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Aula 01

INSS (Técnico do Seguro Social) Direito


Previdenciário - 2022 (Pós-Edital) - Profº
Adriana Menezes

Autor:
Adriana Menezes

19 de Setembro de 2022

18611005821 - Luiz Carlos da costa


Adriana Menezes
Aula 01

Índice
1) Legislação Previdenciária: Aplicação, Interpretação e Integração - TEORIA
..............................................................................................................................................................................................3

2) Legislação Previdenciária: Aplicação, Interpretação e Integração - QUESTÕES Cebraspe


..............................................................................................................................................................................................
20

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LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA: SUA APLICAÇÃO,


INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO

1. Conceito

Entende-se como legislação previdenciária o conjunto de normas e atos administrativos referentes


ao funcionamento do sistema securitário. Nesse conjunto estão as leis, as medidas provisórias, os
decretos, os tratados internacionais e as normas complementares.

Apesar da adjetivação previdenciária, esse complexo de normas jurídicas costuma tecer relações
com toda a seguridade social, ou seja, previdência, assistência social e saúde.

A Constituição Federal, em seu art. 22, inciso XXIII, outorga competência privativa à União para
legislar sobre a Seguridade Social, elaborando as normas sobre o sistema securitário. Mas permite
que lei complementar autorize os Estados e Distrito Federal a legislar sobre o tema.

No entanto, em relação à Previdência Social a competência legislativa é concorrente, conforme


preceitua o art. 24, XII, da Carta Magna.

É da competência privativa da União legislar sobre inatividade e pensões


das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares. A outorga dessa competência deu-se
com a alteração do inciso XXI do art. 22 da Constituição Federal, pela Emenda Constitucional nº
103/2019:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

...

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação,


mobilização, inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros
militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Pois bem.

Vamos tecer comentários acerca das normas para que o leitor tenha uma noção, ainda que
resumida, sobre o assunto:

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a) Lei: é a fonte primária de obrigações e direitos. Ao Poder Legislativo cabe criar e disciplinar
o sistema de seguridade social trazido pela Constituição de 1988. Cabe à União, repita-se,
elaborar as leis sobre a organização da seguridade social.

As leis, conforme dispõe o art. 59 da CF/88, podem ser ordinárias, complementares ou delegadas.

• Em relação ao seu aspecto formal, as leis ordinárias são aquelas que para serem aprovadas
necessitam do quórum da maioria simples de votos dos membros presentes na casa legislativa no
dia da votação.

• Já as leis complementares exigem um quórum privilegiado de aprovação pela maioria


absoluta dos membros da casa legislativa, ou seja, a maioria do total dos membros integrantes da
casa, sempre.

• Em relação ao aspecto material, ensina Lenza1 que:

as hipóteses de regulamentação da Constituição por meio de lei complementar


estão taxativamente previstas no Texto Maior. Sempre que o constituinte originário
quiser que determinada matéria seja regulamentada por lei complementar,
expressamente, assim o requererá.

Às leis ordinárias cabem as matérias que não forem regulamentadas por lei complementar, decreto
legislativo (matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional) e resoluções (matéria de
competência exclusiva do Senado e da Câmara dos Deputados). O campo material ocupado pelas
leis ordinárias é residual.

• As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, com a autorização do


Congresso Nacional. Haverá a solicitação ao Poder Legislativo, delimitando o assunto sobre o qual
irá se legislar. O Congresso, então, aprova o pedido e especifica o conteúdo da delegação e os
termos de seu exercício. É bom registrar que matérias que exigem a regulamentação por lei
complementar não podem ser objeto de lei delegada.

b) Medida Provisória: ato editado pelo Poder Executivo – Presidente da República – com força
de lei. Para sua edição torna-se necessário que haja situação de relevância e urgência,
conforme previsto nos artigos 59 e 62, ambos da CF/88.

Na área securitária é muito comum a utilização da medida provisória para tratar de assuntos que
podem ser tratados por lei ordinária.

.
1
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13ªed., São Paulo: Saraiva, 2009, p.417.

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Exemplo mais recente pode-se citar a Medida Provisória n. 871/2019 que trouxe a exigência da
carência mínima de 24 contribuições mensais para a concessão do auxílio-reclusão.

As matérias que exigem a regulamentação por lei complementar não poderão ser
objeto de medida provisória, em face da vedação prevista no art. 62, § 1º, inciso III do Texto Maior.

c) Tratado internacional: acordo celebrado entre o Brasil e outro país, pelo Presidente da
República, com a aprovação do Congresso Nacional por meio da expedição de um decreto
legislativo.

Dispõe art. 85-A da Lei nº 8.212/91:

Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou


organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria
previdenciária, serão interpretados como lei especial.

