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COMO ELABORAR UM PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA UMA

RODA DE RODA DE CONVERSA EM PSICOLOGIA


Douglas Garcia1

APRESENTAÇÃO

Esse tutorial foi elaborado para facilitar a compreensão acerca do planejamento,


implementação e apresentação de resultados de uma roda de conversa em Psicologia. A
proposta se insere no planejamento da UC de Solução de Conflitos e Trabalho com Grupos
do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina. O tutorial está organizado
em três seções: (1) PLANEJAMENTO DA RODA DE CONVERSA - onde são apresentadas as
partes e às instruções para elaboração de um projeto de intervenção de uma roda de
conversa; (2) IMPLEMENTAÇÃO DA RODA DE CONVERSA - instruções pontuais para
implementação da roda de conversa; e (3) APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS DA RODA DE
CONVERSA - instruções para apresentação dos resultados em formato de relatório.

1. PLANEJAMENTO DA RODA DE CONVERSA

O planejamento da roda de conversa constitui a primeira seção de instruções para a


elaboração de um projeto de intervenção que, por sua vez, será a primeira etapa da
Avaliação 3 da Unidade Curricular de Solução de Conflitos e Trabalho com Grupos. O
modelo de projeto de intervenção a ser entregue encontra-se no Apêndice A deste tutorial.
Recomenda-se o uso e o seguimento das instruções e do formato apresentado no modelo de
projeto de intervenção proposto.

1.1 Introdução

A introdução do projeto de intervenção é um texto de natureza dissertativa, ou seja,


visa a apresentação de argumentos de forma clara e lógica em prol da defesa do objetivo de
intervenção. Para otimizar a sua produção no contexto da UC, considere que a introdução do
projeto de intervenção deverá conter três componentes mínimos: (a) parágrafo de abertura;
(b) parágrafos de desenvolvimento de argumentos; (c) parágrafo de fechamento. Abaixo
seguem os tópicos que precisam ser abordados em cada componente:

1
garciadouglas90@gmail.com
Parágrafo de abertura

● Problematizar o objeto de estudo/intervenção


● Apresentar síntese de argumentos do desenvolvimento
○ Implicações sociais e subjetivas
○ Determinantes do fenômeno psicológico
○ Relevância da intervenção

Parágrafos de desenvolvimento

● Parágrafo(s) para argumentar sobre implicações sociais e subjetivas


● Parágrafo(s) para argumentar sobre determinantes do fenômeno a serem
considerados e a possível teoria de compreensão
● Parágrafo(s) para argumentar sobre relevância da intervenção

Parágrafo de fechamento

● Parágrafo com síntese dos argumentos e apresentação do objetivo

A seguir será apresentado um modelo inicial de introdução seguindo as ideias


propostas de acordo com os componentes mínimos apresentados.

INTRODUÇÃO

[Parágrafo de abertura – apresentação, sentença tese e síntese dos argumentos]

O racismo é um fenômeno que pode ser considerado estrutural. O racismo pode ser
definido como [...] (AUTOR, DATA). Dentre algumas implicações do racismo é possível
citar a discriminação e o sofrimento ético-político (AUTOR, DATA). A psicologia
sócio-histórica contribui para a compreensão do racismo a partir dos conceitos de sentido e
significado (AUTOR, DATA). Os significados e sentidos atribuídos a estereótipos são
alguns determinantes na compreensão do racismo (AUTOR, DATA). Logo, intervir sobre
sentidos e significados atribuídos ao racismo é compreendido como um aspecto relevante de
enfrentamento a esse fenômeno social (AUTOR, DATA).

[Parágrafos de desenvolvimento sobre implicações sociais e subjetivas]

Uma das principais implicações do racismo é a discriminação (AUTOR, DATA).


[Apresentador dados e argumentos que sustentem o argumento].
O sofrimento ético-político é uma das implicações subjetivas do racismo (AUTOR,
DATA). [Apresentador dados e argumentos que sustentem o argumento].

