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V.

INVENTÁRIO E BALANÇO
V.1. O INVENTÁRIO
Qualquer património contém, como se disse atrás, elementos patrimoniais e os mesmos
encontram-se valorizados, permitindo conhecer o total do activo e o total do passivo e por via
desses a situação líquida ou capital próprio. Ora, quando se faz uma relação, lista ou rol desses
elementos patrimoniais activos e passivos com a indicação do seu valor, estamos perante um
inventário. Se preferirmos, podemos dizer que o inventário é o quadro ou mapa que nos mostra a
composição do património num determinado momento.
A elaboração dum inventário, consubstancia então a análise dos elementos patrimoniais duma
empresa visando por um lado a descriminação dos mesmos e por outro a sua valorização.

FASES DA ELABORAÇÃO DO INVENTÁRIO


Na inventariação de um património distingue-se fundamentalmente 4 fases ou etapas,
designadamente:
1. Identificação, que consiste em verificar todos os elementos patrimoniais existentes na
empresa;
2. Classificação, consubstancia o agrupamento dos elementos patrimoniais da empresa em
contas;
3. Descrição, que consiste em distribuir os elementos patrimoniais da empresa em contas já
existentes, indicando a natureza, qualidade e características;
4. Avaliação, que consiste em atribuir um valor monetário a cada elemento patrimonial da
empresa.

CLASSIFICAÇÃO DO INVENTÁRIO
Os inventários podem ser classificados de vários critérios, nomeadamente:
1. Quanto ao momento da sua elaboração

O inventário pode ser:


Inicial, aquele que é elaborado no início da actividade da empresa;
Final, aquele que é elaborado no fim do exercício económico;
2. Quanto a regularidade
Ordinário, aquele que é elaborado em períodos previamente determinados; é regular e
previsível.
Extraordinário, quando elaborado por determinadas necessidades eventuais; é excepcional e
imprevisível.
3. Quanto a disposição ou ordenação

Os inventários podem ser:


Simples ou empíricos, quando os elementos patrimoniais aparecem dispostos sem obedecer a
qualquer ordem, isto é, os elementos patrimoniais aparecem dispostos ao acaso, não existindo a
preocupação de ordena-los devidamente.
Classificados ou selectivos, quando os elementos patrimoniais aparecem agrupados, segundo a
sua natureza, característica ou função. Aqui, os elementos do activo assim como do passivo
aparecem agrupados em contas.

Exemplo de inventário simples e inventário classificado de SSRJ, Lda em 01/01/2011


Considere os seguintes elementos patrimoniais:
Depósitos bancários 230.000,00
Edifício comercial 1.000.000,00
Viatura Toyota 800.000,00
Saque nº 3 sobre MGB, SA 50.000,00
Mercadorias 500.000,00
Aceite sobre Valente, Lda 105.000,00
Empréstimo bancário no Bim 420.000,00
Dinheiro em cofre 20.000,00
Dividas a pagar a MMA 350.000,00
Mobiliário diverso 100.000,00
Dívida de José 75.000,00
Emprestimo bancário no BCI 1.000.000,0

Inventário Simples:
ACTIVO
Depósitos bancários 230.000,00
Edifício comercial 1.000.000,00
Mercadorias 500.000,00
Dinheiro em cofre 20.000,00
Viatura Toyota 800.000,00
Saque nº 3 sobre MGB, SA 50.000,00
Mobiliário diverso 100.000,00
Dívida de José 75.000,00
Total do Activo 2.775.000,00
PASSIVO
Aceite sobre Valente, Lda 105.000,00
Empréstimo bancário no Bim 420.000,00
Dividas a pagar a MMA 350.000,00
Emprestimo bancário no BCI 1.000.000,00
Total do passivo 1.875.000,00

Inventário Classificado
ACTIVO
Meios financeiros
Dinheiro em cofre 20.000,00
Depósitos bancários 230.000,00
Inventários e Activos Biológicos
Mercadorias 500.000,00

Investimentos de Capital
Activos Tangíveis
Edifício comercial 1.000.000,00
Mobiliário diverso 100.000,00
Viatura Toyota 800.000,00
Contas a Receber
Clientes
Dívida de José 75.000,00
Saque nº 3 sobre MGB, SA 50.000,00
Total do Activo 2.775.000,00

PASSIVO
Contas a Pagar
Fornecedores
Dividas a pagar a MMA 350.000,00
Aceite sobre Valente, Lda 105.000,00
Emprestimos Obtidos
Empréstimo bancário no Bim 420.000,00
Emprestimo bancário no BCI 1.000.000,00
Total do passivo 1.875.000,00

4. Quanto a extensão

Os inventários podem ser:


Gerais, quando a listagem abarca todos os elementos patrimoniais que constituem um dado
património, ou seja, inclui todos os elementos patrimoniais que pertencem a empresa do activo
assim como do passivo.

