Você está na página 1de 191

PORTUGAL 111

Zé do Telhado: o
português que roubava
aos ricos para dar aos
pobres
No século XIX, Zé do Telhado roubava aos ricos para dar aos
pobres. Mito ou lenda? Descubra a fascinante história do Robin dos
Bosques português.
 por VxMag
 
 Mai 20, 2021
 

Ficou conhecido como o Zé do Telhado e é para muitos o Robin dos Bosques


português, já que também roubava aos ricos para dar aos pobres. Foi líder de uma
quadrilha que distribuía parte do seu saque a quem mais precisava, granjeando assim o
reconhecimento do povo, que ainda hoje o vê como um herói. Ficou conhecido como
um dos mais famosos salteadores do período pós-guerra civil, que colocou absolutistas e
liberais em confronto na primeira metade do séc. XIX.

Nascido José Teixeira da Silva, em 1818, nasceu na aldeia de Telhado, em Penafiel,


local que mais tarde lhe deu o nome com que ficou para a história. Nasceu numa família
pobre e com parcos recursos. Aprendeu o ofício de castrador e tratador de animais com
um tio, ofício que terá chegado a exercer. Diz-se que também foi negociante de cavalos.
Decidiu alistar-se nos Lanceiros de Lisboa, envolvendo-se assim na complicada guerra
civil, estando ele do lado dos absolutistas. Acabou por sair do país após a derrota desta
fação, mas voltou mais tarde ao país, onde se destacou em inúmeros combates, como a
Batalha de Valpaços, onde salvou a vida a Sá da Bandeira, o que lhe valeu a
condecoração com a Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito. 

Zé do Telhado e o seu irmão

Só após esta condecoração o seu tio deixou que se casasse com a sua prima, da qual
veio a ter cinco filhos. Diz-se que o seu primeiro crime foi feito porque não tinha como
sustentar os filhos, e que pediu perdão a Deus por o ter cometido.

Acabou por assumir a liderança de uma quadrilha que foi responsável por vários
assaltos no norte de Portugal, altura em que começa a ser conhecido por Zé do Telhado
e em que conquista a admiração popular.

Numa das surtidas, um dos elementos da quadrilha mata um criado, sendo a primeira
morte causada pelo grupo, algo que marca profundamente Zé do Telhado. O bando
começa a ser procurado com mais insistência pelas autoridades, e Zé do Telhado acaba
por ser preso a bordo de um navio, quando tentava escapar para o Brasil. Foi levado
para a prisão e aguardava julgamento, pensando que iria receber pena de morte pelos
seus crimes.

Foi na prisão que entrou em cena uma personagem improvável na vida deste
homem: Camilo Castelo Branco, que tinha sido preso por adultério, e que acaba por lhe
salvar a vida, juntamente com o seu advogado, que o consegue livrar d apena de morte.
Zé do Telhado acabou por ser apenas condenado ao degredo em Angola.
Zé do Telhado

Aqui, Zé do Telhado acaba por reconstruir a sua vida, ficando na memória do povo por
ajudar igualmente os pobres e por ser uma personagem afável e amiga. Foi na aldeia de
Xissa, a uma centena de quilómetros de Malanje, que veio a falecer, em 1875. Está hoje
sepultado num pequeno mausoléu, nesta mesma aldeia, e a sua memória ainda é
mantida viva pela população.

Zé do Telhado: herói ou vilão?


O Robin dos Bosques português era mais temido do que querido nas regiões de Trás-os-
Montes e Minho, onde atuava a sua quadrilha. Aproveitou-se do conservadorismo típico
destas regiões para construir e consolidar o seu grupo, dando-lhe uma estrutura quase
mafiosa, dividida em hierarquias, à semelhança da tropa.

Zé do Telhado era o comandamente máximo, que ditava as ordens. Imeadamente após


ele, exisitam capatazes da sua confiança e que era homens bravos e experientes no
saque. Abaixo destes estavam a tropa rasa: homens simples e humildes, muitas vezes
recrutados em famílias pobres e que tinham poucas alternativas a não ser seguir Zé do
Telhado. Os elementos seriam recrutados à medida do necessário, consoante o local e o
tamanho do assalto.

Manteve ainda uma vasta rede de informadores de todas as classes sociais: criadas,
padres, pedreiros, fidalgos e agricultores. E até taberneiros e donos de estalagens, que
tinham sempre informações privilegiadas para lhe dar proporcionadas pelos viajantes.
Com base em toda esta estrutura, Zé do Telhado consegue criar um clima de terror em
algumas localidades no Norte de Portugal.

A fama que dele perdura é, no entanto, a de ser o Robin dos Bosques português. Talvez
isto tenha acontecido pela forma como Camilo Castelo Branco romanceou a sua
imagem. Ou talvez, apesar de todos os roubos cometidos, Zé do Telhado tivesse mesmo
um coração bom e ajudasse quem mais precisava. A verdade é que nunca saberemos
muito bem como tudo aconteceu. Resta apenas a lenda!

Sabe onde fica o Centro


de Portugal?
É o Picoto da Melriça, em Vila de Rei, que fica o local exato do
Centro de Portugal. Ou seja, o seu centro geodésico. Descubra-o e
conheça a sua história.
 por VxMag
 
 Mai 2, 2021
 

O centro de Portugal está alinhado com um concelho em particular – Vila de Rei.


Precisamente nesse ponto central tem a situação assinalada com o marco geodésico do
Picoto da Melriça. Nessa perspetiva é de destacar o que de mais espetacular aí existe, e
que, de facto, pode desfrutar a partir do centro. E aí tem de ser mencionada a
espetacular vista panorâmica que ostenta.

O Picoto da Melriça é o nome pelo qual popularmente se conhece a Serra da Melriça,


pertencente ao Concelho de Vila de Rei, que por sua vez pertence ao distrito de Castelo
Branco. Situa-se conforme já referimos muito próximo do centro da sede do Concelho.

Para chegar ao centro geodésico a partir de Vila de Rei siga em direção à Sertã e
percorra 1,8 km. Nessa altura encontrará assinalada a indicação que tem como destino o
Picoto da Melriça, que é literalmente o Centro Geodésico de Portugal e que encontrará
menos de 1 km depois, mais precisamente 900m.

No Picoto da Melriça estará a uma altitude considerável e próxima dos 600 m, mais
precisamente 592 m. Conforme já introduzimos terá a possibilidade de observar com
uma visão de 360º um horizonte vasto e longínquo, que lhe permitirá identificar vários
pontos de referência.

Em relação ao marco geodésico este está representado por uma pirâmide de alvenaria
que tem nove metros de altura e mais de três metros de base. Rigorosamente 9,1 metros
de altura e 3,25 metros de base. O começo da sua construção data de 1802, sendo que ao
longo de tempo, e mais recentemente, sofreu várias obras de melhoria. Foi uma das
primeiras pirâmides geodésicas do país e naturalmente é atualmente muito emblemática,
sendo alvo de visitas de milhares de turistas anualmente.

Para além de ser o local onde está localizado o Centro Geodésico de Portugal
Continental existem outros aspetos que devem destacar-se sobre a importância do Pico
da Melriça. Nesta perspetiva é importante referir que foi a partir deste local que se
iniciaram as observações angulares dos restantes vértices geodésicos do país.

História da definição do Centro de


Portugal
Esta zona está intimamente ligada à história da cartografia moderna em Portugal. Para a
contextualizarmos de maneira breve podemos referir que essa odisseia se iniciou em
1790, no reinado de D. Maria I, quando esta monarca solicitou que D. Francisco Ciera,
iniciasse os trabalhos de triangulação geral do território, para a elaboração da Carta
Geográfica do Reino.

Tais ações começaram em 1790 e no ano de 1802 ergueu-se o vértice geodésico da


Melriça pertencente ao grupo dos primeiros 32 vértices nacionais. Contudo, e após treze
anos de duração dos trabalhos estes viriam a ser interrompidos pelas invasões francesas.

Decorrente da situação política os trabalhos de triangulação foram interrompidos, sendo


concluídos após alguma pacificação, cerca de três décadas depois, em 1834. Em
Portugal Continental existem atualmente 7973 vértices geodésicos, fazendo parte da
Rede Geodésica Nacional no apoio aos trabalhos necessários à cartografia do país.

Efetivamente, a informação geográfica precisa decorre em grande medida da


informação que a Rede Geodésica Nacional pode fornecer, sendo o trabalho técnico de
geógrafos e cartógrafos desenvolvido no passado decisivo para a sua organização.

O Picoto da Melriça apresenta mais de dois séculos de idade e é um local de paragem


obrigatória e que desperta muita curiosidade. Não são raros os casos de viajantes que
desviam a rota para ficar a conhecer um local de grande simbolismo no nosso país. E
essa rota muitas vezes passa pela maior estrada do país, nomeadamente a estrada
nacional n.º 2.

O que pode avistar a partir do Centro de


Portugal?
A este respeito destacamos uma invulgar rosa dos ventos existente no local, feita em
pedra numa espécie de palanque, que facilmente orientará o visitante para os pontos
cardeais. Tem zonas de interesse em todas as direções, que tanto pode perder de vista no
horizonte como servir para se orientar num roteiro a partir deste local.

Merecem natural destaque as Serras que avistará a norte, nomeadamente a Serra da


Lousã, e, inclusivamente a Serra da Estrela, se a meteorologia o permitir, sendo que esta
dista próximo de 100 km deste ponto central do país. A boa visibilidade é de facto
essencial para tirar partido deste local, já que para além das Serras mencionadas,
também outros grandes maciços da Cordilheira Central como a Serra da Gardunha e a 
Serra de Aire e Montejunto podem ser apreciadas.
E apreciadas é mesmo o termo correto, pois encontram-se a distâncias suficientemente
longínquas para reparar nos seus detalhes, sendo de destacar o contorno das suas
silhuetas e as próprias texturas litológicas. 

Nos pontos mais a sul é de destacar que se avistam as planícies do Alto Alentejo,
valendo a pena referir que a lezíria ribatejana é também avistada. Na direção Sudoeste é
ainda possível vislumbrar uma leve gravura da linha dourada do mar.

O que visitar nas redondezas do Centro


de Portugal?
Numa zona contígua a este espaço situa-se o Museu da Geodesia, que retrata toda a
história produzida por cientistas portugueses que permitiram chegar à definição e
organização do centro do país. A sala de exposições do museu contempla com destaque
uma exposição permanente onde se podem verificar instrumentos importantes para a
atividade geodésica. 

Vale destacar que a rota merece bem a pena o desvio, pois para além de ser o Centro
Geodésico de Portugal, Vila de Rei tem inúmeros pontos de interesse em todas as
estações do ano. Só a título de curiosidade deixamos a indicação de belíssimas Praias
Fluviais, como a Praia Fluvial da Zaboeira, a Praia Fluvial do Penedo Furado e a Praia
Fluvial de Fernandaires, que curiosamente tem água a uma temperatura mais elevada
que o habitual das praias portuguesas.

Estas são zonas a visitar no Verão, mas no Inverno pode igualmente aventurar-se pela
Água formosa, Aldeia de Xisto da freguesia e Concelho de Vila de Rei ou visitar
o Museu do Fogo e da Resina. Uma referência final à gastronomia, onde os famosos
maranhos e o bucho são reis. Portanto, ótimas razões para ir, literalmente, ao Centro de
Portugal.  

Ocho playas del norte de Portugal


para perderse
TEXTO: CARME D. PROL / S.F.
Están ahí al lado, a poco más de dos horas en coche y son un paraíso. El país
luso tiene muchos kilómetros de arena que ofrecer para disfrutar de un día o
alargar la estancia un fin de semana. Merecen una escapada
12 jun 2021 . Actualizado a las 05:00 h.
Comentar · 1

Entre Oporto y Galicia hay playas para todos los gustos. Elegi-
mos ocho arenales del norte de Portugal, accesibles tanto para
un día al sol como para pasar un fin de semana. Entornos natura-
les, lugares históricos o zonas perfectas para coger olas. Seguro
que en esta lista encontrarás alguna playa que te anima a cruzar la
frontera.

1. Apúlia (Póvoa de Varzim)         


VÍTOR MEJUTO
MOLINOS Y SOL
Forma parte de la zona protegida del litoral de Esposende y está
rodeada por un gran arenal de dunas, aunque no es esto lo que la
hace especial. Sobre ellas se encuentran antiguos molinos de
viento que se acondicionaron y ahora se utilizan como residencias
de vacaciones. Una experiencia muy recomendable y un dato a
tener en cuenta si decides quedarte en Apúlia más tiempo del
esperado. También debes saber que es una playa muy
recomendada por los médicos por su riqueza en yodo.

2. Moledo (Caminha)
UN LUGAR HISTÓRICO
Aquí no perderás Galicia de vista, literalmente. Con el horizonte
hacia el Monte de Santa Trega a la derecha, la Praia do Moledo
es una de las primeras que encontramos al pasar la frontera por
Tui. Y es idílica para quedarse a disfrutar de un día al sol. Además,
puedes acceder en barco al Fuerte de Ínsua, construido en el s.
XV como convento, fue esencial para la defensa de la costa
portuguesa durante los siglos XVII y XVIII.

3. Madalena (Gaia)
UNA EXPERIENCIA INOLVIDABLE
Al sur de la ciudad de Oporto, en Gaia, se encuentra una de las
capillas más curiosas de Portugal. Es la Capela do Senhor da
Pedra y se sitúa en la Praia da Madalena, una zona tranquila, lejos
del ir y venir de turistas de la ciudad. Ver cómo golpean las olas en
esta pequeña iglesia es todo un espectáculo. Eso sí, ten cuidado
si decides entrar, puedes quedar atrapado al subir la marea.

4. Praia fluvial de Azibo

PLAYA Y NATURALEZA LEJOS DE LA COSTA


A poco más de dos horas de Ourense se encuentra la playa fluvial
de Azibo. Integrada en un parque natural, es una de las joyas a
descubrir en el norte de Portugal. Debido a su accesibilidad y
servicios, como barcas, canoas o un campo para jugar al fútbol,
es un entorno perfecto para un día entre familia o amigos. Incluso
para los que prefieren la montaña. 

5. Ofir (Esposende)

ZONAS PARA TODOS


¿Sabes qué son los caballos de Fão? Pues las rocas que, cuando
hay marea baja, emergen del mar en la playa de Ofir. Este arenal,
situado en la desembocadura del río Cávado, se caracteriza por
estar rodeado de dunas y pinares. Perfecto para los que también
buscan zonas de sombra y de fresco. Una pista: si eres de torrarte
al sol, la zona del centro es la tuya; si prefieres el surf, en la parte
sur hay mejor oleaje.

6. Piscinas das marés (Matosinhos)


ARQUITECTURA CON VISTAS AL MAR
Aquí hay para todos, también para los amantes de
la arquitectura y de los del equipo piscina. En Matosinhos, cerca
de Oporto, están estas piscinas, una de las primeras obras del
arquitecto premio Pritzker, Álvaro Siza. Se construyeron entre el
año 1961 y 1966 con el objetivo de domar la costa atlántica y
convertir la zona en un entorno seguro para disfrutar. Un lugar
único de fusión entre naturaleza y arquitectura contemporánea. 

7. Arda (Viana do Castelo)


COGE LAS MEJORES OLAS
La costa de Portugal también es famosa por las olas de sus playas,
perfectas para albergar competiciones de surf o «bodyboard».
Sin embargo, no tienes que bajar hasta Esteiro para disfrutar de
este deporte. En la Praia da Arda también conocida como Praia do
Bico, se pueden coger algunas de las mejores olas del país en
un entorno de arena blanca rodeado de dunas. Por ese motivo
suele estar llena de jóvenes que aprovechan hasta la última hora
para surfear.

8. Cabeledo (Viana do Castelo)

PARA SALIR VOLANDO


Si para ti la playa significa deporte, un viaje a Praia Cabeledo te
valdrá la pena. Al sur de la desembocadura del río Lima está esta
cala en forma de media luna de un kilómetro de longitud. Cuenta
con las condiciones ideales para practicar surf, windsurf o
kitesurf. Si decides quedarte, tiene dos cámpings con salida
directa a la playa. 

Os defeitos (e as qualidades) dos portugueses


contados por um espanhol
 por VxMag
 
 Out 4, 2019
 
em Sociedade
 

Caros amigos portugueses, permitam-me que vos trate por irmãos, tal como vocês nos
tratam a nós, os espanhóis, por “nuestros hermanos”. Amo o vosso país com todo o meu
coração. Preciso de vos contar, ante de começar, que amo tanto o vosso país que me
casei com uma portuguesa, tenho duas filhas portuguesas e vivo em Portugal há 10
anos. Vivo em Portugal o tempo suficiente para me poder considerar também um pouco
português mas também para poder ver, como quem vê de fora, o bom e o mau que este
maravilhoso país e este maravilhoso povo possuem.
Não pensem, meus caros irmãos portugueses, que isto é uma crítica. É apenas uma
forma de vos dizer o quanto vos amo e também, ao mesmo tempo, o quanto vocês me
confundem por vezes.

Não fiquem tristes ou furiosos com as minhas palavras. E espero que, quando lerem as
minhas palavras, percebam que apesar das críticas, vos amo com todo o meu coração. E
como é óbvio, nem todos os portugueses são como as minhas palavras os descrevem
mas, pela minha próxima experiência, posso dizer que uma grande parte de vocês se irá
rever no meu texto. De qualquer das formas, esta é a minha lista de defeitos e de coisas
menos boas dos portugueses.

1. Vocês prestam demasiada atenção à opinião dos estrangeiros


Nunca vi um povo que se preocupasse tanto com aquilo que os outros pensam deles. De
cada vez que há um ranking, bom ou mau, é motivo de notícias e de intenso e acalorado
debate nas redes sociais. Portugal tem a rua mais bonita do mundo? As televisões fazem
reportagens em directo nessa rua e entrevistam 200 pessoas com perguntas descabidas
sobre a rua. Portugal é o terceiro país mais pacífico do mundo? São centenas de artigos
na internet a falar da notícia. Portugal tem a maior área ardida da Europa em 2017?
Fazem-se debates sobre o tema.

Confessem: vocês vibram com este tipo de notícias e rankings. Nestes anos em que vivo
em Portugal tenho tentado encontrar a justificação para este comportamento e só me
ocorre uma: a falta de auto-estima. Portugueses: vocês valem muito mais do que aquilo
que imaginam. Deixem de olhar para rankings e concentrem-se em apreciar vocês
próprios o vosso país. Não precisam que um estrangeiro vos diga que têm o melhor
vinho do mundo, o melhor queijo do mundo, etc… são vocês mesmo que têm que achar
que as vossas coisas são boas e valorizá-las.

2. Vocês oscilam entre a euforia e a depressão


Lembram-se de vos ter falado da vossa paixão pelos rankings? Pois bem… sempre que
um ranking é positivo, vocês exaltam de alegria, de orgulho e de optimismo. Mas se o
ranking é mau, vocês entram numa espiral depressiva e de repente, o que tudo era
fantástico, passou agora a ser uma catástrofe. Se Portugal é campeão da Europa em
futebol, o vosso orgulho excede tudo o se possa imaginar. Se Portugal possui a maior
percentagem de alunos que não completam o ensino secundário, então tudo passa a ser
mau no vosso país.

Portugal é extraordinário em muitas coisas mas não precisa de ser o melhor em tudo
para ser bom. Percebam isso! O vosso sistema de saúde, por muito que vocês o
critiquem, é um dos melhores do mundo. Basta verem as estatísticas sobre a esperança
média de vida, por exemplo. O vosso sistema de ensino, embora possa ser melhorado,
faz inveja a muitos países da Europa. Meus irmãos portugueses: vivam a vida com mais
calma e não se exaltem demasiado nem se deprimam demasiado.

3. Vocês acham que percebem tudo sobre tudo


É algo que nunca compreendi muito bem: um português típico sabe tudo sobre política e
tem a receita mágica para governar o país, sabe tudo sobre futebol e se fosse treinador
ganhava a Liga dos Campeões, sabe tudo sobre saúde e passa a vida a aconselhar os
amigos sobre os melhores medicamentos, sabe mais sobre educação do que a professora
do seu filho. Convençam-se: vocês não sabem quase nada sobre política, por exemplo.
Prova disso, é que vocês acham que a dívida pública se resolve diminuindo o ordenado
dos políticos.

Meus amigos: essa medida iria diminuir os gastos do estado em 10 ou 15 milhões de


euros, mas a dívida pública é de mais de 250 mil milhões de euros. Talvez fosse melhor,
em vez de acharem que sabem tudo, confiar em quem efectivamente sabe. E isto aplica-
se à política, à educação, ao futebol. Confiem em mim: a professora do vosso filho
merece o vosso respeito e sabe mais de educação do que vocês.

4. Vocês têm memória curta


A vossa memória é boa quando diz respeito aos amigos. Mas não é muito boa em
relação a outras coisas, especialmente à política. Lembram-me de vos ter dito que vocês
não percebiam muito de política? Pois… este ponto é uma espécie de continuação.
Alguns de vocês, que viveram no tempo de Salazar, já se esqueceram do quanto
sofreram e hoje dizem que sentem saudades desse tempo. E mais… para vocês, a
história começa a partir do momento que vocês decidem (ou se lembram melhor).

Prova disso é a forma como falam dos diferentes governos que governaram Portugal nos
últimos anos. Reparo, por exemplo, que muitos de vocês criticam um governante pelas
medidas impopulares que ele teve que tomar, mas esquecem-se de como esse
governante encontrou o país quando foi eleito. Esquecem-se também que, quem
governava o país antes dele, está agora a ser julgado por corrupção. E também se
esquecem de todas as críticas negativas que fizeram ao vosso presidente da Câmara se
ele pavimentar a vossa rua um mês antes das eleições.

5. Vocês são uns activistas de sofá


Sim, é verdade. Vocês protestam muito mas… só no Facebook. Protestam contra os
incêndios, contra a subida de impostos, contra jantares de gala no Panteão Nacional…
mas se for preciso saírem à rua e protestar a sério, raramente o fazem. E se o fizerem, é
em autocarros organizados por algum partido político ou sindicato.

Portugal seria um país ainda mais fantástico se as pessoas protestassem realmente em


vez de apenas mostrar a sua raiva nas redes sociais. E mais… muitos de vocês ainda
criticam os poucos que se atrevem a sair do sofá e ir para o terreno protestar ou ajudar
quem mais precisa. Há mais vida para além das redes sociais e a forma de lutar pelos
vossos direitos não é a fazer likes.

Mas os portugueses não têm apenas defeitos…


Meus irmãos portugueses… não pensem que só tenho críticas para vos fazer. Como vos
disse, amo o vosso país com todo o meu coração. E por isso mesmo, para que não
pensem mal de mim ou fiquem zangados comigo, tenho que vos falar também de
algumas das muitas coisas boas que vocês possuem…

Vocês são um povo sereno, amável e carinhoso. São dos poucos povos do mundo que
nos fazem sentir genuinamente em casa e por isso não fico nada admirado quando vejo
tantos turistas a falar bem do vosso país e tantos trabalhadores estrangeiros em Portugal
a dizer que este é um local formidável para trabalhar e viver.
A vossa comida é das melhores do mundo. Não é apenas a vossa forma de a cozinhar
mas também os vossos produtos. Não há melhor vinho ou azeite do que aqueles que são
feitos em Portugal pelos portugueses. A vossa fruta e os vossos legumes são excelentes.
A carne e o peixe que se vende em Portugal são das melhores do mundo. E se não
acreditam, viajem até países como Suécia, Alemanha ou Rússia e tentem comer o peixe
e a carne que eles produzem.

O vosso país é lindíssimo. Não é um país de uma beleza perfeita e harmónica. O vosso
país prima pela beleza da simplicidade. Em Portugal, mesmo uma casa em ruínas numa
aldeia de pedra na Beira Interior consegue ter uma beleza cativante. O vosso país, com a
simplicidade das suas pessoas e da sua paisagem, é um país acolhedor, que nos faz
sentir em casa, que nos faz regressar às nossas origens.

O vosso sistema de ensino é muito bom. O vosso serviço nacional de saúde é fantástico.
As vossas estradas são das melhores do mundo. Os vossos políticos não são assim tão
corruptos como vocês dizem (não são tão bons como os políticos do norte da Europa
mas são bem melhores do que os políticos de mais de meio mundo). E acima de tudo, os
vossos políticos são sensatos. Bem mais sensatos do que os políticos do meu país, a
Espanha.

Meus irmãos portugueses… eu próprio me considero um pouco português e por isso


quis escrever este texto para vocês. Se vos posso dar uma última e importante
mensagem, só teria uma coisa para vos dizer: continuem a ser fantásticos como são, mas
tenham um pouco mais de auto-estima. Afinal de contas, vocês são muito melhores do
que aquilo que imaginam.

Lisboa, de meca turística a ciutat


fantasma
 Els barris que es van transformar amb l’arri-
bada del turisme massificat són ara zones
desertes
 Representants de la ciutat demanen ara obrir
un debat sobre el canvi de model econòmic
05 de de març del 2021. 13:22
A la Rua Augusta, al cor de Lisboa , amb prou feines queden un parell de negocis
oberts. Un és el petit quiosc de premsa i records que dirigeix Carlos Baz,  que, davant
l’escassa afluència de clients , es dedica a xerrar animadament al carrer amb els pocs
veïns que queden al barri. «No sé per què continuem oberts. La nostra facturació
ha caigut entre un 80% i un 90%», assegura Baz després de despatxar una clienta.
«De tant en tant passen  alguns estudiants d’Erasmus, però ni un sol turista»,  lamenta. Al seu
costat, Zito Sousa assenteix enèrgicament. «Abans de la pandèmia era impossible
passar per aquest carrer, i ara, ja ho veus», explica assenyalant el carrer buit.
 La Baixa de Lisboa és un dels barris que, amb Alfama o Mouraria, van   tenir una transformació
més gran en l’última dècada per l’auge incessant del turisme a la ciutat. El
nombre de turistes estrangers a Portugal es va duplicar en tan sols sis anys,  segons
dades de Turisme de Portugal , fins als 16 milions registrats el 2019. L’augment de
l’arribada de visitants internacionals va impulsar l’aparició de  nous allotjaments
turístics  i de negocis associats a aquesta activitat al centre de la ciutat, cosa que va
empènyer residents locals a instal·lar-se en altres zones. Ara són molt pocs els
que passegen per aquests carrers.
«El turisme ha desaparegut i molts allotjaments han quedat buits i han deixat
barris desertificats», assegura Rita Silva, membre del col·lectiu Habita, una de les
plataformes més actives contra els pisos turístics a Lisboa . «Moltes persones que viuen
en aquests barris han contret el virus en els últims mesos i no han tingut una
comunitat que els pugui socórrer», lamenta. A més dels molts allotjaments buits,
Silva denuncia que la pandèmia també ha deixat un nombre considerable
d’aturats al sector turístic, que, en molts casos, ja tenien  contractes precaris o directament
treballaven en negre .
Tancament d’hotels i hostals
La falta de turistes ha portat al  tancament temporal de molts hotels i hostals , que es veuen
incapaços de fer front a les elevades despeses mensuals, mentre que d’altres
miren de resistir a base d’endeutar-se. «Nosaltres vam decidir tancar 15 dies al
principi de la pandèmia, però des d’aleshores ens hem mantingut oberts», explica
Rebecca Jeffery, propietària del cèntric Chillout Hostel. Als passadissos de
l’allotjament, que ocupa un edifici sencer, amb prou feines poden veure’s alguns
treballadors fent tasques de neteja i un parell d’hostes. «Tenim capacitat per a 84
persones, però en aquest moment amb prou feines arribem a les 10», assegura la
propietària.
 A més de l’escassetat d’ajudes del Govern per fer front a la pandèmia, els
propietaris d’allotjaments turístics com el de Jeffery denuncien l’aprovació d’una
nova normativa, en plena crisi, que els obliga a molts a fer reformes en els seus
negocis en el termini màxim d’un any. «Demanem al Govern que ens ofereixi més
ajudes o que ens doni més temps per poder adaptar-nos a la legislació. Ja estem
prou endeutats com per tornar a anar al banc a demanar més crèdits», denuncia
l’hotelera.
Canvi de model
Malgrat que la bombolla turística ha esclatat amb força a Lisboa, tant els hotelers
com els representants dels principals moviments associatius creuen que la ciutat
tornarà a atraure un gran volum de visitants en el futur. Una cosa que també
assenyala Miguel Coelho, president del districte de Santa Maria Maior  –que aglutina els
barris més turístics de la ciutat–, que, no obstant, afirma que és el moment de
diversificar l’economia i deixar enrere l’enorme dependència del turisme. «És un
error plantejar un model que depèn només d’una activitat», explica Coelho.
 La crisi generada per la pandèmia, assegura el president, ha de ser vista com una
oportunitat per atraure la recerca científica  i l’establiment de noves empreses al
districte. «Hi ha altres àrees en què és important invertir i ja hi estem treballant a
través d’un debat amb altres actors socials. És una realitat que ens repercuteix a
tots i que serà consensuada amb l’ajuntament». Fins aleshores els carrers del
centre continuaran buits, i els veïns de la Rua Augusta continuaran tenint espai
davant del quiosc per a les seves animades converses.

Éramos felizes e não


sabíamos: 10 jogos
de rua de
antigamente
 por VxMag
 
 Abr 12, 2019
 
em Sociedade
 

É ramos felizes e não sabíamos: 10 jogos de rua de antigamente Hoje em dia, as

nossas crianças preferem jogar videojogos ou passar horas intermináveis em frente à


televisão ou ao computador. Mas antigamente, as crianças divertiam-se de outras
formas, talvez mais saudáveis e, na maioria das vezes, na rua, convivendo com os
amigos. Éramos felizes e não sabíamos. Descubra 10 jogos de rua antigos.
 
1. Ioiô
Tal como o pião, quem nunca experimentou o famoso “Ioiô”? Este é um dos mais
antigos brinquedos existentes. A palavra vem do filipino e quer dizer “volte aqui”, e na
verdade é mesmo isto que faz. Como é que tal objecto, com 2 discos unidos por um
eixo, onde se prende uma corda, e que sobe e desce, teve o sucesso que teve? A verdade
é que este jogo ia ficando cada vez mais divertido, quanto mais “expert” nos
tornássemos na matéria do lançamento do ioiô e nos respectivos efeitos para
impressionar a família e amigos: o efeito “balança”, “vai e vem”, “trapézio”, “passeio
cãozinho” são alguns exemplos.
 

2. Macaca
Com um pau de giz e uma pedrinha fazia-se a festa. Desenhava-se no chão vários
rectângulos (casas) conforme a figura ao lado e passavam-se umas belas horas a atirar a
dita pedrinha, a caminhar em pé coxinho para apanhá-la em equilíbrio num só pé e a
regressar também em pé-coxinho. Em algumas casas podiam ser colocados os 2 pés em
simultâneo (as que tinham 2 quadrados lado a lado), outras só podia ser num pé. Ora aí
está um belo exercício que poderia dispensar algumas horas de step ou spinning (e bem
mais barato). Alguém quer alinhar?

3. Pião
Uns simples, outros coloridos, este jogo poderia ser partilhado com quem quisesse.
Bastava que tivessem um pião, uma corda para o fazer girar e algo para desenhar um
círculo no chão. O objectivo era deixar girar um pião no círculo e correr com os piões
dos outros para fora desse espaço. De facto era necessário alguma perícia de mãos (que
confesso que nunca tive). Ainda assim, ainda bem me lembro de tentar atingir recordes
do tempo em que o pião ficava a rodopiar. Não convinha muito ser em casa sob pena do
chão de ficar com uns relevos esquisitos e a Mãe ficar colada ao tecto. Algo tão simples
e como pegou durante décadas a fio.

 
4. Malha
Remonta ao tempo em que se começou a colocar ferraduras nos cavalos do exército
romano. Para ocupar o tempo, os soldados lá acharam piada a atirar tais ferraduras com
o objectivo de derrubar ou chegar perto de um pau. Mais curioso ainda é que, em
Portugal, o nome mais popular é “chinquilho”. Daí o verbo verbo “achincalhar”, que
significa ridicularizar/rebaixar/humilhar, pelo facto deste ser um passatempo tradicional
das classes mais desfavorecidas. E havia autênticos mestres, geralmente carecas ou de
cabelos brancos, na arte do “malhar” ou “achincalhar” (no bom sentido da palavra).

5. Escondidas
Este jogo das Escondidas era tanto mais divertido quanto maior o potencial de
esconderijos a área tivesse. Era um clássico nos recreios e nas festas de aniversário dos
amigos. Claro que quase ninguém queria ficar no papel de contar alto até 100 virado
contra uma parede ou árvore e depois ter que “ir á cata” dos amiguinhos escondidos.
Mas enfim, tocava a todos. Terminada a contagem lá esse jogador tinha que anunciar o
início das buscas com um sonoro “AÍ VOU EU” e todos os outros ficavam que nem
múmias nos seus esconderijos. Nunca a palavra “coito” foi tão inocente como a simples
chegada vitoriosa do jogador que estava escondido ao posto inicial, sem ser apanhado
no trajecto. Caso conseguisse tal proeza, podia dizer “1,2,3 salvo xpto” (xpto = nome do
amigo/amiga que estivesse naquele momento no top do seu ranking de amizade ou
quiçá algo mais) ou, se fosse do género altruísta: “1,2,3, salvo todos!”.

6. Salto ao eixo
Fazia parte de algumas aulas de ginástica mas muitas crianças se divertiam a saltitar por
cima de um(a) coleguinha que amochava o tronco para a frente, apoiava bem as mãos
nas pernas e virava a cabeça para baixo. Se era necessária alguma agilidade para saltar o
dito “eixo humano”, se bem se recordam, quem estivesse amochado tinha quase que
rezar 3 “Pais-Nosso” seguidos não fosse o próximo a saltar aquele(a) “mastronço(a)”
desengonçado(a) que mais parecia uma “wrecking ball” (mas sem Miley Cyrus
atrelada).

 
7. Saltar ao elástico
Este jogo, de tão simples e clássico que é, quase que dispensa explicação. Tinha que
haver pelo menos 3 meninas (não querendo parecer sexista, não me lembro de ver
rapazes aos saltinhos neste jogo), 2 das quais tinham que servir de “poste” para segurar
o elástico nos tornozelos. A 3ª pulava sobre o elástico, ora só com 1 pé, ora com os 2, ao
ritmo do “1,2,3…1,2,3…1,2…1,2”. Confesso que já não me lembro das respectivas
músicas mas ainda me recordo que o grau de dificuldade ia aumentando à medida que o
elástico ia subindo pelas “meninas-poste” (termo inventado agora mesmo). E com isto,
muitas doses de energia e gotas de suor foram gastas.

8. Sirumba
Na Sirumba (também conhecida por jogo do polícia e ladrão) desenhava-se um
rectângulo grande no chão, com seis quadrados lá dentro, divididos por corredores.
Depois decidia-se quem era ladrão e polícia. Os polícias só andavam nos corredores e
tinham que apanhar (com um toque apenas) os ladrões que saltavam de quadrado em
quadrado. O ladrão tinha que passar por todos os quadrados até chegar à barra oposta
que dizia “Sirumba” e voltar à base inicial. O primeiro ladrão que chegasse sem ser
apanhado gritava bem alto “SIRUMBA” e ganhava o jogo.

9. Berlinde
Para começar, ter uma bela panóplia de bolinhas de vidro maciço, pedra ou metal,
pequenas ou grandes, lisas ou às riscas, brilhantes ou opacas era uma emoção! Há
imensas variedades de jogos do berlinde mas a que mais gostava era a das “3 covinhas”.
O objectivo era tentar enfiar os berlindes, sucessivamente, nas 3 covas dispostas em
linha recta. Quando se conseguisse chegar à última cova fazia-se o percurso inverso. À
medida que ia concluindo estas etapas o jogador ficava com o direito de alvejar os
berlindes dos outros, apoderando-se assim dos mesmos.

 
10. Jogo do Mata
Quase que não existia limite de jogadores. Num campo dividido ao meio e com duas
equipas de cada lado, o principal objectivo era eliminar os adversários com uma bola. O
jogador na posse da bola tinha de lança-la em direcção aos outros jogadores e, se
tocasse em alguém, estaria “morto” (ou não se chamasse jogo do “mata”). Claro que
havia sempre aquelas alminhas que adoravam despejar toda a sua fúria naquele
coleguinha irritante…

14 palabras que nos han llegado del


portugués II
Noviembre 12, 2020  0

Después de la primera tanda de palabras que nos han


llegado del portugués, ya podéis leer la segunda parte de
préstamos lingüísticos que tenemos del país vecino. Son
palabras que podemos llegar a usar a lo largo del día o
podemos leer en los medios de comunicación. Seguro que
te asombras de más de una. Vamos a ello.
🔻🔻

 garrafa. No es seguro que esta palabra


venga del portugués, según nuestra querida
RAE, pero lo que sí es seguro es que esta pro-
viene del árabe marroquí ğerraf. Todo con-
cuerda entonces para una palabra que a mí,
personalmente, me recuerda a los piratas, qui-
zá por aquello de la garrafa de ron, (sí, sé que
la canción es sobre una botella). Por cierto,
en francés (carafe) o italiano (caraffa) esta
palabra es bastante similar. 
 lancha. Posiblemente los antiguos pira-
tas fueran en lanchas, ya que esta palabra ya
se usaba en el castellano a mediados del si-
glo XVI. Es curioso tener aquí otra palabra re-
lacionada con el agua. En este caso, la pala-
bra llegó a Portugal gracias al malayo (lánčār,
'rápido', 'ágil'), ya que los portugueses llega-
ron a Malasia en 1511. 
 macaco. Sí, estoy hablando del adorable
monito que aparece en los documentales de
La 2. Esta palabra nos viene del portugués, y
esta, a su vez, del bantú (lengua africana)  
 mango. Esta palabra tiene un variado pa-
sado. Si nos referimos a la manga de nuestra
camisa, su origen es latino; si nos referimos
al cómic, la palabra viene del japonés. Pero,
¿y si hablamos del fruto del mango? ¡Esta sí
que nos viene del portugués! Su origen viene
de la India, concretamente del tamil (mankay),
después pasó al portugués (manga).
 mejillón. ¡Al rico molusco! Su origen es
sencillo, ya que este viene del portugués me-
xilhão. Esta palabra no tiene nada que ver ni
con México ni con una mejilla gorda.
 menina. Ayns... si Velázquez levantara la
cabeza... Según el diccionario, una menina o
menino es una niña de familia noble que en-
traba en palacio a servir a la reina o a sus hi-
jos. Nos viene del portugués menino  ('niño').
 mermelada. La lista no sería tal sin un
dulce rico y con fundamento. Nos viene del
portugués marmelada. La fruta del membrillo
en portugués es marmelo, y su dulce marme-
lada. La palabra rápidamente pasó al francés
e italiano.
 ostra. Aquí tenemos otra palabra que
proviene del mar. Esta palabra pasó del latín
(ostrea) al portugués (ostra). Son un manjar,
pero ¡cuidado!, si comes muchas, ya sabes lo
que te puede pasar. Como nota curiosa, os di-
ré que ya en el siglo XVI había juegos de pala-
bras entre hostia  y ostra. 
 pagoda. Esta palabra no nos lleva de
oriente, como podría pensarse, sino del portu-
gués pagode. Aunque nosotros la conocemos
como 'templo oriental'. 
 paria. Entendemos esta palabra como
una persona excluida de la sociedad por ser
considerada inferior. Nos viene del portu-
gués pária. 
 pulla. Expresión aguda y picante dicha
con prontitud. Nos viene del portugués pulha
 taimado. Este adjetivo se refiere a un be-
llaco, astuto, disimulado y pronto en advertirlo
todo. Quizá no lo empleamos tanto en nues-
tro día a día, pero en la literatura aparece bas-
tante. Del portugués también nos llega taima-
do, pero esta deriva de teima, 'tema, obstina-
ción'. 
 tifón. Por esta palabra se entiende los hu-
racanes en el mar de la China. A nosotros nos
viene del portugués tufão, a su vez, este viene
del urdu, tūfān, y este del griego typhon  'torbe-
llino'. 
 zarigüeya. Animal entrañable donde los
haya, este mamífera marsupial. Concretamen-
te nos viene del portugués brasileño en su for-
ma çarigueira.

14 percursos de sonho
para descobrir Portugal a

SOCIEDADE
 

27.05.2017 às 9h00
Trilhos, passadiços, caminhadas, rotas grandes e pequenas.
Descubra paisagens únicas em percursos a pé e também um
outro tipo de oferta turística, mais local e sustentável
MIGUEL JUDAS

Uns são fáceis, com poucos quilómetros, e outros longos, que


demoram vários dias a percorrer. Mas há uma característica comum
em todos estes trilhos: permitem descobrir, de uma forma única,
algumas das mais belas paisagens de Portugal.

PRIMEIROS PASSOS - NÍVEL BAIXO


1 - ECOPISTA DO RIO MINHO
Valença – Monção
Ponto de partida: Casa da Linha, Ponte Seca (Valença)
Ponto de chegada: Lugar da Barca, Lodeira (Monção)
Distância: 17 km
Inaugurado em 2004, foi um dos primeiros percursos, a nível nacional,
a aproveitar uma antiga linha férrea para fins turísticos. Dois anos
depois, foi considerada a quarta melhor ecopista da Europa, graças a
um percurso sempre junto ao rio Minho, permitindo visitar diversos
monumentos e locais de interesse histórico e cultural, como o Museu
Ferroviário e o Centro de Interpretação da Ecopista, em Valença, o
Mosteiro Beneditino de Ganfei, o Cemitério Medieval e o Cruzeiro do
Adro Velho, a Torre de Menagem de Lapela, os antigos postos
aduaneiros e a porta de Salvaterra, por onde se entra para o centro
histórico de Monção. Para lá de proporcionar vistas únicas sobre o rio,
a ecopista passa ainda por locais de grande interesse paisagístico e
ambiental.

2 - PASSADIÇOS DO PAIVA
Arouca
Ponto de Partida e chegada: Espiunca
Distância: 17 km
Ao todo, são 17 quilómetros (ida e volta) de passadiços de madeira, a
serpentear por árvores e rochas, por vezes suspensos em falésias ou
sobre pequenos desfiladeiros, sempre ao longo da margem esquerda
do Paiva, considerado o rio mais selvagem de Portugal. Tem início na
aldeia de Espiunca, junto à praia fluvial, e o troço inicial é em linha reta
e quase plano, o que permite apreciar a paisagem sem grande
esforço. Mais ou menos a meio, fica a praia fluvial do Vau, acessível
através de uma ponte suspensa. Prossegue-se então para o troço
mais espetacular do percurso, que contorna a grande garganta do
Paiva e após a qual é necessário vencer cerca de 500 degraus, até a
um miradouro, a quase 300 metros de altitude, com vista panorâmica
sobre toda a região. A partir daqui é sempre a descer, até à praia do
Areinho, onde muitos voltam novamente para trás, até ao ponto de
partida.

3 - ROTA DOS FÓSSEIS


Idanha-a-Nova
Ponto de partida e de chegada: Largo da igreja de Penha Garcia
Distância: 3 km
Ao olhar, desde a muralha do velho castelo de Penha Garcia, para as
escarpadas arribas circundantes, dificilmente imaginará que, em
tempos, todo este território esteve submerso por um mar pouco
profundo. A prova está lá em baixo, no vale, nos fósseis com cerca de
500 milhões de anos. O percurso segue o desfiladeiro escavado pelo
rio Pônsul, que cai em pequenas cascatas, até acalmar numa
convidativa piscina fluvial com deck de madeira sobre o vale. Esta
pequena rota assume-se assim como uma viagem no tempo, até aos
primórdios da vida, ao longo de um dos principais tesouros do
Geopark Naturtejo, que tem atraído até esta pequena aldeia beirã,
entre muitos outros visitantes, paleontólogos e cientistas de todo o
mundo.

4 - PARQUE LINEAR RIBEIRINHO DO ESTUÁRIO DO TEJO


Vila Franca de Xira
Ponto de partida e chegada: Parque Linear Ribeirinho
Distância: 5,5 km
Até há pouco tempo, esta área era uma lixeira. Tudo mudou com a
construção de dois parques urbanos ribeirinhos, que incluem mais de
5 000 metros de trilhos pedonais e cicláveis entre a ribeira da
Verdelha, em Alverca, e o cais setecentista da Póvoa de Santa Iria. O
centro nevrálgico de toda esta enorme área de lazer é o Parque Linear
Ribeirinho do Estuário do Tejo. Daqui parte o Trilho do Tejo, um
percurso pedonal de madeira, suspenso sobre estacas, que
acompanha, ao longo de 700 metros, a margem do rio em direção a
nascente. No sentido oposto, o Trilho da Póvoa conduz ao Parque
Urbano da Póvoa de Santa Iria, uma área de sete hectares, com
zonas de lazer e o núcleo museológico dedicado às tradições avieiras.
ELEVAR A EXPERIÊNCIA - NÍVEL MÉDIO
5 - OLHOS DE ÁGUA DO ALVIELA
Alcanena
Ponto de partida e de chegada: Olhos de Água do Alviela
Distância: 2 km
Situada na orla do Maciço Calcário Estremenho, a nascente que dá
nome a este percurso é uma das mais importantes de Portugal. Aqui,
na base de uma escarpa, nasce o rio Alviela, num local conhecido por
Olhos de Água, donde, desde 1880, é feito o abastecimento de água
para Lisboa. A água, originária da chuva, infiltra-se no Planalto de
Santo António e é conduzida até este local por uma complexa rede de
galerias subterrâneas. O trilho percorre parte da ribeira dos Amiais,
um pequeno afluente do Alviela, que a dada altura desaparece no
meio da rocha, continuando o seu curso num leito subterrâneo
(observável através de uma janela cársica) até reaparecer à
superfície, algumas centenas de metros à frente. Ao longo do trajeto
são ainda visíveis grutas, há muito abandonadas pela água, que hoje
servem de abrigo a cerca de uma dezena de espécies protegidas de
morcegos, razão pela qual o acesso às mesmas está interdito.

6 - FISGAS DO ERMELO
Vila Real
Ponto de partida e de chegada: Ermelo
Distância: 12 km
No ponto de encontro entre Douro, Minho e Trás-os-Montes, este trilho
reúne o melhor destas três regiões, num pequeno paraíso natural
situado entre os concelhos de Mondim de Basto e de Vila Real,
conhecido como serra do Alvão. Trata-se de um cenário natural único,
que pode ser explorado e apreciado através deste percurso, com
início na aldeia de Ermelo, uma das mais antigas de Portugal. Sempre
junto às margens do Olo, acompanha-se a mudança da paisagem,
cada vez mais selvagem, à medida que o rio prossegue o seu
caminho através de apertadas gargantas, até se precipitar, montanha
abaixo, de uma altura de cerca de 400 metros, nas Fisgas do Ermelo,
numa das maiores quedas de água da Europa.