Significa que os tratados internacionais que versam sobre matéria previdenciária devem ser
observados em relação à legislação previdenciária interna. Aplica-se o disposto no tratado
internacional.

d) Decreto: é ato normativo expedido pelo Poder Executivo para regulamentar, “explicar” as
leis, conforme previsão do art. 84, IV, da CF/88.

O decreto, no entanto, não poderá ultrapassar o alcance da lei que estiver regulamentando a ponto
de inovar ou alterar o texto legal. É fonte secundária do Direito Previdenciário, uma vez que não
poderá inovar no mundo jurídico, criando direitos e obrigações.

Como exemplo de decreto relativo à matéria da seguridade social, temos o Decreto nº 3.048/99
que regulamenta as Leis nº 8.212/91 e nº 8.213/91 que tratam, respectivamente, do plano de
custeio da Seguridade Social e do Plano de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

e) Normas complementares: são atos expedidos pelas autoridades administrativas,


pressupondo sempre a existência da lei ou de outro ato legislativo a que estejam
subordinados.

Nesse grupo encontram-se as Portarias, as Instruções Normativas, as Circulares, etc. São, também,
fontes secundárias do Direito Previdenciário.

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Como exemplo, pode ser citada a Instrução Normativa PRES/INSS nº 128/2022 que estabelece
rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da
Previdência Social.

2. Autonomia do direito previdenciário

Não obstante à denominação do ramo legal previdenciário, esse segmento trata não somente da
previdência social, como também da saúde e da assistência social. Alguns autores preferem usar a
terminologia de Direito da Seguridade Social ou Direito da Segurança Social.

A autonomia do Direito Previdenciário ainda não é pacífica entre os doutrinadores.

Alguns entendem que o surgimento do Direito Previdenciário se deu a partir da segmentação do


Direito Administrativo, devido à organização estatal da proteção social, enquanto outros o
consideram como evolução do Direito do Trabalho.

Há, ainda, aqueles que consideram o Direito Previdenciário autônomo, desde o seu surgimento, já
que desde épocas remotas os conceitos e princípios previdenciários são conhecidos, sendo alguns
até anteriores ao próprio Direito do Trabalho.

Fábio Zambitte Ibrahim defende a autonomia do Direito Previdenciário ao dizer que:

a autonomia do Direito Previdenciário é consequência do conjunto de princípios


jurídicos próprios deste ramo, além do complexo de normas aplicáveis a este
segmento. Pode-se, ainda, encontrar conceitos jurídicos exclusivos do Direito
Previdenciário, como por exemplo, salário de contribuição e salário de benefício,
estranhos a outros ramos do Direito.

Comungamos com a posição do autor referido, uma vez que entendemos que o Direito
Previdenciário surgiu antes mesmo do Direito do Trabalho e tem conceitos próprios, específicos
em relação à matéria de que trata.

3. Fontes da legislação previdenciária

Qualquer fonte de Direito, inclusive na área securitária, decorre de uma estrutura de poder, a qual
traz a necessária garantia de cumprimento de determinada norma imposta à sociedade. Ainda que
seja esperado o cumprimento espontâneo da lei por parcela da população, a certeza da sanção
pelo descumprimento deve existir.

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Segundo Fábio Zambitte Imbrahim2 “pode-se afirmar que temos, como fonte de Direito e, por
consequência, da legislação previdenciária, as leis e a jurisprudência.”

O Direito Previdenciário tem sua base assentada na Constituição Federal.

São fontes do Direito Previdenciário: a Constituição Federal, a Emenda Constitucional, as Leis


Complementares, Ordinárias e Delegadas, a Medida Provisória, o Decreto Legislativo, a Resolução
do Senado Federal, os atos administrativos normativos e a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

A palavra lei, em seu sentido mais amplo, contempla a Constituição Federal, as leis ordinárias, as
leis complementares, as leis delegadas, as medidas provisórias e os atos administrativos em geral
(como as portarias, as instruções, etc.).

Já em sentido estrito, o conceito de lei situa-se nos atos elaborados pelo Congresso Nacional, com
o poder de criar as leis ordinárias e complementares e as medidas provisórias e leis delegadas,
elaboradas pelo Poder Executivo.

As leis ordinárias, complementares e delegadas e as medidas provisórias são consideradas fontes


primárias do Direito Previdenciário. Elas poderão inovar no mundo jurídico, criando direitos e
obrigações, desde que, é claro, respeitem a Constituição Federal.

As fontes secundárias não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas
regulamentar as fontes primárias para o seu fiel cumprimento. Destacam-se, nesse caso, os
decretos, as instruções normativas, as resoluções, as orientações internas e outras.