Exemplo:
ACTIVO
Dinheiro em cofre 20.000,00
Depósitos bancários 230.000,00
Mercadorias 500.000,00
Edifício comercial 1.000.000,00
Mobiliário diverso 100.000,00
Viatura Toyota 800.000,00
Dívida de José 75.000,00
Saque nº 3 sobre MGB, SA 50.000,00
Total do Activo 2.775.000,00

PASSIVO
Dividas a pagar a MMA 350.000,00
Aceite sobre Valente, Lda 105.000,00
Empréstimo bancário no Bim 420.000,00
Emprestimo bancário no BCI 1.000.000,00
Total do passivo 1.875.000,00

Parciais, quando a listagem abrange apenas alguns dos elementos patrimoniais que constituem
um dado património. Aqui, são listados determinados elementos, podem ser apenas do activo, ou
mesmo do passivo, ou ainda alguma classe de contas.

Exemplo:
ACTIVO
Meios financeiros
Dinheiro em cofre 20.000,00
Depósitos bancários 230.000,00
Total 250.000,00

5. Quanto a Representação Gráfica

Os inventários podem ser horizontais e verticais.


Horizontais, quando os elementos patrimoniais são dispostos em dois blocos de forma
horizontal. Aqui o activo fica no primeiro bloco (esquerdo) e o passivo no segundo a direita.
Exemplo: Inventário de SSRJ, Lda em 01/01/2011
ACTIVO PASSIVO
1 Meios financeiros 4 Contas a Pagar
1.1 Dinheiro em cofre 20.000,00 4.2 Fornecedores 455.000,00
1.2 Depósitos bancários 230.000,00 250.000,00 4.3 Emprestimos Obtidos 1.420.000,00
2 Inventários e Activos Biológicos
2.2 Mercadorias 500.000,00 Total do passivo 1.875.000,00
3 Investimentos de Capital
3.2Activos Tangíveis 1.900.000,00

4 Contas a Receber
4.1 Clientes
125.000,00

Total do Activo 2.775.000,00

Verticais, quando a listagem dos elementos patrimoniais de um dado património for disposta
verticalmente. Aqui os elementos do activo aparecem em primeiro plano, seguidos
imediatamente dos elementos do passivo.
Exemplo: Inventário de SSRJ, Lda em 01/01/2011
ACTIVO
1 Meios financeiros
1.1 Dinheiro em cofre 20.000,00
1.2 Depósitos bancários 230.000,00 250.000,00
2 Inventários e Activos Biológicos
2.2 Mercadorias 500.000,00 500.000,00
3 Investimentos de Capital
3.2 Activos Tangíveis 1.900.000,00
4 Contas a Receber
4.1 Clientes 125.000,00

Total do Activo 2.775.000,00


PASSIVO
4 Contas por Pagar
4.2 Fornecedores 455.000,00
4.3 Emprestimos Obtidos 1.420.000,00

Total do passive 1.875.000,00


Os inventários que as empresas elaboram devem sempre ser transcritos para o livro de
Inventário. Nas empresas de grande dimensão, devido a diversidade e extensão dos elementos
patrimoniais, os inventários gerais correspondem o agrupamento ou junção de vários inventários
parciais que são elaborados em separado.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
Em 10/01/2011 a SamSimon, Lda, uma empresa de comércio geral iniciou a sua actividade
dispondo no seu património dos seguintes elementos:
1. Dinheiro em cofre ……………..100.000,00
2. Depósito no BIM ……………….12.000,00
3. Depósito no BCI ………………150.000,00
4. estabelecimento comercial …..7.300.000,00
5. Automóvel Toyota …………….800.000,00
6. Dívidas de João.............. ………150.000,00
7. Carinha Mazda ……………….3000.000,00
8. Dívida à Bibimpo Lda,……… 1.200.000,00
9. 3 Computadores ……………...130.000,00
10. Mobiliário diverso ………….1.500.000,00
11. Empréstimo no BCI ………..3.800.000,00
12. Letra a pagar ……………….2.100.000,00
13. Aceite de Rajip, SA…………. 950.000,00
14. Mercadorias em armazém ….5.500.000,00

Pretende-se:
1. Classificação do inventário
2. Elaboração de um inventário selectivo e horizontal.
V.2. O BALANÇO
Uma vez estabelecida a composição do património pelo inventário torna-se necessário comparar
o activo com o passivo para determinar e conhecer o valor e natureza da situação líquida. Esse
quadro comparativo, constitui o balanço. O balanço constitui então o mapa demonstrativo da
situação patrimonial da empresa num determinado momento. Pode-se dizer também que o
balanço é o documento em que se expressa a comparação entre o activo e o passivo, mostrando-
se desse modo a composição e o valor do património.
Significa isso que basta acrescentarmos a situação líquida ao quadro do inventário, temos o
balanço.
Assim, enquanto que o inventário constitui apenas uma listagem dos elementos patrimoniais
activos e passivos, o balanço, constitui por sua vez a comparação ou balanceamento entre
aquelas classes de valores evidenciando a situação liquida.