[Parágrafos de desenvolvimento sobre os determinantes do fenômeno a serem


considerados e a possível teoria de compreensão]

Os significados apresentam função importante na compreensão do racismo (AUTOR,


DATA). De acordo com a teoria [X] significado pode ser compreendido como [inserir
definição] (AUTOR, DATA). O conceito permite compreender o fenômeno do racismo
porque [desenvolver argumentação] (AUTOR, DATA). No contexto de [grupo específico] é
possível observar contribuições importantes do uso do conceito de significado para
compreensão do fenômeno do racismo (AUTOR, DATA).
Os sentidos apresentam função importante na compreensão do racismo (AUTOR,
DATA). De acordo com a teoria [X] significado pode ser compreendido como [inserir
definição] (AUTOR, DATA). O conceito permite compreender o fenômeno do racismo
porque [desenvolver argumentação] (AUTOR, DATA). No contexto de [grupo específico] é
possível observar contribuições importantes do uso do conceito de sentido para compreensão
do fenômeno do racismo (AUTOR, DATA).

[Parágrafos de desenvolvimento sobre a relevância da intervenção]

Intervir sobre a construção de significados e sentidos apresenta-se como fator que


contribui para o enfrentamento do racismo (AUTOR, DATA). É possível observar algumas
contribuições deste tipo de intervenção na literatura (AUTOR, DATA; AUTOR, DATA;
AUTOR, DATA). É possível também observar resultados favoráveis entre [contexto 1]
(AUTOR, DATA) e entre [contexto 2] (AUTOR, DATA).
Ao intervir sobre a construção de sentidos e significados também é possível vislumbrar
contribuições para [benefício 1 ou prevenção de problema 1] (AUTOR, DATA), [benefício 2
ou prevenção de problema 2] (AUTOR, DATA) e [benefício 3 ou prevenção de problema 3]
(AUTOR, DATA).

[Parágrafo de fechamento – síntese dos argumentos e apresentação do objetivo]

A considerar as implicações sociais e subjetivas do racismo, as contribuições da


psicologia sócio-histórica sobre as noções de sentido e significado e as referências da
literatura acerca de intervenções análogas, propõem-se por meio deste projeto [inserir
objetivo de intervenção].

O modelo de introdução apresentado serve apenas para dar uma compreensão acerca
da organização de ideias e, obviamente, não é um roteiro pronto, tampouco, devem ser
utilizadas as mesmas palavras e terminologias empregadas. Para desenvolver as habilidades
de organização de ideias em textos de dissertação de natureza científica recomenda-se o
estudo do material didático elaborado por Botomé (2011).

Referência
BOTOMÉ, S. P. A dissertação de natureza científica. [Disponível no Ulife da turma].

1.2 Objetivos

O objetivo geral do projeto de intervenção deverá contemplar o objeto de intervenção da


