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Brazilian Journal of Health Review 24931

ISSN: 2595-6825

Efeitos do consumo excessivo de açúcar sobre o desempenho cognitivo:


uma revisão de literatura

Effects of excessive sugar consumption on cognitive performance: a


literature review

DOI:10.34119/bjhrv4n6-106

Recebimento dos originais: 12/10/2021


Aceitação para publicação: 14/11/2021

Valéria Pereira Ramos


Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva - ESCS
Instituição atual: Hospital Santa Marta
Endereço: Setor E, Área Especial 01 e 17 – Taguatinga Sul
E-mail: valeriaramos_96@hotmail.com

Caroline Olimpio Romeiro de Meneses


Mestrado em Nutrição Humana – UNB
Instituição atual: HQ Content
Endereço: CNB 09, lote 04, apt 701 – Taguatinga Norte
E-mail: ntr.carolineromeiro@gmail.com

RESUMO
O açúcar tem se tornado um dos principais ingredientes presentes na alimentação da
população brasileira. A mídia contribui de forma significativa para o aumento no
consumo de açúcar e derivados industrializados, através da veiculação de comerciais
voltados principalmente ao público infantil. O consumo exagerado deste componente
pode estar relacionado a diversas comorbidades, inclusive alterações na cognição. A
revisão de literatura foi realizada através de artigos científicos em língua portuguesa e
inglesa, obtidos pelas bases de dados LILACS®, Bireme®, MEDLINE®, PubMed® e
SciELO®. As palavras chaves utilizadas na busca de dados foram “cognição”, “mídia e
comportamento alimentar” “açúcar” e “desempenho cognitivo”. A alta ingestão de açúcar
de adição e açúcar presente em produtos alimentícios têm sido relacionada ao declínio
cognitivo através da alteração funcional e anatômica do Sistema Nervoso Central e seus
anexos, causando falhas e déficits de aprendizagem e memória. Conclui-se que indivíduos
portadores de diabetes, obesidade e que realizam ingestão excessiva e desordenada de
açúcar, seja ele de adição ou embutido em produtos alimentícios, de forma habitual,
possuem o desempenho cognitivo prejudicado, apresentando consequentemente atraso e
até morte celular danosa a este processo.

Palavras-chave: Cognição. Mídia e comportamento alimentar. Açúcar. Desempenho


cognitivo.

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ABSTRACT
Sugar has become one of the main ingredients present in the food of the brazilian
population. The media contributes significantly to the increase in sugar consumption and
industrial derivatives, through commercial serving targeted mainly at children. The
exaggerated consumption of this component may be related to several co-morbidities,
including changes in cognition. The literature review was performed through scientific
articles in English and Portuguese language, obtained by the databases LILACS®,
Bireme®, MEDLINE®, PubMed® and SciELO®. The keywords used in search of data
was "cognition", "media and food behavior," "sugar" and "cognitive performance”. High
intake of sugar and sugar add present in food products has been linked to cognitive decline
through the functional and anatomical changes of Central Nervous System and its
annexes, causing crashes and learning and memory deficits. It is concluded that
individuals with diabetes, obesity and that perform excessive and disorderly, be it addition
or embedded in food products, as usual, have impaired cognitive performance, showing
consequently cell death and even harmful delay this process.

Keywords: Cognition. Media and food behavior. Sugar. Cognitive performance.

1 INTRODUÇÃO
O açúcar é um ingrediente culinário intensamente palatável e com isso transmite
sensação de prazer ao ser consumido, gerando um ciclo vicioso, semelhante ao uso de
drogas. Estas sensações são vistas como algo propício à felicidade, que satisfaz a todos
os gostos, além de estar associado a festas e comemorações, o que influencia ainda mais
o seu consumo como algo benévolo (SAWAYA; FILGUEIRAS, 2013).
O vício alimentar gera consequente consumo excessivo da ingestão de açúcar,
causado pela necessidade de suprir a abstenção do produto, caracterizando hábitos
alimentares inadequados, que podem acarretar sérios problemas de saúde, a curto e longo
prazo, incluindo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (VALLE; EUCLYDES,
2007).
Uma pesquisa realizada sobre os alimentos mais consumidos no Brasil,
evidenciou que o consumo de produtos alimentícios industrializados fontes de açúcar,
especialmente sucos e refrigerantes, apresentam alta prevalência no consumo dos
brasileiros. O consumo desses produtos está abaixo somente de alimentos típicos do dia
a dia, como arroz, feijão e carne (SOUZA et al., 2013).
Os primeiros hábitos alimentares são formados em casa, a partir do exemplo
familiar. A escolha e o ensinamento dos pais em relação à alimentação saudável fazem
parte do processo de aprendizado da criança sobre hábitos alimentares saudáveis, porém,
nem todos os adultos se preocupam com a qualidade do alimento, mas sim com a

