Você está na página 1de 100

INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA - IFSC

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

HEBREUS VINICIUS DA SILVEIRA GUIMARÃES

TARRAFA COM DISPOSITÍVO PARA ABERTURA E ARREMESSO

FLORIANÓPOLIS, 2019
HEBREUS VINICIUS DA SILVEIRA GUIMARAES

TARRAFA COM DISPOSITIVO PARA ABERTURA E ARREMESSO

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao


Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Santa Catarina como parte dos
requisitos para obtenção do título de Tecnólogo
em Design de Produto.

Orientadora: Professora Doutora Fabiola Reinert

FLORIANÓPOLIS, 2019

2
3
RESUMO

A tarrafa é uma ferramenta basicamente constituída por uma rede de forma cônica com
chumbadas (pesos de chumbo) na extremidade inferior e uma fieira (fio longo) em sua
extremidade superior, que é utilizada para a pesca em grande parte dos rios e mares
do Brasil. Funciona como uma rede que pode ser jogada e proporciona um tipo de
pesca dinâmica e eficiente. Em Florianópolis a tarrafa é tradicionalmente utilizada por
pescadores nativos e as técnicas para o uso desta são passadas de pai para filho
geração após geração, sendo que pessoas fora desse contexto tem grande dificuldade
para usar a tarrafa por desconhecimento da técnica. Este projeto desenvolveu um
dispositivo para tarrafas de rufo, para que estas não necessitem de técnicas complexas
para seu uso, possibilitando atingir uma gama maior de pessoas que fazem da pesca
uma forma de lazer.

Palavra chave: tarrafa; pesca; lazer

4
ABSTRACT

The tarrafa is a tool basically constituted by a conical shaped net with sinkers (lead
weights) at the lower end and a spinneret (long yarn) at its upper end that is used for
fishing in most of the rivers and seas of Brazil. It functions as a playable net and
provides a dynamic and efficient type of fishing. In florianópolis the tarrafa is traditionally
used by native fishermen and the techniques for the use of it are passed from father to
son generation after generation. This project will develop a package that does not
require complex techniques for its use, making it possible to reach a wider range of
people who make fishing a form of leisure.

Keywords: ​tarrafa; fishing; recreation

5
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 08
1.1 OBJETIVOS​................................................................................................................ 08
1.2 JUSTIFICATIVA​.......................................................................................................... 09
1.3 METODOLOGIA​......................................................................................................... 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA……..………………..…………………….………….…... 13
2.1 Pesca e lazer​.............................................................................................................. 13
2.2 A Tarrafa​..................................................................................................................... 14
2.3 Ergonomia​................................................................................................................... 18
2.4 Empresa Parceira: Bras Manuel Ramos (BraPesca)​.................................................. 20
3 PESQUISA DE CAMPO……….………………………………………………….……….... 22
3.1 Conversas Com Pescadores​…………………………………………....………………... 22
3.2 Entrevistas Com Pescadores dos Ranchos da Tapera​……………………………….. 25
3.3 Análise da Tarefa: Passo a Passo do Arremesso Com Tarrafa​…………………..….. 27
3.3.1 Primeiro passo: Prender a fieira ao punho………………………………………... 29
3.3.2 Segundo passo: Enrolar a fieira e parte da malha……………………………….. 31
3.3.3 Terceiro passo: Dividir a tarrafa em duas partes iguais……..……………........ 34
3.3.4 Quarto passo: Dividir os chumbos………………………………………………..... 36
3.3.5 Quinto passo: Arremesso………………………………………………………....….. 39
3.4 Análise da Tarefa: Testes com pessoas com pouca experiência​…………………….. 41
3.4.1 Oswaldo de Andrade…………………………………………………………….…….. 42
3.4.2 Helena da Silveira Guimarães……………………………………………….……….. 43
3.4.3 Dayan Bisognin Aranda…………………………………………………….……….... 44
3.4.4 Daniel Martins Tsuji………………………………………………………………....…. 45
3.5 Questionário​…………………………………………………………………….………...... 47
3.6 Similares de mercado​………………………………………………………………........... 55
3.6.1 Tarrafas industriais………..……………………………………………………..…..... 55
3.6.2 Tarrafas artesanais……..………………………………………………...……………. 57

6
3.6.3 Lawaia……………………………………………………………………….................... 58
3.7 Público alvo​…………………………………………………………………………..……... 60
3.7.1 Perfil do público alvo………………………………………………………….……….. 60
3.8 Análise estética​…………………………………………………………………….………. 61
3.8.1 Saint Plus………………………………………………………………….……………... 61
3.8.2 Marine Sports……………………………………………………………….…………... 61
3.8.3 Shimano………………………………………………………………….………………. 62
4 DEFINIÇÕES DE PROJETO E ELABORAÇÃO DE REQUISITOS……………….…... 64
4.1 Requisitos​……………………………………………………………………………….….. 64
5 CRIAÇÃO………………………………………………..……………………………………. 67
5.1 Painéis​……………………………………..……………………………………..……….... 67
5.2 Geração de alternativas​…………………………………..…………………………...….. 70
6 EXECUÇÃO…………………………….………………………………………………......... 74
6.1 Memorial descritivo​……………………………………..………………………………….. 83
6.2 Materiais​……………………………………..…………………………………………….... 87
6.3 Processo produtivo​……………………………………………………………………….... 87
6.3.1 Montagem……………………………………..…………………………………………. 88
6.4 Ambientação​……………………………………..…………………………………………. 91
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………..………………………….. 93
Referências…………………………………………………………………………………….. 94
Apêndice………………………………………………………………………………………... 96

7
1 INTRODUÇÃO

É comum nas praias de Florianópolis visualizar a prática da pesca com tarrafa


pelos pescadores locais e além disso a pesca como forma de lazer de várias famílias
que aos fins de tarde se reúnem à beira-mar e capturam o pescado para consumo
próprio. Esses costumes são ainda mais frequentes durante o período de férias em que
o número de pessoas se amplia.
O interesse pela tarrafa é notável e normalmente os ’’tarrafeadores’’ ficam
rodeados por pessoas que apreciam a forma como eles realizam os arremessos.
Existem diferentes tipos de tarrafas com características e dificuldades diferentes de
aprendizado, porém tarrafear é um ato que necessita algum tempo de prática, levando
semanas, meses ou até anos para conseguir arremessos perfeitos dependendo do
tamanho e do tipo de tarrafa utilizada.
Para ampliar a pesca com tarrafa como forma de lazer o intuito desse trabalho é
desenvolver um dispositivo que facilita os arremessos e que não sejam necessárias
técnicas complexas para tal, tornando assim mais prático e viável para aqueles que
desejam experimentar o uso dessa ferramenta, possibilitando serem lançadas até
mesmo por crianças.

1.1 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Desenvolver um mecanismo de abertura para tarrafas de rufo, para que possam


ser utilizadas de forma facilitada em comparação às tarrafas já existentes e com isso
ampliar esse tipo de pesca como forma de lazer.

8
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Identificar o público alvo e suas características.


● Definir o tipo de tarrafa a ser estudada e suas proporções.
● Identificar os problemas ergonômicos e de uso nos diferentes tipos de tarrafa.
● Estudar os materiais utilizados na produção das tarrafas vendidas no mercado e
outros tipos de materiais para o mesmo.
● Desenvolver mecanismos que facilitem o arremesso da tarrafa

1.2 JUSTIFICATIVA

O projeto tem como intuito diminuir a complexidade do uso da tarrafa, através do


desenvolvimento de um dispositivo que facilite o arremesso, além do aprimoramento
estético visando torná-la mais atrativa, para ampliar a pesca com tarrafa como forma de
lazer.
A grande maioria das tarrafas tradicionais presentes no mercado sejam elas
artesanais ou industriais não se preocupam com a ergonomia da ferramenta, o que
muitas vezes gera dores nas costas, braços e ombros. Além disso os movimentos
necessários para realização das técnicas de arremessos contribuem para tensões que
podem gerar lesões.
A partir da pesquisa de campo constatou-se que grande parte das pessoas
demonstraram interesse na pesca com tarrafa porém não tiveram oportunidade, nem
contato com a ferramenta, pois a mesma e suas técnicas, na maioria das vezes é
apresentada e ensinada pela família. Aqueles que sabem tarrafear e tem contato direto
com a ferramenta, herdaram os conhecimentos de seus pais avós e bisavós que os
ensinam desde a infância e aqueles que não possuem esse contato encontram
dificuldades no aprendizado e muitas vezes acabam desistindo da ferramenta.

9
1.3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada é o GODP (guia de orientação para desenvolvimento de


projetos): metodologia de design centrada no usuário, constituída por oito etapas
distintas, com o objetivo de organizar as ações do projeto de forma pertinente para que
este seja concebido de forma consciente (figura 1).

Figura 1 - GODP

Fonte: Núcleo de gestão de Design

O método pode ser dividido em três macro etapas sendo elas Inspiração
(oportunidade, prospecção/solicitação, levantamento de dados), Ideação (organização
e análise de dados e criação) e Implementação (execução, viabilidade e criação).

INSPIRAÇÃO

-1 Oportunidades: Verificar em que nicho de mercado a tarrafa se aloca, tendo


em vista um panorama local, nacional e até mesmo internacional.

10
0 Prospecção/Solicitação: Prospectar o público e a demanda deste em relação a
proposta do projeto, qual a relação do público com a tarrafa, seu contato com
esta, suas dificuldades, e reclamações através de questionários, entrevistas e
análises da tarefa.

1 Levantamento de Dados: Definir com base no levantamento de dados, junto às


necessidades e expectativas do usuário quais seriam as mudanças necessárias
na tarrafa, para que se torne menos complexa. Contemplando os requisitos de
ergonomia, além de estética e normas técnica.

IDEAÇÃO

2 Organização e Análise dos Dados: Analisar e organizar as informações


coletadas na etapa anterior, além de criar e hierarquizar requisitos de projeto, a
fim de obter estratégias para a etapa de criação.

3 Criação: Com estratégias definidas, como, quais tipos de processos criativos a


serem utilizados, dá-se início a geração de alternativas intermediárias, as quais
serão submetidas à novas análises visando selecionar as que melhor
respondem às especificações do projeto.

IMPLEMENTAÇÃO

4 Execução: Desenvolvimento de protótipos para testes de usabilidade e


funcionalidade, nas alternativas que melhor atendem aos requisitos de projeto.
Nesta etapa, considera-se o ciclo de vida do produto em relação às
propostas. A partir destas são desenvolvidos protótipos (escala) e/ou modelados
matematicamente, para posteriormente elaborar o(s) protótipo(s) funcionais
do(s) escolhido(s), para os testes (de usabilidade, por exemplo).

11
5 Viabilidade: Definição da proposta que melhor atende os requisitos de projeto,
seguido por testes em situações reais do produto junto ao usuário, juntamente à
análises ergonômicas, da tarefa e de usabilidade. Nesta etapa também são
pensadas as formas como o produto será disposto no ponto e se será
necessário o uso de embalagem.

6 Verificação: Análise do projeto como um todo, a fim de buscar as


oportunidades geradas e que outros projetos poderiam ser efetuados a partir
deste e quais aplicações para que este possa contribuir nas diferentes áreas do
design e da sociedade

Para melhor funcionamento da metodologia durante a execução do projeto será


aplicado um roteiro de orientação, para o qual em cada etapa serão respondidas as
seguintes questões: O que é? O que Fazer? E Como fazer?

12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na fundamentação teórica serão apresentados, a relação entre a pesca e o


lazer, principalmente a pesca com tarrafa, o contexto da tarrafa no Brasil, quais os tipos
de tarrafa e os materiais que são produzidas, suas técnica e seu aprendizado.
Questões ergonômicas relevantes para o assunto, como a biomecânica e alguns de
seus conceitos e por fim uma apresentação da empresa parceira. Entretanto, por ser
um assunto ainda pouco estudado, foram encontrados poucos dados referentes a
pesca com tarrafa no Brasil. Sendo assim muitas informações foram obtidas através
daqueles que vivem da pesca.

2.1 Pesca e lazer

O lazer é essencial para uma melhora na qualidade de vida dos indivíduos e


segundo ​Júnior, Sferra e Bottcher (2012)​ entre outros benefícios pode-se citar:
[...] o combate ao estresse, que facilita a circulação do
sangue promovendo assim uma homeostase, ou
seja, um equilíbrio no meio interno do corpo,
colaborando na manutenção da saúde..