roda de conversa, que é constituído de no mínimo duas partes: (a) fenômeno psicológico e (b)
contexto. Um objeto de intervenção pode ser considerado um fenômeno psicológico que incide
ou acontece em algum contexto.
Um fenômeno psicológico pode ser concebido como tudo aquilo que se manifesta e é
abordado (torna-se parcialmente conhecido) por algum método de produção em
conhecimento em Psicologia. Alguns exemplos de fenômenos psicológicos: ansiedade, humor,
percepção, sentido, significado, comportamento, personalidade, representação social,
imaginário, inconsciente, imaginação, etc. Em Psicologia são estudados diversos fenômenos
psicológicos a partir de diversas abordagens epistemológicas diferentes. A rigor, nos
importa ter clareza acerca do fenômeno psicológico sobre o qual iremos planejar intervir nessa
roda de conversa. Nesse sentido, dado que existe a delimitação do método de intervenção da
roda de conversa, podemos considerar que iremos intervir sobre sentidos e/ou significados
acerca de alguns “conceitos”. Sentidos e significados são alguns conceitos de Psicologia
Sócio-histórica e “caberiam” bem aqui como fenômeno psicológico, porém, não são as únicas
possibilidades.
Um contexto de um objeto de pesquisa ou intervenção refere-se às circunstâncias de
espaço, tempo, pessoas/grupos, lugar e circunstâncias que são utilizadas para delimitar a
ocorrência ou manifestação de um fenômeno psicológico. Por exemplo, se o objetivo é
intervir sobre a imaginação é preciso “localizar” por meio de uma delimitação onde esse
fenômeno será abordado: em escolas públicas (espaço), após a pandemia de COVID-19
(tempo), em crianças do ensino primário (pessoas/grupo), que passaram por situação de
violação de direito (circunstância). Nem sempre será necessário delimitar todas as
dimensões do contexto. Importa descrevermos os aspectos do contexto de um objeto de
intervenção que o tornem significativos no aspecto da relevância social e da inteligibilidade
científica.
Um exemplo de objeto de intervenção pode ser exemplificado como: significados
sobre direitos humanos (fenômeno psicológico) em estudantes de Psicologia (contexto)
(Figura 1)

Figura 1 - Decomposição do objetivo geral de intervenção

Fonte: próprio autor

Conforme apresentado na figura 1, com um objeto de intervenção definido depois


basta “adicionar” a ação de intervenção proposta sobre o objeto delimitado. No exemplo
apresentado essa ação de intervenção foi “promover reflexões acerca dos…”. Dois cuidados são
importantes na formulação de objetivos de intervenção:

(a) utilizar verbos no infinitivo no objetivo. Exemplos de verbos que podem ser usados:
promover, debater, orientar, etc. Obviamente, o significado do verbo tem que ter coerência
com a intervenção concebida.

(b) evitar a construção de objetivos metodológicos. Objetivo metodológico é o objetivo que


indica o método ou o procedimento para da ação intervenção sobre o objeto de intervenção.
Por exemplo, a roda de conversa é um método de intervenção e o objetivo de utilizar esse
método não é um fim em si. Ou seja, implementar uma roda de conversa é um meio para
alcançar um fim. Este fim seria o efetivo objetivo que deve ser apresentado. Nesse sentido,
não seria adequado escrever o objetivo exemplificado na figura 1 como “Promover rodas de
conversa sobre os significados sobre direitos humanos em estudantes de Psicologia”. O
importante dentro da concepção apresentada como exemplo é “promover reflexões acerca
dos significados sobre direitos humanos em estudantes de Psicologia” e na apresentação do
objetivo ainda não importa descrever se faremos isso por meio de roda de conversa, grupos
de reflexão, palestra ou qualquer outro método. Deixaremos essa parte do método para a
seção de Método do projeto de intervenção. Faz mais sentido, concorda?
O tema da roda de conversa já foi pré-definido na UC, o que implica que o fenômeno
do objeto de intervenção já está com algum nível de precisão definido. No exemplo da figura 1 o
fenômeno são os significados sobre os direitos humanos, mas é possível que o grupo opte
por ser mais específico em relação ao fenômeno: (a) significados sobre os direitos humanos
em contexto de crise humanitária ou ainda (b) significados sobre a concepção de direitos
humanos para grupos minoritários.
Análogo a especificidade pré-definida do fenômeno psicológico, o contexto do projeto de
intervenção já está pré-definido, uma vez que o enquadre da intervenção realizada já
delimita que às rodas de conversa serão aplicadas entre os próprios estudantes da turma.
Mas ainda assim é possível indicar algum nível de especificidade maior em relação ao
contexto: (a) estudantes de Psicologia matriculados na UC de Solução de Conflitos e Trabalho
com Grupos ou ainda (b) estudantes de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina.

