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Razões Pelas Quais O Meu Argumento Merecia Melhor Nota

Atendendo aos critérios de correção apresentados, apresento a minha conclusão de


que o meu argumento merecia melhor nota.

Em primeiro lugar, dois dos onze critérios apresentados são óbvios no argumento
submetido – o de “utilizar pelo menos um tipo de argumento apresentado nas aulas” e
o de “utilizar mais do que um tipo de argumento apresentado nas aulas”.

Com efeito, utilizo três tipo de argumentos apresentados nas aulas – um de


autoridade, outro por consequência e um com base em exemplos. Deste modo,
garanto já 2 valores, dos 10 disponíveis.
Quanto aos argumentos em si, vou analisá-los um a um, justificando as suas correções.
Argumento de autoridade:

P1: Bill Clinton é um especialista em matéria de crescimento económico.

P2: Bill Clinton afirma que as empresas devem pôr os interesses dos clientes e dos seus
trabalhadores antes dos interesses dos acionistas.
C: O propósito último das empresas não é o de gerar lucro para os accionistas.

Para começar, este é um argumento de autoridade na medida em que a conclusão (“O


propósito último das empresas não é o de gerar lucro para os acionistas”) é sustentada
com base numa fonte com um estatuto especial (Bill Clinton) que atesta a verdade
dessa proposição. – Weston 2005
Neste argumento, podemos observar que é respeitada a forma standard, em que a
primeira premissa introduz a autoridade (Bill Clinton) e especifica que é uma
autoridade na disciplina relativa à proposição (crescimento económico). A segunda
premissa, por sua vez, consiste numa afirmação de que a proposição, relativa à
matéria em causa, é verdadeira. Deste modo, a conclusão pode ser plausivelmente
considerada como verdadeira.
No decorrer deste argumento, respeita-se a conclusão atribuída ( Bill Clinton afirma que
as empresas devem pôr os interesses dos clientes e dos seus trabalhadores antes dos
interesses dos acionistas.), conclusão esta que ainda suportada pela J1P2, em que se esclarece
que “Afirmar que as empresas devem pôr os interesses dos clientes e dos seus trabalhadores
antes dos interesses dos acionistas é o mesmo que dizer que o propósito
último das empresas não é o de gerar lucro para os accionistas.” Adicionalmente, é utilizada a
forma standard, como provado no parágrafo anterior e, por fim, utiliza-se sempre proposições
(com valor de verdade, não se trata de perguntas, explicações ou ordens) e cada premissa
contém apenas uma ideia. Assim sendo, respeita-se o primeiro critério apresentado – que vale
0,5 valores.

Quanto ao segundo critério, é seguro afirmar que este é cumprido, uma vez que as premissas
têm valor de verdade verdadeiro, ou seja, Bill Clinton é uma autoridade em matéria de
crescimento económico, ideia que é comprovada e desenvolvida na J1P1: “Bill Clinton presidiu
o período mais longo de expansão económica em tempos de paz da história americana. O
Escritório do Orçamento do Congresso informou um superavit orçamentário entre os anos de
1998 e 2000, durante os três últimos anos de presidência de Bill Clinton.” E, na J2P1: “Deixou o
cargo com o melhor índice de aprovação de qualquer Presidente dos EUA desde a Segunda
Guerra Mundial.”. Este critério tem uma cotação de 1,5 valores.

Assim, analisando as justificações apresentadas:

J1P1: Bill Clinton foi o 42º presidente dos Estados Unidos. Algumas das suas políticas, como
o Acordo de Livre Comércio Norte Americano e a reforma do bem-estar, têm sido
atribuídas a uma terceira via centrista de filosofia de governação, enquanto em outras
questões a sua posição foi de centro-esquerda. Bill Clinton presidiu o período mais longo
de expansão econômica em tempos de paz da história americana. O Escritório de
Orçamento do Congresso informou um superávit orçamentário entre os anos de 1998 e
2000, durante os últimos três anos da presidência de Bill Clinton.

J2P1: Deixou o cargo com o melhor índice de aprovação de qualquer presidente dos EUA
desde a Segunda Guerra Mundial. Desde então, ele esteve envolvido em palestras e
trabalhos humanitários. Baseado em sua visão de mundo, Bill Clinton criou o William J.
Clinton Foundation para promover e tratar as causas internacionais, tais como tratamento
e prevenção de HIV/AIDS e do aquecimento global. Em 2004, lançou sua
autobiografia Minha Vida, e esteve envolvido na campanha presidencial de 2008 de sua
esposa Hillary e, posteriormente, na do presidente Barack Obama. Em 2009, foi nomeado
pelas Nações Unidas enviado especial para Haiti. No rescaldo do terramoto do Haiti em
2010, Clinton se uniu com George W. Bush para formar o Fundo Clinton-Bush.

