Você está na página 1de 71

Gerenciamento de

Segurança Pessoal
e Executiva
Autor: Prof. Fernando Gorni Neto
Colaboradores: Prof. Ricardo Martins
Profa. Angélica Carlini
Professor conteudista: Fernando Gorni Neto

Graduado e pós-graduado (2004) em marketing pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Pós-graduado (2006)
em agronegócios pela Universidade Federal do Paraná e em formação em educação a distância pela Universidade
Paulista (UNIP) em 2015.

Escreveu vários livros-textos para diversos cursos, como de Administração de Empresas, Gestão do Agronegócio,
Gestão de Recursos Humanos, Gestão Comercial, Processos Gerenciais e Comércio Exterior.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

G661g Gorni Neto, Fernando.

Gerenciamento de Segurança Pessoal e Executiva / Fernando


Gorni Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2020.

204 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Dignatários. 2. Implantação. 3. Treinamento. I. Título.

CDU 351.759.6

U507.98 – 20

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Aline Ricciardi
Kleber Souza
Sumário
Gerenciamento de Segurança Pessoal e Executiva

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 11

Unidade I
1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROTEÇÃO EXECUTIVA...................................................................... 13
2 DIGNATÁRIOS.................................................................................................................................................... 16
2.1 Conceituação.......................................................................................................................................... 16
2.2 Causas e motivação de risco para as categorias VIP.............................................................. 20
2.2.1 Tipos de segurança.................................................................................................................................. 21
2.2.2 Fatores de hostilização.......................................................................................................................... 21
2.2.3 Atentados.................................................................................................................................................... 22
2.2.4 Modos de execução................................................................................................................................ 23
2.2.5 Quanto ao propósito.............................................................................................................................. 23
2.2.6 Quanto às razões...................................................................................................................................... 23
2.2.7 Tipos de criminosos................................................................................................................................. 24
2.2.8 Meios utilizados nos atentados......................................................................................................... 24
2.2.9 Aspectos vantajosos para os agressores......................................................................................... 24
2.3 Proteção VIP............................................................................................................................................ 25
2.3.1 As táticas..................................................................................................................................................... 26
2.3.2 Tipos de emboscadas.............................................................................................................................. 31
2.4 Regras básicas da proteção pessoal............................................................................................... 31
2.5 Equipamento de Proteção Individual (EPI)................................................................................. 32
2.6 Tipos de ataques e procedimentos................................................................................................. 33
2.7 Proteção em residências e escritórios........................................................................................... 36
2.8 Elementos psicológicos da observação........................................................................................ 41
2.9 Arsenal do guarda-costas.................................................................................................................. 42
2.10 Proteção e contra-ataque............................................................................................................... 42
2.11 Áreas vulneráveis do corpo............................................................................................................. 43
2.12 Ordens de controle de multidões................................................................................................. 44
2.13 Segurança sobre rodas..................................................................................................................... 49
2.13.1 Carro-líder................................................................................................................................................ 55
2.13.2 Veículo protegido.................................................................................................................................. 55
2.13.3 Carro da equipe de escolta de proteção (PET)........................................................................... 56
2.13.4 Veículo-piloto......................................................................................................................................... 56
2.13.5 Veículo traseiro....................................................................................................................................... 56
2.13.6 Veículos da equipe de contra-ataque (CAT)............................................................................... 56
2.13.7 Carro de varredura................................................................................................................................ 57
2.13.8 Comboio de comunicações internas............................................................................................. 58
2.13.9 Escolta motorizada............................................................................................................................... 62
2.13.10 Normas de utilização de viaturas................................................................................................. 63
2.13.11 Equipamentos da viatura................................................................................................................. 64
2.13.12 Medidas preventivas.......................................................................................................................... 65
2.13.13 Situações que devem ser evitadas............................................................................................... 65
2.13.14 Cuidados no deslocamento............................................................................................................ 65
2.13.15 Cuidados com a viatura................................................................................................................... 66
2.14 Modus operandi e implementação.............................................................................................. 67

