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APIS ON-LINE BOLETIM Data: 20/09/2019

Multiplicação de abelhas sem ferrão na primavera.


Com a chegada das primeiras floradas da primavera e o aumento no número diário de
horas de sol, está chegando a época de iniciar a multiplicação de colônias de abelhas sem
ferrão.
Multiplicar as colônias já no início da primavera proporciona algumas vantagens como,
menor índice de infestação por forídeos, diminuição na possibilidade de perdas de abelhas
campeiras devido à enxameações, além de possibilitar, em algumas espécies, a multiplicação
de dessas colônias mais uma ou duas vezes, ainda no decorrer do ano.

Zangões da espécie Canudo


aglomerados nas proximidades do
meliponário da Epagri em
Florianópolis, na data de
08/08/2019, indica que já iniciou a
formação de realeiras nas colônias
desta espécie nesta temporada

Durante as multiplicações das colônias é um ótimo momento para melhorar a qualidade


genética nos meliponários, utilizando somente os discos de cria das colônias de melhor
genética e utilizar campeiras de outras colmeias (para que tenha uma recuperação mais rápida,
o que possibilita a disponibilidade de mais discos de cria para novas multiplicações).
Na primavera, com o início das floradas e o aparecimento de zangões também
podemos eliminar as rainhas velhas ou com características genéticas indesejáveis,
possibilitando o surgimento de novas rainhas, tendo o cuidado nas abelhas da tribo trigonini,
pois para esta prática é necessário que tenha uma realeira ou princesa na colônia.
Para que a multiplicação das colônias tenha sucesso é importante que alguns
aspectos sejam observados, tais como:
 A colônia a ser dividida deve estar com uma alta população, caso contrário, tanto
a colônia nova quanto a caixa matriz poderão correr risco de ficar sem abelhas para realizar as
tarefas, o que pode levar as colônias à morte;
 A divisão deve ser realizada em dias quentes, de preferência pela manhã, para
dar tempo para que as abelhas se reorganizem até o anoitecer, período de maior ataque de
forídeos;
 A caixa que será utilizada para receber a nova colônia deve ser desinfetada. A
desinfecção, quando feita com fogo, contribui também para a eliminação de poeiras, teias de
aranha, e no caso de caixas novas também de farpas de madeira;
 É aconselhado transferir pelo menos três discos de cria maduros (discos de cria
mais claros) da caixa mãe para a caixa filha;
 Uma boa opção para não enfraquecer muito a colônia que será dividida, é pegar
discos de cria de uma ou mais caixas e campeiras de outra;
 No caso de espécies da tribo trigonini é necessário verificar a presença de
realeiras ou princesas e cuidar para não amassar, rasgar ou bater na realeira, com risco de
aborto;
 Deve-se tomar muito cuidado para não bater, rasgar ou amassar os discos de cria
para não atrair forídeos;
 Para permitir a passagem das abelhas entre os discos de cria e não atrapalhar o
nascimento dos indivíduos novos, os discos não devem ficar encostados uns aos outros, por
isso deve-se cuidar para não destruir os pilares que há entre eles. Para garantir o espaço-
abelha entre os discos de cria, caso se utilize discos de colônias diferentes ou os pilares fiquem
danificados, é necessário fazer bolinhas de cerume e colocá-las entre os discos;
 No fundo da caixa devem ser colocados pequenos pilares de cera ou cerume para
sustentar os discos de cria e permitir que as abelhas transitem nesse espaço;
 Para reforçar o desenvolvimento inicial pode-se fornecer para a caixa filha placas
de cera, que poderão ser confeccionadas com uma mistura de cera de ASF e cera de apis
(cera mista);
 Depois de ter feito a transferência dos discos de cria e fornecido alimento, deve-
se colocar a nova caixa exatamente no mesmo local em que se encontrava a caixa mãe para
receber as campeiras. A caixa com as abelhas jovens e alimento deve ser levada para um
novo local;
 Logo após a divisão, as colmeias estão desorganizadas, por isso é muito
importante tapar as frestas (podem ser usados fita crepe, barro, cerume) para impedir o ataque
de forídeos;
 Inicialmente não se deve fornecer potes contendo pólen nem discos de crias
danificados, pois o cheiro desses componentes é muito atrativo para os forídeos;
 O alimento energético deve ser colocado no dia seguinte, após a colônia já ter se
organizado melhor, o alimento proteico (revestido com cera) pode ser colocado 3 dias depois
da multiplicação;
 Na entrada da nova colmeia pode-se colocar um pouco de cerume da caixa mãe
para facilitar que as abelhas localizem a entrada;
 Caso seja necessário pode-se fazer um reforço com mais discos de cria depois de
um tempo da multiplicação realizada;
 Para minimizar os riscos de ataque de forideos, recomenda-se fechar a entrada
da caixa por um período de um a três dias, para que as abelhas possam organizar o ninho. Se
necessário, fornecer alimento antes de fechar a caixa.
 Com o desenvolvimento das colônias pode-se colocar a melgueira e ir
aumentando o espaço do ninho com a colocação dos anéis, no caso de caixas verticais
seccionadas por anéis.