7 - TRILHOS DO CONHAL
Nisa
Ponto de partida e de chegada: Arneiro
Distância: 11 km
Uma aldeia piscatória no Norte do Alto Alentejo, com barcos e redes
de pesca nas ruas, não é a imagem mais usual, mas é deste
improvável cenário que parte um dos mais belos trilhos do País. O
ponto de partida fica situado mesmo no centro da localidade de
Arneiro, também conhecida pela imensa escombreira de seixos
rolados, resultante da exploração do ouro de aluvião pelos romanos o
"conhal", que dá nome ao trilho. O caminho percorre em seguida parte
da serra de São Miguel, continuando depois até ao topo sul do
monumento natural das Portas de Ródão, onde se pode apreciar, bem
de perto, o majestoso voo dos muitos grifos que ali nidificam.

O regresso à aldeia faz-se por uma íngreme descida de rocha, que


requer atenção redobrada até se atingir, de novo, "a terra firme" dos
montes de seixos.

De regresso ao Arneiro, é agora tempo de conhecer outro dos


patrimónios deste Tejo alentejano: as sopas de peixe do rio.

8 - MONGE
Sintra
Ponto de partida e de chegada: Convento dos Capuchos
Distância: 4,5 km
Com partida do Convento de Santa Cruz dos Capuchos, fundado no
século XVI por frades franciscanos, que aqui queriam viver em
"estreita relação com a natureza", esta é uma rota marcada pela
exuberância da vegetação, em especial nas exóticas matas de cedros
do Buçaco, salpicadas por carvalhos, medronheiros e urzes. Sempre a
subir, chega-se ao marco geodésico, onde a deslumbrante vista impõe
uma paragem mais demorada nos dias limpos consegue-se avistar a
linha de costa quase até ao cabo Espichel.

Um pouco mais à frente, num dos cumes mais altos da serra, chega--
se ao lugar de Tholos do Monge, uma sepultura coletiva pré-histórica
orientada a norte.

9 - PERCURSO PEDESTRE DE MARVÃO


Marvão
Ponto de partida e de chegada: Portagem
Distância: 8 km
A caminhada tem início, encosta acima, pela antiga estrada romana,
protegida por uma abóbada de sobreiros, carvalhos e castanheiros
que deixam passar apenas alguns raios de sol, até terminar perto da
igreja e do antigo convento da Senhora da Estrela, a padroeira da vila
de Portagem. Ao longe, avista-se o Alto de São Mamede, ponto mais
elevado da serra com o mesmo nome, junto a Portalegre. Ali mesmo
ao lado, fica a entrada para a vila amuralhada de Marvão, cuja visita
pode ficar adiada para mais tarde, pois o percurso ainda nem vai a
meio e há que aproveitar a descida até Abegoa e para Fonte Souto. O
caminho de terra batida volta entretanto a encontrar a calçada
medieval, sinal de que já falta pouco para voltar para junto do rio
Sever.

10 - PERCURSO DOS 7 VALES SUSPENSOS


Lagoa
Ponto de partida: Praia de Vale Centeanes
Ponto de chegada: Praia da Marinha
Distância: 5,5 km
Num dos troços de costa mais belos do Algarve, este percurso evolui
ao longo de uma linha quase contínua de arribas, ligando a Praia de
Vale Centeanes à Praia da Marinha.

Esculpidas ao longo de milhões de anos, as arribas são o elemento


dominante desta paisagem. Num passado distante, cada um destes
vales esteve associado à foz de uma linha de água, dando origem aos
denominados "vales suspensos".

O caminho faz-se por alguns trilhos previamente existentes, onde


foram criadas guardas de proteção nas zonas de risco e introduzidos
miradouros com verdadeiras vistas panorâmicas sobre as arribas. Ao
longo do percurso, o visitante tem ainda cerca de duas dezenas de
painéis informativos, de diferentes tipos, com explicações sobre a
geologia, a fauna e a vegetação local.
PROVAS DE RESISTÊNCIA - NÍVEL ALTO
11 - TRILHO DA SERRA AMARELA
Ponte da Barca
Ponto de partida e de chegada: Ermida
Distância: 35 km
Com uma cota máxima superior a 1300 metros, a serra Amarela é um
dos maiores relevos montanhosos do Parque Nacional da Peneda
Gerês, num agreste território granítico, dominado por matos secos de
urzes, tojos e giestas, aqui e ali salpicado de carvalhais e manchas de
azevinho, que serve de habitat a mais de 200 espécies de vertebrados
(como a cabra-montês, o corço e o lobo), além de inúmeras espécies
de aves e répteis. É este território único, habitado desde o Neolítico,
que esta Grande Rota pretende dar a conhecer. Com início e fim no
lugar da Ermida, este percurso desdobra-se por quatro etapas, sendo
necessário cerca de dois dias para o completar. A primeira começa
por percorrer o Vale de Carcerelha, entre urzais, tojais e giestais.

Já a segunda tem como ponto de partida o lugar de Cutelo e prolonga-


se até Vilarinho da Furna, numa etapa marcada pela mudança de
paisagem.

A terceira parte do percurso começa junto à barragem de Vilarinho,


construída na viragem da década de 60 para a de 70 e que submergiu
por completo a aldeia de Vilarinho da Furna. Avança depois por um
território típico de montanha até à Louriça, o ponto mais alto da serra
Amarela, a 1361 metros de altitude e de onde parte a última etapa,
que marca o regresso ao ponto de partida.

12 - ROTA DA GARGANTA DO LORIGA


Seia
Ponto de partida: Salgadeiras (ao km 27 da EN338)
Ponto de chegada: Loriga
Distância: 9 km
No topo do planalto central da serra da Estrela, este percurso linear
percorre o vale da Ribeira da Nave, ligando esta garganta até à vila de
Loriga, numa descida de mais de mil metros de altitude através de
uma impressionante paisagem, esculpida há mais de 10 mil anos por
um glaciar com mais de 6 quilómetros de comprimento. A ação
modeladora do gelo, que se acumulava no alto da serra e escoava
depois pelo vale, criou aqui uma morfologia glaciar típica, composta
por uma sucessão de quatro depressões, designadas localmente por
covões. Na primeira parte do percurso, o caminhante é surpreendido
por uma típica zona húmida de montanha, com prados de altitude,
juncais, turfeiras e vegetação flutuante. Avança-se depois por um
passadiço metálico suspenso sobre o espelho de água da barragem,
até que, já rodeados de zimbros e urzes, se chega ao topo do Covão
do Meio, onde a sede pode ser saciada com a água fresca e pura do
riacho que, um pouco mais à frente, cai em cascata junto ao paredão
da represa. O passeio continua depois através de antigos trilhos de
pastores e caçadores, com passagem por prados verdes e lagoas
naturais. Já perto do final, é também obrigatória uma paragem mais
demorada na praia fluvial da Ribeira de Loriga, conhecida pela sua
sucessão de cascatas de água cristalina.

13 - CAMINHO DO XISTO DA LOUSÃ


Lousã Rota das Aldeias
Ponto de partida e de chegada: Castelo da Lousã
Distância: 6 km
O castelo da Lousã é o ponto de partida para uma jornada pela serra e
pelas aldeias do Talasnal e Casal Novo. A primeira parte do caminho,
em alcatrão e a descer, conduz a uma aprazível praia fluvial,
encimada pela ermida de Nossa Senhora da Piedade, cada vez mais
distante, à medida que se sobe a encosta primeiro por um trilho
escavado na rocha, com uma vista deslumbrante sobre o desfiladeiro,
e depois, mais a pique, por um carreiro entre os pinheiros.

Com uma altitude máxima superior a 1200 metros, a serra da Lousã é


conhecida pelos seus quase intocados espaços naturais, onde é
possível avistar corços, veados e javalis. Hoje, as típicas aldeias de
xisto, apesar de recuperadas, estão praticamente desabitadas.
Entretanto, o caminho de terra batida dá agora lugar a um pequeno
trilho, que serpenteia pela floresta a paisagem é deslumbrante, mas o
terreno acidentado obriga a atenção redobrada. Do alto, avista-se já o
Talasnal, que ao fim de semana recupera a vida de outrora. É agora
tempo de voltar a descer, até à antiga Central Hidroelétrica da Ermida,
uma peça de arqueologia industrial que em tempos serviu para
iluminar a vila da Lousã. Passadas as águas da Ribeira de São João,
que aqui corre em cascata, a estrada volta a alargar e, ao longe, já se
vê novamente o castelo.

14 - ROTA VICENTINA
Santiago do Cacém
Ponto de partida: Santiago do Cacém
Ponto de chegada: Cabo de São Vicente
Distância: 340 km
Esta grande rota permite conhecer, ao pormenor e de forma
sustentada, toda a riqueza cultural, paisagística e social de um dos
mais bem preservados troços costeiros da Europa. Com mais de 300
quilómetros de extensão, cruza os concelhos de Santiago do Cacém,
Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, estando dividida em dois
percursos: o Caminho Histórico (pelo interior) e o Trilho dos
Pescadores (pelo litoral), que se cruzam em Porto Covo e Odeceixe.
O Trilho dos Pescadores inclui 4 etapas, que ligam Porto Covo ao
cabo de São Vicente, sempre junto ao mar, por entre falésias,
enseadas e praias desertas, através dos trilhos usados há gerações
para aceder aos pesqueiros. Por sua vez, o Caminho Histórico
percorre um itinerário rural, passando por uma paisagem de montado,
serra e vales.

Conta com um total de 13 etapas e está integrado na Grande Rota


Europeia, que liga Sagres a São Petersburgo, na Rússia. Para quem
só conhece o litoral, a riqueza da paisagem é surpreendente,
revelando locais como o Pego das Pias, onde a Ribeira do Torgal
passa por um estreito desfiladeiro, formando um lago com uma
enorme pedra no centro. Ou, no caminho entre São Luís e o Cercal, a
Rocha de Água de Alto, uma queda de água com mais de 30 metros,
situada no sopé na serra do Cercal.

10 dos mais bonitos poemas de amor da


Língua Portuguesa
por VxMag
Como se ama em português? Como conseguem os poetas da Língua Portuguesa utilizar o
nosso idioma de forma tão bela e perfeita para expressar o mais nobre dos sentimentos, o
amor? Ninguém consegue explicar de forma científica o que é o amor, como se ama, como
nos lembramos da pessoa amada e como nos sentimos quando ela não está presente.
Mas os poetas possuem um dom especial para juntar um pequeno conjunto de palavras e
transformá-las em algo maravilhoso e que nos toca de uma forma tão especial que parece
que foi escrita para nós... ou por nós. A Língua Portuguesa é um idioma dócil, suave e
delicado. E com um idioma tão único os poemas de amor em português tornam-se sempre
especiais. Estes são alguns dos mais lindos poemas de amor da Língua Portuguesa. Qual
é o seu preferido?

1. Amor é fogo que arde sem se ver (Luís Vaz de


Camões)
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

2. Todas as cartas de amor… (Fernando Pessoa)


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,


Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,


Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia


Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje


As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,


Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

3. Soneto de fidelidade (Vinicius de Moraes)


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

4. Via láctea (Olavo Bilac)


“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto


A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

5. Amar (Florbela Espanca)


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…


Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:


É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada


Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

6. Amar você é coisa de minutos… (Paulo Leminski)


Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui

7. O tempo passa? Não passa (Carlos Drummond de


Andrade)
O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima


cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido


nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,


transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.
São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou


do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade.

8. Do amoroso esquecimento (Mário Quintana)


Eu agora — que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

9. Morrer de amor (Maria Teresa Horta)


Morrer de amor
ao pé da tua boca

Desfalecer
à pele
do sorriso

Sufocar
de prazer
com o teu corpo

Trocar tudo por ti


se for preciso

10. Canção do amor-perfeito (Cecília Meireles)


Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.
Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.

Bem no regaço da lua,


já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.

Portugal, donde nacen los cineastas


Del 6 al 9 de diciembre, el MALBA programa una nueva Semana del Cine Portugués,
con un foco especial puesto sobre el trabajo del director João Pedro Rodrigues. 
ROGER KOZA
Hay naciones que se destacan por sus dioses, reyes, músicos, escritores o futbolistas,
como también hay naciones que se destacan por sus cineastas. Los de Portugal suelen
ser muy buenos, y en ocasiones inigualables. Pocos países pueden albergar en su
historia a un de Oliveira, un Rocha, un Reis, un Monteiro, un Costa; pocas
cinematografías pueden tener en sus filas a varios cineastas notables que seguirán
sosteniendo una tradición variopinta pero reconocible. Basta nombrar a Miguel
Gomes, João Pedro Rodrigues, Joaquim Pintos, Manuel Mozos, y podrían ser otros,
para comprender cómo una tradición cinematográfica se perpetúa y a su vez se
renueva.
En la sexta Semana del Cine Portugués (del 6 al 9 en el MALBA) la apuesta es
magnífica. Al cineasta más libre de la actualidad de esa filmografía se le dedica un foco.
En efecto, João Pedro Rodrigues es el elegido; se verán todos sus largometrajes y
varios de sus cortos, que en su obra tienen una particular importancia, muchos de ellos
codirigidos con João Rui Guerra da Mata, un colaborador constante del director.
El cine de Rodrigues es inclasificable, y quien haya visto El ornitólogo reconocerá que
no se trata aquí de una calificación hiperbólica y conveniente. La última película del
director empieza con el extravío de un ornitólogo en un bosque, seguido por un fallido
intento de secuestro erótico por parte de dos turistas japonesas en el mismo
ecosistema, en el que pueden circular amazonas aguerridas con rifles y hombres
enmascarados reinventando una vieja tradición tribal. Si en el desenlace el propio
ornitólogo puede convertirse en un santo de otro siglo, es porque la lógica de los
sueños a veces define los giros narrativos de las películas de Rodrigues. ¿Cómo pensar
si no la construcción del relato de la notable La última vez que vi Macao, una especie
de filme noir documental que culmina literalmente con el apocalipsis? ¿Cómo asir el
inicio militar de Morir como un hombre, la obra maestra del realizador?
Los cortometrajes de Rodrigues (y Guerra da Mata) son tan excepcionales como los
largometrajes. Entre los que se exhibirán resplandece Iec Long, un filme que revela
mejor que otros una de las categorías centrales en el cine de Rodrigues: el espacio.
Este ensayo poético documental sobre una vieja fábrica de fuegos artificiales en
Macao, fundada en 1927 y cerrada en la década de 1970, le permite erigir sobre las
ruinas del emplazamiento laboral una meditación fantasmal sobre el trabajo, el paso
del tiempo, la memoria y la infancia, a través de un uso perspicaz de materiales de
archivo, falsos registros pasados, fotografías, la voz en off de un anciano que fue
empleado de la fábrica y algunas citas poéticas de la tradición china. Es una maravilla.
Todos los largometrajes de Rodrigues se han visto en la Argentina, pero volver a ver o
descubrir Morir con un hombre es una oportunidad única, más aún cuando Rodrigues
estará presente a lo largo de todo el evento. Ese filme exquisito que cuenta la vida de
una bailarina travesti y que celebra la existencia del color en todas sus formas, debe
tener uno de los mejores inicios y desenlaces de la historia del cine. Ver para creer.
Los acompañantes de Rodrigues
La propuesta de este año tiene otros títulos organizados temáticamente. Uno de ellos
se refiere al poscolonialismo. En esa sección hay muchas películas valiosas, como Djon
África, Speel Reel y Altas Cidades de Ossadas.
Entre los filmes que se pueden ver aquí está el enigmático Our Madness, de João
Viana. La voz en off que se escucha en un principio anticipa la poética del filme. Dice
que 500 años atrás, en tiempos de esclavitud, se podía escapar soñando; 300 años
atrás, de las guerras que no eran las propias, y 100 años atrás, de un régimen político
falso. De qué escapar hoy es la siguiente pregunta, y la respuesta es el propio filme,
que anuda las viejas sujeciones mencionadas, vuelve sobre la historia de Mozambique
y de toda África y proporciona una modalidad de relato onírico que no tiene nada que
ver con las pesadillas de Lynch o los trances de Tarkovski. ¿De qué se escapa? De la
retórica cinematográfica del cine de los blancos.
He aquí una tradición cinematográfica que no es occidental, capaz de enhebrar una
serie de secuencias narrativas que no siguen una lógica propia del relato canónico del
cine, en la que es posible entrever motivos propios que remiten al colonialismo como
problema político de una región y a otras desgracias de la vida política de Mozambique
y del continente que puede ser el más pobre, pero que tiene el 15% de las reservas de
petróleo, 40% de oro y 80% de platino del mundo.
El filme empieza en un psiquiátrico, donde la protagonista tan solo quiere encontrar a
su hijo y dar también con su marido. El punto de partida habilita un sinfín de escenas
de una hermosura pictórica indesmentible, algo que el director de La Batalla de
Tabatô ya había dejado establecido en aquel filme inicial. En efecto, los encuadres son
gloriosos, no menos que el misterio que se escenifica y el orgullo con el que se enuncia
y representa la vigencia de una tradición cultural.
Pero la más importante de esa sección es sin duda Luz obscura, de Susana de Sousa
Dias. Como sucedía en Naturaleza muerta y 48, Susana De Sousa Días, la mayor
cineasta política lusitana en la actualidad, vuelve sobre los efectos del régimen de
António de Oliveira Salazar concentrándose en la intimidad de tres hermanos que
retoman su infancia y la dolorosa situación con sus padres encarcelados por la cruenta
dictadura que finalizó en 1974.
La delicadeza de Sousa Días se detecta en cada una de sus ideas cinematográficas para
desterrar del olvido una experiencia traumática: los hijos de Octávio Patio, miembro
del partido comunista portugués, dan sus testimonios casi sin salir frente a cámara,
siempre resguardados en un cuidadoso fuera de campo, mientras varias fotografías,
material de archivo fílmico y algunas tomas sobre los escombros de las viviendas de los
padres funcionan como un contrapunto semántico del relato. El descubrimiento más
poderoso de Luz obscura es advertir cómo el tenebroso pasado, sentido como
fragmentos dispersos que la propia puesta en escena duplica, es más una huella
sonora dilatada que aún pervive en las víctimas que una colección de imágenes que
estas pueden recuperar para exorcizar.
Las otras películas que se exhibirán están relacionadas con la fe o con estilos de
vida. Terra Franca y Ama-San son títulos muy distintos entre sí que tienen en común
transmitir un gran placer por la vida cotidiana. Hay momentos de gran belleza en los
dos filmes aquí mencionados.
El sistema de creencias que se escenifica en Chuva é Cantoria na Aldeia dos
Mortos está en otra galaxia conceptual distinta a la de cualquier lector o asistente al
ciclo, pero el filme de Nader Messora y João Salaviza explora la cosmovisión de los
krahô del norte de Brasil, y la puesta en escena funciona como una amable traducción
a un mundo desconocido. Es lo opuesto a lo que sucede con Fátima, del reconocido
director João Canijo, pues nada es más cercano a todos nosotros que el cristianismo.
Las últimas películas de Canijo son ficciones de naturaleza documental, una categoría
paradójica en la que se expresa una tensión fundacional que está ya presente en el
cine. A Canijo siempre le ha interesado el fenómeno de la interpretación, y como viene
sucediendo en sus dos últimos filmes de peso, las actrices que suelen acompañarlo se
mimetizan con las acciones u oficios de un grupo de personas comunes quienes se
limitan a ser ellos mismos frente a cámara. En É o amor (Obrigação) se trataba de un
conjunto de trabajadoras vinculado a la pesca; en esta ocasión, de nueve creyentes
que se disponen a peregrinar por 400 kilómetros hasta llegar al pueblo de Vinhais, en
el norte de Portugal, donde está el Santuario de Fátima.
Lo que importa aquí es el camino y no el destino, y en ese sentido tampoco la
experiencia religiosa en sí. Canijo se ciñe a la interacción amable y conflictiva de estas
penitentes seculares, cuyos grandes obstáculos de fe pasan por el tamaño de las
ampollas, los posibles atajos en el recorrido y la revisión de ciertos hábitos que pueden
ser incompatibles con el mandato sagrado, de lo que se predican situaciones cómicas y
de cierta densidad psicológica. El mayor placer que prodiga Fátima nace de las
decisiones formales del director, que filma la interminable caminata a través de
travellings ingeniosos y panorámicas contundentes.

As 22 maiores palavras da Língua Portuguesa e os


seus significados
por admin
 

Quais são as maiores palavras da Língua Portuguesa? As palavras mais compridas serão,
sem dúvida, palavras técnicas relacionadas com algumas profissões, mais propriamente
da área da medicina ou da justiça. Mas não só: na lista surgem ainda outras palavras
relacionadas com as mais variadas áreas. Percorra a lista e aceite o desafio: tente ler em
voz alta estas palavras e diga-nos o que achou na caixa de comentários! Temos a certeza
que, muito provavelmente, não voltará nunca mais a precisar de usar estas palavras mas,
mesmo assim, sabemos que irá divertir-se um pouco a lê-las ou a soletrá-las. Estas são as
palavras mais compridas da Língua Portuguesa e os seus significados. 

1. Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico (46
letras)
Indica alguém ou algo relacionado com uma doença aguda nos pulmões que se origina
com a inalação de cinzas vulcânicas.

2. Hipopotomonstrosesquipedaliofobia (33 letras)


Indica a fobia de pronunciar palavras longas ou complicadas, principalmente em público,
por medo de errar.

3. Anticonstitucionalissimamente (29 letras)


Refere-se a algo feito de forma absolutamente anticonstitucional, ou seja, contrária à
constituição. A palavra inconstitucionalissimamente, sua sinónima, é também uma palavra
muito comprida (27 letras).

4. Oftalmotorrinolaringologista (28 letras)


Refere-se a um médico especializado em doenças dos olhos, ouvidos, nariz e garganta.
Também a palavra otorrinolaringologista é considerada uma palavra grande (22 letras),
indicando um médico especialista em doenças do ouvido, nariz e garganta.

5. Cineangiocoronariográfico (25 letras)


Indica algo relativo a cineangiocoronariografia (24 letras), que se refere a um exame
radiológico de visualização das artérias que irrigam o coração.

6. Dacriocistossiringotomia (24 letras)


Indica a incisão do saco lacrimal e do ducto lacrimal.

7. Desconstitucionalização (23 letras)


Significa o ato de desconstitucionalizar, ou seja, de retirar da constituição.

8. Histerossalpingográfico (23 letras)


Significa algo relativo à histerossalpingografia (22 letras), que se refere a um tipo de
imagem da estrutura interna do corpo.
9. Anticonstitucionalmente (23 letras)
Refere-se a algo feito de forma anticonstitucional, contrária à constituição. É sinónima da
palavra inconstitucionalmente (21 letras).

10. Acrocefalossindactilia (22 letras) ou


acrocefalossindatilia (21 letras)
Refere-se a uma anomalia caracterizada por acrocefalia e sindactilia.

11. Aeropiesotermoterápico (22 letras)


Indica algo relativo a aeropiesotermoterapia (21 letras), que se refere ao uso terapêutico
do ar quente sob pressão.

12. Anticonstitucionalismo (22 letras)


Indica uma ideologia que defende princípios contrários ao constitucionalismo.

13. Coledocoduodenostômico (22 letras)


Refere-se a algo relativo à coledocoduodenostomia (21 letras), ou seja, à formação por
cirurgia de uma abertura entre o conduto biliar comum e o duodeno.

14. Coronografopolarímetro (22 letras)


É sinónimo de coronopolarímetro, referindo-se a um aparelho usado para a observação
polarimétrica da coroa solar.

15. Dacriocistorrinostomia (22 letras)


Significa o estabelecimento de uma comunicação através do osso lacrimal entre o saco
lacrimal e o meato médio do nariz.

16. Diacetilenodicarbonato (22 letras)


Significa o sal do ácido diacetilenadicarbónico (22 letras).

17. Fotocromometalográfico (22 letras)


Indica algo referente à fotocromometalografia (21 letras), o processo fotomecânico de
realização de metalografia em cores.

18. Meningoencefalomielite (22 letras)


Indica a inflamação das meninges, do encéfalo e do cordão espinhal.
19. Parassimpaticomimético (22 letras)
Refere-se àquilo que produz em efeito semelhante ao da estimulação do parassimpático,
parte do sistema nervoso responsável pelo repouso do corpo

20. Pneumartrorradiografia (22 letras)


Refere-se à introdução de oxigénio ou ar em cavidade articular para actuar como
contraste.

21. Traquelatloidoccipital (22 letras)


É a forma designativa do músculo oblíquo menor da cabeça.

22. Histerossalpingectomia (22 letras)


Significa a extirpação do útero e das trompas de Falópio.

Ciudad triste y alegre


Gran parte de las personas y formas de vivir que documentaron
Martins y Palla han desaparecido. Pero hay algo misterioso en Lisboa
que perdura
ANTONIO MUÑOZ MOLINA

20 ABR 2018 - 17:14 CEST

Aviones que acaban de despegar o que descienden hacia el aterrizaje atruenan sin
descanso el cielo occidental de Lisboa. Se oyen muy fuerte y muy cerca en este
palacio de magnificencia virreinal que es la sede del Museo de la Ciudad, con su
vasto jardín por el que pasean los pavos reales, lentos y solemnes como príncipes
sin trono que se aburren en un cautiverio dorado. En la mañana de llovizna el
jardín se dilata en profundidades de vegetación tropical empapada y oscura. En
los intervalos entre el fragor de dos aviones se hace un gran silencio, sobresaltado
de pronto por los gritos extraños de los pavos reales, que al desplegar su plumaje
parecen plantas repentinas abriéndose entre la niebla selvática. En el breve
silencio oigo mis pasos en la grava y el picoteo de las gotas de lluvia sobre el
paraguas. En este lugar no hay indicios de las multitudes de turistas que llegan en
oleadas sucesivas en los aviones que rugen sobre mi cabeza, o en los cruceros
que cierran el horizonte del río como torres de un Benidorm o un Torremolinos
flotante.

He venido al museo para ver una exposición sobre un libro de fotos.


Habitualmente el acontecimiento es la exposición en sí misma, y el catálogo, o el
libro, su reflejo documental. En este caso es al revés. La exposición celebra y
conmemora un libro que se publicó hace ahora 60 años, Lisboa, cidade triste e
alegre, hecho a medias por dos arquitectos con vocación de fotógrafos, Manuel
Costa Martins y Victor Palla. En otras salas del museo, suntuosas y desiertas, se
conservan imágenes de la ciudad antes y después del terremoto de 1755. En las
dedicadas al libro hay una Lisboa que ya se vuelve casi igual de lejana, la de
mediados de los años cincuenta, más recóndita todavía en los blancos y negros
muy fuertes del revelado, en el grano casi táctil de la impresión.
Palla y Costa Martins trabajaban en la edad del pleno clasicismo de la fotografía.
Tienen el sentido de la composición instantánea de Cartier-Bresson, la
propensión tenebrista de Eugene Weber o de Bill Brandt, el sentido urgente de la
cercanía de los cuerpos. Lo monumental de la ciudad les era tan ajeno como lo
pintoresco. Su Lisboa no es la de los panoramas admirables, sino la de la gente
común, casi siempre gente trabajadora, también tenderos, oficinistas, jubilados,
parejas de novios que pasean del brazo y van al cine los domingos por la tarde.
Es todavía la ciudad de las varinas, las vendedoras de pescado con sus bandejas
sostenidas en gallardo equilibrio sobre las cabezas, la ciudad de los pequeños
negocios y los talleres, la de las marquesinas rutilantes de los cines de estreno. Es
una ciudad llena de niños: niños que van corriendo por ahí, que juegan en la
calle, que miran con los ojos muy abiertos en las ventanas; niñas con vestidos
modestos y calcetines que juegan al corro. Veo esas fotos y me acuerdo del
mundo infantil y callejero que conocí. Y me pregunto cómo es que nadie se dio
cuenta mientras sucedía de la desaparición de los niños de las vías públicas, tan
radical como la desaparición de una especie extinguida, de esas que dejan un
silencio en el hueco que ocuparon sus sonidos específicos, sus cantos o sus
llamadas, las huellas sonoras y visuales de su presencia.

Costa Martins y Palla salían a la calle, el uno con una Leica, el otro con una
Rolleiflex, y retrataban todo lo que llamaba su atención, que era casi todo lo que
se ofrecía a sus ojos. No tenían un afán documental preciso. Miraban con la
actitud de no perderse nada y también con la familiaridad del que vuelve una y
otra vez a los mismos lugares en los que lleva viviendo toda su vida. Hicieron
más de 6.000 fotos, pero eligieron para el libro unas 200. En el museo puede
seguirse una parte del trabajo exigente y dubitativo de selección: también el
modo en que un encuadre particular limita una zona precisa de una foto más
amplia, y al concentrarse en ella, en una figura sola, en el primer plano de una
cara, al prescindir de lo que la rodea y también es valioso, logra una intensidad
insospechada, una composición más depurada y nítida, o quizás un grado mayor
de ambigüedad, al suprimir un pormenor narrativo evidente.

Costa Martins y Palla salían a la calle, el uno con una


Leica, el otro con una Rolleiflex, y retrataban todo lo que
llamaba su atención, que era casi todo lo que se ofrecía a
sus ojos
Pero cada foto no es una obra aislada en sí misma, aunque ahora pueda admirarse
enmarcada en la pared de una exposición: es más bien un fotograma en la
película del libro, que cobra una temporalidad narrativa al pasarse las páginas,
como una entrada de un diario, o los recortes o residuos de cosas diversas que
forman un collage. Las imágenes son soberanas, y todo lo que hay que decir de
las fotos lo dicen ellas mismas, pero Costa Martins y Palla intercalan en ellas
fragmentos de poemas y hasta poemas enteros, algunos muy antiguos, o de los
poetas inveterados de Lisboa, o de poetas contemporáneos que los escribieron a
propósito para el libro. Cidade triste e alegre es una cita de Álvaro de Campos.
Cuando se encuentran juntas la poesía y la fotografía revelan con más claridad
sus virtudes equivalentes, la instantaneidad y la síntesis, lo que se dice y lo que se
ve y lo que se está diciendo sin decir y lo que está oculto y se insinúa en lo
visible. La ciudad triste y alegre es también la ciudad de callejones y zaguanes y
la de perspectivas marítimas, la de la proximidad agobiante y la de la lejanía
vislumbrada desde un alto mirador en una mañana de bruma.

Un libro de fotos en blanco y negro y palabras puede tener un ritmo interior


como de montaje de película. Igual que en el cine, las imágenes deslizadas a una
cierta velocidad engañan al cerebro con la ilusión del movimiento. Salvo los
niños, la mayor parte de las personas que aparecen en las fotos de Costa Martins
y Palla están muertas, y la mayor parte de las formas de vivir que documentaron,
y de ganarse la vida y disfrutar modestamente de ella, han desaparecido, igual
que ha desaparecido tanta pobreza. Pero hay algo misterioso de la ciudad que
dura en el presente, que está en las fotos y en la quietud peculiar del museo y de
sus jardines en esta mañana rumorosa de lluvia, en la que se despliegan con un
lujo idéntico las plantas reverdecidas y las colas de los pavos reales, sumiéndome
en una hipnosis en la que hasta me olvido del estruendo de los aviones sobre mi
cabeza.

‘Lisboa, cidade triste e alegre’. Victor Palla y Costa Martins. Museo de la Ciu-
dad. Lisboa. Hasta el 16 de septiembre.

¿En qué nos parecemos españoles y


portugueses? (Y en qué no)
By Comunicación 20 de abril de 2018Cultura , El portugués , Nuestra academia
A propósito de un artículo publicado por el periódico ABC – Diferencias
entre portugueses y españoles , nos surgió la intriga de indagar acerca de
qué compartimos y en qué nos diferenciamos con nuestros vecinos
de habla portuguesa. Desde nuestra academia de portugués en
Madrird queremos aportar nuestro granito de arena en estas dudas y
resolver tópicos.
Vale. Podemos decir que el idioma ya es una diferencia. Y sí, es cierto aunque
debemos recordar que tanto el español como el portugués comparten el mismo
origen: el latín y por lo tanto ambos son lenguas romances. Además, quizás los
que algunos no sabíais que los primeros vestigios del portugués se originaron en
la región de Lusitania y Gallaecia, lo que hoy es la región de Galicia.
Pero lo que os proponemos aquí no es revolver el pasado, ni mucho
menos. Ni tampoco vamos a remitirnos a la época de la colonia ni a
los conflictos que se trasladaron a América. Así que no vamos a
hablar ni de guerras ni de treguas, negociaciones diplomáticas,
convenios o tratados de paz. Simplemente os proponemos reírnos de
nosotros mismos, en el presente, aquí y ahora entre estos países
vecinos y tratar de responder: ¿somos parecidos? ¿O no? Veamos…
TENEMOS CIERTOS PARECIDOS…
Venimos más o menos bien en relaciones hispano-lusas. Somos dos pueblos
ibéricos que compartimos un territorio y muchos años de historia. Somos dos
países fronterizos dentro de Europa. Y nos gusta el fútbol. Y hasta padecimos
prácticamente al mismo tiempo años de dictadura e iniciamos prácticamente
juntos el proceso hacia la democracia. Pero bueno, os dijimos que no íbamos a
hablar del pasado, así que volvamos al presente. Y aquí vemos ciertas
diferencias.
…AUNQUE SOMOS DIFERENTES
Para empezar tenemos horarios distintos. Y no sólo por la hora oficial, ya que
nosotros vamos una hora adelantados, sino que unos y otros mantenemos
diferentes horarios para nuestras actividades. Como no podía ser de otra manera,
los portugueses arrancan más temprano y comen y cenan también antes que
nosotros. Y, por nuestra parte, todo es más tarde en España. En donde solemos
priorizar más la región que al país en sí, lo opuesto a lo que hacen nuestros
vecinos que tienen un sentimiento más nacionalista y unitario.
Por otro lado, si bien estamos cerquita unos de otros, cada uno
tenemos nuestra propia idiosincrasia. Los españoles tenemos más
fama de ser extrovertidos, charlatanes, gritones, expresivos,
informales y besucones. Vale, ¡pues expresamos más abiertamente
nuestros sentimientos! Por su parte, los portugueses suelen
mantener más las formas, son más reservados, hablan mucho menos
y más bajito. A simple vista, se presentan muy educados y formales.
Y ellos beben más café. Pero bueno, nosotros nos vamos más de tapas.
Hasta aquí, pareciera que unos y otros no nos afectamos mutuamente. Pero
¡atención! No os confundáis a la hora de utilizar ciertos adjetivos calificativos…
¡pues podemos producir malos entendidos! Por ejemplo, si un portugués le dice a
una chica que está “espantosa”, y esa chica es española, se ofenderá bastante.
Pero, lo que en verdad ha querido decir nuestro vecino es que ella está
espectacular, apabullante.
Por el contrario, si un español está comiendo y dice que la comida está
“exquisita”, un portugués entenderá que es rara o extraña, mientras que para
nosotros significa que está deliciosa.
Pero en estos casos, nada es absoluto. Y dentro de cada país
también tenemos lo nuestro con nuestras diferencias. Como bien
resume el diario ABC con la siguiente frase: “no hay ni dos
españoles ni dos portugueses iguales”. ¿Y será que juntos
lograremos un buen equilibrio?

Diferencias entre portugueses y


españoles
Somos parecidos pero no iguales. Compartimos un territorio pero cada uno tiene sus
propias costumbres. De forma divertida y entretenida se pueden contar, a rasgos
generales, lo que más nos diferencia

BELÉN RODRIGO
Actualizado:14/09/2014 23:38h

Hermanos, primos, amigos, vecinos, compañeros, socios, cómplices o


aliados. Son muchas las formas de relacionar a españoles y portugueses,
dos pueblos ibéricos que comparten un territorio y muchos años de
historia. Evidentemente hay similitudes entre ambos, por tratarse de dos
países fronterizos dentro de Europa, pero a veces se comete el error de
pensar que somos en todo iguales o muy parecidos, porque tenemos
nuestras diferencias. Existe siempre el riesgo de generalizar demasiado y
no se debe olvidar que no hay ni dos españoles ni dos portugueses iguales,
por lo que no se puede hacer de una generalidad una regla. Y al hablar de
estos temas nos basamos también en nuestras propias vivencias y
experiencias por lo que cada uno puede tener una visión distinta. Además
de ser diferentes, unos y otros nos enfrentamos a mitos y
estereotipos que se han ido creando a nuestro alrededor. Y no siempre es
fácil acabar con esas ideas que pueden perjudicar nuestras relaciones.
Empezando por la forma de ser de cada uno, se tiende a definir al español
como una persona alegre y al portugués como una persona triste. Pero ni
todo es fiesta en España ni todo es fado en Portugal. Sin embargo, sí que
hay rasgos muy diferentes al definirnos. Los españoles somos
más extrovertidos, charlatanes, gritones, expresivos, informales y
besucones. Expresamos más abiertamente nuestros sentimientos.
Los portugueses por su parte, son más reservados, hablan mucho menos y
más bajito, muy educados y formales. En esto de las formalidades nos
ganan, sigue siendo el país de doctores e ingenieros, donde el título tiene
mucha importancia, demasiada. Los españoles prefieren el tuteo y hasta
nos ofendemos si nos tratan de usted.
En Portugal ir de chatos no está muy generalizado En los horariostampoco
nos ponemos de acuerdo, y no sólo porque en Portugal sea una hora
menos. A las 12 del mediodía en España se toma un pinchito de tortilla
con una caña o una tostada con tomate y aceite, por poner un ejemplo. A
esa hora en Portugal ya se empiezan a poner los manteles para comer
aunque los restaurantes se llenan alrededor de las 13 horas. Comer a las
tres de la tarde y cenar a las diez de la noche es algo muy habitual en las
familias españolas pero no en las portuguesas donde ya son horarios muy
tardíos. Y en España, quien puede, después del trabajo se toma una cañita
con los compañeros u amigos antes de ir a cenar. En el país vecino eso de
ir de chatos no está muy generalizado aunque cada vez hay más lugares
para ir de tapas y cañas. Y ya que hablamos de comida aunque ambos
compartimos la dieta mediterránea existen algunos matices, sobre todo
en la forma de elaborar y de presentar los alimentos. Y hay que acabar con
mitos. Los portugueses son los reyes del bacalao pero no consumen
únicamente este pescado. Y los españoles no comemos solo fritos ni
estamos todo el día con pinchos y raciones, como a veces se piensan
nuestros vecinos. Si nosotros no perdonamos el primer, segundo plato y
postre, en Portugal no pierden la costumbre de mezclar todo en un mismo
plato en el que normalmente no falta el arroz.
Donde los portugueses nos sacan una gran ventaja es en el café. Nosotros
utilizamos mezcla de café natural y torrefacto y se nota mucho en el sabor
y en la intensidad. El café solo y expreso forma parte de la cultura lusa,
toman dos, tres y hasta cuatro por día. Después de comer en casa, en vez
de estar de sobremesa, la familia entera se marcha a tomar café al local de
costumbre. Ayuda el precio, una media de 0,60 euros por café.
Idiomas
Y por seguir hablando de ventajas portuguesas, capítulo aparte es el de los
idiomas. La fonética lusa es mucho más rica que la española lo cual les
facilita mucho las cosas a la hora de aprender idiomas. A eso hay que
sumarle el hecho de que a excepción de los dibujos animados, todas las
series y películas se emiten en versión original, tanto en el cine como en la
televisión. Es cierto que los españoles tenemos un oído mucho más
cerrado pero tampoco se pueden hacer milagros cuando de pequeños nos
dan clase de inglés profesores españoles y en general es el único idioma
que escuchamos en nuestro día a día. El oído está poco o nada habituado
a escuchar los otros idiomas. Pero este problema español se exagera
bastante en Portugal donde nos critican además por traducir todo a la
española. Entre los mitos de los que hablaba, muchos portugueses siguen
afirmando que decimos “Piedras Rodadas” en lugar de “The Rolling
Stones” y “Juanito caminante” en vez de “Johnnie Walker”.
Como ocurre con muchos idiomas, entre el español y el portugués existen
los llamados falsos amigos. Si un portugués le dice a una chica que está
espantosa significa que está espectacular, apabullante. Y cuando los
españoles decimos que la comida está exquisita para un portugués no
significa que está deliciosa sino que es rara o extraña.
Los niños
Diferentes somos también a la hora de cuidar a los más pequeños. En
Portugal siguen a pie de la letra la recomendación médica de no sacar a
los bebés las primeras semanas de vida, a excepción de lo necesario, como
son las revisiones médicas. El médico español, por el contrario, te
recomienda paseo diario con el bebé, haga frío o calor, le tiene que dar el
aire. Apenas se ven capazos por las calles de Portugal, sino las maxicosi o
“huevos”, pero los tapan con una mantita o una gasa de tal forma que
difícilmente al niño le llega un poquito de aire. A las mamás españolas les
encanta presumir de carritos y de bebés, con vestimenta mucho más
emperifollada, sobre todo si son niñas. Los pendientes y los lazos están
presentes prácticamente desde el primer día. Y como somos muy de estar
en la calle, pues los niños igual. Los portugueses son mucho más estrictos
con los horarios de los peques y no pierden detalle con el cuidado. Es casi
imposible ver a un peque sin su gorrito si da un poquito el sol y llegan a la
playa a las 9 y se van a las 12, si van con bebés. Los españoles sabemos
que es lo más adecuado para nuestros niños pero nos relajamos bastante
más, son más todoterrenos y no les protegemos en exceso.
La puntualidad no es un punto fuerte ni para unos ni para otros pero en
Portugal hay un rasgo muy peculiar a la hora de convocar un evento. En
las invitaciones aparece “pelas 12 horas”, por ejemplo. Es decir, sobre las
12. Con esta costumbre tan generalizada nadie sabe muy bien a qué hora
empieza un acto y esto ocurre hasta en las invitaciones de boda.
Juntos somos una mezcla interesante, logramos un buen equilibrioComo
forma de resumen, se puede decir que los españoles confiamos mucho en
nosotros mismos, nos consideramos en muchas cosas los mejores. Somos,
en pocas palabras, muy echados para adelante. El portugués suele ver la
botella medio vacía, se lamenta de sus problemas, es bastante envidioso y
se fija demasiado en lo que hacen los otros sin darse cuenta de las muchas
virtudes que tiene. Y juntos podemos vernos como una mezcla
interesante porque lo que en uno exagera el otro se queda corto.
Logramos un buen equilibrio aunque normalmente no nos damos cuenta.
Tenemos mucho que dar y recibir y sobre todo que aprender de los que
están tan cerca de nosotros.

16 palavras da Língua Portuguesa que têm significados


diferentes noutros idiomas
por admin
Quando não falamos uma língua estrangeira, mas precisamos comunicar com alguém que
fala o idioma, tentamos ao máximo identificar sons ou palavras que se parecem com as
que falamos. No entanto, isso pode gerar uma confusão muito grande por causa do falsos
cognatos. Falso cognato, ou falso amigo, é quando a palavra se escreve ou pronuncia da
mesma maneira que uma palavra da nossa língua mas possui um significado diferente. A
pensar nisso, seleccionámos algumas palavras de outros idiomas que parecem ser
idênticas às faladas em português mas na verdade não são tanto assim. 

1. Braga (Espanhol)
Que nos desculpem os nossos amigos da cidade de Braga, a belíssima capital do Minho
mas... Braga em Espanhol quer dizer cuecas. Isso mesmo, leu bem. Estamos mesmo a
imaginar a cara dos espanhóis que visitam Portugal quando vão na autoestrada e reparam
na placa a indicar o caminho para Braga (ou para as cuecas, na língua deles).

2. Droga (Polaco)
Aqui está uma palavra curiosa. Se em Portugal, droga é sinónimo de algo mau, de
substância viciante e com efeitos nocivos, em Polaco quer dizer apenas... estrada. Por
isso, se na Polónia alguém lhe disse que anda na droga, não estranhe porque
provavelmente decidiu apenas apanhar o caminho para casa.

3. Rui (Russo)
Na Língua Portuguesa, Rui é um nome próprio masculino. Mas se por acaso se deslocar a
Moscovo de férias, por favor tenha algum cuidado em dizer esta palavra em voz alta em
frente aos russos. É que, para eles, Rui é uma asneira, uma palavra do calão mais básico
para designar... um pénis. 

4. Propina (Espanhol)
A palavra pode não ter um bom significado na língua portuguesa, mas para quem fala
espanhol não significa nada demais. Propina para eles é apenas gorjeta. Por isso não se
assuste se algum funcionário lhe pedir uma propina em algum restaurante da Espanha. 

5. Burro (Italiano)
O que faria se estivesse a tomar o pequeno almoço alguém dissesse: “burro”? Se isso
acontecer na Itália, não se preocupe, provavelmente a pessoa está apenas a pedir-
lhe manteiga. Isto porque na língua italiana a palavra burro é o nome dado ao produto. 

6. Assume (Inglês)
Em português a palavra assume é o verbo assumir conjugado, no entanto, em inglês a
palavra quer dizer supor alguma coisa. 

7. Subir (Francês)
Consegue imaginar o que significa a palavra “subir” em francês? Muitas pessoas poderiam
associá-la à palavra do português que é escrita da mesma maneira. Porém “subir” para os
franceses significa sofrer. Isso mesmo! 

8. Acreditar (Espanhol)
Em português acreditar é crer em algo, mas em espanhol não. Para os falantes de
castelhano, “acreditar” nada mais é do que creditar dinheiro. 

9. Despido (Espanhol)
Por causa da semelhança entre as línguas, existem muito falsos cognatos na língua
espanhola. Outro deles é o “despido”. Caso algum espanhol lhe diga que foi "despido" isso
significa, provavelmente, que perdeu o seu emprego. 
10. Bâton (francês)
Em francês, a palavra “bâton” não significa batom, embora a grafia se pareça bastante. A
palavra francesa significa bastão. 

11. Birra (Italiano)


Mais uma palavra do italiano que pode causar confusão é a “birra”. Na Itália ela não é
coisa de criança, muito pelo contrário. Significa cerveja. 

12. Embaraçada (Espanhol)


Em Portugal, uma mulher embaraçada é uma mulher que está numa situação em que
sofre algum tipo de vergonha ou constrangimento. Já em Espanha... uma embaraçada
está, simplesmente, grávida. Isso mesmo! E embaraço, para os nossos vizinhos, significa
gravidez.

13. Dobra (Polaco)


Outro exemplo vindo da Polónia. Na Língua Portuguesa, uma dobra é apenas uma espécie
de curvatura. Em Polaco, dobra significa bom. Portanto, se um polaco lhe disser que este
artigo é uma dobra, quer apenas dizer que gostou do que leu.

14. Fita (Norueguês)


Lembra-se do significado de Rui em russo? Pois bem... o significado de fita em norueguês
também não é fácil de explicar. Mais uma vez, aconselhamos a não usar esta palavra em
voz alta na Noruega. É que, para os noruegueses, fita é uma forma de baixo calão para se
referirem ao órgão sexual das mulheres.

