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m =2 R: contra-domínio de f z
R3
X (x,y,z)
y R
z
R2 f
(x,y) z = f(x,y) y
x y
z Î R: imagem x
x
de (x,y) por f
2
X Ì R : domínio de f gráfico de f:
superfície z = f(x,y) em R3
Observações. { }
(1) O caso m = 2 é de especial interesse, pois o gráfico G (f) = (x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ X e z = f (x, y) de f é uma
superfı́cie no espaço cartesiano (veremos vários exemplos adiante). Tal superfı́cie é obtida da equação cartesiana nas
variáveis x, y e z dada por z = f (x, y). Além disso, no espaço cartesiano onde representamos o gráfico de f também
representamos o seu domı́nio X, no plano xy, e o seu contra-domı́nio R, como sendo o eixo z.
z
z = f(x,y)
(x,y,f(x,y)) gráfico
contra-domínio
G(f)
y
x (x,y) domínio
X
{ }
(2) Quando m = 3 temos G (f) = (x, y, z, w) ∈ R4 : (x, y, z) ∈ X e w = f (x, y, z) como subconjunto de R4 e não
temos como visualizá-lo no espaço tridimensional.
(3) Quando o domı́nio a ser considerado para uma função f for o maior possı́vel, indicaremos a função apenas pela
sua expressão analı́tica. Por exemplo, f (x, y) = x2 + y2 significa que o domı́nio de f é todo o R2 . Tais domı́nios são
chamados de domı́nios máximos ou domı́nios maximais de f. Geralmente, quando nada é dito a respeito do domı́nio
de uma função, considere-o como sendo máximo.
√
Exemplo. Qual é o maior domı́nio possı́vel para f : X ⊂ R2 → R dada por f (x, y) = 25 − x2 − y2 ?
Para que z = f (x, y) seja um número real devemos ter 25 − x2 − y2 ≥ 0, ou seja, x2 + y2 ≤ 52 que representa um
disco com centro na origem do plano cartesiano e raio 5.
y
5
(x,y)
y
-5 5
x x
-5 domínio
Logo, o maior domı́nio X ⊂ R2 possı́vel para f é um disco com centro na origem do plano cartesiano e raio 5.
Outra observação importante: nem sempre utilizamos as tradicionais letras f, x e y para representar uma função de
duas variáveis. Por exemplo, o volume de um cone pode ser expresso em função de sua altura e do raio de sua base,
ou seja, V = 31 πr2 h pode ser escrito como função: V (r, h) = 13 πr2 h no lugar de f (x, y) = 31 πx2 y.
h
r
Exercı́cios.
(1) Dê o maior domı́nio possı́vel da função f : X ⊂ R3 → R dada por f (x, y, z) = √ x+y+z .
2 2x +y +z2
Resolução.
Devemos ter x2 + y2 + z2 > 0 para que f (x, y, z) seja número real. Logo, devemos excluir de X ⊂ R3 pontos (x, y, z)
tais que x2 + y2 + z2 ≤ 0. Mas o único ponto de R3 que satisfaz x2 + y2 + z2 ≤ 0 é (x, y, z) = (0, 0, 0). Logo,
{ }
X = (x, y, z) ∈ R3 : (x, , y, z) ̸= (0, 0, 0) = R3 − {(0, 0, 0)}
y
(x,y)
y
x
x
√
(3) Esboce o gráfico de f : X ⊂ R2 → R dada por f (x, y) = 25 − x2 − y2 .
Resolução.
Vimos, no exemplo acima, que o maior domı́nio possı́vel para f é o disco de raio 5 com centro na origem do plano
cartesiano. √
De z = f (x, y, z) = 25 − x2 − y2 temos z2 = 25 − x2 − y2 , ou seja, x2 + y2 + z2 = 52 , que é a equação cartesiana
de uma esfera com centro na origem e raio 5.
Mas z = f (x, y) ≥ 0. Logo, o gráfico de f é uma semiesfera com centro na origem e raio 5 localizada acima do
plano xy no espaço cartesiano.
z gráfico
R3 5 (semiesfera)
5
y
x 5
domínio
(disco)
(1) Elipsóide com centro na origem e eixos paralelos aos eixos coordenados.
Equação reduzida:
x2 y2 z2
+ + = 1,
a2 b2 c2
sendo a, b, e c constantes positivas.
Observações:
(i) quando a = b, a = c ou b = c o elipsóide é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
(ii) quando a = b = c = r temos uma esfera com centro na origem e raio r cuja equação é dada por x2 + y2 + z2 = r2 .
Observações:
(i) quando a = b o hiperbolóide de uma folha é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2 2
(ii) o hiperbolóide de uma folha com eixo y e centro na origem possui equação ax 2 − y
b2
+ cz2 = 1, enquanto que o de
2
y2 z2
eixo x possui equação − ax 2 + b2
+ c2
= 1.
Observações:
(i) quando a = b o hiperbolóide de duas folhas é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2
z2
(ii) o hiperbolóide de duas folhas com eixo y e centro na origem possui equação − ax 2 + y
b2
− c2
= 1, enquanto que o
x2 y2 z2
de eixo x possui equação a2
− b2
− c2
= 1.
Observações:
(i) quando c > 0 temos a convavidade do parabolóide elı́ptico para cima e, quando c < 0, para baixo.
(ii) quando a = b o parabolóide elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
x2 z2
(iii) o parabolóide elı́ptico com eixo y e centro na origem possui equação y b = a2 + c2 , enquanto que o de eixo x
x y2 z2
possui equação a = b2
+ c2
.
y x2 z2 y 2
z2
Observação: o parabolóide hiperbólico com eixo y e centro na origem possui equação b = a2
− c2
ou b = − ax 2 + c2
,
y2 z2
2
z2
enquanto que o de eixo x possui equação x
a = b2
− c2
ou x
a = −y
b2
+ c2
.
Observações:
(i) quando a = b o cone elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2
z2
(ii) o cone elı́ptico com eixo y e vértice na origem possui equação y2 = ax 2 + c2
, enquanto que o de eixo x possui
y2 z2
equação x2 = b2
+ c2
.
Observações:
(i) quando a = b o cilindro elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2
y2 z2
(ii) o cilindro elı́ptico com eixo y possui equação ax 2 + cz2 = 1, enquanto que o de eixo x possui equação b2
+ c2
= 1.
z curva de contorno
de altura k
k plano z = k
G(f)
y curva de nível f(x,y) = k
(projeção no plano xy)
x
X
Observações.
(1) A equação cartesiana de uma curva de nı́vel de uma função f relativa ao eixo z é dada por f (x, y) = k.
(2) Intersectando o gráfico de f com os planos x = k ou y = k, podemos escrever definições análogas para curvas de
contorno de altura k do gráfico de f relativas aos eixos x ou y. Também segue de forma análoga as definições de curva
de nı́vel f (k, y) = z da função f relativa ao eixo x ou f (x, k) = z relativa ao eixo y.
Exemplo. Considere a função f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + y2 . Esboce algumas curvas de contorno no espaço
cartesiano e algumas curvas de nı́vel no plano cartesiano da função f.
Resolução.
(i) Façamos z = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, y) = k de f relativas ao eixo z.
Temos x2 + y2 = k como equação de curvas de nı́vel.
Para k < 0 não há solução para a equação acima.
Para k = 0 temos apenas o ponto O = (0, 0) como solução da equação acima, que é uma curva de nı́vel degenerada
(em um ponto).
(√ )2 √
Para k > 0 temos x2 + y2 = k que é equação de um cı́rculo de centro na origem e raio k no plano xy.
Na figura abaixo à esquerda temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, y) = k de f, no plano xy, relativas ao eixo z.
y z z
x y
(ii) Façamos y = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, k) = z de f relativas ao eixo y.
Temos x2 + k2 = z como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = x2 + k2 são parábolas com concavidades para
cima no plano xz.
Na figura acima ao centro temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, k) = z de f, no plano xz, relativas ao eixo y.
(iii) Façamos x = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (k, y) = z de f relativas ao eixo x.