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quantidade. Situações de persuasão e trocas de alimentos associadas a premiações ou


punições podem ser a base da relação das crianças com os alimentos, visto que muitos
pais e/ou cuidadores utilizam essas estratégias para conseguirem com que as crianças
façam as refeições principais (MELO, 2014).
A mídia também tem se tornado uma forte influência na escolha do consumo
alimentar, principalmente quando se trata de crianças, pois são feitas propagandas
direcionadas a este público, com alienação constante em associação do produto
alimentício à felicidade, fazendo com que as crianças interfiram cada vez mais nas
compras do supermercado (HUL; MARTINS, 2012).
Na TV aberta são transmitidos cerca de 40 comerciais de produtos alimentícios
por hora, totalizando 960 propagandas por dia, sendo que, aproximadamente 60% desses
alimentos, estão incluídos na classe de açúcares e gorduras, alimentos esses mais
propensos a desencadearem a obesidade infantil através da indução ao consumo
exagerado e consequentemente, inadequado destes produtos (MOURA, 2010).
A glicose, um tipo de carboidrato simples, é a principal fonte de energia para o
funcionamento cerebral. Estudos sugerem melhoras a curto prazo de memória, atenção e
habilidades, após administração de glicose (SILVA, 2015), porém, o consumo excessivo
de açúcar gera quadros hiperglicêmicos, que podem causar alterações na expressão das
células gliais presentes no cérebro, por ação do estresse oxidativo causado pelo aumento
de espécies reativas de oxigênio no organismo e estas variações podem provocar
desordens no Sistema Nervoso Central (SNC) e seus anexos, como: distúrbios
psiquiátricos, doenças neurodegenerativas e disfunções cognitivas, causando retardo no
desempenho de memória, aprendizagem e plasticidade sináptica, que são funções
fundamentais do SNC (MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).
O objetivo deste estudo será verificar por meio de revisão da literatura científica
os efeitos do consumo excessivo de açúcar na dieta, com foco nos aspectos cognitivos e
de aprendizagem.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente revisão de literatura foi realizada através de artigos científicos em
língua portuguesa e inglesa, dos quais foram obtidos pelas bases de dados LILACS®,
Bireme®, MEDLINE®, PubMed® e SciELO®, compreendendo publicações do período
de 2007 a 2017. Foram utilizadas nas pesquisas as palavras chaves “cognição”, “mídia e
comportamento alimentar” “açúcar” e “desempenho cognitivo”, e os materiais utilizados

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foram aqueles de interesse para o estudo, ou seja, que faziam referências em seu conteúdo
a aspectos relacionados ao açúcar e cognição. Também foram utilizados livros e sites
institucionais que apresentaram em seu conteúdo dados estatísticos oficiais. Foram
selecionados nessas bases de dados 51 artigos que faziam referência aos aspectos
cognitivos relacionados ou não a ingestão de açúcar, além de dados relacionados ao tema
central. Para a construção da tabela de resultados, foram selecionados 4 artigos que faziam
referência direta ao consumo excessivo de açúcar e sua associação com a cognição.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O sistema nervoso central (SNC) apresenta o início de seu desenvolvimento no
período intrauterino, logo na terceira ou quarta semana após a fecundação. Nesse período
ocorre a formação da placa neural, com a presença de células tronco neurais, que possuem
alta competência de renovação, mitose e multipotência, pois geram células precursoras
de neurônios e células gliais (PINHEIRO, 2007).
Os neurônios são as principais células que compõem o tecido nervoso,
responsáveis por transmitir as informações necessárias para o estímulo de determinado
mecanismo. Essas células apresentam prolongamentos chamados de dendritos, que são
muitos e possuem função de recepção. O axônio é responsável pela emissão dos impulsos
nervosos captados pelos sentidos humanos (olfato, paladar, visão, tato e audição). Os
neurônios podem fazer comunicação com vários outros neurônios através desta rede de
transmissão (GALLO; ALENCAR, 2012).
Com a função de acelerar a velocidade de condução do potencial de ação, existe
uma camada lipídica envolvendo as fibras nervosas, que se caracteriza similarmente a um
isolante elétrico, que envolve os neurônios, a qual chamamos de mielina (PEREIRA et
al., 2010). A bainha de mielina reveste os axônios neurais e é responsável por acelerar a
comunicação entre os neurônios pré e pós-sinápticos, em até 100 vezes, em relação aos
axônios não mielinizados. A mielina constitui um sistema intensamente enérgico,
iniciando-se nos bebês, em poucas regiões e continua até a fase adulta, onde a
mielinização em alguns pontos cerebrais só é completada por volta dos 30 anos e sua
funcionalidade coopera diretamente com o modo de plasticidade cognitiva, memória e
aprendizagem (MENDES; MELO, 2011).
A sinaptogênese é a formação de novas sinapses entre neurônios e tem suas
primeiras manifestações logo após o amadurecimento dos neurônios no sistema nervoso,