15. Presunto (Espanhol)


Se na Língua Portuguesa, presunto é um pedaço fumado de perna de porco, em espanhol
significa presumível. É utilizado, por exemplo, para dizer "o presumível autor deste artigo
divertiu-se muito enquanto o escreveu".

16. Curva (Romeno)


Mais uma palavra difícil de explicar sem dizer algo que possa ferir susceptibilidades. Um
conselho... não chame curva a uma menina na Roménia. É que, em Romeno, curva é uma
palavra de baixo calão usada para designar uma prostituta.

Língua Portuguesa: há três palavras portuguesas


impossíveis de traduzir
por admin

Um novo estudo decidiu tentar traduzir as palavras sem tradução – as palavras que, em
todo o mundo, não têm tradução literal em mais nenhuma língua. Três são portuguesas e
constam na lista. A mais óbvia é saudade, mas existem mais duas. O estudo foi elaborado
por Tim Lomas, da Universidade de Londres, e conta já com um projecto pessoal, o
Positive Lexicography Project. O objectivo é tornar familiar aquelas palavras que só são
entendidas num certo país e que não têm tradução literal em nenhuma outra língua, mas
que transmitem um sentimento específico que, segundo conta a BBC, é negligenciado
pelas outras línguas.

O Projecto de Lomas tentou então encontrar “sentimentos” não traduzíveis, por todo o
mundo, na esperança de conseguir incorporá-los noutras culturas, que não as de origem.
Para encontrar as palavras ‘intraduzíveis’, Lomas procurou na literatura académica e falou
com as pessoas do país de origem das palavras que pretendia descobrir. Os primeiros
resultados do seu projecto foram lançadas num jornal de psicologia, no ano passado. E foi
nessa pesquisa que descobriu três palavras portuguesas.

1. Saudade
Esta palavra é, há muito, catalogada como sendo ‘só portuguesa’. Segundo a tradução
feita, esta palavra significa um desejo melancólico ou nostálgico por uma pessoa, lugar ou
coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo. Uma vaga de nostalgia que
sonha, por vezes, com fenómenos que podem mesmo nem existir. Assim é a explicação
da saudade, para Lomas. Para ilustrar a palavra ‘saudade’, o artigo da BBC fala da fadista
Cristina Branco e das suas músicas com o tema do que é sentir-se saudoso a ponto de se
morrer de saudade. Tal como tantos outros artistas o fazem.

2. Desbundar
A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e,
simplesmente, entrar em modo de diversão.

3. Desenrascanço
Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o
ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a
expressão exacta para traduzir.

Além das palavras portuguesas, existem várias outras. Por acaso já se sentiu um pouco
mbuki-mvuki? Ou talvez já tenha sentido um pouco kilig, ou até mesmo uitwaaien. O que
lhe parece? Confuso? Pois bem, veja alguns exemplos de palavras (e sentimentos) que
provavelmente nem sabia que existiam:
Mbuki-mvuki – Esta palavra é do dialecto africano Bantu e significa algo como ter uma
vontade irresistível de tirar a roupa enquanto se dança.

Kilig – Termo filipino e tem um significado bastante específico: a sensação nervosa e


vibrante que sentimos quando vamos conversar com alguém que gostamos.

Uitwaaien – Esta palavra faz juz ao efeito revitalizante de fazer uma caminhada ao vento e
é holandesa.

Shinrin-yoku – Esta palavra é japonesa e significa algo como a sensação relaxante que
se tem através de um banho na floresta (literalmente ou de forma figurativa).

Yuan bei – Palavra chinesa que simboliza um sentido de realização completa e perfeita.

Sehnsucht – Palavra alemã que, se traduzirmos de forma literal, fica algo como “desejos
de vida”, ou seja, é uma espécie de desejo intenso por estados de espírito alternativos e
de realizações pessoais, mesmo que sejam inalcançáveis.

Para descobrir mais exemplos de palavras cheias de significado em mais línguas, mas
quase impossíveis de traduzir, visite o estudo aqui.

Fonte: observador.pt

A palavra da Língua Portuguesa que os americanos


querem copiar
por admin

Há palavras em japonês (“tsundoku” — comprar e acumular livros que nunca lemos),


indonésio (“jayus” — uma piada tão mal contada que não resistimos a rir dela), norueguês
(“utepils” — beber uma cerveja ao ar livre num dia de sol) ou georgiano (“shemomedjamo”
— continuar a comer apesar de estarmos cheios, por estar a saber tão bem). E no meio de
uma vintena de línguas, há também uma palavra em português: “desenrascanço”.

O site Buzzfeed elegeu “28 belas palavras que a língua inglesa deveria roubar”, por
lamentavelmente não existirem sinónimos no idioma do senhor Shakespeare. E a prova de
que o trabalho foi bem feito está tanto na qualidade das palavras escolhidas (a maior parte
das quais, diga-se de passagem, a língua portuguesa também deveria roubar), como no
facto de a palavra gualdripada ao português não poder ser melhor escolhida.

Não foi “fado”, não foi “saudade”, foi mesmo “desenrascanço”, que é assim traduzida: “the
last minute improvisation of a hasty but perfectly sound solution; pulling a MacGuyver”. Ou
seja: “improvisação de última hora de uma solução apressada mas perfeitamente eficaz”.
É mesmo isso. A que se segue uma palavra em inglês que não tem exactamente tradução
na língua de Camões, mas que é sempre uma bonita citação de um extraordinário ícone
dos anos 80... que, sim, foi o grande mestre internacional do desenrascanço. Só lhe faltou
mesmo ser português.

3 palavras portuguesas sem tradução em outros


idiomas
1. Saudade
Esta palavra é, há muito, catalogada como sendo ‘só portuguesa’. Segundo a tradução
feita, esta palavra significa um desejo melancólico ou nostálgico por uma pessoa, lugar ou
coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo. Uma vaga de nostalgia que
sonha, por vezes, com fenómenos que podem mesmo nem existir. Assim é a explicação
da saudade, para Lomas. Para ilustrar a palavra ‘saudade’, o artigo da BBC fala da fadista
Cristina Branco e das suas músicas com o tema do que é sentir-se saudoso a ponto de se
morrer de saudade. Tal como tantos outros artistas o fazem.

2. Desbundar
A expressão é explicada, segundo a BBC, como sendo a forma de perder as inibições e,
simplesmente, entrar em modo de diversão.

3. Desenrascanço
Toda a gente sabe o que é ‘desenrascar-se’ de algo. Pois bem, segundo conta a BBC, é o
ato de se desembaraçar engenhosamente de uma situação problemática. Falta é a
expressão exacta para traduzir.

Remesa (español)
sustantivo: rato de conversación o tertulia que se disfruta tras el almuerzo sin
haberse levantado aún de la mesa
Los españoles son conocidos por disfrutar de largas comidas juntos, pero
comer no siempre se trata de alimentarse únicamente. Cuando se quedan en la
mesa después del almuerzo para degustar una agradable conversación con la
familia o los amigos, estarán disfrutando de la sobremesa.
Abbiocco (italiano)
sustantivo: somnolencia que aparece tras una comida pesada
Todo el mundo ha sido víctima de una terrible somnolencia después de una
comida, pero solo a los italianos se les ocurrió encapsular este concepto en
una sola palabra. Cuando estás deseando echarte una siesta después del
almuerzo, se dice que “tienes el abbiocco” (avere l’abbiocco).

Desenrascanço (portugués)
sustantivo: la habilidad de improvisar una solución rápidamente
Desenrascanço es el modus operandi de cualquier procastinador empedernido.
Su significado no solo implica resolver un problema o tarea, sino que incluye
hacerlo en el último minuto y con una solución absolutamente improvisada. En
definitiva es lo que MacGyver hacía en cada capítulo de su serie cuando
necesitaba evitar un peligro, eso sí, usando tan solo un clip doblado y el
envoltorio de un chicle.

Hyggelig (danés)
adjetivo: cómodo, acogedor, íntimo
¿Sabes qué es hygge? ¿Alguna vez has deseado una palabra que combinara
todo lo que es cómodo, cariñoso, seguro y acogedor? ¡Pues los daneses la
tienen! Se trata de hyggelig, y la usan tan a menudo que muchos de ellos la
consideran una parte del carácter nacional.

Utepils (noruego)
sustantivo: la cerveza que se toma al aire libre
Los noruegos tienen que soportar un invierno largo, duro y muy oscuro antes
de poder disfrutar el luminoso y corto verano. De manera que esa cerveza que
te puedes tomar al aire libre mientras te bañas en los gloriosos rayos del astro
rey no es cualquier cerveza, ¡es una utepils!

Verschlimmbessern (alemán)
verbo: empeorar algo cuando se está tratando de mejorarlo
Todos lo hemos hecho antes: tratando de resolver un problema menor hemos
terminado provocando uno mucho mayor. ¿Tal vez intentaste arreglar el
pinchazo en tu bici pero resulta que ahora la rueda no gira? ¿Al reinstalar
Windows tu ordenador no arranca y se queda bloqueado cada vez que intentas
reiniciarlo? Oh no, ¡no me digas que has intentado arreglar ese corte de pelo
tan malo tú solo!

Yakamoz (turco) y mångata (sueco)


sustantivo: el reflejo de la luna en la superficie del agua
Da igual qué idioma hables, seguro que alguna vez te has quedado admirado
con el bello reflejo de la luna sobre la superficie del agua, ya sea del mar, del
río o de un lago. Pero, a menos que seas turco o sueco, es casi imposible
resumir esta belleza en tan solo una palabra. La palabra mångata lo traduce
literalmente a “carretera de la luna”, una apropiada y poética traducción.
Los turcos también tienen una palabra muy específica para esto: gümüşservi. Esta
es, en realidad, no muy común en el lenguaje coloquial. Para referirse a ese
reflejo de la luna en el agua es mucho más común usar yakamoz, que también
puede usarse para referirse a cualquier tipo de luz reflejándose en el agua;
incluso la chispa casi fosforescente de un pez. ¿Tienes alguna palabra en tu
idioma materno que sea absolutamente única e intraducible? ¡Pues compártela
con nosotros y la incluiremos en nuestra serie de palabras intraducibles!

Língua Portuguesa: 7 vezes em que a sua professora lhe


ensinou coisas erradas
por admin

Não, não estamos a afirmar que a sua professora de português era uma grande mentirosa,
nem que estava completamente errada. Estamos apenas a dizer que, muitas vezes, de
forma a simplificar a informação transmitida, são cometidas incorrecções, contribuindo
para a criação de verdadeiros mitos gramaticais. A criação de regras é ainda mais
acentuada devido à tendência generalizada que existe entre os estudantes de decorar
regras. Mais importante, contudo, do que decorar regras, é entender o funcionamento e a
estrutura da língua e saber aplicar as regras nos diversos contextos, sendo feita uma
análise e reflexão sobre a língua em uso.

Incorrecção  1: Há sempre crase antes da indicação exacta  e


determinada de horas
Esta regra é usada para indicar que as seguintes construções frásicas são escritas com
crase (à ou às):

 Eu saio para o trabalho todos os dias às sete da manhã.

 O fogo de artifício começará à meia-noite.

 Chegaremos ao aeroporto às 18h.

Apesar disso, é possível o uso de as, sem acento grave, em construções que indiquem
intervalos exatos de horas:

 Você ficou as nove horas em jejum, conforme pedido pelo médico?

 Ele acabou por esperar as cinco horas previstas pela recepcionista das urgências
do hospital.

 
Incorrecção  2: Não se usa crase antes de pronomes
O mais usual é, efectivamente, a inexistência de crase antes de pronomes, porque há
apenas a presença da preposição a, não sendo usado o artigo definido a antes de
pronomes. Apesar disso, é possível que ocorra crase antes de diversos pronomes, em
situações já previstas na gramática:

 Você entregou todos os papéis à senhora?

 Você entregou todos os papéis à própria senhora?

 Você entregou todos os papéis à mesma senhora?

 Você entregou todos os papéis àquela senhora?

É também possível o uso do acento grave antes de pronomes quando existem termos que
se encontram omitidos:

 Comprei uma blusa igual à que você usou ontem.

 Passei por uma depressão similar à que você passou.

Atenção!O uso da crase antes de pronomes possessivos femininos é facultativo:

 Dei o colar a minha mãe.

 Dei o colar à minha mãe.

Incorrecção  3: Um ditongo é o encontro de duas vogais


na mesma sílaba
Na realidade, nunca ocorre o encontro de duas vogais na mesma sílaba. Um ditongo é o
encontro de uma vogal e de uma semivogal na mesma sílaba. A vogal actua como o
núcleo da sílaba, sendo pronunciada de forma mais forte e nítida. A semivogal é
pronunciada de forma mais fraca e menos nítida, apenas acompanhando a vogal.

Nos ditongos crescentes, a semivogal está posicionada antes da vogal.

 goela (o=semivogal, e=vogal)

 quase (u=semivogal, a=vogal)

Nos ditongos decrescentes, a semivogal está posicionada depois da vogal.

 caixa (a=vogal, i=semivogal)


 flauta (a=vogal, u=semivogal)

Incorrecção 4: Nunca se separam os ditongos na divisão


silábica
Embora esta regra englobe a maioria das palavras com ditongos, não há consenso entre
os estudiosos da língua portuguesa relativamente às palavras terminadas em -ea, -eo, -ia,
-ie, -io, -oa, -ua, -uo.

Essas palavras são, tradicionalmente, paroxítonas terminadas em ditongo crescente. Logo,


o encontro vocálico mantém-se na mesma sílaba:

 água (á-gua)

 génio (gé-nio)

 ânsia (ân-sia)

Apesar disso, devido à flexibilidade na pronúncia do ditongo, essas palavras podem ser
também classificadas como proparoxítonas aparentes, sendo o ditongo convertido para
hiato e ficando em sílabas separadas na divisão silábica:

 água (á-gu-a)

 génio (gé-ni-o)

 ânsia (ân-si-a)

No actual acordo ortográfico, essas palavras foram categorizadas como palavra


proparoxítonas, terminadas em hiatos.

Incorrecção  5: Não se usa vírgula antes da conjunção e


Embora não se use habitualmente a vírgula antes da conjunção e em enumerações, é
possível o uso da vírgula antes dessa conjunção em diversas situações:

 Quando a conjunção e tem um valor diferente de uma conjunção aditiva: O meu


filho estudou durante dias, e mesmo assim não passou na prova.

 Quando o uso da conjunção e tem como objectivo um efeito enfático: Ele disse, e
fez, e desfez, e refez, e se contrariou, e repetiu tudo outra vez!
 Quando orações coordenadas possuem sujeitos distintos, sendo marcadas por
uma pausa: Eu é que fui assaltada, e ele é que ficou traumatizado.

Incorrecção  6: Não se pode iniciar uma frase com a


conjunção mas e com a conjunção e
O uso da conjunção mas e da conjunção e no início das frases é, habitualmente,
desaconselhado por terem uma marcada função de conectores, ou seja, de elementos de
ligação entre termos ou orações.

Apesar disso, podem ser usados no início das frases em diversas situações,
principalmente com finalidades literárias e expressivas, dando ênfase ao enunciado e
simplificando o discurso. Esse recurso é utilizado por muitos autores de renome.

 Mas como é que isso foi acontecer? Alguém viu alguma coisa?

 Sozinha, a Maria fez os salgadinhos, os docinhos e o bolo. E ainda fez todos os


enfeites da festa!

Incorrecção 7: Não devem ser usadas construções


frásicas com dupla negação
Embora seja frequentemente dito que a dupla negação deve ser evitada porque transmite
uma ideia afirmativa, isso não é correcto. A dupla negação reforça o sentido negativo da
frase. É uma construção sintaticamente correta, sendo muito usada na linguagem oral.

 Não foi nada! Está tudo bem!

 Ela não me pediu nada.

Muere Agustina Bessa-Luís, la


gran dama de la escritura
portuguesa
La autora de 'La sibila' falleció a los 96 años de edad
Otros
JAVIER MARTÍN DEL BARRIO

Lisboa 3 JUN 2019 - 15:17 CEST

"Hay personalidades que las palabras no pueden describir en lo que fueron o


significaron para todos nosotros. Agustina Bessa-Luís es una de ellas". Así
reaccionó el presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, al conocer la
muerte de la escritora, ocurrida en Oporto, el lunes, a los 96 años de edad. A
causa de su salud, Bessa-Luís había dejado de escribir en 2004.

El alejamiento literario de la escritora no hizo olvidar su ingente obra -más de 40,


entre novelas, cuentos, biografías y obras de teatro- sino que en los últimos años
la cultura portuguesa estaba recuperando, ensalzando y prestigiando la calidad de
un trabajo único y singular.

Nacida en 1922 en Vila Mae, en Amarante, al norte del país, en la vida y en su


obra siempre fue irreductible, irreverente y políticamente incorrecta, como han
resaltado escritores como Augusto Tavares, prologuista de su novela más
reconocida La sibila (1954), traducida al alemán, español, francés, danés, griego
e italiano.

Bessa-Luís se casó a través de un anuncio de prensa, que puso ella para entablar
correspondencia con una "persona culta". Así conoció al abogado Alberto Luís,
con quien se casó en 1945 y con quien vivió hasta que este falleció en 2017, a los
94 años de edad. El matrimonio tuvo una hija, Mónica.

Desde los 10 años, estudió y vivió en Oporto, donde ha fallecido. Su primera


obra fue la novela Mundo cerrado (1948), pero su gran éxito, La sibila, llegaría
siete años después, con la que consiguió su consagración como escritora, aunque
siempre fue consciente de que escribía para una minoría. "Me conoce más gente
de la que me lee", solía decir en las tertulias en las que participaba, como el
programa  televisivo Ella por ella (2005).
También participaba en la radio y en los periódicos. Fue directora del diario El
primero de Enero (1986-87) y directora del Teatro Nacional Dona Maria, por lo
cual tuvo que desplazarse un tiempo a vivir a la capital del país.
Algunas de sus novelas fueron adaptadas al cine por su amigo Manoel de
Oliveira, como Fanny Owen (filme, Francisca, 1981), Las tierras del riesgo (El
Convento, 1995) y La madre de un río (Inquietud, 1998). Las furias, Placer y
gloria, Un perro que sueña, Canción delante de una puerta, son algunas de sus
obras más celebradas, aunque escasamente conocidas por el gran público.
"La gran señora de las letras portuguesas", como la calificaba el intelectual
Eduardo Lourenço, publicó en 2002 su autobiografía y dos años después su
última obra, La ronda de la noche. Un ataque cerebral debilitó su salud y dejó de
escribir.

Rebelo de Sousa asegura: "Del 'antes romper que torcer' testimonió, como el
rigor de su escritura, nunca corregida, el fin de un Portugal y el nacimiento de
otro. Uno y otro, hechos del Portugal eterno, a ese Portugal eterno al que ella
pertenece. El presidente de la República se inclina ante su genio".

14 gírias e expressões do português europeu


que não fazem sentido para brasileiros

Vamos explicar aqui direitinho como descalçar as botas.


ESCRITO POR ANA FREITAS
713

Não é surpresa para ninguém, em nenhum lado do Atlântico, que o português


brasileiro e o europeu apresentam algumas diferenças, como qualquer viariante
de um idioma. Na língua escrita, são poucas; mas o português é um desses
idiomas em que se fala muito diferente do que se escreve, e as diferenças na
oralidade entre o português brasileiro e o europeu podem gerar reações
engraçadas. Às vezes, dependendo do sotaque, elas soam quase como
línguas distintas.

Nós já falamos sobre essas diferenças neste artigo. E elas não se manifestam


apenas na maneira como pronunciamos certos sons ou como algumas sílabas
são deixadas de lado na fala. Há também uma diferença expressiva no
vocabulário e, é claro, nas gírias.

Para os brasileiros que pretendem conhecer a terra de Camões ou mesmo


para os falantes de português brasileiro (ou europeu) curiosos sobre as
diferenças entre as duas variantes, reunimos uma lista (bem engraçada, aliás)
de gírias de Portugal que fazem pouco ou nenhum sentido para quem só
conhece o português brasileiro.

Ah! Isso não significa necessariamente que essas gírias são faladas e
compreendidas no país todo. Como em qualquer lugar do mundo, muitas
expressões coloquiais são locais e só fazem sentido em determinada região.
Vamos a elas:

1. "Estou!"
É assim que se atende o telefone em Portugal.

Equivalente no Brasil: alô!.

2. Abiscoitado
"Este gajo (sujeito, cara) só pode ser um abiscoitado."

Refere-se a alguém irresponsável, sem juízo.

Equivalente no Brasil: um termo próximo é chamar alguém de moleque ou


juvenil.

3. Malta
Diogo é o gajo mais fixe da tua malta!

Malta é um grupo de amigos.

Equivalente no Brasil: galera, turma.

4. Bué
Eu estou bué cansada hoje.

Bué é o mesmo que muito e é uma expressão bastante usada.


Equivalente no Brasil: demais, pra caramba.

5. Ter lata
Tu não tens lata para isto!

"Ter lata" equivale a ter coragem, ousadia.

Equivalente no Brasil: ter a cara de pau.

6. Sandes
Na última vez que a vi, ela estava a comer um sandes.

Sandes é um sanduíche – aliás, uma expressão muito simpática e também


muito comum.

Equivalente no Brasil: algo como sanduba ou lanche.

7. Foda-se
Tua nota de história foi 3? Foda-se!

Essa expressão, apesar de um pouco pesada e somente tolerada em


ambientes informais, é importante. Isso porque, no Brasil, ela significa,
literalmente, "não me importo", "não tenho nada a ver com isso" e, exceto se
dita entre amigos e em tom de piada, pode ser considerada rude.

Em Portugal, no entanto, ela substitui uma interjeição de surpresa. Não


caracteriza falta de educação.

Equivalente no Brasil: nossa! ou puta que o pariu!

8. Piroco
Nem tudo é o que parece, felizmente. Piroco, em Portugal, é uma cantada.
Equivalente no Brasil: xaveco.

9. Brutal, grave
*Esta noite foi brutal! Bebi muito, mesmo grave!*

Nesse contexto, grave e brutal servem para caracterizar intensidade. É o


mesmo que dizer que foi uma noite muito boa. Repare que o
termo mesmo vem antes de grave, enquanto no português do Brasil, usaríamos
o mesmo depois do adjetivo. Detalhe: brutal em português brasileiro possui um
sentido negativo.

Equivalente no Brasil: sinistro, pesado, louco.

10. Do piorio
Diz-se de alguém ou algo que é terrível, muito ruim.

Equivalente no Brasil: não temos uma gíria específica para o pior.

11. Descalçar esta bota


Preciso descobrir como descalçar esta bota.

A expressão descalçar a bota significa resolver um problema. Frequentemente,


se refere a problemas causados pela própria pessoa. É como um abacaxi para
descascar, exceto que, nesse caso, você mesmo plantou e colheu o abacaxi…
Entendeu? ;)

Equivalente no Brasil: resolver um pepino, descascar um abacaxi, resolver uma


treta.

12. Aguentar nas canetas


Maria já não se aguentava nas canetas…

Alguém que não se aguenta nas canetas é alguém que está muito cansado.
Equivalente no Brasil: estar só o pó, embora essa gíria seja considerada
tipicamente paulistana.

13. "O rabo é o pior de esfolar"


Essa expressão quer dizer algo como "o final (de uma tarefa) é a parte mais
difícil".

Equivalente no Brasil: não temos uma gíria para essa expressão.

14. Fixe e giro


Ambas são usadas para se referir a algo ou alguém bom, agradável.

Equivalente no Brasil: legal, demais, gente boa, foda.

Você conhece outras expressões curiosas em português europeu ou tem


sugestões de expressões equivalentes no Brasil?

Palacio da Pena, el sueño


del rey que nunca
gobernó
El hilarante palacio de Fernando II, declarado
Patrimonio de la Humanidad por la UNESCO en
1995, quizá sea la escapada perfecta para quien
quiera salir de España durante los próximos meses
Palacio do Pena./Foto: Singa Hitam/Creative Commons

Alfonso Masoliver
Última actualización:21-09-2020 | 23:32 H/

No resultará sencillo escribir un único artículo sobre este estrambótico palacio,


construido en el siglo XIX por orden de Fernando II, el rey artista, esposo de
María II y rey consorte de Portugal. Haría falta escribir una pieza sobre sus jar-
dines, salvajes desde hace años y que crecen sin una mano que los frene, como
si los jardineros hubiesen plantado la semilla de, digamos, un árbol guatemalte-
co de nombre La rama del diablo, capaz de crear el caos absoluto en cada jardín
que germina. Habría que buscar ese árbol que sembró la anarquía en el delica-
do jardín de Fernando. Haría falta otro artículo, explicando con el mínimo deta-
lle los colores de cada azulejo, los tipos de azulejo, los pigmentos rojos y amari-
llos que cubren las partes donde los muros están desnudos.

Haría falta escribir otro artículo en memoria de la estrafalaria figura de Fernan-


do, casado primero con una reina y, tras fallecer esta, con una conocida cantan-
te de ópera estadounidense. Pero las palabras se están deshaciendo en mi te-
clado antes incluso de empezar. Intentaré resumir este batiburrillo de demen-
cias en un solo artículo.

De convento a palacio

Los orígenes del Palacio da Pena (Palacio de la Peña en español) vienen tan
atrás como el siglo XV. Cuando el conocido monarca portugués, Manuel I, divi-
só desde lo alto de la peña mientras andaba de caza a las carabelas de Vasco
da Gama que regresaban de su arriesgado viaje a la India. Alabó a Dios y juró
construir un templo en el mismo sitio en que había descubierto el esperado re-
greso. Y este pequeño convento, entregado por Manuel I a los jerónimos, se
sostuvo sin demasiados problemas en lo alto de la peña durante los trescientos
años siguientes.

Ahora agárrate. Vienen curvas.


Vista de una parte del Palacio do Pena./Foto: Alfonso Masoliver

Todos los palacios en los que he estado, palacios o castillos o lujosas mansio-
nes de grandes personajes de la historia, tienen como objetivo inevitable mos-
trar una único elemento. El poder. Poder en el grosor de los muros, en la altura
de sus torres, el brillo de sus pinturas, las filigranas de la puerta de entrada, el
estilo de los salones. Un palacio o un castillo son algo así como un potente gri-
to que desciende desde lo alto de su montaña, fluyendo valle abajo hasta llegar
al populacho. Dice, soy vuestro poderoso señor y os hablo desde mi poderoso
castillo: haréis bien en temerme y guardarme respeto. La Ciudad Prohibida de
los emperadores chinos, Versalles, el Gran Palacio de Bangkok, el Castillo de
Olite, incluso palacios tan recientes como La Moncloa o La Casa Blanca, cerra-
dos a cal y canto a ojos del público, son escondidos tras verjas y alambradas y
excitantes dosis de misterio.

Nunca fue conveniente que el pueblo sepa qué se cuece realmente dentro. Pero
hete aquí que en el Palacio da Pena no encontramos nada de esto. Creo que se-
ría la primera vez que me encuentro un palacio que no estuviese destinado a
mostrar algún tipo de poder. Quiero decir, era la casa de recreo de un rey extre-
madamente culto, aburrido por su falta de utilidad cuando era su esposa quien
gobernaba. No era un símbolo de poder. Podría decirse que, cuando las obras
comenzaron en 1836, en el punto exacto en el que se había situado el convento
de los jerónimos, María II de Portugal ya imaginaba que su marido se disponía
a levantar un palacio que simbolizase su aburrimiento.

El aburrimiento más gozoso

Quise imaginar que el Palacio da Pena representa algo así como los pensa-
mientos que merodeaban por la mente del tedioso consorte. Igual de variados,
así de bruscos. De la misma manera que sus ideas rondaban entre la Historia y
la música, en el palacio se encuentran muros de azulejos intercalados con otros
pintados de amarillo, arcos de herradura con torres de inspiración alemana.
Uno de los edificios de azulejos del palacio./Foto: Alfonso Masoliver

Es innegable que el aburrimiento de Fernando II era el más divertido de to-


dos. Parece que a cada nueva información que aprendía de sus libros, como si
el palacio y su mente fuesen un único ente, debía implementarlo también en la
arquitectura de su sueño. Pudo ser que hubo un momento en que no se sabía
quién llevaba la delantera, si el palacio deslizándose en las ideas del rey o las
ideas del rey posándose sobre el palacio.

La visita puede dividirse en cuatro partes. La primera consiste en subir la peña,


puede hacerse a pie o en coche, aunque el paseo merece la pena (si estás en
forma) por el libre estado de la naturaleza que rodea al visitante. La segunda
parte es sencilla, basta con pasear los jardines del palacio, esos que te dije que
se les escaparon de las manos a sus jardineros y ahora acorralan al edificio. En-
cuentra el árbol guatemalteco si te atreves. Descubre nuevas formas de la natu-
raleza, colores asombrosos en las flores, geometrías de la vegetación que no
habíamos imaginado hasta visitar este jardín rebelado.
Las dos últimas partes ocurren en el propio palacio. Un paseo preliminar por
sus zonas exteriores, quizá rodeando su sinuosa muralla o tomando alguna fo-
tografía para el recuerdo en el Patio de los Arcos. Para los más exquisitos reco-
miendo la cafetería junto a las antiguas cocinas, ideal para tomar un café con
dulces portugueses y acompañado por unas vistas prodigiosas. Luego piérdase
el lector hasta desesperarse, zambúllase en la mente caprichosa de don Fer-
nando y vuele con él. La obras del palacio no concluyeron hasta el mismo año
en que murió nuestro querido consorte, así que podría decirse que lo construyó
solo para nosotros. Para expresarnos su aburrimiento, como diciendo: “fijaos si
me aburría, que hice esta maravilla y ni siquiera me interesaba vivir en ella”.
Detalle de uno de los techos interiores del palacio./Foto: Alfonso Masoliver

La última parte de la visita pasa por las habitaciones interiores, intactas desde
los años de Fernando. Se trata de la última orgía artística que nos ofrece el Pa-
lacio da Pena, donde ningún techo se asemeja al de la siguiente habitación,
cada pared es más delicada en sus detalles; los muebles de ébano todavía hue-
len a nuevo, parecen estar sin estrenar.

Para completar la visita

Ya escribiré en un futuro el artículo pertinente sobre el Castelo dos Mouros,


construido en tiempos de ocupación musulmana en la peña contigua al Palacio
da Pena. Pero si el visitante no se siente satisfecho con la maestría de Von Es-
chwege, arquitecto del palacio, puede rematar su apetito cruzando los gruesos
y zigzagueantes muros de esta fortaleza de piedra. Saltará, en el espacio de
unos pocos pasos, desde la original mente de Fernando hasta el estruendo de
la guerra. Solo espero que aguante el impacto.
Vista del Castelo dos Mouros desde el Palacio do Pena./Foto: Alfonso Masoliver

Cerca del Palacio da Pena, bajando por sus mismos jardines, puede visitarse
también el chalé de la Condesa de Edla, precisamente la segunda esposa de
Fernando, la cantante de ópera. No llega al nivel del palacio pero rebosa estilo y
belleza.

Y la guinda en el pastel, el último bocado del hastiado, lo encontramos en el Pa-


lacio Monserrate, construido como quinta de veraneo por Francis Cook, vizcon-
de de Monserrate. De un estilo sugerente y romántico, puede ser el punto final
ideal para quien viaje con su pareja. Aunque si mi opinión cuenta para algo, al
menos un poquito, mi propuesta sería conseguir un alojamiento cómodo en la
próxima ciudad de Sintra y gastar al menos dos días para completar este sucu-
lento recorrido de aburrimiento, creatividad y asombro.
Libros para leer este verano en
portugués | autores portugueses |
10 libros de autores portugueses para leer
este verano
El verano ya está aquí y finalmente te toca a ti ir a la
playa, piscina, campo, viajar… o simplemente estar
relajado en tu sillón o sofá favorito. Por lo tanto
aprovecha para leer un buen libro. Ese fiel compañero
de viaje que nos ayuda a aprender cosas nuevas o,
simplemente, abstraernos y llevarnos por otros mundos
u otras lenguas. ¿Y porque no en portugués?
Te hemos seleccionamos algunos de los más
actuales y mejores libros para leer este verano
en portugués.Aprovecha estos días de verano
para descubrir nuevos autores portugueses y
disfrutar de la lengua portuguesa.
O Carteirista que Fugiu a Tempo |
Francisco Moita Flores |  Comprar

El carterista vivía en un país con el ceño fruncido,


que se arrastraba penosamente o bien por la
inseguridad o bien por la desconfianza en los
políticos que querían acabar con ella. Vivía en un
país cansado, que había cambiado la revolución
por la revuelta, la discusión por el bostezo, el mar
por el sofá frente a la televisión. Se rebeló.
Se echó a reír a carcajadas, y el país pacato, servil a la
novela y temeroso de la inflación, se sobresaltó. Se
proclamó el caos. El gobierno fue exiliado, la gente se
refugió en la casa y el carterista huyó al cielo. Se oculta
en una nube, en algún lugar entre el amanecer y la
estrella polar. Hay quienes todavía dicen que se escucha
los rugidos de los cañones. Otros aseguran que no. Es
solo el carterista que se ríe sin piedad del país inseguro,
vacilante entre una telenovela y un partido de fútbol.
Libros para leer este verano en portugués
No Passado e no Futuro Estamos Todos
Mortos | Miguel Esteves Cardoso | Comprar
«¿Cómo es que la vida no es un milagro? Toda la
vida de todos los seres vivos, ya sea levadura,
amapolas, mariposas, leopardos, personas o
golondrinas. Sabemos cómo nacemos.
Sabemos cómo morimos. Sólo podemos vivir.
No es una cuestión filosófica o religiosa o
biológica. La vida es la única oportunidad que se
nos da, una especie de suerte probabilísticamente
similar a ganar el primer premio del Euromillones.
Podemos pasárnosla toda pensando en cómo
debemos vivirla. O coleccionar cerillas. O seguir al
Benfica. O a escribir poemas.
Cada vida es distinta, cada vida pertenece solo a
quien la tiene. Ni siquiera tenemos que elegir.

Podemos vivir sin querer saber. La vida no se puede


desperdiciar: siempre es una fortuna temporal, una
miseria irrepetible, el único momento de la eternidad
que es nuestro. La vida no es la mejor ni la peor cosa
que tenemos: es la única.»

Os Meus Primeiros Pronomes Pessoais |


Isabel Hub Faria| Comprar
“Tenía yo 10 años. Durante todo ese tiempo, yo
había construido y había sido construida en mi
universo. Había sido agente y paciente. Fui sujeto
y objeto de mi propia y el resto del mundo se
había enredado en mí y conmigo. Eran ya
evidentes, para mí, los contrastes entre la cercanía
y la separación, entre la alegría de vivir y la
muerte, entre la expectativa y la decepción, entre
la confianza y el disgusto, entre la comprensión y
la injusticia, entre el amor y la indiferencia, entre el
deseo y la frustración, entre el ruido y la armonía,
entre el conocimiento y el saber. Aunque, en ese
momento, yo ignoraba que este primer ciclo de mi
misma, como por arte de magia, había llegado a
su fin.”
Meninas Morenas | Clara Pinto Correia
| Comprar
Una novela envolvente sobre los sentimientos,
experiencias y disgustos de una mujer lejos de su
país, de su Alfama y de sus amores. Escrito en un
estilo libre y seguro, capaz de sumergirse hasta el
fondo de nuestras almas. Leer «Meninas Morenas»
es embarcar en un tío vivo mágico que nunca se
detiene.
O Rinoceronte do Rei | Sérgio Luís de
Carvalho | Comprar
La saga de un animal exótico, símbolo de la
ambición y logros de los portugueses en una
novela épica y gloriosa. La historia del rinoceronte
que llegó a Lisboa en mayo de 1515 y que asustó
a toda Europa. Historia del pintor alemán que se
asombró con dicho animal y que lo hizo célebre.
Historia de quinientos habitantes de Lisboa, de
ricos a pobres, viudas a marineros, oficiales y
arquitectos.
s Crianças Invisíveis | Patrícia Reis
| Comprar
na novela impar sobre adopción, maltrato y
abandono. Sorprendente hasta el final. 
M. es un niño acostumbrado a ser utilizado y
devuelto por familias sucesivas como un producto
que no satisface al cliente. Crece en una
institución de acogida, donde descubre el poder
de la amistad y las trampas del deseo y la pasión.
Esta es su historia hasta llegar a la edad adulta,
transitando por un proceso de invisibilidad, en el
que el dolor se confunde con la esperanza de
encontrar una vida a la que pueda llamar suya. A
su lado hay otros niños y además Conceição, la
trabajadora social que elige amar a M.
incondicionalmente.
Los niños invisibles es una novela que combina un
ejercicio literario único con un profundo trabajo
de investigación sobre el abandono, el maltrato y
la adopción. Toda la narrativa se construye de una
manera muy original, sin identificar el sexo de los
niños, y desde su mirada, la escritura clara,
poderosa y quirúrgica de Patricia Reis nos lleva a
este abrumador romance a través de los sueños, el
miedo y la intimidad de un conjunto de
personajes que recorren la infancia y la
adolescencia sin padre, madre o identidad.
Raparigas Como Nós | Helena Magalhães
| Comprar
La novela que estará en todas las maletas este
verano. Una historia de amor irresistible, que
también es el retrato de una generación que
creció sin redes sociales, que muestra todo lo que
se puede esconder detrás de la vida
aparentemente normal de una niña. … ¿Puede una
pasión de adolescencia marcar el resto de la vida?
Festivales de verano, tardes en la playa,
experiencias-limite con drogas, traiciones y fiestas
se mezclan con amores improbables y viejas
amistades.
Minuto do Palhaço em Frente ao Espelho
| Manuel Andrade | Comprar
Este nuevo trabajo de Manuel Andrade,
introducido en la contraportada por la frase casi
naïf «é um livrinho pequeno que se lê numa noite,
é uma obra maior que se carrega uma vida – disse
um dia um carpinteiro.” Cuestiona, sin embargo de
cabo a rabo «não raramente no fio da navalha » lo
risible de una existencia que es al final la de todos
nosotros.
Es un libro simple, impactante y a menudo casi
conmovedor, que analiza el humano desnudo y al
espejo, sin contemplaciones ni conveniencias, en
una escritura desarmante, sensible y profunda,
que nos retrata por completo.»
A Terceira Mãe | Julieta Monginho | Comprar
El hermano poeta;  el vecino enamorado que
acecha por la ventana;  el hijastro, decidido a
terminar con la tristeza que lo consume; la hija, en
una constante revuelta por lo que podría haber
sido, pero no fue; la nieta, que adora a su abuela,
aunque necesite escapar para crear una historia a
su gusto – estos y otros personajes contribuyen a
reconstruir el camino de la soledad, del amor y de
la pérdida que ha sido la vida de Rosalina, la
protagonista.
Al seguirla desde la infancia hasta la vejez, es la
niña, la esposa, la madre y la abuela que el lector
conoce. Es su historia de sumisión, pérdida y
cambio que se cuenta en este entrelazado de
voces unidas para describir una vida. Rosalina,
Filomena y Joana son tres mujeres de
generaciones distintas. Tres vidas, tres visiones del
mundo, tres formas diferentes de actuar en la
adversidad.
En “A Terceira Mãe», de Julieta Monginho, se evoca a la
mujer, a su papel y a los desafíos que constantemente
se le plantean, así como la evolución, hacia una mayor
libertad y autonomía, de su lugar en la sociedad.
Descorre desde el comienzo del segundo cuarto del
siglo XX hasta la actualidad, dando al lector una visión
de lo femenino y de los muchos mundos que lo llenan,
por eso «A Terceira Mãe» se consagró en 2008 con el
Gran Premio de Romance y Novela. de la APE. Libros
para leer este verano en portugués
Por Detrás da Cortina | Teresa Henrique
Ramalho | Comprar
¿Qué mundos se esconden detrás de la cortina?
¿Qué vidas perdidas navegan entre recuerdos
vacíos y cotidianos?
Este es el desafío propuesto por la autora Teresa
Henrique, quien a lo largo de nueve cuentos, nos
transporta a un mundo ficticio, que al final no nos
es tan lejano.
Con una maestria y una impresionante noción de
realidad, se abordan temas actuales y concretos,
evidenciando la recreación del axioma observado
en el plano real, ofreciéndonos su lectura del
mundo.
Estos temas, que sirven de base para cada uno de
los cuentos, entremezclados en una narrativa
elocuente de secuencia encadenada, nos
envuelven frenéticamente, impulsándonos a llegar
al final de la historia, haciendo imposible que
interrumpamos nuestra lectura.
Desde el prefacio de Maria João Gama
Así que si te ha gustado nuestra entrada Libros para leer
este verano en portugués, SUSCRÍBETE y recibe todas las
novedades y noticias sobre nuestros cursos de
portugués, eventos, actividades, etc. Sé el primero en
enterarte!
Agoralíngua es la academia de portugués de
referencia en España
18 años enseñando y 14 años siendo Centro
Oficial Examinador
En Agoralíngua encontrarás una amplia variedad de
cursos de portugués, niveles, días y horarios. 
Elige el curso de portugués que mejor se adapte a ti.

As terras com os nomes mais estranhos


de Portugal
Há lugares em Portugal com os nomes mais estranhos que possamos imaginar. Sabe onde
ficam, por exemplo, Vila Nova do Coito, Vale da Rata ou Picha?

 Copy Desk
 -
 29/12/2017 

Portugal, apesar de ser um país pequeno, tem muita história e muitos locais
dignos de se visitar. Quer seja pelos monumentos, quer seja pela gastronomia,
quer seja pelo clima ou até mesmo pelo nome incomum que determinada terra
tem. Venha daí conhecer 84 terras portuguesas com os nomes mais estranhos
e engraçados!

Aliviada Marco de Canaveses


Amor Leiria
Anais Ponte de Lima
Angústias Paredes de Coura
Às Dez Angra do Heroísmo
Bagaceira Calheta
Bexiga Tomar
Bicha Gondomar
Bicho Santo Tirso
Bolência Paredes de Coura
Cabeçudos Marvão
Cabrão Ponte de Lima
Cabrões Santo Tirso
Cama Porca Alhandra
Campa do Preto Maia
Carne Assada Sintra
Casal de Água de Todo o Ano Abrantes
Casal do Grêlo Figueira da Foz
Catraia do Buraco Belmonte
Cemitério Paços de Ferreira
Chiqueiro Lousã
Coito (Várias)
Colo do Pito Castro d’Aire
Coxo Vila da Praia da Vitória, Oliveira de Azeméis e Felgueiras
Crucifixo Tramagal
Decide Vale de Cambra
Deserto Alcoutim, Coruche e Estremoz
Endiabrada Aljezur e Odemira
Esgaravatadouro Monchique
Filha Boa Torres Vedras
Focinho de Cão Aljustrel
Garanhão Ponte da Barca
Hospícios Azeitão
Imaginário Caldas da Rainha
Jerusalém do Romeu Mirandela
Lavacolhos Fundão
Malavado Odemira
Máquina Cabeceiras de Basto
Mata Mouros Vila do Bispo
Mata Porcas Lagos e Monchique
Monte dos Tesos Avis
Namorados Castro Verde e Mértola
Orelhudo Coimbra
Paitorto Mirandela
Paixão Celorico de Basto e Vieira do Minho
Paraíso (Vários)
Passado Vila Verde
Pedaço Mau Vila Nova de Ourém
Pés Escaldados Arganil
Picha Pedrógão Grande
Pintalhos Macieira de Cambra
Pobreza Caminha
Ponta Lajes das Flores e Porto Santo
Porca Ponte de Lima
Presa dos Mouros Lagoa
Purgatório Albufeira
Quartos Vila Verde e Loulé
Quinta de Comichão Guarda
Quinta do Himalaia Barreiro
Rabo de Porco Penela
Rato Barcelos e Vila Nova de Famalicão
Ratoeira Vila Nova de Cerveira
Rego do Azar Ponte de Lima
Rio Seco dos Marmelos Ferreira do Alentejo
Senhora do Alívio Baião
Senhora do Vencimento S. João da Pesqueira
Sítio das Solteiras Tavira
Terra da Gaja Lousã
Traseiros Oliveira de Azeméis
Vacalouras Castanheira de Pêra
Vaginha Vagos
Vale da Rata Almodôvar
Vale de Mortos Beja
Venda da Gaita Pedrógão Grande
Venda da Porca Estremoz
Venda das Pulgas Mafra
Venda das Raparigas Alcobaça
Venda dos Pretos Leiria
Vergas Vagos
Vila Nova do Coito Santarém
Vilar dos Prazeres Ourém
Vinha da Desgraça Coruche
Volência Paredes de Coura

Endovélico, Navia e Turiacos: os deuses da religião dos


Lusitanos
por admin
A mitologia portuguesa é herdeira de um caldeirão de povos e culturas, com mitologias
bastante diversas entre si, que deixaram um fértil legado imaginário. A mitologia
portuguesa engloba o conjunto de narrativas maravilhosas e lendas sobre personagens e
suas façanhas, fenómenos naturais e objectos extraordinários ou regiões fantásticas, com
características sobrenaturais, transmitidas de geração em geração, no decorrer dos
séculos, tanto no campo literário como no da tradição oral.

A mitologia portuguesa tem como base a mitologia dos povos autóctones da Lusitânia pé-
romana, legado este que não sobreviveu à conversão para o cristianismo, no entanto é
possível que alguns elementos tenham sido preservados, e cristalizados, nos contos e
tradições populares. A Mitologia lusitana que nos chega sob a forma de testemunhos
esculpidos na pedra, revela a existência de uma miríade de divindades das quais se
destacam Atégina, Bandua e Endovélico.

Após a conquista romana da península Ibérica e subsequente romanização, fruto de um


lento processo de aculturação mais evidente a partir do século II d.c, os nomes das
divindades indígenas são frequentemente latinizados pela sua similitude fonética ou
simplesmente associados, pela similitude das funções e qualidades, aos deuses greco-
romanos como por exemplo se verifica com o Ares Lusitani ou o Mars Cariocecus.

O culto dos deuses romanos foi divulgado, principalmente, pelos burocratas da


administração central e pelos militares. No entanto, Roma parece não ter imposto os seus
deuses e práticas religiosas ás populações locais o que terá permitido uma certa tolerância
ás crenças indígenas,que fez com que se desenvolvessem, de forma natural, fenómenos
de aculturação, embora nos meios rurais, nas zonas mais afastadas dos grandes centros
urbanos, os fenómenos de aculturação tivessem tido ritmos mais lentos o que favoreceu a
permanência dos cultos indígenas e quase nenhuma influência romana nestas áreas.

Outras fontes importantes foram os autores greco-romanos que registaram algumas


lendas como a do rei Luso fundador da Lusitânia , a lenda da fundação de Olissipo por
Ulisses , ou a presença de nereidas e tritões na margem do rio Tejo.