Geralmente os balanços são elaborados com dois objectivos fundamentais, designadamente:


1. Apuramento da situação patrimonial em determinado momento;
2. Determinação dos resultados dum dado período.

Da comparação entre o activo e o passivo para se obter, como se disse, o valor e a natureza da
situação líquida ou capital próprio, resulta a seguinte equação:
ou
A – P = SL A = SL + P

O activo constitui o 1º membro do balanço e o situação líquida ou capital próprio mais o passivo
constitui o seu segundo membro.

Representação Gráfica do Balanço


O balanço pode ser representado horizontal e verticalmente.

1. Representação horizontal, em que o primeiro membro aparece do lado esquerdo e o


segundo membro vem do lado direito.

Exemplo: Balanço de SSRJ, Lda em 01/01/2011


ACTIVO PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO
1 Meios financeiros 4 Contas a Pagar
1.1 Dinheiro em cofre 20.000,00 4.2 Fornecedores 455.000,00
1.2 Depósitos bancários 230.000,00 250.000,00 4.3 Emprestimos Obtidos 1.420.000,00 1.875.000,00
2 Inventários e Activos Biológicos 5 Capital Próprio
2.2 Mercadorias 500.000,00 5.1 Capital 900.000,00
3 Investimentos de Capital
3.2Activos Tangíveis 1.900.000,00

4 Contas a Receber
4.1 Clientes
125.000,00

Total do Activo 2.775.000,00 Total do Capital Próprio + passivo 2.775.000,00

2. Representação vertical em que o segundo membro vem imediatamente abaixo do


primeiro.

Exemplo: Balanço de SSRJ, Lda em 01/01/2011


ACTIVO
1 Meios financeiros
1.1 Dinheiro em cofre 20.000,00
1.2 Depósitos bancários 230.000,00 250.000,00
2 Inventários e Activos Biológicos
2.2 Mercadorias 500.000,00 500.000,00
3 Investimentos de Capital
3.2 Activos Tangíveis 1.900.000,00
4 Contas a Receber
4.1 Clientes 125.000,00

Total do Activo 2.775.000,00


PASSIVO + CAPITA L PRÓPRIO
4 Contas por Pagar
4.2 Fornecedores 455.000,00
4.3 Emprestimos Obtidos 1.420.000,00
5 Capital Próprio
900.000,00
5.1 Capital
2.775.000,00
Total do Capital Próprio + passivo

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO
1. Considere o exercício anterior sobre o inventário de SamSimon, Lda, e elabore o balanço.

GÉNEROS DE BALANÇO
CASO SITUAÇÃO LÍQUIDA BALANÇO
Designação Símbolo Valor Expressão Género
A>P Activa SLa SL > 0 A = P + SLa 1º Género
A=P Nula SLo SL = 0 A=P 2º Género
A<P Passiva SLp SL < 0 A = P – SLp 3º Género

Dai resulta que:


A + SLp = P + SLa

CLASSIFICAÇÃO DOS BALANÇOS


1. Quanto ao momento da sua elaboração

Os balanços podem ser classificados em:


 Balanços iniciais, aqueles que são elaborados no início da actividade económica ou do
exercício económico.
 Balanços finais, aqueles que são elaborados opôs o encerramento da actividade
económica ou do exercício económico.
 Balanços de fundação, aqueles que são elaborados a quando da constituição ou fundação
da empresa.
 Balanços de liquidação, aqueles que são elaborados a quando da extinção ou liquidação
da empresa.
2. Quanto a regularidade

Os balanços podem ser classificados em:


 Balanços ordinários, aqueles que são elaborados em períodos previamente
determinados, como é o caso de trimestrais, semestrais e anuais.
 Balanços extraordinários, aqueles que são elaborados ocasionalmente por motivos de
carácter acidental, como é o caso de falência, morte de um dos sócios e suspeita de
extravios ou desvios.
3. Quanto a estrutura

Os balanços podem ser classificados em:


 Balanços sintéticos, são aqueles, como o nome sugere, que não descriminam em
pormenor as contas, geralmente são a expressão da relação existentes entre o activo,
passivo e capital próprio.