A pesca praticada como lazer e para consumo próprio serve como forma de
compensação do estresse diário e ainda contribui para uma dieta saudável.
Comer peixe regularmente traz muitos benefícios à saúde, é indicado pelo
menos 3 vezes na semana incluir o pescado na dieta. Entre os benefícios estão:
fornecer proteínas, prevenir doenças cardiovasculares, aliviar os sintomas da artrite,
fornecer vitamina D, entre outros ​(ZANIN, 2018). 
A  pesca  pode  ser  dividida  basicamente  em  duas  vertentes,  a  pesca  que  faz  do 
peixe  uma  mercadoria  a  ser  vendida,  praticada  por  pessoas  que  trabalham  com  isso, 
sejam  eles  pescadores  industriais  ou  artesanais e a pesca que é praticada como forma 
de lazer e não possui a intenção de venda do peixe ​(CATELLA, 2003)​.  

13
Aquela realizada como forma de lazer é denominada pesca esportiva, em que
seus praticantes não fazem do pescado uma mercadoria, esta pode ser praticada de
duas maneiras distintas. Uma para consumo próprio do pescado e outra somente pelo
prazer da pesca conhecida como pesque solte, em que é levado em consideração a
conservação das espécies ​(CATELLA, 2003)​.
A pesca com tarrafa é praticada por ambos os tipos de pesca. Na pesca
esportiva é utilizada principalmente por aqueles que tem o intuito de consumo do peixe
(PACIEVITCH, 2006)​.
No entanto existem tarrafas utilizadas na piscicultura que pela sua forma de
produção não machucam o pescado e poderiam ser aplicadas para pesca esportiva
que visa devolver o peixe a natureza.
No litoral de Santa Catarina são praticados diferentes tipos de pesca, com
diferentes materiais, entre eles caniço, tarrafa, gererê e até mesmo redes (SARTORI;
FLOR 2015).
A pesca com tarrafa pode ser mesclada com outros tipos de pesca, podendo ser
utilizada somente para obtenção de iscas, ou então para tipos diferentes de peixes,
promovendo variações e dinâmicas. A pesca do Robalo, por exemplo, é normalmente
efetuada com camarões vivos, então seria necessária a captura dos camarões com
tarrafa, para realizar a pesca com vara ​(BOUÇAS, 2012). 
 
2.2 A tarrafa

Tarrafa é um tipo de rede que pode ser arremessada e possui formato cônico,
quanto maior a altura do cone, maior será sua circunferência. É dividida em três
principais partes, fieira, malha, e chumbos (figura 2). A malha varia seu tamanho de
acordo com o que se pretende pescar, assim como o tamanho e quantidade de
chumbos das tarrafas. A fieira é um tipo de corda costurada à tarrafa que permanece
presa ao punho do pescador enquanto este a lança. O tamanho das tarrafas é medido
de acordo com o diâmetro da circunferência e os pescadores chamam a medida de

14
braças, o que representa em torno de um metro e meio. Existem tarrafas que podem
chegar a ter mais de 20 braças ​(CARDOSO, 2017)​.

Figura 2 - Partes da tarrafa

Fonte: acervo pessoal

Atualmente há vários tipos de tarrafas diferentes no mercado, que se diferenciam, pela


forma como o peixe é capturado. As tarrafas de rufo (figura 3) são aquelas que
possuem “bolsas” em sua parte inferior, logo abaixo do chumbo, nesta o peixe deve ser
emalhado para que seja capturado (SARTORI e FLOR, 2015).

15
Figura 3 - Tarrafa de rufo

Fonte: Acervo pessoal

As tarrafas de argola (figura 4), possuem um mecanismo para capturar o peixe.


A fieira é ligada aos chumbos por vários tirantes (fios de nylon) e a malha é costurada
em uma argola em sua extremidade superior. Após o arremesso, ao puxar a fieira, os
tirantes fazem com que os chumbos se unam formando uma “bolsa”, prendendo o
peixe no interior da tarrafa (SARTORI e FLOR, 2015).

Figura 4 - Tarrafa de argola

Fonte: Acervo pessoal

16
Contudo mais um tipo de tarrafa pode ser incluso. As tarrafas de camarão, que
não possuem argola ou rufo (figura 5).

Figura 5 - Tarrafa de Camarão

Fonte: Acervo pessoal

Empresas como a Engepesca (mais de 12 anos no mercado), e a Têxtil Sauter


(20 anos no mercado) oferecem entre seus produtos tipos diferentes de tarrafas. Entre
elas tarrafas mono e multifilamento de nylon que através do material e a forma de
produção diversificam ainda mais a gama de tarrafas. As tarrafas monofilamento são
produzidas com nós e normalmente são utilizadas para pesca com intuito de capturar o
peixe. Já as tarrafas multifilamento podem ser produzidas com e sem nós. As tarrafas
sem nós são normalmente utilizadas na piscicultura, pois reduzem os danos causados
pelas tarrafas aos peixes.
A pesca com tarrafa depende do aprendizado de técnicas de arremesso, que
podem variar entre os pescadores, porém todas possuem a mesma finalidade. O
objetivo ao lançar a tarrafa é de abri-la, buscando sempre atingir a totalidade de sua
circunferência instantes antes de tocar a água. Assim como no arremesso, existem
Técnicas para retirá-la da água, visando prender o peixe e não danificá-lo.​(CARDOSO, 
2017)​.

17
Em Florianópolis é comum a utilização dos três tipos de tarrafa, porém as mais
avistadas são as de rufo e camarão. As de argola normalmente são utilizadas com
mais frequência na época da tainha, pois é mais eficaz nesse tipo de pesca. Em
Conversa com tarrafeadores do Ribeirão da Ilha e da Tapera, além da aplicação de um
questionário informal com os mesmos, pode-se perceber que em sua maioria os
tarrafeadores sejam eles novos ou de mais idade, trazem as técnicas da tarrafa, tanto
em relação aos arremessos quanto a fabricação artesanal, de suas gerações
passadas. As famílias de pescadores passam seus conhecimentos adiante, ensinam
como o nó deve ser feito, qual linha deve ser utilizada, como manter o tamanho da
malha, entre outras várias minúcias que envolvem a produção de uma tarrafa artesanal
e assim se perpetua a pesca com essa rede. São criados, com vizinhos e amigos que
vivem da pesca e muitas vezes dependem da tarrafa para garantir o sustento. Para
esses não há tarrafas no mundo melhores do que aquelas feitas à mão.

2.3 Ergonomia

​A ergonomia é uma ciência aplicada em projetos de equipamentos, máquinas,


sistemas e tarefas. Seu objetivo é promover melhorias na segurança, saúde, conforto e
eficiência no trabalho (DUL;WEERDMEESTER, 2004). 
Para que se possa controlar máquinas e ferramentas deve-se através de nossos 
corpos transmitir alguma forma de energia para que estas executem suas funções. 
Como exemplo, ao arremessar a tarrafa transmite-se energia na forma de movimento, 
com isso sua função é executada. Já as máquinas e ferramentas funcionam como 
formas de extensão de nossos corpos para realização de diversas funções. Exemplo: a 
tarrafa funciona como extensão de nossas mãos e braços e serve para capturar peixes. 
A manipulação dessas ferramentas em que o homem transmite movimentos de 
comando à máquina é denominada manejo e pode ser classificada de duas principais 
formas: O manejo fino em que para transmitir os movimentos são utilizados 
principalmente os dedos, possibilitando maior precisão e velocidade e menos força e o 

18
manejo grosseiro em que os movimentos são transmitidos principalmente pelos 
punhos e braços, enquanto os dedos servem para prender, possibilitando transmitir 
maiores forças, com velocidade e precisão menores. ​(IIDA, 2003). 
Alguns princípios da ergonomia que visam melhorar e potencializar o uso de 
máquinas, equipamentos e ferramentas derivam de outras áreas do conhecimento 
como a Biomecânica na qual são aplicadas no corpo humano as leis físicas da 
mecânica, visando durante um movimento prever quais serão as tensões que ocorrem 
nos músculos e articulações, fisiologia que quantifica as demandas energéticas do 
coração e dos pulmões para realizar determinadas tarefas que exigem esforço 
muscular e a antropometria que ocupa-se das dimensões e proporções do corpo 
humano, que juntas permitem formular recomendações sobre a postura e o 
movimento. (​ DUL; WEERDMEESTER, 2004). 
De acordo com ​Dul e Weerdmeester (2004)​ para que lesões sejam evitadas é 
necessário reduzir tensões nos músculos e articulações e três dos princípios da 
Biomecânica que evitam isso são:  
- Conserve  o  peso  próximo  ao  corpo:  dessa  forma  evita-se  tencionar  os  braços  e 
costas,  quanto  mais  distante  a carga estiver do corpo, mais será exigido de seus 
músculos e articulações; 
- Evite curvar-se para frente: para prevenir dores, é necessário evitar inclinar-se por 
longos  períodos,  pois  há  contração  dos  músculos  e  ligamentos  das  costas  ao 
manter  essa  posição,  promovendo  dores  na  parte  inferior  do  tronco  onde  a 
tensão é maior;   
- Evite  inclinar  a  cabeça:  Devido  ao  peso  da  cabeça  ao  incliná-la  em  ângulos 
maiores  que  30  graus  os  músculos  do  pescoço  são  tencionados,  causando 
dores na nuca e nos ombros.   
-  
Além  desses  outros conceitos relacionados a atributos do usuário foram citados 
por  ​Gomes  Filho  (2012)  e  podem  ser  utilizados  para  melhoria e potencialização de uso 
na elaboração produtos. Entre eles podem ser citados:  

19
- Habilidade:  em  que  o  indivíduo  ao  manipular  objetos  demonstra  facilidade  e 
agilidade, 
- Força:  É  necessário  que  seja  compatível  ao  objeto,  para  que  seja  melhor 
manipulado. 
- Precisão:  Ao  agir,  reagir  ou  interagir  é  necessário  exatidão  ao  realizar  uma 
tarefa.  
- Sincronismo:  em  situações  em  que  ações  simultâneas  são  realizadas  ter  a 
capacidade de agir, reagir ou interagir.  
- Treinamento:  Trabalhar  ou  utilizar  algum  produto  ou  sistema  de  produto por um 
determinado tempo. 
- Experiência:  adquirir  conhecimento  ao  longo  do  tempo,  principalmente  pela 
frequência em relação à prática. 
Quando  questionadas  a  maioria  das  pessoas  que  utilizam  tarrafas reclamam de 
dores  nas  costas  e  ombros  e através do estudo dos princípios de ergonomia é possível 
encontrar soluções para esse problema.  
 
2.4 Empresa Parceira: Bras Manuel Ramos (Brapesca)

A empresa conhecida como Brapesca, localizada na rua Francisco Tolentino,


612, Centro, foi aberta no dia 8 de março de 2002. É uma empresa especializada nos
ramos da pesca e do camping, tendo foco principal nos produtos voltados à pesca
amadora e profissional, os quais não são produtores.
São conhecidos por vender panagens de rede e tarrafa, trabalham com todos os
tipos de tarrafa, de peixe e camarão, atualmente somente as industriais, pois as
tarrafas artesanais com o passar do tempo foram se tornando caras e revendê-las não
valia a pena.
Bras Manuel Ramos é uma empresa familiar que surgiu há 17 anos, num
momento em que seu Manuel (Proprietário da empresa), que trabalhou a vida inteira no
comércio estava correndo riscos de ficar desempregado, pois a empresa em que

20
trabalhava também do ramo pesqueiro (Siqueira Pesca) iria fechar. Com isso em mente
reuniu a família e o que tinha de dinheiro e decidiu comprar a empresa já falida, desde
então tem vivido e sobrevivido como comerciante no Centro de Florianópolis. 

21
3 PESQUISA DE CAMPO

Para a pesquisa de campo foram realizados questionários, entrevistas,


conversas, observações e análises da tarefa.
O questionário foi aplicado online, sendo compartilhado em redes sociais como;
Whatsapp, Facebook e Instagram ​(apendice a)​. Ficou disponível para resposta do dia
1 de abril de 2019 até o dia 11 de abril de 2019, atingindo um total de 63 pessoas.
As entrevistas com os pescadores dos ranchos da Tapera foram realizadas
pessoalmente, no local, no dia 5 de abril de 2019, com a participação de 10 pessoas.
Durante a realização do projeto diversas pescarias foram realizadas nas praias
de Florianópolis. Através da observação e de conversas com tarrafeadores, foram
tiradas dúvidas sobre tipos de pescarias com tarrafa, quais as tarrafas utilizadas em
cada um dos tipos e quais os principais peixes para cada um deles.