Temos k2 + y2 = z como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = y2 + k2 são parábolas com concavidades para
cima no plano yz.
Na figura acima à direita temos o mapa das curvas de nı́vel f (k, y) = z de f, no plano yz, relativas ao eixo x.
z z z
y y y
x x x
( )
(ii) A intersecção do plano y = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em 0, k, k2 , concavidade para cima,
contida no plano y = k. A figura acima ao centro é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.
( )
(iii) A intersecção do plano x = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em k, 0, k2 , concavidade para cima,
contida no plano x = k. A figura acima à direita é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.
Baseados nas curvas de nı́vel, ou curvas de contorno, podemos esboçar o gráfico de f. Neste caso é bastante fácil,
pois já sabemos que o gráfico de f é um parabolóide circular com vértice na origem e concavidade para cima, pois
z = f (x, y) é a equação z = x2 + y2 . Entretanto, o método de determinação de curvas de nı́vel ou curvas de contorno
pode ser aplicado para qualquer função.
Na figura abaixo à esquerda temos os três tipos de curvas de contorno de f esboçadas em um mesmo sistema de
coordenadas. No centro temos as curvas de contorno esboçadas junto com o gráfico de f e na direita apenas o gráfico
de f.
Na figura abaixo à esquerda temos as curvas de contorno de f relativas ao eixo z e respectivas curvas de nı́vel
esboçadas junto com o gráfico de f. Ao centro e à direita temos cada um dos outros dois tipos de curvas de contorno
esboçadas, separadamente, junto com o gráfico de f.
Na figura abaixo temos uma visão dos fatiamentos do gráfico de f por planos paralelos aos eixos coordenados, cujas
intersecções dão origem às curvas de contorno.
Observações.
(1) Conforme observado no exemplo acima, por meio das curvas de contorno ou das curvas de nı́vel de uma função
f : X ⊂ R2 → R é possı́vel ter uma ideia do esboço do gráfico da função.
(2) Quando f : X ⊂ R3 → R não temos como visualizar as “superfı́cies de contorno” (que são as análogas às curvas de
contorno), entretanto, as superfı́cies de nı́vel (que são as análogas às curvas de nı́vel) relativas ao eixo w (o eixo w
é o quarto eixo do sistema de coordenadas cartesianas no R4 ) estão contidas no domı́nio de f e são superfı́cies dadas
pelas equações cartesianas da forma f (x, y, z) = k.
Exercı́cio.
(1) Esboce o gráfico de f : R2 → R dada por f (x, y) = y − x2 .
Resolução.
(i) Façamos z = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, y) = k de f relativas ao eixo z.
Temos y − x2 = k como equação de curvas de nı́vel, ou seja, y = x2 + k são parábolas com concavidades para cima
no plano xy.
Na figura abaixo à esquerda temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, y) = k de f, no plano xy, relativas ao eixo z.
y z z
x x y
(ii) Façamos y = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, k) = z de f relativas ao eixo y.
Temos z = k − x2 como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = −x2 + k são parábolas com concavidades para
baixo no plano xz.
Na figura acima ao centro temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, k) = z de f, no plano xz, relativas ao eixo y.
(iii) Façamos x = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (k, y) = z de f relativas ao eixo x.
Temos z = y − k2 como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = y − k2 são retas no plano yz.
Na figura acima à direita temos o mapa das curvas de nı́vel f (k, y) = z de f, no plano yz, relativas ao eixo x.
z z z
x y x y x y
(ii) A intersecção do plano y = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em (0, k, k), concavidade para baixo,
contida no plano y = k. A figura acima ao centro é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.
(iii) A intersecção do plano x = k com o gráfico de f é uma reta, contida no plano x = k. A figura acima à direita é o
esboço de algumas dessas curvas de contorno.
Baseados nas curvas de nı́vel, ou curvas de contorno, podemos esboçar o gráfico de f (que é uma quádrica de
equação z = y − x2 ).
Na figura abaixo à esquerda temos os três tipos de curvas de contorno de f esboçadas em um mesmo sistema de
coordenadas. No centro temos as curvas de contorno esboçadas junto com o gráfico de f e na direita apenas o gráfico
de f.
Na figura abaixo à esquerda temos as curvas de contorno de f relativas ao eixo z e respectivas curvas de nı́vel
esboçadas junto com o gráfico de f. Ao centro e à direita temos cada um dos outros dois tipos de curvas de contorno
esboçadas, separadamente, junto com o gráfico de f.
Na figura abaixo temos uma visão dos fatiamentos do gráfico de f por planos paralelos aos eixos coordenados, cujas
intersecções dão origem às curvas de contorno.
Quando m = 2 ou 3 costumados adotar a notação P = (a, b) e Q = (x, y), ou então P = (a, b, c) e Q = (x, y, z) e
a expressão da distância fica
√
2 2
d (P, Q) = (x − a) + (y − b) quando m = 2, ou
√
2 2 2
d (P, Q) = (x − a) + (y − b) + (z − c) quando m = 3.
z
y
Q z
y c
, Q) Q
d(P |y-b| P
b O
P |x-a| b y y
a
x x
0 a x x
A definição formal de limite de função real de várias variáveis é dada abaixo. Antes, porém, é preciso introduzir a
noção de ponto de acumulação.
Um ponto P ∈ Rm é dito ponto de acumulação de um conjunto X ⊂ Rm quando existem pontos de X, distintos
de P, arbitrariamente próximos de P.
Notemos que um ponto de acumulação de um conjunto não precisa pertencer, { necessariamente, ao} conjunto.
Um exemplo simples: P = (0, 0) ∈ R2 é ponto de acumulação de X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) ̸= (0, 0) , pois há pontos
de X (distintos de P) arbitrariamente próximos de P.
Desta forma, dizer que lim f (Q) = L significa que podemos fazer f (Q) arbitrariamente próximo de L, tomando
Q→P
Q suficientemente próximo de P, porém, diferente de P.
Observações.
(1) Quando m = 2 ou 3 costumamos escrever a notação de limite do seguinte modo:
lim f (x, y) = L, quando m = 2, ou
(x,y)→(a,b)
(2) Como X possui dimensão mı́nima igual a 2, lim f (Q) = L tem a seguinte implicação: não importa por qual
Q→P
“caminho” façamos Q tender a P no domı́nio X de f que f (Q) sempre se aproximará do número real L.
y
X
R2 R
(a,b)
(x2,y2) f(x2,y2)
f
(x1,y1) L
x f(x1,y1)
10 < d (P, Q) significa P ̸= Q.
Por outro lado, se existirem pelo menos dois “caminhos” distintos em X tal que o limite acima assuma dois valores
distintos, dependendo do caminho adotado para fazer Q tender a P, então o limite não existe.
(3) Todas as propriedades operatórias relativas aos limites de funções reais de uma variável real são válidas para
funções reais de várias variáveis reais.
Exemplos.
x2 −y2
(1) Calcule lim .
(x,y)→(0,0) x+y
Resolução.
2
−y2
{ }
O domı́nio de f (x, y) = xx+y é X = (x, y) ∈ R2 : y ̸= −x . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0) há
pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite. Assim,
x2 − y2 (x − y) (x + y)
lim = lim = lim x − y = 0.
(x,y)→(0,0) x + y (x,y)→(0,0) x+y (x,y)→(0,0)
x2 −y2
(2) Existe lim x2 +y2 ?
(x,y)→(0,0)
Resolução.
2 2 { }
O domı́nio de f (x, y) = xx2 −y
+y2
é X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) ̸= (0, 0) . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0)
há pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite.
Se o limite existir, seu valor independerá do caminho escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Tomemos os
seguintes caminhos.
(i) A reta C1 de equação y = x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
x2 − y2 x2 − x2 0
lim = lim = lim 2 = lim 0 = 0.
(x,y)→(0,0) x2 + y2 x→0 x2 + x2 x→0 2x x→0
(x,y)∈C1
(ii) A reta C2 de equação y = 2x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
2
x2 − y2 x2 − (2x) −3x2 −3 3
lim 2 2
= lim 2
= lim = lim =− .