1.3 Método

Na seção de método é importante que a escrita seja tipo descritiva, diferente da


introdução onde o objetivo era desenvolver uma escrita dissertativa. O fundamental na seção
do método é deixar claro ao leitor uma sequência lógica com uma descrição precisa dos
procedimentos de intervenção que serão adotados. É recomendado o uso de citações em
situações em que torna-se necessário demonstrar a fonte de procedimentos metodológicos.
Porém, citações diretas não são recomendadas; utilize suas próprias palavras para
apresentar os aspectos essenciais da descrição pretendida.

Participantes

Ao descrever os participantes é necessário apresentarmos as características mais


importantes do grupo, cuidando para não avançar em detalhes irrelevantes que não
contribuem para a delimitação da amostra (participantes brasileiros, com qualquer religião,
etc). Em intervenções que seja necessário constituir uma amostra é necessário apresentar
quais são os critérios de inclusão, os critérios de inclusão, os procedimentos de
recrutamento e os procedimentos de seleção dos participantes. Critérios de inclusão são
características sociodemográficas ou institucionais que são utilizados como indicadores
para selecionar participantes de interesse para uma intervenção (idade, sexo, vínculo
institucional, etc). Critérios de exclusão são características adicionais aos critérios de
inclusão que implicam em alguma segmentação que traz prejuízos aos envolvidos ou ao
objetivo da intervenção. Os critérios de exclusão não são a negação dos critérios de inclusão.
Um exemplo de descrição que seria adequada em relação a descrição dos participantes e a
apresentação dos critérios de inclusão e exclusão:

Os participantes da intervenção serão crianças, de 11 a 12 anos de idade, matriculadas na


Escola de Educação Básica ABCDEFGH. Os critérios de inclusão para composição do
grupo de intervenção foram: (a) crianças pertencentes a turmas indicadas pela Direção
escolar na solicitação da demanda explícita, às quais integram a faixa etária definida e a
matrícula na instituição supracitada; (b) consentimento prévio dos responsáveis e anuência
das crianças na participação. Como critério de exclusão ficou definido a presença de
crianças em situação de luto familiar recente, haja vista os riscos vislumbrados aos
participantes em relação a mobilização de constrangimento e afetos negativos.

Procedimentos

Caracterização da intervenção

Às etapas essenciais a serem descritas nessa seção são quatro: (a) o tipo de
intervenção a ser implementada com a citação da devida fundamentação teórica; (b) a
quantidade de encontros (caso se pressuponha mais de um encontro - o que não é o caso da
roda de conversa prevista para ser elaborada nesta UC!); (c) às etapas do encontro de maneira
que permita a compreensão do processo de implementação e o enquadre; (d) os recursos
necessários (caso os instrumentos e técnicas já sejam descritos aqui não é necessário repetir
na subseção 2.2.2, a qual poderá ser suprimida).
Sobre o tipo de intervenção é importante descrever o tipo e as características da
intervenção a ser utilizada e também fazer referência ao autor que deu base para a
intervenção. Citar o autor é fundamental porque uma mesma intervenção pode apresentar
procedimentos diferentes a depender do autor utilizado. Exemplo:

O método de intervenção utilizado será o de roda de conversa, conforme modelo


metodológico apresentado por Garcia (2022). Na abordagem de intervenção a ser utilizada
são previstas três etapas: (a) aquecimento dos participantes; (b) desenvolvimento da roda de
conversa; e (c) momento de socialização dos resultados.

