um corte vem depois de uma nota longa,
o que não muda o gesto do corte. Faça o movimento circular para que o fim
do círculo coincida com o primeiro tempo de pausa. Na Figura 33, nós temos
um exercício com corte de semínimas. Dê a entrada para o primeiro tempo e em
vez de marcar o segundo tempo corte o som com o movimento circular, conte
mentalmente os tempos e faça o gesto preparatório para dar a entrada do segundo
compasso e corte e assim por diante.
3 DINÂMICA
Dinâmica é o controle da intensidade sonora da execução musical. Um
dos princípios fundamentais ao se reger diferentes dinâmicas é a amplitude do
gesto, caso você queira um forte faça um gesto amplo com os pontos de marcação
de tempo distantes entre si, caso queira um piano diminua o tamanho do gesto,
mantendo a proporção das distâncias, observe a Figura 34.
61
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
DICAS
Já sabe o que iremos indicar? Vídeo do regente Samuel Fidelis! Dessa vez
sobre dinâmica, ele exercita os diferentes patamares de dinâmica, confira.
62
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
DICAS
4 ARTICULAÇÕES
O Dicionário Grove de Música define articulação como a “junção ou
separação de notas sucessivas, isoladamente ou em grupos, por um intérprete,
e a maneira pela qual isso se faz” (SADIE, 1994, p. 44). Ainda que exista uma
variedade de possibilidades de articulações, vamos abordar aqui apenas três:
legato, staccato e acento.
63
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Agora que definimos cada uma das articulações que iremos abordar
vamos ver como fica o gesto. O legato é regido diminuindo bastante a ênfase na
marcação dos tempos, sem perder definição, fazendo com que o gesto seja o mais
fluido possível, esse é um equilíbrio difícil de se obter. Um exercício que se pode
fazer é imaginar que você está regendo dentro de uma piscina, a resistência da
água ao seu movimento deixará ele menos abrupto e mais contínuo. Sempre faça
um gesto preparatório já indicando o legato que você deseja.
FIGURA 37 – ARTICULAÇÕES
DICAS
64
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
65
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Heloiza Branco
66
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
1. Pés: eles deveriam estar alinhados com os ombros 2. Peito: Ele deve
estar confortavelmente alto... 3. Alinhamento: A parte superior do
tronco deveria estar reta. Evitar um queixo proeminente. As pernas
devem estar levemente fletidas, ou retas sem rigidez. 4. Braços: Na
preparação para a regência os braços devem estar estendidos até que
a ponta das mãos fiquem entre 12 e 16 polegadas do corpo a nível
torácico... 5. Mãos: Sua configuração vai variar de acordo com o clima
da música e o tipo de articulação desejada (GORDON, 1989, p. 65).
67
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Outro canal de CNV usado pelo regente são as expressões da face. Segundo
Kurtz (1989, p. 104), “de todas as partes do corpo, nenhuma é tão diretamente
expressiva como essa complexa unidade de estrutura que denominamos de
rosto”. As expressões faciais são universais e aumentam a experiência interna de
uma emoção. Quando alguém sorri sente-se feliz; se faz expressão de medo, sente
medo (McDONALD, 2003, p. 2).
Como a face é uma zona corporal sobre a qual se tem muito controle,
ela é considerada, no dizer de Ekman (1965, apud CORRAZE, 1980, p. 75) “o
melhor mentiroso não verbal” do corpo. A face é tida como o melhor lugar para
entender qual é a emoção a ser decodificada, e o corpo o local onde se percebe a
intensidade desta emoção. A face é, portanto, uma ferramenta expressiva que os
regentes podem treinar para obter determinados efeitos. Garretson (1975, p. 25)
diz que as expressões faciais do regente devem refletir o caráter da música e que a
prática na frente do espelho melhora este aspecto da técnica de regência. Gordon
(1989, p. 94) propõe que os regentes exercitem algumas expressões faciais como:
sorrir, franzir a testa, semicerrar os olhos, enrugar a região entre os olhos, deixar
o olhar fixo, fazer beicinho com a boca, mostrar os dentes. Grimland (2005,
p. 10), analisando as filmagens de regentes feitas em seu estudo, diz que as
expressões faciais foram usadas como modelo do caráter da música, refletindo
a interpretação dos textos. O uso dessas expressões faciais como modelo visível
foi precedido ou seguido por instrução verbal nos ensaios e funcionou nas
apresentações como um tipo de ‘dica’.
Ekman e Friesen (1978) citados por Berz (1983, p. 24), dividiram a face
em três regiões: a) sobrancelhas e testa; b) olhos, pálpebras e ponte do nariz;
c) nariz, bochecha, boca, queixo e maxilar. Essas três áreas foram analisadas
separadamente para observar os movimentos predominantes nas seis emoções
básicas: felicidade, tristeza, surpresa, medo, raiva e desgosto. Os mesmos autores
afirmam que a mistura de afetos é o tipo de expressão facial mais freqüente no
homem. As três regiões da face aparecem citadas nos textos de regência como
ferramentas expressivas do regente. Gallo et al. (1979, p. 56) recomendam:
“concentre todas as indicações necessárias no olhar e na articulação da boca”.
Ehman (1968, p. 114) diz: “O regente deve segurar o coro com seus olhos, com sua
respiração, com as palavras... articulação das palavras sem som...”.
68
TÓPICO 3 — CONVENÇÕES DE ENTRADA, CORTE E EXPRESSIVIDADE
Sabe-se que a boca é uma das zonas corporais que ocupa um território
amplo nos mapas motores e sensitivos do córtex cerebral (KANDEL, 1995, p.
267). Dito de outro modo, o ser humano é extremamente sensitivo nesta área
e possui ampla capacidade de resposta motora neste segmento corporal. Além
disso, a boca é uma zona erógena básica, a única exposta socialmente no cotidiano.
Schilder (1994, p. 203) afirma que as zonas erógenas têm um impacto maior na
comunicação entre duas pessoas. Entre um movimento do pescoço e outro da
boca, por exemplo, o da boca provoca maior impressão numa comunicação. É
de se pensar no impacto provocado pelos movimentos da boca do regente coral.
69
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À REGÊNCIA MUSICAL
Quando uma pessoa atenta à outra percebe sobre si o olhar desse outro é
tomado por uma reação geral de vigilância. Os sinais do eletro encefalograma e do
ritmo cardíaco mostram valores aumentados (GALLE et al., 1972 apud CORRAZE,
1980, p. 79). Da mesma forma, desviar o olhar é sair do campo de interesse de uma
pessoa e levá-la a uma diminuição da vigilância. Do ponto de vista do cantor, a
visão é fundamental para a captação do gesto do regente. O cantor ‘sente’ o gesto
do regente e decodifica a linguagem que há por trás dele (MUNIZ, 2003, p. 53). Se
a atenção visual dos cantores encontra o olhar do regente sobre si ou o grupo, o
nível de atenção provavelmente aumenta muito.
70
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Cortes são realizados com um movimento circular que termina junto ao plano
de regência em sincronia com o primeiro tempo de silêncio.