Jurisprudência segundo o Professor Henrique Correia3 “é a decisão reiterada no mesmo sentido


sobre a mesma matéria”. A jurisprudência, como geradora de norma jurídica individual em razão
das decisões judiciais, é fonte de Direito, pois suas decisões são vinculantes para as partes.

As decisões reiteradas dos Tribunais pátrios formam a jurisprudência e são capazes, até mesmo,
de modificar o conteúdo dos atos administrativos, adaptando-os às interpretações oriundas do
Judiciário.

Têm-se como vinculantes, as decisões do STF proferidas em controle concentrado de


constitucionalidade e, desde a reforma constitucional por meio da Emenda nº 45/2005, as súmulas
vinculantes do Pretório Excelso obrigam o Poder Judiciário e a Administração Pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal a sua observância.

.
2
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 14ed., Niterói: Impetus, 2009, p.150.
.
3
CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho. 5ª ed. Salvador: JusPodivm, 2013, 41.

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O Novo Código de Processo Civil inovou ao impor o sistema de precedentes obrigatórios ao Poder
Judiciário por meio do disposto no art. 927:

Os juízes e os tribunais observarão:

I – as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II – os enunciados de súmula vinculante;

III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas


e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV – os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do


Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Para Ivan Kertzman4

Fonte do Direito Previdenciário é todo fato social gerador de normas jurídicas


previdenciárias. Dividem-se em materiais e formais. As primeiras são fontes
potenciais do Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos, etc. que
influem no surgimento de normas jurídicas.

Já as fontes formais são manifestações do Direito formadoras do próprio Direito


Previdenciário, podendo subdividir-se em estatais e não estatais.

(...)

As fontes formais estatais englobam a Constituição, leis complementares, leis


ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções
do Senado. Englobam, também, decretos regulamentares do poder executivo,
instruções ministeriais, circulares, portarias, ordens de serviço e normas individuais.

Os demais ramos do Direito são fontes, também, para o Direito Previdenciário e para o Direito
Securitário. Podem ser citados o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito do
Trabalho. Na verdade, o Direito é único, sendo dividido, apenas, por questões de didática.

.
4
KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 14ed., Salvador: JusPodivm, 2016, p.94.

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4. Aplicação, vigência, interpretação e integração da legislação


previdenciária

4.1. Aplicação da lei previdenciária no tempo e no espaço

Aplicar a lei significa reconhecer a subsunção de determinado caso concreto à situação genérica
prevista em lei, ou seja, enquadrar determinado evento acontecido numa previsão legal que o
preceda.

Maria, casada com João há 2 anos e segurada da Previdência Social Brasileira, na


qualidade de empregada, veio a óbito. Nesse caso, João tem direito à pensão por morte
de Maria, conforme dispõem os arts. 16, I e 74 da Lei nº 8.213/91.Nesse contexto, houve
um fato concreto (a morte de Maria) que ensejou a concessão do benefício da pensão por
morte. Foi aplicada a lei previdenciária para esse caso em concreto, concedendo a pensão
por morte ao seu marido.

Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio segundo o qual tempus regit actum: aplica-se a lei
vigente na data da ocorrência do fato.

Esse princípio é aplicado no entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela
súmula nº 340: “a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente
na data do óbito do segurado”.

Assim, para os pensionistas que tiveram o óbito de seus segurados sob a égide de uma Lei X,
deverão receber pensão nos termos dispostos pela Lei X. Caso venha, no futuro, uma Lei Y que
traga melhores condições para a concessão da pensão por morte, essa nova Lei Y não poderá ser
aplicada para casos cujos óbitos ocorreram antes dela.

As normas previdenciárias são aplicadas a todos que vivem no território nacional, segundo o
princípio da territorialidade.

Há situações, todavia, que a proteção previdenciária brasileira atinge pessoas que estão fora do
território nacional e estrangeiros que prestam serviços no Brasil. O princípio da extraterritorialidade
é aplicado como exceção.

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É o caso, por exemplo, de brasileiros civis que trabalham para a União, no exterior, em organismos
oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá
domiciliado e contratado, salvo se estiverem segurados na forma da legislação vigente do país do
domicílio. E, também, de estrangeiros que prestam serviços, no Brasil, a missão diplomática ou
repartição consular de carreira estrangeira, com residência permanente no país.

4.2. Vigência da lei previdenciária

A vigência é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para propagar efeitos tão logo
aconteçam no mundo fático os eventos que elas descrevem. A vigência é uma "característica da
norma que indica o lapso de tempo no qual a conduta por esta prescrita é exigível. Em outras
palavras, a vigência indica o período no qual as prescrições jurídicas têm efeito..."5

A lei passa a estar em vigor quando completa todos os trâmites para a sua formação, estando,
portanto, pronta e acabada, e, ainda, apta para irradiar seus efeitos. É a chamada aptidão da lei
para surtir os efeitos que lhe são próprios.