Exemplo: Balanço sintético de SSRJ, Lda em 01 de Janeiro de 2011


ACTIVO 2.775.000,00 CAPITAL PRÓPRIO 900.000,00
___________
PASSIVO 1.875.000,00

2.775.000,00
2.775.000,00
Total do Activo ----------------- Total do Capital Próprio + passivo
-------------------

 Balanços analíticos, são aqueles que além da relação, pormenorizam a composição do


activo, passivo e capital próprio. Geralmente apresentam contas desdobradas em
subcontas.

Exemplo: Balanço analítico de SSRJ, Lda em 01 de Janeiro de 2011


ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO + PASSIVO
1 Meios financeiros 4 Contas a Pagar
1.1 Dinheiro em cofre 20.000,00 4.2 Fornecedores
1.2 Depósitos bancários 230.000,00 250.000,00 421 Fornecedores c/c 350.000,00
2 Inventários e Activos Biológicos 422Forn.títulos a pagar 105.000,00
2.2 Mercadorias 500.000,00 455.000,00
3 Investimentos de Capital
3.2Activos Tangíveis 4.3 Emprestimos Obtidos 1.420.000,00
321 Construções 1.000.000,00 1.875.000,00
323 Mobiliário e EAS 100.000,00 5 Capital Próprio
324 Eq. de Transporte 800.000,00 1.900.000,00 5.1 Capital
4 Contas a Receber 900.000,00
4.1 Clientes
411 Clientes c/c
75.000,00 125.000,00
412 Clientes títulos a receber 50.000,00
Total do Activo 2.775.000,00
---------------- Total do Capital Próprio + passivo
2.775.000,00
-----------------

4. Quanto a ordenação

Os balanços podem ser classificados em:


 Balanços simples, são aqueles em que não existe a preocupação de ordenar devidamente
as contas.
 Balanços classificados, são aqueles em que as contas apresentam-se devidamente
ordenadas ou sequenciadas.

REQUISITOS DO BALANÇO
O balanço como uma fonte de informação contabilística fundamental para diversas entidades,
principalmente os gestores da empresa, deve na sua elaboração seguir determinados requisitos,
designadamente:

Clareza: o balanço deve ser apresentado de um modo que facilita a sua interpretação, ou seja, de
forma clara. Para isso é preciso que haja clareza das contas utilizadas, dos títulos, bem como a
seriação.

Exactidão: as contas devem apresentar valores que correspondam ao valor real dos elementos
patrimoniais contidos na respectiva conta, devendo ser determinados tendo em conta critérios
valorimétricos objectivos.
Integridade: o balanço deve incluir todos os valores patrimoniais activos, passivos e de capital,
respeitando o princípio de não compensação, isto é, as contas mistas não devem apresentar um
único saldo. Devem figurar nos dois membros do balanço com os respectivos saldos devedor e
credor.

Consistência: na elaboração dos balanços devem ser considerados e utilizados os mesmos


critérios ao longo dos anos.
Uniformidade: na elaboração dos balanços deverão ser considerados e utilizados os mesmos
critérios e normas para todos os casos, quer se trate de balanços nacionais, sectoriais ou
territoriais.

Sinceridade: os elementos patrimoniais devem ser avaliados correctamente com base em factos
objectivos, devendo minimizar-se a subjectividade de determinadas rubricas, como é o caso de
provisões, amortizações e existências.

BALANÇO INICIAL – VARIAÇÃO DO BALANÇO – BALANÇO FINAL


Importa recordar que se dá o nome de exercício económico ao conjunto de operações
respeitantes a gestão de cada período administrativo e reter que o balanço elaborado pelo
comerciante no início de exercício económico designa-se por balanço inicial e aquele elaborado
no final do exercício designa-se de balanço final.

Antes de ensaiarmos algumas técnicas de registo de operações nas contas, partindo de um dado
balanço inicial e de um dado conjunto de factos patrimoniais, voltemos por alguns instantes a
questão das regras básicas de registo das operações para acrescentarmos o seguinte:
1. As contas do primeiro membro do balanço (A+SLp) debitam-se pela extensão inicial e
pelos aumentos e creditam-se pelas diminuições;

2. As contas do segundo membro do balanço (P+SLa) debitam-se pelas diminuições e


creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos.
Após essas indicações, consideremos um simples exemplo para a verificação prática de como se
estabelece o balanço final, partindo de um balanço inicial e considerando um conjunto de factos
patrimoniais ocorridos.