• Toda comunicação gestual precisa ser praticada para que se torne orgânica, o
que é muito importante para um bom desempenho do regente em ensaios e
apresentações.
• Articulações são essenciais para a interpretação musical e cada tipo tem uma
forma de ser comunicada através do gesto de regência.
CHAMADA
71
AUTOATIVIDADE
1 Dar entradas e cortes são habilidades importantes para qualquer regente. Sobre
esse assunto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
72
a) ( ) A eficiência no gesto é representada pela possibilidade de se comunicar
várias informações musicais simultaneamente com o mesmo movimento.
b) ( ) A padronização do gesto é desnecessária, pois o mais importante da
comunicação gestual é a pessoalidade e a intimidade entre regente e grupo.
c) ( ) O desenvolvimento intuitivo do gesto na prática profissional não tem
valor nenhum para a formação de regentes.
d) ( ) A eficiência e padronização representam aspectos dispensáveis da
comunicação gestual.
73
74
REFERÊNCIAS
COLLARES, L. S. Figuras. (Inédito). Digitalização de Lenzi, L. R. (2021).
75
76
UNIDADE 2 —
REGÊNCIA EM AÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
77
78
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo de volta, acadêmico! Como você deve estar lembrado, na
Unidade 1, nós treinamos os fundamentos do gesto de regência. Entretanto,
esta habilidade é apenas a ponta do iceberg da atuação na regência. A realização
musical, objetivo máximo da regência, ocorre através de um longo processo que
envolve a escolha e adaptação do repertório, a condução dos ensaios musicais e
a própria performance. Neste processo, o gesto de regência é apenas mais uma das
diversas ferramentas e conhecimentos empregados pelo regente.
Propomos que você reflita, desde agora, sobre sua facilidade ou dificuldade
para tomar decisões e solicitar aos outros que façam o que você decidiu, pois,
além da capacidade de decidir adequadamente, é preciso ter segurança emocional
para implementar suas escolhas no grupo. Falaremos muito sobre autocrítica e
autorreflexão nesta unidade, o que, como você vai perceber, se transformará em
uma ação segura. Uma vez que você decidiu o que fazer, aja com segurança, após
agir, faça a autocrítica e decida manter ou mudar o rumo das suas ações, sempre
transmitindo segurança para o grupo.
79
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
2 ESCOLHA DE REPERTÓRIO
Há diversos pontos a se considerar quando você estiver selecionando
repertório para o seu grupo, falaremos sobre eles neste subtópico. Salientamos
que neste primeiro momento vamos falar, principalmente, de critérios para
a escolha de repertório original para a formação que você está regendo, ainda
que sempre exista a possibilidade de adequar o repertório ao contexto específico
de atuação.
80
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=GV-hSkoGotA&ab_channel=IanWilson>.
Acesso em: 13 jan. 2021.
FONTE: <https://diariodorio.com/orquestra-sinfonica-brasileira-abre-na-sala-cecilia-meireles/>.
Acesso em: 13 jan. 2021.
81
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
82
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
Ao mesmo tempo, se a peça musical não apresentar nada que tire você
e o grupo da zona de conforto, não haverá crescimento e, talvez, a motivação
para a execução seja insuficiente. Assim, busque equilibrar os desafios técnicos e
musicais para que eles estejam na medida certa para o crescimento e motivação
do grupo, sem causar desânimo por parecerem intransponíveis.
Analise o contexto geral do grupo para que o repertório possa ser mais
bem aceito pelos integrantes. É um grupo pertencente ao contexto do ensino
básico, projeto social ou igreja? Cada um destes contextos apresentará uma
série de restrições e considerações a serem feitas com relação a repertório, esteja
ciente delas.
83
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
3 ADEQUAÇÃO DE REPERTÓRIO
Independentemente dos critérios adotados, você precisará analisar a
obra musical escolhida para verificar detalhadamente se a maneira como ela se
encontra em termos de instrumentação e características técnico-musicais estão
adequadas para o seu grupo. Caso você chegue à conclusão de que a peça precisa
de adaptações, aí você deverá decidir entre fazer pequenas alterações, adaptando,
ou então, fazendo um arranjo novo.
84
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
E
IMPORTANT
Sempre tenha muito cuidado com relação ao tipo de repertório que você vai
adaptar. Se você optar por escolher uma obra muito complexa que precisará de inúmeras
simplificações para se tornar exequível, é importante pensar no porquê de se fazer tal peça.
Isto frequentemente ocorre por se ter aspirações de se executar obras canônicas sem ter
ainda capacidade para tanto, por exemplo “Aleluia” do Messias de Georg Friedrich Händel
(1685-1759), ou o 4° movimento da 9ª Sinfonia de Ludwig van Beethoven (1770-1827).
Caso você esteja trabalhando com coral, esta mudança é muito fácil de
fazer, basta você dar a afinação no tom transposto para o grupo e dar a entrada.
É possível que haja uma confusão inicial e talvez alguns integrantes percebam o
que você fez, mas o grupo rapidamente se habituará à mudança. Apenas preste
muita atenção para verificar se a transposição não excederá a tessitura possível
de seus cantores em nenhuma das vozes, tanto para o agudo quanto para o grave.
A transposição é um recurso de tão fácil emprego em coros que é frequente o
seu uso como estratégia de ensaio, seja para evitar o cansaço dos cantores e,
consequentemente, a degradação da afinação vocal, ou ainda para corrigir
problemas de execução em um tom mais confortável.
85
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
NOTA
Você pode desejar muito fazer uma obra para uma formação específica,
mas falta um naipe no grupo em que você trabalha. Caso o naipe faltante não seja
essencial para a obra, você pode optar por não executar esta linha e distribuir
quaisquer notas essenciais da harmonia nas linhas de outros instrumentos,
podendo incluir divise nestes naipes. O oposto também pode acontecer, você
ter um conjunto com um naipe que não iria tocar em uma determinada obra,
mas como você trabalha em projeto social e deseja integrar todos na atividade,
você pode escrever uma linha melódica especial ou ainda colocar este naipe para
dobrar linha com outro.
NOTA
86
FIGURA 3 – COCO VELHO – CHIQUINHA GONZAGA (1847-1935)
87
FONTE: <https://chiquinhagonzaga.com/acervo/partituras/coco-velho_pequena-orquestra.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2021.
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
88
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
DICAS
89
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
90
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
91
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
92
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
93
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Em seguida, é preciso decidir o que será feito com as outras duas vozes.
Tendo em vista que temos um grupo iniciante, é importante considerar linhas que
não apresentem dificuldades de execução. Optaremos por fazer uma condução de
vozes com mínimas e uma célula rítmica em uma mesma nota quando a melodia
descansa. Assim, é possível trabalhar com o conceito musical de pergunta e
resposta, com notas longas alternando-se com um pouco mais de atividade do
arco, mas sem ter que mudar de nota no meio da célula rítmica.