Em geral, a vigência da lei previdenciária não difere das demais leis que, salvo disposição em
contrário, começam a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicadas, conforme
dispõe o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).

No entanto, com o advento da Lei Complementar nº 95/98, nasceu a exigência para que a data da
vigência da lei fosse indicada expressamente, contemplando prazo razoável para que dela se
tivesse amplo conhecimento, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para
as leis de pequena repercussão.

Em outras palavras, segundo o comando previsto no art. 8º da Lei Complementar nº 95/98, a lei
tem que trazer em seu texto, de modo expresso, quando é que entrará em vigor, quando começará
a produzir seus efeitos.

Exemplo:

“Essa lei entrará em vigor 90 dias após a sua publicação”.

Em regra, sendo vigente a lei, ela está apta a produzir seus efeitos, dotada, portanto, de eficácia.

Quando nada disser a lei, entrará em vigor 45 dias após a sua publicação, salvo as exceções
previstas.

5
. DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: RT,
2011, p. 192.

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Há que se atentar, contudo, em relação à eficácia da lei da seguridade social, a exceção prevista
no § 6º do art. 195 da Constituição Federal, que introduz o princípio da anterioridade mitigada ou
do prazo nonagesimal ou da noventena, o qual retém a eficácia da nova lei que cria ou modifica a
contribuição social.

Conforme o artigo mencionado, a cobrança da contribuição social da seguridade social, caso venha
a ser instituída ou aumentada, somente terá eficácia após decorridos 90 dias da data da publicação
da lei.

Assim, vale dizer que, muito embora a lei possa entrar em vigor na data por ela estipulada, a
eficácia da cobrança da contribuição aumentada ou criada para o financiamento da Seguridade
Social somente poderá acontecer após 90 dias decorridos da publicação da lei que a instituiu ou
aumentou.

Não se pode cobrar uma contribuição de financiamento do sistema de Seguridade Social antes do
prazo de 90 dias da publicação da lei que criou a contribuição ou causou-lhe um aumento.

Uma lei publicada em 30/01/2021 aumenta a alíquota da COFINS (contribuição


para o financiamento da seguridade social incidente sobre a receita). Esse aumento
somente passa a vigorar após 90 dias decorridos do dia 30/01/2021.

Antes, esse aumento não poderá ser cobrado dos contribuintes, por força do que
dispõe o § 6º do artigo 195 da Constituição Federal.

4.3. Interpretação da norma previdenciária

A interpretação da norma jurídica é a atividade mental desenvolvida pelo jurista, objetivando traçar
uma ligação entre o texto normativo abstrato e o fato que se apresenta cru, à espera de uma
roupagem produzida nos lindes da Ciência do Direito.

Ao interpretar um texto normativo, o intérprete deve buscar, dentro das opções existentes no
mesmo, aquela que seja a mais compatível com o caso concreto, não se limitando às situações
previstas pelo legislador quando da elaboração do texto.

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De acordo com Hugo de Brito Machado6, “o intérprete não cria, não inova, limitando-se a
considerar o mandamento legal em toda a sua plenitude, declarando-lhe o significado e o alcance”.

De fato, deve-se lembrar de que a lei, devido a sua natural abstração, acaba por atingir e regular
casos que sequer foram pensados pelo legislador.

Os métodos de interpretação podem ser:

a) quanto à origem:

1) interpretação legislativa, legal ou autêntica: ocorre quando o próprio Poder Legislativo


elabora uma nova lei que interpretará a lei anterior. A lei posterior vem para interpretar a anterior.

2) interpretação jurisprudencial: é feita pelo Poder Judiciário no exercício da jurisdição, com


o objetivo de aplicar as normas aos casos concretos, na solução das lides.

3) interpretação administrativa: é realizada pela Administração Pública no exercício da


função administrativa.

4) interpretação doutrinária: feita pelos estudiosos da Ciência Jurídica em seus trabalhos


doutrinários.

b) quanto ao meio:

1) interpretação gramatical, literal ou filosófica: à luz do próprio texto da norma sob exame,
busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador.
Vai-se buscar o sentido da norma jurídica a partir do significado das palavras que estão no seu
texto.

2) interpretação histórica ou genética: o intérprete deve examinar os elementos, as


circunstâncias e as causas que implicaram na criação da lei. A análise que se faz é no sentido de
saber o que levou aquela lei ser criada.

3) interpretação teleológica ou finalística: feita mediante a apuração da finalidade objetivada


pela norma. A interpretação teleológica da lei se faz perguntando o que o legislador quis buscar,
atingir com a sua criação; qual seria o seu objetivo a alcançar com a nova lei.