Método para multiplicação de colônias instaladas em caixas verticais,


seccionadas por anéis
Para esta multiplicação é importante que as caixas sejam do mesmo tamanho.

Passo a passo:
 Checar o orifício para entrada e saída das abelhas nos anéis, reabrir no caso de
orifício existente ou fazer no caso de não ter orifício;
 Dividir a colmeia em duas de modo que a câmara de cria fique dividida em duas
partes. Se necessário acrescentar anéis em uma ou ambas as partes;
 Uma das partes ficará com a rainha e os discos de cria novos, enquanto a outra
ficará com os discos de cria maduros. No caso de espécies da tribo trigonini é necessário
verificar a presença de uma ou mais realeiras na nova colmeia que ficou sem a rainha;
 A metade da colmeia que ficou com os discos de cria jovens e com a rainha
(caixa matriz) será levada para outro local e deverá ficar com reserva de alimento, pois a
maioria das abelhas que nela ficaram são jovens;
 A parte da colmeia que ficou com os discos de cria maduros, sem rainha (caixa
filha), deve ficar no mesmo lugar da caixa mãe para receber as campeiras que estão
forrageando e trazendo alimento para a caixa.

Divisão de colônia de mandaçaia


em caixa vertical com anéis.

 Certificar-se de que ambas as caixas ficarão com alimento. Caso a quantidade de


alimento disponível não seja suficiente para dividir entre as duas colônias, deixar o estoque
existente para caixa mãe, onde estarão as abelhas jovens que vai para outro local, e fornecer
alimento para a caixa filha que ficou no mesmo local para receber as abelhas campeiras.
Quando os discos novos e a rainha estão na parte de cima do ninho, anexo a melgueira

Caixa mãe em boas


condições a ser dividida

Caixa filha contendo discos novos, Caixa filha contendo discos de cria
abelhas novas e rainha e estoque de madura, abelhas campeiras e
alimento realeira, no caso das abelhas da
tribo trigonini.
- Deve ir para um novo local
- Deve ficar no lugar da
- Colocar um fundo novo e se
caixa mãe para receber as
precisar, mais um anel
campeiras
- Abrir o orifício de entrada e
- Caso não tenha alimento
saída das abelhas
estocado, deve ser fornecido
xarope
- Colocar uma tampa nova,
e se precisar, mais um anel e a
melgueira
Quando os discos novos e a rainha estão na parte de baixo do ninho

Caixa mãe em boas


condições a ser dividida

Caixa filha contendo discos novos, Caixa filha contendo discos de cria
abelhas novas e rainha e estoque de madura, abelhas campeiras e
alimento realeira, no caso das abelhas da
tribo trigonini.
- Deve ir para um novo
- Deve ficar no lugar da
local
caixa mãe para receber as
- Colocar, se precisar, mais
campeiras
um anel.
- Caso não tenha alimento
estocado, deve ser fornecido
xarope
- Colocar um fundo novo,
uma tampa nova, e se precisar,
mais um anel e a melgueira
- Abrir o orifício de entrada
e saída das abelhas
Método para multiplicação de colônias instaladas em caixas horizontais ou
quando é necessário transferir os discos de cria de uma caixa para outra.

Quando a colônia está instalada em caixas horizontais ou outros modelos que não
permitem a divisão por anéis, e necessário retirar os discos de crias maduros e colocar na
caixa nova.

Passo a passo:

 Checar se os discos de crias maduros (discos de cria mais claros) estão na parte
superior do ninho (com exceção da abelha guaraipo que a rainha faz postura sempre na parte
superior, ficando assim os discos maduros na parte de baixo do ninho);
 Remover pelo menos 3 discos de cria maduros com o cuidado para não amassar.
Caso o número de discos de cria sejam insuficientes, pode ser retirado de outras colmeias;
 No caso de espécies da tribo trigonini é necessário verificar a presença de uma
ou mais realeiras que precisam estar anexos aos discos retirados;
 Colocar os discos de cria na nova caixa com os cuidados necessários;
 Colocar placas de cera, que poderão ser confeccionadas com uma mistura de
cera de ASF e cera de apis (cera mista) em torno dos discos de cria para auxiliar na formação
do invólucro;
 Colocar a caixa filha no lugar da caixa mãe ou de outra colmeia populosa para
receber as abelhas campeiras;
 Levar a caixa mãe para outro local;
 Fornecer alimento para a caixa filha;
Discos de cria +
Cerume

Caixa mãe em boas


condições a ser dividida

Caixa mãe contendo discos de cria maduros, Caixa filha vazia, a ser colocado discos de cria
pode ser retirado de mais de uma caixa mãe maduros e realeira, no caso das abelhas da
tribo trigonini.

- Deve ficar no lugar da caixa mãe


para receber as campeiras
- Deve ser fornecido xarope
- Na entrada da nova colmeia pode-se
colocar um pouco de cerume da caixa mãe
para facilitar que as abelhas localizem a
entrada;

***Esta e outras informações técnicas podem ser acessados através do Site Apis On-line:***

http://ciram.epagri.sc.gov.br/apicultura/

Divisão de estudos apícolas – Epagri

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