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Engenharia Civil
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FUNDAÇÕES
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Aula 04
Métodos de dimensionamento geotécnico das
fundações rasas. Capacidade de carga. Modos
de ruptura. Teoria de Terzaghi e Vesic.
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Método de valores de cálculo x método de valores admissíveis


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Definição de capacidade de carga de fundações rasas

- Na iminência da ruptura teremos a mobilização máxima da resistência do sistema


sapata-solo, a qual chamamos de capacidade de carga do elemento de fundação por
sapata e representamos por σr (r indica a inicial das palavras resistência e ruptura).
- Podemos dizer, então, que a capacidade de carga do elemento de fundação é a tensão
que provoca a ruptura do maciço de solo em que a sapata está embutida ou apoiada.
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Modos de ruptura
- Associado à capacidade de carga apresentada anteriormente, temos um
mecanismo de ruptura, de diferentes características. Podemos ter desde uma ruptura
frágil, em que a sapata gira e levanta uma porção do solo para cima da superfície do
terreno (ruptura geral), a uma ruptura dúctil representada por deslocamentos
verticais para baixo (ruptura por puncionamento).
- O caso de ruptura geral ocorre em solos mais resistentes (menos deformáveis),
com sapatas rasas. Apresenta uma superfície de ruptura contínua, desde a borda
esquerda da base da sapata até a superfície do terreno à direita, ou ao contrário, de
maneira simétrica.
- Trata-se de uma ruptura súbita e catastrófica.
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Ruptura
intermediária
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Ruptura geral das fundações de silos de concreto armado (TSCHEBOTARIOFF, 1978).


- A ruptura por puncionamento ocorre em solos mais deformáveis (menos

resistentes). Neste caso temos a penetração cada vez maior da sapata no maciço

devido à compressão do solo subjacente. A carga de ruptura é atingida para recalques

mais elevados e, para tal valor de carga, os recalques passam a ser incessantes.
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- Há também um caso de ruptura conhecido como ruptura local, que ocorre em solos

de média compacidade e argilas de média resistência, sem apresentar mecanismo de

ruptura típico, constituindo um caso intermediário dos outros dois modos de ruptura.

- Portanto:

a) Ruptura geral: ocorre em solos mais rígidos (areias compactas e muito

compactas);

b) Ruptura por puncionamento: ocorre em solos mais compressíveis (areias pouco

compactas a fofas e argilas moles a muito moles);

c) Ruptura local: ocorre em solos intermediários (areias medianamente compactas e

argilas médias).
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TEORIA DE TERZAGHI (1943)


- O pai da Mecânica dos Solos foi o pioneiro no desenvolvimento de uma teoria de
capacidade de carga de um sistema sapata-solo. Para o desenvolvimento de sua teoria
considera-se três hipóteses:
a) Trata-se de uma sapata corrida, ou seja, o comprimento L é bem maior que a largura B
(L> ou = 5B), simplificando o problema para um caso bidimensional;
b) A profundidade de embutimento da sapata é inferior à largura da sapata (h < ou = B), o
que permite desprezar a resistência ao cisalhamento (ruptura brusca) da camada de solo
situada acima da cota de apoio da sapata e, assim, substituir essa camada de espessura h e
peso específico γ por uma sobrecarga q = γ . h;
c) O maciço de solo sob a base da sapata é rígido (pouco deformável), caracterizando um
caso de ruptura geral.
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Coesão
Sobrecarga Peso específico
Efeito de forma da sapata
- Através da equação deduzida no tópico anterior, podemos calcular a capacidade
de carga de fundações por sapatas corridas em solos passíveis de ruptura geral.
- Terzaghi e Peck realizaram estudos semiempíricos e reescreveram a equação
anterior levando em consideração a forma da sapata:

Fatores de forma - tabelados

- Baseado nesta equação, concluímos que a capacidade de carga do solo depende


de três variáveis: parâmetros do solo, dimensões da base da sapata e embutimento
da sapata no solo.
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Ruptura por puncionamento


- Na complexidade de criar um modelo matemático para explicar a ruptura por
puncionamento, Terzaghi (1943) propõe a utilização da mesma equação da
ruptura geral, mas efetua uma redução empírica nos parâmetros de resistência
do solo, da seguinte maneira:

- Como o ângulo de atrito foi substituído, os fatores de capacidade de carga


também foram.
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Ruptura intermediária ou local


- Caso intermediário à ruptura geral e à ruptura por puncionamento:
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Proposta de Vesic (1975)


- Vesic propôs em 1975 uma nova metodologia para o cálculo da capacidade de
carga de fundações diretas, aprimorando o trabalho desenvolvido por Terzaghi.
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PARÂMETROS DO SOLO
- Em solos saturados, principalmente nas argilas moles, os parâmetros de
resistência (coesão e ângulo de atrito) dependem das condições de
carregamento, variando do não drenado (rápido) ao drenado (lento).
- Em termos de capacidade de carga de fundações, geralmente predomina como
crítica a condição não drenada, pois a capacidade de carga tende a aumentar
com a dissipação da poropressão (pressões neutras).
- Por isso, é habitual no cálculo da capacidade de carga apenas os valores não
drenados de coesão e atrito.
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Coesão