(x,y)→(0,0) x + y x→0 x2 + (2x) x→0 5x2 x→0 5 5
(x,y)∈C2
x2 −y2
Conclusão: o limite depende do “caminho” escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Logo, não existe lim x 2 +y2 .
(x,y)→(0,0)
Exercı́cios.
xy
(i) Estude lim 2 2.
(x,y)→(0,0) x +y
xy2
(ii) Estude lim 2 4.
(x,y)→(0,0) x +y
Quando f for contı́nua em todos os pontos de seu domı́nio, dizemos que f é contı́nua em X, ou simplesmente que f é
contı́nua.
Quando f não for contı́nua em algum ponto P de seu domı́nio dizemos que f é descontı́nua em P. Neste caso
também dizemos simplesmente que f é descontı́nua.
As propriedades operatórias e teoremas relacionados a contı́nuidade de funções uma variável podem ser devidamente
estendidos para funções de várias variáveis.
Generalizando,
lim f (x, y) = a2 + b2 = f (a, b) ,
(x,y)→(a,b)
ou seja, f é contı́nua em R2 .
Derivadas Parciais
Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X um ponto de acumulação de X.
∂f
Definimos a derivada parcial de f, em relação a x, no ponto (a, b), denotada por ∂x (a, b), como sendo
∂f f (a + h, b) − f (a, b)
(a, b) = lim
∂x h→0 h
Observações.
(i) Outras notações para as derivadas parciais:
∂f
∂x (a, b) = fx (a, b)
∂f
∂y (a, b) = fy (a, b)
(ii) Podemos considerar as derivadas parciais de f em todos os pontos do domı́nio de f (onde elas existirem) e considerar
novas funções:
∂f ∂f
: X ⊂ R2 → R e : X ⊂ R2 → R
∂x ∂y
∂f ∂f
(iii) A definição de ∂x (a, b) permite que interpretemos ∂x (a, b) como sendo a “derivada de f restrita ao plano y = b,
∂f
no ponto de abscissa x = a”, o que significa que ∂x (a, b) pode ser interpretada como o coeficiente angular da reta
tangente à curva de contorno, que é intersecção do gráfico de f com o plano y = b, no ponto (a, b, f (a, b)) (veja figura
∂f
abaixo). Observação análoga vale para ∂y (a, b).
z
t curva de contorno z
t
f(a,b) P
P c plano y = b
gráfico de f c
q
y x
a b reta tangente
à curva de contorno
x q no ponto P
Na figura acima, o plano em azul é o plano de equação y = b, paralelo ao plano xz. A curva de contorno c, também
é azul, é a intersecção do plano y = b com o gráfico de f. A reta t, em vermelho, é tangente à curva de contorno c
no ponto P = (a, b, f (a, b)). O coeficiente angular da reta t (no plano xz) no ponto P é tg (θ). Do Cálculo 1 temos
∂f
tg (θ) = ∂x (a, b).
∂f
(iv) A observação acima indica um método para derivar parcialmente: ∂x (x, y) é calculada mantendo y como “cons-
∂f
tante” e derivando em relação a x. Analogamente, ∂y (x, y) é calculada mantendo x como “constante” e derivando
em relação a y (veja exercı́cios abaixo).
(v) De modo análogo podemos generalizar a definição de derivadas parciais para funções com 3 ou mais variáveis. A
quantidade de derivadas parciais é a quantidade de variáveis.
Exercı́cios.
(1) Calcule as derivadas parciais de f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + 2xy2 − y3 .
( )
(2) Idem para f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + y2 e−xy .
√ { }
ln( x)y2
(3) Idem para f : X ⊂ R2 → R dada por f (x, y) = x2 +1
, sendo X = (x, y) ∈ R2 : x > 0 .
( ) ( ) { }
(4) Idem para f : X ⊂ R2 → R dada por f (x, y) = tg x2 + y2 +cos x2 , sendo X = (x, y) ∈ R2 : x2 + y2 ̸= π
2 + kπ, k ∈ Z .
z
t2 t1 c1 : z = f(x,b)
f(a,b) c2 T c1 c2 : z = f(a,y)
a t1 , t2 Ì a
y
a b
x
O plano α que contém t1 e t2 é definido como sendo o plano tangente ao gráfico de f no ponto T = (a, b, f (a, b)).
z z t1
u w
t1
q T q
f(a,b) i f(a,b)
T i
k w k
c1 u c1
q q
x x
i a i a
Logo, w⃗ = (0, 0, z0 ).
Temos tg (π − θ) = |w| w| = −z0 quando z0 < 0 (figura acima à esquerda) ou tg (θ) = |w|
⃗ ⃗
= |⃗ = |⃗
w| = z0 quando
|⃗i| |⃗i|
z0 ≥ 0 (figura acima à direita).
∂f ∂f
Como tg (π − θ) = − tg (θ), e ∂x (a, b) = tg (θ), podemos escrever ∂x (a, b) = z0 em qualquer situação e, portanto,
∂f ⃗
⃗ = ∂x (a, b) k.
w
( )
Assim, ⃗u = ⃗i + ∂x
∂f
(a, b) ⃗k, ou seja, ⃗u = 1, 0, ∂x
∂f
(a, b) .
( )
∂f
Analogamente, ⃗v = 0, 1, ∂y (a, b) .
n v
T u
a
Sabemos que
⃗i ⃗j ⃗k ( )
⃗ = det 1 0
n ∂f
(a, b) = − ∂f (a, b)⃗i − ∂f (a, b)⃗j + ⃗k ⇒ n
⃗ = −
∂f
(a, b) , −
∂f
(a, b) , 1
∂x ∂x ∂y ∂x ∂y
∂f
0 1 ∂y (a, b)
n P
T m a
⃗ é ortogonal a m
Logo, n ⃗ ·m
⃗ e, portanto, n ⃗ = 0 (produto escalar). Assim,
( )
∂f ∂f
− (a, b) , − (a, b) , 1 · (x − a, y − b, z − f (a, b)) = 0 ⇒
∂x ∂y
∂f ∂f
− (a, b) (x − a) − (a, b) (y − b) + z − f (a, b) = 0 ⇒
∂x ∂y
∂f ∂f
z − f (a, b) = (a, b) (x − a) + (a, b) (y − b)
∂x ∂y
que é a equação geral do plano tangente α ao gráfico de f no ponto T = (a, b, f (a, b)).
Exemplo. Dê a equação do plano tangente ao parabolóide circular de equação z = x2 + y2 no ponto T = (1, 2, 5).
2O ∂f
ângulo em questão não pode ser reto pois, caso contrário, não existiria ∂x
(a, b).
Exercı́cios.
2 2
(1) Encontre os pontos do gráfico de z = f (x, y) = xe−x −y nos quais os planos tangentes são horizontais.
(2) Determine todos os pontos da superfı́cie z = 34 y2 + 24
1 3 1 4
y − 32 y − x2 nos quais os planos tangentes são horizontais.
Resposta do Exercı́cio 2: (0, −3), (0, 0) e (0, 4).
Observações.
(1) Na notação fx e fy as derivadas parciais de segunda ordem de f : X ⊂ R2 → R são escritas como
(2) De modo análogo ao que apresentamos acima, podemos definir derivadas parciais de ordem superior para funções
f : X ⊂ Rm → R com m ∈ N qualquer.
2 2
Teorema. Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X. Se ∂x∂y
∂ f ∂ f
e ∂y∂x forem contı́nuas em uma vizinhança em torno de
(a, b) ∈ X, então
∂2 f ∂2 f
(a, b) = (a, b) .
∂x∂y ∂y∂x
Exemplo. Calcule as derivadas parciais de segunda ordem de f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + 2xy2 − y3 .
∂f ∂f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
Temos ∂x (x, y) = 2x + 2y2 e ∂y (x, y) = 4xy − 3y2 . Logo, ∂x2 (x, y) = 2, ∂y2 (x, y) = 4x − 6y, ∂y∂x (x, y) = 4y e
∂2 f
∂x∂y (x, y) = 4y. Observemos que do fato das derivadas mistas serem contı́nuas em R2 temos a igualdade entre elas,
devido ao teorema acima.