94
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
95
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Preste atenção especial à oitava correta das notas escritas quando estiver
tocando as linhas, quando estiver cantando talvez seja necessário oitavar as notas
escritas para ajustá-las para a sua voz, faça isso conscientemente! Na Figura 8, nós
temos um Coral de Bach que servirá de exemplo para as estratégias de estudo
que discutiremos neste subtópico. Optamos por deixar de fora o texto da obra
por acharmos desnecessário adicionar a dificuldade de cantar em alemão para o
que propomos aqui. No entanto, caso a obra que você vá estudar tenha letra em
um idioma que você tenha pouca familiaridade, reserve um tempo para estudar
a dicção com riqueza de detalhes, preferencialmente com auxílio de alguém que
possa orientá-lo com relação à pronúncia adequada das palavras. Faça agora a
leitura de todas as quatro vozes da Figura 8.
96
FIGURA 8 – CORAL DE JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750) – BWV 253
97
FONTE: Adaptada de <https://ks.imslp.net/files/imglnks/usimg/6/6b/IMSLP24489-PMLP09471-CCARH_Bach_Chorales.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2020.
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
Após você conseguir executar cada uma das linhas com facilidade, vem
o momento de exercitar a simultaneidade de linhas. Você pode treinar esta
habilidade de diferentes formas. Recomendamos que você adote metodologias
variadas para melhorar a qualidade do estudo. Preferencialmente utilize um
instrumento de teclado (piano, acordeom, teclado, escaleta etc.) ou de corda
pinçada (violão, guitarra etc.) para esta etapa. Execute simultaneamente no
instrumento todos os pares de linhas possíveis, no caso do nosso exemplo as
combinações possíveis são: Soprano e Contralto, Soprano e Tenor, Soprano e
Baixo, Contralto e Tenor, Contralto e Baixo, Tenor e Baixo.
98
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
99
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
100
FIGURA 9 – BWV 253 COM INDICAÇÕES EXPRESSIVAS
101
FONTE: O autor (2021).
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
A partir deste treino espera-se que você consiga executar com fluência
todo detalhe da expressividade. É muito importante que você saiba demonstrar,
seja cantando ou no seu instrumento, o que você quer que os integrantes do grupo
façam. Dar o exemplo, mostrar o que quer é essencial para ser um bom regente.
102
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
103
FIGURA 10 – LINHA DE REGÊNCIA
104
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
FONTE: O autor (2021).
TÓPICO 1 — TRATO COM O REPERTÓRIO
105
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
106
AUTOATIVIDADE
107
I- O processo de aprendizado de uma obra musical já começa na análise
preliminar feita para a escolha do repertório.
II- O treino de execução vocal/instrumental simultânea das linhas auxilia
no desenvolvimento cognitivo musical e aprofunda o domínio da obra
musical estudada.
III- A capacidade de identificar dificuldades, isolar trechos e resolver
problemas individualmente é indício de um estudo inteligente.
108
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
ENSAIO E PERFORMANCE
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós contemplaremos a conduta do regente durante ensaios
e performances, momentos em que, de fato, a atividade da regência acontece.
Os assuntos que abordaremos neste tópico são complexos, no sentido de que
contemplam muitas variáveis, assim, organizaremos da melhor maneira possível
as reflexões, mas sem se comprometer em estabelecer uma linearidade de
procedimentos e ações.
NOTA
Este tópico está dividido em dois subtópicos, um para ensaio e outro para
performance, cada um deles abordando o planejamento, a condução e a avaliação
destes eventos. Apesar de termos separado estes dois momentos, ensaio e
performance, para facilitar o estudo, esteja ciente de que eles se entrelaçam e se
retroalimentam, não podendo um regente pensar neles de forma separada.
109
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Caso haja uma pessoa com conduta inadequada, ou que não esteja
cumprindo suas funções, fale suas preocupações somente para a pessoa afetada e
para mais ninguém. Caso alguém venha falar mal de algum integrante para você,
evite estimular este comportamento. Evite comentar os problemas do grupo todo
para pessoas individualmente, isto pode alimentar o orgulho de quem se vê como
seu confidente, além de alimentar a fofoca no grupo.
2 O ENSAIO
O ensaio é o momento em que a maioria das interações entre integrantes e
regente e as mais variadas atividades necessárias para a realização da performance
acontecem. Clemente (2014), em sua pesquisa sobre estratégias didáticas no
canto coral, dividiu o ensaio em seis momentos distintos: “atividades iniciais,
ensaio de música nova, ensaio de música conhecida, ensaio para apresentação,
organização do tempo e do espaço e utilização de recursos materiais”
(CLEMENTE, 2014, p. 17).
2.1 PLANEJAMENTO
O planejamento do ensaio consiste em você decidir o que será feito, em
que ordem e com quais estratégias, a fim de que os objetivos sejam alcançados. É
possível realizar diferentes tipos de planejamento para um grupo: o plano feito para
ensaios individuais, planos de médio prazo para conjuntos de ensaios e planos de
longo prazo que consistem em diretrizes gerais para o desenvolvimento musical
110
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
111
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
112
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
Ao planejar o estudo de uma obra nova é preciso que você leve em conta
alguns questionamentos para se preparar adequadamente. Vai entregar partitura
ou letra? Como será a fluência da leitura? Você vai propor uma leitura total
da música ou por partes? Quais trechos? Quais os principais desafios que você
prevê? Vai ensinar por imitação para o grupo? Qual é o tamanho dos trechos
que você vai exemplificar para imitarem? Como você vai comunicar correções?
Vai propor uma apreciação de uma gravação da obra? Vai deixar os integrantes
aprenderem sozinhos a música antes do ensaio? Poderíamos escrever muitas
outras decisões que precisam ser tomadas, mas o que é importante é que você
entenda o pensamento crítico que deve ser adotado.
113
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Uma vez que o ensaio começa, a nossa ação está sujeita a inúmeras outras
variáveis imprevisíveis, tornando praticamente impossível que o nosso plano se
aplique plenamente. Tentar seguir o plano que está se mostrando inadequado para
a realidade do ensaio é perigoso, contudo, um planejamento meticuloso ajuda-
nos a tomar as decisões necessárias em tempo real, mesmo que o plano em si já
não tenha mais valor. Ainda assim, com o tempo e experiência, você começará a
conseguir se planejar melhor para os imprevistos, ou seja, o seu planejamento já vai
levar em conta os imprevistos conhecidos por você.
2.2 CONDUÇÃO
Chegou o grande momento em que você vai ensaiar o grupo! Você chega
cedo ao local arruma o espaço físico, prepara sua partitura e seu super detalhado
plano de ensaio, que prevê finalmente resolver aquele problema no naipe de
violas da orquestra e aguarda a chegada das pessoas. E fecha o horário de início
do ensaio e nenhum, NENHUM dos violistas apareceu para o ensaio! E o seu
plano vai por água abaixo…
114
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
Outro ponto prático que você usará em todos os ensaios é dar comandos
verbais para o grupo. Estes comandos podem envolver o ponto onde se iniciará
a execução, lembretes sobre situações para se prestar atenção, informar sobre a
ideia interpretativa da obra, além de motivar o grupo. Os comandos devem ser os
mais breves e sintéticos possíveis. Lembra que comentamos sobre as limitações
de atenção da mente humana? Se você falar demais alguém vai começar a olhar
o celular e a analisar que tem uma mancha superinteressante na parede da
sala de ensaio.