J1P2: https://courses.lumenlearning.com/boundless-business/chapter/what-is-a-business/

J2P2: Afirmar que as empresas devem pôr os interesses dos clientes e dos seus trabalhadores
antes dos interesses dos acionistas é o mesmo que dizer que o propósito
último das empresas não é o de gerar lucro para os accionistas.
Pode-se afirmar que estas são claras – referem-se às premissas, às ideias desenvolvidas
nestas e sustentam-nas perfeitamente – apropriadas – sustentam as ideias desenvolvidas nas
premissas e explicam o porquê de Bill Clinton 1) ser um especialista na matéria de crescimento
económico, como demonstrado acima, e 2) o porquê de a afirmação dele estar ligada à
conclusão escolhida. São também de fontes credíveis, inclusive, apresenta-se os sites de onde
foram retiradas as informações.

Os termos utilizados são consistentes, não utilizo linguagem tendenciosa e esta é precisa e
concreta. Para demostrar isto, vou sublinhar os termos consistentes e a interligação das ideias.
Utilizar linguagem precisa/específica/concreta e imparcial/neutra/não tendenciosa vale 0,5
valores e limitar-se a um sentido para cada termo, utilizando termos consistentes equivale a
mais 0,5 valores.

As ideias são apresentadas por uma ordem natural e fluída, respeitando-se a forma standard e
percebendo-se logicamente, que as premissas são ligadas e sustentam a conclusão. Desta
forma, as premissas não são de difícil leitura e a sua ordem é bastante clara – o que equivale a
mais 1 valor. A primeira justificação não está bastante fluída, contudo percebe-se a ideia geral
e não é de difícil leitura também.

Ao respeitar a forma standard de um argumento por autoridade, devidamente justificado e


construído, este é indutivamente forte, é plausível e não incorro em falácias na sua construção.
Afirmo também que as premissas utilizadas são mais plausíveis que a conclusão, utilizando a
autoridade na matéria, justificando a sua autoridade na matéria, e utilizando uma frase desta
autoridade para sustentar a conclusão apresentada. Estes dois critérios equivalem a 2 valores.

Em relação à antecipação e resposta a objeções ao próprio argumento, devo salientar que


respondo a algumas das questões críticas apresentadas – questão da perícia/expertise: “Bill
Clinton presidiu o período mais longo de expansão económica em tempos de paz da história
americana” – questão da opinião – “ Afirmar que as empresas devem pôr os interesses dos
clientes e dos seus trabalhadores antes dos interesses dos acionistas é o mesmo que dizer que
o propósito último das empresas não é o de gerar lucro para os acionistas.” E a questão da
prova – “O Escritório de Orçamento do Congresso informou um superávit orçamentário
entre os anos de 1998 e 2000, durante os últimos três anos da presidência de Bill Clinton.”

Argumento por consequência:


P3: Se o propósito último das empresas for o de gerar lucro para os acionistas, então a
empresa preocupa-se mais com gerar lucro a curto-prazo do que com investir.

P4: Uma visão de gerar lucro a curto prazo em vez de investimento leva a uma estagnação
económica no longo-prazo.

P5: A estagnação económica é prejudicial para a empresa.

C: O propósito último das empresas não é o de gerar lucro para os accionistas.

Neste argumento, respeito a forma standard/esquematização, em que nas premissas cito


consequências (negativas, neste caso) alegadamente previsíveis de um certo curso de ação (o
de que o propósito último das empresas é o de gerar lucro para os acionistas) e se infere na
conclusão de que este tipo de ação não é recomendado. (Weston 2005)

Neste caso o primeiro tópico da correção é respeitado, uma vez que se respeita a conclusão
escolhida, utiliza-se sempre proposições e apenas uma ideia (nova) por premissa.

As premissas são fidedignas e apoiadas pelas justificações apresentadas:

J1P3 “A empresa que se preocupa com gerar lucro para os acionistas irá distribuir o lucro
gerado para os acionistas em vez de utilizar esse lucro para outros fins como a aquisição de
novos terrenos, melhoria dos processos produtivos, estudos de impacto ambiental ou aumento
dos salários dos trabalhadores.”

J1P4: É com o investimento que as empresas crescem e vêem o seu capital social aumentar,
gerando assim novo lucro e podendo investi-lo novamente.

J2P4: Não existindo este investimento constante, as empresas não crescem, não diferenciam
os seus produtos e não se tornam mais competitivas, quer a nível dos processos, dos produtos
ou do próprio preço.

J2P4: O que é distribuído no curto-prazo não pode ser investido no longo-prazo.


J1P5: Com o mercado sempre a movimentar-se e novos processos e empresas a competir, as
empresas estagnadas economicamente não geram novos lucros e não se conseguem manter
na vanguarda. Assim, perdem clientes e presença no mercado.

J2P5: Uma empresa estagnada perde a confiança e apreço dos clientes, é ultrapassada por
novas empresas e acaba por diminuir as suas receitas.

Existe um erro de numeração, que devia ler-se J3P4 em vez de J2P4 novamente.

Neste argumento, as ideias são apresentadas por uma ordem natural e fluída, citando as
consequências de o propósito último das empresas dever ser o de gerar lucro para os
acionistas e, chegando à conclusão de que esta visão leva a uma estagnação económica que é
prejudicial para a empresa.