3.1 Conversas com pescadores

Visitando alguns pontos da ilha como Barra da Lagoa, Cacupé, Jurerê,


Canasvieiras, Tapera, Ribeirão da Ilha e observando os pescadores locais, foram
identificados os tipos de tarrafas e quais os melhores lugares e peixes para cada uma
delas:

1. Estando posicionado em costas, trapiches, pontes, barcos, plataformas, em


águas turvas, onde os peixes não podem ser avistados. A tarrafa é jogada e
somente recolhida após tocar o fundo. Utiliza-se a gíria tarrafear às cegas (figura
6). É um tipo de pescaria que depende da sorte e utiliza tanto às tarrafas de
argola como às de rufo. Esse tipo de pescaria varia muito o tipo de peixe a ser
pescado, podendo pegar diversas espécies, normalmente não se espera pegar
um tipo de peixe específico, mas sim aqueles que são comuns da região. Aqui

22
em Florianópolis são: a Cocoroca, o Papa-terra, a Canhanha, o Marimbal, entre
outros, além de frutos do mar como Caranguejos, Camarões e Siris.

Figura 6: Tarrafeada do alto com mar turvo

Fonte: Acervo pessoal

2. Estando posicionado às margens do mar, rios, lagos e com águas turvas, sem
poder avistar os peixes ou o fundo (figura 7). Pode ser feita na beira, ou a alguns
passos dentro d’água. A tarrafa é arremessada e somente recolhida após tocar
o fundo. Assim como a primeira é uma pesca que depende de sorte e utiliza-se
principalmente tarrafas de ruffo e de camarão. Em Florianópolis a pesca com
tarrafa de camarão é feita principalmente desta forma, no Cacupé, na Tapera, no
Sambaqui, entre outras.

23
Figura 7: tarrafeada do baixo com mar turvo

Fonte: Acervo pessoal

3. Estando posicionado em costas, trapiche, ponte,barcos, plataformas, etc., em


águas que permitem a visualização do peixe, em que o tarrafeador ao
enxergá-lo arremessa a tarrafa e espera afundar apenas o suficiente para que o
peixe seja emalhado para recolhê-la novamente. O funcionamento da tarrafa de
argola facilita esse tipo de pesca, porém também é possível ser praticado com
as tarrafas de rufo. Exemplo: a pesca da Tainha realizada no canal da Barra da
Lagoa em Florianópolis (Figura 8).

Figura 8: Tarrafeada no canal da Barra

Fonte: Acervo pessoal

24
4. Estando posicionado às margens do mar, rios, lagos, entre outros e com águas
que possibilitam a visualização do fundo e dos peixes. Ao avistar o peixe a
tarrafa é lançada, então esperasse apenas o suficiente para que o peixe seja
emalhado para recolhê-la. É praticada principalmente com a tarrafa de ruffo.
Exemplo: a pesca da tainha realizada em laguna (figura 9).

Figura 9: Tarrafeada em laguna

Fonte: Acervo pessoal

3.2 Entrevistas com pescadores dos ranchos da Tapera

As entrevistas com os pescadores foram realizadas pessoalmente, no dia 5 de


abril de 2019, numa sexta-feira das oito horas ao meio dia, 10 pessoas participaram da
entrevista. Seis Principais perguntas foram realizadas: Com quem aprendeu a
tarrafear? Que tipo de tarrafa acha mais difícil? Rufo ou argola? Por que acha essa
mais difícil? Você sabe fazer tarrafas? Como e com quem aprendeu a fazer tarrafas?
Como são 25 ranchos que são divididos para duas pessoas cada, as entrevistas
atingiram pessoas que não foram contabilizadas, mas que contribuíram de alguma
forma para a pesquisa. Tratou-se sobre os tipos de tarrafas e quais os locais ideais

25
para pescar com cada uma delas. Além disso, observou-se os pescadores tarrafeando
embarcados. É importante lembrar que não foi aplicado questionário online para os
pescadores dos ranchos, pois grande parte deles é analfabeto ou possui baixa
escolaridade.
As conversas com os pescadores dos ranchos da Tapera mostraram a
familiaridade dos mesmos com a tarrafa. Foi possível perceber que em Florianópolis
existe uma técnica predominante e que é incomum ver outras técnicas sendo
utilizadas. A Técnica utilizada em Florianópolis, utiliza a boca, enquanto outras utilizam
ombro e cotovelo para armar a tarrafa para o arremesso.
O objetivo das conversas era saber como os conhecimentos de técnica de
arremesso e fabricação das tarrafas era aprendido e passado adiante. Todos os
ribeirinhos entrevistados tiveram contato com a pesca desde criança, e aprenderam
suas técnicas com seus pais e vizinhos, sejam elas de tarrafa ou rede. Vivem em uma
comunidade que se ajuda! Tem aqueles que produzem ostras, mariscos, pescam com
redes e tarrafas, e além de venderem o pescado compartilham entre eles para
consumo próprio e alimentação básica. Apesar de ainda ser abundante a quantidade
de peixes, relatam tempos melhores em que a fartura era ainda maior.
Poucos preferem as tarrafas de argola, pois dizem que os tirantes vivem
estourando, além de ser mais fácil de enredar. Preferem as de camarão pois são mais
leves e fáceis de arremessar, mas ainda há aqueles que preferem as gigantes para
peixes grandes, com mais de 30 braças.
Alguns deles fazem tarrafas, tanto para uso próprio quanto por encomenda.
Demoram em torno de 2 a 5 meses dependendo da tarrafa e o preço varia entre 1500 a
4000 reais dependendo do tamanho e tipo de tarrafa.
Não há tarrafas como as artesanais para fazer um roda perfeita, disse um dos
pescadores que mostrou a diferença entre as industriais e as artesanais. Enquanto a
tarrafa artesanal é feita “inteira”, sem costuras, as industriais são feitas com retalhos de
panagem com formato triangular costurados uns nos outros. As técnicas para produção
das tarrafas são passadas pelos familiares e pela comunidade O diferencial de uma

26
tarrafa artesanal é que cada nó é revisado e testado e ainda há aqueles que reforçam
os nós para que não arrebente.
Conclui-se com as entrevistas que os ribeirinhos possuem muitas informações
referentes às técnicas de arremesso e produção das tarrafas. Suas técnica são
passadas por pessoas próximas e o aprendizado é iniciado na infância. Bons
arremessos demandam tempo e dedicação. Tarrafas de rufo e camarão são mais
indicadas para principiantes, por serem menos complexas que as de argola. As tarrafas
de argola além de complexas enredam e estragam com mais facilidade devido o seu
funcionamento. As tarrafas artesanais são mais resistentes e podem ser abertas em
sua totalidade, porém a produção é lenta e o preço é elevado. As industriais são mais
baratas e produzidas rapidamente, mas não são tão resistentes e pela forma como a
costura é feita acabam não abrindo totalmente.

3.3 Análise da tarefa: Passo a passo do arremesso com tarrafa.

O passo a passo será mostrado a partir da técnica mais comumente utilizada


entre os ​tarrafeadores​, com o propósito de contabilizar e descrever os movimentos
necessários para a realização de um arremesso. Cada tarrafeador, possui manias
diferentes na sua forma de utilizar a técnica, adotando certas minúcias que a torna
única para cada um deles. A tarrafa utilizada é uma tarrafa de camarão, que em
relação a técnica não se diferencia das demais tarrafas, de ruffo e argola. Foram
realizados 5 arremessos para a realização da análise.
Para realizar o passo a passo foi escolhida uma pessoa com experiência nos
três principais tipos de tarrafa, Sr. Sidinei Vargas, o qual foi entrevistado através de
uma conversa informal, em que contou um pouco de sua história e sua relação com a
pesca. Nascido no ano de 1967 foi criado em Florianópolis e teve contato com a pesca
desde novo e apesar de seus pais não serem pescadores, possuía tios e vizinhos que
viviam da pesca, esse contato direto o fez ter interesse em aprender sobre esse tipo de
pesca.

27
Utiliza a tarrafa desde seus doze anos e tem preferência pelas de camarão, pois
são mais leves e mais fáceis de abrir. Aprendeu a tarrafear com um tio que o levava
para pescar no Ribeirão da Ilha e a 40 anos, tanto o Ribeirão quanto a Tapera, tem
sido seus principais pontos de pesca.
Para análise mais concreta dos movimentos e posições, foi aplicado através de
um aplicativo o método RULApp. O objetivo do método é avaliar através de análise
postural riscos de lesões musculoesqueléticas na atividade em questão.
O aplicativo RULA é uma ferramenta de auxílio para a aplicação do método
RULA, este gera um relatório referente a posição adotada durante a execução da tarefa
e de forma quantitativa avalia os riscos de lesões. Funciona através de pontuação,
quanto maior a pontuação maior o nível de risco e necessidade de mudanças na tarefa
(figura 10).

28
Figura 10: Níveis RULApp

Fonte: Adaptado de RULAapp

Serão selecionadas as posturas mais frequentes em cada um dos passos para


realizar a avaliação.

3.3.1 Primeiro passo: Prender a fieira ao punho.

Com a tarrafa no chão ou dentro de um balde, pega-se a fieira, que em sua


extremidade superior possui uma espécie de laço. A fieira serve justamente para
manter a rede presa ao corpo do tarrafeador o que possibilita maior alcance ao ser
arremessada. Segura-se a fieira com a mão esquerda, a qual posiciona o laço no
punho direito do ​tarrafeador,​ que certifica-se de apertá-lo e deixá-lo firme. Nesse
passo o manejo fino é utilizado, pois manuseia o fio somente com a ponta dos dedos,
desde abrir o laço até apertá-lo no punho (figura 11). Com a utilização do Rula, pode se
ver na tabela 1, que o nível desta atividade é 2, podendo oferecer riscos posturais .

29
Figura 11: Passo 1

Fonte: Acervo pessoal

30
Tabela 1: Relatório RULA primeiro passo

Postura Relatório:

Fonte: Acervo pessoal

3.3.2 Segundo passo: Enrolar a fieira e parte da malha.

Após fixar o laço da fieira ao punho direito o tarrafeador começa a enrolá-la com
a mão esquerda, em torno da mão direita que a segura, formando pequenas argolas
que iniciam no dedo indicador e dão a volta na mão, começando pelo lado de fora e
terminando na palma. Parte da malha também é enrolada até a tarrafa atingir a altura
desejada para realização de um arremesso. Como a malha é mais espessa que a

31
fieira, a mão direita posiciona-se praticamente paralela ao chão para que as argolas
não se desfaçam entre uma volta e outra. Conforme a tarrafa vai sendo enrolada, os
braços e tronco do tarrafeador se posicionam de maneira mais solta no início, pois
tanto a fieira quanto a malha são leves. O braço direito faz movimentos curtos no início
e longos nas últimas voltas . Ao final os movimentos ficam mais lentos e rígidos, devido
a influência do peso dos chumbos posicionados na extremidade inferior da tarrafa.
Durante a última volta o tronco é abaixado, para logo após suspender a tarrafa ao ser
levantado, também nessa volta a malha é posicionada entre o indicador e o dedo
médio. Nos 5 arremessos realizados, foram dadas entre 9 e 11 voltas para atingir o
tamanho ideal desejado pelo tarrafeador. Por necessitar de mais força e movimentos
mais simples, utiliza-se o manejo grosseiro em praticamente toda a realização do
segundo passo em que os movimentos são feitos principalmente pelos braços e a mão
serve para prender (figura 8). Com a utilização do Rula, pode se ver na tabela 2, que o
nível desta atividade é 4 e oferece alto risco de lesões posturais.

Figura 8: passo 2

Fonte: Acervo pessoal

32
Tabela 2: Relatorio RULA segundo passo
Postura Relatório

Fonte: Acervo pessoal

33
3.3.3 Terceiro passo: Dividir a tarrafa em duas partes iguais.

Com a mão direita acima da altura do ombro para manter a tarrafa suspensa, o
tarrafeador leva a mão esquerda até a parte inferior da tarrafa para pegá-la e levá-la
até a boca. Segura com os dentes da frente a corda entre os chumbos, dividindo-a em
duas partes. A mão esquerda então desce posicionando-se praticamente na
extremidade inferior e em direção a parte interna da tarrafa.
Nessa etapa cada um dos braços executa um tipo de manejo. O braço direito,
manejo grosseiro por permanecer com a mão fechada utilizando principalmente a
palma para prender a malha e o braço para sustentar o peso. Enquanto a mão direita
utiliza a ponta dos dedos para para manusear e levar a corda de chumbo até os dentes
(figura 9). Com a utilização do Rula, pode se ver na tabela 3, que o nível desta
atividade é 4 e oferece alto risco de lesões posturais.