Regra da Cadeia
Teorema. (Regra de cadeia para funções f : X ⊂ R2 → R e f : X ⊂ R3 → R)
(1) Sejam z = f (x, y), x = x (t) e y = y (t) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde faça sentido
a composição. Então
dz ∂f dx ∂f dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
(2) Sejam z = f (x, y), x = x (u, v) e y = y (u, v) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde faça
sentido a composição. Então
∂z ∂f ∂x ∂f ∂y
= +
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u
∂z ∂f ∂x ∂f ∂y
= +
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
(3) Sejam w = f (x, y, z), x = x (t), y = y (t) e z = z (t) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde
faça sentido a composição. Então
dw ∂f dx ∂f dy ∂f dz
= + +
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
(4) Sejam w = f (x, y, z), x = x (u, v), y = y (u, v) e z = z (u, v) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios
onde faça sentido a composição. Então
∂w ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + +
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂z ∂u
∂w ∂f ∂x ∂f ∂y ∂f ∂z
= + +
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂z ∂v
Exemplos.
(i) Sejam z = f (x, y) = xy, x = x (t) = cos (t) e y = y (t) = sen (t). Calcule dz o
dt de duas formas: (1 .) utilizando
o
a Regra da Cadeia e (2 .) Substituindo x = x (t) e y = y (t) em z = f (x, y) e calculando a derivada em relação a t
diretamente.
∂z ∂f
(ii) Sejam z = f (x, y) = xy2 , x = x (u, v) = cos (u) v2 e y = y (u, v) = u3 v4 . Calcule ∂u e ∂v de duas formas: (1o .)
o
utilizando a Regra da Cadeia e (2 .) Substituindo x = x (u, v) e y = y (u, v) em z = f (x, y) e calculando as derivadas
parciais em relação a u e a v diretamente.
sempre que ∂F
∂z ̸= 0.
Demonstração.
A partir de F (x, y, z) = 0 podemos derivar em relação a x os dois lados da igualdade aplicando a Regra da Cadeia.
Desta forma,
F (x, y, z) = 0 ⇒
∂ ∂
(F (x, y, f (x, y))) = (0) ⇒
∂x ∂x
∂F ∂x ∂F ∂y ∂F ∂f
+ + =0⇒
∂x ∂x ∂y ∂x ∂z ∂x
∂F ∂F ∂F ∂f
1+ 0+ =0⇒
∂x ∂y ∂z ∂x
∂F
∂f − ∂x
= ∂F
∂x ∂z
∂F
− ∂y
Analogamente, se derivarmos F (x, y, z) = 0 em relação a y chegamos a ∂f
∂y = ∂F .
∂z
Um ponto (a, b) e um vetor diretor unitário ⃗u no plano xy definem uma reta r neste plano coordenado. Por outro
lado, uma reta r no plano xy define um plano ortogonal σ a este plano coordenado de tal modo que r é intersecção de
σ com o plano xy (figura abaixo). Podemos dizer, assim, que um plano σ ortogonal ao plano coordenado xy pode ser
associado à direção determinada pelo vetor ⃗u, pois a intersecção de σ com o plano xy é uma reta que possui a direção
do vetor ⃗u.
z
b
y
a
(a,b)
r
x u
Por exemplo, o plano y = b pode ser associado ao vetor unitário ⃗u = (1, 0) que, aliás, determina a direção do eixo
x.
Analogamente, o plano x = a pode ser associado ao vetor unitário ⃗u = (0, 1) que, também, determina a direção do
eixo y.
∂f
Com as considerações acima, podemos dizer que ∂x (a, b) pode ser interpretada como taxa de variação instantânea
⃗
de f no ponto (a, b) na direção do vetor u = (1, 0), ou na direção do eixo x.
∂f
Analogamente, ∂y (a, b) pode ser interpretada como taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b) na direção
do vetor ⃗u = (0, 1), ou na direção do eixo y.
ou, equivalentemente,
∂f f (a + hx0 , b + hy0 ) − f (a, b)
(a, b) = lim
∂⃗u h→0 h
caso este limite exista.
Este limite é chamado de derivada direcional de f no ponto (a, b) na direção do vetor unitário ⃗u e é indicado
∂f
por ∂⃗u (a, b).
∂f
Observemos que a derivada direcional é a derivada parcial ∂x (a, b) quando ⃗u = (1, 0), pois nesse caso,
Sendo σ o plano ortogonal ao plano cartesiano xy, paralelo ao vetor unitário ⃗u = (x0 , y0 ) e passando pelo ponto
(a, b, f (a, b)), podemos interpretar geometricamente a derivada direcional de f no ponto (a, b) na direção de ⃗u como
sendo o coeficiente angular da reta tangente t à curva c que é intersecção do gráfico de f com o plano σ no ponto
∂f
P = (a, b, f (a, b)). Isto significa que na figura abaixo, ∂⃗
u (a, b) = tg (θ).
z
plano s t
c: curva que é
intersecção do
plano s com
f(a,b) o gráfico de f
P c
gráfico de f
b t: reta tangente
y
a à curva c no ponto P
q (a,b) contida no plano s
u
x
Trabalhar com a definição original de derivada direcional, em termos do limite acima introduzido, não é muito
fácil. O teorema abaixo fornece uma expressão mais simples para a derivada direcional.
Antes porém uma definição.
Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b)( ∈ X ponto de acumulação
) de X tal que existam as derivadas parciais de primeira
∂f ∂f
ordem de f. Dizemos que o vetor ∂x (a, b) , ∂y (a, b) é o vetor gradiente de f em (a, b) e indicamos por
( )
∂f ∂f
∇f (a, b) = (a, b) , (a, b) .
∂x ∂y
Teorema. Sejam f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X e ⃗u vetor unitário de tal modo que exista a
∂f
derivada direcional ∂⃗ ⃗
u (a, b) de f em (a, b) na direção de u. Então,
∂f
(a, b) = ∇f (a, b) · ⃗u ,
∂⃗u
sendo o produto do segundo membro um produto escalar.
Demonstração.
Sejam f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X e ⃗u = (x0 , y0 ) vetor unitário. Suponhamos que exista
a derivada direcional de f em (a, b) na direção de ⃗u.
Definamos x = x (h) = a + hx0 e y = y (h) = b + hy0 . Deste modo, podemos construir uma composição
g (h) = f (x (h) , y (h)) = f (a + hx0 , b + hy0 ) .
Pela Regra da Cadeia,
dg ∂f dx ∂f dy
= . + . ⇒
dh ∂x dh ∂y dh
∂f ∂f
g′ (h) = (x (h) , y (h)) x′ (h) + (x (h) , y (h)) y′ (h) ⇒
∂x ∂y
∂f ∂f
g′ (h) = (x (h) , y (h)) x0 + (x (h) , y (h)) y0
∂x ∂y
Para h = 0 temos
∂f ∂f
g′ (0) = (a, b) x0 + (a, b) y0 . (1)
∂x ∂y
Mas
∂f f (a + hx0 , b + hy0 ) − f (a, b) g (h) − g (0)
(a, b) = lim = lim = g′ (0) . (2)
∂⃗u h→0 h h→0 h
De (1) e (2) temos
∂f ∂f ∂f
(a, b) = (a, b) x0 + (a, b) y0 ⇒
∂⃗u ∂x ∂y
( )
∂f ∂f ∂f
(a, b) = (a, b) , (a, b) · (x0 , y0 ) ; (produto escalar) ⇒
∂⃗u ∂x ∂y
∂f
(a, b) = ∇f (a, b) · ⃗u ,
∂⃗u
como querı́amos.
Observações Importantes.
(1) Frequentemente, em problemas práticos, o vetor da derivada direcional não é necessariamente unitário, ou seja, a
direção da derivada direcional pode ser dada por um vetor não nulo ⃗v não necessariamente unitário. Neste caso, basta
tomar o versor de ⃗v como sendo ⃗u, ou seja ⃗u = |⃗⃗vv| e a fórmula do teorema acima fica
∂f ⃗v
(a, b) = ∇f (a, b) · .