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
Balanço inicial de Mendes&Gany, Lda em 01/01/2011
ACTIVO PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO
1.Meios Financeiros 4. Contas a Pagar
1.1 Caixa 20.000,00 4.2 Fornecedores
130.000,00
1.2 Bancos 165.000,00 185.000,00
2. Inventários e Actvos Biológicos
2.2 Mercadorias 145.000,00 5.Capital Próprio 370.000,00
3. Investimentos de Capital 5.1 Capital
3.2Activos tangíveis 170.000,00
Total do Activo 500.000,00
500.000,00
--------------- Total do capital próprio + passivo
----------------

Durante o ano ocorreram os seguintes factos patrimoniais:


1. Compra a prazo de mercadorias a 110.000,00.
2. Compra de mercadorias no valor de 85.000,00. Pago através de cheque nº 1.
3. Venda de mercadorias no valor de 75.000,00. A margem de lucro é de 20% sobre o valor.
4. Compra a prazo de móveis no valor de 125.000,00.
5. Pagamento de dívidas no valor de 60.000,00 através de cheque nº 2
6. Depósito bancário de 70.000,00

No final do mês de Dezembro a empresa Mendes&Gany, Lda pretende conhecer a sua situação
patrimonial. Como satisfazer essa pretensão?
Passos a seguir:
1. Uma vez que existem valores iniciais indicados no balanço, a primeira coisa a fazer é
abrir contas e inscrever nelas todos os valores do balanço, aplicando as regras de registo
das operações;
2. Abertas as contas, segue-se o registo dos factos patrimoniais ocorridos durante o
exercício.
3. O terceiro passo consiste em somar os valores de cada uma das contas, determinar os
saldos e inscreve-los no balanço final.

É importante notar que acontece com frequência que ao longo das operações do exercício
económico vão aparecendo outras contas não existentes no balanço inicial. Nesses casos deve-se
abrir tantas contas quanto necessário.

EXERCICIOS PROPOSTOS
1. Em 01/01/10 a Biby,Lda tinha os seguintes elemento patrimoniais

1- Dívidas de Ferraz, Lda ..................................255.525,33Mt


2- Equipamentos administrativos ......................131.131,13Mt
3- Depósito no BICI ........................................ 259.077,00Mt
4- Dívida a Mithethe, SARL.............................. 444.444,44Mt
5- Dívida de Nhancaliz, Lda ..............................200.007,01Mt
6- Mercadorias em armazém .............................430.020,00Mt
7- Depósito no BAM ...........................................90.077,00Mt
8- Viaturas .........................................................930.000,12Mt
9- Divida a Guaito, Lda ......................................607.031,99Mt
10- Dinheiro em caixa ...........................................600.000,97Mt

Durante o ano ocorreram os seguintes factos patrimoniais


1. 02/01/10 - Reduziu-se em metade a divida a cada fornecedores
2. 04/02/10 - Liquidou-se a divida a Mithethe, SARL através de cheque nº 12 sobre BICI
3. 08/03/10 - Os clientes liquidaram as dividas
4. 09/05/10 - Compra de mercadorias no valor de 500.000, 00Mt. Pagou-se 4/5.
5. 11/06/10 - Compra a prazo de mercadorias no valor de 800.000,00Mt
6. 12/07/10 - Venda de mercadorias no valor de 400.000,00. O lucro é de 25% sobre o valor.
O cliente pagou 3/4.
7. 13/09/10 - Venda a prazo de mercadorias no valor de 400.000,00Mt.
8. 18/10/10 - Recebimento do remanescente da operação 6.
9. 24/11/10 – Recebimento de 1/2 da operação 7.
10. 30/12/10 – Comprou-se 1 computador no valor de 50.000,00 e Depositou-se 90% do valor
em caixa.

Pretende-se
a) Balanço inicial de Biby,Lda
b) Abertura de contas e lançamento das operações
c) Balanço final de Biby, Lda e encerramento das contas.

2. Considerando o exercício anterior:


a) Proceda a reabertura das contas;
b) Fazer o lançamento das seguintes operações:
1. Nosso saque sobre os clientes
2. Saque de Guaito, Lda
3. Compra a 30 dias de mercadorias no valor de 500.000,00
4. Venda de mercadorias no valor de 750.000,00 que haviam custado 600.000,00
5. Compra de mobiliário no valor de 100.000,00
6. Compra de 1 viatura no valor de 1.200.000,00. Pagou-se metade.
7. Venda de mercadorias no valor de 300.000,00. O cliente pagou metade através de
uma transferência bancária e 25% em numerário.
8. Pagamento de 2/5 da operação 3.
c) Elaborar o balanço final comerciante e encerrar as suas contas.
3. Balanço de Valente, Lda em 01/01/2010