A tolerância religiosa, irá deixar de existir ainda durante o Império Romano. Os cultos
pagãos acabaram por ser proibidos motivados por interesses de ordem político-religiososa
por parte do clero cristão a partir do momento em que o Império Romano assumiu o
cristianismo como sua religião.

No contacto ente o paganismo e o cristianismo supõe-se que haja indícios de ter havido
em alguns casos uma sobreposição de cultos, nomeadamente no culto à deusa Atégina
que parece ter sido substituído pelo culto a Santa Eulália de Mérida, perseguida no
período de Deocleciano, pela similitude dos epitáfios dedicados a ambas.
No século VI é evidente a existência de deidades pagãs «uns adoravam o sol, outros a lua
ou as estrelas, outros o fogo, outros a água profunda ou os mananciais, acreditando que
todas estas coisas não tinham sido criadas por Deus para uso dos homens, mas que tendo
nascido por si mesmas eram deuses». Diversos mitos e lendas foram criados durante a
época histórica da criação da nacionalidade e a sua elaboração foi ganhando contornos
mais elaborados ao longo das gerações.

Os mitos portugueses integram diversos tipos de narrativas, que nos revelam os aspectos
da imaginação nacional portuguesa concentrada em torno do ciclo da da vida e da morte e
das forças da natureza, com origem em diversas fontes: O corpus mítico português
contínua a constituir-se e densificar-se. Desde o século XIX que importantes contribuições
foram feitas na recolha de contos, lendas e folclore.

Alguns Deuses dos Lusitanos


 Atégina

Deusa Tripla: da Natureza, da Cura e Infernal. Identificada pelos romanos por Prosepina,
daí ser considerada mais tarde, de Deusa Infernal, que desaparece no Submundo para
depois renascer. Deusa de Turóbriga (Betúria Céltica), sede do seu culto, provém do
céltico Ate- (irlandês antigo Aith) e gena, que significa Renascida , sendo uma Deusa da
fertilidade e dos frutos da terra, que renascem todos os anos, portanto ligada à Terra e ao
Renascimento.

Era-lhe também prestado um culto devotio, que consistia em invocar, através de certas
fórmulas, divindades para prejudicar alguém (da simples praga até à morte). Era, contudo,
também Deusa Curadora, como comprovam muitas inscrições. Tal como Endovélico,
poderá ter sido a divindade principal de uma Trindade, a sul do Tejo, juntamente com um
Arenito (Deus da Força) e de Quangeio(?) (Deus da Fertilidade).

 Ares Lusitani
Deus adorado a Norte do Tejo. Os Lusitanos, segundo Tito Lívio e Estrabão, sacrificavam
um bode e cavalos de guerra. É possível que exista uma estreita analogia entre a iniciação
cavaleiresca e a simbólica do cavalo como veículo da demanda espiritual. Neste sentido, o
cavalo era o símbolo do guerreiro, daquele que se eleva ao céu pelo seu triunfo ou pelo
seu sacrifício.

 Bandonga

Deusa conhecida por uma inscrição que contém uma interessante referência a um
indivíduo de nome Celtius, podendo aqui referir não tanto um nome próprio mas mais um
nome de proveniência étnica, isto é, “dos Celtas”. O nome da Deusa parece comprovar
esta teoria, pois Band significa em celta “ordenar” ou “proibir”, mas também um prefixo
feminino (ainda hoje usado na Irlanda, com por exemplo em Banshee).

Bormanico
Deus ou Génio tutelar das águas termais; equivalente a Esculápio. O seu nome significa
“faço ferver”, isto é, a água que brota nas caldas. Esta entidade pode ter um carácter
iniciatório. Com efeito, «na água tudo se “dissolve”, toda a “forma” se desintegra, a toda a
“história” é abolida (…) A imersão equivale, no plano humano, à morte e no plano cósmico,
à catástrofe (dilúvio) que dissolve periodicamente o mundo no oceano primordial (…) As
águas possuem a virtude da purificação, de regeneração e de renascimento, porque
mergulhado nela “morre” e, erguendo-se das águas, é semelhante a uma criança sem
pecados e sem “história”, capaz de receber uma nova revelação (Eduardo Amarante,
1991).

 Cariocecus

Deus Lusitano da Guerra, equivalente a Marte (Ares). Segundo Estrabão, “ofereciam um


Bode e os prisioneiros e cavalos (de guerra?)”. Como é sabido, os Lusitanos: “Tinham
presságios da inspecção das vísceras dos prisioneiros de guerra, para o que os cobrem
com saios…; cortando a mão direita dos cativos, consagram-nas aos Deuses”.

 Durbedicus

Nome decomposto em Durb (irl. ant. drucht, “orvalho”) + ed + icus, estes últimos sufixos
comuns entre os celtas. Seria assim, “o Deus que goteja”, ou seja, um Deus ligado à água,
de uma fonte ou do rio Avus, que passa perto de Ronfe, onde a inscrição foi encontrada.

 Endovélico

O mais conhecido dos Deuses Antigos da Lusitânia, semelhante ao Deus celta Sucellus
(lê-se Suke-los) de cujo o culto existem vestígios. O seu templo no outeiro de S. Miguel da
Mota, perto de Terena no Concelho do Alandroal, no Alentejo, foi estudado
abundantemente. Investigações recentes mostram que Endovellico está presente numa
área geográfica maior do que se julgava e revelaram inclusive novos locais de culto de
origem nitidamente indo-europeia, pelo que a atribuição de Endovellicus aos celtas é por
muitos aceite.

Leite de Vasconcelos explicou que o nome céltico Andevellicus, compara-o com nomes
galeses e bretões, dando-lhe o significado “o Deus Muito Bom” curiosamente o mesmo
espíteto do deus irlandês Dagda. Atribui-se-lhe a característica de Deus tópico do outeiro
onde seu culto se realizava e também de um Deus da Terra e da Natureza. De origens
antigas, foi no período celta que melhor se definiu (e daí o seu nome céltico), tendo os
romanos prestado homenagem e culto, como se comprova pelos numerosos ex-votos por
eles deixados.

Endovélico poderá ter sido o Deus principal de uma Trindade juntamente com Atégina e
um Runesocesius. As provas arqueológicas remetem-nos para uma divindade do mundo
subterrâneo dotada para a profecia e protectora da vida após a morte. Arcanjo Miguel
assume, posteriormente, o papel de Endovélico, como patrono de Portugal (Lusitânia).

 Mars Cariociecus
Divindade local, cujo culto se fazia na região da Galiza (Tuy). Leite de Vasconcelos
esgrime entre a hipótese do elemento cario provir do celta corio que significa corpo de
tropas.

 Navia ou Nabia
Deusa tal como Tongoenabiagus, é uma divindade da Água, associada a rios, pois existem
vários com esse nome em alguns lugares em que apareceram as inscrições onde também
passam rios. Significa “água corrente”

 Nantosvelta (Gaulesa)
Deusa da Natureza; esposa de Sucellus.

 Runesocesius

Deus da região eborense referido como Runesus Cesius, sendo a segunda partícula um
epíteto. Atribuem-lhe origem céltica e significa “O Misterioso” do irlandês antigo Run-,
“mistério”, e/ou de “armado de dardo”, que seria o seu epíteto segundo um mote celta.
Ora, “O misterioso” pode ser considerado “O Deus”, sendo assim Runesocesius “O Deus
dos Dardos” ou “O Misterioso armado do Dardo”. O seu carácter guerreiro é indiscutível.

 Sucellus (Gaulês)
Deus da Agricultura, das Forestas e das bebidas alcoólicas (é muitas vezes representado
a carregar um barril de cerveja, (suspenso numa estaca), e um martelo de Deus. A sua
consorte é Nantosvelta.

 Tongoenabiagus
Deus da(s) fonte(s) dos juramentos, (o seu nome significa Deus da fonte que se jura).
Existe na cidade de Braga uma fonte dedicada a este Deus, pelas promessas feitas junto
da mesma. Compreende-se, portanto, que se fizeram juramentos por Ele, junto da fonte(s)
da sua Invocação. E quem jurava, diria pouco mais ou menos o que num texto antigo da
Irlanda acerca do festim de Bricriu (Fled Bricrend) se diz: “tong a toing mo thuath” (juro o
que jura o meu povo). Compreende-se assim, que se fizessem juramentos por
Tongenabiago, junto da fonte da sua invocação.

 Trebaruna 

Divindade inicialmente doméstica, passando depois para a sua função mais conhecida de
Deusa Guerreira, da batalha e da morte em batalha. Muitas inscrições referem-se a esta
característica da nossa deusa. O nome, explica-o d´Arbois de Jubainville, eminente celtista
do princípio do século, porTrebo + runa, isto é, “Segredo da casa”.

 Turiacus

Divindade dos Gróvios (povo de Entre-o-Douro-e-Minho), decompõe o nome em Turius +


acus, e compara-o com uma inscrição irlandesa (Tor í rí no tighearna). É um Deus
Poderoso, relativo ao poder, pois tor, significa, Rei ou Senhor.

10 segredos de Lisboa que vai gostar de contar aos seus amigos


por admin
 
A cidade de Lisboa conta já com vários séculos de idade e com várias vida: já foi moura,
foi conquistada, por o centro das descobertas do novo mundo, foi destruída por um terrível
terramoto, reergueu-se das cinzas, transformou-se em centro comercial, cultural e político
e hoje está nas bocas do mundo por causa do turismo. Mas apesar de ser uma cidade
muito conhecida, possui ainda muitos segredos por desvendar. E esses segredos são
desconhecidos mesmo pela grande maioria dos lisboetas que todos os dias cruzam as
ruas da cidade e nem imaginam as histórias que escondem as portas, as janelas, as
varandas, as estátuas.

Esta é uma viagem pela Lisboa desconhecida e pelos encantos que a capital de Portugal
possui em cada recanto. Venha descobri-los e conheça 10 segredos de Lisboa que o vão
encantar (mesmo que seja Lisboeta).

1. O Largo de Camões já teve um palácio?


O Largo Luís de Camões alberga um monumento oitocentista, da autoria de Victor Bastos,
que tem oito ilustres personalidades da História de Portugal. São eles: Fernão Lopes,
Pedro Nunes, Gomes Eanes de Azurara, João de Barros, Fernão Lopes de Cantanhede,
Vasco Mouzinho de Quevedo, Jerónimo Corte-Real e Francisco Sá de Menezes. Onde,
hoje, se encontra este largo e o parque de estacionamento, existia, antes do terramoto de
1755, um importante palácio. Aliás, aquando da construção do parque foram descobertas
ruínas dos Casebres do Loreto (século XIX) e estruturas do Palácio do Marquês de
Marialva (de meados do século XVII). De forma a manter parte dessa história ainda viva,
as escadas de acesso ao parque de estacionamento têm fotografias antigas que mostram
as ruínas, o espólio encontrado e os trabalhos de construção.

 2. Hospital de Bonecas


Na Praça da Figueira, em Lisboa, está, muito provavelmente, um dos últimos Hospitais de
Bonecas do Mundo. Além da pequena loja, que vende bonecos antigos e actuais, existe no
primeiro piso, o verdadeiro hospital de bonecas, onde as mesmas podem ser arranjadas, e
o museu. Pode visitar o hospital e o museu, composto por sete salas onde estão peças
muito antigas e bonecos que, juntos, acabam por mostrar a história do brinquedo em
Portugal e no mundo. 

3. Estátua do cauteleiro que dá sorte


No Largo Trindade Coelho, está uma estátua de um cauteleiro e dizem que dá sorte
passar a mão na cautela de lotaria – que até se vê que está desgastada e tem uma cor
diferente! A peça escultórica é da autoria de Fernanda de Assis e é uma homenagem aos
cauteleiros. Foi inaugurada em 18 de Novembro de 1987, data em que a Lotaria Nacional
comemorava 204 anos. A estátua mede 1,78m de altura e é feita de bronze.

4. Estátua do ardina e busto fundador do DN


É no jardim de S. Pedro de Alcântara que está muito provavelmente a maior homenagem
aos jornais portugueses, em Lisboa. No mesmo espaço vai encontrar a pequena estátua
do ardina (descalço), junto ao busto de Eduardo Coelho, um dos fundadores do vetusto
jornal Diário de Notícias. Ambas as peças foram inauguradas em 1904 e são da autoria de
António Augusto da Costa Mota (tio) e pedestal da autoria do arquitecto Álvaro Machado.

5. O pátio árabe da Casa do Alentejo


Este espaço, também apelidado de Palácio Alverca tem um restaurante – e chá dançante
ao domingo – de comida alentejana, pois claro. Fica na Rua das Portas de Santo Antão,
58, Lisboa. O edifício é de fim do século XVII, mas aqui já funcionou, em 1919, o famoso
casino Club Majestic (também bar, restaurante e pista de dança). E o segredo deste
espaço? O seu maravilhoso pátio árabe que nos põe num cenário quase-marroquino! Tão
bonito!

6. Ruínas no Palácio do Governador


Em Belém, o Palácio do Governador (que agora é hotel) tem, à entrada, ruínas romanas,
que pertenciam a uma antiga fábrica de garum, ou seja, o tradicional molho de peixe. O
edifício, que foi a casa do governador da Torre de Belém, Gaspar de Paiva, no século XVI,
tem no interior azulejos antigos e ainda vestígios de uma capela ( e coro alto) no interior da
casa.

7. De onde vem o nome Alfama?


O Largo das Portas do Sol tem um dos mais bonitos miradouros de Lisboa, com Alfama
aos nossos pés. E porque se chama Alfama? Na época romana, as águas desta área
tinham propriedades termais, com nascentes de água quente e fria. E daí vem o nome: do
termo al-hamma, que significa nascente de água quente.

8. Na rua onde Colombo casou


Actualmente, é o Santiago de Alfama – Boutique Hotel, mas, este edifício de origem
quinhentista, já foi o Palácio dos Castros. Reza a história que Cristóvão Colombo casou na
mesma rua do hotel (Rua de Santiago).

9. Porque se diz résvés Campo de Ourique?


Na altura do grande terramoto de 1755, e da grande destruição da cidade, a área de
Campo de Ourique ficou intacta. Daí o “résvés Campo de Ourique” ter passado a ter o
significado de “à justa” ou “por um triz”.

10. Azulejos com navio de guerra


Fica no Jardim Júlio de Castilho, junto a um dos mais bonitos miradouros da cidade:
Miradouro de Santa Luzia. O painel de azulejos, de 1939, cobre parte de uma parede e
mostra a cidade de Lisboa, vista a partir do rio, com embarcações típicas. Mas, o que mais
sobressai é um navio de guerra no centro da imagem. Autor do desenho: Martins Barata;
pintura: Victoria Pereira.
Ocho lugares donde probar
comida típica portuguesa
en Madrid
By Comunicación27 de diciembre de 2017Cultura, Noticias

Inicio » Ocho lugares donde probar comida típica


portuguesa en Madrid
No solo de estudiar vive el hombre y como repetimos muchas veces no
hay mejor forma de aprender portugués que conociendo la cultura y las
costumbres de los países de habla portuguesa y como no, la gastronomía
es muy buen método, aunque seamos sinceros, realmente su fin sea más
bien llevarnos algún manjar a la boca y pasar un buen rato entre amigos.
Con motivo además de estas fechas de comidas y cenas de amigos,
familia y empresas nunca está de más conocer ocho buenos sitios en
Madrid en los que disfrutar de cocina típica portuguesa.
Restaurante Tras o montes
El restaurante Tras o montes está situado en la calle de la Senda del infante 28 y son
especialistas en bacalao a portuguesa plato del que cuentan con más de 25 recetas que
van desde los platos más tradicionales hasta los más innovadores con recetas propias del
local y con una extensa carta de vinos portugueses. La historia de este local se remonta
al año 1993 cuándo nació con el nombre de Don Sol, su veteranía lo hace ser uno de los
más famosos de Madrid.

Calle de la Senda del Infante, 28, 28035 Madrid


Sitio Web y reservas
O Trasmontano
Este restaurante situado en el barrio de Montecarmelo es el hermano pequeño del Tras o
montes, sin embargo se diferencia de este en que su estilo es moderno e innovador
frente al estilo tradicional del otro local compartiendo con él la misma carta y calidad,
está decorado por un retrato de Fernando Pessoa sobre azulejos que aporta al local un
ambiente elegante y agradable para disfrutar de cualquiera de sus fabulosos platos.
Avda. Monastero de Silos, 11, (entrada por Avda. Monasterio del Escorial
6), 28049 Madrid
Sitio Web y reservas
Pastelería Lisboa
Situada en la calle Ortega y Gasset 55 la Pastelería Lisboa es catalogada por muchos
como un trocito de Lisboa en Madrid y presumen de tener los mejores dulces de Belén
fuera de Portugal. El local está decorado con multitud de fotos de Lisboa y frente a la la
moda creciente de la apertura de pastelerías portuguesas en Madrid, consecuencia como
ya hablamos en otros artículos de que de un tiempo a esta parte portugal está de moda,
la pastelería Lisboa sigue apostando por la calidad para mantener su fama difícilmente
igualable.
Calle de José Ortega y Gasset, 55, 28006 Madrid
Página de Facebook de Pastelería Lisboa
Restaurante portugués Mesón del bacalao
De reciente apertura y situado en pleno centro de Madrid muy cerquita de la Plaza
España nos encontramos con un tranquilo restaurante portugués, el Mesón del bacalao.
Un lugar perfecto gracias a su ubicación para probar buena comida portuguesa
especialmente para los amantes del bacalao y para aquellos que vengan unos días de
visita a Madrid, su ubicación también lo hace un sitio ideal para cenar con amigos por el
centro. Presumen de ofrecer comida portuguesa de calidad y 100% fiel al estilo
tradicional.

Calle Reloj, 16, 28013 Madrid


Sitio Web y reservas
La Portuguesa Taberna
También por el centro de Madrid en este caso zona de Argüelles tenemos La Portuguesa
Taberna quienes también presumen de comida excelente y típica de Portugal
especialmente como no el bacalao, los arroces y los postres. También tiene una buena
variedad de cervezas portuguesas y ofrecen un lugar pequeño y acogedor donde
disfrutar de buena comida y deliciosos postres, por su ubicación es una muy buena
opción para comer o cenar en fin de semana.

Calle Juan Álvarez Mendizábal, 39, 28008 Madrid


Sitio Web y reservas
KIP pollo al carbón
Otro plato tradicional portugués además del bacalao es el pollo a la brasa o pollo al
carbón y también tenemos la suerte de poder disfrutarlo en Madrid. Situado cerca del
metro de Goya está KIP pollo al carbón todo un descubrimiento qué ofrece toda una
amplia variedad de platos de pollo para los amantes del pollo al carbón portugués,
además Admiten pedidos online por lo que si residís por la zona es una excusa perfecta
para probarlo.

Calle Duque de Sesto, 31, 28009 Madrid


Sitio Web y pedidos
Restaurante Paullus
Quiénes residan en la zona norte de Madrid pueden disfrutar en Alcobendas del
restaurante de comida típica portuguesa Paullus, un sitio tranquilo bien acondicionado y
de platos buenos y caseros que aseguran nos trasladarán por un viaje a Portugal de norte
a sur gracias a su amplia carta de platos tradicionales entre los que se pueden encontrar
la grelhada de pescado y suculentas mariscadas, también organizan noches de fado.

Paseo de Valdelasfuentes, 9, 28100 Alcobendas, Madrid


Sitio Web y reservas
Restaurante O’Fado Navacerrada
También en la zona norte de Madrid pero en este caso en el precioso entorno de la sierra
de Navacerrada se encuentra el restaurante O’Fado un local de comida tradicional
regentado por una familia portuguesa. Otro fantástico lugar en el que disfrutar de ricos
platos de comida tradicional y casera entre los que podemos encontrar  pulpo a
lagareiro, empanada casera de bacalao con pasas, arroces caldosos, almejas a bulhao y
hasta chipirones del Algarve al calor de una chimenea. Un lugar perfecto para
acompañar una escapada a la sierra.

Calle Doctor Julio González Villasante, 8 28491 Navacerrada (Madrid)


Sitio Web y reservas
Siempre es agradable conocer sitios típicos portugueses y por Madrid
tenemos la suerte de tener multitud de ellos donde pasar un día agradable
o inclusive hacer una ruta probando los distintos platos tradicionales de
un sitio y otro.
Y nuestros amigos portugueses ¿nos recomendáis algún otro lugar que
no aparezca en este post?
Caravelas, Naus e Galeões Portugueses: o choque
tecnológico do século XVI
por admin

Portugal, a sudoeste da Europa, com a sua faixa litoral voltada para o Atlântico, era a
geografia mais central no mundo e portanto propícia à navegação. O país voltou-se para o
mar e lançou-se na Expansão Marítima. Há mais de 500 anos, a Tecnologia
Portuguesa consolidou e aperfeiçoou instrumentos como cartas náuticas, roteiros de
viagens, agulha de marear (bússola), naus e caravelas.

Caravela

A caravela, um barco de maior calado que a barca. Possuía dois mastros e velas
triangulares (panos latinos). Era veloz e, e o mais importante, navegava à bolina. A
Tecnologia Portuguesa descobriu e desenvolveu a primeira embarcação adequada à
exploração oceânica. Os navegadores portugueses passaram a orientar-se pelos astros
(Sol e outras estrelas) – inventando a navegação astronómica, com o aperfeiçoamento de
instrumentos como o  Astrolábio e o Quadrante; além disso, transformaram o Báculo de
Jacob na Balestilha.

Estes instrumentos de precisão permitiram pela primeira vez na história da humanidade a


determinação de uma localização exacta, mediante rigorosos cálculos matemáticos. As
medições rigorosas das distâncias, as anotações das características da costa e outras
informações eram transmitidas pelos marinheiros aos cartógrafos, que desenhavam
mapas cada vez mais rigorosos. Os portugueses fizeram o aperfeiçoamento da
instrumentação e cartografia em todo o mundo.

Nau Portuguesa

Aliando inovadoras embarcações e instrumentos de navegação, a coragem e ousadia dos


navegadores portugueses serviram o objectivo de dar novos mundos a conhecer ao
mundo. A época dos Descobrimentos constitui a passagem de um mundo a outro, da
Europa a toda a Terra. Portugal foi o pioneiro da globalização.

É a época em que os esquemas tradicionais são ultrapassados, em que se reconhece que


é necessário prestar atenção à observação; é ainda a época onde muitos mitos se
desvanecem. Os descobrimentos científicos determinaram uma mudança radical na
concepção da Terra e do Universo. Os Descobrimentos Portugueses foram a principal
causas e consequência do Renascimento, dada a vontade crescente do Homem de
conhecer o mundo e por este apregoar o seu conhecimento.
Homens como Gil Eanes, ultrapassaram pela primeira vez o Cabo Bojador, Bartolomeu
Dias o Cabo da Boa Esperança, Vasco da Gama pela primeira vez descobriu o caminho
marítimo para as Índias ou Pedro Álvares Cabral que descobriu o continente americano,
abrindo caminho a Cristovão Colombo, são os ousados protagonistas das grandes
descobertas marítimas que exigiram novos métodos de investigação científica, baseados
na observação directa e nas experimentação.

Marinha de Guerra Portuguesa

É Portugal que lidera os avanços da técnica, constrói inovadoras embarcações e


aperfeiçoa instrumentos que sustentam a vontade do homem para dominar a natureza e o
mundo. Portugal, é o país mais importante no desenvolvimento da Europa, sendo de
primordial importância os seus contributos para o desenvolvimento científico da
humanidade, nomeadamente na botânica, medicina, astronomia; cartografia; matemática;
geografia e antropologia.

Ao longo dos séculos, outros portugueses como Serpa Pinto ou Hermenegildo Capelo,
Gago Coutinho deram continuidade ao ADN genuinamente português de inovação,
audácia e desenvolvimento. Hoje, Portugal é um dos países que mais utiliza e implementa
novas ferramentas e tecnologias de informação.

Encontra-se nos primeiros lugares do ranking mundial de e-government, e-banking  e


acessibilidade ao mundo digital. Portugal é um conceituado fabricante de plataformas de
software, implementadas por todo o mundo, com especial destaque na lusofonia, um
mercado com mais de 260 milhões de pessoas.

Galeão Santíssima Trindade

A tecnologia portuguesa, foi nos últimos 600 anos, e continuará a ser uma das mais
importantes no desenvolvimento da Europa e do mundo.

Um documentário feito há algum tempo mostra perfeitamente como Portugal estava à


frente da tecnologia nos descobrimentos, estávamos ao mesmo nível de quem fabrica hoje
as naves espaciais que viajam ao Espaço.

Um documentário feito há algum tempo mostra perfeitamente como Portugal estava à


frente da tecnologia nos descobrimentos, estávamos ao mesmo nível de quem fabrica hoje
as naves espaciais que viajam ao Espaço.

Como vários especialistas na matéria afirmam, o impacto desta inovação transformou


Portugal na principal potência marítima e económica do século XVI.

Botafogo
Pese o facto deste documentário ter já alguns anos, a verdade é que o seu conteúdo
mostra perfeitamente o que era o desenvolvimento tecnológico deste país plantado à beira
mar e de brandos costumes. Passamos da maior potência mundial há uns séculos para
um país que se recolheu às suas fronteiras.

Como é referido no documentário, quando se lê um livro de História espanhol, inglês,


francês ou holandês, as referências ao papel desempenhado pelos portugueses na época
dos descobrimentos são insignificantes. É importante recolher os dados históricos e
compilar a história tal como ela se passou, sem atropelos de factos que podem mudar a
visão mundana de quem entende não sermos líderes no mundo da tecnologia.

Quando estes testemunhos históricos são recolhidos através da opinião dos melhores
historiadores mundiais e os resultados foram surpreendentes.

Como era a vida a bordo das Caravelas?


A construção das caravelas eram executadas a beira do Tejo na Ribeira das Naus junto ao
Palácio Real, onde trabalhavam os mestres de carpinteiros os quais não se serviam de
planos, nem de desenhos técnicos. Porém, através das suas experiências, sabiam
exactamente as medidas mais equilibradas e como deviam proceder para que o navio
funcionasse com perfeição.

Eles dirigiam equipas que eram compostas de aprendizes de carpinteiros e os calafates a


quem competiam a aplicação de betume entre as tábuas para suas impermeabilidade, os
ferreiros e fundidores que fabricavam as peças e objectos de metais, os veleiros que
fabricavam as velas, os cordeiros que fabricavam os cabos e cordas e os tamoeiros que
cuidavam da fabricação das pipas para o transporte da água, dos vinhos, dos alimentos e
a maior parte da carga.

Nau

O material empregado na construção da caravela eram os seguintes: para o casco eram


utilizada as madeiras de pinho, carvalho, castanheiro e sobreiro, para a calafetagem do
casco era empregado estopa, breu, pez, resina e alcatrão, para os mastros eram
empregado as madeiras de pinho do norte da Europa, as velas eram confeccionada em
linho ou lona, as cordoarias eram feitas com esparto ou linho e as peças fundidas eram
empregado os seguintes matérias como o ferro, aço, chumbo, estanho, cobre e latão.

A caravela possuía um casco estreito e fundo e por isso ela possuía uma grande
estabilidade. Por baixo do convés havia um espaço que servia para transportar os
mantimentos, o castelo que era os aposentos do capitão e do escrivão se localizava na
popa do navio. Porém a grande novidade deste navio foi a utilização das velas triangulares
em mar aberto, as quais permitiam que a caravela avançasse em zig-zag mesmo com
ventos contrários.

Nau

As caravelas não possuíam os mesmos tamanhos: as pequenas levavam entre vinte e


cinco a trinta homens e as maiores chegavam a levar mais de cem homens a bordo.
Geralmente a tripulação era formada por marinheiros muitos jovens e os capitães podiam
ser rapazes de vinte anos de idade. Eles eram o chefe máximo, que tinham a competência
de organizar a vida a bordo e tomar as decisões sobre as viagens enquanto que o escrivão
tinha a competência de registar por escrito o rol da carga.

O piloto encarregava-se da orientação do navio. Geralmente viajava na popa do navio com


os seguintes instrumentos: uma bússola, um astrolábio e um quadrante. Ele orientava os
homens do leme que manejavam o navio de acordo com as instruções do piloto e do
capitão e em dia de mar revolto era necessário dois homens ao leme do navio.

Caravelas

O homem da ampulheta era o marinheiro que vigiava o relógio de areia para saberem as


horas. Os marinheiros a bordo das caravelas tinham que fazer todos os tipos de serviços,
desde içar, manobrar e recolher as velas, esfregar o convés, carregar e descarregar a
carga e outras fainas a bordo. Os grumetes eram constituído na sua maioria por rapazes
de dez anos de idade que iam a bordo para aprender e fazer as rotinas das viagens.

As 8 viagens de comboio mais bonitas da Europa (1 é


portuguesa)
por admin

Dos lagos cor de esmeralda da Alemanha, à região vinhateira de Portugal ou à magia de


Harry Potter e aos cenários encantados da Itália, sem esquecer as tulipas holandesas ou
os majestosos Alpes. Viajar de comboio já não tem o encanto que tinha há algumas
décadas, quando as máquinas eram movidas a vapor e cruzavam montes, vales e pontes,
serpenteando de localidade para localidade. No entanto, apesar da modernização,
continuam a existir locais espalhados por toda a Europa onde ainda é possível sentir a
magia de uma verdadeira viagem de comboio. De Portugal à Itália, da Escócia à
Alemanha, descubra as 8 viagens de comboio mais bonitas da Europa.

França: Com vista para Côte d’Azur


Em França, apanhe um dos comboios Marselha e Miramas, assegure-se que consegue
uma lugar junto à janela e aproveite para desfrutar deste incrível espectáculo, com vista
para a costa litoral sul da França. No início da viagem, aproveite a vista para o mar
Mediterrâneo e depois, desfrute da paisagem junto à Lagoa de Berre.

Alemanha: A Selva Negra


O estado de Baden-Württemberg, no sul, é uma das mais bonitas regiões da Alemanha.
Uma das melhores forma de explorá-la é viajando de comboio na Alemanha, no serviço
panorâmico da Deutsche Bahn. A viagem começa em Offenburg (ou Ofemburgo) e termina
em Constança, uma conhecida cidade universitária na Alemanha. Pelo caminho, passará
por Homberg, Donaueschingen e Singen e por bosques e florestas de encantar, junto ao
rio! Todavia, é junto às águas de cor esmeralda do lago de Constança (que além da
Alemanha, rodeia também a Áustria e a Suíça) e com as ilhas de Mainau, Reichenau e
Lindau, à vista que o viajante mais se deslumbra!

Escócia: A caminho de Hogwarts


Clichés à parte, a viagem de comboio de Glasgow a Mallaig. é mágica! Operada pela
ScotRail, este é um comboio que atravessa paisagens incríveis, com lagos, montanhas e
bosques. E quando começar a escutar um burburinho de excitação no comboio, é porque
está prestes a atravessara o Viaduto de Glenfinnan, popularizado nos filmes de Harry
Potter… só faltam mesmo os feijões mágicos, de todos os sabores para a magia se tornar
real!

Espanha: Mediterrâneo à vista!


Apanhe um dos comboios Renfe, a principal operadora de comboios em Espanha e
desfrute da viagem Barcelona – Alicante (ou vice-versa), passando pela cidade de
Valência e sempre com vistas incríveis para o mar Mediterrâneo, um companheiro
constante durante este trajecto! Se viajar com o Euromed, um comboio tipo Trenhotel
(igual aos comboios Lisboa Madrid) a viagem demora menos de cinco horas, já que este é
um comboio rápido e viaja até 200 km/h pela costa espanhola.

Holanda: Rota das Flores


Em 1594, o botânico francês Charles de Lécluse trouxe as primeiras sementes de tulipas
para os Países Baixos e desde aí, que a flor se tornou num dos símbolos holandeses. A
conhecida Rota das Flores, é operada pela companhia ferroviária NS e vai de Haarlem a
Leida, com vistas incríveis para campos coloridos e cheios de flores da Holanda. Uma
dica: opte por viajar depois de Abril, quando as flores começam a abrir e a encher os
campos (e as vistas) de cor.
Itália: As cinco terras
Cinque Terre na Itália é uma viagem obrigatória para os que estão a viajar em Itália. Com
comboios a circularem frequentemente pelas povoações coloridas de Monterosso al Mare,
Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore e com uma vista para o azul do Mar da
Ligúria – uma parte do Mediterrâneo, que banha a Riviera italiana e as ilhas da Córsega e
Elba. Durante a viagem, os passageiros podem sair do comboio e explorar cada uma das
terras, para entrar num outro comboio até uma nova terra. Muitos turistas optam por
começar por Levanto e terminar em Riomaggiore, no entanto a escolha fica ao critério de
cada um.

Portugal: Com o Douro no coração


Inicie a viagem no Porto e deixe-se levar pelo comboio da CP, até ao Pinhão. Pelo
caminho, poderá aproveitar de uma das mais belas viagens de comboio em Portugal, com
o rio Douro como companhia e vistas incríveis para a região do Alto Douro Vinhateiro. Esta
zona há mais de dois mil anos que produz vinhos em Portugal – entre eles, o famoso vinho
do Porto.

Suíça: Vista para os Alpes


Muitos dizem que esta é a mais bela viagem de comboio na Europa! Com paisagens de
cortar a respiração, onde fica difícil dizer qual o momento mais bonito. O comboio Wilhelm
Tell Express da companhia SBB, circula entre Lugano/Locarno e Lucerna, com vistas
espectaculares para os Alpes suíços, combinando a rota com passeio de barco. Se
durante o inverno, o branco predomina; no verão, a paisagem enche-se de cor, com um
verde único e vistas únicas!

Portugal: 8 passadiços quase tão fantásticos como os do


Paiva
por admin

Os já famosos Passadiços do Paiva foram uma das mais geniais ideias na área do turismo
que surgiu em Portugal nos últimos tempos. O sucesso nacional foi imediato e os prémios
internacionais começaram a chegar rapidamente. Ao longo do rio Paiva podemos desfrutar
de vários quilómetros de puro encanto em contacto com a natureza, sempre ao longo do
leito do rio e com várias praias fluviais pelo caminho para fazer uma paragem e relaxar. Os
passadiços do Paiva sofreram um duro revés e parte deles foi consumida por um violento
incêndio mas rapidamente foram recuperados e até ampliados.

Várias zonas do país colocaram em prática a mesma ideia e começaram a construir os


seus próprios passadiços. Brevemente estarão concluídos os Passadiços do Pulo do Lobo
no rio Guadiana, por exemplo. Descubra 8 passadiços que são óptimas alternativas aos
Passadiços do Paiva.

Os mais famosos: Passadiços do Paiva


Os Passadiços do Paiva são, muito provavelmente, os mais conhecidos no país. Pelo seu
arrojo arquitectónico, tamanho, localização, entre muitos outros factores que o colocam
como um destino de passagem obrigatória para quem pretende conhecer os passadiços
em Portugal.

Esta obra-prima situa-se no interior do Arouca Geopark, na margem esquerda do Rio


Paiva, concelho de Arouca, em Aveiro. Quando te fizeres à estrada para vir cá ter, já
sabes: Aveiro é a tua principal referência, pela A1, e Arouca será o foco seguinte. Depois,
deixa o GPS tratar do resto.

Aqui chegado, terás à tua disposição os Passadiços do Paiva. Oito quilómetros de


passadiço com paisagens lindíssimas: descidas de águas bravas, cristais de quartzo ou
até espécies em vias de extinção na Europa. O percurso atravessa duas praias fluviais —
Areinho e Espiunca — havendo ainda, entre estas duas, a praia do Vau. Um autêntico
paraíso!

O passeio pelos Passadiços do Paiva dura sensivelmente duas horas e meia. O nível de
dificuldade é alto, mas a experiência é superior aos períodos complicados — leia-se,
cansaço — que terás durante o percurso.

Além dos Passadiços do Paiva, o Arouca Geopark — reconhecido pela UNESCO como
Património Geológico da Humanidade — confere-te a possibilidade de visitares diversas
aldeias tradicionais, estações de biodiversidade, uma rota de geossítios, museus e
unidades interpretativas.

A zona é bem apetrechada de espaços para passares uma ou mais noites, pelo que não
terás problemas em encontrar alojamento. O turismo rural, dizemos nós, deverá ser a
melhor opção.

1. Passadiços do Sistelo
No Parque Nacional Peneda-Gerês, na região de Arcos de Valdevez, vais encontrar o
Passadiço do Sistelo: tem cerca de dez quilómetros de extensão e percorre as margens do
rio Covo, Alhal e Cerradinha. O passeio vai deixar-te sem fôlego: primeiro, pelas
paisagens, depois pela sua duração, que pode estender-se até às três horas!

Passadiços do Sistelo
O percurso pedestre tem início na aldeia de Sistelo, onde poderás visitar o Castelo — um
dos ex-líbris da pequena localidade — que foi habitado pelo Visconde de Sistelo durante o
século XIX. A Ponte Romana e o Moinho, a Ermida de Nossa Senhora dos Aflitos e as
Capelas de Santo António, São João Evangelista, Senhora dos Remédios e Senhora do
Carmo são locais de passagem obrigatória durante o percurso no Passadiço do Sistelo.

No final, segue até ao Parque de Merendas de Sistelo, faz um piquenique e dorme uma
sesta. Acredita, é o melhor que fazes!

A zona do Gerês tem bastante alojamento, pelo que difícil será escolher entre os vários
espaços de qualidade com vistas de cortar a respiração.

2. Passadiço do Osso da Baleia


Na região centro, em Pombal, vais encontrar o Passadiço do Osso da Baleia. Ao contrário
dos outros dois locais mencionados em cima, aqui vais dar por ti numa praia com o
Atlântico à tua frente. A praia tem o mesmo nome do passadiço que, ao longo da zona
dunar, permite observar a vegetação envolvente.

Para matar tua curiosidade — sim, sabemos que estás a pensar no nome do passadiço e
da praia — aqui vai a explicação de origem popular: no início do século XX, terá aparecido,
neste areal, um esqueleto de baleia. O facto foi testemunhado pelos locais, que batizaram
a zona com aquele nome. E ficou Passadiço do Osso da Baleia.

Já a praia, é detentora de bandeira azul e perfeita para quem gosta de mergulhar em


águas mais ou menos agitadas e… frescas. Prepara-te, isto não são as Caraíbas.

Chegar até cá é fácil: A1, saída para Pombal e, daí, até esta praia. A dormida também é
simples, não fosse esta uma cidade próxima de Leiria e Figueira da Foz.

3. Passadiços do Alvor
Mais a sul, no Algarve, encontrarás o Passadiço do Alvor, em Portimão. São seis
quilómetros de extensão sobre as dunas que unem as praias dos Três Irmãos à Ria de
Alvor. No verão, este passeio deverá convidar-te a um mergulho na praia. No resto do ano,
a ideia passa essencialmente por contemplar toda a paisagem e o extenso areal que o
passadiço abarca.

Além de proporcionar uma caminhada bastante agradável, o Passadiço do Alvor tem ainda
a vantagem de ser um excelente acesso às várias praias. O areal é grande, já o dissemos,
pelo que toda a ajuda pode ser pouca para chegar ao mar ou, no limite, para evitar
queimar os pés na areia nos dias de maior calor.
Se não fores um connoisseur do Algarve e de Portimão, deves colocar “Alvor” no GPS e
vens, com toda a certeza, cá parar.

4. Passadiços do Alamal
Quando a discussão for sobre que passadiço em Portugal melhor conjuga beleza e
facilidade na caminhada, a resposta só pode ser o Passadiço do Alamal, situado em
Gavião, no distrito de Portalegre.

Aqui, poderás percorrer um troço do vale do Tejo — dois quilómetros — sempre junto à
água, enquanto vais observando as várias ilhas perdidas no maior rio português, praias
fluviais ou até a presença das aves que habitam esta região.

O percurso faz-se entre a praia fluvial do Alamal e a ponte de Belver. Ah, quase nos
esquecíamos de dizer que durante esta caminhada irás ver o castelo de Belver que, claro,
pode e deve ser visitado.

Se a tua ideia for ficar alguns dias por aqui, sugerimos que contactes os serviços turísticos
da Câmara Municipal de Gavião.

Para aqui chegares, deves seguir as indicações Portalegre, Gavião e, a partir daqui, Praia
do Alamal. Depois daqui, não será muito difícil encontrares o Passadiço do Alamal e
começares por fim, o teu desejado passeio.

5. Passadiço de Fiães
Na zona do distrito de Aveiro, perto de Santa Maria da Feira, situa-se o Passadiço de
Fiães. É, talvez, um dos menos falados pelos aficionados das caminhadas, mas não deixa
de ser uma bela opção. Afinal, estás perto de cidades como Aveiro — olá, Ovos Moles! —
ou Porto — já marchava uma Francesinha.

Mas antes de introduzires calorias, convém que as tires, pelo que te recomendamos o
passeio de cerca de quatro quilómetros entre uma densa vegetação, curvas e contra
curvas, cascatas e uma enorme variedade de aves, sempre com o rio Uíma como cenário
e companheiro de viagem.

Este, é não uma ótima alternativa aos Passadiços do Paiva, como é também um
passadiço especialmente pouco exigente. Dá-te a oportunidade de mergulhares na
natureza que engole Fiães e Corga do Lobão. Deves ainda visitar uma torre de
observação de aves que vai fazer maravilhas dos amantes de birdwatching (observação
de aves). Se és um, experimenta!
Se após a caminhada a fome apertar e não tiveres tempo de te deslocares às cidades das
Francesinhas e dos Ovos Moles, aproveita os parques de merendas para tapar o buraco
do estômago. Depois, com calma, dás um pulo a Aveiro e, mais tarde, à Invicta.

6. Passadiço da Foz do Arelho


Regressamos ao distrito de Leiria para te falarmos daquele que é, provavelmente, o
passadiço mais original do país: o Passadiço da Foz do Arelho. São apenas 800 metros, é
verdade, mas garantimos que valem a pena.

Este passadiço, construído nas arribas da Foz do Arelho, está estrategicamente localizado
para que contemples o Oceano Atlântico na sua plenitude. O nosso conselho: escolhe o
pôr do sol ou o amanhecer quando visitares o Passadiço da Foz do Arelho. Terás as fotos
mais giras do Instagram — pelo menos durante um dia — isso é garantido.

Caso o Passadiços do Paiva seja longe para ti e se quiseres ser romântico(a), leva a tua
cara metade até ao Passadiço da Foz do Arelho — obra prima da responsabilidade da
arquiteta paisagista Nádia Schilliing — e transporta contigo dois copos e uma garrafa de
vinho. E alguma coisa para comer, pois podes optar por aqui ficar algumas horas a olhar
para o mar.

Chegar até cá é fácil: na A8, sais para as Caldas da Rainha e depois segues as indicações
até à Foz do Arelho. Et voilá!

7. Passadiço Marítimo Gaia - Espinho


Vila Nova de Gaia é conhecida pela sua extensa faixa costeira, com aproximadamente 15
km de areal. É o concelho do país com mais praias ostentando o prémio Bandeira Azul. A
requalificação de toda esta área contemplou a construção de um passadiço em madeira
que permite percorrer a frente de mar livre de trânsito, ligando a praia de Lavadores a
Espinho.

Ao longo da costa, existem vários locais de interesse para além da actividade balnear,
entre os quais se destacam a Capela do Senhor da Pedra, em Miramar, a vila piscatória da
Aguda e finalmente, o lugar da Granja, uma das mais famosas antigas estâncias balneares
portuguesas. O percurso é extenso mas fácil, sendo verdadeiramente espectacular.

8. Barrinha do Esmoriz
Na Barrinha do Esmoriz mora um dos mais recentes passadiços do país — concluído em
2017. Possui oito quilómetros de extensão e une as margens das freguesias banhadas
pela lagoa: Esmoriz, em Ovar e Paramos, em Espinho.
A caminhada pela Barrinha de Esmoriz pode ser realizada com vários objetivos —
destinos, entenda-se — em mente: visitar a praia de Esmoriz e de Paramos, a estação de
comboio de Esmoriz, e a ponte que une aqueles dois municípios. Pelo meio, há também
um posto de observação de aves, mobiliário urbano e pontos de descanso e visita.

A lagoa, as pontes e a vegetação que acompanham a tua caminhada são motivos mais
que suficientes para quereres repetir o passeio pela Barrinha do Esmoriz.

Para aqui chegares, recomendamos a A1, saída para Ovar e, de seguida, ir atrás de tudo
o que indique Esmoriz. Se não estiveres confortável, usa o GPS que te fará chegar a bom
porto. Entenda-se, a Barrinha de Esmoriz.

Os 7 melhores Reis de Portugal (e os 3 piores)


por admin
Quem foram os melhores Reis de Portugal? A análise nunca pode ser objectiva mas, para
elaborar esta lista, tivemos em conta as decisões e as obras de Reis que foram
importantes não apenas na sua época mas também tiveram impacto nos séculos que se
seguiram. Alguns dos melhores Reis de Portugal não são figuras consensuais: veja-se o
caso de D. João II, por exemplo, que apesar de ter sido um dos mais grandiosos
governantes que Portugal já teve, assassinou pessoalmente alguns dos seus familiares
directos, incluindo um irmão da sua esposa, a Rainha D. Leonor. E quem foram os piores
Reis de Portugal? Mais uma vez, a lista não é fácil de fazer, mas foi elaborada tendo por
base decisões desastradas, má governação ou simplesmente uma total incapacidade de
governar.

Os melhores Reis de Portugal


 

1. D. Afonso Henriques
Abram alas para o Pai da Pátria, D. Afonso Henriques (1109-1185). O fundador encabeça
esta lista por mérito próprio: a bravura, capacidade de liderança e sagacidade diplomática
consagraram-no como cabo-de-guerra e chefe político. À frente de um grupo de cavaleiros
minhotos, o filho de Henrique de Borgonha e neto de Afonso VI venceu os apoiantes de
sua mãe, D. Teresa, e tomou o poder no Condado Portucalense, em 1128. Passou o resto
dos seus longos dias (morreu com 76 anos, caso raro numa época em que a esperança
média de vida era inferior a 30 anos) a alargar as fronteiras do território à custa do primo
leonês e do inimigo muçulmano, até ver Portugal reconhecido como reino independente
(por Afonso VII de Leão e Castela em 1143 e pelo papa Alexandre III em 1179, pela
bula Manifestis probatum).
Casou-se em 1146 com D. Mafalda, filha de Amadeu III, conde de Saboia. Além dos sete
filhos que teve com a rainha, incluindo o sucessor, D. Sancho I, D. Afonso Henriques foi
pai de pelo menos dois bastardos: Fernando Afonso, que chegou a alferes-mor do Reino e
grão-mestre dos Hospitalários, filho de Chamôa Gomes; e Pedro Afonso, de mãe
desconhecida.