Figura 9: passo 3

Fonte: Acervo pessoal

34
Tabela 3: Relatório RULA terceiro passo
Postura Relatório

Fonte: Acervo pessoal

35
3.3.4 Quarto passo: Dividir os chumbos

Com a extremidade inferior da tarrafa presa aos dentes e a malha dividida em


duas partes iguais, com a parte de cima da mão e dos dedos da esquerda a malha
começa a ser passada em sua direção, com intuito de dividir o peso da tarrafa. Tanto a
malha quanto o chumbo se acumulam no punho do tarrafeador que repete o
movimento até os chumbos serem divididos até um pouco menos da metade, o
movimento foi repetido entre 11 e 14 vezes nos cinco arremessos analisados. Os
dedos e a mão permanecem em formato de concha durante a realização dos
movimentos repetidos.
A mão esquerda então é levada na direção do bolo de tarrafa na parte superior,
rotacionando o punho e segurando a malha com a palma e o polegar, que manuseiam
a malha para ser pega entre o indicador e o dedo médio, nesse momento o tarrafeador
curva o tronco e praticamente encosta os chumbos da tarrafa no chão para que a linha
de chumbos em sua boca seja esticada e então segura a linha de chumbos
posicionadas na frente com o polegar, logo após levanta-se e preparar-se para o
arremesso, deixando a mão esquerda levemente acima da linha da mão direita.
Novamente nessa etapa são necessários o uso de dois tipos de manejo,
simultaneamente, grosseiro pelo braço direito pelo mesmo motivo da etapa anterior e
fino com o esquerdo em que utiliza a parte externa da mão para passar os chumbos,
para em seguida usar a ponta dos dos dedos para segurar a malha e os chumbos
(figura 10). Com a utilização do Rula, pode se ver na tabela 4, que o nível desta
atividade é 4 e oferece alto risco de lesões posturais.

36
Figura 10: passo 4

Fonte: Acervo pessoal

37
Tabela 4: Relatório RULA Quarto passo
Postura Relatório

Fonte: Acervo pessoal

38
3.3.5 Quinto passo: Arremesso

Após a tarrafa estar completamente armada o tarrafeador a levanta acima da


linha dos ombros, para que os chumbos fiquem mais soltos, então inicia o movimento
de arremesso, rotacionando o tronco e os braços para trás, logo em seguida rotaciona
o tronco na direção contrária a anterior juntamente com os braços. A mão esquerda
permanece com a palma serrada e voltada para cima. Ao atingir o lado esquerdo do
corpo a mão esquerda libera malha presa entre o dedo médio e o indicador, juntamente
a isso, os dentes se abrem liberando a corda de chumbos. O movimento termina com o
polegar soltando a corda de chumbos juntamente com a abertura da mão direita que
segura a fieira e o restante da malha da tarrafa.
Novamente no quinto passo o braço direito utiliza manejo grosseiro ao utilizar a
mão somente como forma de prender, em que o objeto mantém contato principalmente
com a palma. Já a mão esquerda utiliza manejo fino ao manipular a malha e os
chumbos com a ponta do dedo, principalmente o polegar que conduz a última parte da
tarrafa a ser solta (figura 11). Com a utilização do Rula, pode se ver na tabela 5, que o
nível desta atividade é 4 e oferece alto risco de lesões posturais.

Figura 11: passo 5

Fonte: Acervo pessoal

39
Tabela 5: Relatório RULA quinto passo
Postura Relatório

Fonte: Acervo pessoal

É importante ressaltar que cada tarrafeador possui manias próprias que muitas
vezes se diferenciam entre eles. Sidinei utiliza com frequência o dedo médio e
indicador para separar partes da tarrafa o que para outros​ tarrafeadores​ é incomum.

40
Durante vários momentos as posições adotadas por Sidnei podem provocar
lesões tanto nas costas quanto nos ombros e braços. A partir do segundo passo seu
corpo passa a ter influência do peso da tarrafa e a mesma é mantida a certa distância
do corpo, tensionando os ombros, o mesmo vale para cabeça que a partir do terceiro
passo quando segura a corda de chumbos com os dentes, permanece inclinada até
praticamente o fim do arremesso. Várias vezes durante os 5 passos Sidnei curva as
costa o que também o faz tencionar músculos e ligamentos. O indicado para cada uma
das situações seria, manter as cargas próximas ao corpo, evitar inclinar a cabeça e
evitar curvar as costas, evitando tensões e consequentemente lesões.
As análises a partir do método RULA, comprovam que a realização da tarefa do
arremesso, precisa de mudanças urgentes, podendo provocar lesões pelas posturas
adotadas. Quatro dos cinco passos possuem nível 4 no aplicativo RULApp. Apenas o
primeiro passo possui nível 2, pois não sofre influência do peso da tarrafa.

3.4 Analise da tarefa: Testes com pessoas com pouca experiência.

Foram realizados testes com quatro pessoas com pouca experiência no uso da
tarrafa, a fim de saber o nível intuitivo e de dificuldade no arremesso da tarrafa. Em um
primeiro momento as pessoas tentaram realizar um arremesso sem receber instruções,
Apenas que a tarrafa é arremessada e que deveriam tentar realizar um arremesso, com
o propósito de saber o quão intuitiva a tarrafa poderia ser. A análise realizada nesse
primeiro momento teve como base os 5 passos anotados anteriormente no projeto.
Prender a fieira ao punho, enrolar a fieira e parte da malha, dividir a tarrafa em duas
partes iguais, dividir os chumbos e por fim o arremesso.O nível de intuição foi definido
levando em consideração a realização de cada um dos passos.
Em um segundo momento a principal técnica utilizada pelos pescadores em
Florianópolis foi passada para que pudessem tentar realizar alguns arremessos e ter
noção do nível de dificuldade na realização dessa tarefa.

41
Para facilitar o entendimento dos dados coletados em relação a quão intuitiva é
a tarrafa, foi elaborada uma tabela mostrando quais foram os pontos cumpridos por
cada uma das pessoas analisadas.

3.4.1 Oswaldo de Andrade

Oswaldo tem 19 anos e tem contato com a pesca desde novo, pois nasceu em
Florianópolis e sempre gostou de pescar, porém não com a tarrafa. Apesar de ter
tentado algumas vezes, nunca teve um tutor que pudesse o ensinar a arremessar e
acabou não insistindo pela dificuldade.
Em um primeiro momento sem receber instruções, analisou a ferramenta e deu
início a preparação da mesma para realizar o arremesso, por já ter visto em diversos
momentos tarrafeadores realizando arremessos já sabia quais os passos, porém, sem
saber a ordem, nem como fazer. No primeiro passo ao prender a fieira ao punho, no
início não percebeu o laço, mas após algum tempo de verificando a tarrafa colocou no
punho. No segundo passo em que deveria enrolar a fileira e parte da malha, antes de
enrolar da maneira comum tentou algumas formas alternativas, passando pelo cotovelo
e mão para que as voltas tivessem o mesmo diâmetro, porém ao enrolar parte da
malha, não buscou um tamanho confortável. Inverteu a ordem dos dois próximos
passos, então, dividiu o peso num primeiro momento e levou a corda do chumbo até a
boca. Logo após realizou o arremesso sem sucesso. De maneira geral os passos para
realização do arremesso foram cumpridos, porém de forma diferente da técnica
apresentada pelos tarrafeadores e com ordens trocadas (figura 12).

42
Figura 12: Analise intuitiva Oswaldo

Fonte: Acervo pessoal

No teste de dificuldade foi passada a técnica de arremesso mais comumente


utilizada, com isso Oswaldo realizou 3 arremessos e logo após comentou sobre a
dificuldade do uso. Para ele não é algo de extrema dificuldade, porém necessita muito
tempo de prática e se não tiver uma pessoa ao lado, fica muito mais difícil e
provavelmente se fosse tentar em um outro momento não lembraria a ordem do passo
a passo e principalmente as nuances do manejo. Com isso, conclui dizendo que com
treino é possível dar boas tarrafeadas, mas com ajuda de alguém experiente fica tudo
muito mais fácil.

3.4.2 Helena da Silveira Guimarães

Helena tem 29 anos e tem contato com a pesca com tarrafa desde pequena, por
seu pai e irmão tarrafear, porém nunca teve interesse na prática desse tipo de pesca,
nunca parou pra observar a ordem dos movimentos, nem tentou tarrafear.
No primeiro passo não notou o laço na ponta da fieira, por isso não prendeu o
mesmo ao punho, deu início ao segundo passo e enrolou a fieira e parte da malha sem
grandes diferenças das formas que os pescadores realizam, além disso preocupou-se
em deixar de um tamanho confortável para as próximas etapas, não dividiu a tarrafa
em duas partes iguais e partiu direto para divisão dos pesos, fez o movimento de
arremesso semelhante ao dos tarrafeadores, porém com a armação da tarrafa feita de
forma “errada”, não obteve sucesso no arremesso (figura 13).

43
Figura 13: Analise intuitiva Helena

Fonte: Acervo pessoal

No segundo teste de dificuldade, mesmo sendo uma tarrafa de camarão, que é


mais leve comentou ter achado pesada puxar a tarrafa na etapa anterior e que
provavelmente seria mais difícil na água. Foi instruída a arremessar com a técnica mais
comum entre os pescadores. Realizou três arremessos nos quais não conseguiu abrir a
tarrafa, disse achar possível com muito treino realizar bons arremessos, porém são
muitos os detalhes para que isso seja possível, precisaria de mais tempo pra conseguir
fazer as coisas na hora certa, como abrir a boca, soltar os dedos seguidos do polegar e
ainda realizar o movimento.

3.4.3 Dayan Bisognin Aranda.

Dayan tem 29 anos e não possui proximidade com a pesca apesar de achar
interessante, nunca teve oportunidade de praticar, apenas observou pescadores em
algumas praias.
No primeiro passo não prendeu a fieira ao punho e deixou sua ponta solta, no
segundo enrolou a tarrafa rente a mão e não procurou deixar de um tamanho
confortável, tendo de levantar a tarrafa com o braço esticado para cima para poder
mexer nos pesos, logo após tentou dividir a tarrafa de diversas formas, procurando
entender como abrir a rede acabou desistindo de arremessar, pois disse saber que não
conseguiria abrir a tarrafa da forma como estava fazendo (figura 14).

44
Figura 14: Analise intuitiva Dayan

Fonte: Acervo pessoal

No segundo teste para saber a dificuldade de aprendizagem do arremesso, foi


passado o passo a passo, que pode realizar sem dificuldades, porém na hora do
arremesso disse ser difícil ter coordenação para soltar a tarrafa de maneira correta,
pois tem que ter sincronia entre, abrir os dentes soltar os dedos de uma mão e abrir a
outra. Concluiu que para realizar bons arremessos seria necessário algum tempo de
prática e que sem alguém para auxiliar seria praticamente impossível de aprender,
além disso provavelmente realizar essa tarefa na água seria mais difícil ainda. Dayan
realizou 3 arremessos os quais foram, um melhor que o outro, conseguindo abertura
maior da tarrafa em cada um.

3.4.4 Daniel Martins Tsuji

Daniel tem 20 anos e teve contato com a pesca desde novo, porém não com a
de tarrafa, gosta de pescar com vara e possui interesse na pesca com tarrafa, mas
nunca teve contato com pessoas que praticassem e pudessem ensiná-lo.
Primeiramente tentou analisar a fieira e mesmo percebendo o laço não o
colocou no punho, então começou a enrolar a fieira em uma das mãos, dando voltas
entre a mão e o cotovelo, para que tivessem o mesmo diâmetro, deu as voltas finais
pensando em uma altura ideal para realizar o arremesso. Não cumpriu com os

45
próximos dois passos, passou a tarrafa de uma mão para outra deixando parte das
voltas em uma e parte na outra e jogou a tarrafa (figura 15).

Figura15: Analise intuitiva Daniel

Fonte: Acervo pessoal

Para realização do segundo teste foi passado o passo a passo da técnica, a qual
demonstrou dificuldade de coordenação ao dividir os pesos, além disso teve dificuldade
no arremesso ao soltar a tarrafa. Daniel realizou três arremessos não conseguindo
abrir a tarrafa em nenhum deles. Disse que não conseguiu gravar bem o passo a passo
e teria de rever mais vezes, além de treinar muito para realizar bons arremessos.
As análises foram realizadas levando em conta os passos demonstrados por
Sidnei Vargas, ná análise da técnica. No teste intuitivo, foi possível perceber que todos
sabiam que a tarrafa é um tipo de rede que deve ser jogada, além disso alguns dos
passos levados em consideração para análise foram cumpridos, não da maneira
demonstrada na técnica, mas que comprovam certo nível de intuição na utilização da
tarrafa (tabela 6). A análise de dificuldade demonstrou que sem um tutor e sem tempo
de prática o uso da tarrafa acaba sendo dificultado, principalmente por ter muitos
detalhes para que o arremesso dê certo e a tarrafa se abra.