- Para a estimativa do valor da coesão não drenada, quando não dispomos


de ensaios de laboratório, Teixeira e Godoy (1996) sugerem a seguinte
correlação com o índice de resistência à penetração:
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Ângulo de atrito
- Para a estimativa do valor do ângulo de atrito em condição não drenada, temos
as correlações de Godoy (1983) e de Teixeira (1996), baseadas no índice de
resistência à penetração também:
a) Godoy:

b) Teixeira:

- O dimensionamento da capacidade de carga (e, consequente tensão admissível)


pode ser calculado para uma argila desconsiderado-se o ângulo de atrito (ϕ = 0),
independente da dimensão da fundação.
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Peso específico
- Na falta de ensaios de laboratório, podemos estimar o peso específico do solo a
partir dos valores aproximados a partir das seguintes tabelas (diferenciadas por
solos grossos e finos):
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Apontamentos gerais
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Berberian, 2017 ressalta que:


- Utilizar situação não drenada para solos coesivos saturados, considerando ϕ =
0° e c ≠ 0.
- Aplicar situação drenada para solos granulares (areias e cascalhos),
considerando ϕ ≠ 0° e c = 0.
- Os fatores de capacidade de carga dependem basicamente de ϕ. São oriundos do
desenvolvimento analítico, geométrico e trigonométrico das componentes das
tensões normais e cisalhantes reinantes no maciço e ao longo das superfícies de
ruptura.
Bulbo de tensões (pressões)
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Albuquerque e Garcia, 2020.


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MODO DE RUPTURA EM
SOLO c – ϕ
- Ocorre basicamente em solos
compostos por areia e argila (areia
argilosa, por exemplo) em que os
parâmetros de resistência, coesão e
ângulo de atrito devem ser levados
em consideração.
- Ausência de dados de SPT.
Exercício prático
Dimensionar a sapata indicada da figura a seguir, sabendo que a tensão admissível
do terreno, deve ser obtida por sondagem e a carga característica descarregada pelo
pilar na fundação é de 12 tf. Adote que para a execução da obra será retirado
aproximadamente um metro de solo do perfil apresentado (limpeza e nivelamento).
Utilizar o método de Terzaghi/Vésic para a estimativa da capacidade de carga da
fundação.
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a) Adotando uma sapata quadrada com B = 1,00


m. Portanto teremos um bulbo de tensões até
aproximadamente 2,0 B = 2,00 m.

Cota de assentamento da sapata

Profundidade do bulbo – cota 96,0 m


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b) Estimativa dos parâmetros do solo de fundação (coesão, ângulo de atrito e


peso específico)
- Sabemos que o NSPT médio do solo acima da sapata foi de 6,67, e que trata-se
de uma argila, portanto, segundo Godoy:
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- Podemos estimar a coesão do solo de fundação pelo método de Teixeira e


Godoy:

- Tratando-se o solo de fundação como argila, desprezaremos a resistência


devido ao ângulo de atrito. Portanto,
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c) Cálculo da capacidade de carga da fundação


- O solo de fundação corresponde a uma argila cujo NSPT médio foi de 6,67 o que
nos configura dizer que a mesma apresenta consistência média. Portanto, tal
situação caracteriza uma ruptura local. Dessa forma, adotaremos a seguinte
formulação:

d) Avaliação da ruptura por puncionamento:

- Em que:
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- Parâmetros de forma (sapata quadrada):

- Substituindo os dados:
273,05 17,00
0,00
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- Portanto, a capacidade de carga da fundação é de:

- Cálculo da tensão admissível do solo para a ruptura por puncionamento:


- Para o cálculo da tensão admissível do solo, utiliza-se FS igual a 3,0 (NBR
6122/2010). Então:

- Portanto, a tensão admissível do solo é de 0,97 kgf/cm².


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f) Avaliação da ruptura geral:

409,54 17,00 0,00


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- Portanto, a capacidade de carga da fundação para a ruptura geral é de:

- Cálculo da tensão admissível do solo para a ruptura geral:


- Para o cálculo da tensão admissível do solo, utiliza-se FS igual a 3,0
(NBR 6122/2010). Então:

- Portanto, a tensão admissível do solo é de 1,42 kgf/cm².


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g) Cálculo da capacidade de carga final:

h) Cálculo da tensão admissível final:


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i) Para o dimensionamento da sapata, temos que:

- Para uma sapata quadrada, teríamos:

100 cm 100 cm
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Referências
- ABNT. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2019.
- ALBUQUERQUE, P. J. R.; GARCIA, J. R. Engenharia de Fundações. 1 ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2020.
- BERBERIAN, D. Engenharia de Fundações. 3 ed. Brasília: Infrasolo/Fundex,
2017.
- CINTRA, J. C.; AOKI, N.; ALBIERO, J. H. Fundações diretas – projeto
geotécnico. 1 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
- JÚNIOR, I. J. Fundações e contenções de edifícios: qualidade total na gestão
do projeto e execução. São Paulo: Editora PINI, 2013.
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Muito obrigado. Bons estudos!

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