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1.

RESUMO

Visando a obtenção experimental de uma grandeza física foram realizadas medidas


diretas de massa e comprimento dos materiais. Além disso, para asseguramento da
metodologia foram considerados as incertezas padrões onde foram feitos os
cálculos devidos. Desta forma, foi possível obter de forma indireta os valores a
respeito do volume e por conseguinte a densidade. Para realização da medição
foram utilizados uma régua, paquímetro e micrômetro, onde foi observado suas
diferentes precisões em frente aos materiais sólidos e posteriormente comparados.
Sendo assim, os experimentos obtiveram resultados satisfatórios, em
correspondência com a finalidade do experimento e aqueles que sofreram pequena
variação podem ser consequência de alguma imprecisão de medidas ou cálculos.
Palavras-chave: física; instrumentos de medida; micrômetro; paquímetro; régua.
2. OBJETIVOS

● Familiarização com os seguintes instrumentos de medida: régua, paquímetro


e micrômetro;
● Obtenção experimental de uma grandeza física diretamente e determinação
de suas incertezas usando um método estatístico;
● Obtenção de uma grandeza física indiretamente e determinação de sua
incerteza usando a teoria de propagação de incertezas, e
● Comparação dos resultados experimentais a partir dos erros.
3. INTRODUÇÃO

As medições são efetuadas comparando-se com outra de mesma espécie,


onde esta é denominada de unidade. Tais grandezas físicas sempre estiveram
presentes no decorrer de toda história humana, que inicialmente utilizava métodos
primitivos como a utilização do corpo humano para dimensionar comprimento e área.
Posteriormente, surgiram as balanças, as réguas e outros instrumentos de medidas até a
criação do sistema internacional de unidades na década de 60, que estabelece grandezas
universais para serem empregadas mundialmente.
Historicamente, foi possível estabelecer uma padronização que é seguida
mundialmente que facilita o desenvolvimento e a produção. Diante disso, é possível
mensurar de forma direta ou indireta. A medição de forma direta corresponde à leitura
prática através de um instrumento de medida, diferentemente da forma indireta que utiliza
expressões matemáticas para se mensurar tais grandezas. Entretanto, na prática estão
sujeitas a erros e incertezas frente a diferentes corpos que apresentam diferentes aspectos
físicos.
Diante disso, vale salientar a diferença entre os termos erro e incerteza, onde o
termo erro refere-se a diferença entre a medida e o valor verdadeiro que quanto menor for o
erro maior a exatidão. Tal termo possui duas ramificações diferentes denominadas de erro
aleatório que refere-se a parcela imprevisível temporais ou espaciais, e o outro tipo de erro
é chamado de erro sistemático que é a parcela previsível que pode apenas ser reduzida ou
corrigida, mas não eliminada. A incerteza é um importante parâmetro associado ao
resultado de uma medida que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser atribuídos
a uma grandeza física.
Entende-se então que, as medidas físicas têm diversos fatores e estudos que
possibilitam uma maior aferição de resultados e através de equipamentos elaborados que
são utilizados para uma maior precisão mas que ainda assim podem apresentar análises
diferentes gerando desvios que calculamos matematicamente para que se diminuam as
incertezas.
4. TEORIA

4.1. Abordagem Estatística


Numa abordagem estatística o ponto de i é medir várias vezes a mesma grandeza
e calcular sua média (aritmética) dada pela equação abaixo. Neste caso, a média é a
melhor estimativa do valor mais provável de um conjunto de medidas,

onde n é o número total de medidas e xᵢ representa o valor individual de cada medida.


Uma vez que as medidas são em geral todas diferentes entre si, sua variabilidade ou
dispersão, pode ser calculada estimando o desvio padrão das medidas, dado pela equação
a seguir. O desvio padrão é uma espécie de média das diferenças quadráticas de cada
medida até a média.

Resumindo o desvio padrão é um parâmetro que caracteriza a dispersão das


medidas e expressa a qualidade das medições. Uma vez calculado o desvio padrão de um
conjunto de medidas, podemos obter o desvio padrão da média que expressa a incerteza
do valor médio de n medições em condições de repetitividade. O desvio padrão da média,
dado na equação abaixo, é um excelente candidato para expressar a incerteza da média
de um conjunto de medidas.