∂⃗u |⃗v|
(2) Dada f : X ⊂ R2 → R, assim como fizemos com derivadas parciais, podemos definir a função derivada direcional
u : X ⊂ R → R dada por ∂⃗
u (x, y) = ∇f (x, y) · u, sendo X ⊂ X conjunto
∂f 2 ∂f
de f na direção do vetor unitário ⃗u, ou seja, ∂⃗ ⃗
dos pontos do domı́nio de f onde exista a derivada direcional em questão.
(3) Há outra notação muito frequente em livros de Cálculo para a derivada direcional de f em (a, b) na direção de ⃗u,
∂f
que é Du u (x, y).
⃗ f (x, y) = ∂⃗
(4) Lembremos que a taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b) na direção de ⃗u é a derivada direcional
∂f
∂⃗u (a, b).
∂f
(5) Também lembremos que ∂⃗ u (a, b) é o coeficiente angular da reta tangente à curva que é intersecção do plano σ
ortogonal ao plano coordenado xy com o gráfico de f no ponto (a, b, f (a, b)).
( funções f : X ⊂ R → R. Em particular
m
(6) O procedimento desenvolvido acima pode ser generalizado para ) o vetor
gradiente de f para m = 3 em (a, b, c) é dado por ∇f (a, b, c) = ∂x (a, b, c) , ∂y (a, b, c) , ∂z (a, b, c) .
∂f ∂f ∂f
Exemplo. Calcule a derivada direcional de f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + y − 2xy no ponto P = (1, 2) na direção
do vetor ⃗v = (1, 1).
Resolução.
Temos
∂f ⃗v
(1, 2) = ∇f (1, 2) ·
∂⃗u |⃗v|
⃗
v
sendo ⃗u = (versor de ⃗v).
|⃗
v| ( )
Mas ∇f (x, y) = ∂x∂f ∂f
(x, y) , ∂y (x, y) = (2x − 2y, 1 − 2x). No ponto P = (1, 2) temos ∇f (1, 2) = (−2, −1).
Assim: ( )
∂f (1, 1) 1 1 2 1 3
(1, 2) = (−2, −1) · √ = (−2, −1) · √ , √ = −√ − √ = −√
∂⃗u 2 2 2 2 2 2
é a derivada direcional de f no ponto P = (1, 1) na direção de ⃗v.
Dada f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X, podemos adotar infinitas direções e sentidos para analisar o crescimento ou
decrescimento de f, ou seja, podemos escolher infinitos vetores unitários ⃗u para calcular a taxa de variação instantânea
de f.
Gostarı́amos de saber se há um vetor que indica qual direção e sentido devemos seguir, a partir de (a, b), de tal
modo que a taxa de variação instantânea de f seja máxima. De modo análogo para taxa mı́nima.
Se lembrarmos do cı́rculo trigonométrico, todo vetor unitário ⃗u no plano xy possui coordenadas dadas por
sendo α a medida do ângulo orientado no sentido anti-horário, em radianos, do vetor ⃗u com o vetor ⃗i = (1, 0) que
define o eixo x.
y (sen)
u
a
x (cos)
i
Logo, a derivada direcional de f : X ⊂ R2 → R no ponto (a, b) na direção de ⃗u pode ser escrita como
∂f ∂f ∂f
(a, b) = ∇f (a, b) · ⃗u = (a, b) cos (α) + (a, b) sen (α) .
∂⃗u ∂x ∂y
Seja φ a medida do ângulo entre os vetores ∇f (a, b) e ⃗u.
u
Ñf(a,b)
j
(a,b)
Da Geometria Analı́tica sabemos que
∇f (a, b) · ⃗u
cos (φ) = ⇒
|∇f (a, b)| . |⃗u|
∇f (a, b) · ⃗u = |∇f (a, b)| . cos (φ) ⇒
∂f
(a, b) = |∇f (a, b)| . cos (φ) .
∂⃗u
∂f
Observemos que o maior valor possı́vel para ∂⃗ u (a, b) ocorre quando cos (φ) = 1, ou seja, quando φ = 0 rad
∇f(a,b)
e, portanto, quando ⃗u e ∇f (a, b) são vetores paralelos e de mesmo sentido. Neste caso, temos ⃗u = |∇f(a,b)| e
u (a, b) = |∇f (a, b)|.
∂f
∂⃗
∂f
De modo análogo, o menor valor possı́vel para ∂⃗u (a, b) ocorre quando cos (φ) = −1, ou seja, quando φ = π rad
∇f(a,b)
e, portanto, quando ⃗u e ∇f (a, b) são vetores paralelos e de sentidos opostos. Neste caso, temos ⃗u = − |∇f(a,b)| e
u (a, b) = − |∇f (a, b)|.
∂f
∂⃗
Resumindo:
(1) A maior taxa de variação de f em (a, b) ocorre na direção e sentido do vetor gradiente de f em (a, b) e seu valor
é o comprimento deste vetor.
(2) A menor taxa de variação de f em (a, b) ocorre na direção e sentido oposto do vetor gradiente de f em (a, b) e seu
valor é o comprimento deste vetor multiplicado por −1.
Observação importante. Por fim, a análise feita e conclusões obtidas acima para funções reais de duas variáveis
podem ser estendidas para funções reais com qualquer quantidade de variáveis.
Resolução.
De acordo com a teoria desenvolvida acima, a taxa de variação máxima de temperatura T no ponto P ocorre na
direção e sentido do vetor gradiente ∇T (P) e seu valor é dado pelo comprimento desse vetor, ou seja, ∂⃗ ∂T
u (1, 1, 1) =
∇T (1,1,1)
|∇T (1, 1, 1)| sendo ⃗u = |∇T (1,1,1)| .
( )
Como ∇T (x, y, z) = ∂T ∂x (x, y, z) , ∂T
∂y (x, y, z) , ∂T
∂z (x, y, z) = (2x, 2y, −2z) temos que o vetor gradiente
indica a direção e sentido de maior taxa de variação a partir do ponto P = (1, 1, 1).
O valor dessa taxa é a derivada direcional de T neste ponto e nesta direção:
√ √
∂T
(1, 1, 1) = |(2, 2, −2)| = 22 + 22 + (−2) = 2 3 ◦ C/km
2
∂⃗u
Fisicamente, √ significa que a partir do ponto P = (1, 1, 1), na direção e sentido de ∇T (1, 1, 1), a temperatura está
aumentando 2 3 ◦ C para cada quilômetro percorrido na reta definida pelo vetor ∇T (1, 1, 1) passando por P (lembrando
que isso é taxa instantânea no ponto P apenas, não significa que a temperatura está aumentando a essa taxa em todos
os pontos da reta).
Teorema.
(1) Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X de tal modo que f (a, b) = 0 e as derivadas parciais
de primeira ordem de f em (a, b) sejam contı́nuas. Suponhamos ainda que ∇f (a, b) ̸= ⃗0. Então, ∇f (a, b) é vetor
normal à curva de equação f (x, y) = 0 no ponto (a, b).
(2) Sejam f : X ⊂ R3 → R e (a, b, c) ∈ X ponto de acumulação de X de tal modo que f (a, b, c) = 0 e as derivadas
parciais de primeira ordem de f em (a, b, c) sejam contı́nuas. Suponhamos ainda que ∇f (a, b, c) ̸= ⃗0. Então,
∇f (a, b, c) é vetor normal à superfı́cie de equação f (x, y, z) = 0 no ponto (a, b, c).
Observações.
