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RESFRIAMENTO INTERMEDIÁRIO

1127 - Bacharelado em Engenharia Mecânica


110536 – Refrigeração Industrial I

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RESFRIAMENTO INTERMEDIÁRIO
Para grandes diferenças de temperatura (condensação muito alta e/ou ebulição
muito baixa), onde exige-se um trabalho de compressão muito grande, divide-se a
compressão em dois ou mais estágios, refrigerando os vapores entre cada estágio.
Com este procedimento, contorna-se as dificuldades decorrentes de uma
relação de compressão muito elevada, não somente do ponto de vista construtivo, como
também termodinâmico.
De maneira geral, para o R-717, comprime-se em dois estágios, quando a
relação de compressão é da ordem de 8 à 9.
Na realidade, o fator determinante para o estabelecimento de uma compressão
múltipla se dá em função do rendimento gravimétrico.
Toda energia absorvida por um compressor, não é efetivamente transformada
em trabalho de compressão, parte se perde sob a forma de calor, o qual, transferido para
o fluido, acarreta um maior aquecimento do mesmo, aumentando seu volume específico
e também reexpansão (neste caso além do ciclo termodinâmico, também contribuem
características construtivas do compressor), diminuindo a massa de fluido realmente
aspirada.
Desta maneira, pode-se estabelecer uma relação direta entre rendimento
gravimétrico e relação de compressão. 2
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Vantagens do resfriamento intermediário

- Diminuição da temperatura de descarga comparada a um estágio único, evitando a


decomposição do óleo lubrificante;

- Evita a sedimentação carbonosa na placa de válvulas, por altas temperaturas de


descarga;

- Diminui a perda da hermeticidade do pistão;

- Evita a alteração das propriedades mecânicas das válvulas por temperaturas elevadas
na descarga;

- Aumenta a capacidade de deslocamento de massa do compressor pela diminuição do


volume específico do fluido refrigerante;

- Diminui a potência exigida para acionamento do compressor, por consequência, a


energia consumida.
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Para demonstrar que o trabalho aumenta quando a compressão entra mais na


zona de superaquecimento, é examinar a equação do trabalho real numa transformação
reversível politrópica:

Entre duas pressões dadas, o trabalho de


compressão é proporcional ao volume
específico do vapor na entrada do compressor.
O volume específico em 2 é maior do que em
3, logo o trabalho para compressão 3-4 é
menor que para a compressão 2-5.

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Processos de resfriamento

O resfriamento intermediário pode ser realizado através de vários processos:

— Água em trocador de calor;

— Pelo próprio fluido, em arranjo de serpentina e carcaça;

— Pela injeção direta de fluido;

— Pela mistura em trocador de calor.

No processo de mistura do fluido no resfriador intermediário (RI), os vapores


superaquecidos à alta temperatura, vindos da descarga do compressor do primeiro
estágio são resfriados por adição de uma quantidade adequada de refrigerante, que
evapora à pressão intermediária p’.
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O fluido necessário para o resfriamento passa através de uma válvula de
expansão para o RI. Como na expansão formam-se vapores, é fácil injetar esta quantidade
de fluido bem distribuído, de maneira que no contato direto com os vapores
superaquecidos à alta temperatura, as gotículas de líquido vaporizem-se imediatamente,
de maneira que a massa a ser injetada seja dosada de maneira a não levar vapores
úmidos à sucção de segundo estágio.

saída de vapor
entrada de líquido

injeção de
líquido
descarga do
estágio de baixa
baixa
velocidade

saída de líquido

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Embora o sistema de duplo estágio normalmente adotado seja o com RI do tipo aberto,
existe uma variação deste modelo aplicada quando o mesmo sofre ampliações e a capacidade
de geração de massa de vapor torna-se insuficiente, optando-se pela injeção direta de líquido
na descarga do compressor do estágio de baixa, através de um sistema de expansão,
promovendo o rebaixamento da temperatura à níveis estipulados para a aspiração do
compressor do estágio de alta.

Em relação ao ciclo
termodinâmico, o comportamento
do sistema não se altera em
relação ao sistema com resfriador
intermediário aberto, pois
simplesmente retira-se para fora
do RI a parcela de vapor gerada
para rebaixamento da temperatura
de descarga do compressor do
estágio de baixa.
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O vapor superaquecido da descarga do compressor do estágio de baixa (CpLS), têm sua
pressão equalizada em “a”, para pressão intermediária, quando em contato com os vapores saturados
secos (X=1), provenientes do vaso de expansão (VE). A mistura faz com a temperatura seja
relativamente rebaixada em 2”, com um valor entre o vapor superaquecido à alta temperatura em T2 e o
vapor saturado seco na sucção do compressor do estágio de alta à T2’. O líquido proveniente do
condensador (Cd), em 4, ao passar pela válvula expansora de injeção de líquido, sofre uma
transformação adiabática em 4’, rebaixando sua temperatura à pressão intermediária, sendo injetada em
“b”, uma massa de refrigerante específica para que se atinja T2’.

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Cálculo do orifício de passagem da válvula

As válvulas de expansão são utilizadas nos sistemas de refrigeração mecânica por


meio de vapores para provocar a laminação do fluido frigorígeno condensado, desde a
pressão de condensação até a pressão de ebulição do ciclo.