D. Afonso correspondeu-se com S. Bernardo, que interveio de forma decisiva para


persuadir os cruzados a tomarem parte na conquista de Lisboa aos mouros, em 1147, e foi
amigo de S. Teotónio, do arcebispo de Braga D. João Peculiar — seu braço direito para as
questões diplomáticas –, e do templário Gualdim Pais, mestre da Ordem em Portugal.

À sua volta teceram-se mitos que, de tão coloridos, continuam a concorrer com a realidade
histórica, apesar de haver muito desmentidos: nasceu com as pernas tortas e foi curado
por milagre ou trocado por outro menino pelo aio Egas Moniz que, anos mais tarde, poria
uma corda ao pescoço para o defender; bateu na mãe, que lhe rogou uma praga,
cumprida quando partiu uma perna durante o cerco de Badajoz; teve uma visão
sobrenatural que o ajudou a ganhar a batalha de Ourique, em 1139; foi aclamado rei nas
Cortes de Lamego; impôs a nomeação de um bispo negro…

Ainda hoje D. Afonso Henriques provoca discussões — a tese que aponta Viseu em vez
de Guimarães ou Coimbra como o lugar onde nasceu tem alimentado uma polémica
apaixonada.

2. D. Dinis
A preocupação de D. Dinis (1261-1325) com o povoamento do território e o
desenvolvimento da agricultura valeu-lhe o cognome de O Lavrador. Foi o primeiro rei de
Portugal mais governante do que guerreiro. Os forais que deu a muitas localidades
estimularam a fixação das populações, beneficiando vastas áreas até então incultas,
designadamente na Beira Alta e em Trás-os-Montes.

Ao assinar com Fernando IV de Leão e Castela o Tratado de Alcanizes, em 1297, D. Dinis


fez da fronteira portuguesa “o mais antigo limite político da Europa”, segundo Orlando
Ribeiro.

Deve-se-lhe também a fundação de uma das universidades mais antigas do mundo. Num
documento datado de 1 de Março de 1290, o rei anunciava a criação, em Lisboa, de um
Estudo Geral, com “cópia de doutores em todas as artes e robustecida com muitos
privilégios”, garantindo ainda a protecção aos estudantes. O papa Nicolau IV confirmou a
universidade pela bula De statu regni Portugaliae, de 9 de Agosto do mesmo ano. Ficou
instalada em Lisboa, perto de S. Vicente de Fora, onde ainda hoje fica a Rua das Escolas
Gerais. Em 1308, D. Dinis decidiu transferir o Estudo Geral para Coimbra.
Protector da cultura, o próprio D. Dinis foi poeta. Durante o seu reinado, os documentos
oficiais passaram a ser escritos em português.

A imagem do rei a mandar plantar o pinhal de Leiria, ao mesmo tempo que cantava “Ai
flores, ai flores do verde pino” e já pensava no aproveitamento da madeira para a
construção das caravelas das Descobertas foi um mito ensinado nas escolas do Estado
Novo. Mas essa lenda tem um fundo de verdade: a importância do pinhal de Leiria na
paisagem portuguesa e o fomento da reflorestação no início do século XIV. O rei Lavrador
podia também ser chamado Amigo do Ambiente. E não há dúvidas de que deu um impulso
decisivo à marinha nacional ao contratar o genovês Manuel Pessanha como almirante,
para dirigir as construções navais e organizar a frota, “na paz como na guerra”.

D. Dinis “nacionalizou” as ordens religiosas-militares e, ao criar a Ordem de Cristo (1315),


salvou os templários portugueses da perseguição movida pelo rei de França Filipe IV, o
Belo, e pelo papa Clemente V.

O casamento com D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, em 1282, não refreou os ímpetos
do rei, que gerou pelo menos meia dúzia de bastardos de diferentes amantes. O especial
carinho por um deles, Afonso Sanches, provocou ciúmes ao herdeiro legítimo, o futuro D.
Afonso IV, que por causa disso pegou em armas contra o pai e o meio-irmão. A guerra civil
durou cinco anos e esteve à beira de uma batalha campal, em Alvalade, então um
arrabalde de Lisboa. O banho de sangue terá sido evitado pela Rainha Santa, que,
segundo a lenda, se interpôs entre os contendores.

3. D. João I
Não nasceu para ser rei mas teve um dos reinados mais longos da nossa história: 48
anos. A capacidade de liderança revelada por D. João, mestre da Ordem de Avis (1357-
1433), durante a revolução de 1383, o cerco de Lisboa, em 1384, e a resistência à invasão
castelhana levou os representantes do clero e da nobreza a imitarem o povo e a escolhê-lo
como rei, nas cortes de Coimbra de 1385. Inaugurou uma nova dinastia, confirmou
Portugal como país independente e lançou, em 1415, a expansão ultramarina. Chamaram-
lhe o rei da Boa Memória.

Tudo começou a 6 de Dezembro de 1383, quando D. João, Mestre de Avis, filho bastardo
de D. Pedro I e meio-irmão de D. Fernando, o rei há pouco falecido, entrou, com um grupo
de amigos armados, no Paço de a-par de São Martinho, ao Limoeiro, em Lisboa. Lá
dentro, D. João empunhou um cutelo comprido e desferiu um golpe na cabeça do homem
mais poderoso de Portugal. O conde Andeiro não morreu logo e ainda tentou chegar aos
aposentos da rainha, sua amante, mas um dos homens do Mestre, Rui Pereira, acabou
com ele à espadeirada.
Aos 26 anos, D. João não sonhava com a coroa. Mas temia pela própria vida, pois tinham-
lhe dito que a viúva do seu meio-irmão e o amante desta planeavam matá-lo. Foi por medo
que o Mestre de Avis apunhalou o conde Andeiro. Por essa altura já Lisboa estava em
alvoroço. Perante a insurreição, D. João hesitava. Pensou em fugir para Inglaterra, mas
desistiu. Quando os ricos proprietários e mercadores da capital, pressionados pelos
homens dos ofícios e pela arraia-miúda, lhe declararam apoio, aceitou o título de Regedor
e Defensor do Reino e preparou a resistência ao invasor.

O rei de Castela, Juan I, vinha cobrar a herança de sua mulher, D. Beatriz, filha única de
D. Fernando, que a dera em casamento ao vizinho na sequência da terceira derrota
consecutiva nas guerras entre os dois países. A maioria dos nobres portugueses, com a
rainha Leonor Teles à cabeça, seguiu a lógica feudal e reconheceu a soberania de Beatriz
e do marido castelhano. Mas outros membros da fidalguia e, sobretudo, os burgueses e o
povo pobre opuseram-se-lhe.

Nos dois anos seguintes, Portugal foi palco de batalhas contra o estrangeiro mas também
de uma guerra civil. As Cortes de Coimbra, em Março de 1385, deram razão aos
argumentos do jurista João das Regras e deliberaram que o trono estava vago, sendo
legítimo eleger um novo rei. Por unanimidade, aclamaram o Mestre de Avis com o nome
de D. João I. Mas logo em Agosto seguinte, o novo rei teve que provar ser capaz de
manter a coroa na cabeça. Conseguiu-o com a vitória de Aljubarrota. Governou durante
mais 47 anos. Em 1415 conquistou a cidade marroquina de Ceuta, dando início ao período
da expansão marítima.

O casamento com a inglesa Filipa de Lencastre confirmou a mais antiga aliança do mundo.
Mas D. João I não foi só pai da Ínclita Geração: um dos seus filhos bastardos, Afonso, viria
a ser o primeiro duque de Bragança, antepassado da última dinastia real portuguesa.

História Desconhecida de Portugal: quando Braga foi


capital da Galiza
por admin
Para uns pode soar a um revivalismo falido, porém pode significar hoje uma grande
oportunidade económica e cultural. Muitos galegos certamente conhecerão um pouco da
sua história e saberão que Braga já foi o centro social e político da sua região. Recorde-se
que os romanos fundaram a cidade de Bracara Augusta cerca de 16 a.C., obtendo um
domínio estratégico e económico sobre o noroeste peninsular, que se vem a confirmar
cerca de dois séculos mais tarde, com a elevação da cidade a capital da província romana
da Galécia. E é nesta altura de grande afirmação da cidade que o Império se confronta
com as invasões bárbaras a que os organizados exércitos romanos não resistiram.
Bracara Augusta é invadida pelos Suevos no ano de 409.
É o fim do domínio romano na cidade. Sob o domínio suevo, Braga é granjeada com o
título de capital do reino, tornando-se no centro político e intelectual do noroeste
peninsular, ou seja, da Galiza. Depois deste tempo, Braga foi ainda sede eclesiástica da
Galiza, pelo menos até aparecer o fenómeno Compostela, e se assistir ao nascimento de
uma rivalidade sem precedentes entre as duas capitais religiosas.

Ou seja, a antiga Bracara Augusta (nome romano da cidade de Braga), era a capital da
província Romana da Galécia e, aquando da invasão dos Suevos, tornou-se capital do
Reino Suevo, um reino que, no seu apogeu, incluiu todo o território desde a actual Galiza
até ao actual Algarve, assim como muitas cidades que pertencem agora a Espanha. Mas
afinal, quem eram os Suevos?

Os Suevos foram uma das tribos de origem na Germânia, mais concretamente de entre os
rios Elba e Oder, a migrar para o Império Romano no decurso da segunda metade do
século IV d. C. por causa do avanço e caos provocado pela chegada dos Hunos à Europa.

Assim como a generalidade das tribos bárbaras que migraram durante este período, a falta
de informação escrita sobre a sua história, cultura, política, economia e vida quotidiana
impede a historiografia de compreender melhor a vida deste povo. Essencialmente são os
textos romanos que descrevem esta tribo.

Com o avanço dos Hunos, povo semi-nómada originário da Ásia Central, várias tribos


Germânicas movimentaram-se para sul em direcção às fronteiras do Império Romano.
Algumas tribos foram aceites pelos Romanos que lhes concederam espaços territoriais
dentro do Império em troca de auxílio e aliança militar com Roma. Os Suevos fixaram-se
naquilo que actualmente corresponde à Baviera e parte da Suíça nos finais do século IV e
inícios do V.

Parte dos Suevos mantiveram-se na região da Baviera e Suíça, mas outra parte continuou
a migração até se fixarem na província romana da Galécia, naquilo que actualmente
corresponde à Galiza e Norte de Portugal, em 409. Outros povos acompanharam os
Suevos nesta migração: os Vândalos, os Alanos, os Búrios e mais tarde
os Visigodos também chegaram à Península Ibérica.

Tornaram a província romana da Galécia no Reino Suevo da Galécia com Bracara


Augusta, actual Braga. como capital do Reino e Hermerico como primeiro Rei, outras
cidades influentes no Reino eram Portus Cale, Porto nos nossos dias e as actuais cidades
espanholas de Astorga e Lugo.

A Capital do Reino era o centro nevrálgico do cristianismo na Península Ibérica, a


generalidade da população local era cristã. Não tardou até que os Suevos também se
convertessem a esta religião. Com Requiário, neto de Hermerico, e já convertido ao
cristianismo, os Suevos também adoptaram o cristianismo.
As primeiras décadas dos Suevos na Península Ibérica foram de confronto com os Alanos
pelo controlo dos territórios da Galácia e Lusitânia. Após a morte de Requiário em 456 o
Reino mergulha no caos e no conflito entre facções tribais para a sucessão. Este conflito
enfraqueceu o poder dos Suevos que mais tarde, em 585 foram anexados pelos Visigodos
ao seu Reino. Embora mantivessem uma certa autonomia dentro do reino visigótico,
verificou-se gradualmente uma miscigenação com a população local e visigótica acabando
por diluir-se na história.

Portugueses en España y españoles en


Portugal cuentan qué nos une y qué nos
separa
“En Portugal nadie entra en un comercio y pide algo sin dar los buenos días", dice un
luso que vive en Bilbao
EMILIO SÁNCHEZ HIDALGO  18 FEB 2020 - 08:44 CET

Intelectuales, políticos y artistas han defendido una mayor integración política


entre España y Portugal a lo largo de la historia. Lo han hecho referentes
españoles como Miguel de Unamuno y también portugueses, como José
Saramago. El tema ha vuelto a la actualidad después de que el acalde de Oporto
pusiese la idea sobre la mesa en una entrevista concedida a la agencia Efe.
“Hablamos un idioma que no es el mismo, pero que lo entendemos; tenemos un
espacio iberoamericano que es esencial para ambos países; falta hacer el trabajo
de construir el Iberolux”, dijo Rui Moreira en la entrevista publicada el  4 de
febrero.
El concepto “Iberolux” es una adaptación de Benelux, la unión aduanera y
económica que asocia a Bélgica, Países Bajos y Luxemburgo desde 1948. La idea
de Iberolux llevada al extremo significaría formar un Estado ibérico. Es una idea
utópica que integraría a portugueses y españoles, con sus diferencias y
similitudes, bajo un mismo marco político. ¿Y hay más rasgos que nos unen o
que nos separan? Hemos hecho esa pregunta a varios españoles que viven en
Portugal y a portugueses que viven en España. “Somos parecidos, pero
diferentes”, es una respuesta repetida por varios de ellos, a un lado y al otro de la
frontera. Estas son las principales diferencias y similitudes que aprecian.
Francisco Fernández, 28 años. Vive en Aveiro (75 kilómetros al sur de
Oporto) y es de Madrid. Trabaja como analista de datos de fútbol.
Qué nos une: "Como en España, el reguetón está muy de moda. Ha tardado en
entrar, pero ahora lo escuchas en muchísimos bares y discotecas”.
Qué nos separa: "Muchos portugueses me han dicho que admiran lo
involucrados que estamos los españoles en política. En España hay más
manifestaciones que en Portugal. Somos más reivindicativos que ellos”.
Laureana Geraldes, 33 años. Vive en Madrid y es de Penamacor (a 15
kilómetros de la provincia de Cáceres). Es cantante de fado, el estilo musical
portugués.
Qué nos une: "Nos parecemos en lo mucho que nos gusta el sol y comer fuera".
Qué nos separa:  "Los españoles os arregláis más para salir. También os
maquilláis más. Cuando voy a una boda en España alucino con los vestidos que
veo. Además, sois mucho más bruscos, tanto en las relaciones sociales como en
las laborales. Os decís las cosas en el trabajo sin ningún tipo de formalismo. Por
ejemplo: nosotros no mandamos un correo de una sola línea para enviar un
archivo. Todo se hace con más educación”.
Ángela Olea, 30 años. Vive en Oporto y es de Madrid. Trabaja como
bloguera.
Qué nos une: "Los portugueses son gente muy amable, siempre dispuestos a
echar una mano. Creo que esa es una de las grandes cosas que tenemos en
común. En ningún momento me he sentido fuera de lugar en Portugal. Son muy
acogedores".
Qué nos separa:  "Los portugueses son más serios que los españoles, pero no en
el mal sentido de la palabra. Quizá sea más acertado decir que son correctos o
discretos. Probablemente los españoles en general somos más desenfadados. En
general, los portugueses hablan inglés mucho mejor que nosotros, y esa es una de
las cosas que más me sorprendió cuando llegué aquí. Supongo que uno de los
motivos principales es que no doblan las películas y series extranjeras, sino que
les ponen subtítulos. Sería maravilloso poder adoptar esto en España. Y son,
como en el resto de Europa, de comer y de cenar muy pronto [en torno a las
13.00 y las 19.00]".
João Esteves, 41 años. Vive en Bilbao y es de Queluz (cerca de Lisboa).
Trabaja en una pastelería portuguesa.
Qué nos une: "A la hora de dejar propina somos muy parecidos. Si el servicio ha
sido bueno, recompensamos al camarero. Es muy similar".
Qué nos separa: "En Portugal nadie entra en un comercio y pide algo sin dar los
buenos días. En mi negocio lo veo. La gente entra y te pide un café con leche sin
mirarte a la cara. Me parece curioso que en España no os molestéis cuando no os
den los buenos días. Yo ya me he acostumbrado. Por otro lado, el español sabe
mucho menos sobre Portugal que el portugués sobre España. Es algo a lo que
llamo síndrome del país grande. Además, los españoles sois muy ruidosos.
Puedes reconocer a un grupo de españoles desde lejos solo por los gritos que
escuchas. Y mira que yo vivo en Bilbao, donde son mucho menos escandalosos
que en otros sitios. Pero, igualmente, un vasco es más ruidoso que cualquier
portugués”.
Flor Navarro, 37 años. Vive en Lisboa y es de Villena (Alicante). Trabaja
como guía turística.
Qué nos une: "Yo siempre digo que somos como primos hermanos. Creo que
hay muchas más cosas que nos unen que motivos que nos separan... Aunque se
dice lo contrario, los portugueses no odian a los españoles. Nos une el cariño que
nos tenemos, a pesar de que desde España siempre les hemos mirado por encima
del hombro”.
Qué nos separa: “En Portugal son menos extrovertidos que nosotros, no
muestran tanto sus sentimientos. Tratan mucho de usted. La gente es un poco
más melancólica (esa famosa saudade que tan bien los define) y tal vez, un poco
más tradicionales. Con todo el movimiento feminista que hay en España diría que
aquí todavía están un poco dormidos, y en general, hay más machismo”.
Rafa Abrantes, 33 años. Vive en Madrid y es de Coímbra (a medio camino
entre Lisboa y Oporto). Trabaja como ingeniero.
Qué nos une: “Como en España, si sales hasta que cierran los bares en Portugal,
te quedas hasta las 6.00. En los dos países nos gusta mucho salir de fiesta”.
Qué nos separa: "Los españoles no tenéis problema en estar de pie cuando salís
a tomar algo. A los portugueses nos cuesta más. Eso de estar tanto rato de pie se
me hace raro. También creo que los portugueses somos menos optimistas que los
españoles. Vosotros sois más positivos. Veis la botella medio llena y nosotros,
medio vacía".
Inés Cruz, 35 años. Vive en Lisboa y es de A Coruña. Trabaja como guía
turística.
Qué nos une: "La comida es muy parecida. Creo que la mayor parte de los
platos portugueses pueden pasar por españoles. Hay diferencias entre el norte y el
sur de Portugal, como en España, pero la línea gastronómica es muy similar.
Además, en los dos países nos gusta muchísimo comer".
Qué nos separa: "Los portugueses se toman la vida con más calma que los
españoles. Es una de las cosas que más me llamó la atención al empezar a vivir
aquí. No se toman un café en cinco minutos, como en España. Si metes prisa en
una cola o al camarero, es posible que te pongan mala cara. Todo es más
tranquilo. A veces me desespera lo despacio que transcurre la vida aquí. Además,
hay menos contacto físico que en España. Nosotros nos damos dos besos para
presentarnos, ellos no. A mis compañeros de trabajo les costó acostumbrarse a
que les diera dos besos cada vez que les veía”.
Antonio Marquês, 54 años. Vive en Tres Cantos (Madrid) y es de Lisboa.
Trabaja en un banco.
Qué nos une: “Somos muy parecidos en nuestro amor por el fútbol. En parte, los
equipos me recuerdan a los de España. Por un lado tienes al gran equipo de la
capital, el Benfica de Lisboa, equivalente al Real Madrid, y al vecino, el Sporting
de Lisboa, que me recuerda al Atlético. Y en contraposición, un club con un
carácter más regionalista, el Oporto, como el Barcelona”.
Qué nos separa: "Los españoles son más puntuales que los portugueses. Lo he
notado bastante en el trabajo: en Portugal he visto a más personas que entran
tarde que en España. Creo que los portugueses conducimos bastante más rápido.
Quizá seamos un poco más imprudentes que los españoles. Y respetamos menos
los pasos de peatones que los españoles".

El hombre que tomó un trasatlántico,


secuestró un avión y atracó un banco sin
pegar un tiro
El portugués Camilo Mortágua protagonizó las acciones más
espectaculares de la lucha contra el régimen de Salazar en
los años sesenta

JAVIER MARTÍN DEL BARRIO


Alvito 29 AGO 2019 - 08:37 CEST

La semilla la plantó Constantino, el panadero. Primero le inculcó el gusanillo de


la lectura prestándole libros eróticos, después, con novelas de héroes, la
revolución. El portugués que sin disparar un tiro ocupó un trasatlántico, secuestró
un avión y asaltó un banco para combatir la dictadura de Salazar (1932-1968)
riega el huerto de casa como si no tuviera pasado. A los 85 años, le falla el oído,
pero no la memoria para contar historias de guerrillas, agentes secretos y
penurias de exiliados, dignas de que se las escribiera un John Le Carré, aunque la
imaginación nunca supere la realidad, al menos la de Camilo Mortágua.

“Mientras los pobres gusten del capital, el capitalismo vence”, nos dice para
encuadrar su vida. Mortágua sigue rompiendo platos. Sobre una mesa, a medio
leer, El pueblo contra la democracia, de Yascha Mounk. El antiguo partidario de
la “acción directa” tiene hoy a sus dos hijas, Mariana y Joana, sentadas en el
parlamento. Son diputadas del Bloco de Esquerda.

A la edad en que Mariana se estrenaba en el parlamentarismo, su padre asaltaba


un trasatlántico con 600 pasajeros a bordo. “El mundo cambia, los métodos
también, pero los objetivos son los mismos”. Si las gemelas llevan en el ADN la
conciencia política, su padre nació con un hambre ancestral que le llevó a
emigrar a Venezuela con 17 años.

Panadero, lechero, hornero, motorista, agente inmobiliario, camarero... no hubo


oficio que desconociera en sus años de emigrante, pero llegó al activismo político
como locutor deportivo y casi sin querer. Aficionado al fútbol, compró una hora
en la caraqueña Radio Rumbos para informar a la comunidad lusa de la
actualidad deportiva de la patria. En aquel 1955, Camilo extendió su éxito a
Radio Tropical, Radio Crono Radar, Radio Oriental, Radio Cultural, más un
programa de televisión y el semanario Ecos de Portugal.Extranjero, apolítico,
pluriempleado y bien relacionado, nada más inocente que el locutor Mortágua
para servir de enlace entre los grupos que preparaban la sublevación contra el
general venezolano Pérez Jiménez, en 1958. Exitoso el levantamiento, a los
pocos meses requerían otra vez los servicios radiofónicos y publicistas de
Mortágua, ahora para Cuba. “Fui enviado a hacer un par de entregas de comida y
medicamentos en sierra Maestra, donde los barbudos se preparaban para entrar en
La Habana”.

La caída de dictaduras animó a los exiliados de diferentes países que residían en


Venezuela. Mortágua se apuntó a la Junta Patriótica, que pronto dejó de juntar.
“Estaba dominada por el PC que quería derribar a Salazar por la acción de las
masas; yo no era anticomunista, era simplemente curioso”. Tras varias reuniones,
el capitán Henrique Galvão, que estaba por la acción directa, se fue. Y tras él
Mortágua. “Eso de la acción directa tenía más que ver conmigo que las
discusiones sobre los textos de los comunicados, que era a los que nos habíamos
dedicado hasta entonces”.

La “acción directa” de Galvão se resumía en Mortágua y otras cinco personas,


una de ellas, además, espía de la PIDE, la policía portuguesa. “Nuestra primera
preocupación era comer, la segunda la presencia del enemigo”. A falta de
elementos propios, Galvão se comunicó con exiliados españoles, antiguos
combatientes en la Guerra Civil y con ellos formó el DRIL (Directorio
Revolucionario Ibérico de Liberación). Así nació en enero de 1961 la operación
Dulcinea, que consistía en ocupar y desviar el paquebote Santa María.

Si el personal era escaso, el presupuesto inexistente. Ni oro de Moscú ni de


nadie, mas la inventiva para conseguir dinero no tenía límites. “Nuestro
compañero Leonardo propuso secuestrar a su hermano; la secretaria de Galvão
ofreció información de su mismo jefe a la embajada a cambio de un dinero, pero
no picaron”. El español Sotomayor vendió su apartamento y Frias Oliveira su
taxi. A los portugueses les faltaban varios billetes; uno se hizo pasar por inválido
y otro le acompañó como buen samaritano para llevarle las maletas; por
supuesto, no volvió a salir”. Ya estaban todos, todos menos el responsable de las
armas, Mortágua. En su afán por forrarse el cuerpo con las herramientas perdió el
billete. Finalmente, el apuro se solucionó porque su nombre constaba en la lista
del pasaje.

“Éramos dos equipos de 11”, recuerda Mortágua. “El de los españoles y el de los
portugueses, 22 activistas en un barco con más de 600 pasajeros. Para dar la
impresión de mayor número, cambiábamos de posiciones constantemente”.

¿Quién disparó? El pueblo español


Cada uno de los equipos iba a su bola. El portugués, liderado por Galvão, quería
atacar el puesto de mando por un lado; Sotomayor, líder español, por los dos
lados. Mortágua fue nombrado oficial de enlace entre los gallitos, pero antes de
que los portugueses ocuparan la radio del navío, sonaron disparos en el puesto de
mando.

-¿Quién disparó?

-¡El pueblo!

-¿Algo más concreto?

-El pueblo español, diría yo.

“Eran más sueltos de gatillo que nosotros”, explica el Mortágua. “Tenían


experiencia de la guerra civil. Si hubiéramos tenido que acudir a la violencia, el
equipo portugués no hubiera sido el más adecuado, la mayoría ni siquiera
cumplió el servicio militar”.

Mortágua nunca ha revelado el nombre del autor de los disparos, aunque fuesen
accidentales. El herido fue desembarcado para que fuera atendido en un hospital,
donde murió.

El mundo cambia, los métodos también, pero los objetivos son los mismos
Los días pasaron sin más contratiempos que los ideológicos, pues Galvão
deseaba llevar el barco a Angola y los otros no. Diez días después, en febrero de
1961, el Santa María atracó en la brasileña Recife. El primero en abordarles fue
un aguerrido periodista, Gil Delamare, que se lanzó en paracaídas sobre el barco;
no acertó por metros, pero se ganó la portada de Paris Match.

A Mortágua le tocó formar una guardia de honor para recibir a los mandos de un
submarino norteamericano que había brotado a su lado. “Junté un grupo de unas
10 personas con las mejores armas que teníamos, para dar el pego ante fotógrafos
y periodistas. En primer lugar, dispuse lo más grande que teníamos, una vieja
ametralladora Thompson, con el cañón inutilizado con un clavo, el siguiente fusil
era de los de matar pajarillos”.

Los hombres del Santa María fueron las estrellas del Carnaval de Río de 1961.
Tras la juerga, llegó la inactividad, la espera de nuevas órdenes superiores. “Para
un combatiente de la libertad nada hay peor que la pasividad y el aplazamiento
constante de nuevas acciones”. Los líderes no se ponían de acuerdo: el capitán
Galvão quería tomar un cuartel en Portugal y resistir unas semanas; el general
Humberto Delgado, asaltar el cuartel para coger las armas y salir. Entretanto, un
avión sobrevolaría el país y lanzaría panfletos contra Salazar.

Llegó a Marruecos el grupo de Galvão y a los pocos días llega la orden de que se
cancela la operación, sin embargo, los cinco de Mortágua deciden seguir por su
cuenta. Tánger era como la película Casablanca. En el café Zágora coincidían los
activistas portugueses, por un lado, y su policía secreta, por otro. “Nos
conocíamos todos, tomábamos café cada tarde, copas a la noche, nos
insultábamos y cada grupo regresaba a sus casas a dormir. La PIDE enviaba a
Lisboa informes alarmistas sobre “fuerzas invasora” que se preparaban para
atacar. “Ellos sabían que éramos seis, pero era su forma de asegurarse el puesto
de trabajo y el envío de más dinero, pues también se quejaban de estar mal
pagados”.

En una noche de esas noches, El 8 de noviembre del mismo 1961, los seis
portugueses se subían en Casablanca a un DC-6 con destino a Lisboa. En esta
ocasión les tocaban dos pasajeros por activista. Los panfletos y las pistolas
habían pasado sin problema los escasos controles de la época. De los seis
‘bandidos comunistas’ -según la terminología oficial-, solo Mortágua y Palma
habían participado en el asalto al Santa María.Tirar panfletos desde un avión no
es fácil, pero el piloto inició la maniobra de aterrizaje, el mecánico Coragem
despresurizó varias ventanillas y sobre Lisboa volaron las cuartillas del Frente
Antitotalitario de los portugueses libres en el extranjero.

De regreso a Tánger, la policía marroquí intenta meter a los activistas en un


avión de Air France con destino a Santiago de Chile. "Empezaron por el más
pequeño, yo, pero me resistí de tal manera que nos dejaron en Marruecos hasta
que Brasil autorizó el refugio político”.

Allí permanecieron hasta 1965. Paradójicamente, su acción más sangrienta


ocurrió en uno de esos periodos de relax. Los fines de semana, Camilo mantenía
la tensión guerrillera del grupo con ejercicios de supervivencia. Fue en uno de
ellos, hartos de pasar hambre por la montaña, que negociaron con una anciana el
trueque de su cazuela por una gallina. Asegurado el condumio, los hombres
debatieron la forma de ejecución del animal. El veredicto estaba cantado de
entrada, pues a la gallina le habían opuesto de nombre Dictadura, pero había
discrepancias sobre el sistema de ejecución. Dos votaron por quemarle las
plumas primero y luego asarla, cinco estaban a favor de la guillotina. A falta de
voluntarios, se eligió por sorteo al verdugo. Cuchillo en mano, el guerrillero -
tampoco Mortágua quiere dar nombres- fue a por Dictadura, que se le escapó a
mitad de faena, corriendo por el campamento y chorreando como un aspersor de
césped. El comando, horrorizado por el baño de sangre, echó mano de su arsenal
armamentístico, una pistola, y sobre Dictadura descargaron todas las balas sin
acertar en el objetivo que, finalmente, cansado y desangrado, murió. Desde aquel
día, Camilo propuso las jornadas de supervivencia en el gallinero del barrio más
próximo

En 1965, hartos de hacer la resistencia a miles de kilómetros de su país,


Mortágua y sus compañeros decidieron acercarse a Francia. Otra vez, la aventura
de conseguir dinero para los billetes. Tras un asalto fracasado de a la casa de un
correligionario que, aparte de dinero, tenía buenos perros, Mortágua decidió
llevarse la caja de la papelería que regentaba.

En París, Mortágua amplió su abanico profesional: jardinero, montador de


andamios, productor de laxantes en una farmacéutica... mientras reclutaba a
operarios para su siguiente objetivo, el Banco de Portugal en Figueira da Foz. En
febrero de 1967, 33 años después de su salida, pisa de nuevo Portugal. En esta
ocasión, la banda fabricó silenciadores de plástico para sus pistolas, que no
tuvieron que emplear. Aunque esperaron pacientemente 15 minutos para que se
abriera la caja fuerte, se llevaron todas las sacas de billetes, con el inconveniente
de que el 60% nunca se había puesto en circulación. Fue el gran éxito
propagandístico de la LUAR (Liga de Unidad de Acción Revolucionaria), “la
única organización que no salió del PC ni de la burguesía intelectual politizada”.

Por fin con algún dinero, Mortágua es encargado de comprar armas para ampliar
el combate. “Era un pardillo en un mercado oscurísimo. No teníamos ningún
contacto, pero había acabado la guerra de los Seis Días en Israel y pensamos que
allí sería posible. Me llevaron de aquí para allá y acabé viviendo un mes en un
kibutz en los Altos del Golán. Un sábado, sin avisar y sin armas, me volví.
Éramos un grupo sin patrón y fuera del orden ideológico imperante. El gran
mercado estaba en Checoslovaquia, pero eso era terreno vedado por los
comunistas”.
Con la revolución de los claveles de 1974, Mortágua regresó y se asentó en la
región más roja de Portugal, en el Alentejo. “Jamás fui juzgado ni condenado,
tengo la hoja de penales limpia”, recuerda el excombatiente en su casa de Alvito,
donde sentó cabeza y en 1986, a los 52 años, fue padre de dos gemelas, hoy
diputadas del Bloco de Esquerda.

“Discutimos mucho. Nos llevamos 50 años, ellas creen en cosas en las que yo ya
dejé de creer”. Otra larga pausa. “Digamos que tengo grandes dudas
democráticas sobre los partidos políticos. No puede ser que la militancia
partidaria conlleve la dimisión completa de las opiniones propias. Si no estoy de
acuerdo, no me callo. A eso me dediqué 30 años”.

El timo de la Laponia portuguesa


La Capital do Natal de Lisboa, que se publicitaba como el
mayor parque navideño de Europa, es un fiasco que ha
generado un alud de quejas y cancelaciones en
Extremadura y Huelva
Les vendieron el mayor parque de Navidad de Europa en Lisboa, una Laponia
portuguesa, repleta de nieve artificial, renos, pistas y magia a orillas del
Atlántico. Se encontraron con unas tristes crías de los animales sobre una
lona, en medio del barro, sin nieve, con unos donuts deslizantes y largas colas
para entrar en unas pocas atracciones, tras pagar 24 euros los adultos y 20 los
niños. El fiasco del recinto Capital do Natal (Capital de la Navidad) de Algés,
en las afueras de Lisboa, ha provocado un alud de quejas, reclamaciones y
cancelaciones, especialmente virulentas en las provincias españolas de
Badajoz y Huelva, fruto de la desazón de quienes el pasado fin de semana
hicieron más de 200 o 300 kilómetros para encontrarse una realidad que no
tenía que ver con lo que se les había prometido. La empresa organizadora
culpa a las agencias españolas de generar falsas expectativas y se escuda en
que se trata de la primera edición del evento.
“Capital do Natal no, Capital de Estafa. Han hecho publicidad engañosa para
ganar dinero fácil y poniéndolo a unos precios muy altos para lo que es el
parque. Todos nos hemos pensado que era como un verdadero paraíso, todo
lleno de nieve y con trineos súper chulos y patinaje sobre hielo y con un árbol
de 40 metros, y nos hemos encontrado que tenían un césped de fieltro
comprado del chino y con un papá Noel saltando de 30 kilos y en manga
corta. (…) Nos han engañado de una manera muy fuerte, vergonzoso”. Con
esta queja, de Cintia Díaz Fernández, de Badajoz, arrancó el domingo al
mediodía la página de Facebook “Capital do Natal Estafa”, que tiene 2.400
seguidores y está repleta de testimonios de denuncia. También recibió 2.423
firmas una petición en Change.org para que se cierre el parque, al objeto de
que “no engañen a más gente”.

La empresa organizadora culpa a agencias


españolas de generar falsas expectativas, mientras
se prepara para hacer frente a las reclamaciones
“Hemos estado este fin de semana en el parque y es una vergüenza. No tiene
nada que ver con lo que han vendido”, decía Patricia Aguillo Achutegui.
Eduardo Coto López hizo más de 400 kilómetros para encontrarse “una
aberración de espectáculo, sin control de ningún tipo, sin una pizca del
ambiente que ofrecen a diestro y siniestro como el mayor parque temático
navideño de Europa... Nada más lejos de la realidad”.

Una queja recurrente es la de que, en vez de nieve artificial, para la que


algunos visitantes iban equipados con el calzado correspondiente, vieron poco
más que la que creían hecha con spray y mucha espuma. Hay, de todos
modos, el reconocimiento de que alguna de las atracciones sí cumple las
expectativas, en concreto la del palacio de hielo.

“Tienen dos renos encerrados en un estado lamentable”, denunció en


Facebook Rocío Manzano, de Palos de la Frontera, Huelva. El mal aspecto de
los animales fue uno de los elementos que generó más escándalo en las redes
sociales, en las que se puede ver la elocuente comparación entre las imágenes
de los anuncios del parque y las de la realidad que se encontraron los
visitantes. La prensa de Huelva y Extremadura se hizo eco a partir del fin de
semana de la desilusión y enfado de los turistas. La Unión de Consumidores
de Extremadura informó de que en la mañana de ayer recibió más de un
centenar de quejas, mientras, según el diario Hoy, el Instituto de Consumo de
esta comunidad ha abierto una investigación y el Ayuntamiento de Villanueva
del Fresno canceló la excursión de varios autobuses que había organizado para
el día 21.

Las protestas de los visitantes portugueses son


menos virulentas que las de los españoles, sin el
enfado provocado por el desplazamiento, y se
centran en el precio desproporcionado
Algés, la localidad del municipio de Oeiras en la que se halla el parque, está a
229 kilómetros de Badajoz y a 379 de Huelva. El peso de la distancia, del
desplazamiento al área metropolitana de Lisboa, se percibe en la mayor
virulencia de las críticas españolas y en su canalización en ocasiones a través
de las entidades de atención al consumidor, lo que según los medios
portugueses hasta ayer no había sucedido al otro lado de la frontera. Sin
embargo, aunque también hay algún testimonio de experiencias positivas tras
la visita, en la página de Facebook de Capital do Natal también se leen
numerosas quejas de portugueses, centradas sobre todo en el elevado coste de
la entrada. “No vale la pena el precio. En 30 minutos se ve todo el parque.
Existen apenas cuatro o cinco atracciones. Con niños es para olvidar, porque
no hay ninguno que aguante dos horas de cola”, resumió Joana Costa.

Después de que las críticas saltasen de la prensa española a la portuguesa, la


firma organizadora, Christmas Fun Park, emitió ayer por la tarde un
comunicado en el que asegura que “blogs y agencias de viaje de España
transmitieron una información incorrecta sobre el evento, sin haberla
confirmado con nosotros”. De esta manera, sostiene la empresa, se crearon
“falsas expectativas en algunos visitantes y afectó negativamente a su
experiencia en el parque, lo que dio origen a un conjunto de quejas en las
redes sociales”. Explica que se trata de la primera edición y que seguirán
mejorando hasta el último día.
La Laponia portuguesa no era lo que parecía, pero en las redes sociales, junto
a los testimonios de denuncia contra Capital do Natal, aparecen diversas
sugerencias para aprovechar el atractivo navideño de Lisboa, como el
mercadillo del parque Eduardo VII o la iluminación de las calles del centro.

Viana do Castelo, entre el río, la


montaña y ‘rissois’
Un puente de Gustave Eiffel, el Centro Cultural de Eduardo
Souto Moura, la mejor vista desde Santa Luzia y pistas para
comer rico y a buen precio en la ciudad portuguesa
JAVIER MARTÍN DEL BARRIO

7 ENE 2020 - 00:00 CET

Si para unos Portugal es el último país de Europa y para otros el primero, ¿qué
será Viana do Castelo? ¿Rincón o rotonda, esquina o cruce de caminos? Para su
alcalde no hay duda: con dos aeropuertos de dos países (Oporto y Vigo) a menos
de una hora de coche, es el centro del universo. Y si alguien no lo cree, que se
suba a la punta de Santa Luzia.

9.00. Una plaza, dos Pritzker


No hay forma más encantadora de llegar al centro histórico que el puente de
hierro de Gustave Eiffel (1), construido en 1878. Con algún puntual remiendo,
soporta el paso del tren, el de los coches y el de los peregrinos que siguen el
camino costero hasta Santiago. Es aconsejable detenerse en la ribera del río
Limia, porque, con una osadía impropia de ciudades modestas (85.000
habitantes), el Ayuntamiento apostó por reconvertir una zona olvidada en una
especie de exposición de la mejor arquitectura contemporánea. En la plaza de la
Libertad (2), del arquitecto Fernando Távora, se levanta a un lado la biblioteca
municipal (3), de Álvaro Siza, y, al otro, el centro cultural de Eduardo Souto
Moura (4), dos premios Pritzker frente a frente, con el río a un lado y la ciudad
vieja al otro.
10.00. Subida al monte
Al capitán Luis de Andrade, santa Lucía le conservó la vista y en agradecimiento
le construyó una basílica a principios del siglo XX en el monte más alto de Viana
do Castelo (228 metros). Desde Santa Luzia (5) no hay panorámica mejor en el
mundo, según National Geographic. Para llegar a la cima, la vía pedestre, muy
bonita, tiene 659 escalones. La segunda posibilidad es el funicular: siete minutos
para salvar 650 metros, el más largo del país (tres euros, ida y vuelta). El viaje
tiene su aquel romántico, lo que quiere decir que el transporte está cerca de su
centenario. Tampoco la subida en coche o autobús deja de tener su encanto, por
una carretera sinuosa, estrecha y jalonada de casonas con sus camelias. Arriba, a
los pies del templo, está todo: el río, el océano, la ciudad, playas salvajes,
fábricas, astilleros y bosques.
11.00. El corazón de Viana
El emblema de la ciudad son su corazón de filigrana y su traje regional,
imprescindibles para la romería de Nuestra Señora de la Agonía (del 16 al 23 de
agosto). Resaltan por ello tiendas de ropas y complementos regionales,
como Casa Verde (6) (Av. Dos Combatentes da Grande Guerra, 70) —donde
siguen vendiendo toallas a los españoles—, y joyerías de artesanos capaces de
entrelazar a mano hilos de oro y plata y engarzar perlas para confeccionar el
famoso corazón de Viana, como elabora desde hace más de un siglo Venancio
Sousa (7) (Da Picota, 57). Junto a las tiendas más típicas en la avenida de los
Combatientes de la Gran Guerra hay otras de reputadas firmas de moda o
el Universo Encantado (8), para legomaniacos. En la más coqueta calle Manuel
Espregueira (9) conviven zapaterías a la última con la sede del
semanario Aurora do Lima, que solo por tan encantador título se merece vida
eterna. Lleva siglo y medio contando la actualidad de la región.
13.00. Percebes y pescado
En el muelle de pescadores está el Gil Eannes, un barco
hospital construido aquí en 1955 y convertido en museo
En el muelle de pescadores está atracado el Gil Eannes (10), un barco hospital
construido aquí en 1955 para socorrer a los bacaladeros portugueses que
faenaban por Groenlandia. Desde 1998 se mantiene como barco museo, con su
quirófano y servicio de panadería que nos recuerda que en Portugal se está
haciendo tarde para almorzar. Cerca queda la Tasquinha da Linda (11), donde
sirven unos rissois —una especie de croqueta— exquisitos, pulpo, percebes a
precios portugueses y buenas almejas, aunque con exceso de cilantro, vicio
nacional que le da más de un disgusto a los paladares españoles. Su pescado
fresco a la parrilla da fuerzas para seguir ruta hasta el fuerte de Santiago da
Barra (12), pasando por el monumento a La Mujer Vianesa (13), con
las maminhas al aire.
15.00. Trajes, casas nobles e iglesias
Las calles del centro son un museo en sí mismas, en parte gracias al cuidado
puesto en conservar lo viejo. No hay un letrero de bancos o de locales de comida
rápida que estropee las fachadas de granito. Los neones que se mantienen son
piezas de colección, como el de autos Avic. Hay que entrar al Museo del Traje
(14) (plaza de la República, 58) y al de Artes Decorativas (15) (Largo de São
Domingos, 4900-330), con la mayor colección de loza portuguesa del siglo XVII.
Casas nobles, como la de Costa Barros (16) (São Pedro, 22-28), muestran el
barroquismo nacional, el manuelino, más marítimo y menos religioso, aunque no
hay que perderse la catedral (17) (Largo Instituto Histórico do Minho, 9) ni la
iglesia del convento de Santa Ana (18).
18.00. Merienda en Manuel Natário
Quien quiera escaparse de iglesias y museos tiene un refugio en Taco Taco
(19) (R. Grande, 31), uno de esos antros de paz en torno a billares. Cerca, aquí
todo está cerca, la merienda obligada es en Manuel Natário (20) (R. Manuel
Espregueira, 37), con la mejor Bola de Berlim —un bollo con crema— del país,
aún caliente y con canela. El escritor brasileño Jorge Amado decía que una visita
a la ciudad quedaba incompleta sin pasar por esta pastelería. Para degustar el
mejor jesuita hay que seguir por la misma calle hasta la pastelería Dantas (21),
que para algo lleva más de un siglo horneándolos. La calle termina con una plaza
y un burro gigante montado por fray Bartolomé de los Mártires, que murió aquí
mismo en 1590 y hace poco ascendió a santo.
20.00. Descanso frente al mar
Lo fuerte de Viana do Castelo no es la noche precisamente. Los estudiantes se
reúnen los jueves en el DCB (22) (plaza de la Libertad) y los más noctámbulos se
refugian los sábados en el Insómnia (23) (Alameda 5 de Outubro), con vistas al
río. Más modesta en horarios, ruidos y perfecta para cenar es la Casa de Pasto
Maria de Perre (24), todo bueno y a buen precio. Esta próxima a la Casa
Manuel Espregueira e Oliveira (25), un palacio del XIX donde dormir con
vistas al mar. Y en el santuario de Santa Luzia uno puede alojarse por módicos
precios.

Esplendor en la frontera
Pessoa escribió que una frontera, aunque separe también une. Han
pasado cien años y la historia sigue hablando de un tópico: Portugal y
España se miran con recelo
Este artículo pertenece a la revista Portugal: la magia de lo improbable,
de eldiario.es. Lee aquí la versión en portugués. Hazte socia ya y recibe
nuestras revistas trimestrales en casa
Antonio Sáez Delgado - Profesor de la Universidad de Évora y traductor
28/12/2019 - 21:23h

Vivo en una ciudad de la frontera. Salgo cada día de mi casa a las nueve de la
mañana, hago una hora de camino en coche y llego al trabajo a las nueve en
punto. En algunas ocasiones, incluso, si voy con prisa, llego a las nueve me-
nos cinco. Esa especie de viaje en el tiempo, disfrazado de cambio horario, lo
experimentamos a diario los cientos de extremeños que vivimos en España y
trabajamos en Portugal. Salgo a las nueve de la mañana de Badajoz y llego a
la Universidad de Évora, en el Alentejo, a las nueve en punto. O a menos cin-
co. El territorio alrededor de esa frontera, en el tramo extremeño, tiene un
nombre de alto voltaje simbólico: La Raya. Los habitantes de esa Raya han
aprendido a viajar de un territorio a otro buscando lo mejor de cada sitio, en
una suerte de doble nacionalidad cultural que es, quizá, el mejor privilegio de
quien vive en esta región.

En un texto escrito hace un siglo, Fernando Pessoa defendía que por fin los
dos países se habían dado cuenta de que una frontera, aunque separe, también
une; y que si dos naciones vecinas son dos por el hecho de ser dos, pueden
moralmente ser casi una exactamente por ser vecinas. Han pasado cien años y
la obstinada historia nos sigue hablando de un tópico que resiste ferozmente a
la erosión del paso de tiempo: Portugal y España, dos países de espaldas, que
se miran con recelo, desconfiados o soberbios, arrogantes o desdeñosos. Sin
embargo, nada mejor que rascar la piel de la realidad para comprobar que esa
imagen de los vecinos desentendidos hoy no es cierta, e incluso para cuestio-
narnos si alguna vez lo fue en realidad. 