46
Tabela 6: Analise intuitiva

Prender a Enrolar a Dividir a Dividir os Arremesso


fieira ao fieira e parte tarrafa em chumbos
punho da malha duas partes
iguais

Oswaldo x x x x

Helena x x x

Dayan x

Daniel x x
Fonte: Criada pelo autor

3.5 Questionário

Foi aplicado um questionário ​(apêndice a) com 11 questões, através do Google


forms, o qual foi divulgado em redes sociais como Facebook, Whatsapp e Instagram.
Ficou disponível para resposta do dia 1 de abril de 2019 até o dia 11 de abril de 2019,
atingindo um total de 63 pessoas. O propósito do questionário foi estabelecimento do
público alvo e suas características, comprovar o interesse na proposta de produto do
projeto e ainda saber daqueles com contato prévio com a tarrafa, um pouco de sua
relação com a ferramenta, quais suas qualidades e defeitos, a fim de prever
melhoramentos de função, utilização e ergonômicos.
A primeira questão trata da idade das pessoas que participaram do questionário.
A faixa etária das respostas foi bastante diversificada, variando de 17 a 56 anos, tendo
um acúmulo de pessoas entre os 18 e os 24 anos, somando um total de 32 pessoas
(mais da metade), com porcentagem maior para aqueles com 20 e 23 anos com 8 e 7
pessoas respectivamente. Foram obtidas respostas com número considerável também
com as pessoas de 22 e 33 anos com 5 respostas cada (figura 16).

47
Figura 16: Gráfico faixa etária

Fonte: Acervo pessoal

Quando questionados sobre suas formas de lazer (figura 17), na segunda


questão, as respostas foram variadas, dando destaque para aqueles que gostam de
filmes e séries em que 62% das pessoas assinalaram a resposta, seguido de 51 %
para esportes e 35% para pesca.

Figura 17: Gráfico lazer

Fonte: Acervo pessoal

Sobre o conhecimento e interesse na pesca com tarrafa foi expressiva a


quantidade de respostas que conhecem esse tipo de pesca (92 % das pessoas), com

48
uma porcentagem maior para aqueles que demonstram interesse ( 59,7% em um total
de 37 pessoas interessadas) em contraponto 40,3% não demonstram interesse (figura
18).

Figura 18: Gráfico interesse

Fonte: Acervo pessoal

Para identificar se o público utiliza a ferramenta, a quarta questão possui uma


porcentagem de 43% de pessoas que utilizam ou já tiveram contato com a ferramenta,
sendo que dos 20 que já utilizam tarrafa 15 demonstram dificuldades e 5 dizem não
possuir problemas. Impressionantemente uma boa porcentagem de pessoas nunca
pensou no assunto sendo 21 (figura 19).

49
Figura 19: Gráfico sobre utilização

Fonte: Acervo pessoal

A partir da quinta questão o questionário foi direcionado para aqueles que já


haviam tido contato com a ferramenta. Sobre a dificuldade na utilização 70% (38
pessoas) possuem dificuldade, enquanto 29% (16 pessoas) não apresentam
dificuldade. Ainda na quinta questão para aqueles que assinalaram sim, foi questionado
quais eram suas dificuldades e dentre as 33 respostas, 19 foram em relação ao
arremesso e abertura da tarrafa, enquanto os outros variam entre reclamações sobre o
peso e as técnicas. Uma das respostas chamou bastante atenção, pois fala sobre o
saneamento do local. Como na principal técnica é necessária a utilização dos dentes é
um ponto importante a se pensar (figura 20).

50
Figura 20: Gráfico dificuldade

Fonte: Acervo pessoal

A sexta questão trata da a frequência com as pessoas costumam pescar. A


maioria das pessoas costuma pescar menos de uma vez por mês sendo 58,5% (31
pessoas) das respostas. Em contraponto 41,5% (22 pessoas) pesca 1 ou mais vezes
por mês sendo que 7 pessoas pescam de 2 a 3 vezes por mês e 4 pessoas entre 1 a 3
vezes por semana (figura 21).

51
Figura 21: Gráfico Frequencia de pesca

Fonte: Acervo pessoal

A sétima questão comprova que a grande maioria dos entrevistados pratica


pesca como forma de lazer e também para consumo. Apenas 1 dos entrevistados
pratica a pesca como forma de sustento (figura 22).

Figura 22: Gráfico tipos de pesca

Fonte: Acervo pessoal

52
Sobre as duas principais técnicas para tarrafear, a maioria (62%) utiliza a técnica
em que a corda entre os chumbos é segurada com os dentes, enquanto 37,5 % utiliza
a técnica do ombro, ainda na oitava questão uma pessoa disse utilizar somente as
mãos (figura 23)

Figura 23: Gráfico técnica

Fonte: Acervo pessoal

Entre os três principais tipos de tarrafa as mais comuns são as de ruffo, além disso
segundo a nona questão também são as mais utilizadas com 60,5%, seguida da tarrafa
de argola com 34,2% e as de camarão com 18,4%. Em conversa com os pescadores
da Tapera a grande maioria deles gosta da eficiência da tarrafa com argola, porém ela
é muito fácil de estragar e também de enredar, por isso muitas vezes mesmo com a
experiência que possuem, preferem optar pela tarrafa de rufo. Ainda na nona questão
foram questionados de qual destas era de preferência do usuário e a maioria confirma
ser a de ruffo, porém algumas pessoas destacaram que as tarrafas de camarão são
mais leves e fáceis arremessar (figura 24).

53
Figura 24: Gráfico tipos de tarrafa

Fonte: Acervo pessoal

Décima questão: P​oderia  citar  algum  problema  que  identifica  ao  tarrafear? 
exemplo:  Sempre  acabo  cortando a boca ao arremessar, Já quebrei um dente, Já mordi 
uma  água  viva,  Sinto  dor  nas  costas  por  ficar  muito  tempo  esperando  o  peixe  passar, 
Já  cortei  os  dedos  na  malha,  etc. Para esta foram 31 as pessoas que responderam de
formas variadas. Cinco pessoas relatam possuir dor nas costas, pelo tempo de espera
com a tarrafa suspensa ou pelo número de repetições de arremessos. A maioria das
respostas relata machucados na boca e nos dentes, seja pela técnica utilizada,
mordendo o chumbo, cortando o lábio e até mesmo problemas de saneamento nas
praias. Por fim algumas pessoas relatam cortes nos dedos e problemas com água-viva.
Décima primeira questão: ​Muito  obrigado  pela  contribuição  e  se  estiver  a  vontade 
poderia  contar  um  pouco  sobre  sua  relação  com  a  pesca  e  o  que  sabe  sobre  a  pesca 
com tarrafa? Se utiliza ou não, se gostaria de utilizar e quais suas dificuldades?
Por ser uma questão mais aberta, as respostas puderam dar um panorama mais
concreto do estilo de vida e contar um pouco da história dos entrevistados com a
pesca. Foram 21 respostas e a maioria relatou de onde surgiu sua relação com a
mesma. Todos que falaram sobre isso tiveram influência de alguém da família, sejam
primos, pais, avós ou irmãos. Mesmo aqueles que não praticam a pesca, tiveram
contato com esta quando mais novos a partir da familiares e amigos. Alguns daqueles

54
que utilizam tarrafas aproveitaram para falar sobre a vontade em dar tarrafadas
melhores e que adoram praticar esse tipo de pesca como lazer, instigando melhorias
na ferramenta.

3.6 Similares de mercado:

As tarrafas disponíveis no mercado podem ser classificadas em duas formas de


fabricação: artesanais e industriais. Os dois tipos podem ser divididos em tarrafas de
rufo, argola e camarão e são produzidas em nylon mono e multifilamento, que se
diferenciam pela resistência dos fios. As multifilamentos são mais resistentes e podem
ser feitas com malhas que não contém nós, normalmente utilizadas na piscicultura, por
não prejudicarem os peixes. Somente tarrafas Industriais são encontradas sendo
produzidas com panagens Multifilamento (tabela 7).

Tabela 7: Tarrafas Mono e Multifilamento

Artesanal, Industrial, Artesanal, Industrial,


com rufo com rufo com argola com argola

Monofilamento x x x x

Multifilamento x x
Fonte: Acervo pessoal

3.6.1 Tarrafas industriais

Podem ser encontradas com facilidade em lojas de pesca, entre elas Brapesca,
Engepesca, Casa Âncora, entre outras (figura 27)(figura 28).​ ​(tabela 8).

55
Figura 27: Tarrafa industrial multifilamento

Fonte: Engepesca, 2019

Figura 28: Tarrafa industrial monofilamento

Fonte: Engepesca, 2019.

Tabela 8: Pontos positivos e negativos da tarrafa industrial

Pontos Positivos Pontos negativos

Produção em série; As monofilamento normalmente são


frágeis e os nós não são firmes;

As produzidas em multifilamento são Não atinge abertura completa devido às


mais resistentes e podem ser produzidas costuras presentes na malha;
sem nós, o que permite não machucar os
peixes;

Preços mais baixos;


Fonte: Acervo pessoal

56
3.6.2 Tarrafas artesanais

Podem ser encontradas em bairros de pescadores nas comunidades ribeirinhas


e em alguns comércios do litoral, como a Tarrafas Laguna (figura 29) (tabela 9).

Figura 29: Tarrafa artesanal

Fonte: Ponto pesca, 2019.

Tabela 9: Pontos positivos e negativos da tarrafa artesanal

Pontos positivos Pontos negativos

São resistentes devido a forma como são Possuem preço elevado entre 1500 a
produzidas; 3000 reais;

Possibilitam abertura completa da “roda”; Produção demora em torno de 2 a 5


meses;

Podem ser feitas de acordo com os Produzidas somente em monofilamento;


gostos do usuário;
Fonte: Acervo pessoal

57
5.6.3 Lawaia

Além das tarrafas citadas anteriormente foi encontrada uma tarrafa vendida em
sites estrangeiros como Aliexpress e Amazon, chamada lawaia (figura 30)(tabela 10).
Figura 30: Lawaia

Fonte: Amazon, 2019.

Tabela 10: Pontos positivos e negativos da lawaia

Pontos positivos Pontos negativos

Produção em série; Como é um tipo de tarrafa industrial, é


frágil;

Possui sistema facilitador de arremessos; Não está disponível para venda no brasil;

Possui preços acessíveis;


Fonte: Acervo pessoal

Tarrafa de argola que usa dos tirantes para promover sua abertura . As tarrafas
de argola possuem fios que saem da fieira e são conectados aos chumbos, esses fios
que passam por dentro da argola ao recolher a tarrafa fazem com que os chumbos se
unam transformando a tarrafa em uma grande “bolsa”. A Lawaia, possui uma segunda
argola, de maior diâmetro em seu interior, a qual os fios que se conectam ao chumbo e
passam em pequenos orifícios presentes nela. Ao levantá-la do chão a argola maior

58
desliza até os chumbos posicionados na extremidade inferior ​(HERNDON,  2011)​. Para
arremessá-la é necessário somente três passos:
1) Prender o laço presente na fieira ao punho: Como nas tarrafas comuns deve-se
prender o laço da fieira ao punho para que a tarrafa permaneça presa ao
usuário.
2) Enrolar a fileira e parte da malha: assim como as tarrafas comuns é necessário
um número considerável de voltas dependendo dos tamanhos da fieira e da
tarrafa, ao fazer isso a tarrafa será suspensa do chão fazendo com que a argola
desça e fique posicionada próxima aos chumbos
3) Segurar a argola de maior diâmetro e arremessar: com a argola posicionada
próxima aos chumbos segura-se a argola e efetua-se o arremesso fazendo com
a mesma rotacione. Ao rotacionar libera-se os chumbos fazendo com que a
argola suba e a tarrafa se abra (figura 31).
Com essa tarrafa não são necessários os aprendizados das técnicas de arremessos
das tarrafas tradicionais para abri-las. Porém são tarrafas de argola, que possuem
mecanismo que dificultam a execução dos arremessos, pois enredam e estragam com
facilidade, assim como foi relatado na pesquisa de campo pelos tarrafeadores de
tarrafas de argola. As encontradas nos sites de vendas são industriais e produzidas
com fios monofilamento, o que as torna menos resistentes.

Figura 31: Mecanismo Lawaia

Fonte: Acervo pessoal

59
3.7 Público alvo

Identificação do público alvo através da análise das respostas dos questionários,


entrevistas e conversas realizados durante o projeto.