O dispositivo cria no circuito do refrigerante uma perda de carga entre as


pressões de regime, deste pcd à montante, até peb à jusante, que juntamente com o
compressor, divide o mesmo em duas zonas, uma de alta pressão e outra de baixa pressão.

Após a expansão na válvula, o vapor saturado úmido, em sua maior parte na fase
líquida, atinge as condições térmicas necessárias para absorver calor.

A principal característica das válvulas de expansão é a sua capacidade, dada em


kgf/h de fluido frigorígeno que pode laminar, a qual depende essencialmente do diâmetro
do orifício de passagem, da diferença de pressão e do fluido frigorígeno adotado.

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Para as válvulas de orifício, do tipo de parede grossa com arestas vivas, a sua
capacidade pode ser calculada a partir da expressão:

𝐺ℎ = 3600𝜇𝐴𝑣𝑐 𝛾 [𝑘𝑔𝑓Τℎ]

μ é o coeficiente de fluxo que vale, segundo


Zeuner, 0,96;

A é a área da seção transversal do orifício de


passagem da válvula expansora;

vc é a velocidade de escoamento, em m/s,


correspondente à seção estrangulada, a qual, no
caso, atinge a velocidade crítica;

ϒ é o peso específico do fluido na seção


estrangulada, na qual a pressão atingida é a
pressão crítica;
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Como o peso específico considerado é na condição crítica, onde uma parcela de


líquido vaporiza adiabaticamente, seu valor deverá ser corrigido.

𝛾 = 𝑥𝛾𝑉𝑝𝑐 + (1 − 𝑥)𝛾𝐿𝑝𝑐

𝑘
ℎ𝐿𝑎𝑑 − ℎ𝐿𝑝𝑐 2 𝑘−1
𝑥= 𝑝𝑐 = 𝑝𝑐𝑑
ℎ𝑉𝑝𝑐 − ℎ𝐿𝑝𝑐 𝑘+1

𝛾𝑉𝑝𝑐 - peso específico do vapor na pressão crítica;


𝛾𝐿𝑝𝑐 - peso específico do líquido na pressão crítica;
ℎ𝐿𝑎𝑑 - entalpia do líquido antes do dispositivo de expansão;
ℎ𝐿𝑝𝑐 - entalpia do líquido na pressão crítica;
ℎ𝑉𝑝𝑐 - entalpia do vapor na pressão crítica;
𝑝𝑐 - pressão crítica;
𝑝𝑐𝑑 - pressão de condensação.
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Na Mecânica dos Fluidos Incompressíveis deduziu-se a equação fundamental da


dinâmica, ou equação de Euler, válida para os escoamentos de fluídos ideais, sem
restrição alguma quanto à sua compressibilidade.
A integração da equação de Euler para os fluidos com densidade constante em
regime permanente resultou no estabelecimento do Teorema de Bernoulli.

Para os fluidos compressíveis ideais em escoamento


𝑘 𝑝 𝑣2
permanente unidimensional, as transformações de estado + + 𝑧 = 𝑐𝑡𝑒
sendo adiabáticas, obtém-se a expressão para o Teorema de 𝑘 − 1 𝜌𝑔 2𝑔
St. Vénant.

O Teorema de St. Vénant pode ser escrito sob a 𝑣2


ℎ+ + 𝑧 = 𝑐𝑡𝑒
forma da equação de Zeuner, nas aplicações válidas para os 2𝑔
escoamentos unidimensionais adiabáticos.
∆ℎ = ℎ𝐿𝑎𝑑 − ℎ𝐿𝑝𝑐

2𝑔∆ℎ A variação da energia deve


𝑣𝑐 = 𝑣𝑐 = 91,53 ∆ℎ
1 𝑘𝑐𝑎𝑙 ser corrigida em função da porção de
427 𝑘𝑔𝑓𝑚 fluido que vaporizou adiabaticamente.
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*Cd = 0,61
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Cálculo do resfriador intermediário

Para o cálculo do resfriador intermediário, devemos considerar dois


diferentes tipos de instalação:

— O primeiro, onde o resfriador intermediário e o separador central, são


alimentados pelo recipiente de líquido;

— E um segundo, onde o separador é alimentado pelo resfriador intermediário e


este pelo recipiente de líquido.

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EXERCÍCIOS

1) Com base nos sistemas de refrigeração com alimentação em paralelo do SL e RI pelo


condensador, e de alimentação em série, respectivamente, entre CD, RI e SL, operando
com R-717 em um regime de –40 °C / +35 °C, determine a massa de fluido que deve
ser injetada no RI aberto, considerando uma relação de compressão ótima em ambos
os estágios de compressão. Considere também, uma carga térmica de 400.000 kcal/h,
para as baterias evaporadores do estágio de baixa e um subresfriamento de 10 °C.

2) Desenvolva um layout para o mesmo sistema da primeira questão, com RI sem mistura,
para operação com água, disponível à 20 °C e outro com o próprio fluido, como
agentes do resfriamento intermediário. Compare e discuta todos sistemas calculados.

3) Refaça os cálculos da questão 1, considerando que o RI deva atender a demanda de


uma potência frigorífica de 100.000 kcal/h, para baterias evaporadoras operando na
temperatura intermediária.

4) Considere uma configuração do mesmo sistema com injeção direta de fluido na


descarga do compressor booster, calculando o diâmetro do orifício de passagem da
válvula. 20

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