4) interpretação sistemática: a interpretação se faz partindo do entendimento de que todas


as regras jurídicas devem ter, entre si, um nexo, pois são parte de um só sistema jurídico. A norma

.
6
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 29 ed., São Paulo: Malheiros, 2008, p.

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deve ser interpretada, considerando a sua existência dentro do ordenamento jurídico como um
todo.

Ao se utilizar do método de interpretação sistemático, o intérprete busca compatibilizar o texto


legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando
a lei objeto de interpretação como parte de um todo.

c) quanto à finalidade:

1) interpretação estrita: ocorre quando há a concordância entre o significado das palavras


com o que pretende o legislador.

2) interpretação restritiva: ocorre quando o texto é mais amplo do que a intenção da lei,
devendo o intérprete restringir o seu alcance.

3) interpretação extensiva: ocorre quando o texto é mais restrito do que a intenção do


legislador, devendo o intérprete expandir o alcance da lei.

4.4. Integração da lei previdenciária

A integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o sistema jurídico inteiro, sem
lacunas.

É o que pode acontecer caso o intérprete verifique não existir uma regra jurídica que se amolde
especificamente para o caso concreto. Há uma lacuna na norma que precisa ser preenchida.

A integração difere da interpretação na medida em que aquela não visa a mens legis, o significado
de determinada norma, mas sim o preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico, pois o juiz
não pode deixar de resolver a lide proposta, alegando a inexistência de lei a respeito.

Cabe ao aplicador do Direito utilizar-se de recursos integrativos, buscando a solução adequada


para a lide.

Como ferramentas de integração, temos a analogia, a equidade, os costumes e os princípios gerais


do Direito.

A analogia consiste na aplicação a um determinado caso, para o qual inexiste preceito expresso,
de norma legal prevista para uma situação semelhante. Funda-se em que as razões que ditaram o
comando legal para a situação regulada devem levar à aplicação de idêntico preceito ao caso
semelhante. Deve-se procurar relação jurídica similar, para a qual exista regramento jurídico.

A equidade atua como instrumento de realização concreta da justiça, em que a aplicação rígida e
inflexível da regra legal escrita repugnaria ao sentimento de justiça da coletividade, que cabe ao
aplicador da lei implementar. Esse deverá utilizar o senso de justiça para preencher a lacuna que

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se encontra na lei. Pela utilização da equidade corrige-se a insuficiência da norma decorrente da


sua generalidade.

Nesse sentido, no âmbito da previdência privada e no dos planos previdenciários públicos, o


Superior Tribunal de Justiça invocou a analogia e a equidade como formas de integração de lacuna
normativa, estendendo aos parceiros homoafetivos a condição de dependentes previdenciários.

Os costumes são práticas reiteradas, de longa data, pela sociedade e aceitas como corretas. Têm
força normativa, desde que não sejam contrários à lei.

Os princípios gerais de Direito são aqueles que fornecem as principais diretrizes do ordenamento
jurídico, responsáveis pela fundação de toda a construção jurídica. São os princípios básicos que
orientam todos os ramos do Direito.

Podem ser mencionados o princípio da igualdade perante a lei, o da ampla defesa, entre outros.

5. Hierarquia das normas previdenciárias

A hierarquia das normas é a ordem de graduação entre elas, de forma que a superior é fundamento
de validade da inferior:

– normas constitucionais;

– leis complementares, ordinárias, delegadas, tratados internacionais, medidas provisórias,


decretos legislativos e resoluções do Senado;

– decretos regulamentares;

– instruções normativas, portarias, ordens de serviços.

“É tecnicamente indevida a expressão hierarquia das leis, pois não existe hierarquia entre atos
legais, mas sim entre normas jurídicas.”7 No caso de confronto entre duas normas, aplica-se a de
hierarquia superior.

Caso as normas estejam no mesmo patamar hierárquico, prevalecerá a norma especial em relação
à norma geral. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro
ou organismo internacional e o Brasil sejam partes e que versem sobre matéria previdenciária são
interpretados como leis especiais.

.
7
IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 19ªed., Niterói: Impetus, 2014, p.153.

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Também, pode ser aplicado o princípio in dúbio pro misero. No caso de haver conflito entre duas
normas de mesma hierarquia, na dúvida, utiliza-se a lei mais benéfica. Havendo duas normas
equivalentes que tratem da questão previdenciária, aplica-se a mais favorável ao beneficiário.

• ordinária: aprovação por maioria simples dos votos.


Leis • complementar: aprovação por maioria absoluta dos votos.
• delegada: elaborada pelo Poder Executivo com autorização do Poder Legislativo.

Medida • ato do Poder Executivo com força de lei. Não pode tratar de matéria reservada à
Provisória lei complementar.