116
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
117
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
118
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
3 A PERFORMANCE
A performance pública é o ponto culminante da atuação na regência, é
na apresentação musical que há o desfecho do processo construído até aquele
momento. Todavia, há muito trabalho ainda a ser feito no planejamento, condução
e avaliação das apresentações.
3.1 PLANEJAMENTO
Raramente temos profissionais ou equipes de apoio responsáveis pelo
planejamento e preparação da apresentação, portanto, é necessário que você
preste muita atenção em questões de organização para garantir que o evento
transcorra bem.
119
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Outra preocupação que você deve ter é o local onde será a apresentação.
Você conhece o lugar? Tem fácil acesso? Os integrantes do grupo vão pegar trânsito
e se atrasar? Como é o palco ou espaço que você irá apresentar? Tem espaço para
o grupo inteiro no palco? Como é a acústica do local, muito reverberante, ou
muito seca? Tem vazamento de ruído externo? É UM GINÁSIO DE ESPORTES?
120
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
3.2 CONDUÇÃO
Você chegou cedo e arrumou o espaço? Aqueceu o grupo? Fez aquela
passada no repertório? Checou se está tudo certo com aparelhagem de som e
espaço físico? Verifique pessoalmente as coisas para garantir que está tudo
certo! Estes momentos anteriores à apresentação são críticos, é muito importante
que você faça valer os acordos estabelecidos, principalmente se você estiver
trabalhando com jovens.
121
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
122
TÓPICO 2 — ENSAIO E PERFORMANCE
123
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A condução de um ensaio com pessoas reais vai sempre desafiar o seu plano,
esteja aberto para aceitar a imprevisibilidade e ajustar o seu plano de acordo
com as necessidades reais do momento do ensaio.
124
AUTOATIVIDADE
125
a) ( ) Assim que acabar a performance procure conversar com o grupo sobre
o que saiu de errado.
b) ( ) A reflexão com o grupo inteiro só é importante quando a apresentação
não foi boa.
c) ( ) O regente nunca deve perguntar para os integrantes qual avaliação que
eles fazem dos ensaios.
d) ( ) Os integrantes do grupo podem perceber coisas valiosas para o
crescimento do regente e do grupo.
126
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, nós almejamos evidenciar algumas das particularidades de
se trabalhar com regência instrumental e regência vocal. É fato que muito do que
temos abordado ao longo deste livro são princípios gerais que se aplicam a qualquer
tipo de formação musical, não obstante algumas particularidades precisam ser
destacadas. Neste tópico, trataremos um pouco sobre o histórico, contexto atual e
particularidades técnicas da regência de formações vocais e instrumentais.
Nem todos os regentes têm prática sólida para reger todos os tipos de
grupos, na verdade é comum que regentes acabem por se especializar em alguma
das formações tradicionais: orquestra, banda e coral. Ainda assim, é importante
que tenhamos algum conhecimento básico sobre a regência de formações que não
são nossa especialidade, pois isto sempre nos tornará regentes mais capacitados
e versáteis.
2 FORMAÇÕES VOCAIS
Optamos por adotar para este livro o termo formação vocal por entender
que existem diferentes práticas de canto coletivo que se autodenominam
diferentemente de canto coral. Sobre esta terminologia, a própria definição do
que é um coral, ou coro, é difusa. Lakschevitz (2009, p. 8) abordou no primeiro
capítulo de sua tese a problemática de se circunscrever o que é um coro: “O
que define um coro? Quais os seus componentes fundamentais? Que elementos
contribuem para que um grupo de pessoas seja chamado de ‘coro’ ou ‘coral’?”
127
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Para este livro, estas diferenciações não serão levadas em conta, portanto,
utilizaremos todos estes termos como sinônimos, sendo que regência coral e
regência vocal estão falando da mesma coisa, do mesmo modo que grupo vocal,
formação vocal, grupo de canto, coro ou coral.
128
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
DICAS
Link: https://www.youtube.com/watch?v=pbHz3-CNh6U&pbjreload=101&ab_channel=AAM
MS1967.
DICAS
Na obra “Sì ch'io Vorrei Morire”, de Claudio Monteverdi (1567-1643), percebemos
uma mudança de escrita musical que começa a apresentar seções homofônicas com
partes polifônicas, representando mudança na escrita vocal no início do período barroco.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=DVlU7iQfffE&ab_channel=pannonia77.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=IUZEtVbJT5c.
129
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
A ária e coro “Libiamo, ne’ lieti calici” da ópera La Traviata, escrita por Giuseppe
Verdi (1813-1901), representa a escrita coral da ópera do século XIX.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=afhAqMeeQJk&ab_channel=MetropolitanOpera.
DICAS
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6DKRtGjIaD4&ab_channel=bercoesplendido.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=fuLDD7O29T4&ab_channel=JFrue.
Ainda que a formação mais tradicional seja a de coro a quatro vozes, com
dois naipes femininos (soprano e contralto) e dois naipes masculinos (tenor e
baixo), formações vocais podem ser de diversos tipos de características. Existem
coros exclusivamente femininos ou exclusivamente masculinos, dependendo
das tradições de cada localidade ou dificuldade de se conseguir cantores do outro
sexo. Podem ocorrer também obras que pedem dois coros, ou seja, dois grupos
são posicionados em diferentes locais, sendo que cada coro tem partes escritas
especificamente.
130
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
DICAS
Link: https://www.cpdl.org/wiki/index.php/Main_Page/pt.
2.2 CARACTERÍSTICAS
Conforme mencionamos anteriormente, a formação mais comum de grupo
vocal é o coro tradicional com quatro naipes: soprano, contralto, tenor e baixo.
Destacamos que a nomenclatura dos naipes do coro são funções desempenhadas
na composição musical, não podendo ser confundidas com a classificação vocal.
Por exemplo, a raridade de se ter pessoas com voz verdadeiramente de contralto
e baixo faz com que estas funções geralmente sejam desempenhadas por cantores
de voz média, mezzosoprano e barítono, respectivamente, ou então, pode
acontecer de homens falsetistas cantarem as linhas de contralto.
Isto nos traz a uma particularidade do trabalho com coros, você precisará
fazer a classificação vocal de cada um dos integrantes, além de ser professor de
canto. Classificação vocal não é tarefa fácil de se fazer e é necessária muita prática
para começar a compreender os parâmetros e desenvolver a percepção auditiva
131
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Mas como saber que a variação de tessitura e timbre das vozes está
relacionada ao tamanho das estruturas anatômicas ajuda a classificar vozes?
Nenhum regente tem a capacidade de medir o tamanho de prega vocal dos seus
cantores, isso nem seria muito útil, pois a classificação vocal depende de outros
fatores. Portanto, é preciso fazer a classificação ouvindo as pessoas cantando e
falando, pois, a voz é um instrumento vivo, que pode ser influenciado por hábitos
e questões psicológicas que, muitas vezes, podem ocultar sua natureza orgânica.