Unidade II
3 CULTURA EMPRESARIAL............................................................................................................................... 72
4 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS....................................................................................................................... 77
4.1 Fatores críticos: rotina, trabalho, residência, família, fins de semana e lazer..........................77
4.2 Planejamento típico empregado por sequestradores: escolha e
identificação do alvo................................................................................................................................... 80
4.2.1 Pesquisa das vulnerabilidades............................................................................................................ 81
4.2.2 Previsão de pessoal, local, horário, logística, alternativas...................................................... 82
4.2.3 Treinamento............................................................................................................................................... 83
4.2.4 Comunicações com instalações......................................................................................................... 85
4.2.5 Comunicações com outras áreas....................................................................................................... 86
4.2.6 Indicativos de radiochamada.............................................................................................................. 86
4.2.7 Alfabeto da ONU...................................................................................................................................... 86
4.2.8 Obtendo informações............................................................................................................................ 89
4.2.9 Mapas e plantas....................................................................................................................................... 91
4.2.10 Estratégia de proteção........................................................................................................................ 91
4.2.11 Reunião de planejamento e tarefas............................................................................................... 92
4.2.12 Composição............................................................................................................................................. 92
4.2.13 Planejamento de desenvolvimento............................................................................................... 92
4.2.14 Reuniões do site.................................................................................................................................... 93
4.2.15 Planejamento avançado..................................................................................................................... 93
4.2.16 Briefing...................................................................................................................................................... 93
4.2.17 Planejar a defesa................................................................................................................................... 94
4.2.18 Segurança nos horários rotineiros................................................................................................. 96
4.2.19 Segurança nos horários programados.......................................................................................... 96
4.2.20 Embarque e desembarque................................................................................................................. 97
4.2.21 Aparições em público.......................................................................................................................... 99
4.2.22 Muralha humana.................................................................................................................................100

Unidade III
5 ANÁLISE DE RISCOS......................................................................................................................................105
5.1 Avaliação do risco...............................................................................................................................105
5.2 Tratamento do risco...........................................................................................................................115
5.2.1 Processo de identificação de riscos, análise de riscos e avaliação de riscos................. 115
5.3 Elaboração de política de segurança pessoal..........................................................................117
5.3.1 Riscos pertinentes à segurança privada....................................................................................... 117
5.3.2 Inserção no plano diretor de segurança....................................................................................... 118
5.3.3 Elaboração do manual de segurança e procedimentos para
protegido e seguranças.................................................................................................................................. 119
5.3.4 Estratégia de prevenção e proteção............................................................................................... 119
5.3.5 Mensuração do efetivo da equipe de proteção........................................................................ 120
5.3.6 Recrutamento e seleção de pessoal para equipes de proteção......................................... 123
6 PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO.......................................................................................................127
6.1 Compra e dotação dos recursos materiais................................................................................129
6.2 Blindagem dos veículos....................................................................................................................132
6.3 Rastreamento terrestre.....................................................................................................................134
6.4 Equipamentos de telefonia e radiocomunicação...................................................................135
6.5 Armamento, munição, coletes e acessórios.............................................................................136
6.5.1 Armamento............................................................................................................................................. 136
6.5.2 Munição.................................................................................................................................................... 138
6.5.3 Coletes e acessórios............................................................................................................................. 140

Unidade IV
7 IMPLANTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESCOLTA E PROTEÇÃO.............................................................145
7.1 Palestras educativas aos integrantes do círculo de proteção...........................................147
7.2 Reunião com a equipe e colaboradores envolvidos na proteção....................................148
7.3 Acompanhamento e supervisão da implantação dos serviços pelo gestor................148
7.4 Relatórios de controle de qualidade e feedback dos executivos.....................................153
8 TREINAMENTO E RECICLAGEM DOS SEGURANÇAS E MOTORISTAS..........................................159
8.1 Treinamento com armas...................................................................................................................160
8.2 Treinamento em comunicações.....................................................................................................164
8.3 Treinamento em veículos.................................................................................................................165
8.4 Informação e contrainformação...................................................................................................167
8.5 Todos os seguranças devem ser treinados no uso da força...............................................172
8.6 O serviço secreto americano...........................................................................................................178
APRESENTAÇÃO

Você deve acompanhar diariamente através de telejornais ou pelo rádio as notícias de sequestros,
assassinatos, roubos e assaltos. Todos os dias, lemos, ouvimos notícias ou as assistimos na televisão,
sabemos que, atualmente, qualquer pessoa pode ser uma vítima.