(i) Do item (1) do teorema acima podemos obter a equação da reta tangente à curva de equação f (x, y) = 0 no ponto
−→
P = (a, b) a partir de ∇f (a, b). De fato, se Q = (x, y) é um ponto da reta tangente, então PQ ⊥ ∇f (a, b) o que
−→
significa PQ · ∇f (a, b) = 0, que fornece a equação procurada.
y
t
Ñf(a,b)
b
P
f(x,y) = 0
y
Q
x
a x
(ii) Do item (2) do teorema acima podemos obter a equação do plano tangente à superfı́cie de equação f (x, y, z) = 0
no ponto P = (a, b, c) a partir de ∇f (a, b, c). De fato, se Q = (x, y, z) é um ponto do plano tangente, então
−→ −→
PQ ⊥ ∇f (a, b, c) o que significa PQ · ∇f (a, b, c) = 0, que fornece a equação procurada.
z Ñf(a,b)
c
P Q
f(x,y,z) = 0
y
a b
x
Exemplo 1. Escreva a equação da reta tangente à curva de equação 2x3 + 2y3 − 9xy = 0 no ponto (1, 2).
(a curva em questão se chama Folium de Descartes)
Resolução.
Considere f (x, y) = 2x3 +2y3 −9xy e P = (1, 2). Sendo R2 o domı́nio de f, P ponto de acumulação desse domı́nio,
⃗
∂x (x, y) = 6x − 9y e ∂y (x, y) = 6y − 9x contı́nuas em R e, por fim, ∇f (P) = ∇f (1, 2) = (−12, 15) ̸= 0, o teorema
∂f 2 ∂f 2 2
acima garante que ∇f (1, 2) é um vetor normal à curva f (x, y) = 0 no ponto P = (1, 2).
Sendo Q = (x, y) ponto da reta tangente à curva f (x, y) = 0 no ponto P, pela observação acima, a equação da
reta procurada é dada por
−→
PQ · ∇f (1, 2) = 0 ⇒ (x − 1, y − 2) · (−12, 15) = 0 ⇒ −12x + 12 + 15y − 30 = 0 ⇒
−4x + 5y − 6 = 0
∇f(1,2)
Abaixo temos a figura da curva em vermelho (Folium de Descartes) e da reta tangente em azul, sendo ⃗u = |∇f(1,2)|
−→
e ⃗v = PQ.
Exemplo 2. Escreva a equação do plano tangente à superfı́cie de equação 2x2 + 4y2 + z2 = 45 no ponto (2, −3, −1).
Resolução.
Considere f (x, y, z) = 2x2 +4y2 +z2 −45 e P = (2, −3, −1). Sendo R3 o domı́nio de f, P ponto de acumulação desse
∂f
domı́nio, ∂x ∂f
(x, y, z) = 4x, ∂y ∂f
(x, y, z) = 8y e ∂z (x, y, z) = 2z contı́nuas em R3 e, por fim, ∇f (P) = ∇f (2, −3, −1) =
(8, −24, −2) ̸= ⃗0, o teorema acima garante que ∇f (2, −3, −1) é um vetor normal à superfı́cie f (x, y, z) = 0 no ponto
P = (2, −3, −1).
Sendo Q = (x, y, z) ponto do plano tangente à superfı́cie f (x, y, z) = 0 no ponto P, pela observação acima, a
equação da reta procurada é dada por
−→
PQ · ∇f (2, −3, −1) = 0 ⇒ (x − 2, y + 3, z + 1) · (8, −24, −2) = 0 ⇒ 8x − 16 − 24y − 72 − 2z − 2 = 0 ⇒
8x − 24y − 2z − 90 = 0 ⇒ 4x − 12y − z − 45 = 0
Exercı́cio. Escreva a equação do plano tangente à superfı́cie de equação z3 + xz − y2 = 1 no ponto (1, 3, 2).
Resposta: 2x − 6y + 13z − 10 = 0.
(i) f atinge valor mı́nimo local (ou valor mı́nimo relativo) no ponto (a, b) ∈ X quando existe uma vizinhança V
de (a, b) em X tal que f (a, b) ≤ f (x, y) para todo (x, y) na vizinhança V. Também dizemos que (a, b) é ponto de
mı́nimo local de f.
(ii) f atinge valor máximo local (ou valor máximo relativo) no ponto (a, b) ∈ X quando existe uma vizinhança
V de (a, b) em X tal que f (a, b) ≥ f (x, y) para todo (x, y) na vizinhança V. Também dizemos que (a, b) é ponto de
máximo local de f.
(iii) f atinge valor mı́nimo global (ou valor mı́nimo absoluto) no ponto (a, b) ∈ X quando f (a, b) ≤ f (x, y) para
todo (x, y) no domı́nio X de f. Também dizemos que (a, b) é ponto de mı́nimo global de f.
(iv) f atinge valor máximo global (ou valor máximo absoluto) no ponto (a, b) ∈ X quando f (a, b) ≥ f (x, y) para
todo (x, y) no domı́nio X de f. Também dizemos que (a, b) é ponto de máximo global de f.
Observação. De acordo com as definições acima, todo valor mı́nimo global de f é, também, valor mı́nimo local (neste
caso, a vizinhança V é todo o domı́nio X). Analogamente para valor máximo local.
Teorema 1. Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua, sendo X domı́nio contituı́do por uma curva fechada e pontos interiores a
esta curva. Então, existem pontos em X tais que f atinge valores mı́nimo e máximo globais.
Teorema 2. Suponha que f : X ⊂ R2 → R atinja valor máximo local ou mı́nimo local em (a, b) ∈ X e que existam
∂f ∂f ∂f ∂f
∂x (x, y) e ∂y (a, b). Então, ∂x (a, b) = ∂y (a, b) = 0.
Observações.
(i) A recı́proca do Teorema 1 é falsa, ou seja, existem funções que atingem valores máximo e mı́nimo globais sem que
o domı́nio seja da forma descrita no enunciado do teorema. Por exemplo, f : R2 → R tal que f (x, y) = sen (x + y)
atinge valor máximo 1 e valor mı́nimo −1 em diversos pontos sem que o domı́nio R2 seja da forma enunciada.
(ii) A recı́proca do Teorema 2 também é falsa, ou seja, existem funções que possuem derivadas parciais que se anulam
em pontos onde f não atinge valor máximo ou mı́nimo (abaixo veremos um exemplo disso).
(iii) Do ponto de vista geométrico, o Teorema 2 diz que o plano tangente ao gráfico de f no ponto (a, b, f (a, b)) é
horizontal, ou seja, sua equação é da forma z = f (a, b).
Exemplo.
Consideremos os parabolóides circulares z = f (x, y) = x2 + y2 (concavidade para cima e vértice na origem),
z = g (x, y) = −x2 − y2 (concavidade para baixo e vértice na origem) e o parabolóide hiperbólico z = h (x, y) = y2 − x2
(eixo z e centro na origem). Essas 3 superfı́cies podem ser vistas como gráficos de funções contı́nuas e deriváveis
f, g, h ⊂ R2 → R.
Sabemos que (0, 0) é ponto no qual f atinge valor mı́nimo global (portanto, valor mı́nimo local também). De acordo
∂f ∂f ∂f ∂f
com o Teorema 2, ∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0. De fato, ∂x (x, y) = 2x e ∂y (x, y) = 2y e nossa conclusão se verifica.
Sabemos que (0, 0) é ponto no qual g atinge valor máximo global (portanto, valor máximo local também). De
acordo com o Teorema 2, ∂g ∂g ∂g ∂g
∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0. De fato, ∂x (x, y) = −2x e ∂y (x, y) = −2y e nossa conclusão se
verifica.
Já no caso do parabolóide hiperbólico, sabemos que (0, 0) não é ponto no qual f atinge valor máximo ou mı́nimo.
Entretanto, ∂h ∂h ∂h ∂h
∂x (x, y) = −2x e ∂y (x, y) = 2y e temos ∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0, confirmando que a recı́proca do
Teorema 2 é falsa. Além disso, esse exemplo confirma que planos tangentes horizontais não ocorrem exclusivamente
em pontos onde f atinge valor máximo ou mı́nimo.