Deste modo podemos expressar o resultado de n medições por x ± δ. Nos casos


de uma única medida e de igual valor para várias medidas não há como determinar o
desvio padrão do processo de medição. Nestes casos, usamos a metade da menor divisão
da escala para expressar a incerteza da medida.
A principal razão de se repetir uma medida várias vezes é para estimar o desvio
padrão do processo de medição em que a metade da menor divisão da escala ou não é
adequada, ou não é acessível.

4.2. Propagação de Erros e Incertezas


Antes de apresentar o conteúdo proposto nesta seção, é importante seguir a
recomendação do Guia para Expressão de Incertezas (Inmetro 1998) e definir alguns
termos que serão usados neste estudo:
Mensurando: Grandeza a ser determinada num processo de medição.
Valor verdadeiro: Valor consistente com a definição de uma determinada quantidade. Em
princípio, apenas obtido num processo de medição perfeito, que em geral não existe.
Incerteza: Parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão
dos valores que podem satisfatoriamente ser atribuídos ao mensurando. Reflete o
desconhecimento do valor exato do mensurando.
Erro: É a diferença entre a medida, isto é, o valor experimental, e o valor verdadeiro.
Quanto menor o erro, maior a exatidão (acurácia). Usualmente é dado em porcentagem.

Erro sistemático: Erro constante característico do processo ou instrumento (por ex.: a


calibração do instrumento de medida).
Erro padrão: desvio padrão dos valores médios em relação ao valor verdadeiro. Outro
parâmetro quase impossível de ser determinado. A diferença entre incerteza e o erro (seja
ele qual for) é que o erro pode, em princípio, ser corrigido enquanto a incerteza define um
intervalo em que as medidas irão ocorrer com alguma probabilidade. Então, caso sua
experiência tenha um erro, existe uma falha no procedimento que pode e deve ser
corrigido.

4.3. Propagação de Incertezas


Algumas grandezas podem ser conhecidas a partir de uma expressão matemática
que envolve valores de uma medição. Nestes casos, para o mensurando temos a incerteza
do processo de medição, enquanto para as grandezas determinadas através de fórmulas
temos a incerteza propagada.

4.4. Cálculo da propagação de incertezas


Dada uma função ω=ω(x,y,z) onde x, y e z são grandezas experimentais com
incertezas dadas por δx, δy, δz e independentes entre si (para validar as fórmulas aqui
apresentadas).
No caso de mais de uma variável, todas independentes entre si, a fórmula geral é dada por:

Resumo das expressões matemáticas para a propagação de incertezas para variáveis


independentes entre si. Nas expressões x e y são as variáveis e a, m, p e q constantes.
5. METODOLOGIA

5.1. Materiais

• Cilindro de alumínio

• Cilindro de latão

Instrumentos de Medidas
• Régua

• Paquímetro

• Micrômetro

• Balança digital

5.2. Procedimento

Para realização do experimento foram usados dois cilindros, sendo um de


alumínio e o outro de latão. Em seguida, se fez seis medições distintas onde em
cada uma utilizou-se uma régua, paquímetro e micrômetro. Buscou-se pontos
distintos nas dimensões do cilindro para se obter possíveis incongruências nas seis
medições. Posteriormente fez se cálculo dos volumes de cada peça usando os
valores médios obtidos de cada medida onde por conseguinte obteve-se as
incertezas empregando a teoria de propagação de erros. Além disso, para calcular o
volume dos cilindros utilizou-se a seguinte expressão:

h2 V = π R , onde R é o raio médio do cilindro e h a altura média.

Para calcular a densidade, foram utilizados os valores médios dos volumes.


Em seguida, através da propagação das incertezas se fez o cálculo das incertezas
relacionados à densidade de cada material considerando a incerteza do volume e
para a incerteza da massa considerou-se a incerteza da balança digital, a expressão
matemática utilizada está descrita a seguir:
Densidade = Massa
Volume
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Dados e Tabelas

Tabela 1: Medidas do diâmetro (φ) e da altura dos cilindros (h), efetuadas com diferentes equipamentos.

Número de Régua Paquímetro Micrômetro


Medidas h Latão h Al h Latão h Al h Latão h Al

1 20 mm 20 mm 22,2 mm 22,2 mm 20,64 mm 20,67 mm

2 19 mm 19 mm 22,2 mm 22,1 mm 20,63 mm 20,67 mm

3 19 mm 18 mm 22,3 mm 22,1 mm 20,63 mm 20,62 mm

4 20 mm 19 mm 22,2 mm 22,1 mm 20,65 mm 20,66 mm

5 20 mm 20 mm 22,2 mm 22,1 mm 20,64 mm 20,67 mm

Média ±19,6 mm ±19,2 mm ±22,2 mm ±22,12 mm ±20,63 mm ±20,65 mm

Tabela 2: Medidas e desvios médios obtidos com os diferentes instrumentos.