A linguagem é sempre precisa e específica, utilizo termos consistentes, limitando-me a um


sentido para cada termos. Não utilizo linguagem tendenciosa. Para provar isto, utilizo a
esquematização por cores, novamente.

Não incorro em falácias, nomeadamente na do declive escorregadio, pois não existe nenhum
“terrível resultado final”, apenas uma consequência lógica de ações em que o foco único no de
gerar lucro para os acionistas prejudica o investimento e causa estagnação na empresa, todas
os passos devidamente fundamentados e assentados numa sequência lógica de ordenação de
ideias.

As premissas utilizadas são mais plausíveis do que a conclusão, partindo de uma ideia
geralmente aceite (“se o propósito último das empresas for o de gerar lucro para os acionistas,
então a empresa preocupa-se mais com gerar lucro a curto-prazo do que com investir.”) para a
ideia que se pretende defender, interligando as ideias e apresentando boas justificações, ou
seja, justificações claras, onde explico a sequência das ideias apresentadas e as suas
implicações e são apropriadas para as premissas usadas.

Trata-se de um argumento indutivamente forte, pois responde-se às questões críticas,


explicando e demonstrando a plausibilidade das consequências citadas ocorrerem e, nas
justificações explica-se o porquê das consequências se sucederem umas às outras.

Não antecipo nem respondo a objeções.

Argumento com Base em Exemplos:

P6: O propósito último da Apple não é de gerar lucro para os acionistas.

P7: O propósito último da Google não é de gerar lucro para os acionistas.

P8: O propósito último da Amazon não é o de gerar lucro para os acionistas.

C: O propósito último das empresas não é o de gerar lucro para os acionistas

Neste argumento, respeito a forma standard, na medida em que refiro os casos particulares
(Apple, Google e Amazon), que a partilham uma propriedade (o seu propósito último não ser o
de gerar lucro para os acionistas). Assim sendo, o facto de o propósito último das grandes
empresas não ser o de gerar lucro para os acionistas, implica, indutivamente que este não é o
propósito último das empresas. Utilizo sempre proposições e uma ideia por premissa.
As premissas são fidedignas, o que pode ser comprovado pelos sites apresentados nas
justificações.

J1P6: https://www.forbes.com/sites/stevedenning/2011/04/01/is-delighting-the-customer-
profitable/?sh=3bc5f234e8

J2P6: O objetivo último da Apple é o de satisfazer o cliente, estabelecendo assim um arelação


de confiança mútua. Para a Apple, gerar lucro é uma consequência de uma relação de
confiança como cliente e não o propósito.

J1P7: https://courses.lumenlearning.com/boundless-business/chapter/what-is-a-business/

J2P7: O propósito último da Google é o de inovar, de ser criativo e criar novos produtos que
melhorem a vida das pessoas.

J1P8: https://www.aboutamazon.co.uk/uk-investment/our-mission

J2P8: O lema da Amazon é: “ O nosso objetivo é ser a empresa mais centrada no cliente da

Terra. A nossa missão é elevar continuamente o nível de experiência do cliente usando a

Internet e a tecnologia para ajudar os consumidores a encontrar, descobrir e comprar qualquer

coisa, e capacitar empresas e criadores de conteúdo para maximizar seu sucesso.”

As justificações são boas, ou seja, são claras – explico perfeitamente o porquê de fazer uma
afirmação na premissa, esclarecendo-a – são apropriadas- sendo condizentes com o tema e
com as premissas apresentadas – são de fontes credíveis – recorro a fontes conhecidas e
prestigiadas como a Forbes, sites oficiais, e especialistas na matéria.

As ideias são apresentadas por uma ordem natural e fluída, sendo de fácil leitura e
compreensão. Trata-se de um argumento convergente, em que as premissas não estão
ligadas, logo elas não têm uma lógica sequencial, contudo a leitura das três premissas aponta
e sustenta a mesma conclusão.

A linguagem é precisa, específica e concreta, sendo sempre imparcial e neutra e os termos


utilizados são consistentes. (Utilizo objetivo em vez de propósito duas vezes, pelo que posso
ter perdido pontos aqui).

O argumento é indutivamente forte, as premissas são mais plausíveis que a conclusão e


apontam para ela, sustentando-a. Não incorro em falácias.

Quanto às questões críticas, a proposição invocada nas premissas é verdadeira, estando


provada nas justificações. Os exemplos suportam a generalização, pois trata-se das maiores e
mais proeminentes empresas, das empresas mais lucrativos e que dominam os mercados onde
se inserem. A generalização é forte e os exemplos são típicos do género de casos cobertos
pela generalização, uma vez que estas são as empresas modelo, que servem de exemplo a
tantas outras que tencionam crescer e tornar-se nos maiores “players” a nível mundial.

Em suma, pelas razões apresentadas, pela análise do argumento construído e submetido,


comparado com os critérios de correção, peço que o argumento seja analisado novamente e
que seja atribuída uma pontuação em conformidade.

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