Nos anos 1980 e 1990, o negócio do narcotráfico era um dos mais bem pagos. Os criminosos
passaram drogas por todo o continente de países como Colômbia ou México, com destino aos Estados
Unidos ou mesmo à Europa.

Nos últimos 10 anos, as autoridades de vários países latino-americanos iniciaram uma caçada aos
traficantes de drogas, colocaram novas tecnologias para detectar a passagem de drogas nas fronteiras,
penalidades contra o crime organizado ficaram mais severas; assim, cartéis reforçados do tráfico se
dissolveram até restarem poucos, a passagem de drogas entre países se tornou complicada e arriscada, as
máfias mudaram e, portanto, também os interesses dos criminosos. Por isso, muitos grupos começaram
a ver os sequestros como um negócio lucrativo para obter dinheiro rápido.

Segundo os sites IG Último Segundo (DEMETRIO, 2009), Diário Republicano (2018) e Super
Interessante (ANDREGUETTI; CRUZ, 2018), no Brasil, os sequestros começaram a ter destaque na década
de 1960, quando o então diretor do banco Bradesco, Francisco Beltran Martinez, passou 41 dias em
cativeiro e foi libertado com o pagamento de estimados U$ 4 milhões.

Em 11 de dezembro de 1989, o empresário Abílio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, foi sequestrado
quando se dirigia a seu escritório. Um veículo do modelo caravan disfarçado de ambulância foi usado
para interditar o carro do empresário por um suposto grupo terrorista de esquerda chamado Movimiento
de Izquierda Revolucionaria, ele foi mantido como refém por seis dias em cativeiro em São Paulo.
O sequestro aconteceu nas proximidades das eleições, e a libertação do executivo, no dia 16 de dezembro.
Com a libertação de Diniz, a polícia prendeu dez sequestradores e evitou que o Grupo Pão de Açúcar, na
época controlado pelo empresário, desembolsasse US$ 30 milhões, que era o resgate exigido pelo grupo.

O publicitário Washington Olivetto foi sequestrado por volta das 19h45, em 11 de dezembro de 2001,
ao deixar sua agência W/Brasil por homens que vestiam coletes da Polícia Federal. Entre dezembro de
2001 e fevereiro de 2002, a polícia pediu que a imprensa se afastasse do caso e as investigações correram
em sigilo. Em fevereiro, seis estrangeiros são presos suspeitos de integrar quadrilhas especializadas em
sequestros. As prisões levaram a polícia ao cativeiro do publicitário, no Brooklin, onde Olivetto havia
ficado em um quarto de 3 m², após 53 dias, foi libertado.

Em 6 de setembro de 2018, um atentado foi cometido contra o político brasileiro Jair Bolsonaro
durante sua campanha eleitoral para a presidência do Brasil na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.
O autor do atentado foi Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que desferiu um golpe de faca no candidato.
Jair Bolsonaro foi esfaqueado enquanto era carregado nos ombros por simpatizantes na região central
da cidade. Ferido no abdômen, sofreu uma lesão em uma importante veia abdominal, o que causou uma
grave hemorragia. O deputado federal foi levado prontamente à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de
Fora, dando entrada na emergência. Dados do celular de Adélio mostram que ele sabia da agenda do
9
presidenciável e que filmou e fotografou locais onde o candidato estaria na cidade, como o hotel no
qual haveria um almoço com empresários, a Câmara Municipal de Juiz de Fora, a Fundação Cultural
Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), e que havia acompanhado Bolsonaro durante o dia todo.

No exterior, temos vários casos de sequestros. No dia 5 de setembro de 1972, oito palestinos do
grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica, matando dois membros da equipe israelense
e fazendo outros 11 reféns. Nas operações de negociação que se seguiram, uma sucessão de erros
estratégicos levou a tiroteios e confrontos no aeroporto de Fürstenfeldbruck, que resultaram na morte
de todos os reféns, além de cinco terroristas e um policial. A tragédia e o despreparo da polícia alemã
fizeram com que o país saísse novamente com a imagem manchada.