Leemos a algunos de los autores más grandes de la Península (de Antero de


Quental a Saramago, de Clarín a Ramón Gómez de la Serna, pasando por Joan
Maragall, Vicente Risco, Eça de Queirós, Emilia Pardo Bazán, Unamuno o el
citado Pessoa, entre otros muchos) y podríamos fácilmente hacer una antolo-
gía de textos que nos hablan con fascinación del vecino ibérico, de su identi-
dad e idiosincrasia. Si hay un término que se repite con frecuencia en esos
fragmentos que reflexionan sobre la relación entre Portugal y España, ese es
"distancia". Ya en el último cuarto del siglo XX, el poeta Ruy Belo, profesor
en Madrid, escribió que la capital española era una de las ciudades del mundo
más lejanas de Lisboa, mientras que Luis Buñuel, en Mi último suspiro, afir-
maba que Portugal era para los españoles un país más lejano que la India. 

El tópico, tan atractivo desde el punto de vista de la construcción identitaria de


territorios vecinos y a veces enfrentados, se desmorona en nuestros días. El
boom turístico portugués, producido de alguna manera por la eclosión de la
crisis económica, que ha puesto a Portugal de moda en el mundo, tiene tam-
bién su reflejo en el mundo de la cultura y, en concreto, en el de la literatura.

Nunca se han traducido tantos autores de los dos estados (incluyendo del uni-
verso cultural catalán, seguido muy de cerca en Portugal), nunca ha habido en
los medios de ambos países una atención al “otro” tan equilibrada (durante dé-
cadas, mientras los medios portugueses publicaban con mucha frecuencia no-
ticias sobre España, en nuestro país era raro encontrar información sobre Por-
tugal), nunca ha habido tantos visitantes españoles por toda la geografía lusa
(no solo Lisboa y Oporto) como en este momento.
Vivimos, por así decirlo, el inicio de una época de oro. El festival Correntes
d’Escritas, que se celebra cada año en el norte de Portugal, reúne en cada con-
vocatoria a decenas y decenas de escritores y editores del universo ibérico,
con salas abarrotadas de público. Al otro lado de la raya, la Feria del Libro de
Sevilla de este año está dedicada a Portugal y las grandes editoriales españolas
publican a los autores más destacados de una actualidad que, si hablamos de la
grandísima literatura portuguesa, se prolonga durante al menos un siglo: Fer-
nando Pessoa, Eça de Queirós, José Saramago, António Lobo Antunes. Inclu-
so, ha nacido en Madrid una pequeña editorial con una colección dedicada en
exclusiva a las letras portuguesas, La umbría y la solana, en cuyo catálogo en-
contramos clásicos modernos y autores actuales, como Dulce Maria Cardoso,
cuya novela El retorno ha sido un éxito entre los lectores españoles.

Permítanme, para cerrar, una nota personal. Cuando era adolescente y pensaba
en "el extranjero" como un espacio mágico y atrayente en el que pasaban otras
cosas y se hablaba otra lengua, ese lugar tenía un nombre propio: Portugal.

En aquel momento de descubrimiento, iniciático, Lisboa era la capital de to-


dos los países del mundo y la frontera (la Raya) que atravesábamos era la que
nos distanciaba del resto de la civilización. Esa línea separaba la realidad del
sueño, hacía que las personas hablasen otra lengua y pensasen con otras pala-
bras. Hoy, Portugal sigue siendo para mí, y cada vez más, ese territorio genui-
no y auténtico en el que disfrutar de una cultura (en un sentido amplio: de la
literatura a la música, de la gastronomía al paisaje) admirable, de una forma
de vivir la vida tal vez menos apasionada, pero también, probablemente por
eso, más armónica, serena, sobria y reflexiva.

Ser portugués significa hoy estar saliendo de una crisis indigna para la vida de
los ciudadanos y mirar hacia el futuro con ojos llenos de esperanza: un país
estructurado que intenta revertir los efectos del despoblamiento interior y
acercarse a la media europea en sus salarios (uno de los aspectos donde más
queda por hacer), con una educación a la vanguardia del continente y una so-
ciedad y una cultura envidiables de las que tenemos, sin duda, mucho que
aprender.
Una brújula posible para ese viaje son los libros de los autores actuales de la
literatura portuguesa: Lídia Jorge, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, Jo-
sé Luís Peixoto, João Tordo, Afonso Cruz, Patrícia Reis. En sus palabras es
posible aprender a mirar Portugal por dentro y por fuera, a distancia y desde
su mismo corazón, un reto al que es fácil sucumbir, ahora sí, con toda la pa-
sión.

Portugal é um mar que deu à costa


Por que o país se aventurou no colonialismo se tais benefícios incertos
ofereceram e não serviram para monenizar o país? Você ainda aflige
esse fracasso com os portugueses ou alivia sua culpa colonial?
Este artigo pertence à revista Portugal: a magia do improvável, de
eldiario.es. Leia a versão em Castelhano aqui. Torne-se um membro
agora e receba nossas revistas trimestrais em casa
Boaventura de Sousa Santos - Catedrático de Sociología. Universidad de Coimbra
29/12/2019 - 22:33h

No volume III do Capital, Karl Marx (desculpem a referência ao clássico, mas


só os distraídos e os ignorantes pensam que os clássicos desaparecem
facilmente) argumenta que o colonialismo teve um papel importante no
desenvolvimento do capitalismo, um papel que só pôde dar todos os seus
frutos nos países que tinham criado anteriormente outras condições
favoráveis. Não era o caso de Espanha nem de Portugal, e por isso eles não
puderam modernizar-se com êxito. E conclui: "Compare-se a Holanda com
Portugal, por exemplo".

Quaisquer que sejam os argumentos a favor e contra esta leitura, a verdade é


que Portugal não se aproveitou da expansão colonial para se modernizar e, de
facto, o grande quinhão da pilhagem das riquezas das colónias foi parar a
outros bolsos europeus. Não me interessa investigar as razões da perda fatal
dessa oportunidade histórica. Mas intrigam-me duas coisas: porque se
aventuraram os portugueses a tal empresa sabendo que os benefícios eram tão
incertos? Continuará esse fracasso a assombrar ainda hoje os portugueses ou,
pelo contrário, confere à sua culpa colonial uma leveza quase indecorosa?

Quanto à primeira pergunta, os portugueses foram frequentemente postos na


situação de serem percursores do que não se segue. A fulgurante iluminação
dos inícios, dos primórdios, do curto-prazo cegou-os frequentemente para as
consequências e os desenvolvimentos de longo prazo, sobretudo porque lhes
faltaram os cálculos e um corpo forte de comerciantes, de que se auto-
privaram com a expulsão dos judeus. Portugal foi um país periférico antes de
haver um centro europeu consolidado. Os Portuguese construíram a jangada
de pedra séculos antes de o arqueólogo da alma colectiva, José Saramago, a
ter descoberto nos escombros da nação. Anteviam que o século XIX,
arrogantemente capitalista, os viria a considerar como não verdadeiramente
europeus, nem sequer verdadeiramente brancos, sorte que partilharam com
espanhóis e irlandeses, apesar de serem senhores de um vasto império
colonial. A vocação do seu império era ser subalterno, e assim foi durante
grande parte da sua existência. O que de mais precioso passou pelo porto de
Lisboa (ouro) seguiu a maior parte das vezes para outras paragens, para a
Inglaterra, por exemplo. O que ficou foi o que deu à costa ou foi descarregado
no porto por ser internacionalmente menos valioso do ponto de vista da lei do
valor capitalista. Mas como o capital é estupidamente reducionista, foi imenso
o que ficou – o artesanato intercultural de vidas, culturas, gostos, falares, que
passou a circular na sociedade portuguesa e a reproduzir-se com insondável
criatividade até hoje. A propósito, há algum outro país europeu onde o
primeiro-ministro--um dos mais brilhantes da União Europeia-- tenha tão
abundante sangue asiático? Abundou o que não interessava ao capital, mas
enriqueceu a cultura, mestiçou gentes e paladares, gerou a saudade de ter
estado em casa em tantos lugares fora de casa, de estar sempre a ir e voltar
sem se levantar do sofá da sala. Enquanto outros países se dilaceraram em
distinções entre campo e cidade, entre religião A e religião B, entre língua C e
língua D, Portugal ficou para sempre entre o mar e a terra. Até hoje. Um país
de costas para o mais útil porque o infinito do mar é mais sedutor.
Quanto à segunda pergunta, a culpa colonial foge a todos os determinismos
históricos porque não foi o colonialismo que contribuiu para modernizar
Portugal, foi antes o fim do colonialismo. A Revolução do 25 de Abril de
1974 foi o resultado do colonialismo virado do avesso, duplamente anti-
colonial, porque libertou tanto o colonizado como o colonizador. Mas, por
essa razão, só em pequena parte foi obra dos portugueses. A maior parte dessa
obra deve-se ao sacrifício heroico dos povos em luta contra o colonialismo
português, muitas vezes com armas na mão, pelo menos desde 1961,
arriscando massacres e destruições por mensagens de chumbo e de napalm. É
o mais fenomenal caso de mestiçagem libertadora pois, sem a luta heroica dos
libertadores das colónias, talvez os portugueses não tivessem conseguido
libertar-se com tanto radicalismo do ditador do atraso. A comparação com a
transição na vizinha Espanha a partir de 1976 é inescapável.

O fim duplo do colonialismo era radical porque ditava não só o fim do


colonialismo mas também o fim do próprio capitalismo, o qual, nos impérios
dominantes, se nutrira ao longo dos séculos do colonialismo por via da
pilhagem das riquezas naturais e humanas (da escravatura à mestiçagem por
violação de mulheres nativas). Os países que se libertaram do colonialismo
português optaram sem excepção pela via do socialismo para o
desenvolvimento, caso único nunca visto na história das descolonizações das
colónias europeias. Por sua vez, logo que acordaram da confusão de despertar
num lugar tão diferente daquele em que tinham adormecido, os portugueses da
Revolução do Cravos rumaram para a revolução socialista com o mesmo
voluntarismo e desafiando as mesmas leis deterministas com que se tinham
embrenhado nos oceanos ignorados. Foi, no entanto, um radicalismo tão real
quanto ilusório. O capitalismo de outrora, caseiro e raquítico, soubera
entretanto globalizar-se e fortalecer-se com os parentes dominantes da partilha
do mundo, dotados de instrumentos tão mortíferos como o FMI e a chamada
guerra fria. As ex-colónias foram uma a uma sendo disciplinadas sob pena de
castigos abissais, e Portugal, doze anos depois da Revolução, acolheu-se ao
capitalismo dos ricos – a União Europeia – na esperança de buscar aí um
substituto do El Dorado que em vão tinha imaginado séculos atrás com a
aventura colonial. Mas tal como antes, essa busca ficou muito aquém das
expectativas. Aos portugueses, que se criam e queriam ser finalmente brancos,
iguais aos europeus de sempre, foi reservado um canto da sala menos
iluminado, onde as cores se confundem e o mau aluno permanece, por melhor
aluno que seja. Uma escola para deficientes tende a ser uma escola deficiente.
A Europa transformou-se num imenso mar seco e o que deu à costa foi muito
e muito bom, mas sob condição de Portugal não sair donde estava.

Ao contrário do que se pensa comummente, o fado não é expressão da


submissão dos portugueses ao destino e ao determinismo. É antes a expressão
da fuga sempre tentada e sempre frustrada a esse destino e a esse
determinismo. Nisto reside o optimismo trágico dos portugueses.

Portugal es un mar que naufragó


¿Por qué se aventuró el país en el colonialismo si tan inciertos beneficios
ofrecía y no sirvió para modernizar el país? ¿Aflige aún ese fracaso a los
portugueses o aligera su culpa colonial?
Este artículo pertenece a la revista Portugal: la magia de lo improbable,
de eldiario.es. Lee aquí la versión en portugués. Hazte socia ya y recibe
nuestras revistas trimestrales en casa
Boaventura de Sousa Santos - Catedrático de Sociología, Universidad de Coimbra
29/12/2019 - 21:20h

En el volumen III de Capital, Karl Marx (disculpen la referencia al clásico,


pero solo los despistados y los ignorantes piensan que los clásicos desapare-
cen fácilmente), argumenta que el colonialismo tuvo un papel importante en el
desarrollo del capitalismo, un papel que solo pudo dar todos sus frutos en los
países que habían creado anteriormente otras condiciones favorables. No era
el caso de España ni de Portugal, y por eso no pudieron modernizarse con éxi-
to. Y concluye: “Comparemos Holanda con Portugal, por ejemplo”.

Cualesquiera que sean los argumentos a favor y en contra de esta lectura, la


verdad es que Portugal no se aprovechó de la expansión colonial para moder-
nizarse y, de hecho, la gran parte del pillaje de las riquezas de las colonias fue
a parar a otros bolsillos europeos. No me interesa investigar las razones de la
pérdida fatal de esa oportunidad histórica. Pero me intrigan dos cosas: ¿por
qué se aventuraron los portugueses a semejante empresa sabiendo que los be-
neficios eran tan inciertos? ¿Continuará ese fracaso afligiendo todavía hoy a
los portugueses o, al contrario, confiere a su culpa colonial una ligereza casi
indecorosa?

En cuanto a la primera pregunta, los portugueses han sido frecuentemente


puestos en la tesitura de ser precursores de lo que no continúa. La fulgurante
iluminación de los comienzos, de los orígenes, del corto plazo les ha cegado
frecuentemente para las consecuencias y los desarrollos a largo plazo, sobre
todo porque les han faltado los cálculos y un cuerpo fuerte de comerciantes,
de los que se privaron a sí mismos con la expulsión de los judíos. Portugal fue
un país periférico antes de haber un centro europeo consolidado. Los portu-
gueses construyeron la balsa de piedra siglos antes de que el arqueólogo del
alma colectiva, José Saramago, la hubiese descubierto entre los escombros de
la nación. Preveían que el siglo XIX, arrogantemente capitalista, los vendría a
considerar como no verdaderamente europeos, ni siquiera verdaderamente
blancos, suerte que compartieron con españoles e irlandeses, a pesar de ser se-
ñores de un vasto imperio colonial. La vocación de su imperio era ser subal-
terno, y así fue durante gran parte de su existencia. Lo más precioso que pasó
por el puerto de Lisboa (oro) siguió, la mayor parte de las veces, hacia otros
fondeaderos; hacia Inglaterra, por ejemplo. Lo que quedó fue lo que naufragó
o fue descargado en el puerto por ser internacionalmente menos valioso desde
el punto de vista de la ley del valor capitalista. Pero como el capital es enor-
memente reduccionista, fue mucho lo que quedó: la artesanía intercultural de
vidas, culturas, gustos, hablares, que pasó a circular por la sociedad portugue-
sa y a reproducirse con insondable creatividad hasta hoy. A propósito, ¿hay al-
gún otro país europeo donde el primer ministro –uno de los más brillantes de
la Unión Europea– tenga tan abundante sangre asiática? Afluyó lo que no inte-
resaba al capital, pero enriqueció la cultura, mestizó gentes y paladares, gene-
ró la saudade de haber estado en casa en tantos lugares fuera de casa, de estar
siempre yendo y viniendo sin levantarse del sofá del salón. Mientras otros paí-
ses se atormentaban en distinciones entre campo y ciudad, entre religión A y
religión B, entre lengua C y lengua D, Portugal se quedó para siempre entre el
mar y la tierra. Hasta hoy. Un país de espaldas a lo más útil porque el infinito
del mar es más seductor.

En cuanto a la segunda pregunta, la culpa colonial huye de todos los determi-


nismos históricos porque no fue el colonialismo el que contribuyó a moderni-
zar Portugal, el fin del colonialismo fue anterior. La Revolución del 25 de
Abril de 1974 fue el resultado del colonialismo del revés, doblemente antico-
lonial, porque liberó tanto al colonizado como al colonizador. Pero, por esa ra-
zón, solo en pequeña medida fue obra de los portugueses. La mayor parte de
esa obra se debe al sacrificio heroico de los pueblos en lucha contra el colo-
nialismo portugués, muchas veces levantados en armas, por lo menos desde
1961, arriesgándose a masacres y destrucciones mediante mensajes de plomo
y de napalm. Es el más fabuloso caso de mestizaje liberador ya que, sin la lu-
cha heroica de los liberadores de las colonias, tal vez los portugueses no hu-
biesen conseguido liberarse con tanto radicalismo del dictador del atraso. La
comparación con la transición de la vecina España a partir de 1976 es ineludi-
ble.

El doble fin del colonialismo era radical porque dictaba no solo el fin del colo-
nialismo, sino también el fin del propio capitalismo que, en los imperios do-
minantes, se había nutrido a lo largo de los siglos del colonialismo mediante el
pillaje de las riquezas naturales y humanas (de la esclavitud al mestizaje por la
violación de las mujeres nativas). Los países que se liberaron del colonialismo
portugués optaron sin excepción por la vía del socialismo para su desarrollo,
un caso único nunca visto en la historia de las descolonizaciones de las colo-
nias europeas. A su vez, tras despabilarse de la confusión de despertar en un
lugar tan diferente de aquel en el que se habían adormecido, los portugueses
de la Revolución de los Claveles tomaron el rumbo hacia la revolución socia-
lista con el mismo voluntarismo y desafiando a las mismas leyes deterministas
con las que se habían internado en los océanos ignotos. Fue, sin embargo, un
radicalismo tan real como ilusorio. El capitalismo de otros tiempos, casero y
raquítico, supo al mismo tiempo globalizarse y fortalecerse con los parientes
que dominaron el reparto del mundo, dotados de instrumentos tan mortíferos
como el FMI y la llamada guerra fría. Las ex colonias fueron disciplinadas
una a una bajo pena de castigos aterradores, y Portugal, doce años después de
la Revolución, se acogió al capitalismo de los ricos –la Unión Europea– con la
esperanza de encontrar un sustituto de El Dorado que en vano había imagina-
do siglos atrás con la aventura colonial. Pero, como antes, esa búsqueda no
cumplió con las expectativas. A los portugueses, que se creían y querían ser
finalmente blancos, iguales a los europeos de siempre, les fue reservado un
rincón en el aula menos iluminado, donde los colores se confunden y el mal
alumno permanece, por muy buen alumno que sea. Un colegio para deficien-
tes tiende a ser un colegio deficiente. Europa se transformó en un inmenso
mar seco y lo que llegaba a la costa fue mucho y muy bueno, pero bajo la con-
dición de que Portugal no saliese de donde se encontraba.

Al contrario de lo que se piensa comúnmente, el fado no es expresión de la su-


misión de los portugueses al destino y al determinismo. Es, por encima, la ex-
presión de fuga siempre intentada y siempre frustrada a ese destino y a ese de-
terminismo. En esto reside el optimismo trágico de los portugueses.

Traducción: Eduardo López-Jamar

Recibe en casa las revistas de eldiario.es


Este artículo fue publicado en el número 24 de la revista trimestral de
eldiario.es, el monográfico 'Portugal: la magia de lo improbable'. Hazte socia
o socio ahora y recibe en casa nuestras revistas. Además, disfrutarás de todas
las ventajas de nuestros socios, como recibir nuestro adelanto diario y navegar
sin publicidad, y nos ayudarás a seguir haciendo posible un proyecto de
periodismo independiente con valores sociales.

A recuperação depois da austeridade (e


os fantasmas no armário)
De 2009, quando se inicia a recessão na sequência da crise financeira
internacional, até 2014, um terço da população entra em algum momento
em condição de pobreza
No caso dos jovens, os ganhos médios caíram um terço; para quem
detém um título do ensino superior, a perda de rendimento foi de 20%
Este artigo pertence à revista Portugal: a magia do improvável,
de eldiario.es. Leia a versão em Castelhano aqui. Torne-se um membro
agora e receba nossas revistas trimestrais em casa
Francisco Louçã -
O autor é Professor de Economia da Universidade de Lisboa. Foi fundador do Bloque
de Esquerda e deputado (1999-2013). Hoje ele é membro do Conselho de Estado.
27/12/2019 - 21:11h

As eleições europeias são ignoradas pela maior parte da população portuguesa


(69% de abstenções). Mas, mesmo com essa limitação, o terço da população
que votou confirmou o colapso eleitoral das várias direitas que, desde 2015,
têm perdido representatividade: o principal partido da direita, o PSD, ficou
pelos 22%, o seu pior resultado de sempre e a 11% do PS, o partido do
governo, que ocupa o centro do espectro político. As esquerdas mantêm cerca
de 16%, em particular devido à duplicação da votação do Bloco de Esquerda.
Assim, estes resultados confirmam um apoio popular maioritário aos acordos
estabelecidos há quatro anos entre o PS e os partidos à sua esquerda, a
chamada "geringonça", bem como a recusa do regresso a políticas de
austeridade.

Uma surpresa política


Em outubro da 2015, as eleições parlamentares criaram um situação política
inédita. A coligação das direitas, que tinha governado nos quatro anos
anteriores e aplicado uma dura política de austeridade, conseguiu 38% dos
votos, ao passo que o PS obteve 32%. O Presidente de então, Cavaco Silva,
ele mesmo um antigo primeiro-ministro e uma figura histórica da direita,
encarregou Passos Coelho, que governara desde 2011, de formar um novo
governo. Mas uma convergência parlamentar entre o PS e as esquerdas
impediu a formação desse governo e deu posse a António Costa, secretário-
geral do PS, que formou um governo minoritário suportado por um acordo
pactado com as esquerdas. Foi assim que se formou o que veio a ser
conhecido como a "geringonça".

Isto nunca tinha acontecido nos 40 anos da democracia instituída depois da


revolução de abril de 1974. Nem o PS tinha jamais aceite um acordo com as
esquerdas, nem estas o tinham concebido como possível. Assim, esta solução
política foi uma surpresa, talvez por isso acompanhada com curiosidade
noutros países, como foi o caso de Espanha. A razão fundamental para esta
mudança do modo da política foi a pressão popular sobre os partidos, depois
da catástrofe social provocada pelo programa de austeridade entre 2011 e
2015: a maioria do povo não aceitava a continuação de uma regra de
sacrifícios, de subida de impostos e de redução de salários e pensões, o que o
primeiro-ministro do período designara como a estratégia de
"empobrecimento de Portugal".

Para mais, o efeito desse empobrecimento foi dramático. De 2009, quando se


inicia a recessão na sequência da crise financeira internacional, até 2014, um
terço da população entra em algum momento em condição de pobreza
(32,6%), e uma parte importante durante um ano inteiro (12,6%) - para além
dos cerca de 20% que vivem na pobreza. Assim, em 2012, 24,5% dos pobres
eram-no pela primeira vez na sua vida. A escala social só funcionou para
baixo. Durante a vigência do programa da troika (FMI, Comissão Europeia e
BCE), a pobreza instalou-se mesmo entre as famílias com um ou dois salários.

No caso dos jovens, os ganhos médios caíram um terço; para quem detém um
título do ensino superior, a perda de rendimento foi de 20%; para os 10% mais
pobres, a perda foi de 25%. A crise económica foi agravada pela política de
austeridade e ainda pelas medidas discricionárias contra alguns setores de
trabalhadores ou da população pobre (400 mil pessoas que recebiam o
Rendimento Social de Inserção, uma prestação para desempregados e idosos
pobres, foram retiradas da lista de apoios pelo governo das direitas). O
desemprego real ultrapassou os 20%. A miséria cresceu.

Dada essa experiência, quando as esquerdas e o PS assinaram acordos para


comprometer o novo governo a recusar privatizações, a aumentar o salário
mínimo em 20%, a recuperar os salários e pensões, a reduzir o imposto sobre
o trabalho, a garantir todos os manuais escolares gratuitos e a baixar o custo
do ensino superior, a garantir contratos estáveis para os trabalhadores
precários ou as 35 horas no Estado, essas medidas foram vistas como um
alívio. Durante os últimos quatro anos, este programa constituiu uma resposta
à austeridade com amplo apoio popular.

No entanto, o acordo da geringonça não abrangia nem políticas europeias nem


a gestão do sistema financeiro e da banca. Houve mesmo momentos de
divergência forte entre os parceiros, quando o governo decidiu a venda do
BANIF, um pequeno banco regional, ao Santander, ou quando vendeu um
grande banco, o Novo Banco, a um fundo norte-americano, Apollo, em ambos
os casos com perdas milionárias para as contas públicas. A divergência é
importante, porque exprime visões contrastadas sobre o lugar da finança na
vida económica portuguesa, uma questão que tem sido ilustrada por
sucessivos casos de fraudes e escândalos. Um apanhado da história deste
modelo de poder financeiro permite perceber porque é que a questão é tão
essencial. 

Senhor Milhão
Na viragem para o século XX, a figura dominante da finança portuguesa era
Henry Burnay, nascido em Lisboa de pais belgas. Fez carreira numa agência
financeira, casou com a filha do dono, acumulou fortuna com especulação
com dívida pública (comprou por tuta e meia títulos de dívida do pretendente
derrotado na guerra civil dos anos anteriores, D. Miguel, e cobrou-os pelo
valor nominal) e com negócios coloniais. Investiu em transportes e no Banco
Nacional Ultramarino. Do seu palácio da Junqueira dirigiu um império e,
quando morreu, era um dos homens mais ricos da Europa.

O caricaturista Bordalo Pinheiro, que retratou esses tempos, desenhou-o como


um negociante ambicioso, mas o escritor Fialho de Almeida, mais atrevido,
chamou-lhe o "pulgão polimórfico". A imprensa, respeitadora, deu-lhe a
alcunha de "Senhor Milhão". Mas foi Eça de Queiroz, o maior dos escritores
portugueses do início do século, quem dele deixou o retrato mais completo,
como o banqueiro Jacob Cohen, "um homem baixo, apurado, de olhos
bonitos, e suissas tão pretas e luzidias que pareciam ensopadas em verniz,
(que) sorria, descalçando as luvas, dizendo, que, segundo os ingleses, havia
também a gota de gente pobre; e era essa naturalmente a que lhe competia a
ele...". "Os Maias", o livro que conta a história, levanta o véu do negócio do
banqueiro. Ei-lo num jantar de gala:

"—Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não


se faz? 

E acirrou a curiosidade, dizendo para os lados, que aquela questão do


empréstimo era grave. Uma operação tremenda, um verdadeiro episódio
histórico!... O Cohen colocou uma pitada de sal à beira do prato, e
respondeu, com autoridade, que o empréstimo tinha de se realizar
absolutamente. Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes
de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única
ocupação mesmo dos ministérios era esta - cobrar o imposto e fazer o
empréstimo. E assim se havia de continuar... 

Carlos não entendia de finanças: mas parecia-lhe que, desse modo, o país ia
alegremente e lindamente para a banca-rota. 

—Num galopesinho muito seguro e muito a direito, disse o Cohen, sorrindo.


Ah, sobre isso, ninguém tem ilusões, meu caro senhor. Nem os próprios
ministros da fazenda!... A banca-rota é inevitável: é como quem faz uma
soma... 

Ega mostrou-se impressionado. Olha que brincadeira, hein! E todos


escutavam o Cohen. Ega, depois de lhe encher o cálice de novo, fincara os
cotovelos na mesa para lhe beber melhor as palavras. 

—A banca-rota é tão certa, as coisas estão tão dispostas para ela -


continuava o Cohen - que seria mesmo fácil a qualquer, em dois ou três anos,
fazer falir o país..."
Pois o romance ilustra um facto histórico, foi na bancarrota de 1890-2 que
Burnay fez o seu melhor contrato. Como intermediário de uma associação de
credores que fez o empréstimo a governo sem liquidez, o banqueiro exigiu a
contrapartida mais rentável, o monopólio dos tabacos. Durante 25 anos esse
monopólio foi o seu tesouro. Como o seu retrato no romance, Burnay sabia
como se podia fazer falir o país em pouco tempo e usou a chantagem da
dívida. Ficou rico como Midas. O poder do Senhor Milhão era imenso. 

Esse romance é também um retrato da acumulação de capital que fez a


história da economia portuguesa. Um século mais tarde, os contratos dos
tabacos têm outra forma, são as privatizações de infraestruturas em
monopólio, na água, no gás, nos combustíveis, na eletricidade, são as vendas
de barragens, as concessões de autoestradas, e muitas outras formas de uma
economia de rendas. As novas fortunas são amassadas em operações que
garantem privilégios suportados pelo Estado. 

Uma fraude bancária


Recentemente, discutia-se em Portugal o caso do comendador Joe Berardo,
um homem que construiu o seu império simplesmente acumulando mil
milhões de euros de dívidas à banca. Na falência do maior banco privado,
Espírito Santo, descobriram-se tramóias de milhares de milhões de euros,
rotas de paraísos fiscais e engenharias artificiosas para ocultar as contas, com
benefício de alguns banqueiros.

Noutros casos, é uma casta que se organiza para promover as dívidas ou as


transferências de benesses: num estudo que fiz com alguns colegas sobre as
carreiras profissionais de todos os governantes desde 1975, constatei que um
em cada três ministros ou secretários de Estado ou entrou no governo vindo de
um banco ou uma empresa financeira, ou foi para a administração de uma
dessas empresas no fim do seu mandato. Com esta porta-giratória, a conexão
entre o poder e a finança foi-se estreitando. Este é o fantasma no armário
português – e é a razão pela qual os primeiros passos no combate à
austeridade exigem um política esforçada de anulação das rendas dos
"senhores milhões".
La recuperación después de la
austeridad (y los fantasmas en el
armario)
Entre 2009, cuando se inicia la recesión tras la crisis financiera
internacional, y 2014, un tercio de la población entra en algún momento
en situación de pobreza (32,6%)
En el caso de los jóvenes, los ingresos medios cayeron un tercio; para
quienes contaban con un título de enseñanza superior, la pérdida de renta
fue del 20%
Este artículo pertenece a la revista Portugal: la magia de lo improbable,
de eldiario.es. Lee aquí la versión en portugués. Hazte socia ya y recibe
nuestras revistas trimestrales en casa
Francisco Louçã - Catedrático de Economía de la Universidad de Lisboa. Fundador del Bloco de
Esquerda
27/12/2019 - 21:08h

Las elecciones europeas son ignoradas por la mayor parte de la población por-
tuguesa (un 69% de abstención). Pero, incluso con esa limitación, el tercio de
la población que ha votado ha confirmado el hundimiento electoral de las dis-
tintas derechas que, desde 2015, han perdido representatividad: el principal
partido de la derecha, el PSD, ha logrado cerca del 22%, el peor resultado de
su historia, a un 11% de distancia del PS, el partido del Gobierno, que ocupa
el centro del espectro político. Las izquierdas mantienen cerca del 16%, debi-
do a que el Bloco de Esquerda ha duplicado sus resultados. Así, estos resulta-
dos confirman el apoyo popular mayoritario a los acuerdos establecidos hace
cuatro años entre el PS y los partidos a su izquierda, el llamado Gobierno de la
jerigonza, así como el rechazo al regreso a las políticas de austeridad.

Una sorpresa política


En octubre de 2015, las elecciones al parlamento crearon una situación políti-
ca inédita. La coalición de las derechas, que había gobernado en los cuatro
años anteriores y había aplicado una dura política de austeridad, consiguió un
38% de los votos, mientras que el PS obtuvo un 32%. El presidente de enton-
ces, Cavaco Silva, él mismo ex primer ministro y una figura histórica de la de-
recha, encargó a Passos Coelho, que había gobernado desde 2011, formar un
nuevo gobierno. Pero un acuerdo parlamentario entre el PS y las izquierdas
impidió la formación de ese gobierno y otorgó el cargo a António Costa, se-
cretario general del PS, que formó un gobierno minoritario sustentado por un
acuerdo pactado con las izquierdas. Fue así como se formó lo que ha venido a
conocerse como la jerigonza.

Esto nunca había sucedido en los 40 años de la democracia constituida des-


pués de la revolución de abril de 1974. Ni el PS había aceptado jamás un
acuerdo con las izquierdas, ni estas lo habían concebido como posible. Así,
esta solución política fue una sorpresa, y quizás por ello ha sido seguida con
curiosidad en otros países, como ha sido el caso de España. La razón funda-
mental de este cambio en el modo de hacer política fue la presión popular so-
bre los partidos, después de la catástrofe social provocada por el programa de
austeridad entre 2011 y 2015: la mayoría del pueblo no aceptaba continuar
con una regla de sacrificios, de subida de impuestos y de reducción de salarios
y pensiones, lo que el primer ministro del momento llegó a llamar la estrategia
de "empobrecimiento de Portugal".

Más aún, el efecto de ese empobrecimiento fue dramático. Entre 2009, cuando
se inicia la recesión tras la crisis financiera internacional, y 2014, un tercio de
la población entra en algún momento en situación de pobreza (32,6%), y una
parte importante lo hace durante un año entero (12,6%), sin contar el cerca del
20% que vive en la pobreza. Así, en 2012, el 24,5% de los pobres lo eran por
primera vez en su vida. La escalera social solo funcionó hacia abajo. Durante
la vigencia del programa de la troika (FMI, Comisión Europea y BCE), la po-
breza se instaló incluso entre las familias con uno o dos sueldos.

En el caso de los jóvenes, los ingresos medios cayeron un tercio; para quienes
contaban con un título de enseñanza superior, la pérdida de renta fue del 20%;
para el 10% más pobre, la pérdida fue del 25%. La crisis económica se agravó
por la política de austeridad y también por las medidas discrecionales contra
algunos sectores de trabajadores o de población pobre (el gobierno de las de-
rechas eliminó de la lista de ayudas a 400.000 personas que recibían la Renta
Social de Inserción, una prestación para desempleados y mayores en situación
de pobreza). El desempleo real superó el 20%. La miseria creció.

Con esa experiencia, cuando las izquierdas y el PS firmaron acuerdos para


comprometer al nuevo gobierno a rechazar privatizaciones, a aumentar el sala-
rio mínimo en un 20%, a recuperar los salarios y las pensiones, a reducir el
impuesto sobre la renta, a garantizar la gratuidad de todos los libros de texto y
a bajar el coste de la enseñanza superior, a garantizar contratos estables para
los trabajadores precarios o las 35 horas en la Administración, esas medidas
fueron vistas como un alivio. Durante los últimos cuatro años, este programa
ha supuesto una respuesta a la austeridad con amplio apoyo popular.

Sin embargo, el acuerdo de la jerigonza no incluía ni políticas europeas ni la


gestión del sistema financiero y de la banca. Se dieron incluso momentos de
fuertes discrepancias entre los socios, cuando el Gobierno decidió la venta de
BANIF, un pequeño banco regional, al Santander; o cuando vendió un gran
banco, el Novo Banco, al fondo estadounidense Apollo, en ambos casos con
pérdidas millonarias para las cuentas públicas. Las discrepancias son impor-
tantes, porque manifiestan visiones enfrentadas sobre el lugar que debe tener
el sector financiero en la vida económica portuguesa, una cuestión que ha sido
ilustrada por sucesivos casos de fraudes y escándalos. Un repaso a la historia
de este modelo de poder financiero permite conocer por qué este tema es tan
esencial.

Señor Millón 
En el cambio al siglo XX, la figura dominante de la banca portuguesa era
Henry Burnay, nacido en Lisboa de padres belgas. Hizo carrera en una agen-
cia financiera, se casó con la hija del propietario, hizo fortuna especulando
con deuda pública (compró por nada y menos títulos de deuda del pretendiente
derrotado en la guerra civil de los años anteriores, D. Miguel, y los cobró por
el valor nominal) y con negocios coloniales. Invirtió en transportes y en el
Banco Nacional Ultramarino. Desde su palacio de Junqueira dirigió un impe-
rio y, cuando murió, era uno de los hombres más ricos de Europa.
El dibujante Bordalo Pinheiro, que plasmó esos tiempos, lo retrató como un
ambicioso hombre de negocios, pero el escritor Fialho de Almeida, más atre-
vido, le llamó “pulgón polimórfico”. La prensa, respetuosa, le puso el mote de
Señor Millón. Pero fue Eça de Queiroz, el mayor de los escritores portugueses
de comienzos de siglo, quien dejó de él el retrato más completo, como el ban-
quero Jacob Cohen, “un hombre pequeño, esmerado, de hermosos ojos y pati-
llas tan negras y lustrosas que parecían pintadas, sonreía, quitándose los guan-
tes, y contaba que según los ingleses, existía también la gota del pobre. Era
esa, naturalmente, la que a él le aguardaba…”. Los Maia, el libro que narra la
historia, desvela el negocio del banquero. Aquí se encuentra en una cena de
gala:

"—Entonces, Cohen, díganos, cuente… El empréstito, ¿se hace o no se hace? 

Y picó la curiosidad de la concurrencia añadiendo que aquello del empréstito


era un asunto grave. ¡Una operación tremenda, un auténtico episodio históri-
co!… Cohen se puso una pulgarada de sal en el borde del plato y respondió,
con autoridad, que el empréstito debía hacerse «absolutamente». Los emprés-
titos, en Portugal, constituían una de las fuentes de ingresos del Estado, tan
regular, tan indispensable, tan obvia como los impuestos. Si se le apuraba, la
única ocupación de los ministerios era ésa: «Cobrar los impuestos» y «tomar
el empréstito». Y así debía seguir siendo.

Carlos no entendía de finanzas, pero le daba la impresión de que por seme-


jante camino el país iba alegremente, bonitamente, a la bancarrota.

—Sí, a un galope discreto pero seguro —dijo Cohen sonriendo—. A ese res-
peto nadie se hace ilusiones, mi querido amigo. ¡Ni los propios ministros de
Hacienda!… La bancarrota es inevitable: como dos y dos son cuatro…

Ega se mostró muy impresionado. ¡Menuda broma! Todos escuchaban a


Cohen. Ega, tras llenarle la copa de nuevo, hincó los codos en la mesa para
beberle mejor las palabras.
—La bancarrota es tan probable, las cosas están tan a punto para ello —
continuaba Cohen— que sería facilísimo para cualquiera, en dos o tres años,
hacer que el país quebrara…".

La novela ilustra un hecho histórico, ya que en la bancarrota de 1890-2 Bur-


nay consiguió su mejor negocio. Como intermediario de una asociación de
acreedores que concedió el préstamo a un gobierno sin liquidez, el banquero
exigió la contrapartida más rentable, el monopolio sobre el tabaco. Durante 25
años ese monopolio fue su tesoro. Como su retrato en la novela, Burnay sabía
cómo se podía hacer quebrar al país en poco tiempo y empleó el chantaje de la
deuda. Se hizo rico como Midas. El poder del Señor Millón era inmenso.

La novela es también un retrato de la acumulación del capital que ha confor-


mado la historia de la economía portuguesa. Un siglo más tarde, los contratos
del tabaco tienen otra forma: son las privatizaciones de infraestructuras en ré-
gimen de monopolio, como el agua, el gas, los combustibles, la electricidad,
las ventas de las presas, las concesiones de autovías y muchas otras forma de
una economía de rentas. Las nuevas fortunas son amasadas en operaciones
que garantizan privilegios respaldados por el Estado.

Un fraude de banqueros
No hace mucho se debatía en Portugal el caso de Joe Berardo, condecorado
con la Gran Cruz de la Orden del Infante D. Henrique, y que ha construido su
imperio sencillamente acumulando mil millones de euros de deudas a la ban-
ca. Con la quiebra del mayor banco privado, Espírito Santo, se descubrió un
fraude de miles de millones de euros, rutas hacia paraísos fiscales e ingenie-
rías contables para ocultar las cuentas, para beneficio de algunos banqueros.
En otros casos, es una casta que se organiza para ejecutar las deudas o las
transferencias de beneficios: en un estudio realizado con algunos compañeros
sobre las carreras profesionales de todos los gobernantes desde 1975, constaté
que uno de cada tres ministros o secretarios de Estado o bien había entrado en
el gobierno procedente de un banco o de una empresa financiera, o bien termi-
nó en el consejo de una de esas empresas tras finalizar su mandato.
Con estas puertas giratorias, la conexión entre el poder y el sector financiero
se ha ido estrechando. Este es el fantasma dentro del armario portugués; y es
la razón por la que los primeros pasos en la lucha contra la austeridad exigen
una política comprometida con la eliminación de las rentas de los señores mi-
llones.

Traducción: Eduardo López-Jamar

Portugal, o país do(s) improvável(eis)


Se existe um denominador comum em quase toda a produção artística
em Portugal é o desespero
Portugal tem dado cartas a nível internacional graças a uma panóplia de
artistas que, com uma visão diferente e inovadora, criaram obras
incontornáveis e revolucionárias para a cultura do país
Miguel Gonçalves Mendes

24/12/2019 - 18:34h

Portugal é a terra onde acontece tudo o que não se esperava que acontecesse.
O que esperar de um Estado Nação já com quase mil anos de história que,
para se tornar independente, vê um filho declarar guerra à mãe? Ou que o seu
dia nacional é o dia de um poeta? Ou que possui em Belém a torre militar
mais gay da Europa?

Por aqui, tudo é impossível e possível. Falo de um povo que em 1500, com
apenas um milhão de habitantes e sem exército, chega a todo o mundo,
levando consigo o pior e o melhor da Europa. Ao desembarcar na Índia, como
diria Eduardo Lourenço, Portugal não se colocou apenas no centro do mundo.
Colocou a Europa no mapa do mundo, até então totalmente desconhecida na
Ásia e nas Américas. 

Fomos um povo que baptizou de Coração e Barbados duas ilhas por pura
evocação poética. Que introduziu o coco e a manga no Brasil, a malagueta na
Índia que deu origem ao caril, hoje o seu prato nacional, o  hábito do chá na
corte inglesa, a tempura e mais de 60 palavras utilizadas no quotidiano do
Japão, o alfabeto latino no Vietname, a palavra mandarin em Espanha (aquele
que manda) ou o ukelele no Havai, criando novas paisagens culturais que se
acredita sempre terem estado lá. Mas é bom relembrar o improvável de tudo
isto: como é que, numa nesga de terra, com uma horda de analfabetos  e um
gigante como vizinho, surge nela um Camões, um Gil Vicente ou um Fernão
Mendes Pinto - aquele que sim, deveria ser o verdadeiro ícone da nação, o
retrato fiel de morto de fome, cuja Peregrinação, muito superior à escrita de
Marco Polo, é apenas o reflexo de um desesperado à procura de coisa melhor. 

E aqui entramos nos anais dos desesperados. E se existe um denominador


comum em quase toda a produção artística em Portugal é o desespero: Fernão
de Magalhães, que rejeitado pela sua corte, vende a Espanha a ideia da
circum-navegação, sendo ameaçado de morte e desterro por isso; Camões, que
quase morre para salvar a sua obra como contou Saramago; Fernando Pessoa
apenas descoberto e enaltecido quase 20 anos depois da sua morte e
Agostinho da Silva ou Jorge de Sena, cuja única forma de sobreviverem foi
emigrar para o Brasil. 

Então, quando me pedem para escrever sobre a cultura em Portugal é sempre


disto que me recordo: a linhagem de maltrapilhos e mal-amados que somos.
Ainda hoje, se quiserem encontrar um ícone actual de cultura portuguesa é
possível que o vejam atrás do balcão de um bar ou a trabalhar num hostel para
suportar a sua criação artista e, no final, ainda ser acusado de viver às custas
do estado. 

Como um dos nossos maiores artistas plásticos e designer gráfico, Fernando


Lemos, diria: “em Portugal nunca se nasce nem se existe antes dos 100 anos.
Aqui só se respeita e comemora o centenário. Até lá, não existimos”.  E talvez
por isso, Almada Negreiros tenha escrito que Portugal é “a pátria onde
Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga para falar de
Camões». Mas, no país dos improváveis, é possível um homem de origem
humilde e com pouco mais que o ensino primário, que começou a escrever
romances aos 60 anos, ganhar o Nobel aos 76, como o nosso grande
Saramago. No país dos improváveis, um miúdo de 21 anos como o Vhils, que
cresce num qualquer bairro operário do outro lado do rio, sendo apenas
reconhecido em Portugal após ganhar fama à escala planetária. Porque, por
aqui, em Portugal, apenas existimos quando nos validam lá fora. Até lá, somos
invisíveis. E o que dizer de Carlos Paredes, o funcionário administrativo de
um Hospital que falava através da guitarra? Ou de Amália, que nasce na
miséria, entre putas e bêbados, e se torna diva da nação? Ou de Carmen
Miranda que só depois de emigrar se torna estrela e símbolo do Brasil além-
fronteiras? 

Portugal tem dado cartas a nível internacional graças a uma panóplia de


artistas que, com uma visão diferente e inovadora, criaram obras
incontornáveis e revolucionárias para a cultura do país e dos países onde hoje
habitam, nos mais variados quadrantes. Paula Rego, provavelmente, uma das
nossas maiores artistas vivas, tem uma obra vasta, universalmente elogiada,
sendo alvo de diversas retrospetivas e exposições. A sua importância é tal que
foi reconhecida pelo ex-presidente da república Jorge Sampaio, que convidou
a artista a pintar o provocador “Ciclo da Vida da Virgem Maria e da Paixão
de Cristo” para a capela presidencial do Palácio de Belém. A música
portuguesa está a viver os seus anos mais prolíferos e versáteis, contando com
criadores que, em diferentes estilos e géneros, têm trazido a atenção dos
portugueses de volta para a sua língua, e de admiradores por todo o mundo,
que esgotam espectáculos de músicos como Salvador Sobral, Noiserv ou dos
Buraka Som Sistema (projecto singular que mostra como a fusão de culturas
de países de língua portuguesa pode criar algo completamente novo). Na
literatura, Valter Hugo Mãe destaca-se como um dos maiores escritores da sua
geração, tendo já suscitado a aclamação do público e da crítica com romances
impressionantes e inovadores como “O Apocalipse dos Trabalhadores” ou “A
Máquina de Fazer Espanhóis”. No cinema, Miguel Gomes com a sua obra
prima “Tabu” é o maior da sua geração, no humor, Bruno Aleixo, na ciência,
António Damásio e as suas investigações sobre o funcionamento do cérebro
que são estudadas e seguidas a nível mundial, e na física, João Magueijo
propôs uma nova e polémica teoria sobre a velocidade da luz, no livro “Mais
Rápido que a Luz”, que tem sido discutida em toda a comunidade científica. E
por fim, mas não menos importante: Joana Vasconcelos, provavelmente uma
das artistas portuguesas mais “exportadas”, cuja obra apesar de não ser
consensual, foi exposta no Palácio de Versalhes e no Guggenheim apenas pelo
seu próprio mérito. Para um país tão pequeno e aparentemente tão
insignificante, esta resumida amostra de exemplos deixa claro como os
portugueses são superlativamente maiores que a sua dimensão geográfica.

Quando eu era criança, gostava de imaginar que Portugal era o país que tinha
mais mentes brilhantes por metro quadrado. E ainda hoje quero acreditar
nisso, ao ver um golo do Ronaldo ou um discurso de António Guterres ao
presidir à ONU. 

Mas o problema é: em Portugal tudo é acaso, tudo é acidente, não existe nem
nunca existiu qualquer política de Estado para a cultura. Tudo é uma soma de
improváveis. Somos feitos de sucessos exclusivamente individuais, que não
significam nada, pois a cada sucesso, por aqui, recomeçamos sempre do zero. 