Activo Passivo + S. Liquida


Dinheiro em cofre 20.000,00 Dividas a pagar a MMA 350.000,00
Depósitos bancários 230.000,00 Empréstimo bancário 420.000,00
Mercadorias 500.000,00
Edifício comercial 1.000.000,00 S. Liquida 1.780.000,00
Viatura Toyota 800.000,00
2.550.000,00 2.550.000,00

Realizaram-se as seguintes operações


1. Pagamento de metade da divida a MMA através de cheque nº 1

2. Venda a prazo de mercadorias no valor de 250.000,00 que haviam custado 200.000,00

3. Venda de mercadorias no valor 125.000,00.

4. Recebimento do valor da operação 2

5. Compra de mercadorias no valor de 500.000,00. Pagou-se 3/5 e o resto aceitou-se uma


letra.

6. Depósito do valor em caixa.

7. Compra de um computador a 40.000,00, tendo sido pago ½ através de cheque nº 2.

8. Adiantamento ao trabalhador josé no valor de 5.000,00

Pretende-se

a) Abertura de contas e lançamento das operações


b) Balanço final e encerramento das contas
CONTABILIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES
ESCRITURAÇÃO COMERCIAL
A escrituração comercial tem por objectivo evidenciar no fim de cada exercício económico a
situação patrimonial e financeira, bem com determinar os resultados da empresa, através de
balanços e de mapas de demonstração de resultados.

A escrituração comercial ou contabilização dos factos patrimoniais passa por:


 Saber quais as contas que variam (análise dos factos patrimoniais)
 Saber quais as contas que devem ser debitadas e creditadas (pela aplicação das regras de
movimentação das contas)
 Registar os valores desses débitos e créditos.

A escrituração comercial é feita na base de lançamentos contabilísticos. O lançamento é todo e


qualquer registo em livros comerciais, ou seja, é a anotação dos factos patrimoniais em livros
contabilísticos1.

Normalmente os lançamentos são constituídos por quatro partes, designadamente:


 Data – ano, mês e dia, depois da localidade do comerciante;
 Cabeçalho ou contas movimentadas – títulos das contas debitadas e creditadas;
 Descrição ou histórico – descrição da operação e/ou documento;
 Valor ou importância – extensão ou montante da variação.

Lançamentos no Diário Geral


O diário é um livro onde os factos patrimoniais são registados por ordem cronológica, isto é, por
ordem de data.

Traçado ou Riscado do Diário

1
Os livros de escrituração comercial podem ser obrigatórios, quando determinado por lei que o comerciante deve escriturá-los, ou
facultativos quando a sua escrituração é do livre critério do comerciante. Geralmente, consideram-se livros obrigatórios os
seguintes: Diário; Razão; Inventário; Balanço e Livro de acta para as sociedades.
1 2 3 4 5 6

Legenda:
1. Nº de ordem de lançamento;
2. Preposição “a” (antes da conta creditada);
3. Cabeçalho, Contas movimentadas e descrição de lançamento;
4. Nº de fólio do razão geral;
5. Coluna auxiliar das importâncias;
6. Coluna principal das importâncias.

Lançamentos no Razão Geral


O razão é um livro onde as operações são registadas por ordem de contas depois de escrituradas
no diário por ordem de datas. Aqui, agrupa-se os registos por ordem de contas.

Traçado ou Riscado do Razão:


Deve Haver
1 1
2 3 4 5 6 7 2 3 4 5 6 7

Legenda:
1 – Ano e mês da operação;
2 – Dia da operação;
3 – Preposição “a” do lado esquerdo e “de” do lado direito ;
4 - Contrapartida
5 – Nº de lançamento no diário;
6 – Coluna auxiliar de importância
7 – Coluna principal de Importância.
Classificação dos lançamentos
Os lançamentos podem ser classificados de várias formas, designadamente:

1.- Quanto ao momento


Lançamentos de abertura - efectuados no início da actividade;
Lançamentos correntes e de estorno – efectuados durante a actividade;
Lançamentos de regularização, apuramento e aplicação de resultados, e de encerramento de
escrita – efectuados no fim do exercício;
Lançamentos de reabertura - efectuados no início do exercício seguinte.

ÉPOCA LANÇAMENTO OBJECTIVO


Início do exercício Lançamento de abertura Registo de valores iniciais
Durante o Lançamentos correntes Registo de factos patrimoniais
exercício Lançamentos de estorno Correcções de erros e omissões
Fim do exercício Lançamentos de regularização Correcção de valores
Lançamentos de apuramento e Transferência de valores
aplicação de resultados
Lançamentos de encerramento Registo de valores finais
de escrita
Início do exercício Lançamento de reabertura Registo de valores no início de
exercício seguinte

2.- Quanto ao número de contas movimentadas


Lançamentos simples – quando só variam duas contas
Lançamentos compostos – quando variam mais de duas contas

3.- Quanto a fórmula


Os lançamentos podem ser da 1ª , 2ª , 3ª e 4ª fórmula.
Lançamento da 1ª fórmula
Um lançamento diz se da primeira fórmula quando movimenta apenas duas contas, uma a débito
e a outra a crédito.