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sendo caracterizada pela formação das conexões entre diferentes neurônios, responsáveis
pelo impulso nervoso entre essas células (MONTANARI, 2013). Para que os impulsos
nervosos sejam repassados é necessário que passem pela fenda sináptica. Para isso, o
neurônio, ao receber um impulso, libera uma substância química, constituinte da classe
de sinapses químicas, denominada neurotransmissor (GOMES; TORTELLI; DINIZ,
2013).
As sinapses são classificadas em dois tipos: sinapses químicas, que ocorrem em
maior frequência e são mediadas quimicamente por neurotransmissores sintetizados pelos
próprios neurônios. Há ainda as sinapses elétricas, as menos comuns, que não dependem
de mediadores químicos para serem realizadas e que não são comuns; sua transmissão é
feita através de íons passados de uma célula para outra, por meio de junções comunicantes
(NISHIDA, 2013). Os neurotransmissores, após serem produzidos pelos neurônios, ficam
armazenados em vesículas e, quando estimulados, são liberados na fenda sináptica, onde
realizam a transmissão de informações entre o neurônio e a célula alvo (PINHEIRO,
2007). Após liberados, parte destes neurotransmissores podem ser recaptados pelo
neurônio responsável por sua liberação, rearmazenados em vesículas neurais (desde que
o neurônio o receba) ou degradados por enzimas. É necessário que os neurônios tenham
sempre neurotransmissores disponíveis para liberação, por este motivo, sempre que
ocorre a liberação de um neurotransmissor para auxiliar na transmissão de uma
informação, há a produção e o armazenamento de novas moléculas e vesículas, visando
à substituição das utilizadas, para que não haja perda da eficiência de transmissão de
impulsos nervosos neurais (MONTANARI, 2013).
A Acetilcolina é um neurotransmissor responsável por estimular o impulso que
será transmitido, sendo mediador de sinapses nos sistemas: nervoso, periférico e ainda na
junção neuromuscular. A acetilcolina é o neurotransmissor mais numeroso do corpo,
sendo o controlador de órgãos essenciais como coração, estômago e fígado, auxiliando
ainda no controle cerebral do aprendizado e das emoções (VENTURA et al., 2010).
A dopamina é um neurotransmissor dirigente dos movimentos motores, participa
da regulação das informações vindas de outras partes do cérebro, no lóbulo frontal, assim
como memória, cognição e recompensa cerebral, ou seja, atua ativamente no controle dos
vícios, que causam sensações agradáveis e dependentes (STANDAERT; GALANTER,
2008).
Por fim, o glutamato é o principal neurotransmissor excitatório presente no SNC
e tem ação fundamental no processo de memória e apoptose, pois o seu excesso é

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neurotóxico, causando demasiado influxo de cálcio e consequente morte celular


(MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).

3.2 CÉLULAS DA GLIA


As células da glia são elementos importantíssimos na função do SNC, sendo que
estas atingem cerca de 15 vezes o número de neurônios, portanto, sendo estas as células
em maior quantidade neste sistema (PINHEIRO, 2007).
São classificadas em astrócitos, oligodendrócitos, micróglia, células ependimárias
e polidendrócitos, conhecidos como células NG2. Os astrócitos constituem cerca de 50%
do número de células cerebrais, possuem a função de estimular e apoiar os neurônios,
ocupando e reciclando o excesso de neurotransmissores e liberando íons na transmissão
dos impulsos nervosos para a corrente sanguínea, contribuindo assim para a manutenção
da homeostase. Além disso, os astrócitos podem ainda liberar neurotransmissores na
fenda sináptica, possuindo papel sinalizador de sinapses. Os oligodendrócitos são
responsáveis pela formação da bainha de mielina nos axônios neurais. A micróglia possui
função semelhante aos macrófagos, deslocando-se para o SNC ainda no desenvolvimento,
com o objetivo de fagocitar moléculas inflamatórias, células danificadas e fragmentos
celulares. As células ependimárias são células ciliadas que possuem localização epitelial
e revestem o ventrículo, separando o líquido cerebrospinal do tecido nervoso. Por último,
as células NG2 foram descobertas muito recentemente, possuem ação de células tronco
cerebrais, gerando novos neurônios e células gliais e ainda, recebem inputs sinápticos dos
neurônios (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013).