Após uma apresentação e caracterização breve da intervenção poderão ser

apresentadas características da quantidade de encontros, enquadre da intervenção. Por

exemplo:
A intervenção proposta será de apenas um encontro e deverá acontecer em espaço cedido
pela Escola de Educação Básica ABCDEFGH, o qual deverá apresentar cadeiras para
disposição dos participantes em círculo e também privacidade para a condução das
atividades da roda de conversa. O encontro terá duração total de 50 minutos e será
conduzido por dois facilitadores Fulano Fulanóvsky e Beltrana Beltranóvsky, ambos
acadêmicos da décima fase do curso de Psicologia. A intervenção também contará com a
participação de Ciclano Ciclanóvsky, também acadêmico da décima fase do curso de
Psicologia, o qual ficará responsável pelo processo de observação e avaliação da
intervenção. O planejamento e a implementação de intervenção foram realizados sob a
supervisão técnica dos Professores Inventaldo da Silva (CRP 12/13157) e Imaginária da
Silva (CRP 12/XXXXX).

Após uma apresentação do escopo geral do enquadre, procede-se com a apresentação


da descrição e justificativa das etapas da intervenção. As etapas da intervenção devem ser
descritas em termos de técnicas e justificativas. Por exemplo:

Na primeira etapa de aquecimento, será utilizada a técnica do balão, proposta por João
(2022). A técnica consiste em uma dinâmica de grupo em que cada participante recebe um
balão e o enche. Após todos os balões cheios, os participantes são convidados a caminharem
no ambiente entre os outros participantes tocando os seus balões sem deixá-los cair. O
objetivo da técnica é integrar o grupo, reduzir a tensão grupal e promover uma apresentação
posterior com base nas experiências de caminhar entre os colegas

É fundamental fazer a descrição dos procedimentos de todas as etapas, conforme


modelo de oficina psicossocial proposto por Afonso (2014). A intervenção da roda de
conversa acontece na etapa de desenvolvimento e deverá contar com os elementos de uma
roda de conversa presentes na literatura sendo permitida também a inclusão de outros
elementos com justificativa de intervenção sobre o processo grupal.

Referência
AFONSO, M. L. M. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção
psicossocial. In: AFONSO, M. L. M. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de
intervenção psicossocial. Belo Horizonte: Artesão, 2018.

Instrumentos e técnicas

Na subseção de instrumentos e técnicas é necessário descrever quais os instrumentos e


técnicas serão utilizados em todas as etapas da intervenção. Os instrumentos podem ser
questionários, inventários ou roteiros específicos para a realização de alguma atividade de
intervenção ou avaliação. É importante identificar o instrumento, a fonte (citação), uma
caracterização breve que permita ao leitor compreender os aspectos e a forma de
implementação e, por fim, porém não menos importante, o objetivo do uso do instrumento
(exemplo: usado para promover integração). As técnicas podem ser concebidas como
estratégias de intervenção e precisam ser apresentadas em todo o escopo também aplicado
aos instrumentos.
Atenção: evitem a repetição de informações no projeto porque isso deixa a leitura e a
compreensão difícil e cansativa. Caso a descrição já tenha sido feita na seção de caracterização
da intervenção não é necessário repetir na seção instrumentos e técnicas. Por exemplo, a técnica
do balão que já foi descrita não precisaria constar nessa atual seção novamente. Sugere-se a
opção de ou descrever todos os instrumentos e técnicas todos na caracterização da intervenção
ou apenas citar na caracterização da intervenção e usar esse espaço para apresentá-lo mais
adequadamente. Escolham apenas uma opção e tenham como critério a forma que
apresentar maior clareza para o leitor.

Considerações éticas

Em considerações éticas é necessário descrever três aspectos: (a) os benefícios da


intervenção; (b) os possíveis riscos da intervenção; e (c) os manejos que seriam tomados caso
os riscos previstos acontecessem. Um exemplo para ilustrar o escopo esperado:

A considerar que a intervenção objetiva abordar direitos humanos em crianças da


Escola de Educação Básica ABCDEFGH vislumbram-se como potenciais riscos: (a)
mobilização de constrangimento a partir da evocação de memórias negativas das crianças
participantes; e (b) mobilização de afeto negativo decorrente de experiências traumáticas
vivenciadas pelas crianças participantes. Na observância de aspectos que indiquem tais
riscos, a implementação da roda de conversa poderá ser cessada e os participantes com
demonstração de afetação serão acolhidos individualmente em espaço reservado. Ademais,
também serão utilizados os serviços da rede de saúde e de proteção social e de direitos como
possíveis recursos de encaminhamento, caso observe-se a necessidade. Destaca-se que o
planejamento e a execução da intervenção são amparados na Resolução 466/2012 e na
Resolução 510/2016, ambos do Conselho Nacional de Saúde, os quais versam a respeito da
pesquisa e por conseguinte da intervenção com seres humanos.
Quanto aos potenciais benefícios vislumbra-se que a intervenção tenha contribuição em
relação a: (a) desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações em relação a
grupos minoritários; (b) construção de uma cultura de paz; e (c) redução a violência em
contextos imediatos (contexto escolar) e de longo prazo. Nesse sentido, considera-se do ponto
de vista ético a viabilidade da intervenção haja vista a prevalência majoritária dos
benefícios de curto e longo prazo sobre os potenciais riscos.
Procedimentos para avaliação da intervenção

Nessa seção devem ser descritos os instrumentos e procedimentos para avaliar a


intervenção. Duas dimensões de avaliação são esperadas na descrição dessa seção: (a)
avaliação de processo; e (b) avaliação de resultados. Em resumo, avaliação de processo é
referente a como a intervenção foi implementada e quais as implicações dessa forma de
implementação para a avaliação dos resultados. Avaliação de resultado refere-se a quais os
resultados foram alcançados, tendo como principal marcador de referência o próprio
objetivo geral proposto para a intervenção. Afinal, o objetivo geral foi alcançado? Além disso,
de que forma? Pensar em formas de avaliar o processo e o resultado da intervenção é o
propósito a ser alcançado nesta seção do projeto.
Atenção! É importante não confundir os instrumentos e procedimentos utilizados
para a implementação da intervenção (por exemplo, roteiro para conduzir roda de conversa)
com instrumentos e procedimentos utilizados para avaliar a intervenção (por exemplo,
roteiro de debate para compreender se os resultados foram alcançados).

Avaliação de processo

Nessa seção em específico é necessário descrever os procedimentos utilizados para


avaliar a implementação da intervenção, ou seja, o como aconteceu. Algumas perguntas para
pensarem sobre a avaliação de processo:

- A avaliação fez sentido para os participantes?

- Algo do que foi feito precisou ou precisaria ser adaptado?

- Algum elemento do processo grupal atrapalhou a implementação?

A avaliação de processo pode fazer uso de algum instrumento específico retirado da


literatura ou desenvolvido pelos próprios autores da intervenção. Um exemplo para
demonstrar como pode ser descrita a avaliação de processo de uma intervenção:

Para avaliação de processo foi utilizado o instrumento de avaliação de processo


desenvolvido pelos autores, o qual encontra-se no Apêndice A. O instrumento foi elaborado a
partir do modelo de ficha de avaliação da intervenção proposto por Neiva (2010). O
instrumento será aplicado coletivamente para os participantes ao término da intervenção.
O instrumento conta com 12 itens e avalia aspectos de aceitabilidade dos participantes e
mobiliza a sugestão de melhorias e críticas ao processo de implementação. Além disso,
também será utilizado diário de campo por um dos participantes para observação do
processo de implementação para identificar aspectos da relação grupal, os quais
possivelmente ensejam a dimensão da tarefa implícita proposta por Pichón-Rivière.

Um roteiro de avaliação de intervenções psicossociais que pode ser utilizado na


elaboração da avaliação de processo é apresentado por Neiva (2010).

Referência
NEIVA, K. M. C. Desenvolvimento da intervenção psicossocial. In: NEIVA, K. M. C.
Intervenção psicossocial: aspectos teóricos, metodológicos e experiências práticas. São
Paulo: Vetor, 2010.