Tratados e • são interpretados como “lei especial”.


LEGISLAÇÃO convenções
PREVIDENCIÁRIA internacionais

Decreto • ato expedido pelo Poder Executivo. Regulamenta a lei.

Expedidas pelas autoridades administrativas:


• Portarias;
Normas
• Instruções normativas;
complementares
• Resoluções;
• Orientações, etc.

• em sentido amplo: Constituição Federal, leis, medidas provisórias e atos


administrativos em geral.
FONTES DA Lei
• em sentido estrito: leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas e medidas
LEGISLAÇÃO provisórias.
PREVIDENCIÁRIA

Jurisprudência • decisões judiciais reiteradas sobre a mesma matéria.

poderão inovar no mundo jurídico, criando direitos e obrigações, desde que, é claro,
respeitem a Constituição Federal. São consideradas fontes primárias: as leis
Primárias
ordinárias, complementares e delegadas e as medidas provisórias, decreto legislativo
e resolução do Senado.

não poderão contemplar novos direitos e obrigações, mas apenas regulamentar as


fontes primárias para o seu fiel cumprimento. Destacam-se, nesse caso, os decretos
Secundárias
regulamentares, as instruções normativas, as resoluções, as orientações internas e
FONTES outras.

são fontes potenciais do Direito, ou seja, fatores sociais, econômicos, políticos, etc.
Materiais
que influem no surgimento de normas jurídicas.

englobam a Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas,


medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do Senado, decretos
Formais
regulamentares do poder executivo, instruções ministeriais, circulares, portarias,
ordens de serviço e normas individuais.

• autêntico ou legal;
MÉTODOS DE quanto à • jurisprudencial;
INTERPRETAÇÃO origem: • administrativo;
• doutrinário.

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• literal ou gramatical;
• histórico ou genético;
quanto ao meio:
• teleológico ou finalístico;
• sistemático.

• estrita;
quanto à • restritiva;
finalidade: • extensiva.

• analogia;
MÉTODOS DE • equidade;
INTEGRAÇÃO • costumes;
• princípios gerais de Direito.

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LEGISLAÇÃO

Constituição Federal

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

XXIII – seguridade social; ==26a66d==

(...)

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

(...)

XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;

(...)

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I – emendas à Constituição;

II – leis complementares;

III – leis ordinárias;

IV – leis delegadas;

V – medidas provisórias;

VI – decretos legislativos;

VII – resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação
das leis.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

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§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,


ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou


veto do Presidente da República.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos
arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição,


se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma
vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações
jurídicas delas decorrentes.

§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-


se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas
provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua
publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do
Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações
legislativas da Casa em que estiver tramitando.

§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo
de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do
Congresso Nacional.

§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.

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§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre


elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das
Casas do Congresso Nacional.

§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido
rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou
perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta
manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...)

IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução;

(...)

Lei nº 8.212/91

Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou
organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão
interpretados como lei especial.

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QUESTÕES COMENTADAS

Legislação previdenciária

CEBRASPE

1. (Cebraspe/Técnico Administrativo/INSS/2016) – Lei complementar editada pela União poderá


autorizar os Estados e o DF a legislar sobre questões específicas relacionadas à seguridade
social.
o Certo o Errado

Comentários:

Compete à União legislar privativamente sobre seguridade social. No entanto, lei complementar
editada pela União poderá autorizar os Estados e o DF legislar sobre questões específicas
relacionadas à seguridade social. É o que se depreende do disposto no art. 22, inciso XXIII e
parágrafo único, da Constituição Federal.

Item correto.

2. (Cebraspe/Analista Legislativo/Câmara dos Deputados/2014) – Acerca da legislação


previdenciária, especialmente no que se refere as suas fontes, autonomia, vigência e
interpretação, julgue o item que se segue.
– Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto
legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando
a lei objeto de interpretação como parte de um todo.
o Certo o Errado

Comentários:

Ao se utilizar do método de interpretação sistemático o intérprete busca compatibilizar o texto


legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando
a lei objeto de interpretação como parte de um todo.

Item errado.