3.3 PLASTICIDADE NEURAL E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


A neuroplasticidade é o processo de organização morfológica e funcional do SNC,
frente a estímulos ambientais, cognitivos e também lesionais, resultando em modificações
sinápticas, objetivando remodelar o organismo humano para lidar com as competências
cognitivas e comportamentais a serem adquiridas no dia a dia (MANSO; FERREIRA;
BRAGATO, 2015).
Quando as células se encontram em processo de amadurecimento, há uma maior
capacidade de readaptação quando comparadas às células já maduras, por isso, com o
avanço da idade do indivíduo, ocorre um declínio funcional da plasticidade neural, o que
explica o fato de uma criança ter maior proficiência de aprendizagem em relação a um

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adulto, do qual é exigido um maior esforço para efetivo desempenho cognitivo


(PINHEIRO, 2007).
O cérebro é considerado o órgão da aprendizagem. O amadurecimento dos
neurônios tem como consequência a formação de sinapses e diversos fenômenos
promovem uma reorganização constante desse sistema de informações (OLIVEIRA,
2013). Recém-nascidos possuem poucas sinapses, enquanto o cérebro infantil atinge uma
quantidade elevada deste processo, que permanece em constância até o início da
adolescência (COSENZA, 2011).
O desenvolvimento cognitivo está diretamente relacionado a tudo aquilo que se
aprende, ou seja, concernente ao conhecimento a ser adquirido através da aprendizagem.
Os reflexos observados nos recém-nascidos são sinais da cognição que está sendo
desenvolvida e procederá até a formação do raciocínio lógico nos adultos (LOPES et al.,
2010).
A nutrição cerebral é extremamente importante para o bom desenvolvimento
cognitivo quando se trata dos seus aspectos físico e intelectual, sendo importante em todas
as fases, desde a vida intrauterina até a velhice (MICHEL, 2012).
Os carboidratos, proteínas e lipídios formam a classe de macronutrientes, que
possuem papel fundamental para o crescimento e desenvolvimento de todos os sistemas
humanos nas diversas fases da vida. Os carboidratos, ao final de sua digestão, são
transformados em glicose, a fonte energética primária do cérebro e do sistema nervoso.
Essa molécula de glicose é importante para o desenvolvimento e manutenção funcional
do SNC, sendo que, em condições normais, é a fonte única e exclusiva fornecedora de
energia para o cérebro. As proteínas são consideradas nutrientes construtores, pois são
formadas por combinações de aminoácidos, que formam as estruturas básicas de todas as
células, portanto, indispensáveis para o crescimento e vida dos órgãos, inclusive o
cérebro. Enfim, os lipídios exercem funções energéticas e estruturais e participam da
formação de hormônios. Fornecem ao organismo reserva energética, isolação térmica e
elétrica, proteção aos órgãos vitais, além de serem componentes das membranas das
células e precursores de mediadores bioquímicos. São responsáveis ainda pela formação
da bainha de mielina, que reveste os axônios dos neurônios. Os ácidos graxos poli-
insaturados de cadeia longa, conhecidos como ômega 3 e ômega 6, resultando em ácido
araquidônico e docosaexaenoico, estão diretamente relacionados ao crescimento celular
através de modulação gênica, são ainda componentes de fosfolipídios e, associados ao

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colesterol, organizam morfologicamente membranas celulares e organelas intracelulares


(FALCÃO, 2017).

3.4 AÇÚCAR E DESEMPENHO COGNITIVO


A maioria dos nutrientes possuem efeitos benéficos para o bom funcionamento
cognitivo, porém, estudos sugerem que a ingestão inadequada de alguns alimentos pode
ser prejudicial a essas funções, causando retardo ou declínio neste desempenho (SOUZA,
2015).
O excessivo consumo de açúcar pode desencadear diversas situações metabólicas
originárias de DCNT, como obesidade e diabetes que, atualmente, são um dos grandes
problemas de saúde pública, podendo ser cofator uma da outra, atingindo todas as idades
e provocando um grande número de mortalidade no Brasil e no mundo (DAUDT, 2013).
Segundo pesquisa realizada pelo Vigitel, o número de indivíduos portadores de obesidade
cresceu de forma incontrolada na última década, evoluindo de 11,8% em 2006 para 18,9%
em 2016, totalizando um aumento de 60% e atingindo de maneira semelhante sexo
masculino e feminino. A pesquisa também aponta o crescimento no número de casos de
diabetes: um aumento de 61,8% na quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença,
passando de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 (BRASIL, 2016).
As mudanças no padrão alimentar da população em geral são as principais causas
destas doenças. O aumento no consumo de açúcares e industrializados associados à baixa
ingestão de frutas e verduras podem explicar os quadros de excesso de peso/obesidade e
diabetes na sociedade (RINALDI et al., 2008).
A obesidade pode causar quadros de resistência à insulina semelhantes ao
mecanismo desenvolvido pelo Diabetes Mellitus (DM). O excesso de ácidos graxos
livres, presentes na obesidade, danificam o metabolismo de células, ativando proteínas
inflamatórias como a TLR-4 e aumentando sua expressão, acionando assim vias
inflamatórias e interferindo na captação de glicose sanguínea, levando a um estado
hiperglicêmico (FREITAS; CESCHINI; RAMALLO, 2014).
A alta concentração de glicose causada pela hiperglicemia pode provocar
alterações nas células gliais, com efeito direto da glicose, gerando redução do conteúdo
de glutationa, que faz a defesa antioxidante em astrócitos; redução no conteúdo
imunológico de proteína glial fibrilar ácida (GFAP), que é marcadora de diferenciação
astrocitária; modulação de conteúdo imunológico e reduzida secreção da proteína S100B,
que promove a sobrevivência e diferenciação neural; liberação de quimiocinas,