Teorema 3. Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua, sendo X domı́nio contituı́do por uma curva fechada e pontos interiores a
esta curva. Se f atinge valor máximo ou mı́nimo global no ponto (a, b), então:
∂f ∂f
(i) (a, b) é um ponto interior do domı́nio X tal que ∂x (a, b) = ∂y (a, b) = 0.
ou
∂f ∂f
(ii) (a, b) é um ponto interior do domı́nio X tal que não existe ∂x (a, b) ou ∂y (a, b).
ou
(iii) (a, b) é um ponto da curva que delimita o domı́nio X (fronteira de X).
Resolução.
Observemos que o domı́nio X de f é um disco fechado de raio 1 (isto é, que contém a circunferência de raio 1 que
o delimita) com centro na origem (0, 0). Portanto, o domı́nio de f é do tipo enunciado nos Teoremas 1 e 3. Além
disso, f é contı́nua.
Pelo Teorema 1 sabemos que existem pelo menos dois pontos em X nos quais f atinge valores mı́nimo e máximo
globais.
Pelo Teorema 3 sabemos que esses pontos se enquadram em pelo menos um dos 3 itens apresentados.
Sendo assim, a estratégia que devemos adotar é encontrar todos os pontos dos itens (i), (ii) e (iii) do Teorema 3
e verificar em quais deles f atinge valores mı́nimo ou máximo globais.
Quanto ao item (ii), o único ponto no qual as derivadas parciais não existem é (0, 0) e este ponto é um dos pontos
candidatos a mı́nimo ou máximo globais.
Quanto ao item (iii), os pontos da fronteira de X são os pontos (a, b) da circunferência de centro na origem
√ e raio
1√de equação a2 + b2 = 1. Observemos que em qualquer um desses pontos f atinge valor 1, pois f (a, b) = a2 + b2 =
1 = 1.
Observemos que há infinitos pontos nos quais f atinge valor máximo global.
Abaixo, um esboço do gráfico de f.
R3 z gráfico
1 (cone)
1 y
domínio
x 1 (a,b)
(disco)
Exemplo 2. Seja f : X ⊂ R2 → R sendo X região triangular de vértices (0, 0), (2, 0) e (0, 4) e f (x, y) = xy − x − y + 3.
Encontre os pontos (a, b) ∈ X nos quais f atinge valores máximo e mı́nimo.
Resolução.
Observemos que o domı́nio X de f é composto por um triângulo e seus pontos interiores, portanto, é do tipo
enunciado nos Teoremas 1 e 3. Além disso, f é contı́nua.
R2 y
(0,4)
domínio
(triângulo)
(2,0)
(0,0) x
Pelo Teorema 1 sabemos que existem pelo menos dois pontos em X nos quais f atinge valores mı́nimo e máximo
globais.
Pelo Teorema 3 sabemos que esses pontos se enquadram em pelo menos um dos 3 itens apresentados.
Sendo assim, a estratégia que devemos adotar é encontrar todos os pontos dos itens (i), (ii) e (iii) do Teorema 3
e verificar em quais deles f atinge valores mı́nimo ou máximo globais.
∂f ∂f
Quanto ao item (ii) observemos que o domı́nio de ∂x e de ∂y é X (mesmo domı́nio de f). Logo, não há pontos
nos quais as derivadas parciais não existem.
Quanto ao item (iii), devemos subdividı́-lo em três partes, uma para cada lado do triângulo que delimita do domı́nio
de f.
Observemos que neste exemplo os pontos que otimizam f são únicos. Além disso, pontos (0, 4, −1) e (0, 0, 3) são
os pontos mais baixo e mais alto no gráfico de f, respectivamente.
Problemas de Otimização
Problema 1. Determine o custo mı́nimo de uma caixa em formato de bloco retangular de 48 cm3 de volume sabendo
que as partes dianteira e traseira custam R$ 1, 00 o cm2 , a tampa e a base custam R$ 2, 00 o cm2 e as laterais custam
R$ 3, 00 o cm2 .
Resolução.
Sejam x, y e z as dimensões da caixa. Logo, x, y, z > 0 e xyz = 48.
z
z
O
y y
x
x
Criemos a função custo da caixa:
48 48 96 288
C (x, y) = 2y + 4xy + 6x = + 4xy +
xy xy x y
{ }
cujo domı́nio é X = (x, y) ∈ R2 : x, y > 0 (primeiro quadrante).
Entretanto, para utilizarmos os Teoremas 1 e 3 e encontrar mı́nimo e máximo globais, precisamos de um domı́nio
constituı́do por uma curva fechada e seus pontos interiores.
( ) Para
( contornar
) ( ) esse problema façamos uma restrição no
domı́nio X tomando um quadrado de vértices (ε, ε), 1ε , ε , 1ε , 1ε e ε, 1ε , sendo ε > 0 muito pequeno (portanto,
1
ε muito grande). Encontramos os candidatos a mı́nimo e máximo de C utilizando o Teorema 3 e depois tomamos
limites fazendo ε → 0+ para cobrir todo o domı́nio X.
y
(e,1/e) (1/e,1/e)
1/e
R2
e ® 0+
(e,e) (1/e,e)
e
x
(0,0) e 1/e
Quanto ao item (i) temos:
∂C 96
96 24
∂x (x, y) = − x2 + 4y − x2 + 4y = 0 y= x2 72 x4
⇒ ⇒ ⇒ x = ( )2 = ⇒ x = 0 (não serve) ou x = 2.
∂C 288 24 8
∂y (x, y) = 4x − y2 4x − 288
y2
=0 x= 72
y2
2 x
Quanto ao item (ii), o domı́nio da derivadas parciais de C é o mesmo domı́nio de C. Logo, não há pontos onde
as derivadas parciais não existem (observe que x = 0 ou y = 0 não ocorre no domı́nio de C).
Quanto ao item (iii) temos quatro subitens, um para cada lado do quadrado.
( )
(iii − 1) Lado com vértices em (ε, ε) e 1ε , ε cuja equação é y = ε com ε ≤ x ≤ 1ε .
Substituindo y = ε em C (x, y) temos f (x) = C (x, ε) = 96 x + 4εx + ε com ε ≤ x ≤ ε .
288 1
√
Otimizando f temos f′ (x) = − x962 + 4ε = 0 ⇔ x = 24 ε .
(√ )
24
( )
Logo, ε ,ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos (ε, ε) e 1ε , ε que são extremos do
lado do quadrado em questão.
( ) ( )
(iii − 2) Lado com vértices em 1ε , ε e 1ε , 1ε cuja equação é x = 1ε com ε ≤ y ≤ 1ε .
( )
Substituindo x = 1ε em C (x, y) temos g (y) = C 1ε , y = 96ε + 4y ε + y com ε ≤ y ≤ ε .
288 1
√
Otimizando g temos g′ (y) = ε − y2 = 0 ⇔ y = 72ε.
4 288
( √ ) ( ) ( )
Logo, 1ε , 72ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , ε e 1ε , 1ε que são extremos
do lado do quadrado em questão.
( ) ( )
(iii − 3) Lado com vértices em 1ε , 1ε e ε, 1ε cuja equação é y = 1ε com ε ≤ x ≤ 1ε .
( )
Substituindo y = 1ε em C (x, y) temos h (x) = C x, 1ε = 96 x + ε + 288ε com ε ≤ x ≤ ε .
4x 1
′
√
Otimizando h temos h (x) = − x2 + ε = 0 ⇔ x = 24ε.
96 4
( )
(iii − 4) Lado com vértices em ε, 1ε e (ε, ε) cuja equação é x = ε com ε ≤ y ≤ 1ε .
Substituindo x = ε em C (x, y) temos i (y) = C (ε, y) = 96 ε + 4εy + y com ε ≤ y ≤ ε .
288 1
√
Otimizando i temos i′ (y) = 4ε − 288 = 0 ⇔ y = 72 ε .
( √ ) y2
( )
Logo, ε, 72 ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos ε, 1ε e (ε, ε) que são extremos do
lado do quadrado em questão.
Portanto, o menor custo possı́vel para construir a caixa é R$ 144, 00 e ocorre com dimensões x = 2, y = 6 e z = 4.