Avaliação de resultados

Nessa seção, é necessário descrever os procedimentos utilizados para avaliar se os


resultados da intervenção foram alcançados. Assim como explicado na avaliação de
resultados, é possível desenvolver um instrumento ou utilizar algum instrumento ou técnica
identificada na literatura. É possível planejar um feedback do grupo, planejar uma
observação ou utilizar algum instrumento. Uma questão norteadora para planejar a
avaliação de resultados é : o objetivo geral e os objetivos específicos foram alcançados? Um
exemplo para demonstrar como pode ser descrita a avaliação de resultado de uma
intervenção:

Para avaliação de resultados será utilizado o próprio recurso metodológico da roda de


conversa com os participantes ao término do encontro, os quais serão questionados acerca do
significado atribuído a Direitos Humanos. Um roteiro de questões está disponível no
Apêndice A. Além disso, a observação feita por meio de diário de campo conduzida por um
integrante envolvido na implementação servirá como fonte de dados complementar na
identificação do alcance dos objetivos.

Por fim, cumpre destacar que a avaliação de processo e a avaliação de resultado são
procedimentos necessários no projeto, mas não pressupõem o desenvolvimento ou o uso de
métodos específicos ou determinadas abordagens. Ademais, ratifica-se que as instruções
apresentadas são indicadores de como elaborar o projeto e não devem ser utilizadas na
íntegra.

2. IMPLEMENTAÇÃO DA RODA DE CONVERSA


A implementação da roda de conversa constitui a segunda seção de instruções com vistas
à segunda etapa da Avaliação 3 da Unidade Curricular de Solução de Conflitos e Trabalho
com Grupos. Nesta seção serão apresentadas algumas considerações pontuais para a
implementação da roda de conversa planejada.

2.1 Elementos essenciais da implementação

Implementar às três etapas da oficina psicossocial


Promover conversa entre os participantes na etapa de desenvolvimento

2.2 Intervir sobre a tarefa implícita do grupo

Intervir sobre processos grupais para promover interação, interdependência e objetivo em


comum

Instruções direcionadas serão oferecidas na aula destinada a orientação dos grupos.

3. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS DA RODA DE CONVERSA

A apresentação dos resultados da roda de conversa constitui a terceira seção de instruções


com vistas à terceira etapa da Avaliação 3 da Unidade Curricular de Solução de Conflitos e
Trabalho com Grupos. O relatório será feito a partir do projeto de intervenção elaborado,
havendo a inclusão de uma seção de resultados que deverá ser incluída. Algumas instruções
pontuais são apresentadas a seguir em relação a esta terceira entrega.

Transformar o projeto de intervenção em relatório

Uma etapa fundamental é alterar o tempo verbal do projeto de intervenção. Tudo que
no projeto escrevemos como um planejamento (exemplo: “será realizada roda de conversa”)
deverá ser transformado em tempo passado (exemplo: “foi realizada roda de conversa…”).
Atenção: não é necessário elaborar um novo documento. Serão necessários apenas ajustes!
Ratifica-se que o texto dissertativo da introdução manterá sua perspectiva argumentativa. O
método deverá apresentar estritamente as mudanças de tempo verbal.

Criar seção Resultados


Uma etapa adicional a ser criada é a inclusão de uma seção de resultados. A proposta
a ser abordada nessa seção é a apresentação dos resultados da avaliação de resultado e da
avaliação de processo que foram planejadas e implementadas. O que foi possível observar? O
objetivo geral da pesquisa foi cumprido? O processo de implementação foi conforme o
planejado? Foi necessária alguma adaptação? Algo diferente que possa ser proposto?
Descreva a apresentação desses resultados de forma descritiva.