3. (Cebraspe – Juiz Federal Substituto 5ª Região/2013) – No que concerne aos princípios, à


eficácia e à interpretação das normas de seguridade social, assinale a opção correta.
a) Embora não haja nas normas previdenciárias preceito equivalente ao previsto no CPC, segundo
o qual o juiz somente se pode valer da equidade quando autorizado por lei, essa técnica tem sido

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utilizada na solução de conflitos que envolvam matéria previdenciária, como os casos de concessão
de benefícios previdenciários nas relações homoafetivas.
b) De acordo com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, o poder público, na execução das
políticas relativas à saúde e à assistência social, assim como à previdência social, deve atentar
sempre para a relação entre custo e pagamento de benefícios, a fim de manter o sistema em
condições superavitárias.
c) Por adotar os princípios da seletividade e distributividade, o poder público pode averiguar a
capacidade contributiva do indivíduo para fins de concessão dos benefícios e dos serviços da
seguridade social.
d) Como as normas previdenciárias aplicam-se somente às pessoas que vivem no território
nacional, o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior não pode ser segurado da
previdência social.
e) Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou
organismo internacional e o Brasil sejam partes e que versem sobre matéria previdenciária são
interpretadas como leis ordinárias gerais.

Comentários:

Alternativa “a”: correta. O Poder Judiciário vinha aplicando a equidade nos casos de concessão
de benefícios previdenciários nas relações homoafetivas.

Por força de decisão judicial na ação civil pública nº 2000.71.009347-0, o companheiro ou a


companheira do mesmo sexo do segurado inscrito no RGPS passou a integrar o rol dos
dependentes e, desde que comprovada a vida em comum, concorre, para fins de pensão por
morte e de auxílio-reclusão, com os demais dependentes de 1ª classe. Esse entendimento foi de
vez consolidado pela Portaria do antigo Ministério da Previdência Social (MPS) nº 513/2010.

Alternativa “b”: errada. O princípio do equilíbrio financeiro e atuarial deve ser aplicado para os
benefícios e serviços da Previdência Social, conforme preceitua o art. 201, da Constituição Federal.

Alternativa “c”: errada. A capacidade contributiva está atrelada ao princípio da equidade na forma
de participação no custeio da seguridade social. Aqueles contribuintes que apresentarem maior
capacidade contributiva para o sistema de seguridade social arcarão com uma parcela maior de
contribuição.

Os princípios da seletividade e distributividade devem ser aplicados para a concessão dos


benefícios e dos serviços da seguridade social, considerando a necessidade de cada um. Ao eleger
os benefícios e serviços mais fundamentais e necessários à população, o legislador vai definir os
requisitos que devem ser preenchidos para a obtenção do benefício e aquele que se enquadrar
nos requisitos da lei poderá ter a proteção social.

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Alternativa “d”: errada. O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para


trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior é enquadrado
como segurado obrigatório da previdência social, na qualidade de empregado. Assim, será
amparada pela Previdência Social do Brasil.

Alternativa “e”: errada. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado
estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes e que versem sobre matéria
previdenciária são interpretadas como leis especiais.

4. (Cebraspe – Juiz Federal Substituto 5ª Região/2011) – Em relação às fontes e princípios e à


eficácia e interpretação das normas de seguridade, assinale a opção correta.
a) Com base no princípio constitucional de irredutibilidade do valor dos benefícios, não se admite
redução do valor nominal do benefício previdenciário pago em atraso, exceto na hipótese de
índice negativo de correção para os períodos em que ocorra deflação.
b) As fontes formais do direito previdenciário consistem nos fatores que interferem na produção
de suas normas jurídicas, como, por exemplo, os fundamentos do surgimento e da manutenção
dos seguros sociais e os costumes no âmbito das relações entre a autarquia previdenciária – no
caso, o INSS – e o segurado.
c) Havendo antinomia entre norma principiológica e norma infraconstitucional, a questão se resolve
pela sobreposição da norma constitucional à legal, razão pela qual o STF declarou a
inconstitucionalidade formal da Lei nº 9.876/1999, na parte que estendeu o salário-maternidade às
contribuintes individuais, sob o argumento de que a CF somente prevê o benefício expressamente
às empregadas urbanas, rurais e domésticas e às trabalhadoras avulsas.
d) Diante de aparente antinomia entre normas principiológicas ou constitucionais, não é correto,
segundo a doutrina dominante, falar-se em conflito, mas em momentâneo estado de tensão ou de
mal-estar hermenêutico, cuja solução não se dá pela exclusão de uma norma do ordenamento
jurídico, como ocorre com as regras em geral, mas pela ponderação entre os princípios, em cada
caso concreto.
e) A interpretação teleológica das normas previdenciárias consiste na análise da norma no contexto
desse ramo do direito ou do ordenamento jurídico como um todo, e não, isoladamente. Busca-se,
com isso, a integração da norma com os princípios.

Comentários:

Alternativa “a”: errada. O valor dos benefícios não poderá sofrer redução nominal, mesmo que
haja deflação.

Alternativa “b”: errada. As fontes formais do direito previdenciário são a Constituição Federal, as
leis e demais atos normativos, além da jurisprudência.

Os costumes não são considerados fontes formais do direito, mas meios de integração da norma.