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favorecendo a migração de leucócitos para o parênquima cerebral, que levam a secreção


de alto conteúdo de citocinas pró-inflamatórias e mais quimiocinas, potencializando
processos inflamatórios neurais; menor captação do neurotransmissor glutamato,
causando prejuízos no funcionamento cognitivo; produção de espécies reativas de
oxigênio, originando quadros de estresse oxidativo, que podem causar inflamações
neurais, oxidação de macromoléculas, oxidação de estruturas celulares, excitotoxicidade
devido à alta produção de espécies reativas reagindo com lipídios, que são mais
suscetíveis e gerando um quadro de peroxidação lipídica, danificação de proteínas, e,
como consequência deste processo, levar a um quadro de deficiência ou morte celular,
antecedendo declínios e alterações cognitivas, influenciando na perda da capacidade de
aprendizagem (MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).
Alguns trabalhos foram realizados com o intuito de verificar se há prejuízo
cognitivo em indivíduos que fazem alta ingestão de açúcar e a relação com o perfil
nutricional ou estado hiperglicêmico semelhante ao DM. Os resultados de quatro estudos
estão descritos na tabela 1, com seus respectivos métodos e conclusões.

3.5 CONSUMO DE AÇÚCAR


Por todo o mundo, o padrão do consumo alimentar tem se transformado
intensamente nas últimas décadas, caracterizando uma transição nutricional alarmante:
da escassez ao excessivo e desmoderado consumo de alimentos, principalmente em
regiões mais desenvolvidas e que possuem maior renda (SARTI; CLARO; BANDONI,
2011), pois dentre os fatores contribuintes para esse quadro, estão os fatores sociais e
econômicos, incluindo a falta de tempo para o preparo de alimentos relatado pela
sociedade, a procura pela praticidade, o aumento da renda familiar per capita e a
diminuição do preço de produtos alimentícios prontos para o consumo, contribuindo
assim para o aumento de despesas e consumo de alimentos

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Tabela 1. Avaliação do desempenho cognitivo e sua relação com o excesso de açúcar na dieta.
Autor/Ano Objetivo Amostra Metodologia Resultados Conclusão
Ficha de Dados
Grupo 1: 254 idosos portadores de Sociodemográficos, A hiperglicemia causada
LOPES; Avaliar prejuízos DM2: 33 s/f e 11 s/m; WCST, MEEM, BDI, Déficits cognitivos em pelo DM, é semelhante ao
ARGIMON, cognitivos em idosos Grupo 2: 210 - grupo controle (164 BAI e GDS. Os subtestes idosos com DM2 em quatro excessivo consumo de
2009 portadores de DM2. s/f e 46 s/m); Vocabulário, Códigos, descritores do WCST. açúcar, podendo ser a causa
Idade: 60 a 88 anos. Dígitos e Cubos da deste déficit cognitivo.
WAIS-III.
Indivíduos acima do peso
Total: 59 crianças, estudantes do 4°
As crianças acima do peso comumente tem uma dieta
Analisar a relação entre ano do ensino fundamental de uma Aplicação do Teste de
IZIDORO et apresentaram pior resultado rica em açúcares, logo, o
desempenho escolar e escola pública em Belo Horizonte; desempenho escolar e
al., 2014 nas tarefas de escrita e baixo rendimento em alunos
estado nutricional. 34 s/m e 25 s/f; avaliação do IMC/I.
aritmética. pode estar ligado à
Idade: 9 a 11 anos.
hiperglicemia.
Total: 158 idosos acima de 60 anos;
A hiperglicemia crônica é
VARGAS; Avaliar a influência do Grupo 1: 32 s/f e 8 s/m – não GTI e (1) Avaliação global; Nos testes MEEM e RIP, o
resultado do DM. A ingestão
LARA; DM e a prática de não diabéticos; Grupo 2: 28 s/f e 12 (2) Avaliação cognitiva grupo diabético e não
exagerada de açúcar também
MELLO- atividade física sobre a s/m – não GTI e diabéticos; Grupo 3: (MEEM; RIP-RTP; FF); participante de GTI
resulta em quadros
CARPES, função cognitiva em 34 s/f e 6 s/m – GTI e não diabéticos; (3) Avaliação dos apresentou pior desempenho
hiperglicêmi- cos, afetando
2014 idosos. Grupo 4: 25 s/f e 13 s/m – GTI e aspectos emocionais. cognitivo.
diretamente a cognição.
diabéticos.
Teste 1: ADL, CCPT e Além da hiperglicemia
medidas antropométri- presente em indivíduos com
Investigar a
cas. Memória de trabalho e sobrepeso e obesidade, pode
COPPIN et aprendizagem e a Experiência 1: 49 participantes;
Teste 2 - CCPT, Tarefa de aprendizagem estão ocorrer também o estresse
al., 2014 memória em indivíduos Idade: menor que 41 e não fumantes.
aprendizagem comprometidos em oxidativo, prejudicando de
com sobre- Experiência 2: 36 participantes.
probabilística, NART, indivíduos com sobrepe- forma direta as células do
peso/obesidade.
questionários e medi-das so/obesidade. SNC e consequen- temente a
antropométricas. cognição.