132
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
11). A posição em círculo traz o problema de o regente ficar de costas para metade
do grupo, dificultando a comunicação. Pode-se resolver isto fazendo um círculo
integrando o regente (Figura 11).
133
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Isto gera um contexto particular em que na maioria das vezes quem trabalha
com estes grupos precisa realizar um trabalho de educação musical de base, tanto
de técnica vocal, como de conhecimentos musicais. Não estamos falando aqui
de estudar teoria musical e sim de entender os elementos da música de forma
prática e aplicada ao repertório. Frequentemente, o regente é o único profissional
da música contratado para trabalhar com estes grupos, se responsabilizando pelo
desenvolvimento musical dos cantores de forma ampla.
134
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
Outro motivo para a opção da regência sem batuta no canto coral é dado
por Zander (1979, p. 57), ao mencionar que a marcação de tempos não é apenas o
princípio da regência:
O cansaço físico imposto a cantores durante a execução faz com que seja
necessária uma resistência física e psicológica para a manutenção da qualidade
da execução, aí que entra o gesto do regente. Quanto mais iniciante for o coro,
mais o seu gesto vai ter que comunicar lembretes de técnica vocal durante a
execução, o que só funciona se já haver um trabalho vocal consistente ao longo
dos ensaios, onde o entendimento destes gestos vai sendo construído junto com
a técnica vocal do grupo.
135
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
3 FORMAÇÕES INSTRUMENTAIS
É importante ter em mente que quando falamos de formações
instrumentais nos referimos a um universo maior de possibilidades do que
quando mencionarmos formações vocais. Temos dois grandes grupos de
formações instrumentais: orquestras e bandas. Orquestras se constituem a partir
de um núcleo de cordas friccionadas, enquanto bandas são construídas a partir
de instrumentos de metais e/ou percussão.
Além destes dois tipos tradicionais, podemos nos deparar com outros
grupos menos frequentes como orquestra de violões, guitarras e outras formações
diversificadas. Entretanto, neste subtópico focaremos em orquestras e bandas, a
fim de evitar dispersar o assunto.
136
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
DICAS
Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs uma série de seis concertos que
representam muito bem a música instrumental do período Barroco. Ouça o Concerto de
Brandenburgo n° 5 no link: https://www.youtube.com/watch?v=_V7oujd9djk&ab_channel=
EuroArtsChannel.
DICAS
Link: https://www.youtube.com/watch?v=jzUJWDU_1Rg&ab_channel=SinfonicadeGalicia.
137
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
Link: https://www.youtube.com/watch?v=0F5k70xwGSk&ab_channel=AMANOJun-ichilassiek.
DICAS
Você sabia que há uma biblioteca virtual de partituras gratuitas para inúmeras
formações instrumentais chamada “International Music Score Library Project” ou IMSLP? O
site trabalha com partitura de domínio público, veja lá se tem algo que interessa.
Link: https://imslp.org/wiki/Main_Page.
138
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
3.2 CARACTERÍSTICAS
Para reger grupos instrumentais é preciso lidar com a compreensão dos
princípios técnicos e musicais de diferentes instrumentos, além de conhecer de
forma satisfatória o repertório de determinada formação. Por exemplo, se você
é um pianista que está regendo uma banda e deseja que o grupo execute um
trecho em dinâmica piano, você precisa saber que executar esta dinâmica em
instrumentos de metais é algo que exige muita técnica. Dependendo do nível
técnico do grupo, eles não podem dar a dinâmica que você está pedindo, o
mesmo vale, por exemplo ao se requerer um fortíssimo de um coro que não
tem experiência.
139
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
DICAS
140
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
141
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
142
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
143
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
Isto pode ocasionar que o regente fique bem distante da maioria dos
músicos do grupo, ou então que a visibilidade do gesto seja afetada. Neste
caso, torna-se pertinente o uso da batuta como um prolongamento do braço e
permitindo uma visualização mais clara da marcação dos tempos e entradas.
144
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Marcos Botelho
145
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
• Funcional: meu grupo existe para servi a instituição a qual é filiada, tem principal
função tocar nas atividades cotidianas, participar das solenidades etc.
• Pedagógica: meu grupo tem como principal função a formação musical.
Tanto o repertório quanto as apresentações estão vinculadas à um programa
pedagógico para o desenvolvimento de habilidades musicais.
• Entretenimento: o grupo é voltado para atividades de entretimento, tanto para
o público como para seus músicos.
• Social: o grupo é voltado para questões sociais, tirar pessoas de risco social,
inclusão social etc.
146
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
PLANEJAMENTO
McGill (2007) ressalta que a simples repetição não é suficiente, tal atividade
deve ser envolvida em uma prática e preparação musical, acrescenta que em tal
atividade deva ser levado em conta o acréscimo de dificuldade paulatinamente.
147
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
ENSAIOS
Os ensaios devem ser no mínimo semanais, não devem ter mais de 3 horas
de duração. Acredito que duas horas e meia são ideais, quando os alunos são muito
jovens este tempo tem que ser reduzido. É importante que os ensaios devam ser
planejados para serem eficazes. Não estamos lindando com profissionais, muitas
vezes os músicos estão ali por vontade própria, assim tornar o ensaio em um
ambiente prazeroso é essencial.
A importância de o aluno ter uma rotina diária (ou mesmo com poucas
folgas) de estudo é fundamental, pois:
Lehmannet et al. (2007) ainda nos lembram que a rotina de estudo deve
sempre buscar imitar situações reais de performance. A prática não só nos permite
executar uma determinada peça de música, mas também ajuda a estabelecer
representações cognitivas que suportam as habilidades musicais.
148
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
Santos & Hentschke (2009) ainda nos alertam para a diferença entre
quantidade e qualidade de horas de estudos,
ESCOLHA DO REPERTÓRIO
149
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
150
TÓPICO 3 — REGÊNCIA VOCAL E REGÊNCIA INSTRUMENTAL
PLANEJAMENTO DO ENSAIO
Devemos ter em mente que a simples repetição não vai fazer com que os
alunos acertem os problemas. Algumas estratégias podem ser usadas em partes
específicas para sanar os problemas:
151
UNIDADE 2 — REGÊNCIA EM AÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
152
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
153
AUTOATIVIDADE
154
a) ( ) Diferentemente das formações vocais, grupos instrumentais não
precisam se preocupar com afinação, pois os instrumentos já trazem as
notas prontas.
b) ( ) Os grupos instrumentais no Brasil frequentemente remuneram os seus
músicos e não apenas o regente.
c) ( ) Tradicionalmente não se usa batuta para a regência de orquestras.
d) ( ) A disposição dos instrumentos no espaço físico é bem estabelecida com
orquestras, enquanto para bandas o regente tem um pouco mais de
autonomia para decidir.
155
156
REFERÊNCIAS
ABAFAVI. Regulamento do XIV campeonato estadual de bandas e fanfarras
do estado de Santa Catarina. Schroeder: ABAFAVI, 2019.