E talvez seja isso que nos torne improváveis: a nossa resiliência. Somos um
povo quase a completar um milénio de existência, uma espécie de musgo que
teima em persistir. O povo-barata que sobrevive a tudo, inclusive à
indiferença e maus-tratos dos seus. 

Então, quando retratam Portugal como o país da melancolia, eu lamento


discordar. Acho que somos apenas indiferentes às agruras da história: líderes
que abandonam várias vezes o seu povo, terramotos que destruíram várias
vezes o país, uma guerra colonial ridícula e fora de tempo que durou uns
desesperantes 13 anos. Uma indiferença que nos torna os reis do sarcasmo e
da reclamação. 

A verdade é que os 50 anos de ditadura nos tornaram apáticos. Porque é mais


fácil ser vítima do que agir. É mais fácil sermos coitados e culpar os outros.
Somos “o povo menino, o povo criança”, de Cesariny, que acredita estar nos
astros a sua salvação. A nossa eterna crença no Espírito Santo e na abstração.
E então, basta ver imagens dos anos 40 para percebermos o povo rural que
éramos e que ainda somos. Enquanto em Nova Iorque os zepelins
sobrevoavam arranha-céus, em Portugal as mulheres do povo andavam
descalças. 

Mas chega finalmente a revolução que destituiu um regime a cair de podre, a


revolução mais bonita de que há memória. Com um exército libertador a
respeitar sinais de trânsito antes de intentar a revolução, e que colocou cravos
vermelhos nas bocas das espingardas. A revolução dos cravos. Bonito, não? 

Mas de pouco ou nada serviu aos invisíveis, porque o 25 de Abril nunca


chegou à cultura.

Infelizmente, a elite portuguesa sempre foi medíocre e ainda o é. Uma elite


que acha que a cultura se resume a saber falar francês, tocar piano e talvez ter
umas antiguidades lá por casa. Que nunca se preocupou com o bem-comum,
mas sim com o poder pelo status do poder e não para o exercer em prol de um
qualquer desígnio. A política cultural do estado português está lindamente
ilustrada pela sede do seu Ministério da Cultura - antigo palácio real nunca
terminado e que há mais de 200 anos ostenta uma falsa parede, uma falsa
fachada que remata o conjunto arquitectónico. No fundo, em termos políticos,
tudo por aqui é fachada. E se ao longo da história, na maioria dos países, a
arte é e sempre foi um exercício de burgueses, aqui pelo contrário, sempre foi
o exercício de maltrapilhos, que tal como eu, com 40 anos e a ganhar mil
euros por mês, ingenuamente acreditam que podem fazer alguma coisa pelo
seu país. 

Mas talvez seja esta plácida inocência, este mar gigante, que nos faz a todos
sonhar, que torne Portugal e em especial Lisboa um doce e viciante purgatório
que não conseguimos abandonar.  O que me leva a pensar que seja a nossa
indiferença, a nossa displicência congênita ou a nossa genética naif que tenha
feito os Malkovich, as Madonna’s, os Michael Fassbender, as Monicas Belluci
da vida terem escolhido este lugar pra habitar. Porque aqui, por mais
acompanhados que estejamos, estaremos sempre sós.

Estamos próximos do 10 de Junho, dia Nacional e de Camões, e sempre que


vejo agentes culturais a receber comendas, fico a sonhar com o dia em que
alguém diga: Senhor presidente, Senhor primeiro ministro, tenho a maior
estima pessoal por vós mas, em honra de todos aqueles que me precederam,
quero que o Estado Português meta a comenda no cu!

Hoje somos apenas 10 milhões. Alguns estudos sobre natalidade alertam para
que possamos desaparecer ainda este século. Eu, por mim, não acredito. Um
povo-barata sobrevive sempre!

Portugal, el país de lo(s) improbable(s)


Si existe un denominador común en casi toda la producción artística en
Portugal es la desesperación
Portugal ha destacado a nivel internacional gracias a un abanico de
artistas que, con una visión diferente e innovadora, han creado obras
inapelables y revolucionarias para la cultura del país
Miguel Gonçalves Mendes

24/12/2019 - 18:33h

Portugal es la tierra donde sucede todo lo que no se esperaba que sucediese.


¿Qué esperar de un Estado nación con casi mil años de historia que, para ha-
cerse independiente, ve a un hijo declarar la guerra a su madre? ¿O que su día
nacional es el día de un poeta? ¿O que posee en Belém la torre militar más gay
de Europa?

Aquí todo es imposible y posible. Hablo de un pueblo que en 1500, con tan
solo un millón de habitantes y sin ejército, llega a todo el mundo, llevando
consigo lo peor y lo mejor de Europa. Al desembarcar en India, como diría
Eduardo Lourenço, Portugal no solo se situó en el centro del mundo. Situó a
Europa en el mapa del mundo, hasta entonces totalmente desconocida en Asia
y en las Américas.

Somos un pueblo que bautizó como Corazón y Barbados a dos islas por pura
evocación poética. Que introdujo el coco y el mango en Brasil; la guindilla en
India, que luego dio origen al curry, hoy su plato nacional; la costumbre del té
en la corte inglesa; la tempura y más de 60 palabras empleadas en el día a día
de Japón; el alfabeto latino en Vietnam; la palabra mandarín en España (el que
manda) o el ukelele en Hawái, creando nuevos paisajes culturales que se cree
que siempre habían estado ahí. Pero siempre está bien recordar lo improbable
de todo esto: como el hecho de que, en una franja de tierra con una partida de
analfabetos y un gigante como vecino, surge de ella un Camões, un Gil Vicen-
te o un Fernão Mendes Pinto (que debería ser el verdadero símbolo de la na-
ción, el retrato fiel de muerto de hambre, cuya peregrinación, muy superior a
la escrita sobre Marco Polo, es solo el reflejo de un desesperado en busca de
algo mejor.

La desesperación como motivación


Y aquí entramos en las crónicas de los desesperados. Y si existe un denomina-
dor común en casi toda la producción artística en Portugal es la desesperación:
Fernando de Magallanes que, rechazado por su corte, vende a España la idea
de la circunnavegación, lo que le acarreó amenazas de muerte y destierro por
ello; Camões, que casi muere para salvar su obra, como contó Saramago; Fer-
nando Pessoa, descubierto y exaltado casi 20 años después de su muerte y
Agostinho da Silva o Jorge de Sena, cuya única forma de sobrevivir fue emi-
grar a Brasil.

Así, cuando me piden escribir sobre la cultura en Portugal, siempre me acuer-


do del linaje de desharrapados y excluidos que somos. Incluso hoy, si quisie-
sen encontrar un icono actual de la cultura portuguesa, es posible que lo vean
tras la barra de algún bar o trabajando en un hostal para mantener su creación
de artista y, al final, además, ser acusado de vivir a costa del Estado.

"No se existe antes de los 100 años"


Como diría uno de nuestros mayores artistas plásticos y diseñador gráfico,
Fernando Lemos: “En Portugal nunca se nace ni se existe antes de los 100
años. Aquí solo se respeta y celebra el centenario. Hasta entonces, no existi-
mos”. Tal vez por eso, Almada Negreiros haya escrito que Portugal es “la pa-
tria donde Camões murió de hambre y donde todos se llenan el estómago para
hablar de Camões”. Pero, en el país de los improbables, es posible un hombre
de origen humilde y poco más que la enseñanza primaria, que comienza a es-
cribir novelas a los 60 años y que gana el Nobel a los 76, como nuestro gran
Saramago. En el país de los improbables, un joven de 21 años como Vhils,
que crece en un barrio obrero cualquiera de la otra margen del río, y solo es
reconocido en Portugal tras ganar fama a escala planetaria. Porque aquí, en
Portugal, solo existimos cuando nos reconocen fuera. Hasta entonces, somos
invisibles. ¿Y qué decir de Carlos Paredes, el funcionario administrativo de un
hospital que hablaba a través de su guitarra? ¿O de Amália, que nace en la mi-
seria, entre putas y borrachos, y se convierte en diva de la nación? ¿O de Car-
men Miranda, que solo después de emigrar se convierte en estrella y símbolo
del Brasil sin fronteras?

Portugal ha destacado a nivel internacional gracias a un abanico de artistas


que, con una visión diferente e innovadora, han creado obras inapelables y re-
volucionarias para la cultura del país, en los campos más variados. Paula
Rego, probablemente una de nuestras mayores artistas vivas, tiene una obra
amplia, universalmente elogiada, y ha sido objeto de varias retrospectivas y
exposiciones. Su importancia es tal que ha sido reconocida por el ex presiden-
te de la República, Jorge Sampaio, quien invitó a la artista a pintar el provoca-
dor Ciclo de la Vida de la Virgen María y de la Pasión de Cristo en la capilla
presidencial del Palacio de Belém. La música portuguesa está viviendo sus
años más prolíficos y eclécticos, ya que cuenta con creadores que, en distintos
estilos y géneros, ha llamado la atención de los portugueses hacia su propia
lengua, y de admiradores de todo el mundo que llenan espectáculos de músi-
cos como Salvador Sobral, Noiserv o Buraka Som Sistema (proyecto singular
que muestra cómo la fusión de culturas de países de lengua portuguesa puede
crear algo completamente nuevo). En literatura, Valter Hugo Mãe destaca
como uno de los mayores escritores de su generación, y ya ha logrado la acla-
mación del público y de la crítica con novelas impresionantes e innovadoras
como el El Apocalipsis de los trabajadores o La máquina de hacer españoles.
En el cine, Miguel Gomes, con su obra maestra Tabú, es el mayor exponente
de su generación; en el humor, Bruno Aleixo; en ciencia, António Damásio ha
realizado investigaciones sobre el funcionamiento del cerebro que son estudia-
das y seguidas a nivel mundial; y en física, João Magueijo ha propuesto una
nueva y polémica teoría sobre la velocidad de la luz, en el libro Más rápido
que la luz, que ha sido debatida en toda la comunidad científica. Y, finalmen-
te, pero no menos importante: Joana Vasconcelos, probablemente una de las
artistas portuguesas más internacionales cuya obra, a pesar de que no reúne la
aprobación de todos, ha sido exhibida en el Palacio de Versalles y en el Gu-
ggenheim gracias a su mérito y esfuerzo. Para un país tan pequeño y aparente-
mente tan insignificante, esta resumida muestra de ejemplos deja claro cómo
los portugueses son enormemente más importantes que su dimensión geográ-
fica.

Cuando era niño, me gustaba imaginar que Portugal era el país que tenía más
mentes brillantes por metro cuadrado. E incluso hoy quiero creer en ello, al
ver un gol de Cristiano Ronaldo o un discurso de António Guterres al presidir
la ONU.

Pero el problema es: en Portugal todo es casualidad, todo es accidente, no


existe y nunca ha existido una política de Estado para la cultura. Todo es una
suma de improbables. Estamos hechos de éxitos exclusivamente individuales,
que no significan nada, ya que a cada éxito, aquí, recomenzamos siempre de
cero.

Y quizás sea eso lo que nos convierte en improbables: nuestra resiliencia. So-
mos un pueblo a punto de completar un milenio de existencia, una especie de
musgo que insiste en resistir. El pueblo-cucaracha que sobrevive a todo, inclu-
so a la indiferencia y al maltrato de los suyos.
Entonces, cuando retratan a Portugal como el país de la melancolía, lamento
no estar de acuerdo. Creo que solo somos indiferentes a las amarguras de la
historia: líderes que abandonan varias veces a su pueblo, terremotos que des-
truyen varias veces el país, una guerra colonial ridícula y anacrónica que duró
unos desesperantes 13 años. Una indiferencia que nos vuelve los reyes del sar-
casmo y de la protesta.

La verdad es que 50 años de dictadura nos han vuelto apáticos. Porque es más
fácil ser víctima que actuar. Es más fácil ser los pobrecitos y culpar a los de-
más. Somos “el pueblo pequeño, el pueblo niño”, de Cesariny, que cree que su
salvación está en los astros. Nuestra eterna fe en el Espíritu Santo y en el éxta-
sis. Y así, basta ver imágenes de los años 40 para darnos cuenta de que éra-
mos, y todavía somos, un pueblo rural. Mientras en Nueva York los zepelines
sobrevolaban los rascacielos, en Portugal las mujeres del pueblo caminaban
descalzas.

Pero finalmente llega la revolución que destituyó un régimen en descomposi-


ción, la revolución más bonita que se recuerde. Con un ejército liberador que
respeta las señales de tráfico antes de intentar la revolución y que coloca cla-
veles rojos en las bocas de los fusiles. La Revolución de los Claveles. Bonito,
¿verdad?

Pero de poco o nada ha servido a los invisibles, porque el 25 de abril nunca ha


llegado a la cultura.

Siempre solos
Desgraciadamente, la élite portuguesa siempre ha sido mediocre, y todavía lo
es. Una élite que cree que la cultura se resume en saber hablar francés, tocar el
piano y quizás tener algunas antigüedades en casa. Que nunca se ha preocupa-
do por el bien común, sino por el poder por el estatus del poder, no para ejer-
cerlo en pro de alguna meta. La política cultural del Estado portugués está per-
fectamente simbolizada en la sede del Ministerio de Cultura, un antiguo pala-
cio real nunca terminado y que cuenta desde hace más de 200 años con una
falsa pared, una falsa fachada que remata el conjunto arquitectónico. En el
fondo, en términos políticos, todo aquí es fachada. Y si, a lo largo de la histo-
ria, en la mayoría de países, el arte es y siempre ha sido un ejercicio de bur-
gueses, aquí, por el contrario, siempre ha sido un ejercicio de desharrapados
que, como yo, con 40 años y ganando mil euros al mes, ingenuamente creen
que pueden hacer algo por su país.

Pero quizás sea esta plácida inocencia, este mar gigante, el que nos hace a to-
dos soñar, el que convierte a Portugal, y en especial a Lisboa, en un dulce y
adictivo purgatorio que no conseguimos abandonar. Lo que me lleva a pensar
que tal vez sea nuestra indiferencia, nuestra displicencia congénita o nuestra
genética naíf las que han hecho que los Malkovich, Madonna, Michael Fass-
bender o Monica Belluci hayan escogido este lugar para vivir. Porque aquí,
por más acompañados que estemos, estaremos siempre solos.

Acabamos de celebrar el 10 de junio, día nacional de Camões, y siempre que


veo a agentes culturales recibiendo condecoraciones, sueño con el día en el
que alguien diga: señor presidente, señor primer ministro, tengo la mayor con-
sideración por usted pero, en honor de todos aquellos que me han precedido,
¡quiero que el Estado portugués se meta las condecoraciones por donde le
quepan!

Hoy somos solo 10 millones. Algunos estudios sobre natalidad alertan de que
podemos desaparecer este mismo siglo. Por mi parte, no lo creo. ¡Un pueblo-
cucaracha sobrevive siempre!

Traducción: Eduardo López-Jamar

Nosso futuro está no mundo


Estas três transformações são a marca de uma geração que, a partir de
diferentes posições e ideologias, soube manter um rumo para o país
Em vez da "revolução nos costumes" assistimos, agora, a um recuo nos
temas da diversidade, com o crescimento das indústrias da crença,
fábricas de fundamentalismos contra a razão e a ciência
António Sampaio Da Nóvoa

25/12/2019 - 21:16h

A história pode começar mais perto ou mais longe. Para falar de Portugal,
hoje, uma boa possibilidade é recuar 50 anos e traçar os caminhos da geração
que nasceu para a liberdade nas lutas estudantis dos anos 60, e que está na
origem de três grandes transformações do nosso país.

Primeiro, uma revolução nos costumes, com uma mudança profunda no lugar
da mulher e nas relações sociais, também com a emergência de novas famílias
e a diversidade sexual e de género.
Segundo, uma abertura ao mundo, com o fim do isolacionismo salazarista e do
colonialismo, a adesão à União Europeia e ao multilateralismo, a afirmação de
uma vontade cosmopolita.

Terceiro, a construção de uma democracia com direitos, da participação


política aos direitos sociais. Como se cantava nas ruas no tempo da revolução
de Abril: "Só há liberdade a sério quando houver/A paz, o pão, habitação,
saúde, educação".

Estas três transformações são a marca de uma geração que, a partir de


diferentes posições e ideologias, soube manter um rumo para o país. Portugal
é, hoje, infinitamente melhor do que era em 1969.

Duas linhas atravessam estes 50 anos: um esforço continuado nas áreas da


educação e da ciência. Em 1969, a escola pública era medíocre, uma das
piores da Europa. Hoje, orgulhamo-nos da escola que fomos capazes de
construir graças a um trabalho colectivo de todos. Em 1969, as universidades
eram incipientes e praticamente não havia ciência. Hoje, os nossos jovens têm
boas qualificações académicas e os nossos cientistas estão em muitos lugares
do mundo, e também em excelentes instituições em Portugal.

Um país de grandes desigualdades


A educação e a ciência são as duas grandes fronteiras da liberdade. Mas
Portugal conheceu, também, avanços continuados na saúde (uma das menores
taxas de mortalidade infantil do mundo), no ambiente, no mar (com o
alargamento da plataforma continental, 97% de Portugal será mar e só 3%
terra), nas cidades, na segurança e até na solidariedade, sobretudo inter-
geracional. Mais difícil têm sido os temas da economia, do trabalho (a
precariedade é o grande risco para os jovens) e da justiça. E Portugal continua
a ser um país com grandes desigualdades. Este é o problema maior do nosso
presente.

A crise financeira de 2011-2014 foi dramática, também na nossa relação com


a Europa. Mas a capacidade de resposta revelada a partir de 2015 tornou o
país mais coeso, evitou os extremismos e voltou a projectar-nos no mundo.
Devemos evitar euforias e, mais ainda, uma visão épica, como se tivéssemos
uma missão redentora no mundo. Estas ilusões terminaram sempre mal na
nossa história. Mas isso não nos deve impedir de reconhecer o contributo que
podemos, e devemos, dar no plano mundial, e no multilateralismo, devido às
características próprias da nossa língua e da nossa cultura. "Para nascer, pouca
terra; para morrer, toda a terra" – assim se referiu o Padre António Vieira aos
portugueses, no século XVII. E tinha razão.

O recuo
Gostaria de ver Portugal ainda mais envolvido, no plano internacional, na
agenda da paz e dos direitos. Temos condições para dar um importante
contributo ao mundo, como bem se demonstra na acção do secretário-geral
das Nações Unidas, António Guterres, e do director-geral da Organização
Internacional das Migrações, António Vitorino, mas também dos directores-
gerais da FAO e da Organização Mundial do Comércio, todos de língua
portuguesa.

Em vez da "revolução nos costumes" assistimos, agora, a um recuo nos temas


da diversidade, com o crescimento das indústrias da crença, fábricas de
fundamentalismos contra a razão e a ciência (a negação das alterações
climáticas, a recusa das vacinas…). Precisamos, mais do que nunca, de uma
ciência aberta, que promova o acesso livre ao conhecimento, a cultura
científica e uma maior ligação entre os cidadãos e a ciência.

Em vez da "abertura ao mundo" assistimos, agora, ao regresso dos


nacionalismos, das identidades excessivas, por vezes mesmo obsessivas, à
construção de muros, à valorização de "comunidades" onde ninguém pode
entrar e das quais ninguém pode sair. Os problemas do mundo são globais, das
alterações climáticas às migrações ou aos desafios do digital. Não os
resolveremos com respostas locais ou nacionais. Precisamos, mais do que
nunca, de um multilateralismo activo e diligente, centrado nos 17 objectivos
do desenvolvimento sustentável.
Reforçar a participação democrática
Em vez da "democracia com direitos" assistimos, agora, a um re cuo dos
direitos humanos em muitas regiões do mundo, com uma inaceitável
concentração da riqueza, mais desigualdades e a precarização do trabalho.
Precisamos, mais do que nunca, de reforçar a participação democrática, a
presença nos lugares de decisão, das cidades às instâncias internacionais. Para
isso, temos de valorizar o comum, não no sentido identitário ou comunitário
(aquilo que somos), mas na perspectiva de uma conversa e de uma acção em
comum (aquilo que fazemos uns com os outros).

Nestes três desafios estão a educação e a ciência. Devemos educar, sempre,


para a maior comunidade possível, isto é, para a humanidade. Devemos
sempre pensar a ciência como a melhor linguagem, talvez mesmo a única que
nos resta, para construir a paz com os outros e com a terra.

No dia em que conseguirmos escrever a Declaração Universal dos Deveres


Humanos, respondendo ao convite de José Saramago, em 1998, teremos de
começar pela educação e pela ciência. Porque na educação se definem as
desigualdades individuais e na ciência as desigualdades entre países e regiões.

Navigare necesse est – É com esta velha máxima latina, Navegar é preciso,
que Stefan Zweig abre o seu livro sobre Fernão de Magalhães: "Apenas
enriquece a humanidade, de maneira duradoura, aquele que alarga os
conhecimentos e reforça a consciência criadora". 

Vale a pena recordar a primeira viagem de circum-navegação, iniciada há


precisamente 500 anos. Nessa época, Portugal teve um papel importante no
primeiro processo de globalização. Agora, tudo é muito diferente. E, no
entanto, o mundo está a chamar-nos a novas responsabilidades: pelo nosso
lugar no mundo – entre o Norte e o Sul, entre a Europa e a América e África;
pela nossa língua –a mais falada no hemisfério sul; até pela nossa dimensão,
que nos coloca mais num lugar de mediação que de poder. 

Não me interessa a equidistância, mas sim o compromisso com os direitos


humanos. Para isso, precisamos de independência e de liberdade. E não o
conseguiremos num mundo profundamente desigual, com a riqueza nas mãos
de poucos e o poder dos dados (os famosos big data) nas mãos de ainda
menos. Quero pensar Portugal como um país que pode promover, no mundo,
os desígnios da geração de 1969.

Não podemos prever o futuro, mas podemos preparar-nos para um futuro que
ainda não conhecemos. Preparar é educar, conhecer, criar, é cultivar o gosto
pela liberdade, permitir que cada ser humano faça o seu caminho. Sem partida
não há viagem. Agora, é a vez da geração de 2019, nascida nos primeiros anos
do milénio. Pertence-lhes continuar. O nosso futuro é no mundo. Uma vez
mais.

Nuestro futuro está en el mundo


La historia del país luso en los últimos cincuenta años está marcada por
tres grandes transformaciones  que son la marca de una generación que
ha sabido mantener un rumbo para el país
Destacan una revolución en las costumbres cn un cambio profundo en el
rol de la mujer, la apertura al mundo y la construcción de una democracia
con derechos
António Sampaio Da Nóvoa - Excandidato a la presidencia de la República Portuguesa
25/12/2019 - 19:54h

La historia puede comenzar antes o después. Para hablar de Portugal, hoy, una
buena posibilidad es retroceder 50 años y trazar los caminos de la generación
que nació para la libertad en las luchas estudiantiles de los años 60, y que está
en el origen de tres grandes transformaciones de nuestro país.

Primero, una revolución en las costumbres, con un profundo cambio en el lu-


gar que ocupa la mujer y en las relaciones sociales, también con la emergencia
de nuevas formas de familia y la diversidad sexual y de género.

Segundo, una apertura al mundo, con el fin del aislacionismo salazarista y del
colonialismo, la adhesión a la Unión Europea y al multilateralismo, la afirma-
ción de una voluntad cosmopolita.
Tercero, la construcción de una democracia con derechos, desde la participa-
ción política hasta los derechos sociales. Como se cantaba en las calles en los
tiempos de la revolución de Abril: "Solo hay libertad en serio cuando haya/La
paz, el pan, vivienda, salud, educación".

Estas tres transformaciones son la marca de una generación que, a partir de di-
ferentes posiciones e ideologías, ha sabido mantener un rumbo para el país.
Portugal es, hoy, infinitamente mejor de lo que era en 1969.

Dos líneas atraviesan estos 50 años: un esfuerzo continuado en las áreas de la


educación y de la ciencia. En 1969, la escuela pública era mediocre, una de las
peores de Europa. Hoy, nos enorgullecemos de la escuela que hemos sido ca-
paces de construir gracias a un trabajo colectivo de todos. En 1969, las univer-
sidades eran incipientes y prácticamente no había ciencia. Hoy, nuestros jóve-
nes tienen buenas calificaciones académicas y nuestros científicos están en
muchos lugares del mundo, y también en excelentes instituciones en Portugal.

Un país de grandes desigualdades


La educación y la ciencia son las dos grandes fronteras de la libertad. Pero
Portugal ha conocido, también, avances constantes en salud (una de las meno-
res tasas de mortalidad infantil del mundo), en medio ambiente, en el mar (con
la ampliación de la plataforma continental: el 97% de Portugal será mar y solo
un 3% tierra), en las ciudades, en seguridad y hasta en solidaridad, sobre todo
intergeneracional. Pero han sido difíciles temas como la economía, el empleo
(la precariedad es el gran riesgo para los jóvenes) y la justicia. Y Portugal
continúa siendo un país con grandes desigualdades. Este es el mayor problema
de nuestro presente.

La crisis financiera de 2011-2014 fue dramática, también para nuestra relación


con Europa. Pero la capacidad de respuesta mostrada a partir de 2015 hizo que
el país se hiciese más cohesionado, evitó los extremismos y volvió a proyec-
tarnos en el mundo. Debemos evitar euforias y, más aún, una visión épica,
como si tuviésemos una misión redentora en el mundo. Estas ilusiones siem-
pre han terminado mal en nuestra historia. Pero eso no nos debe impedir reco-
nocer la contribución que podemos, y debemos, hacer en el plano mundial, y
en el multilateralismo, debido a las características propias de nuestra lengua y
de nuestra cultura. “Para nacer, poca tierra; para morir, toda la tierra”. Así se
refirió el Padre António Vieira a los portugueses en el siglo XVII. Y tenía ra-
zón. 

El retroceso
Me gustaría ver a Portugal todavía más implicado, en el plano internacional,
en la agenda de la paz y de los derechos. Tenemos condiciones para hacer una
importante aportación al mundo, como se demuestra en la actividad del secre-
tario general de Naciones Unidas, António Guterres, y del director general de
la Organización Internacional de las Migraciones, António Vitorino, pero tam-
bién de los directores generales de la FAO y de la Organización Mundial del
Comercio, todos de lengua portuguesa.

Los tres movimientos que han marcado a la generación de 1969 están hoy en
retroceso y definen las luchas que nos esperan. Es cierto que estas tendencias
están más presentes en otros países que en Portugal. Pero sería ceguera igno-
rar su impacto en todo el mundo. 

En vez de la revolución de las costumbres, asistimos ahora a un retroceso en


los temas de la diversidad, con el crecimiento de la industria de las creencias,
fábricas de fundamentalismos contra la razón y la ciencia (la negación del
cambio climático, el rechazo a las vacunas…). Necesitamos, más que nunca,
una ciencia abierta, que fomente el acceso libre al conocimiento, la cultura
científica y una mayor relación entre los ciudadanos y la ciencia. 

En vez de apertura al mundo, asistimos ahora al regreso de los nacionalismos,


a las identidades excesivas, a veces incluso obsesivas, a la construcción de
muros, a la valorización de "comunidades" donde nadie puede entrar y de las
que nadie puede salir. Los problemas del mundo son globales, desde el cam-
bio climático a las migraciones o los desafíos digitales. No los resolveremos
con respuestas locales o nacionales. Necesitamos, más que nunca, un multila-
teralismo activo y diligente, centrado en los 17 objetivos de desarrollo sosteni-
ble.

Reforzar la participación democrática


En vez de democracia con derechos asistimos ahora a un retroceso de los de-
rechos humanos en muchas regiones del mundo, con una inaceptable concen-
tración de la riqueza, más desigualdades y la precarización del trabajo. Nece-
sitamos, más que nunca, reforzar la participación democrática, la presencia en
los lugares de decisión, de las ciudades a las instancias internacionales. Para
ello, debemos valorar lo común, no en el sentido identitario o comunitario
(aquello que somos), sino desde la perspectiva de una conversación y de una
acción en común (aquello que hacemos unos con los otros). 

En estos tres desafíos están la educación y la ciencia. Debemos educar, siem-


pre, para la mayor comunidad posible; es decir, para la Humanidad. Debemos
siempre pensar en la ciencia como el mejor lenguaje, quizás incluso el único
que nos queda, para construir la paz con los otros y con la tierra.

El día en que consigamos escribir la Declaración Universal de los Deberes


Humanos, respondiendo a la invitación de José Saramago en 1998, tendremos
que comenzar por la educación y la ciencia. Porque en la educación se definen
las desigualdades individuales y en la ciencia las desigualdades entre países y
regiones.

Navigare necesse est. Con esta vieja máxima latina, Navegar es necesario,
Stefan Zweig abre su libro sobre Fernando de Magallanes: "Solo enriquece la
humanidad, de manera duradera, aquel que amplía los conocimientos y refuer-
za la conciencia creadora".

Vale la pena recordar el primer viaje de circunnavegación, que comenzó pre-


cisamente hace 500 años. En esa época, Portugal tuvo un papel importante en
el primer proceso de globalización. Ahora, todo es muy diferente. Y, sin em-
bargo, el mundo nos está llamando para nuevas responsabilidades: por nuestro
lugar en el mundo, entre el norte y el sur, entre Europa, América y África; por
nuestra lengua, la más hablada del hemisferio sur; incluso por nuestra dimen-
sión, que nos sitúa en un lugar de mediación más que de poder.

No me interesa la equidistancia, sino el compromiso con los derechos huma-


nos. Para ello necesitamos independencia y libertad. Y no lo conseguiremos
en un mundo profundamente desigual, con la riqueza en manos de unos pocos
y el poder de los datos (el famoso big data) en manos de aún menos. Quiero
pensar en Portugal como un país que puede fomentar, en el mundo, los desig-
nios de la generación de 1969.

No podemos prever el futuro, pero podemos prepararnos para un futuro que


todavía no conocemos. Preparar es educar, conocer, crear, es cultivar el gusto
por la libertad, permitir que cada ser humano recorra su camino. Sin partida
no hay viaje. Ahora es el turno de la generación de 2019, nacida en los prime-
ros años del milenio. Les toca a ellos continuar. Nuestro futuro está en el mun-
do. Una vez más.

Traducción: Eduardo López-Jamar

Não houve um milagre, houve a vitória


possível
A lista de conquistas nestes quatro anos é notável: aumento de pensões,
textos escolares gratuitos, redução de propinas, reversão de cortes e dia
de 35 horas na administração
Daniel Oliveira

26/12/2019 - 22:02h

Quando o colunista conservador Vasco Pulido Valente usou pela primeira vez
a expressão "geringonça" ainda o atual primeiro-ministro português, António
Costa, estava a concorrer às primárias do Partido Socialista (PS) para derrubar
o anódino António José Seguro. Meses mais tarde, Paulo Portas, ainda líder
do CDS (direita), recuperou a palavra para caracterizar o novo governo de
esquerda. O governo que tinha, de facto, uma forma estranha. Era do PS, que
tinha ficado em segundo nas eleições, mas apoiado pelo Bloco de Esquerda
(BE, aliado do Podemos) e pelo Partido Comunista Português (PCP). Era a
primeira vez, na democracia portuguesa, que um partido que não tinha
vencido as eleições liderava um governo. Mas também era a primeira vez a
esquerda tinha maioria sem que o PS tivesse ficado em primeiro. A palavra
"geringonça" acabou por ser adotada pela esquerda. Não era um governo de
coligação – PCP e BE não entraram no governo – e não se podia falar de um
entendimento parlamentar – as más relações entre o PCP e o BE não
permitiram um acordo conjunto e cada partido assinou o seu com os
socialistas. "Geringonça" abreviava o que seria impossível de explicar.

Desde a revolução de 1974, nunca a esquerda se tinha entendido para


governar. Houve um ou outro apoio conjunto a candidatos às eleições para
Presidente da República, uma ou outra coligação em autarquias. E mesmo
isso, pouco. A grande clivagem, no nascimento da democracia portuguesa,
fez-se entre socialistas e comunistas. Ela, mais do que a divisão entre a
esquerda e a direita, é fundadora do regime. Ultrapassá-la era de uma
dificuldade extrema. Só condições extraordinárias poderiam ter levado a este
passo histórico que, até as negociações terminarem, foi dado como improvável
pela comunicação social.

No entanto, este entendimento estava escrito nas entrelinhas da campanha


eleitoral. PS, PCP e BE sentiram, nas ruas, a pressão dos eleitores para que se
entendessem. Nem mais um dia com Passos Coelho, primeiro-ministro de
direita que prometeu ir além da troika, diziam os eleitores de esquerda aos
seus candidatos. Todos sentiram que não seriam perdoados se as tradicionais
disputas à esquerda impedissem uma solução política alternativa. No fim de
um debate entre Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, e António
Costa, líder do Partido Socialista, a primeira deixou quatro condições para
participar num governo. Quase todas atendíveis. No congresso do Partido
Socialista, ainda antes da campanha, foi o próprio António Costa que
defendeu que o "arco da governação" não podia continuar fechado aos
partidos à sua esquerda.
Mas só na noite eleitoral se percebeu que desta vez podia ser a sério. A
coligação de direita tinha ficado em primeiro, com 38,5%. Claro que isso
acontecia porque concorreram coligados enquanto a esquerda, que somada
teve 51% dos votos e 122 dos 230 deputados, concorrera separada. Nessa
noite, a comunicação social e os líderes da direita, seguindo a tradição de
sempre, deram como certa a continuação de Pedro Passos Coelho como
primeiro-ministro. Só que, perante o resultado, Jerónimo de Sousa, líder dos
comunistas, disse a frase que marcou a futuro: "O PS só não forma governo se
não quiser". Começava a nascer a "geringonça".

Só uma conjugação única dos astros permitiria esta solução: um povo


massacrado pela austeridade e intolerante perante a possibilidade de mais
desencontros à esquerda, um PS com a possibilidade de governar mas
enfraquecido por não ter ficado em primeiro, um líder socialista que precisava
de chegar imediatamente ao poder, a direção do PCP pressionada por
sindicalistas e autarcas para não permitir que a ofensiva social e de
austeridade continuasse e o facto deste entendimento só ser aritmeticamente
possível se PCP e BE entrassem simultaneamente na solução. Se chegasse um
deles teria havido um impasse.

Aproveitar a oportunidade
Como se explica que a direita tenha conseguido, depois das brutais doses de
austeridade que ministrou ao país, ter 38%? Foi possível porque a recuperação
económica começou logo em 2014, ainda Passos Coelho era primeiro-
ministro. E começou como efeito da recuperação europeia e do crescimento
do turismo. Este é o primeiro mito que é necessário desfazer para
compreender a situação portuguesa: que foi a esquerda que recuperou, por si
só, a economia. Dizê-lo é repetir um erro que destruiu o PS quando a crise
rebentou – foi responsabilizado, sem ter em conta a situação externa, pela
bancarrota nacional. Não foi José Sócrates (primeiro-ministro em 2011) que
faliu o país, não foi Passos Coelho que impôs a austeridade, não foi António
Costa que recuperou a economia. Em todos estes momentos Portugal seguiu,
às vezes apenas com um pouco de atraso, as tendências europeias.
A diferença foi como cada um lidou com o contexto externo. Assim como a
direita acrescentou doses de austeridade ao que já vinha de fora, o governo da
"geringonça" aproveitou o momento de recuperação de forma muitíssimo
diferente do que teria aproveitado Pedro Passos Coelho. As reposições de
rendimentos e direitos sociais e laborais foram muitíssimo mas rápidas e
profundas. E não foram acompanhadas pela liberalização das leis laborais ou
privatizações, como aconselham sempre as instituições europeias e o FMI.
Pelo contrário, as alterações às leis laborais, mesmo que muito tímidas, foram
num sentido positivo para os trabalhadores. E até foi anulada a concessão a
privados dos transportes públicos de Lisboa e Porto e parcialmente revertida a
privatização da TAP (transportadora aérea).

A lista de conquistas nestes quatro anos é especialmente impressionante


quando se compara com o que se passa na Europa. Alguns exemplos: aumento
geral das reformas; aumento do abono de família; eliminação dos cortes no
subsídio de desemprego; manuais escolares gratuitos; redução das propinas
nas universidades; 35 horas semanais na administração pública e devolução de
muitos cortes que tinham sido feitos a trabalhadores do público e do privado;
novos escalões fiscais e fim de sobretaxas; aumento de impostos sobre
património imobiliário de valor mais elevado; drástica redução do preço dos
passes sociais para os transportes públicos (medida com enorme impacto
social); e aumento faseado, em 20%, do salário mínimo nacional.

Este conjunto de medidas dependeu de uma situação externa muito favorável


mas, ao mesmo tempo, acelerou a recuperação, porque aumentou os
rendimentos disponíveis, o consumo interno, a confiança económica, o
emprego, e as receitas fiscais, permitindo casar recuperação económica,
devolução de direitos sociais e equilíbrio das contas públicas a níveis nunca
vistos desde a entra no euro. O PIB cresceu a um ritmo que não era visto
desde o início do século; o desemprego caiu de 14%, em 2014, para 6,5%, em
2019; o investimento está próximo dos anos anteriores à crise e o défice do
orçamental continua a encaminhar-se para o nulo, o que corresponde a
grandes superávits primários.
Mais uma vez, é preciso ter cuidado com alguns equívocos. Infelizmente,
estes quatro anos não chegaram para provar que as políticas expansionistas
num país periférico da UE permitem casar recuperação económica com
cumprimento das metas europeias. Num período de crise, seria altamente
improvável que todas estas medidas pudessem ser tomadas com superávits
primários nunca vistos em Portugal. Foi a recuperação externa que o permitiu.
Como as contas correram bem e as instituições europeias acreditaram que
nada de estrutural dos seus dogmas ideológicos seria posto em causa por um
governo apoiado por comunistas e radicais, o rating da dívida subiu, as taxas
de juro desceram e o governo poupou mais de mil de milhão de euros em
serviço da dívida. Não é coisa pouca.

Como a situação era boa, houve menos resistência dos agentes económicos e
da Europa a aumentos dos salários mínimos (mesmo assim houve alguma), a
comissão europeia não chumbou orçamentos (chegou a ameaçar) e o clima
político e social foi, nos primeiros dois anos, invulgarmente favorável para um
governo de esquerda. Tudo isto tornou as relações entre os três partidos muito
mais fáceis e a capacidade da direita fazer oposição muito mais difícil.

Ao fim dos dois primeiros anos de governo, o conteúdo dos acordos, que
correspondiam à reposição de rendimentos e de direitos, esgotou-se. A
navegar à vista, começaram os atritos. No fim de mandato, os atritos
transformaram-se em confronto. O recuo do PS na negociação de uma nova
Lei de Bases de Saúde que retiraria poder aos grupos privados levou a um
forte desentendimento com o BE e a acusações mútuas de deslealdade. E
perante a aprovação, com o voto da direita, PCP e BE, da contagem integral
do tempo de carreira que fora congelado aos professores durante a crise, o
primeiro-ministro ameaçou demitir-se. Muitos observadores consideraram
esta simulação de crise forçada, para fins eleitorais. O PS estava a cair nas
sondagens por causa de um escândalo envolvendo a nomeação de dezenas de
familiares de ministros para gabinetes do governo e para a Administração
Pública. Esta dramatização contra uma lei que exibia "irresponsabilidade
orçamental" permitia recuperar votos à direita.
Com esta crise, o PS recuperou um pouco. Até porque uma boa parte do
crescimento do PS tem sido feito às custas da direita, graças ao equilíbrio das
contas públicas imposto com mão de ferro por Mário Centeno, o "Ronaldo das
Finanças". Equilíbrio que, mesmo num bom momento económico, tem sido
conseguido às custas dos mais baixos investimentos públicos das últimas
décadas e duma degradação dos serviços públicos, sobretudo na Saúde e nos
transportes coletivos. Este é o reverso da medalha do milagre português: a
reposição de rendimentos e direitos e a diminuição de custos para os
utilizadores dos serviços fundamentais não têm sido acompanhadas por um
investimento na qualidade do Serviço Nacional da Saúde e dos transportes.

Adeus à 'geringonça'?
Com a aproximação das eleições europeias, tem ficado claro que a estratégia
de longo prazo de António Costa já não passa pela "geringonça". António
Costa tem-se afastado de Pedro Nuno Santos, o principal peão de todas as
negociações com esquerda e promovido recentemente a ministro do
Equipamento. O jovem rosto da ala mais à esquerda do PS é um defensor, em
Portugal e na Europa, do reforço de um bloco à esquerda que rivalize com as
correntes neoliberais. Pelo contrário, o primeiro-ministro está cada vez mais
sintonizado com Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros. O
confesso seguidor da terceira via e de Macron tem defendido que a aliança
indispensável terá de ser entre europeístas para combater esquerda eurocética
e extrema-direita. Este rumo, com o reforço da aliança com os liberais,
incluindo Macron e os Ciudadanos, é evidente na estratégia que o PS definiu
para a Europa. Há quem diga que Costa sonha com uma carreira em Bruxelas.
No estado em que se encontra a esquerda na Europa, exigem-se novos aliados.

Tudo indica de que António Costa quer, neste momento, desfazer-se da


"geringonça". Para o fazer, tinha três possibilidades. Uma maioria absoluta,
uma aliança apenas com o PCP e um governo de minoria, com acordos
pontuais à esquerda e à direita. Os resultados das últimas eleições europeias
tornaram todas estas possibilidades improváveis. O PS ficou-se pelos 33,5% e
apesar de haver algumas sondagens otimistas, nada indica que isso seja
possível. O PCP teve o seu pior resultado de sempre numas eleições que, por
terem menos abstenção, costumam favorecer bastante um partido que tem um
eleitorado mais fiel. E os dois partidos de direita foram devastados. Rui Rio,
líder do Partido Social Democrata (centro-direita) aberto a entendimentos ao
centro, deverá ser afastado depois das eleições legislativas de outubro. Quem
vier deverá endurecer a oposição.

A queda do PCP e a subida do BE, nestas europeias, são dados importantes


para um balanço rigoroso. O PCP parece estar a sofrer do abraço do urso. O
seu eleitorado, com muitos reformados e funcionários públicos, parece estar a
sofrer o abraço do urso. Desde que começou esta solução política, perdeu três
eleições consecutivas: presidenciais, autárquicas e europeias. E nada indica
que seja por os seus eleitores não gostarem do governo que ele apoia. Talvez
gostem demais. O fim do cordão sanitário com os socialistas está a custar-lhe
votos. O BE, mais jovem, com mais peso entre trabalhadores do privado e
com mais maleabilidade tácita, tem conseguido manter a sua força eleitoral ou
até ampliá-la, dependendo dos candidatos. É um partido que partilha muitos
eleitores com o PS e a porosidade entre os dois pode sempre beneficiá-lo.
Isso, e uma evidente dificuldade de diálogo, levam António Costa querer ver-
se livre do BE. O sonho de governar só com os comunistas caiu por terra nas
europeias. Nunca o PCP aceitaria manter uma aventura a dois com um Bloco
de Esquerda em crescimento à solta.

Mas nas europeias abriu-se uma porta. O PAN (Pessoas, Animais, Natureza)
um partido muito particular que entrou no parlamento há quatro anos, que não
é nem de esquerda nem de direita, é quase exclusivamente composto por
vegans, tem nos animais o centro da sua ação política mas nos últimos meses
conseguiu passar a ideia de que é ecologista, saltou para os 5% nestas
europeias. Parece não ser um epifenómeno e os olhos de António Costa
brilham. Esta seria uma aliança sem custos. Sendo um partido de nicho e
pequenas causas, bastaria dar-lhe algumas bandeiras simbólicas e estria
garantido o seu apoio em tudo o que seja importante, da economia às leis
laborais.
A aritmética dos votos
Seja como for, o futuro da "geringonça" dependerá da aritmética dos votos.
Essa é a grande lição destes quatro anos: as alianças que podem mudar o rumo
de um país – ou pelo menos travar por uns tempos a caminhada para as
políticas neoliberais que dominam grande parte da Europa – dependem mais
da correlação de forças do que da boa-vontade dos políticos. E mesmo depois
dos eleitores da esquerda criarem, consciente ou inconscientemente, as
condições para que os entendimentos sejam inevitáveis, os partidos não
mudam de um dia para o outro. O PS continua a querer fazer as mesmas
escolhas que levaram os seus congéneres europeus, na Alemanha ou em
França, a uma crescente irrelevância. O PCP, sendo um dos poucos partidos
comunistas ortodoxos que sobreviveu na Europa, continua a viver nos seus
anacronismos. O BE, como partido nascido depois da crise dos partido de
massas, continua a ser inconsistente. E os limites impostos por uma Europa
onde os equilíbrios políticos são muito diferentes da que vivemos em Portugal
e Espanha, continuam a ser o mesmos. Assim como será com a mesma moeda,
tão desajustada à realidade dos países periféricos como em 2009, que teremos
de enfrentar uma nova crise, quando ela inevitavelmente vier. A dívida
continua insustentável, os limites do tratado orçamental continuam absurdos, a
economia portuguesa continua de uma fragilidade assustadora.

Em Portugal, não aconteceu um milagre. Aconteceu uma vitória circunstancial


e limitada dos que querem uma governação mais à esquerda. Que dependeu da
pressão dos eleitores e só dela pode voltar a depender. E que, se afastarmos
todos os mitos e olharmos com frieza, foi o melhor que a esquerda podia ter
feito ter acontecido dentro do que lhe é possível. É isso que se exige: não per-
der oportunidades.

No hubo un milagro, hubo la victoria


posible
La lista de conquistas de los cuatro años de gobierno de izquierdas es
notable: aumento de las pensiones, textos escolares gratuitos, reducción
de las tasas universitarias, reversión de recortes y jornada de 35 horas en
la administración 
Daniel Oliveira

26/12/2019 - 21:00h

Cuando el columnista conservador Vaco Piludo Valente usó por primera vez
la expresión jerigonza, el actual primer ministro portugués, António Costa, to-
davía estaba concurriendo a la primarias del Partido Socialista (PS) para derri-
bar al anodino António José Seguro. Meses más tarde, Paulo Portas, todavía
líder del CDS (derecha), recuperó la palabra para describir al nuevo gobierno
de izquierda. Un gobierno que tenía, de hecho, una composición extraña. Era
del PS, que había quedado en segundo lugar en las elecciones, pero apoyado
por el Bloco de Esquerda (BE, aliado de Podemos) y por el Partido Comunista
Portugués (PCP). Era la primera vez, en la democracia portuguesa, que un
partido que no había vencido las elecciones lideraba un gobierno. Pero tam-
bién era la primera vez que la izquierda tenía una mayoría sin que el PS hubie-
se quedado primero. La palabra jerigonza ha terminado por ser adoptada por
la izquierda. No es un gobierno de coalición (PCP y BE no han entrado en el
Gobierno) y no se podía hablar de acuerdo parlamentario (las malas relaciones
entre el PCP y el BE no han permitido un acuerdo conjunto y cada partido ha
firmado el suyo por separado con los socialistas. Jerigonza significaba lo que
sería imposible de explicar.