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fora do domicílio (BEZERRA et al., 2013).


A produção de açúcar, advindo da cana-de-açúcar, tem sofrido um aumento
significativo em todo o mundo. O Brasil é o maior país produtor e exportador de açúcar
(SOUZA; OLIVEIRA; BURNQUIST, 2013).
Segundo o USDA (2016), o Brasil produziu até maio de 2016, 37,070 toneladas
de açúcar e, de maio a novembro, 37,780 toneladas, totalizando 74,850 toneladas de
açúcar durante o ano de 2016, sendo esse ano o de maior produção deste ingrediente. Das
74,850 toneladas de açúcar produzidas em 2016, um total de 53,220 foram exportadas
para outros países, representando 71%. O consumo de açúcar no Brasil, também
aumentou concomitantemente à sua produção, podendo ser observado na figura 1. No ano
de 2016 o consumo brasileiro de açúcar foi de 21,600 toneladas, o maior nos últimos
cinco anos.
De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-2009, realizada pelo
IBGE (2011), foram entrevistadas 34.003 pessoas a fim de avaliar o consumo alimentar
médio per capita e seu consumo fora da residência. Para exemplificação, foram
selecionados e listados na figura 2, alimentos fonte de açúcar, visando elucidar os
produtos consumidos frequentemente pela população brasileira.

Figura 1: Consumo de açúcar no Brasil entre 2012 e 2016

Fonte: Adaptado de dados do USDA, 2016.

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O excessivo consumo de açúcar tem sido observado em um período de 60 anos,


devido à larga produção, decorrente do crescimento populacional e as mudanças
alimentares habituais. Este consumo exagerado tem se tornado um grande problema para
a saúde do ser humano, podendo desencadear doenças como a diabetes, hipertensão e
obesidade, associadas ao sedentarismo, agravado pelo excesso de tempo destinado à
utilização de equipamentos eletrônicos (DALMOLIN; PERES; NOGUERA, 2013).
Os pais apresentam a televisão aos filhos cada vez em idade mais precoce, para
que se distraiam e fiquem calmos. A mídia aproveita este intervalo de distração para
alienar ludicamente as crianças, que se tornam consumidoras precocemente,

Figura 2: Consumo alimentar médio per capita e percentual de consumo fora do domicílio em
relação ao total consumido no Brasil no período de 2008-2009

Fonte: Adaptado a partir de dados do IBGE (2011), Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho
Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.

devido à exposição a comerciais direcionados à venda de produtos. A partir dos dois


meses de vida, um bebê já é capaz de observar tudo que passa a sua volta e, a partir de
repetidas exposições a um determinado comercial, passa a assimilar o conteúdo da
imagem com a mensagem transmitida pela mesma, fazendo que, ao aprender a linguagem
verbal, a criança se torne muito mais propícia à capacidade de persuasão em relação ao
pedido feito aos pais na conquista de determinado produto alimentício. Esse
acontecimento torna-se rotineiro, bem como o consumo de alimentos considerados de
baixo valor nutricional, e os pais que atendem o pedido dos filhos, poderão tornar-se
reféns de conflitos, discussões e agressões decorrentes disso (MOURA, 2010).