GREEN, E. A. H. The modern conductor. 6. ed. New Jersey: Prentice Hall, 1997.
157
LAGO JÚNIOR, S. A arte da regência: história, técnica e maestros. Rio de Janeiro:
Lacerda Editores, 2002.
158
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
159
160
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Bem-vindo à última unidade do nosso livro didático sobre regência! Nesta
unidade, nós enfocaremos a interconexão entre as áreas de regência e educação
musical. Neste primeiro tópico, vamos estudar em que consiste um preparo
pedagógico para a regência, enquanto no segundo e terceiro tópicos, falaremos sobre
os contextos não formais e formais de atuação da regência, respectivamente.
2 FORMAÇÃO DOCENTE
Ao se falar em preparo pedagógico, é pertinente mencionar que nem
sempre existiu a preocupação com a formação docente. Ao longo de boa parte da
história entendia-se que quem tivesse conhecimento sobre alguma área saberia,
automaticamente, ensiná-la. Ou ainda, alguns filósofos argumentavam que o
conhecimento de uma pessoa só amadurecia, verdadeiramente, quando ela o
ensinava, sem, no entanto, reconhecerem que havia conhecimentos particulares
ao próprio ato de ensinar. Na sociedade brasileira, estes entendimentos perduram
até hoje, frequentemente associados a um desmerecimento da profissão docente,
principalmente por não ser vista como uma profissão de “sucesso”, a não ser que
você seja professor universitário... de universidade pública... e olhe lá!
161
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
162
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
163
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Saber Definição
Conjunto de saberes que, baseados nas ciências e na erudição, são transmitidos
Saberes da aos professores durante o processo de formação inicial e/ou continuada.
Formação Também se constituem o conjunto dos saberes da formação profissional os
Profissional conhecimentos pedagógicos relacionados às técnicas e métodos de ensino
(saber-fazer), legitimados cientificamente e igualmente transmitidos aos
professores ao longo do seu processo de formação.
São os saberes reconhecidos e identificados como pertencentes aos diferentes
campos do conhecimento (linguagem, ciências exatas, ciências humanas, ciências
Saberes
biológicas etc.). Esses saberes, produzidos e acumulados pela sociedade ao longo
Disciplinares
da história da humanidade, são administrados pela comunidade científica e o
acesso a eles deve ser possibilitado por meio das instituições educacionais.
São conhecimentos relacionados à forma como as instituições educacionais
Saberes fazem a gestão dos conhecimentos socialmente produzidos e que devem
Curriculares ser transmitidos aos estudantes (saberes disciplinares). Apresentam-se,
concretamente, sob a forma de programas escolares (objetivos, conteúdos,
métodos) que os professores devem aprender e aplicar.
São os saberes que resultam do próprio exercício da atividade profissional
dos professores. Esses saberes são produzidos pelos docentes por meio da
Saberes
vivência de situações específicas relacionadas ao espaço da escola e às relações
Experienciais
estabelecidas com alunos e colegas de profissão. Nesse sentido, “incorporam-se
à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades, de
saber-fazer e de saber ser”.
164
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
Uma crítica que comumente é feita à teoria dos saberes docentes de Tardif
(2002) é a natureza catalográfica da teoria, que busca contabilizar saberes, o que
muitas vezes, para o leitor desavisado, não evidencia a complexa mobilização de
inúmeros saberes simultaneamente diante de uma situação prática. Entretanto, o
próprio autor aborda esta situação ao afirmar que
Com base em sua reflexão teórica, a autora estabelece três pontos principais
para a formação de professores: conhecimento sobre os alunos e seus contextos,
conhecimento da matéria e do currículo e conhecimento sobre o ensino de maneira
geral (MIZUKAMI, 2013). A Figura 1 sintetiza o entendimento da autora.
165
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Conhecimento
da matéria e dos
Conhecimento dos alunos objetivos curriculares
e de seu desenvolvimento
em contextos sociais • metas educacionais e
propósitos em relação a
• aprendizagem habilidades, conteúdos
• desenvolvimento humano e matéria
• linguagem
Uma visão de
prática
profissional
Conhecimento do ensino
• ensino da matéria
• ensino para estudantes diversos
• avaliação
• manejo de classe
166
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
falamos bastante nas duas primeiras unidades deste livro, do mesmo modo que
é importante também saber estabelecer metas educacionais, manejar grupos,
entre outros.
167
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
NOTA
168
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
169
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
E
IMPORTANT
170
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
DICAS
171
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
172
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
Não temos intenção de nos aprofundar mais nas diferentes teorias, mas
gostaríamos de sintetizar alguns princípios educacionais que podemos derivar a
partir das ideias centrais que apresentamos.
Nós aprendemos com interação, seja com o mundo natural ou com outros
seres humanos. A aprendizagem musical se dá por interação com o instrumento
musical, com o material som, com colegas de mesma capacidade musical e com
pessoas mais experientes. Além disso, há um contexto social e histórico através do
qual nos relacionamos com música, o que afeta a forma como se aprende música.
Leve sempre em conta que, além da manipulação do som e dos conhecimentos, a
educação musical se baseia e relacionamentos humanos.
173
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
NOTA
contribuintes para a sua existência, de que forma isto impacta o indivíduo, como
ela pode ser agravada por valores familiares e concepções de vida, entre outros.
Do mesmo modo, ao atuarmos em grupos com boa condição financeira, teremos
contato com valores particulares daquele ambiente.
175
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
5 DIDÁTICA MUSICAL
A didática é o ramo da pedagogia que se ocupa dos processos práticos
do ensino e da aprendizagem. É a área que investiga métodos e estratégias
de ensino, incluindo-se o planejamento educacional e a implementação dos
pressupostos teóricos da educação em prática pedagógica. Originalmente era
uma área “neutra” da pedagogia, ou seja, percebia-se a didática como aplicável
a qualquer área que se desejasse ensinar. No final do século XX começaram a
surgir os estudos especializados em didática, como a didática da matemática e a
didática da música.
176
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
177
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
178
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
DICAS
179
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Conhecimento Determinação
da realidade dos objetivos
Fase de
preparação
Seleção e organização
Replanejamento
dos conteúdos
Seleção dos
Avaliação procedimentos
de avaliação
Fase de
desenvolvimento
Estruturação do
Plano em ação
Plano de Ensino
180
TÓPICO 1 — PREPARO PEDAGÓGICO PARA A REGÊNCIA
6 EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA
Independentemente da área em que você atue, ou quanto você estudou
teoria educacional, você só se torna professor na atuação docente. É através da
práxis que a profissionalidade do professor se desenvolve e os seus saberes são
mobilizados em prol da concretização de objetivos educacionais. Conforme vimos
no Quadro 1, a prática profissional é, de fato, o momento em que a totalidade da
história de vida e formação profissional começam a conduzir para um efetivo ser
docente, conforme destaca Grützmann (2019, p. 7):
Isto não quer dizer que não se aproveite nada. Cada contexto em que
atuamos nos treina para sermos mais capazes de identificar as necessidades
específicas e nos adaptarmos, mobilizando saberes pertinentes. No mais, quanto
181
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
182
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O ensaio musical de grupos como orquestras, bandas e coros pode ser um espaço
rico de educação musical, ainda que precisemos reconhecer as limitações que
existem para a abrangência dos processos educativos que, tradicionalmente,
são feitos nestes grupos.