3.7.1 Perfil do público alvo

Com as respostas obtidas no questionário é possível afirmar que a maioria das


pessoas demonstram interesse na pesca com tarrafa, porém não tiveram oportunidade
e os meios necessários para aprendizagem das técnicas.
No restante das análises pode-se perceber que o aprendizado em torno do tema
é trazido do meio e do convívio, grande parte das pessoas que afirmam saber tarrafear
aprenderam com seus familiares ou amigos.
Baseado nos dados obtidos com as pesquisas, pode-se concluir que o público
alvo é composto por pessoas que se interessam pela pesca e o contato com a
natureza, mas que não possuem proximidade com tarrafeadores e com as técnicas
provenientes da tarrafa.
- Faixa etária variando entre 17 e 56 anos;
- Maioria entre os 18 e 24 anos;
- 35,5% pescam em seus momentos de lazer;
- 92% conhecem a pesca com tarrafa;
- 59,7% demonstram interesse nesse tipo de pesca;
- 43% das pessoas utilizam ou já tiveram contato com a tarrafa;
- 70% possuem dificuldades;
- Dentre 33 respostas escritas 19 alegaram dificuldade ao abrir a tarrafa.

60
3.8 Análise estética

A análise foi realizada levando em conta três marcas presentes no mercado e


especializadas na área da pesca esportiva, duas nacionais e uma internacional, sendo
elas Saint Plus, Marine Sports e Shimano.
O principal produto vendido pelas marcas que tratam a pesca como uma forma
de esporte são as carretilhas, que possuem diversas cores e texturas. Esta análise
pretende contabilizar quais as cores e texturas mais utilizadas pelas principais marcas
vendidas no Brasil e servirá de parâmetro a fim de definir um padrão para o
desenvolvimento da estética da tarrafa.

3.8.1 Saint Plus

Marca brasileira que possui mais de 10 anos no mercado e fornece todo tipo de
material de pesca.
Possui três páginas de carretilhas, divididas em duas linhas e 4 colunas (nem
todas completas, sendo um total de 22 carretilhas, das quais 14 são pretas, em sua
maioria foscas com detalhes em outras cores, principalmente vermelho, seguido de
prateado, azul e dourado, além de dois modelos femininos utilizando roxo. É importante
ressaltar que além das carretilhas pretas a maioria das restantes são prateadas
também alternando detalhes das mesmas cores e texturas citadas anteriormente.

3.8.2 Marine Sports

Marca nacional atuante no mercado desde 1988, mais de 20 anos, distribuidora


da marca Daiwa de material de pesca. Além de equipe especializada para oferecer
assistência técnica em seus produtos.
Possui 5 páginas de carretilhas que são divididas em 6 linhas e 4 colunas, nem
todas estão completas somando um total de 100 possibilidades de carretilhas. Muitas
delas com mesma carcaça, mudando apenas número de rolamentos e mecanismos

61
internos. Dentre elas 45 são pretas, com detalhes que variam entre vermelho, cinza,
azul e dourado. Em seguida prateadas, com detalhes em preto, vermelho, azul e
dourado, além de poucas predominantemente azuis com detalhes pretos. A grande
maioria possui textura soft fosca.

3.8.3 Shimano

Marca japonesa fundada em 1921 de equipamentos para esportes dos mais


variados tipos, com grande destaque no meio da pesca.
Divide as carretilhas em quatro categorias, as quais serão analisadas apenas as
de perfil baixo e perfil alto, as mesmas que foram levadas em consideração nas outras
marcas.
Perfil baixo: são 19 carretilhas ao total, sendo que 10 delas são pretas, com
detalhes que variam principalmente entre cinza, azul, vermelho e dourado, 8 carretilhas
são cinza, variando em texturas de alto brilho e fosco com detalhes em preto e 1
carretilha marrom com detalhes pretos. A grande maioria, possui textura soft fosca.
Perfil Alto: 5 carretilhas no total, sendo 3 douradas com detalhes pretos e prateados
e duas prateadas, uma com detalhes dourados e outra com detalhes pretos ​(SHIMANO, 
2019)​.
A tabela 11 contabiliza as cores presentes nas carretilhas das marcas analisadas.
As cores preto e prateado só foram contabilizadas naquelas carretinhas que eram
predominantemente dessas cores. O restante das cores foram contabilizadas quando
apareciam em detalhes das carretilhas.

62
Tabela 11: Comparação de cores

Preto Prateado Vermelho Azul Dourado Outros

Saint Plus 14 8 6 3 1 3

Marine 45 27 24 15 28 7
Sport

Shimano 10 10 4 0 4 1

Total: 69 45 34 18 33 11
Fonte: Acervo pessoal

As cores preto e prateado, aparecem em praticamente todas as carretilhas, seja


como cores principais ou em detalhes. Já o restante é bastante variado, dando ênfase
aos detalhes vermelhos e dourados. Sendo assim as duas principais cores são o preto
e o vermelho. O preto como cor principal e o vermelho para os detalhes (figura 32).

Figura 32: Carretilha preto e vermelho

Fonte: Marine Sport, 2019.

63
4 DEFINIÇÕES DE PROJETO E ELABORAÇÃO DE REQUISITOS.

Para elaborar as definições de projeto, todas as pesquisas, coletas de dados e


análises realizadas durante a realização do projeto foram levadas em consideração
para fazer as seguintes afirmações:
- Algumas das posições adotadas pelos pescadores durante a execução da
técnica provoca dor nas costas e nos ombros;
- A maior dificuldade ao utilizar a tarrafa é fazer com que ela se abra;
- As tarrafas de argola tem uso dificultado devido ao seu funcionamento e
mecanismos;
- As técnicas normalmente são passadas por familiares e amigos;
- Quem não tem contato com tarrafeadores raramente aprenderá a tarrafear;
- Para fazer bons arremessos é necessário tempo de treino;
- As tarrafas disponíveis no mercado brasileiro não possuem bom nível de
intuição;
- As tarrafas possuem estética da pesca artesanal.

Todas as afirmações feitas visam apontar os pontos negativos do cenário atual


da tarrafa, a fim de elaborar requisitos que possam suprir esses pontos.

4.1 Requisitos

- Requisitos de uso​: O propósito do projeto é facilitar o uso da tarrafa, através da


diminuição de sua complexidade, para que pessoas com pouca ou nenhuma
experiência possam utilizá-la, tornando-a mais intuitiva. Para que a pesca com
tarrafa funcione é necessário que a tarrafa abra ao ser lançada. Atualmente, nas
tarrafas tradicionais, isso não ocorre sem o uso de técnicas que demandam
tempo e treino para seu aprendizado, pois possuem muitos passos e detalhes,
logo, pode-se afirmar que para facilitar o uso da tarrafa é necessário diminuir o

64
número de passos. Para resolução destes problemas, mecanismos foram
projetados, com objetivo de simplificar as técnicas de arremesso e abertura da
tarrafa, mantendo-os semelhantes aos das tarrafas tradicionais. O mecanismo
foi pensado para as tarrafas de rufo, pois foi identificado nas tarrafas de argola,
dificuldade maior no seu uso. Com tais definições foram apontados os seguintes
requisitos:

1. Diminuir o numero de passos;


2. Utilizar tarrafas de rufo;
3. Facilitar a abertura através do uso de mecanismos/dispositivos;
4. Não ter o funcionamento de uma tarrafa de argola;
5. Tornar seu uso mais intuitivo.

- Requisitos de estética: Atualmente as tarrafas possuem estética artesanal,


sendo a maioria das malhas produzidas com linhas monofilamento transparente,
corda de chumbo branca e fieira azul que são utilizadas principalmente por
pescadores que fazem do peixe uma mercadoria e vivem da pesca. Para atingir
outro público foi aplicado uma análise cromática e de textura do principal produto
(carretilha), de três grandes marcas que vendem produtos para pesca voltada
para o lazer, a chamada pesca esportiva, que tem produtos com estética
esportiva. Com isso foram selecionadas e definidas as cores preto e vermelho
de textura soft, como estética do projeto, sendo o preto para a cor principal e o
vermelho para os detalhes. Com tais definições foram elaborados os seguintes
requisitos:

1. Utilizar o preto como cor principal;


2. Utilizar o vermelho para os detalhes;
3. Utilizar estética semelhante a dos materiais das marcas analisadas;
4. Utilizar as cores escolhidas para tornar a tarrafa mais intuitiva.

65
- Requisitos de materiais e produção: As tarrafas são produzidas com dois
tipos diferentes de fios de nylon, fios mono e multifilamento, artesanal ou
industrialmente. O preço das tarrafas artesanais é elevado em comparação às
industriais e sua produção é mais lenta. Aquelas feitas com fios monofilamento,
são produzidas somente com nós. As tarrafas industriais monofilamento, são
menos resistentes, pois os nós das máquinas, diferente dos feitos a mão, não
são tão firmes. As tarrafas multifilamento podem ser produzida com ou sem nós.
As que não possuem nós possibilitam capturar os peixes sem machucá-los o
que permite a pesca conhecida como, pesque e solte. Os fios de nylon
multifilamento também são mais resistentes e difíceis de estragar. Levando
estes dados em consideração os seguintes requisitos de produção e materiais
foram elaborados:

1. Ter produção industrial;


2. Utilizar fios de nylon multifilamento;
3. Não utilizar nós.

​- Requisitos de Ergonomía​: Através da análise utilizando o método RULA, pode-se


afirmar que as técnica de arremesso e abertura da tarrafa utilizadas atualmente adotam
posições que podem causar sérias lesões posturais, inclusive muitos tarrafeadores
afirmam sentir dores nos ombros e costas após algum tempo exercendo esta tarefa. As
posições adotadas durante a realização da técnica causam diversas tensões que
podem gerar lesões, principalmente nas costas, ombros e pescoço. Pensando nisso
foram elaborados os seguintes requisitos:

1. Não utilizar a boca para a realização dos arremessos;


2. Possibilitar conservar a tarrafa próxima ao corpo;
3. Diminuir o tempo que a tarrafa permanesse suspensa.

66
5 CRIAÇÃO

Nesta etapa do projeto serão apresentadas a concepção da geração de


alternativas. Para desenvolver a criação, inicialmente realizou-se alguns painéis
semânticos, um com o intuito de organizar as ideias do que se pretendia expressar com
o produto e posteriormente outro que trazia alguns objetos de inspiração da forma e
coloração com objetivo de definir os conceitos estético e simbólicos do produto.

5.1 PAINÉIS

Com o objetivo de delimitar e contribuir para a criação do produto foram


concebidos os painéis de expressão do produto e de inspiração.
O painel de expressão do produto, traz o contraste entre as cores que remetem
a pesca tradicional/artesanal e as cores utilizadas no projeto. Enquanto uma utiliza o
azul e o branco a outra utiliza o inverso. O vermelho aliado ao preto, causam a
sensação de modernidade e elegância e pode ser vinculado a coisas tecnológicas.
Mesmo coisas antigas parecem modernas com vermelho. E mesmo sendo assim estão
muito presentes na natureza e na vida (figura 33).

67
Figura 33: Painel de expressão do produto

Fonte: acervo pessoal

No painel de inspiração são inseridos alguns elementos e objetos que


relacionam-se com a proposta de solução, trazendo formas, cores, texturas e
estruturas que inspiraram na realização da geração de alternativas (figura 34).

68
Figura 34: Painel de inspiração

Fonte: Acervo pessoal

As imagens apresentadas no painel de inspiração trazem na sua totalidade a


questão esportiva, selecionando elementos e padrões estéticos que são seguidos por
essa linha de mercado. Foram selecionadas estas imagens focadas no mercado
esportivo pela ideação de produzir o novo produto visando fazer parte deste mercado,
necessitando ser levado em conta a estética e simbologia que essa linha de produtos já
carrega.
Alguns princípios mostram em sua estrutura a presença de formas geométricas
básicas, sendo utilizadas destas para a construção da forma principal dos produtos, o
que pode vir a ser fonte de inspiração durante a criação.
É possível visualizar também neste painel a presença de texturas e padrões que
trazem a sensação de equilíbrio, sobriedade e sensação firmeza na pega decorrente da
textura.
O painel carrega fortemente a presença de duas cores, o vermelho e o preto,
como já mencionados no painel anterior. Estas cores foram escolhidas para
implementar o novo produto pela sobriedade e sofisticação que elas proporcionam, o

69
contraste entre as duas cores torna os produtos mais atrativos. A utilização de cores
fora do padrão do mercado de tarrafas visa agregar diferencial ao produto, tornando a
nova tarrafa mais atrativa se colocada lado a lado com as já presentes nas lojas.