Cilindro de Cilindro de Latão

Instrumento Alumínio

h±δh φ±δφ h±δh φ±δφ

Régua ±19,2 ±19,8 ±19,6 ±19,2

Paquímetro ±22,12 ±22,15 ±22,2 ±21,4

Micrômetro ±20,65 ±21,,24 ±20,63 ±20,6

Tabela 3: Valores obtidos para os volumes dos cilindros com suas respectivas incertezas e
diferentes instrumentos de medida.

Cilindro de Alumínio Cilindro de Latão

Instrumento
VAl ± δ VAl VLatão ± δ VLatão

Régua 2,5𝜋 ± 0,13𝜋 2,53𝜋 ± 0,16𝜋

Paquímetro 2,7𝜋 ± 0,046𝜋 2,714𝜋 ± 0,13𝜋

Micrômetro 2,6𝜋 ± 0,3𝜋 2,7𝜋 ± 0,046𝜋


Tabela 4: Medidas das massas de cada peça com suas respectivas incertezas.

Cilindro de Alumínio Cilindro de Latão

mAl ± δ mAl mLatão ± δ mLatão

±22,5127 ±75,3475

Tabela 5: Valores obtidos para as densidades de cada material com suas respectivas
incertezas e diferentes instrumentos de medida.

Densidade do Densidade do Latão

Alumínio
Instrumento

ρ Al ± δ ρ Al ρ Latão ± δ ρ Latão

Régua 2,8 ± 0,14 9,47 ± 0,59

Paquímetro 2,6 ± 0,5 8,84 ± 0,32

Micrômetro 2,67 ± 0,05 8,9 ± 0,16

Tabela 6: Valores obtidos dos erros percentuais para as densidades de cada material com suas
respectivas incertezas e diferentes instrumentos de medida.

densidade do densidade do Latão

Instrumento Alumínio

EAl(%) ELatão(%)

Régua ±3,7% ±10,7%

Paquímetro ±3,7% ±3,39%

Micrômetro ±1,1% ±4,1%

6.2. Questões

1) Qual instrumento proporcionou um resultado mais preciso? Por quê?


Dentre os instrumentos de medidas utilizados, o mais preciso é o micrômetro porque
possui menor valor de incerteza.

2) Em que circunstância deve-se utilizar a incerteza de um instrumento?


Quando deve ser utilizado o desvio padrão da média como incerteza da
medida?
Os instrumentos de medidas, por mais precisos que sejam, estão sujeitos a erros.
Considerar o uso das incertezas permite perceber maior congruência nos resultados
desejados e, cabe a utilização de desvio padrão quando se faz repetidas medições.
Diante disso, é possível determinar uma média de todas as medidas e perceber a
relação entre desvio padrão e a média, bem como calcular a média do próprio
desvio padrão, formando uma margem de erro confiável com base nos dados
experimentais.
7. CONCLUSÃO

O experimento proporcionou a familiarização com os instrumentos de


medição e constatar a teoria da propagação do erro. Foram utilizados os
instrumentos: régua, paquímetro e micrômetro para medir as dimensões dos objetos
propostos. Os dados obtidos se aproximaram do esperado para cada instrumento,
apesar de ter ocorrido erros de leituras na utilização do paquímetro e micrômetro
devido a inexperiência com tais instrumentos. Através dos dados obtidos, foram
realizados os cálculos onde se obteve o volume indiretamente, e teve sua incerteza
propagada com base na teoria da propagação do erro, assim temos o volume para o
cilindro de alumínio e latão.
Portanto diante dessas premissas, os objetivos deste experimento
foram alcançados com sucesso
8. BIBLIOGRAFIA

CRAWLEY, A. F. Densities of liquid metals and alloys. International Metallurgical


Reviews, v. 19, n. 1, p. 32-48, 1974.

DAMASCENO, Jailton Carreteiro; ANTONIO, João; DE OLIVEIRA, Sérgio Pinheiro.


Avaliação de dados de medição—Guia para a expressão de incerteza de medição.
INMETRO, 2008.

EDITORA, SENAI-SP (Ed.). Controle de medidas. SESI SENAI Editora, 2018.

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