183
AUTOATIVIDADE
184
3 A delimitação do corpo de conhecimento que define a profissão docente
ainda está em processo de construção, mesmo que muito já se tenha
avançado no sentido de identificar conhecimentos e habilidades que
pertencem a boas práticas de ensino e aprendizagem. De acordo com as
teorias de formação docente e a didática, assinale a alternativa CORRETA:
185
186
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, nós focalizamos significativamente a teoria educacional
de forma ampla, a fim de estimular você a refletir sobre a educação de forma
mais abrangente. Para contrastar, no Tópico 2, discutiremos algumas situações
práticas encontradas pelo regente educador musical durante sua atuação. Alguns
dos assuntos que trataremos neste tópico já foram mencionados, em alguma
medida, na Unidade 2, quando falamos sobre o trato com o repertório, o ensaio e
a performance, bem como particularidades da regência instrumental e vocal.
187
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Então, quando você tratar com formações mistas e vai elaborar um arranjo
é importante você definir quais instrumentos vão desempenhar quais funções
em quais momentos da música. Tomar estas decisões de arranjo é uma questão
de educação musical, pois os elementos musicais que você trouxer no arranjo
servirá como base para aprendizados musicais diversos. Por exemplo, é comum
que músicos de instrumentos melódicos (sopros, metais e cordas friccionadas)
não compreendam muito sobre harmonia, mesmo que estejam, frequentemente,
executando partes de um acompanhamento harmônico, por outro lado,
violonistas principiantes não estão habituados a tocar melodias, sendo mais
comum o acompanhamento com acordes em bloco.
Algo que pode ajudar você a pensar na reserva de região para a melodia
principal em formações instrumentais mistas é classificar os instrumentos que
constituem o seu grupo a partir do sistema SATB (soprano, contralto, tenor e
188
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA REGÊNCIA
3 CONSIDERAÇÕES MUSICAIS
O trabalho de educação musical com grupos iniciantes, sob a perspectiva
da regência, independentemente do tipo de formação musical, envolverá o
desenvolvimento da escuta, compreensão e manipulação dos parâmetros
fundamentais da música (afinação, ritmo, dinâmica e sonoridade), bem como
suas implicações para a construção do discurso musical. O trabalho principal
189
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Escuta
Coordenação
Ação musical
mototra
190
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA REGÊNCIA
NOTA
191
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
192
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA REGÊNCIA
compita com a melodia na mesma região de alturas musicais, mas é pertinente que
você, enquanto regente, eduque seus alunos para destacar a melodia na execução:
“quando a melodia não soa claramente, a primeira tentação é para pedir para que
o solista toque mais forte, para projetar mais. Melhor seria, primeiro, diminuir a
dinâmica do acompanhamento” (GREEN, 1997, p. 231, tradução nossa).
193
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
esteja executando-o. Para tanto, o regente deverá instruir os seus alunos para
compensarem as diferenças naturais de dinâmicas entre instrumentos, a fim de
preservar a dinâmica geral da linha (GREEN, 1997).
DICAS
194
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA REGÊNCIA
195
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
Existem diversas técnicas estabelecidas para indicar notas com as mãos, a fim
de auxiliar a afinação com a voz cantada, você pode buscar na internet materiais sobre os
diferentes tipos. Veja a técnica de manossolfa adotada por Zoltán Koldály no TCC de Carlos
Fagner da Costa e Silva.
Comentamos isto para que a sua atenção ao gesto vá além apenas do seu
próprio gesto de regência, cuide da fluidez e sincronia dos movimentos de seus
alunos, de como estão respirando etc. É essencial que a corporalidade do seu
aluno seja integrada à sua musicalidade, sem este processo a manifestação de sua
musicalidade poderá ser afetada.
196
TÓPICO 2 — CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS SOBRE O ENSINO MUSICAL NA REGÊNCIA
197
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A imitação é um recurso didático privilegiado, ainda que não possa ser usado
de forma isolada, sem outros recursos complementares.
198
AUTOATIVIDADE
199
3 Algumas situações de ensino musical podem exigir que o regente busque
formas alternativas de se comunicar gestualmente. De acordo com estas
necessidades, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Gestos fora dos padrões da regência não devem ser utilizados, pois não
ajudam no desenvolvimento musical dos alunos.
b) ( ) A respiração como meio de comunicação do regente só tem utilidade
quando se rege coros, instrumentos de cordas e de sopro não se
beneficiam deste mecanismo.
c) ( ) Na utilização da cabeça para dar entradas, não é necessário se ater aos
princípios fundamentais da regência, por exemplo o gesto preparatório
e o plano de regência.
d) ( ) É possível que o regente tenha que se comunicar gestualmente com a
cabeça, expressões faciais e/ou respiração, pois frequentemente tocará
juntamente com seus alunos.
200
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao último tópico do nosso livro de regência! Esperamos
que você tenha gostado da jornada até aqui e desejamos uma boa leitura deste
finalzinho de livro. Neste tópico, falaremos sobre os contextos de atuação mais
comuns para a regência. Para tanto, classificaremos os espaços de atuação em
dois grandes grupos: formais e não formais. Esta nomenclatura tem sua origem
no reconhecimento da intencionalidade do ensino:
201
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
DICAS
202
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
203
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
NOTA
204
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
DICAS
Assista também ao vídeo sobre os projetos sociais promovidos pelo grupo cultural
AfroReggae.
205
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Os jovens neste ambiente podem ter certa rejeição a pessoas que vêm de
fora da comunidade, ou que tenham melhor condição financeira que a maioria
das famílias dos participantes. Até porque, para eles, essa pessoa pertence
a outro grupo social e não ao deles, ou ainda, acreditam que ela está ali para
fazer “caridade”, podendo se sentir humilhada por isto. Não é impossível você
construir uma relação de confiança e respeito, através da empatia, do tratamento
humano e do estabelecimento de regras de conduta, mas sempre reflita sobre
como aquele grupo perceberá você dentro do contexto em que eles vivem.
Por outro lado, o regente pode sim ser alguém pertencente à comunidade, ou
que compartilhe condições similares às dos participantes. Neste caso, a sua história
de vida e suas conquistas poderão servir de inspiração para os jovens ali presentes,
ainda que ele possa ter problemas de natureza similar ao mencionado anteriormente.
206
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
207
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
NOTA
208
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
209
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
210
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
211
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Quando crianças e adolescentes são os alunos desta escola, por vezes, estas
exigências podem vir dos seus responsáveis financeiros. Ainda pode acontecer de
que a criança, por si, não está muito interessada em fazer aulas de música, mas
um dos pais quer oferecer “do melhor” para o filho e coloca na aula de música,
podendo até acontecer de ser um dos pais que, de fato, gostaria de aprender
música e por projeção psicológica acaba matriculando seu filho para se realizar
por extensão.