5.2 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

​Levando em consideração os requisitos e utilizando os painéis como inspiração,


foram elaboradas alternativa. O processo de criação teve foco principal em
mecanismos que permitissem de forma simplificada realizar arremessos, com intuito de
abertura prática e ainda fossem de fácil entendimento. As alternativas visam manter a
lógica de arremessar a tarrafa, sem perder a essência da pesca com essa ferramenta.
Para cada uma das alternativas foram pensada formas de pegas diferenciadas que
promovessem mais conforto ao uso e tornassem a tarrafa mais intuitiva. Na figura 35
estão alguns dos esboços que serviram de base para a seleção de três principais
modelos.

Figura 35: esboços

Fonte: Acervo pessoal

70
A primeira alternativa (figura 36) traz a abertura por meio de um mecanismo de
dobradiça, abrindo-a conforme seu eixo. Os dois arcos que formam a circunferência,
além de serem o mecanismo de abertura, ainda servem de chumbo para a tarrafa. Para
realização de um arremesso são necessários pelo menos três passos: prender a fieira
ao punho, enrolar a fieira e parte da malha até atingir uma altura confortável e por fim
com uma das mãos posicionada na parte central de um dos arcos, realizar o arremesso
de forma que a tarrafa rotacione e se abra. A captura dos peixes ocorrem assim como
nas tarrafas de rufo comuns.

Figura 36: Alternativa 1

Fonte: Acervo pessoal

A segunda (figura 37) alternativa tem seu foco em uma abertura como a de um
guarda-chuva, nele há diversas hastes que se iniciam na fieira e decorrem toda a
tarrafa até chegar aos chumbos. Para abri-la são necessários pelo menos quatro
passos: pender a fieira ao punho, puxar a fieira para que o mecanismo com hastes seja
ativado e a tarrafa se abra como um guarda-chuva invertido, segurar com uma das mão

71
a fieira para que o mecanismo não se desarme, segurar a borda da tarrafa e realizar o
arremesso em movimento circular. Quando a tarrafa é puxada fecha normalmente
como uma tarrafa de rufo comum.

Figura 37: Alternativa 2

Fonte: Acervo pessoal

A terceira (figura 38) alternativa traz como solução um mecanismo que utiliza
tirantes e uma argola para promover abertura da tarrafa. A argola que fica posicionada
na parte externa da tarrafa possui oito orifícios passantes divididos igualmente em
torno de sua superfície, nestes os tirantes são passados. Quando a tarrafa é erguida a
argola desce pelos tirantes chegando até os chumbos. O arremesso é realizado em
pelo menos três passos, prender a fieira ao punho, enrolar a fieira e parte da malha, até
uma altura confortável e por último, segurando a argola com uma das mãos arremessar
a tarrafa com movimento circular. Os fios irão deslizar pelos orifícios, fazendo com que
a argola suba e a tarrafa se abra. O fechamento da tarrafa ocorre normalmente como
nas tarrafas de rufo.

72
O mecanismo em questão assemelha-se a um dos similares presente na análise
de similares, a tarrafa conhecida como Lawaia. Porém neste caso o mecanismo foi
projetado para que fique posicionado na parte externa da tarrafa, além disso, não
possui o funcionamento das tarrafas de argola, que até mesmo para os tarrafeadores
experientes, têm uso dificultado, devido seu mecanismo, também diminui o número de
tirante, utilizando tirantes mais grossos. Contudo ainda se diferencia na forma da argola
e liberação do chumbo.

Figura 38: Alternativa 3

Fonte: Acervo pessoal

73
6 EXECUÇÃO

Após a geração de alternativas desenvolveu-se a etapa onde defini-se a escolha


do conceito final, e neste são realizados os aprimoramentos necessários para o
funcionamento, o processo produtivo e a concepção do produto final.
Frente às alternativas apresentadas no tópico anterior realizou-se um
afunilamento através da ferramenta matriz de seleção (figura 39) na qual foram dadas
notas para cada uma das alternativas levando em consideração os requisitos de projeto
que indicou a alternativa de número 3 na tabela como sendo a mais indicada para ser
estudada e testada.

74
Figura 39: Matriz de seleção

Fonte: Acervo pessoal

75
Para testar o mecanismo e sua funcionalidade, foi feito um mockup da
alternativa escolhida (figura 40). O mockup em questão foi feito em
compensado.​ ​Neste percebeu-se algumas falhas no funcionamento do produto,
não ocorrendo a abertura da tarrafa adequadamente. Para tentar entender
melhor o problema e encontrar soluções, foram realizados diversos arremessos.

Figura 40: Mockup 1

Fonte acervo pessoal

Alguns testes e mudanças se mostraram necessários. Foram feitas novas


furações, desta vez posicionadas nas laterais da argola e que assim como na anterior
não surtiram efeito na melhoria do funcionamento do mecanismo (figura 41).

76
Figura 41 : Mockup 2

Fonte: Acervo pessoal

Novamente diversos arremessos foram realizados para entender realmente,


quais os motivos da alternativa não estar funcionando, além disso foi realizada nova
análise em torno da Lawaia para saber o que diferenciava seu mecanismo.
Percebeu-se que o mockup, além de ser mais pesado que o mecanismo do projeto
similar, por possuir furações pequenas e retas, os tirantes não passam livremente entre
elas, gerando atrito entre os tirantes e os orifícios, também por estar posicionada na
parte externa da tarrafa ocorre atrito entre a malha e a argola (figura 42). Notou-se que

77
pelo mecanismo da Lawaia estar posicionado na parte interna da tarrafa a argola serve
somente como auxílio para a rotação dos chumbos. Sendo assim, apenas direciona os
chumbos para que a tarrafa se abra, através da rotação.

Figura 42 : Locais de atrito

Fonte: Acervo pessoal

Entre os testes, foi desenvolvido um mecanismo para adaptar os tirantes a


tarrafa de rufo (figura 43), este é um disco que divide os tirantes igualmente e pode ser
acoplado a fieira.

78
Figura 43 : Dispositivo para distribuir os tirantes

Fonte: Acervo pessoal

Mais arremessos e testes foram realizados com a argola posicionada na parte


externa da tarrafa, após muitas tentativas concluiu-se que deveriam ser feitos testes
com a argola no interior da tarrafa. Para tal a tarrafa teve de ser desmontada e o disco
de distribuição dos tirantes adaptado para seu interior (figura 44). Assim foi necessário
um vinco na lateral do disco que permite prender a malha da tarrafa (figura 45).

Figura 44 : costura e adaptação do dispositivo para parte interna

Fonte: Acervo pessoal

79
Figura 45 : Vinco

Fonte: Acervo pessoal

Com a argola posicionada na parte interna da tarrafa (figura 46) e com os


tirantes passando pelos orifícios iniciais, o teste obteve certo sucesso. Na grande
maioria dos arremessos parte da tarrafa abriu-se.

80
Figura 46 : Mecanismo no interior da tarrafa

Fonte: Acervo pessoal

Com os arremessos, diversos aspectos foram anotados. O mecanismo


funcionou, porém a abertura não atingiu em nenhum dos arremessos a totalidade de
sua circunferência. Assim como pode ser visualizado na figura 47 a qual demonstra um
dos melhores arremessos realizados.

81
Figura 47 : Abertura da tarrafa

Fonte: Acervo pessoal

Novos testes são necessários para aprimoramento do mecanismo, os pontos


anotados para estes melhoramentos e futuros testes são:
- Estudo dos materiais: O material utilizado para a elaboração do mockup não
possibilitou demonstrar o potencial total do projeto. Materiais mais leves devem
ser definidos como diretrizes do projeto. Polímeros, como PVC e polipropileno
seriam os mais indicados para tal.
- redução do peso e da área do mockup: O peso do mockup, dificultou a
movimentação da argola no interior da tarrafa, e por possuir grande superfície de
contato entre a tarrafa e a argola, houve aumento significativo no atrito, que
dificulta o funcionamento do mecanismo;
- Estudo do movimento realizado para abertura: As posições corporais adotadas
durante os arremessos e o movimento realizado, fizeram a tarrafa abrir de
formas diferentes;
- Estudo dos orifícios atravessados pelos tirantes: Notou-se que quanto maiores
os orifícios, melhor o funcionamento da tarrafa. Além disso alguns

82
questionamento surgiram neste quesito. O formato do orifício influencia o
arremesso? Se influência, de de que forma isso ocorre?
- Estudo da tensão dos tirantes: Com os tirantes frouxos, percebeu-se diferença
na abertura da tarrafa em relação aos arremessos realizados com os tirantes
tencionados.

6.1 MEMORIAL DESCRITIVO

Foi desenvolvido neste projeto, um mecanismo para facilitação na abertura e


nos arremessos de tarrafas de rufo. O mecanismo em questão é divido em três partes:
a) Uma argola com 20 mm de altura, diâmetro externo de 300 mm e interno de 220
mm, que possui 8 furos passantes da superfície superior a inferior da argola, todos com
10mm de diâmetro (figura 48). b) 8 tirantes, com 2180 mm de comprimento e 2 mm de
diâmetro, unindo a parte superior da tarrafa, passando pelo interior dos orifícios da
argola e presos aos chumbos . c) Para distribuir os tirantes e fixar a fieira da tarrafa foi
projetado um terceiro elemento, que possui formato cilíndrico com 50mm de diâmetro,
12,50 mm de altura, possuindo um vinco de 2,5mm, furo central passante de 5,50mm
de diâmetro e 16 furos passantes para distribuição dos tirantes com 1,5mm de
diâmetro. (figura 49). Além de uma tarrafa de rufo com 2000mm de altura e 1400mm de
roda, que se será comprada pronta, sem ter a parte superior costurada.

Figura 48 : Argola

Fonte: Acervo pessoal

83
Figura 49 : Disco para tirantes

Fonte: Acervo pessoal

O mecanismo estará disposto no interior da tarrafa (figura 50), seu


funcionamento depende do movimento de rotação. São necessários pelo menos 3
passos para realização de um arremesso e abertura da tarrafa: 1) prender a fieira ao
punho, 2) enrolar a fieira e parte da malha até uma altura confortável para o usuário 3)
segurando a argola pelo lado externo da tarrafa e realizar o arremesso executando um
movimento de rotação.

Figura 50 : passo a passo com o mecanismo

Fonte: Acervo pessoal

Ao serem arremessados os chumbos presos aos tirantes tendem a se distanciar


da argola, a tensão ocasionada pela força do chumbo no tirantes tendem a jogar a

84
argola para cima em direção a extremidade superior da tarrafa ou para o centro da roda
(figura 51)

Figura 51 : funcionamento da argola

Fonte: Acervo pessoal

A estética utilizada no trabalho baseia-se naquela encontrada nos materiais de


pesca esportiva e também na maioria dos esportes. As cores preto e o vermelho foram
definidas como cores principais do projeto, sendo o preto como cor predominante e o
vermelho para os detalhes. Para seguir esse padrão, foi utilizado, uma tarrafa,
produzida em fios de nylon multifilamento na cor preta. A argola possui as partes,
superior e inferior em vermelho, enquanto a lateral do cilindro em preto fosco, já o
mecanismo de suporte para fieira na cor vermelha, ambos de PEAD. Os tirantes são
fios de nylon monofilamento transparente avermelhado.
Para resolver problemas de ergonomia apontados na pesquisa de campo, os
movimentos previstos para execução dos arremessos evitam manter a tarrafa distante
do corpo podendo deixar a tarrafa para baixo em posição relaxada, não utilizam a boca,
para que não haja curvatura do pescoço, e ainda pensam em formas de não inclinar o
tronco para frente. Todos movimentos que se repetidos com frequência e sobre a ação
de um peso podem gerar lesões.
Apesar de estar funcionando o projeto precisa de melhoramentos, para que
funcione perfeitamente. O mockup desenvolvido para os testes previu vários ajustes e

85
apontou diversos pontos a serem estudados para que haja um melhoramento ainda
maior do mecanismo. O funcionamento inicial previa a instalação do mecanismo na
parte externa da tarrafa, porém com os testes realizados com o mockup, foram
identificados alguns detalhes que impossibilitam o funcionamento do mecanismo dessa
forma. Com o mecanismo na parte interior da tarrafa, o funcionamento foi melhorado,
abrindo a tarrafa parcialmente em todos os arremessos realizados. Porém ainda foram
identificados alguns problemas físicos, que necessitam de estudos para serem
resolvidos, como peso, atrito, tensão e dinâmica. Contudo o objetivo do projeto foi
alcançado e o protótipo demonstrou-se funcional.
A proposta do projeto diferencia-se das demais tarrafa, por trazer um
mecanismo, para facilitação do arremesso e abertura em uma tarrafa de rufo. Apesar
da Lawaia (principal concorrente) apresentar um mecanismo semelhante, é uma tarrafa
de argola, que mesmo os tarrafeadores experientes possuem dificuldades em seu uso.
Como o objetivo do projeto é facilitar o uso, utilizar uma tarrafa de argola, não faria
sentido. O projeto visa tornar a tarrafa uma ferramenta da pesca esportiva e para isso,
sua estética foi modificada, para que seja condizente com esse meio. Para que
pudesse ser utilizada para a pesca conhecida como pesque solte (modalidade da
pesca esportiva), que tem como princípio a preservação das espécies, foi pensada
para ser produzida com um tipo de malha (fios multifilamento sem nós) que não
prejudica os peixes, possibilitando devolvê-los à natureza sem machucá-los. Essa
malha foi desenvolvida para ser utilizadas na piscicultura, em que os produtores
necessitavam de redes que não prejudiquem os peixes para poder fazer controle de
saúde e crescimento destes. Apesar de ser produzida industrialmente os fios
multifilamento são mais resistentes e aumentam a durabilidade da tarrafa e diminuem
as possibilidades de estragos.
Como resultado do projeto foi obtido uma tarrafa que facilita a abertura e
arremesso, tanto em nível de dificuldade quanto de intuição, com estética semelhante
aos equipamentos e ferramentas utilizados na pesca esportiva, permitindo práticas de

86
modalidades de pesca antes não praticados com a tarrafa e ainda utilizando materiais
que a tornam mais resistente.