Uma observação importante: geometricamente são óbvias as conclusões que chegamos quando analisamos o
item (iii). Quando uma das dimensões ( x ou y) diminui, para que que o volume da caixa permaneça fixo, as outras
duas dimensões devem aumentar, o que significa que o custo relacionado a elas aumenta. Neste caso, a caixa possui
duas faces paralelas extremamente grandes.
Problema 2. Uma caixa em formato de bloco retangular sem tampa deve ter volume 32 litros. Que dimensões deve
ter essa caixa para que a área total de sua superfı́cie seja mı́nima?
Resolução.
Sejam x, y e z as dimensões da caixa. Logo, x, y, z > 0 e xyz = 32 litros = 32000 cm3 .
z
z
O
y y
x
x
Criemos a função área da caixa sem a tampa:
y
(e,1/e) (1/e,1/e)
1/e
R2
e ® 0+
(e,e) (1/e,e)
e
x
(0,0) e 1/e
Quanto ao item (i) temos:
∂A 64000
64000
64000
∂x (x, y) = y − x2 y− x2
=0 y= x2
⇒ ⇒ ⇒
∂A 64000 64000 64000
∂y (x, y) = x − y2
x− y2
=0 x= y2
64000 x4
x= ( ) 2
= ⇒ x = 0 (não serve) ou x = 40.
64000
2
64000
x
64000
Substituindo em y = x2
temos y = 40.
Logo, (40, 40) é ponto crı́tico candidato a mı́nimo ou máximo de A.
Quanto ao item (ii), o domı́nio da derivadas parciais de A é o mesmo domı́nio de A. Logo, não há pontos onde
as derivadas parciais não existem (observe que x = 0 ou y = 0 não ocorre no domı́nio de A).
Quanto ao item (iii) temos quatro subitens, um para cada lado do quadrado.
( )
(iii − 1) Lado com vértices em (ε, ε) e 1ε , ε cuja equação é y = ε com ε ≤ x ≤ 1ε .
Substituindo y = ε em A (x, y) temos f (x) = A (x, ε) = εx + 64000 + 64000 com ε ≤ x ≤ 1ε .
√ ε x
Otimizando f temos f′ (x) = ε − 64000 = 0 ⇔ x = 64000 ε .
(√ ) x2
64000
( )
Logo, ε ,ε é candidato a mı́nimo ou máximo de A assim como os pontos (ε, ε) e 1ε , ε que são extremos
do lado do quadrado em questão.
( ) ( )
(iii − 2) Lado com vértices em 1ε , ε e 1ε , 1ε cuja equação é x = 1ε com ε ≤ y ≤ 1ε .
( )
Substituindo x = 1ε em A (x, y) temos g (y) = A 1ε , y = yε + 64000 + 64000ε com ε ≤ y ≤ 1ε .
√ y
Otimizando g temos g′ (y) = 1ε − 64000 = 0 ⇔ y = 64000ε.
( √ ) y2
( ) ( )
Logo, ε , 64000ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , ε e 1ε , 1ε que são extremos
1
( ) ( )
(iii − 3) Lado com vértices em 1ε , 1ε e ε, 1ε cuja equação é y = 1ε com ε ≤ x ≤ 1ε .
( )
Substituindo y = 1ε em A (x, y) temos h (x) = A x, 1ε = xε + 64000ε + 64000 com ε ≤ x ≤ 1ε .
′
√ x
) h (x) = ε − x2 = 0 ⇔ x = 64000ε.
1 64000
Otimizando
(√ h temos ( ) ( )
Logo, 64000ε, 1ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , 1ε e ε, 1ε que são extremos
do lado do quadrado em questão.
Portanto, a menor área possı́vel da caixa é 48000 cm2 e ocorre com dimensões x = 40, y = 40 e z = 20.
Uma observação importante: geometricamente são óbvias as conclusões que chegamos quando analisamos o
item (iii). Quando uma das dimensões ( x ou y) diminui, para que que o volume da caixa permaneça fixo, as outras
duas dimensões devem aumentar, o que significa que a área relacionada a elas aumenta. Neste caso, a caixa possui
duas faces paralelas extremamente grandes.
Seja f : X ⊂ R2 → R derivável até segunda ordem, sendo as derivadas parciais contı́nuas em uma vizinhança de
(a, b) ∈ X, com (a, b) um ponto crı́tico de f. Definimos:
∂2 f ∂2 f ∂2 f
A (a, b) = (a, b) ; B (a, b) = (a, b) e C (a, b) = (a, b)
∂x2 ∂y∂x ∂y2
2
∆ (a, b) = A (a, b) C (a, b) − B (a, b)
O número ∆ (a, b) é chamado de discriminante de f no ponto crı́tico (a, b).
Teorema. (Teste da Derivada Segunda) Seja f : X ⊂ R2 → R derivável até segunda ordem, sendo as derivadas parciais
contı́nuas em uma vizinhança de (a, b) ∈ X, com (a, b) um ponto crı́tico de f. Então:
(i) Se ∆ (a, b) > 0 e A (a, b) > 0, então f atinge valor mı́nimo local em (a, b).
(ii) Se ∆ (a, b) > 0 e A (a, b) < 0, então f atinge valor máximo local em (a, b).
(iii) Se ∆ (a, b) < 0, então (a, b) é ponto de sela de f.
Resolução.
Os pontos crı́ticos de f são obtidos igualando as derivadas parciais a zero:
∂f
∂x (x, y) = 3 − 3x2 − 3y2 {
3 − 3x2 − 3y2 = 0
⇒
∂f −6xy = 0
∂y (x, y) = −6xy
A segunda equação fornece x = 0 ou y = 0. Substituindo na primeira equação temos os seguintes pontos crı́ticos:
P1 = (0, −1) , P2 = (0, 1) , P3 = (−1, 0) e P4 = (1, 0)
Derivadas segundas:
∂2 f
∂x2
(x, y) = −6x
∂2 f
∂y∂x (x, y) = −6y
2
∂ f
∂y2
(x, y) = −6x
Observemos que as derivadas parciais de segunda ordem são contı́nuas.
Pelo Teste da Derivada Segunda temos:
Ponto Crı́tico P = (a, b) A (a, b) B (a, b) C (a, b) ∆ (a, b) Classificação
P1 = (0, −1) 0 6 0 −36 ponto de sela
Resolução.
Os pontos crı́ticos de f são obtidos igualando as derivadas parciais a zero:
∂f
∂x (x, y) = 6y2 − 6x2 { { 2
6y2 − 6x2 = 0 x = y2
⇒ ⇒
∂f 3
3
12xy − 12y = 0 y3 = xy
∂y (x, y) = 12xy − 12y
Para x = 0 temos y = 0 (não serve neste subcaso). Para x = 1 temos y2 = 1 e, portanto, y = 1 ou y = −1. Logo,
P2 = (1, 1) e P3 = (1, −1) são os outros pontos crı́ticos de f.
Derivadas segundas:
∂2 f
∂x2
(x, y) = −12x
∂2 f
∂y∂x (x, y) = 12y
2
∂ f
∂y2
(x, y) = 12x − 36y2
Observemos que as derivadas parciais de segunda ordem são contı́nuas.
Pelo Teste da Derivada Segunda temos:
Ponto Crı́tico P = (a, b) A (a, b) B (a, b) C (a, b) ∆ (a, b) Classificação
P1 = (0, 0) 0 0 0 0 inconclusivo com este teste
Quanto ao ponto P1 = (0, 0), observemos que f (0, 0) = 0 e pontos da forma (x, 0) podem ser tomados arbitraria-
mente próximos de P1 . Entretanto, f (x, 0) = −2x3 , que é positivo para x < 0 e negativo para x > 0. Desta forma, 0
não pode ser valor mı́nimo local e nem valor máximo local de f. Conclusão: P1 = (0, 0) é um ponto de sela de f.
Curiosidade: o gráfico de f é chamado de “sela de macaco” (tente esboçá-lo).
4
−y4
Exercı́cio. Idem para f : R2 → R tal que f (x, y) = e−x .
Resposta: P = (0, 0) é ponto de máximo local de f.