Atenção: não é necessário fazer discussão dos resultados com a teoria. Essa é uma
etapa que em artigos de pesquisa e outras publicações científicas seria indispensável. No
contexto da produção dessa A3 essa articulação teórica não será cobrada, sendo facultada aos
grupos o desenvolvimento da mesma.
APÊNDICE A

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA


CURSO DE PSICOLOGIA

NOME DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

FLORIANÓPOLIS
2022
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
CURSO DE PSICOLOGIA

PROJETO DE INTERVENÇÃO

Projeto de intervenção apresentado à disciplina


Planejamento, execução e avaliação em Psicologia Social,
sob a Supervisão do [INSERIR O NOME(S) DO(S)
PROFESSOR(ES)], no Curso de Psicologia da
Universidade do Sul de Santa Catarina

FLORIANÓPOLIS
2022
IDENTIFICAÇÃO

Autores

Nome Completo (e-mail)


Nome Completo (e-mail)
Nome Completo (e-mail)
Nome Completo (e-mail)

Orientação e supervisão

Orientador/Supervisor:
INTRODUÇÃO
Caracterizar o objeto de intervenção: fenômeno, contexto (pessoa, lugar, espaço e tempo) e
pontos de inflexão relevantes para elaboração de uma intervenção.
Levantar no mínimo cinco artigos relacionados ao objeto/fenômeno.
Identificar contribuições que demonstrem a relevância social de propor tal intervenção.
1. OBJETIVOS

1.1 OBJETIVO GERAL

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O objetivo deve apresentar relação estreita com o objeto de intervenção. Qual é o aspecto
(dimensão subjetiva) a ser abordada na intervenção? Iniciar com verbos no infinitivo
(exemplo: Promover o fortalecimento de vínculos comunitários entre adolescentes do Serviço
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos).
2. MÉTODO

2.1 PARTICIPANTES

Descrever a quantidade de participantes, critérios de inclusão e exclusão de grupo, possível


perfil sociodemográfico esperado e outras informações relevantes ao objeto de intervenção.
Descrever como serão as estratégias e as etapas para recrutamento dos participantes. Será
feito contato com alguma organização (se sim, descrever procedimentos sequenciais).

2.2 PROCEDIMENTOS

2.2.1 Caracterização da intervenção

Descrever: (a) o tipo de intervenção a ser implementada com a citação da devida


fundamentação teórica; (b) a quantidade de encontros (caso se pressuponha mais de um
encontro); (c) às etapas do encontro de maneira que permita a compreensão do processo de
implementação; (d) os recursos necessários (caso os instrumentos e técnicas já sejam
descritos aqui não é necessário repetir na subseção 2.2.2, a qual poderá ser suprimida).

2.2.2 Instrumentos e técnicas

Descrever os instrumentos e técnicas utilizados (caso tenha referência é necessário citar).

2.2.3 Considerações éticas

Descrever os benefícios e os possíveis riscos da intervenção. Ao descrever os riscos é


necessário descrever também quais os manejos necessários que serão adotados caso os riscos
aconteçam.

2.2.4 Procedimentos para avaliação da intervenção

Descrever os instrumentos e os procedimentos utilizados para avaliação de processo e


resultado.

2.2.4.1 Avaliação de processo


Descrever os procedimentos utilizados para avaliar a implementação da intervenção ocorreu
conforme o planejado. Em intervenções com mais de um encontro a avaliação de processo
tende a contribuir em ajustes que façam o grupo fazer mais sentido aos participantes e por
conseguinte gerar resultados mais significativos.

2.2.4.2 Avaliação de resultado


Descrever os procedimentos utilizados para avaliar se os resultados (relacionados aos
objetivos propostos) foram alcançados. É possível planejar um feedback do grupo, planejar
uma observação ou utilizar algum instrumento.

2.3 CRONOGRAMA

Apresentar cronograma em forma de tabela, com inclusão de todas as etapas planejadas.


Etapas: implementação da roda de conversa, análise de resultados e apresentação do relatório
final com os resultados.
REFERÊNCIAS

Apresentar referências no formato ABNT

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