Exemplo: Dia 25/07/2011 - Compra a pronto pagamento de mercadorias no valor de 500,00


No diário
Tete, aos 25/07/2011
1 2.1 Compras 1
a 1.1 Caixa 2 500,00
Pela compra de mercadorias

Na primeira linha se inscreve a conta a debitar e a seguir a conta a creditar, precedida da


preposição “a”. Significa que primeiro se regista a conta a debitar e só depois é que se regista a
conta a creditar e sempre a conta a creditar deve ser antecedida da preposição “a”.

No razão
Deve 2.1 Compras Haver
Julho
De 2011
25 A Caixa 1 500,00

Deve 1.1 Caixa Haver


Julho de
2011
Compras 1 500,00
25 De

Lançamento da 2ª fórmula
Um lançamento diz se da segunda fórmula quando a operação origina o débito de uma contra e o
crédito de mais de uma conta. Como não é possível indicar as contas a creditar na mesma linha,
as mesmas são substituídas pela expressão “Diversos”.
Exemplo: Dia 26/07/2011 - Compra de mercadorias no valor de 500,00. Pagou se metade em
numerário.

No diário
Tete, aos 26/07/2011
2 2.1 Compras 1
a Diversos
P/ compra de mercadorias, pago
a ½ 2 250,00
a 1.1 Caixa 3 250,00 500,00
4.2 Fornecedores

Escreve-se na primeira linha a conta debitada e na segunda a locução “a” DIVERSOS, em


seguida a discrição geral da operação e só depois é que se indica as contas creditadas precedidas
da preposição “a” e com a respectiva descrição particular sempre que for necessário.

No razão
Deve 2.1 Compras Haver
Julho
De 2011
26 a Caixa 2 250,00
a Fornecedores 2 250,00 500,00

Deve 1.1 Caixa Haver


Julho
De 2011
26 De Compras 2 250,00
Deve 4.2 Fornecedores Haver
Julho
De 2011
26 De Compras 2 250,00

Lançamento da 3ª fórmula
Um lançamento se considera da terceira fórmula quando a operação origina o débito de mais de
uma conta e o crédito de apenas uma conta.

Exemplo: Dia 27/07/2011 - Venda de mercadorias no valor de 500,00Mt. O cliente pagou


metade.

No diário
Tete, aos 27/07/2011
3 Diversos
a 2.2 Mercadorias 4
P/ venda de mercadorias, pago ½
1.2 Caixa 2 250,00
4.1 Clientes 5 250,00 500,00

Na primeira linha inscreve-se a locução “DIVERSOS” e na segunda a conta a creditar precedida


da preposição “a” e em seguida o histórico ou descrição geral. Por fim aparecem as contas a
debitar com a respectiva descrição particular se for necessário.

No razão
Deve 1.1 Caixa Haver
Julho
De 2011
25 a Mercadorias 3 250,00

Deve 4.1 Clientes Haver


Julho
De 2011
27 a Mercadorias 3 250,00

Deve 2.2 Mercadorias Haver


Julho
De 2011
27 de Caixa 250,00
de Clientes 250,00 500,00

Lançamento da 4ª fórmula
Um lançamento diz-se da quarta fórmula quando a operação origina a movimentação de várias
contas a débito e várias a crédito, isto é, quando se debita e credita mais de uma conta.

Exemplo:De Deus iniciou a sua actividade em 01/01/2011 com os seguintes valores


patrimoniais:
Caixa – 20.000,00
Bancos – 10.000,00
Edifícios comerciais – 10.000,00
Empréstimo bancário – 10.000,00
No diário
Tete, aos 01/01/2011
1 Diversos
a Diversos
P/ abertura da escrita.
1.1 Caixa 1 20.000,00
1.2 Bancos 2 10.000,00
3 10.000,00
3.2 Activos Tangíveis
40.000,00
4
Empréstimos obtidos
a 5 10.000,00
Capital
a 30.000,00 40.000,00

Inscreve-se na primeira linha a locução “DIVERSOS” e também na segunda a locução


“DIVERSOS” precedida da preposição “a” e em seguida a descrição geral do lançamento.
Depois regista-se por baixo as contas a debitar, somando e trancando se na coluna auxiliar de
importâncias o total. Inscreve-se em seguida as contas a creditar, precedidas da preposição “a”,
passando total de importâncias para a coluna principal, após somá-los na coluna auxiliar.
No razão:
Deve 1.1 caixa Haver
Janeiro
De 2011
01 a Capital 1 20.000,00