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Gallo et al. (2013), observaram mediante relato dos cuidadores, que as compras
mensais são intensamente controladas pelas crianças, sendo que as petições são feitas
principalmente após os conteúdos serem televisionados.
Domiciano et al. (2014) observaram que a mídia, juntamente com as indústrias de
produtos alimentícios, busca meios apelativos a fatores emocionais, atraindo a atenção de
quem assiste as propagandas por meio da associação da sensação de prazer ao alimento
comercializado.
Monteiro et al. (2012) avaliaram o conteúdo de revistas impressas durante doze
meses. Concluiu-se que os sucos artificiais e refrigerantes eram os produtos alimentícios
com maior representatividade dentre as propagandas direcionadas a alimentos, além da
confirmação da associação de brindes e personagens destinados ao público infantil.
Costa et al. (2013) realizaram um estudo descritivo, dando enfoque à análise dos
alimentos comercializados durante a programação infantil, em três emissoras brasileiras,
durante 10 dias, entre as 08h00min e 18h00min, classificando as propagandas conforme
os grupos alimentares determinados pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. O
conteúdo da programação de ambas as emissoras, conteve predominantemente comerciais
com alimentos pertencentes ao grupo de “açucares e doces”.
Apesar da alta prevalência de consumo de produtos industrializados, pesquisa
aponta que os brasileiros diminuíram a ingestão regular de refrigerantes e sucos artificiais.
Em 2007, o indicador deste consumo era de 30,9%, passando para 16,5% em 2016
(BRASIL, 2016).

3.6 HÁBITOS ALIMENTARES


Construir uma alimentação saudável é fundamental para o equilíbrio metabólico,
pois é essencial para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde de todos os
seres humanos. A formação de hábitos alimentares ocorre desde a vida intrauterina e
inclui determinantes internos e externos ao indivíduo, sendo que o período de maior
formação destes hábitos acontece na infância, associado ao desenvolvimento de
comportamentos cognitivos e de aprendizagem, que serão levados para toda a vida da
criança. (VALLE; EUCLYDES, 2007).
Entre os fatores internos, também conhecidos como fisiológicos, podemos
destacar as experiências intrauterinas, que se caracterizam pelo contato fetal aos estímulos
sensoriais das papilas gustativas, que aparecem por volta do segundo trimestre
gestacional, trazendo consigo a possível preferência por determinados sabores que

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atingem o líquido amniótico através da alimentação da gestante (MACHADO;


FEFERBAUM; LEONE, 2016).
O leite materno também é um fator fisiológico competente na formação de hábitos
alimentares. Através da alimentação materna, o leite pode sofrer alterações de sabor e,
assim como no líquido amniótico, induzir a preferência por determinados alimentos
(CHERUBINI, 2011). Além disso, o leite materno tem sua composição modificada com
o avanço da lactação, o que facilita a introdução alimentar e a aceitação de novos
alimentos (NOVAES et al., 2009).
A neofobia se refere à resistência em aceitar novos sabores, também relacionada
a fatores internos, causada pelo desconhecimento de tal gosto, ocasionando um quadro de
medo ou receio em relação ao alimento. A rejeição primária de um novo alimento ofertado
ao bebê pode ser cessada pela exposição precoce e repetida, tendo em vista a modulação
do paladar para novas experiências gustativas acionadas pelos estímulos sensoriais
(SILVA; TELES, 2013).
Por fim, associada aos fatores internos, podemos destacar a palatabilidade. As
sensações transmitidas pela gustação são maiores quando se tratam de alimentos com alto
teor energético, pois são suficientes para criarem preferências. Estes alimentos mais
energéticos são os lipídeos e os carboidratos que quando consumidos, provocam maior
saciedade, porém, podem causar um desajuste na capacidade do controle de ingestão
alimentar, acarretando o consumo excessivo, principalmente quando se trata dos
alimentos de sabor doce (VALLE; EUCLYDES, 2007).
Os fatores externos ou ambientais são referentes aos exemplos recebidos durante
a infância, que influenciam diretamente nas escolhas e hábitos alimentares formados nesta
fase. A alimentação dos pais é um dos principais determinantes deste processo. Existem
pais permissivos e autoritários quando se trata de alimentação. Os pais permissivos,
geralmente, não impedem que as crianças consumam alimentos considerados de baixo
valor nutricional. Os limites impostos por estes pais se agregam à disponibilidade dos
produtos, seja em casa ou no supermercado, preocupando-se principalmente em criar
relações afetivas com os filhos. Já os pais autoritários se atentam à alimentação dos filhos,
impondo regras quanto ao consumo de alimentos de baixo valor nutricional. Esses dois
tipos de pais podem influenciar positiva ou negativamente os hábitos alimentares dos
filhos, pois, entende-se que os permissivos podem consumir de forma descontrolada os
alimentos de preferência, além de serem usados para suprir a afetividade, recompensando
a falta de tempo com os filhos e família, pode desencadear um processo de formação de

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hábitos não saudáveis e os autoritários, embora por muitas vezes formem hábitos
alimentares saudáveis, podem desencadear um processo não saudável no momento em
que os filhos recebem autonomia quanto às suas escolhas, levando-os ao desejo da busca
de novas experiências que sejam agradáveis ao paladar (ANDRADE, 2014).
Tão relevante quanto a alimentação dos pais, podemos destacar a forte influência
da mídia sobre a formação dos hábitos alimentares das crianças. As propagandas das
grandes empresas de fast foods fazem apologia aos alimentos com baixo valor nutricional,
ricos em gorduras e açúcares e utilizam personagens de desenhos, filmes, brindes e
histórias para direcioná-las ao público infantil, que, atualmente, exerce forte influxo sobre
os pais, gerando assim um forte hábito alimentar inadequado (MILANI et al., 2015).