6.2 MATERIAIS

Os materiais necessários para a concepção do produto são:


● Linha multifilamento de nylon sem nós para produção da malha da tarrafa
adquiridos com a empresa parceira “Brapesca”;
● 102 chumbos para tarrafa, de formato cilíndrico, pesando um total de 3 kg e 34
gramas a unidade adquiridos com a empresa parceira “Brapesca”;
● 4 metros de fieira produzida em corda de nylon adquiridos com a empresa
parceira “Brapesca”;
● 8 Tirantes monofilamento, com 2180 mm de comprimento cada e com espessura
1,5 mm adquiridos com a empresa parceira “Brapesca”;
● Argola e suporte para fieira e tirantes que devem ser fabricados em PEAD
(desenhos de fabricação no apêndice b).

Os materiais utilizados no projeto, buscam resistência a intempéries


principalmente a umidade e resistência física, para não estragarem com
facilidade. Além da possibilidade de serem tingidos e/ou pintados.

6.3 PROCESSO PRODUTIVO

O processo de fabricação da tarrafa tem início com as máquinas de extrusão


para a produção dos fios de nylon, tanto os tirantes, quanto os fios multifilamento tem o
início de sua produção através de extrusoras. Para produção da malha os fios são
direcionados a máquinas que trançam a rede. A panagem é cortada em formato
triangular e costurada para ficar no formato da tarrafa. Esta não deve ser costurada a
fieira nem obter a costura na parte superior, possibilitando a fixação do mecanismo que

87
será demonstrado no tópico de montagem. Com a tarrafa pronta são colocados os
chumbos em sua parte inferior. O projeto visa utilizar tarrafas prontas, fabricadas
conforme o processo de fabricação industrial descrito acima.
A argola e o mecanismo de suporte para a fieira e tirantes são produzidos
através de processo de injeção de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), ele é
concebido por meio de moldagem da peça, sendo injetado o material e retirado já no
formato do produto. Ao finalizar o processo de produção da peça o mecanismo é
inteiramente instalado na tarrafa.

6.3.1 Montagem

A tarrafa desenvolvida no projeto é dividida em 5 componentes (figura 52): 1)


fieira, 2) tirantes, 3) disco para dividir os tirantes, 4) argola para arremesso, 5) tarrafa
de rufo. Cada um com papel fundamental para o funcionamento da tarrafa.

Figura 52 : Componentes

Fonte: Acervo pessoal

88
A montagem da tarrafa tem início com a fixação da fieira ao disco que divide os
tirantes. Esta é passada pelo orifício maior, posicionado no centro do disco e amarrada
para que seja fixada (figura 53).

Figura 53 : fixação da Fieira

Fonte: Acervo pessoal

Os 8 tirantes são fixados ao disco, estes são passados um por um pelos orifícios
e fixados com nós (figura 54)

Figura 54 : fixação dos tirantes

Fonte: Acervo pessoal

89
Logo após a fixação da fieira e dos tirantes no disco, este será posicionado e
fixado na parte superior da tarrafa, fazendo com que os tirantes fiquem no interior da
malha, que será costurada no vinco do disco(figura 55 )

Figura 55 : Fixação e posicionamento do disco na tarrafa.

Fonte: Acervo pessoal

A argola para arremessos é posicionada no interior da tarrafa. Ela possui 8


orifícios nos quais os 8 tirantes serão passados em ordem, logo em seguida os tirantes
serão presos com nós na corda de chumbos posicionada na parte inferior da tarrafa.
Para que fiquem bem distribuídos os tirantes foram divididos, contando os chumbos de
12,13,13,13,12,13,13,13. Ou seja, conta-se 12 chumbos e amarra-se um tirante,
conta-se 13 chumbos, amarra-se mais um tirante e assim por diante seguindo a
sequência, para que fiquem equilibrados e possam deslizar livremente pela argola,
resultando assim na finalização do processo de produção (figura 56 ). A argola fica
posicionada no interior da tarrafa podendo mover-se para cima e para baixo pelos
tirantes.

90
Figura 56 : distribuição dos tirantes na parte inferior da tarrafa e instalação da argola para arremessos

Fonte: Acervo pessoal

6.4 AMBIENTAÇÃO

Com a intenção de compreender a relação de tamanho do produto para com o


usuário e a relação dele com o ambiente de uso, realizou-se uma ambientação, além
disso foi possível visualizar melhor as intenções do projeto, como pode ser visualizado
na figura 57.

91
Figura 57 : Ambientação da tarrafa

Fonte: Acervo pessoal

Um dos principais objetivos do trabalho é que qualquer pessoa possa utilizar a


tarrafa, podendo se divertir com essa ferramenta, independente da idade.

92
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi desenvolvido o estudo, implementação e testes voltados para


a concepção de um mecanismo facilitador de arremessos de tarrafa, viu-se esta
oportunidade através de interesses pessoais do autor que visualizou as dificuldades
presentes na pesca com tarrafa.
Através de pesquisas bibliográfica e de campo, análises da tarefa, entrevistas e
conversas, foi identificado todo o escopo que envolve o universo da tarrafa. Com isso
compreendeu-se suas principais dificuldades e possibilitou criar as diretrizes do projeto.
Compreendendo a dificuldade de utilização da tarrafa, iniciou-se o processo de
criação de um mecanismo que facilitaria a abertura deste objeto de pesca,
possibilitando que mais pessoas consigam realizar esta atividade, incentivando a pesca
com tarrafa por meio da facilitação de sua utilização.
Foram elaboradas alternativas que passaram por um processo de seleção para
que no fim uma fosse escolhida para realização de testes.
A alternativa selecionada, utilizava o mecanismo na parte externa da tarrafa e
em teoria resolvia todos os problemas anteriormente anotados, porém na etapa de
testes, o mecanismo não obteve sucesso na facilitação da abertura da tarrafa. Com
isso deu-se início a uma nova etapa de testes a fim de solucionar o novo problema.
A solução encontrada para o problema foi transferir o mecanismo criado para a
parte externa da tarrafa, para a parte interna. Dessa forma novos testes foram
realizados e obtiveram sucesso. Na maioria dos arremessos a tarrafa se abriu.
Concluindo, concebeu-se neste projeto uma tarrafa com mecanismo facilitador
de arremesso, no entanto o produto necessita de alguns aprimoramentos para que
possibilite a abertura total da tarrafa, chegando assim no objetivo final deste.

93
REFERÊNCIAS

BOUÇAS, Alexandre. ​Pesca de Robalos na praia. ​2012. Disponível em:


<http://pescanapraia.com/pesca-de-robalo-na-praia/>. Acesso em: 13 abr. 2019.

CARDOSO, Jonatan Agostinho. ​PESCA ARTESANAL; DAS EXPERIÊNCIAS SENSÍVEIS ÀS


PRÁTICAS ECONÔMICAS: ​UM OLHAR SOBRE A PESCA COM TARRAFA EM LAGUNA-SC.
2017. 70 f. TCC (Graduação) - Curso de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2017. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/193553/TCC%20Jonatan%20Agostinho
%20Cardoso%20%281%29.pdfA.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 12 abr. 2019.

C
​ ATELLA, Agostinho Carlos. A
​ Pesca no Pantanal Sul: situação atual e perspectivas. 
Corumbá: Embrapa, 2003. 45 p.

DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. ​Ergonomia Prática. ​2. ed. São Paulo: Editora Edgar
Blucher Ltda, 2004. 135 p. Tradução de: Itiro Iida.

ENGEPESCA (Itajai). ​Tarrafas. ​2010. Disponível em:


<http://www.engepesca.com.br/produto/tarrafas>. Acesso em: 11abr. 2019

FLOR, Valdirene Teixeira; SARTORI, Alice Stephanie Tapia. DESLOCAMENTOS TEÓRICOS


A PARTIR DE UM ESTUDO EM ETNOMATEMÁTICA: OUTROS OLHARES PARA OS
SABERES DOS PESCADORES DE IBIRAQUERA. In: 6° SBECE 3° SCIECE EDUCAÇÃO,
TRANSGRESSÃO, NARCISISMO, 6., 2015, Canoas. ​Anais... . ​Canoas: Sbece, 2015. p. 1 - 11.
Disponível em:
<http://www.sbece.com.br/2015/resources/anais/3/1429406030_ARQUIVO_Artigo2.pdf?fbclid=I
wAR2to5fYnlX_-NKfmQI71t97Y0p9x22UHaPnA_cFNSylLO_0HJAlzZDkQUk>. Acesso em: 11
abr. 2019.

HERNDON, Jonathon. ​Perfect Circle Cast Net Throwing Device. ​2011. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Wkj5p9fogCI>. Acesso em: 12 abr. 2019.

IIDA, Itiro. ​Ergonomia: ​Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2003. 465 p.
GOMES FILHO, João. ​Ergonomia do Objeto: ​Sistema Técnico de Leitura Ergonômica. 2. ed.
São Paulo: Escrituras, 2012.

​ ERINO, Giselle Schmidt Alves Díaz. ​Guia de Orientação para Desenvolvimento de


M
Projetos: ​Florianópolis: Renata Hinnig, 2016. 33 slides, color.

PACIEVITCH, Thais. ​Pesca Esportiva. ​2006. Disponível em:


<https://www.infoescola.com/esportes/pesca-esportiva/>. Acesso em: 12 abr. 2019.

94
PLUSS, Saint. ​Carretilhas. ​2019. Disponível em:
<http://www.saintplus.com.br/site/index.php?id=2&categoria=15>. Acesso em: 09 abr. 2019.

SHIMANO. ​Hagane. ​Disponível em:


<http://lafish.shimano.com/content/fish/latinamerica/br/pt/homepage.html>. Acesso em: 09 abr.
2019.

SPORTS, Marine. ​PRODUTOS / CARRETILHA. ​2019. Disponível em:


<https://marinesportsfishing.com/categoria/27/carretilha>. Acesso em: 09 abr. 2019.

TEIXEIRA JÚNIOR, Marco Aurélio Borges; SFERRA, Luis Francisco Bueno; BOTTCHER3,
Lara Belmudes.​ A IMPORTÂNCIA DO LAZER PARA A QUALIDADE DE VIDA DO
TRABALHADOR. ​Rio Claro: Conexão, 2012. 15 p. Disponível em:
<http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/Sumario/2012/downloads/2012/saude/A%20I
MPORT%C3%82NCIA%20DO%20LAZER%20PARA%20A%20QUALIDADE%20DE%20VIDA
%20DO%20TRABALHADOR.pdf?fbclid=IwAR14OPgAc7G8nvHW7YeTYM9Q-Urdx2QBUipMF
9SZwfkLA_aJodDnCN_7e_k>. Acesso em: 13 abr. 2019.

ZANIN, Tatiana. ​Comer peixe emagrece e protege o coração. ​2018. Disponível em:
<https://www.tuasaude.com/beneficios-de-comer-peixe/>. Acesso em: 12 abr. 2019.

95
APÊNDICES

APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO APLICADO AO PÚBLICO

96
97
98
Apêndice B - Desenhos técnicos

99
100

Você também pode gostar