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Uberlândia, 2018.
A Vice é uma revista/site que possuiu diversas áreas de interesse, ela tradicionalmente
realizada também documentários de cunho político e cultural, nesse sentido o documentário
“Basketball Diplomacy” (Session on the Hermit Kingdom) é um de uma série que a Vice fez
sobre a Coréia do Norte.
Surge então um ponto em comum entre os dois países, a paixão pelo basquete, sobre
esse pretexto de intercâmbio esportivo a Vice leva para a Coréia o grupo Harlem
Globetrotters para competir com o time nacional de basquete.
O cronograma começa com uma ida até um gigantesco estádio, com capacidade para
dez mil pessoas mas só o time sub 18 estava presente, eles estavam esperando os americanos
para aprenderem e praticarem algumas jogadas e técnicas. Nisso o melhor jogador de
basquete do país resolve prestigiar o evento, Lee Myung Han, que uma vez já foi cotado para
jogar na NBA devido seu status de maior homem do basquete. Infelizmente esse projeto não
consegue ser realizado devido sanções econômicas americanas sobre a Coréia do Norte.
Em seguida eles foram levados até um tipo de shopping, mas nesse lugar mais do que
em todos ficou óbvio que era uma simples fachada, o local além de não ter nenhum cliente
fazendo compras ainda não era possível comprar nada, o local não aceitava cartão. Na volta
até o hotel os correspondentes notaram que a cidade era muito bem iluminada de noite, vários
prédios acessos como um tipo de show de luzes que encantou o grupo, mesmo que eles
saibam que a crise de energia no país é constante.
No dia seguinte o grupo faz um uma viagem até o International Friendship Exhibition,
nesse local estão guardados todos os presentes que a liderança norte coreana já ganhou do
mundo, inclusive a bola de basquete assinada pelo Michael Jordan. Em seguida o grupo
seguiu para o Kim In-Sung University, o intuito do local era mostrar como o país é “aberto ao
mundo”, nele os americanos puderam presenciar aulas de inglês, um laboratório de
informática onde praticamente ninguém sabia usar os computadores, a não ser um homem,
que obviamente era o único que os representantes queriam que o grupo conversasse, ele
alegou ter trabalhos publicados na internet, inclusive em conjunto com cientistas europeus.
Um dos correspondentes faz um paralelo com o filme “Show de Truman”, onde tudo aquilo
ali era construído para mostrar ao estrangeiros justamente o oposto do que é falado da Coreia.
Por fim o grupo é levado de volta ao estádio de basquete, só que dessa vez para um
jogo e com o estádio lotado, todos os dez mil lugares aparentemente cheios. Logo fica claro o
motivo de tanta pompa para esse evento, o próprio Kim aparece para assistir o jogo. Ao final
da partida o grupo é convidado para um jantar com o próprio líder supremo, nessa ocasião os
próprios funcionários do governo alegaram que o encontro sirva para “quebrar barreiras
psicológicas” sobre a Coréia.
Comentários:
Um dos sintomas desse isolacionismo, fruto de uma política hostil que acaba
afastando os outros países, é o problema crônico de alimentação que o país apresenta.
De acordo com a ONU em 2017 dois em cada 5 norte coreanos sofrem com a
subnutrição, por isso o Lee Myung Han, o maior jogador da coreia causa espanto, já
que esse quadro de subnutrição generalizado atrapalha no crescimento de toda a
nação.
Outra curiosidade que notei é como a população parece ser muito disciplinada,
em certos momentos se comportam como robôs, esperando o estímulo certo para
executar um movimento, pude perceber isso quando a plateia começa a aplaudir e
alguns não parecem não confusos e não sabem bem por que estão aplaudindo mas
seguem o grupo e quando percebem que estão aplaudindo a entrada do Líder Supremo
no estádio começam a se exaltar mais ainda. Esse fanatismo é preocupante, existem
relatos de que a população é ensinada a acreditar que o Líder Supremo consegue ler
suas mentes, então eles são suprimidos em até mesmo nos seus pensamentos íntimos,
tornando a possibilidade de contestação do governo praticamente impossível.
Outro fato curioso é de que durante todo o tempo a sensação de que a visita é
uma completa encenação é muito forte, durante vários momentos a população que
interagia com os americanos parecia condicionada, como se houvessem ensaiado suas
falas para uma grande peça de teatro. Os cenários haviam sido cuidadosamente
preparados muito tempo antes, a sensação é que vários dos lugares visitados foram
criados para essa finalidade, a de mostrar uma realidade diferente para os estrangeiros.