212
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
demandas que a escola traz para você, contra-argumentando quando elas forem
excessivas e você não esteja conseguindo ter uma proposta pedagógica adequada,
lembrando sempre de valorizar as oportunidades de performance que as datas
festivas oferecem.
213
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
214
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
215
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Assim, boa parte das atividades que envolvam execução musical serão
beneficiadas caso o professor de música tenha a regência moderadamente
desenvolvida. Reiteramos enfaticamente a advertência da autora que a prática
musical seja algo vivo e presente nas aulas de música na educação básica e não
algo que se fala sobre.
216
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
DICAS
217
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Além destas questões, é importante ter uma boa relação pessoal com a
equipe pedagógica, bem como com os outros professores, pois, frequentemente,
quem trabalha com prática musical na escola precisa da colaboração e da boa
vontade do resto da equipe para questões de barulho e de organizar apresentações.
Existe uma fábula sobre dois vendedores de sapato que foram enviados
para um local cuja população local havia sido colonizada por povos europeus
(algumas versões dizem África, outras Índia), a fim de verificar possibilidades
futuras para a venda de calçados. Ao chegar no seu destino o primeiro dos dois
vendedores mandou mensagem para a fábrica dizendo “Péssima oportunidade,
aqui não se usam sapatos”, enquanto o segundo comunicou à fábrica “Aumentem a
produção, pois aqui ninguém usa sapatos ainda, temos uma ótima oportunidade”.
218
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
219
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
A faixa etária dos estudantes pode ser variada, dependendo das normas
específicas de cada instituição. Mas, tendo em vista que os cursos oferecidos se
enquadram como cursos técnicos, é mais comum que o público seja composto
por adolescentes e adultos. Por exemplo, o edital de seleção para o CMP de
Itajaí, menciona que os candidatos devem ter concluído, pelo menos, o ensino
fundamental e completar 15 anos de idade até o final do primeiro ano letivo
(ITAJAÍ, 2018).
220
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
221
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
NOTA
222
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
223
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
224
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Neste último tópico, iniciamos com uma discussão sobre a distinção entre
ensino formal e não formal, avaliando as implicações e que intencionalidade
têm para a educação. A partir daí, discorremos sobre alguns dos contextos não
formais de atuação do regente, com destaque para projetos sociais, instituições
religiosas, escolas de música, entre outros, trazendo certas características de cada
um deles. Relembrando que a discussão trazida aqui não teve como objetivo
ser aprofundada, ainda que aspectos importantes tenham sido mencionados.
Busque sempre informações mais específicas com professores e trabalhos que
abordem as situações que você esteja vivenciando. Finalmente, fizemos o mesmo
procedimento para contextos formais de atuação: educação básica, conservatórios
musicais e ensino superior, falando um pouco sobre o público-alvo de cada um
dos espaços, das características curriculares e do trabalho com educação musical,
estrutura material etc.
225
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
226
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Kleber (2008) analisa a educação musical nos projetos sociais dizendo que
“a música é fruto de práticas sociais que interagem na dinâmica da diversidade
cultural” (KLEBER, 2008, p. 214). Para essa autora, as práticas musicais são fruto
das articulações socioculturais, de caráter coletivo e interativo, refletindo-se na
organização social e no modo de ser dos grupos sociais. Seus estudos falam do
papel da educação musical nos projetos sociais colaborando para minimizar as
desigualdades em busca da dignidade humana. As vivências musicais têm um
grande significado para a reconstrução de novas noções de valores pessoais e
sociais. A educação musical nos projetos sociais precisa reconhecer que “a
produção de conhecimento pedagógico- musical deve considerar múltiplos
contextos da realidade social, dissolvendo categorias hierárquicas de valores
culturais” (KLEBER, 2008, p. 234).
227
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Para Penna (2008) o processo de educação musical deve ter como objetivo
uma mudança na experiência de vida do educando e a função do ensino da música
é: “ampliar o universo musical do aluno, dando-lhe acesso à maior diversidade
possível de manifestações musicais” (PENNA, 2008, p. 25).
228
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Para Souza (2000), a educação musical não deve ficar na “mera transmissão
de conhecimentos, mas a produção de uma consciência verdadeira que exigiria a
participação de pessoas emancipadas” (SOUZA, 2000, p. 179).
229
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
Nos relatos dos entrevistados verificou-se que por ser uma atividade em
grupo a orquestra se identificou como uma forma de interação entre diferentes
integrantes. A estudante demonstra como aprende com seus colegas: “eu aprendi
tudo assim com o Vitor [colega], e também Piratas do Caribe eu aprendi com ele o
começo e o resto eu ficava olhando a Érica [educadora] e tentando tocar”(Thyane,
entrevista, 2012).
230
TÓPICO 3 — CONTEXTOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática musical é um ato social e coletivo e deve ser oferecido para todos
como um direito ao ensino musical. O grupo musical de orquestra pode ser o meio
que possibilita importantes interações entre os integrantes. Observou-se com
essa pesquisa que a apreciação musical (ouvir) bem como o fazer musical (tocar)
promoveram o desenvolvimento humano dos estudantes. Além disto, auxiliaram
na promoção de sua cidadania plena, tanto por propiciar a oportunidade do
exercício da arte em sua plenitude, quanto, do ponto de vista social, possibilitar
alternativas àqueles que porventura se encontrassem em situação de risco social.
231
UNIDADE 3 — REGÊNCIA E EDUCAÇÃO MUSICAL
FONTE: TAMONTE, C. A.; GRUBISIC, K. Orquestra escola: educação musical e prática social.
In: V Encontro Nacional de Ensino Coletivo de Instrumento Musical, 2012, Goiânia. Anais
Eletrônicos… Goiânia, UFG, 2012, p. 48-57.
CHAMADA
232
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
233
AUTOATIVIDADE
234
3 Os conservatórios são instituições que se dedicam, especificamente, ao
ensino musical. Com relação às características dos conservatórios musicais,
analise as sentenças a seguir:
235
236
REFERÊNCIAS
ABRAFAVI. Regulamento do XIV campeonato estadual de bandas e fanfarras
do estado de Santa Catarina. Schroeder, ABRAFAVI, 2019.
237
CUNHA, E. S. Compreender a escola de música: uma contribuição para a
sociologia da educação musical. Revista da ABEM, Londrina, v. 19, n. 26, p. 64-
72, jul./dez. 2011.
238
GREEN, E. A. H. The modern conductor. 6. ed. New Jersey: Prentice Hall, 1997.
239
PRADO-NETTO, A.; COSTA, O. S. A importância da psicologia da
aprendizagem e suas teorias para o campo do ensino-aprendizagem. Revista
Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 27, n. 2, p. 216-224, abr./jun. 2017.
240
WILLE. R. B. As vivências musicais formais, não-formais e informais dos
adolescentes. 152 p. Dissertação (Mestrado em Música). Porto Alegre: UFRGS,
2003.
241