3.7 AÇÚCAR E SISTEMA NERVOSO CENTRAL


A ingestão exacerbada de açúcar pode causar um ciclo vicioso, tornando o
indivíduo dependente do seu consumo. O prazer é algo imensurável, cresce conforme a
exposição do indivíduo à determinada substância e suas lembranças, causadas pelas
sensações passadas, que remetem ao vício. Centros cerebrais, chamados de circuito
cerebral hedônico, estão relacionados diretamente ao controle de eventos e estado de
prazer, ativando neurotransmissores específicos à função de gostar, querer e aprender
(SAWAYA; FILGUEIRAS, 2013).
O núcleo accumbens é uma estrutura cerebral que participa ativamente do controle
da sensação de prazer e outros comportamentos como alimentação, sexualidade e
motivação, além de exercer funções ligadas ao aprendizado do apetite. Este sistema
integra processos corticais cognitivos, sensoriais e emocionais com mecanismos
hipotalâmicos e balanço energético, sendo mediador do comportamento alimentar
adaptativo. Quando os neurônios desta região são estimulados por substâncias doces ou
hormônios opioides (efeito semelhante às drogas), há um aumento em cerca de duas ou
três vezes na sensação de prazer, levando dessa forma, à busca mais direcionada a
alimentos intensamente energéticos e ricos em açúcar (CORTEZ; ARAÚJO; RIBEIRO,
2011).
O mecanismo de desejo ligado a determinados alimentos, principalmente os mais
palatáveis, está concernente ao sistema dopaminérgico. Sendo possível querer sem gostar,
entende-se que é exatamente o desejar que está relacionado ao comportamento vicioso.
O intenso desejo do querer é correlacionado à diminuição da resposta dopaminérgica no
sistema límbico e outros centros neurais associados, provocando a busca por alimentos

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palatáveis em estímulo a uma resposta recompensadora. Isso faz com que o indivíduo
necessite de determinada substância em maior frequência e quantidade quando
comparado a um indivíduo não viciado, a fim de obter a mesma sensação de prazer em
resposta a estímulos anteriores (KENNY, 2011).
Por fim, podemos citar o aprendizado como grande influenciador no prazer.
Alimentos intensamente palatáveis provocam alterações anatômicas no sistema nervoso
como modificações nos processos metabólicos e neurais, causando desregulação
fisiológica e envolvendo processos de influências no contexto social,
memória e aprendizagem. Sempre que nos lembramos frequentemente de
determinado fato ou acontecimento, reforçamos a lembrança contida em nossa memória
e acabamos por renová-la, dando continuidade ao aprendizado (SAWAYA;
FILGUEIRAS, 2013).

4 CONCLUSÃO
Atualmente, uma parcela significativa da população apresenta uma ingestão
energética elevada, com energia proveniente especialmente do alto consumo de açúcares,
e na sua maioria presentes em alimentos ultraprocessados. Esse consumo está associado
ao desenvolvimento de DCNT, como obesidade e diabetes, que causam quadros de
hiperglicemia semelhantes ao consumo exacerbado de açúcar.
Indivíduos que realizam ingestão excessiva e desordenada de açúcar, seja ela de
adição ou embutido em produtos alimentícios, de forma habitual, possuem prejuízo no
desempenho cognitivo. Tal fato pode ocorrer também em indivíduos obesos e portadores
de diabetes, que possuem hiperglicemia semelhante ao consumo abusivo de açúcar,
contudo, ainda é necessário aprofundamento e realização de pesquisas científicas capazes
de ampliar a temática em questão, a fim de obter resultados mais precisos e buscar
desvendar a complexidade acerca do assunto.
Para cessar o alto consumo de açúcar, seriam necessárias campanhas de incentivo
à alimentação saudável, inclusive e principalmente com a adesão da mídia à comerciais
que abordassem este tema, dando enfoque também aos malefícios de uma alimentação
nutricionalmente desequilibrada e os perigos das DCNT. Mais estudos na área de
desempenho escolar deveriam ser realizados para melhor compreender a maneira com
que o excesso de açúcar pode afetar o desempenho cognitivo e consequentemente o
rendimento escolar.

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