Desde la revolución de 1974, la izquierda nunca se había entendido para go-


bernar. Hubo otro apoyo conjunto a candidatos a las elecciones para presiden-
te de la República, alguna coalición en municipios. Muy poco, en definitiva.
La gran división, con el nacimiento de la democracia portuguesa, se produjo
entre socialistas y comunistas. Esa ruptura, más que la división entre la iz-
quierda y la derecha, es la fundadora del régimen. Superarla era de una difi-
cultad enorme. Solo condiciones extraordinarias podrían haber conducido a
este paso histórico que, hasta que las negociaciones terminaron, era considera-
do improbable por los medios de comunicación.
Sin embargo, este entendimiento estaba escrito entre líneas en la campaña
electoral. PS, PCP y BE sintieron, en las calles, la presión de los votantes para
que se entendiesen. Ni un solo día más con Passos Coelho, primer ministro de
derecha que prometió ir más allá de la troika, decían los votantes de izquierda
a sus candidatos. Todos sintieron que no se les perdonaría si las tradicionales
disputas entre los partidos de izquierda impidiesen una solución política alter-
nativa. En un debate entre Catarina Martins, líder del Bloco de Esquerda, y
António Costa, líder del Partido Socialista, la primera puso cuatro condiciones
para participar en un gobierno. Casi todas asequibles. En el congreso del Parti-
do Socialista, antes de la campaña, fue el propio António Costa quien defen-
dió que la alternancia en el gobierno no podía continuar vetada a los partidos a
su izquierda.

Pero hasta la noche electoral no se empezó a constatar que, esta vez, la cosa
podría ir en serio. La coalición de derecha había ganado, con un 38,5%. Eso
sucedía porque habían concurrido en coalición, mientras que la izquierda, que
en conjunto había obtenido el 51% de los votos y 122 de los 230 diputados, se
había presentado por separado. Esa noche, los medios de comunicación y los
líderes de la derecha, siguiendo la tradición, dieron como segura la continui-
dad de Pedro Passos Coelho como primer ministro. Pero, ante el resultado, Je-
rónimo de Sousa, líder de los comunistas, pronunció la frase que marcó el fu-
turo: "El PS no forma gobierno porque no quiere". Comenzaba a nacer la jeri-
gonza.

Solo una alineación única de los astros permitiría esa solución: un pueblo ma-
chacado por la austeridad e intransigente ante la posibilidad de más desen-
cuentros entre la izquierda, un PS con la posibilidad de gobernar pero debilita-
do por no haber quedado el primero, un líder socialista que necesitaba llegar
inmediatamente al poder, la dirección del PCP presionada por sindicalistas y
alcaldes para que no permitiese que la ofensiva mediática y de austeridad con-
tinuase y el hecho de que este entendimiento solo era aritméticamente posible
si el PCP y el BE entrasen a la vez en la solución. Si lo hiciese antes uno de
ellos, podría haberse dado un impasse.
Aprovechar la oportunidad
¿Cómo se explica que la derecha haya conseguido, tras las brutales dosis de
austeridad que suministró al país, alcanzar el 38% de los votos? Fue posible
porque la recuperación económica comenzó en 2014, siendo todavía primer
ministro Passos Coelho. Y comenzó como efecto de la recuperación europea y
del crecimiento del turismo. Este es el primer mito que es necesario deshacer
para comprender la situación portuguesa: que fue a izquierda la que recuperó,
por sí sola, la economía. Decirlo es repetir un error que destruyó al PS cuando
la crisis explotó: fue responsabilizado, sin tener en cuenta la situación externa,
de la bancarrota nacional. No fue José Sócrates (primer ministro en 2011)
quien hizo quebrar el país, no fue Passos Coelho quien impuso la austeridad,
no fue António Costa quien recuperó la economía. En todos esos momentos
Portugal seguía, a veces solo con un poco de retraso, las tendencias europeas.

La diferencia residió en cómo cada uno de ellos se enfrentó con el contexto


externo. Así como la derecha añadió dosis de austeridad a lo que ya venía de
fuera, el gobierno de la jerigonza aprovechó el momento de recuperación de
forma muy diferente de lo que habría hecho Pedro Passos Coelho. Las restitu-
ciones de salarios y derechos sociales y laborales fueron mucho más rápidas y
profundas. Y no fueron acompañadas por la liberalización de las leyes labora-
les o privatizaciones, como aconsejan siempre las instituciones europeas y el
FMI. Al contrario, los cambios en las leyes laborales, aunque muy tímidos,
fueron para favorecer a los trabajadores. E incluso se anuló la concesión a em-
presas privadas de los transportes públicos de Lisboa y Oporto y se revirtió
parcialmente la privatización de la aerolínea TAP.

La lista de conquistas en estos cuatro años es especialmente impresionante


cuando se compara con lo que sucede en Europa. Algunos ejemplos: aumento
general de las pensiones; aumento del abono de familia; eliminación de los re-
cortes en el subsidio de desempleo; textos escolares gratuitos; reducción de las
tasas universitarias; 35 horas semanales en la Administración pública y devo-
lución de muchos recortes que habían sido realizados a trabajadores del sector
público y privado; nuevos tipos fiscales y fin de recargos; aumento de impues-
tos sobre patrimonio inmobiliario de mayor valor; drástica reducción del pre-
cio de los abonos sociales para los transportes públicos (medida con enorme
impacto social), y aumento del 20%, por fases, del salario mínimo nacional.

Este conjunto de medidas ha sido posible gracias a una situación externa muy
favorable pero, al mismo tiempo, aceleró la recuperación, ya que aumentó las
rentas disponibles, el consumo interno, la confianza económica, el empleo y
los ingresos fiscales. Por ello, permitió combinar recuperación económica, de-
volución de derechos sociales y equilibrio de las rentas públicas a niveles nun-
ca vistos desde la entrada del euro. El PIB creció a un ritmo desconocido des-
de comienzos de siglo, el desempleo cayó del 14%, en 2014, al 6,5%, en
2019; la inversión está cerca de la de los años anteriores a la crisis y el déficit
presupuestario continúa su camino hacia llegar a ser nulo, lo que se debe a los
grandes superávits primarios.

Una vez más, es necesario tener cuidado con algunos equívocos. Desgraciada-
mente, estos cuatro años no han sido suficientes para demostrar que las políti-
cas expansionistas en un país periférico de la UE permiten casar recuperación
económica con el complimiento de las metas europeas. En un periodo de cri-
sis, sería altamente improbable que todas estas medidas pudiesen tomarse con
superávits primarios nunca vistos en Portugal. Fue la recuperación externa lo
que lo permitió. Como las cuentas se comportaron bien y las instituciones eu-
ropeas confiaron en que ningún elemento estructural de sus dogmas ideológi-
cos sería puesto en cuestión por un gobierno apoyado por comunistas y radica-
les, el rating de la deuda subió, los niveles de interés descendieron y el Go-
bierno se ahorró más de mil millones de euros en pagos de deuda. No es poca
cosa.

Como la situación era buena, hubo menos resistencias por parte de los agentes
económicos y de Europa a los aumentos de los salarios mínimos (aun así,
hubo algunas), la Comisión Europea no rechazó los presupuestos (llegó a
amenazar con ello) y el clima político y social fue, en los primeros dos años,
inusualmente favorable para un gobierno de izquierdas. Todo esto hizo que las
relaciones entre los tres partidos fuesen mucho más fáciles y la capacidad de
la derecha de hacer oposición, mucho más difícil.

Cuando se cumplieron los dos primeros años de gobierno, el contenido de los


acuerdos, que incluía la restitución de los salarios y los derechos, se agotó. Y
navegando a ciegas, comenzaron las fricciones. Cuando el mandato llega a su
fin, las fricciones se han convertido en enfrentamiento. La retirada del PS de
la negociación de una nueva Ley de Bases de Salud que restaría poder a los
grupos privados llevó a un fuerte desencuentro con el BE y a acusaciones mu-
tuas de deslealtad. Y, ante la aprobación, con el voto de la derecha, PCP y BE,
de la contabilización completa del tiempo de servicio de los profesores, que
fue congelado durante la crisis, el primer ministro amenazó con su dimisión.
Muchos observadores han considerado que esta simulación de crisis forzada
tenía fines electorales. El PS estaba cayendo en las encuestas debido a un es-
cándalo relacionado con el nombramiento de decenas de familiares de minis-
tros para cargos gubernamentales y en la Administración Pública. Esta drama-
tización contra una ley que mostraba "irresponsabilidad presupuestaria" per-
mitía recuperar votos hacia la derecha.

Con esta crisis, el PS se ha recuperado un poco. Una buena parte del creci-
miento del PS se ha producido a costa de la derecha, gracias al equilibrio de
las cuentas públicas impuesto con mano de hierro por Mário Centeno, el Cris-
tiano Ronaldo de las Finanzas. Un equilibrio que, incluso en un buen momen-
to económico, se ha conseguido a costa de la inversión pública más baja de las
últimas décadas y de una degradación de los servicios públicos, sobre todo en
Sanidad y en el transporte público. Ese es el reverso de la moneda del milagro
portugués: la restitución de los servicios fundamentales no se ha visto acom-
pañada por una inversión en la calidad del Servicio Nacional de Salud y de los
transportes.

¿Adiós a la 'Jeringonza'?
Con la aproximación de las elecciones europeas ha quedado claro que la estra-
tegia a largo plazo de António Costa ya no pasa por la jerigonza. António
Costa se ha alejado de Pedro Nuno Santos, el principal activo de todas las ne-
gociaciones con la izquierda y ascendido recientemente a ministro de Fomen-
to. El joven rostro del ala más a la izquierda del PS es un defensor, en Portu-
gal y en Europa, del refuerzo de un bloque a la izquierda que rivalice con las
corrientes neoliberales. Sin embargo, el primer ministro sintoniza cada vez
más con Augusto Santos Silva, ministro de Asuntos Exteriores. El confeso se-
guidor de la tercera vía y de Macron ha defendido que la alianza imprescindi-
ble deberá ser entre europeístas, para luchar contra la izquierda euroescéptica
y la extrema derecha. Este rumbo, con el refuerzo de la alianza con los libera-
les, incluyendo a Macron y a Ciudadanos, es evidente en la estrategia que el
PS ha definido para Europa. Hay quien dice que Costa sueña con una carrera
en Bruselas. En el estado en el que se encuentra la izquierda en Europa, se
exigen nuevos aliados.

Todo indica que, en este momento, António Costa quiere deshacerse de la je-
rigonza. Para ello, tenía tres posibilidades. Una mayoría absoluta, una alianza
solo con el PCP y un gobierno en minoría, con acuerdos puntuales a izquierda
y derecha. Los resultados de las últimas elecciones europeas han hecho que
todas estas posibilidades sean improbables. El PS alcanzó el 33,5% de los vo-
tos y, a pesar de hay algunas encuestas optimistas, nada indica que sea posible
repetirlos. El PCP obtuvo el peor resultado de su historia en unas elecciones
que, por presentar menos abstención, suelen favorecer bastante a un partido
que tiene un electorado más fiel. Y los dos partidos de derecha fueron arrasa-
dos. Rui Rio, líder del Partido Social Demócrata (centro-derecha), abierto a
acuerdos hacia el centro, deberá retirarse después de las elecciones legislativas
de octubre. Y quien venga deberá endurecer la oposición.

La caída del PCP y la subida del BE, en estas europeas, son datos importantes
para un análisis riguroso. El PCP parece estar sufriendo el abrazo del oso. Su
electorado, con muchos pensionistas y funcionarios públicos, parece estar su-
friendo el abrazo del oso. Desde que comenzó esta solución política, ha perdi-
do tres elecciones consecutivas: presidenciales, municipales y europeas. Y
nada indica que se deba a que a sus electores no les guste el gobierno que ellos
apoyan. Puede que les guste demasiado. El fin del cordón sanitario con los so-
cialistas está costándoles votos. El BE, más joven, con más peso entre trabaja-
dores del sector privado y más maleable, ha conseguido mantener su fuerza
electoral o incluso ampliarla, dependiendo de los candidatos. Es un partido
que comparte muchos votantes con el PS y la porosidad entre ambos puede
beneficiarlo. Eso, y una evidente dificultad de diálogo, llevan a António Costa
a querer verse libre del BE. El sueño de gobernar solo con los comunistas ca-
yó por tierra en las europeas. El PCP jamás aceptaría mantener una aventura a
dos con un Bloco de Esquerda creciendo sin freno.

Pero en las europeas se ha abierto una puerta. El PAN (Personas, Animales,


Naturaleza), un partido muy particular que entró en el Parlamento hace cuatro
años, que no es ni de izquierda ni de derecha, que está casi exclusivamente
compuesto por veganos, que tiene en los animales el centro de su acción polí-
tica pero en los últimos meses ha conseguido transmitir la idea de que es eco-
logista, ha alcanzado el 5% de votos en estas europeas. Parece que no es un
efecto secundario y los ojos de António Costa brillan. Esta sería una alianza
sin costes. Al ser un partido de nicho y pequeñas causas, sería suficiente con
darle algunas victorias simbólicas y estaría garantizado su apoyo en todo lo
importante, desde la economía a las leyes laborales.

La aritmética de los votos


Sea como sea, el futuro de la jerigonza dependerá de la aritmética de los vo-
tos. Esa es la gran lección de estos cuatro años: las alianzas que pueden cam-
biar el rumbo de un país (o, por lo menos, entorpecer temporalmente el rumbo
hacia las políticas neoliberales que dominan gran parte de Europa) dependen
más de la correlación de fuerzas que de la buena voluntad de los políticos. E
incluso después de que los votantes de izquierda hayan creado, consciente o
inconscientemente, las condiciones para que los acuerdos sean inevitables, los
partidos no cambian de un día para otro. El PS continúa queriendo tomar las
mismas decisiones que han llevado a sus pares europeos, en Alemania o en
Francia, a una creciente irrelevancia. El PCP, a pesar de ser uno de los pocos
partidos comunistas ortodoxos que ha sobrevivido en Europa, continúa vivien-
do en sus anacronismos. El BE, como partido nacido después de la crisis de
los partidos de masas, continúa siendo inconsistente. Y los límites impuestos
por una Europa donde los equilibrios políticos son muy diferentes a los que
vivimos en Portugal y España, continúan siendo los mismos. Asimismo, será
con la misma moneda, tan desajustada a la realidad de los países periféricos
como en 2009, con la que tendremos que enfrentarnos a una nueva crisis,
cuando inevitablemente llegue. La deuda continúa insostenible, los límites del
tratado presupuestario continúan siendo absurdos, la economía portuguesa
continúa con una fragilidad que asusta.

En Portugal no ha sucedido un milagro. Ha sucedido una victoria circunstan-


cial y limitada de los que quieren un gobierno más virado hacia la izquierda.
Una victoria que ha dependido de la presión de los votantes y solo puede vol-
ver a depender de ella. Y que, si nos olvidamos de los mitos y la observamos
con frialdad, ha sido lo mejor que la izquierda podía haber hecho dentro sus
posibilidades. Es eso lo que se le exige: no perder oportunidades.

Traducción: Eduardo López-Jamar

Recibe en casa las revistas de eldiario.es


Este artículo fue publicado en el número 24 de la revista trimestral de
eldiario.es, el monográfico 'Portugal: la magia de lo improbable'. Hazte socia
o socio ahora y recibe en casa nuestras revistas. Además, disfrutarás de todas
las ventajas de nuestros socios, como recibir nuestro adelanto diario y navegar
sin publicidad, y nos ayudarás a seguir haciendo posible un proyecto de
periodismo independiente con valores sociales.

Tanto a aprender com o vizinho


ignorado
Em Portugal, um Governo de esquerdas veio mostrar que é possível outra
política, que as receitas neoliberais não são a única forma de cumprir o
rigor orçamental
Ignacio Escolar 

23/12/2019 - 22:06h
Há um país na Europa que reverteu os cortes, melhorou as pensões, conseguiu
manuais escolares gratuitos, baixou as taxas universitárias e os preços do
transportes públicos. É um lugar onde o desemprego desceu de 14% para
6,5% e em simultâneo com a subida do salário mínimo. É um Estado que
conseguiu equilibrar as contas púlblicas e baixar o défice, aumentando os
impostos para os mais ricos, ao invés de passar a fatura aos do costume. Uma
nação onde as coisas se fizeram de uma outra forma, uma forma que
funcionou.

Esse país não fica muito longe. Chama-se Portugal e, para muitos espanhóis, é
um grande desconhecido: o país mais próximo, geográfica e culturalmente, e o
mais distante em termos de debate público. Lá em casa desse vizinho que
ignoramos, se deixarmos de olhar de cima, vemos que há um Governo de
esquerdas que veio mostrar que é possível outra política, que as receitas
neoliberais não são a única forma de cumprir o rigor orçamental, que também
se pode gerar riqueza a partir da justiça social, coisa que nunca foi impossível,
por muito que se dissesse o contrário. Lá em Portugal, a social-democracia, a
nova esquerda e o comunismo conseguiram pactuar para formar Governo e
superar os seus desencontros históricos: os mesmos ódios que em Espanha
existem entre as diferentes famílias progressistas, cuja lista de rancores e
conflitos contrasta com a provada capacidade que as direitas têm de sempre
chegar a acordo entre si. Nos últimos meses, por proximidade das eleições,
essa aliança à esquerda portuguesa sofreu um abanão. Também nisto a
experiência dos portugueses nos pode servir de ensinamento.

Sabemos quase tudo sobre Emmanuel Macron e quase nada sobre António
Costa. Por isso, e porque tanto tem para nos ensinar, quisemos dedicar a
Portugal esta edição monográfica do eldiario.es. Trata-se de uma revista
especial, pois a maioria dos autores são portugueses. Foram escolhidos com a
generosa ajuda da presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río –
obrigado, Pilar, por ser a editora convidada deste número da nossa revista.

Há tanto a aprender sobre Portugal. Tanto que viajar. Tanto que ler e ouvir.
Tanto que admirar e tanto para nos deixarmos surpreender que esta revista não
é mais do que um mero aperitivo de tudo aquilo que estamos a perder dos
nossos vizinhos nesta jangada de pedra chamada Ibéria.

Traducción: Vera Sepúlveda

Tanto que aprender del vecino ignorado


En Portugal, un Gobierno de izquierdas ha demostrado que otra política
es posible, que las recetas neoliberales no son la única forma de cumplir
con el rigor presupuestario
Ignacio Escolar 

23/12/2019 - 21:08h

Hay un país en Europa que ha revertido los recortes, que ha mejorado las pen-
siones, que ha logrado que los libros de texto sean gratuitos, que ha bajado las
tasas universitarias y los precios del transporte público. Es un lugar donde el
paro se ha reducido del 14% al 6,5%, y eso ha ocurrido al mismo tiempo que
se subía el salario mínimo. Es un Estado que ha logrado cuadrar las cuentas
públicas y rebajar el déficit, pero lo ha hecho aumentando los impuestos a los
más ricos, en vez de pasar la factura a los de siempre. Es una nación donde las
cosas se han hecho de otra manera, y esa manera ha funcionado.

Ese país no queda nada lejos. Se llama Portugal y, para muchos españoles, es
un gran desconocido: el más próximo cultural y geográficamente, el más le-
jano en el debate público. Allí, en la casa de ese vecino al que ignoramos,
cuando no lo miramos por encima del hombro, un Gobierno de izquierdas ha
demostrado a toda Europa que otra política es posible, que las recetas neolibe-
rales no son la única forma de cumplir con el rigor presupuestario, que tam-
bién se puede crear riqueza desde la justicia social, que nunca fue imposible,
por mucho que repitieran lo contrario. Allí, en Portugal, la socialdemocracia,
la nueva izquierda y el comunismo han logrado pactar un Gobierno y superar
sus desencuentros históricos: los mismos odios que en España también se dan
entre las distintas familias progresistas, cuya lista de rencores y agravios
contrasta con la probada capacidad que siempre tienen las derechas para po-
nerse de acuerdo entre ellas. En los últimos meses, por la cercanía de las elec-
ciones, ese acuerdo de la izquierda portuguesa se ha agrietado. También en
esto su experiencia nos puede servir como enseñanza.

Sabemos casi todo de Emmanuel Macron y casi nada de António Costa. Por
eso, y porque ellos tienen tanto que contarnos, hemos querido dedicar a Portu-
gal este monográfico de eldiario.es. Es una revista algo especial, porque la
mayoría de los autores son portugueses. Los hemos escogido con la generosa
ayuda de la presidenta de la Fundación José Saramago, Pilar del Río –gracias,
Pilar, por ejercer de directora invitada de este número de nuestra revista–.

Mulheres, as primeiras
Escritores, professores, cantores, políticos, artistas, ativistas: de Celeste
Caeiro, o ícone da revolução, à cantora Teresa Salgueiro, as mulheres
portuguesas não são mais lavadeiras, como a música repetia
esmagadoramente, hoje são referentes
Pilar del Río  - Jornalista e tradutora. Preside atualmente a Fundação José Saramago
23/12/2019 - 22:03h

Sabíamos, em tempos que já lá vão, que existiam em Portugal as lavadeiras, as


"raparigas encantadoras que durante o dia lavavam e à noite namoravam",
uma Nossa Senhora de Fátima que entrava pelas nossas casas adentro a cada
13 de maio e a fadista Amália Rodrigues, voz de navalha de cortar a
respiração e que não deixava ninguém indiferente.

De Portugal, ocasionalmente chegavam notícias, como a de um ditador de seu


nome Salazar que caiu da cadeira enquanto fazia a barba e assim proferiu o
fim do seu poder, que um tal de Marcelo Caetano lhe sucedeu trazendo uma
certa abertura, que havia presidentes da república atípicos, partidos
clandestinos, heróis assassinados, o general Humberto Delgado e outros cujos
nomes deviam estar presentes, até que no dia 25 de abril de 1974 soubemos –
e de que maneira – que um grupo de capitães se tinha rebelado, trazendo para
a rua os tanques militares e o melhor de ser humano.
Após a revolução militar que a população civil apoiou como se já a esperasse
e que Maria de Medeiros conta no filme Capitães de Abril, iniciou-se a Era da
Democracia, em que as mulheres começaram a ser uma presença habitual na
vida pública, sendo que já existiam na obscuridade, tapadas pelas regras e os
costume. Nos primeiríssimos momentos da Democracia destacou-se, pelo seu
simbolismo e notável humildade, Celeste Caeiro, uma lisboeta que distribuíu
pelos soldados os cravos sem utilidade do seu local de trabalho, pois era "a
única coisa que podia oferecer".

Os soldados aceitaram os cravos e colocaram-nos nas suas espingardas: uma


imagem deu a volta ao mundo e instalou-se no imaginário dos sonhadores e
dos que vão contra os sonhos, mas a impulsionadora do insólito gesto
permaneceu no anonimato.

Celeste Caeiro tem 86 anos, vive com as dificuldades inerentes a quem nunca
deixou de ser pobre, tem cerca de um metro e meio e olhos brilhantes, deu o
nome a uma revolução – a Revolução dos Cravos – e não se julga merecedora
de qualquer medalha ou homenagem; talvez por essa razão não lhe seja
atribuído um reconhecimento geral e oficial.

Celeste Caeiro representa o conceito de cidadania como poucas pessoas.


Também ela, como se fosse um espelho, devolve uma imagem de falta de
sensibilidade humana e democrática da sociedade e das instituições.
Efetivamente, os pobres, as pobres, são invisíveis.

Escritoras, professoras, cantoras, compositoras, políticas, ativistas: os 45 anos


de vida democrática mudaram radicalmente o retrato de um país que agora se
apresenta à Europa e ao mundo como contemporâneo e não um resquício
ancestral. A única mulher chefe de estado na Península Ibérica é portuguesa:
Lourdes Pintassilgo, em 1979. É verdade que era chamada de "ministro" e não
ministra, mas desde então nenhuma outra mulher a ocupar um lugar no poder
executivo foi tratada no masculino, como continua a acontecer às mulheres
que presidem instituições como o parlamento, que durante uma legislatura –
em cem anos de história – foi conduzido por Assunção Esteves, ou
instituições privadas.

Presidir é coisa de homens


Presidir ainda é coisa de homens, as presidentas não existem, ainda que possa
haver, talvez por delegação masculina, alguma mulher a quem nos dirijamos
como "senhora presidente". Felizmente, existem sim pintoras, um universo
conquistado por várias mulheres na democracia moderna. Paula Rego é, neste
contexto, a voz e o grito. Os seus seres deformados contam mais do que cem
tratados sobre a violência e o sofrimento. Interveio com obras decisivas, fortes
e doridas, na campanha a favor do aborto, ganha pelas mulheres portuguesas. 

Paula Rego vive em Londres. Tem quase 85 anos, continua a pintar o mundo e
a sua obra está nos melhores museus de arte contemporânea. E também
Helena Viera da Silva, que viveu no exílio e construiu a partir da memória as
obras mais belas. Ela e a grande poeta Sophia de Mello Breyner afirmaram,
após a Revolução, que a poesia está na rua e deixaram-no claro num cartaz
que é impossível observar sem que nos emocionemos.

Impõe-se uma viagem até Lisboa para percorrer os lugares de Sophia, subir ao
miradoura da Graça e ler un poema, quiçá este, de seu nome "25 de
abril": Esta é a madrugada que eu esperava / O dia inicial inteiro e limpo /
Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do
tempo. E em seguida, com esse prazer incorporado, aravessar a cidade e entrar
na Fundação Vieira da Silva, nas Amoreiras, ver os cravos vermelhos que
povoam levemente o cartaz de "A poesia está na rua" e sentir que estas
mulheres organizaram o mundo e lhe conferiram beleza. Talvez ali mesmo
ouvir a Teresa Salgueiro cantar, ao som da sua voz de lua nascente calcorrear
as ruas da cidade, como fez Alain Tanner em "A cidade branca". A voz de
Teresa Salgueiro penetra nas casas e nas almas e é uma bandeira, assim se
disse no México e se repetiu em vários continentes.

O nascimento do feminismo moderno em Portugal teve três nomes, as "Três


Marias", como foram apelidadas até talvez com certo desdém, que
enfrentaram a ditadura de cara destapada e abriram o caminho para outras
mulheres. Foram elas a Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria
Velho da Costa, as três que assinaram o livro que bem poderia ser considerado
um manifesto feminista: Novas cartas portuguesas.

Esta obra magnífica, que reclamava a liberdade e manifestava a necessidade


das mulheres poderem expressar-se com as suas próprias vozes, foi
considerado imoral e pornográfica pelo regime, as autoras processadas, sendo
que só após a Revolução foram abolvidas do grave delito que lhes fora
imputado: pensar sem ter em conta os cânones do patriarcado. Cada uma das
autoras seguiu a sua carreira literária, tornando-se mestras de várias gerações e
as Novas cartas portuguesas constituem um clássico contemporâneo inaugural
da modernidade esencial em Portugal.

As "Capazes"
As mulheres portuguesas não são lavandeiras, como tanto se cantava em
Espanha, são pessoas capazes e assim o reivindica o grupo que tomou o
mesmo nome "Capazes", que junta profissionais de prestígio, feministas e
ativistas, e que intervem na sociedade tal como outros coletivos.

As propostas de igualdade que defendem os movimentos feministas foram-se


instalando na sociedade de forma natural e hoje já ninguém discute a paridade
nas instituições, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o direito ao
aborto.

A gestação controlada e de substituição foi aprovada no parlamento depois de


muitos debates e pela proposta da esquerda mais radical. Há mulheres na
primeira linha da atividade política: o terceiro partido em número de votos
segundo as eleições europeias, o Bloco de Esquerda, é dirigido por mulheres:
Catarina Martins na secretaria geral, as jovens e feministas porta-vozes
parlamentares e ainda a líder da representação europeia. Todos os partidos têm
mulheres nas suas direções e tanto o parlamento como o governo socialista
estão já próximos da paridade. A ministra da justiça, Francisca Van Dumem, é
a primeira negra a ocupar um lugar no governo.
As herdeiras de Agustina Bessa Luís
E há também as escritoras portuguesas mais jovens, uma lista interminável e
feliz de narradoras e poetas cosmopolitas que escrevem a partir de uma
identidade própria, ainda que com diferentes formas de olhar. Dulce Maria
Cardoso, Inês Pedrosa, Alexandra Lucas Coelho e Ana Margarida de Carvalho
são alguns nomes de novas autoras, traduzidas e premiadas, que demonstram
que a dinastia de Agustina Bessa-Luís, seguida por Lídia Jorge, tem
sucessoras e que, portanto, a literatura não tem fim. Agustina Bessa Luís,
mítica autora de A Sibila, faleceu recentemente aos 97 anos. A sua voz
inaugural, sempre surpreendente, é cada dia mais reclamada. Disse de si
mesma que "nasceu adulta e morreria menina", talvez porque a sua obra é uma
busca contínua e inadiável. Também não cai no esquecimento o impulso que
representou Maria Lamas, jornalista, feminista, militante comunista,
perseguida pela ditadura e exilada em Paris, autora que combateu a imagem
da mulher submissa que o sistema apregoava através da revista Modas e
Bordados e que reclamou, entre outros, o direito à felicidade das mulheres. Ou
o trabalho de Maria Antónia Pallas, também jornalista, que publicou
recentemente um volume com as suas crónicas sobre o maio de 68, com os
textos que foram publicados e os que a censura ocultou. Ao livro, deu esta
mulher nascida em 1933 o estimulante nome de Revolução, meu amor e
dedicou-o ao seu filho, o atual primeiro ministro português, António Costa.
Um mãe de forte caráter.

O mesmo carácter que tantas mulheres usaram ao longo dos tempos líquídos
para manter as conquistas da emancipação que ganharam força legal, em
Portugal, com o 25 de abril e a Revolução dos Cravos. Revolução essa que
assim se chama e ficou para a história por via de um gesto decidido e audaz de
uma pequeña mulher, e ao mesmo tempo tão grande, de seu nome Celeste
Ceiro, a quem este artigo é dedicado. Com emoção e carinho.

Traducción: Vera Sepúlveda

Mujeres, las primeras


Escritoras, profesoras, cantantes, políticas, artistas, activistas: desde
Celeste Caeiro, el icono de la revolución, hasta la cantante Teresa
Salgueiro, las mujeres portuguesas ya no son lavanderas, como repetía
machaconamente la canción, hoy son referentes
Pilar del Río  - Periodista y traductora. En la actualidad preside la Fundación José Saramago
23/12/2019 - 21:08h

Sabíamos, en aquellos tiempos de antes, que Portugal tenía lavanderas "mu-


chachitas encantadoras, que de día iban a lavar y por la noche a enamorar",
una Virgen de Fátima que se aparecía en nuestras casas cada 13 de mayo y la
cantante Amalia Rodrigues, voz de navaja que cortaba la respiración y a nadie
dejaba indiferente.

A veces de Portugal llegaban noticias, por ejemplo que un dictador de nombre


Salazar se cayó de la silla mientras el barbero lo afeitaba y ahí acabó su poder,
que le sucedió un tal Marcelo Caetano y con él llegó cierto aperturismo, que
había presidentes de la república pintorescos, partidos clandestinos, héroes
asesinados, el general Humberto Delgado entre otros, cuyos nombres deberían
estar presentes, hasta que el 25 de abril de 1974 supimos, y de qué manera lo
supimos, que unos capitanes se sublevaron y al sacar tanques a la calle saca-
ron también lo mejor del ser humano.

Tras aquella Revolución militar que la población civil secundó como si hubie-
ra estado esperándola y Maria de Medeiros contó en la película Capitanes de
Abril, arrancó la Edad de la Democracia y en ella comenzaron a ser habituales
en la vida publica las mujeres, que ya existían, digámoslo, aunque el oscuran-
tismo, las normas y las costumbres impedía verlas. En la primerísima hora de
la era democrática destacó, por su simbolismo y por su relevante humildad,
Celeste Caeiro, una lisboeta que llevaba claveles que llevaba los claveles que
no sirvieron en su lugar de trabajo y decidió repartirlos entre los soldados por-
que "era lo único que podía ofrecer".

Los soldados aceptaron claveles y los colocaron en sus fusiles: la imagen dio
la vuelta al mundo y se instaló en el imaginario de los soñadores y de quienes
operan contra los sueños, pero la artífice del insólito gesto quedó en el anoni-
mato. Celeste Caeiro tiene 86 años, vive con las dificultades lógicas de quien
nunca ha dejado de ser pobre, mide alrededor de metro y medio, tiene los ojos
brillantes, le dio nombre a una Revolución – la Revolución de los Claveles- y
no se cree merecedora de ninguna medalla ni homenaje, tal vez por eso le falte
el reconocimiento general y oficial.
Celeste Caeiro representa el concepto de ciudadanía como pocas personas.
También ella, como si fuera un espejo, devuelve una imagen de falta de sensi-
bilidad humana y democrática de la sociedad y de las instituciones. Realmente
los pobres, las pobres, son invisibles.

Escritoras, profesoras, cantantes, compositoras, políticas, activista: los 45 años


de vida democrática han cambiado radicalmente el retrato de un país que aho-
ra se presenta en Europa y en el mundo como contemporáneo y no como resi-
duo ancestral. La única mujer que ha sido jefa de gobierno en la península ibé-
rica es portuguesa: Lourdes Pintasilgo, en 1979. Es verdad que la llamaban
"ministro" y no ministra, pero desde entonces ninguna otra mujer que ocupara
un lugar en el poder ejecutivo ha sido tratada en masculino, como les sigue
ocurriendo a las mujeres que presiden instituciones, sea el parlamento, que du-
rante una legislatura -en cien años de historia- estuvo conducido por Assunção
Esteves, sea en instituciones privadas.

Presidir es cosa de hombres 


Presidir es todavía cosa de hombres, las presidentas no existen, aunque pueda
haber, tal vez por delegación masculina, alguna mujer a quien se le dirá "seño-
ra presidente". Afortunadamente sí hay pintoras, universo conquistado por va-
rias mujeres en esta modernidad democrática. Paula Rego, es, en este contex-
to, la voz y el grito. Sus seres deformados cuentan más que cien tratados sobre
la violencia y el sufrimiento. Intervino con obras decisivas, fuertes y dolori-
das, en la campaña a favor del aborto, que las mujeres portuguesas ganaron.

Paula Rego vive en Londres. Tiene casi 85 años, sigue pintando el mundo y su
obra está en los mejores museos de arte contemporáneo. Y qué decir de Hele-
na Viera da Silva, que vivió en el exilio y construyó desde la memoria las
obras más hermosas. Ella y la gran poeta Sophia de Mello Breyner afirmaron,
tras la Revolución. que la poesía estaba en la calle y lo dejaron claro en un
cartel que es imposible mirar sin emocionarse.

Se impone viajar a Lisboa para recorrer los lugares de Sophia, subir al mirador
da Graça y leer un poema, quizá éste, que lleva por título "25 de abril": Esta
es la madrugada que yo esperaba / El día inicial entero y limpio/donde emer-
gimos de la noche y del silencio /y libres habitamos la sustancia del tiempo. Y
luego, con ese placer incorporado, atravesar la ciudad y en Amoreiras entrar
en la Fundación Viera da Silva, ver los claveles rojos que levemente pueblan
el cartel de "A poesía está na rua" y sentir que esas mujeres organizaron el
mundo y le dieron belleza. Tal vez allí mismo oír cantar a Teresa Salgueiro, y
con su voz de luna naciente recorrer los perfiles de la ciudad como hizo Alain
Tanner en "La ciudad blanca". La voz de Teresa Salgueiro penetra casas y al-
mas y es una bandera, dijeron en México y luego se ha repetido en varios con-
tinentes.

El nacimiento del feminismo moderno en Portugal tuvo tres nombres, "Tres


Marías", como fueron llamadas, tal vez con cierto desdén, que se enfrentaron
a la dictadura a cara descubierta y sentaron las bases para que otras mujeres
pudieran caminar. Ellas son Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta y Ma-
ria Velho da Costa, las tres firmaron un libro que bien pudiera ser considerado
un manifiesto feminista: Novas cartas portuguesas.

Esta obra magnifica, que reclamaba libertad y ponía de manifiesto la necesi-


dad de que las mujeres se expresaran con sus propias voces, fue considerado
inmoral y pornográfica por el régimen, las autoras procesadas y solo tras la
Revolución fueron absueltas del grave delito que se les imputaba: pensar sin
atender los cánones del patriarcado. Cada una de las autoras siguió su carrera
literaria, son maestras de varias generaciones de activistas y Novas cartas por-
tuguesas es un clásico contemporáneo que inaugura la modernidad esencial en
Portugal.
Las "Capazes"
Las mujeres portuguesas no son lavanderas, como machaconamente se canta-
ba en España, son personas capaces y así lo reivindica un grupo que lleva ese
nombre, "Capazes", que engloba a profesionales de prestigio, feministas y ac-
tivistas, que interviene en la sociedad como lo hacen otros colectivos.

Las propuestas de igualdad que defiende los movimientos feministas han con-
seguido instalarse en la sociedad con naturalidad, y ya nadie discute la paridad
en las instituciones, el matrimonio entre personas del mismo sexo o el derecho
al aborto.

La gestación subrogada y controlada fue aprobada en el parlamento tras mu-


chos debates y a propuesta de la izquierda más radical. En la primera línea de
la actividad política hay mujeres: el tercer partido en número de votos según
las elecciones europeas, el Bloco de Esquerda, está dirigido por mujeres: Ca-
tarina Martins en la secretara general, jóvenes y feminista son también las por-
tavoces parlamentarias y la líder de la representación europea. Todos los parti-
dos tienen mujeres en sus direcciones y tanto el parlamento como el gobierno
socialista se acercan a la paridad. La ministra de justicia, Francisca Van Du-
mem, es la primera persona negra que ocupa un lugar en el ejecutivo.

Las herederas de Agustina Bessa Luis


Y están las escritoras portuguesas más jóvenes, una lista interminable y feliz
de narradoras y poetas cosmopolitas que escriben desde una identidad propia
aunque con diferentes modos de mirar. Dulce Maria Cardoso, Inês Pedrosa,
Alexandra Lucas Coelho y Ana Margarida de Carvalho son algunos nombres
de autoras nuevas, traducidas y premiadas, que demuestran que la dinastía de
Agustina Bessa-Luis, seguida que por Lídia Jorge, tiene continuadoras y, por
tanto, la literatura no se acaba. Agustina Bessa Luis, mítica autora de La Sibi-
la, acaba de morir a los 97 años. Su voz inaugural, siempre sorprendente, es
cada día más reclamada. Dijo de sí misma que "nació mayor y moriría niña",
tal vez porque su obra es una continua e inaplazable búsqueda. Tampoco cae
en el vacío el impulso que supuso María Lamas, periodista, feminista, militan-
te comunista, perseguida por la dictadura y exiliada a Paris, autora que comba-
tió la imagen de mujeres sumisas que el sistema proponía desde la revista Mo-
das y Bordados y reclamó, junto a otros derechos, el derecho a la felicidad de
las mujeres. O el trabajo de Maria Antonia Pallas, también periodista, que ha
publicado recientemente un volumen con sus crónicas sobre el Mayo del 68,
las que aparecieron y las que la censura retiró. Al libro, esta mujer que nació
en 1933, le ha dado el estimulante nombre de Revolución, mi amor y lo ha de-
dicado a su hijo, el actual primer ministro portugués Antonio Costa. Todo un
carácter de madre.

El carácter que han empleado tantas mujeres para mantener a lo largo de los
tiempos líquidos las conquistas de emancipación que adquirieron fuerza legal
en Portugal con el 25 de Abril y la Revolución de los Claveles. Que se llama
así, y así quedó para la historia, por el gesto decidido y audaz de una mujer
pequeña y muy grande que se llama Celeste Ceiro, a quien va dedicada este
articulo. Con emoción y cariño.

Arroios, el barrio más ‘cool’ de


Lisboa
De zona decadente a enclave multiétnico al norte de la Baixa, un
día en torno a la calle Intendente que transcurre por panaderías
artesanales, miradores y música en una antigua lavandería
JAVIER MARTÍN DEL BARRIO

18 NOV 2019 - 00:00 CET

En 2011, Arroios era el barrio lisboeta de la droga, la prostitución y el abandono


urbanístico. El alcalde de entonces, António Costa, hoy primer ministro, decidió
recuperar la zona y trasladó sus oficinas al meollo del lumpen, la calle
Intendente. El ejemplo cundió y ocho años después Arroios es ejemplo de
dinamismo cultural, convivencia y vitalidad social. En dos kilómetros cuadrados
conviven personas de 79 nacionalidades, budas y vírgenes de Fátima, hoteles de
lujo y comedores sociales. Elegido recientemente por la revista Time Out como el
barrio más cool del mundo, no hay un lugar igual en Portugal.
9.00 Café en Terrapão
Lo habitual es entrar en el barrio desde abajo, por la populosa Baixa, y no desde
el norte, a través de los jardines de la Alameda, esquina con el antiguo cine
Império (1), donde ahora se alojan la Iglesia Universal del Reino de Dios y una
gigantesca cafetería con esculturas mussolinianas. Pero es el Mercado de
Arroios (2) (Rua Ângela Pinto, 40D) lo que justifica desplazarse a esta esquina.
A primera hora de la mañana sobra espacio para tan pocos puestos y clientes,
pero su arquitectura circular y luminosa es aprovechada para otros servicios
públicos, como un parque infantil. La revitalización de este mercado se debe a
jóvenes emprendedores veganos y ecológicos: en la padaria Terrapão venden
pan recién horneado; en A Avó Tinha dan ganas de sentarse a picar algo aunque
solo sea por su nostálgica decoración, y en Mezze almuerzan cocineros y
camareros, todos ellos refugiados procedentes de Oriente Próximo,
principalmente de Siria. Buena cocina a buen precio.
11.00 Homenaje al almirante Reis
La zona está partida verticalmente por la avenida Almirante Reis (3), llamada
así en recuerdo al militar que organizó la revolución de octubre de 1910, y que se
suicidó cuando le informaron, erróneamente, de que esta había fracasado.
Bulliciosa, cuando no caótica, la vía pierde lustre a medida que se desciende,
pero gana en casticismo. Las calles paralelas son una delicia de tranquilidad. En
la Rua António Pedro la gente se agolpa en la pastelería Docel (4) para comprar
pan de batata y hay tiendas de afiladores junto al coworking de Sala d’Estar (5).
El carpintero Nuno sufre las consecuencias del Arroios que se va y del Arroios
que llega. “En este subterráneo hemos tenido que almacenar los muebles de las
tres tiendas que teníamos”, explica. “Los alquileres se han vuelto imposibles”.
12.00 Gambas al ajilho o al wok
A mediodía, la gente ya dice “buenas tardes” y va a almorzar. Podrá parecer
temprano para un español, pero en la marisquería Ramiro (6) (avenida Almirante
Reis, 1) la cola es ya de 30 metros. En la misma calle le hacen la competencia en
calidad y precio Barcabela (7)  y Lis (8); sin embargo, en popularidad no tiene
rival. El Ramiro es un lugar de encuentro para nacionales y extranjeros. Ya no es
como hace unos años, cuando el camarero memorizaba los encargos de 10
personas —ahora se anotan en tabletas electrónicas—, pero aún es un clásico de
las gambas al ajilho y las almejas. Para ahorrar tiempo, se puede escoger la
versión de gambas con berza del restaurante chino Mr. Lu (9) (Rua António
Pedro, 95), otro referente de la gastronomía local. Las ancas de rana son una de
sus especialidades, así como las gambas al wok, con mínimo de picante, y un
helado frito (se comer por unos 15 euros).
En la tienda Cortiço & Netos se pueden comprar azulejos
de los más afamados fabricantes portugueses
14.00 Deporte sobre arte pop
Con el estómago lleno, ascendemos en busca de los miradores del barrio, en los
flancos de Almirante Reis. Por el lado derecho se llega al Campo dos Mártires
da Pátria (10), un parque entrañable donde los mayores juegan al ajedrez. A
pocos metros, los deportistas tienen una cancha de baloncesto como las que salen
en las películas del Bronx neoyorquino, pero que aquí es una obra de arte: el
grafitero AkaCorleone ha creado Balance, una pintura con dos personajes que se
extienden por la pista y suben hasta las canastas. El arte urbano contrasta con la
estatua al doctor Sousa Martins, adornada con lápidas y placas de agradecimiento
de gente a la que sanó. A unos cinco minutos a pie se encuentra el mirador
del Jardín de Torel (11), que sabe a poco comparado con el que se levanta al
otro lado del barrio, el de Nuestra Señora del Monte (12).
15.00 Sevillanas, azulejos y tarots
A esta hora reabre el comercio y es hora de visitar lo último en tiendas. En la Rua
Maria Andrade, Luísa Silva da clases de sevillanas, y en Cortiço & Netos (13),
una singular tienda con sobras de azulejos, se pueden encontrar restos de los más
afamados fabricantes lusos, como Viúva Lamego. En el número 39 de la misma
calle, Pestana e Filho (14) vende vírgenes de Fátima y budas de Nepal, tarots y
barajas gitanas. Retrox Vintage (15), en la Rua dos Anjos, recupera muebles
modernistas de diseñadores portugueses. De mirar y no tocar, a no ser que el
capricho justifique el precio.
17.00 Tardes de capoeira
En Arroios se encuentran más centros culturales que cafés, aunque hay algo de
trampa; muchos de ellos se transmutan en asociaciones educativas y viceversa,
según el momento. A partir de media tarde (horario de actividades
extraescolares) hay aulas de voz para niños en Crew Hassan (16) (Rua Andrade,
8A), pero a las nueve de la noche llegan actuaciones musicales en directo,
variadas y sorprendentes. BUS Paragem Cultural (17) (Rua Maria, 73)
programa clases de tango, de yoga o de capoeira hasta que llega la noche, y se
llena de músicos y DJ. La calle Intendente es el centro de la modernez y de la
renovación arquitectónica de Arroios. Grupos de jóvenes ocupan las terrazas
de Infame y de Las Juanas, y en la Casa Independente (18) siempre hay algo o
alguien interesante, como recitales y exposiciones o cualquier sarao improvisado.
21.00 Burlesque y cerveza
La noche se mueve con la misma vivacidad diurna. De una antigua lavandería, el
chelista Hugo Fernandes hizo un palco de conciertos bautizado Pharmácia
Musical (19) (Rua Damasceno Monteiro, 43), porque recupera objetos de una
antigua botica cercana. El ruso Evgeny Zakharov sirve cerveza artesanal
en Sputnik (20) y la comunidad LGBTI se junta en Vlada Lounge (21) (Rua
Rosa Damasceno, 8), uno de los locales estéticamente más atractivos, con
espectáculos burlesque. En Arroios hay un lugar para cualquier sorpresa, solo
hay que encontrarlo.

Você também pode gostar