Deve 1.2 Bancos Haver


Janeiro
De 2011
a Empr. 1 10.000,00
obtidos

Deve 3.2 Activos Tangíveis Haver


Janeiro
de 2011
01 a Capital 1 10.000,00

Deve 4.3 Empr. Obtidos Haver


Janeiro
De 2011
01 de Caixa 10.000,00

Deve 5.1 Capital Haver


Janeiro
De
2011 Caixa 20.0000,00
01 de Act. 10.000,00 30.000,00
de Tangíveis

Nota: Não foram consideradas as contas de custos e proveitos e nem o IVA nas operações
de compra e venda, que serão vistas oportunamente.
Exercícios de aplicação
1.- O comerciante Langa, Lda iniciou a sua actividade comercial em 01/01/2010 com os
seguintes valores patrimoniais:
1. Numerário – 20.000,00
2. Mobiliário – 40.000,00
3. Bancos – 20.000,00
4. Mercadorias – 20.000,00
5. Fornecedores – 20.000,00

Durante o ano realizaram-se as seguintes operações:


1. 02/01/2010 - Liquidação por cheque de metade das dívidas aos fornecedores;
2. 05/01/2010 - Compra de mercadorias no valor de 40.000,00. Metade pago em numerário
e o resto a prazo de 30 dias;
3. 10/01/2010 - Venda de mercadorias no valor de 25.000,00 que haviam custado
20.000,00. O cliente pagou metade e o resto aceitou uma letra;
4. 20/01/2010 - Compra a prazo de motorizada no valor de 50.000,00;
5. 25/01/2010 - Recebimento do remanescente da operação 3.

Pretende-se
1. Lançamentos de abertura no diário e razão
2. Lançamentos correntes no diário e razão
3. Balanço mensal.

2.- Jingle, SA, que se dedica a venda de computadores, iniciou a sua actividade comercial em
2008 com os seguintes valores patrimoniais:
1. Caixa – 100.000,00
2. Bancos – 2.000.000,00
3. Construções – 300.000,00
4. Empréstimos bancários – 2.000.000,00
Durante o exercício económico ocorreram os seguintes factos patrimoniais:
02/01 – Compra de 50 computadores HP a 30.000,00 cada. Pagou-se através de cheque nº 1.
08/01 – Compra a prazo de 1 viatura TalFice a 500.000,00.
10/01 – Venda de 20 computadores. A margem de lucro foi de 20% sobre o custo de aquisição.
10/01 – Depósito de todo valor em caixa.
15/01 – Venda de 20 computadores. O cliente pagou 75% e o resto aceitou uma letra de 30 dias.
20/01 – Compra a 60 dias de 10 computadores DEL a 250.000,00
25/01 – Venda de 5 computadores DEL e 8 HP.
28/01- Pagamento de 50% do valor aos nossos fornecedores correntes.
30/01 – Pagamento da operação do dia 08/01.
Pretende-se
1. Lançamentos de abertura no diário e razão
2. Lançamentos correntes no diário e razão
3. Balancete Mensal
4. Balanço mensal.

Nota:
Para a resolução dos exercícios devem ser consideradas e movimentadas as contas de compras,
custos e proveitos, isto é, as contas das classes 6 e 7.

Só por recapitulação:
 As contas do activo debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos; creditam-
se pelas diminuições.

Esquematicamente temos:
D Contas das classes 1, 2, 3 e Uma parte de 4 C
 Extensão/valor  Diminuições
inicial
 Aumentos
 As contas do passivo e da situação líquida debitam-se pelas diminuições;
creditam-se pela extensão inicial e pelos aumentos.

Esquematicamente temos:
D Contas das classes 4 (Uma parte) e 5 C
 Diminuições  Extensão/valor
inicial
 Aumentos

 As contas de gastos e perdas debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos;


creditam-se pelas diminuições. Movimentam-se como as contas do activo.

Esquematicamente temos:
D Contas das classes 6 C
 Extensão/valor  Diminuições
inicial
 Aumentos

 As contas de rendimentos e ganhos debitam-se pelas diminuições; creditam-se


pela extensão inicial e pelos aumentos. Movimentam-se como as contas do
passivo e da situação líquida.

Esquematicamente temos:
D Contas da classe 7 C
 Diminuições  Extensão/valor
inicial
 Aumentos

 As contas de resultados debitam-se pelas gastos e creditam-se pelos ganhos.


Esquematicamente temos:
D Contas da classe C
gastos ganhos

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