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Alternativa “c”: errada. Não é verdade que o STF declarou a inconstitucionalidade formal da Lei
nº 9.876/1999, na parte que estendeu o salário-maternidade às contribuintes individuais.
Tampouco é verdade que a Constituição somente prevê o benefício expressamente às
empregadas urbanas, rurais e domésticas e às trabalhadoras avulsas. A Constituição Federal prevê
como objetivo da Previdência Social a proteção à maternidade, especial à gestante.

Alternativa “d”. Perfeita a assertiva. Digna de memorizá-la.

Alternativa “e”: errada. A interpretação teleológica consiste em apurar a finalidade objetivada pela
norma jurídica. A interpretação teleológica da lei se faz perguntando o que o legislador quis buscar,
atingir com a sua criação; qual seria o seu objetivo a alcançar com a nova lei. Já a interpretação
sistemática ou lógica consiste na análise da norma no contexto desse ramo do direito ou do
ordenamento jurídico como um todo, e não, isoladamente.

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LISTA DE QUESTÕES

Legislação previdenciária

CEBRASPE

1. (Cebraspe/Técnico Administrativo/INSS/2016) – Lei complementar editada pela União poderá


autorizar os Estados e o DF a legislar sobre questões específicas relacionadas à seguridade
social.
o Certo o Errado
2. (Cebraspe/Analista Legislativo/Câmara dos Deputados/2014) – Acerca da legislação
previdenciária, especialmente no que se refere as suas fontes, autonomia, vigência e
interpretação, julgue o item que se segue.
– Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto
legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando
a lei objeto de interpretação como parte de um todo.
o Certo o Errado
3. (Cebraspe – Juiz Federal Substituto 5ª Região/2013) – No que concerne aos princípios, à
eficácia e à interpretação das normas de seguridade social, assinale a opção correta.
a) Embora não haja nas normas previdenciárias preceito equivalente ao previsto no CPC, segundo
o qual o juiz somente se pode valer da equidade quando autorizado por lei, essa técnica tem sido
utilizada na solução de conflitos que envolvam matéria previdenciária, como os casos de concessão
de benefícios previdenciários nas relações homoafetivas.
b) De acordo com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, o poder público, na execução das
políticas relativas à saúde e à assistência social, assim como à previdência social, deve atentar
sempre para a relação entre custo e pagamento de benefícios, a fim de manter o sistema em
condições superavitárias.
c) Por adotar os princípios da seletividade e distributividade, o poder público pode averiguar a
capacidade contributiva do indivíduo para fins de concessão dos benefícios e dos serviços da
seguridade social.
d) Como as normas previdenciárias aplicam-se somente às pessoas que vivem no território
nacional, o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior não pode ser segurado da
previdência social.

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e) Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou


organismo internacional e o Brasil sejam partes e que versem sobre matéria previdenciária são
interpretadas como leis ordinárias gerais.
4. (Cebraspe – Juiz Federal Substituto 5ª Região/2011) – Em relação às fontes e princípios e à
eficácia e interpretação das normas de seguridade, assinale a opção correta.
a) Com base no princípio constitucional de irredutibilidade do valor dos benefícios, não se admite
redução do valor nominal do benefício previdenciário pago em atraso, exceto na hipótese de
índice negativo de correção para os períodos em que ocorra deflação.
b) As fontes formais do direito previdenciário consistem nos fatores que interferem na produção
de suas normas jurídicas, como, por exemplo, os fundamentos do surgimento e da manutenção
dos seguros sociais e os costumes no âmbito das relações entre a autarquia previdenciária – no
caso, o INSS – e o segurado. ==26a66d==

c) Havendo antinomia entre norma principiológica e norma infraconstitucional, a questão se resolve


pela sobreposição da norma constitucional à legal, razão pela qual o STF declarou a
inconstitucionalidade formal da Lei nº 9.876/1999, na parte que estendeu o salário-maternidade às
contribuintes individuais, sob o argumento de que a CF somente prevê o benefício expressamente
às empregadas urbanas, rurais e domésticas e às trabalhadoras avulsas.
d) Diante de aparente antinomia entre normas principiológicas ou constitucionais, não é correto,
segundo a doutrina dominante, falar-se em conflito, mas em momentâneo estado de tensão ou de
mal-estar hermenêutico, cuja solução não se dá pela exclusão de uma norma do ordenamento
jurídico, como ocorre com as regras em geral, mas pela ponderação entre os princípios, em cada
caso concreto.
e) A interpretação teleológica das normas previdenciárias consiste na análise da norma no contexto
desse ramo do direito ou do ordenamento jurídico como um todo, e não, isoladamente. Busca-se,
com isso, a integração da norma com os princípios.

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GABARITO

1. Certo
2. Errado
3. A
4. D

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