Mas o caso mais lembrado, conforme o site da BBC News Brasil (AMOS, 2017), é o do 35º presidente
dos Estados Unidos, o assassinato de John Fitzgerald Kennedy, morto a tiros enquanto desfilava com a
primeira-dama em uma limusine aberta. O governador do Texas, John Connally, que estava sentado
diante do presidente no carro, ficou ferido, mas sobreviveu. Uma hora depois, o policial texano J. D. Tippit
também foi morto a tiros. Em seguida, policiais prenderam Lee Harvey Oswald, que teria atirado no
presidente de um edifício no trajeto do desfile. Cerca de 12 horas depois do assassinato, Oswald foi
acusado de matar Kennedy e J. D. Tippit. Mas no dia seguinte, 24 de novembro, o próprio Oswald
foi morto a tiros no departamento de polícia de Dallas por Jack Ruby, um dono de bar local, que
assistia a sua chegada. Sua morte foi registrada ao vivo na televisão. Ruby foi condenado à morte
pelo assassinato de Oswald. Ele chegou a apelar para a Justiça, mas morreu de câncer em 1967,
antes de conseguir um novo julgamento.

Criado por Hugh McCulloch, advogado e político norte-americano que serviu como secretário do
tesouro dos Estados Unidos após a morte de Abraham Lincoln, o serviço secreto foi proposto para
Abraham Lincoln em 14 de abril de 1865, no dia de sua morte. Naquela noite, no mesmo dia que recebeu
a ideia de McCulloch, o presidente foi baleado na cabeça após ir ao teatro.

O serviço secreto foi fundado em 1865 como parte do Departamento do Tesouro com o objetivo
de combater a falsificação de dinheiro disseminada depois da Guerra Civil. Até um terço do dinheiro
em circulação naquela época era falsificado, causando um efeito devastador na economia do país.
Ironicamente, o presidente Abraham Lincoln sancionou a lei que criou o serviço secreto pouco antes de
ser assassinado.

Dessa forma, esse estudo tem por objetivo capacitar o aluno a fim de fazê‑lo adquirir os conhecimentos
necessários sobre as operações de segurança pessoal e executiva. A análise possibilitará ao gestor a
administração da segurança privada, as várias etapas do processo de proteção executiva a partir da análise
dos riscos inerentes à categoria à qual pertence o dignitário ou grupo de pessoas dos quais se almeja
preservar a integridade física, moral e psicológica.

10
INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o avanço do crescimento populacional trouxe em variados aspectos necessidades
para o dia a dia, como garantir a integridade física por meio da segurança pessoal, preservando os
aspectos econômico-sociais devido ao aumento da criminalidade e à vulnerabilidade das estruturas
apresentadas pelos sistemas de segurança pública.

Assim, abordaremos a introdução ao estudo de proteção executiva, o que são os dignitários e seus
conceitos; as categorias da proteção executiva; as causas, a motivação e a proteção de risco para as
categorias VIP.

Também analisaremos a cultura empresarial, abordando identificação dos riscos; fatores críticos
como rotina, trabalho, residência, família, fins de semana e lazer; o planejamento típico empregado por
sequestradores, como escolha e identificação do alvo, pesquisa das vulnerabilidades, previsão de pessoal,
local, horário, logística, alternativas, modus operandi e implementação.

Na sequência, estudaremos a análise e o tratamento de riscos; a elaboração de política de segurança


pessoal; a inserção no plano diretor de segurança; a elaboração do manual de normas e procedimentos
para protegido e seguranças; a estratégia de prevenção e proteção; e a mensuração do efetivo da equipe
de proteção.

Veremos como fazer o recrutamento e a seleção de pessoal para equipes de proteção; o planejamento
da implantação e a compra e dotação dos recursos materiais; os dados sobre blindagem dos veículos,
rastreamento terrestre; o auxílio que equipamentos de telefonia e radiocomunicação podem trazer para
a solução de problemas; além do armamento, munição, coletes e acessórios. Abordaremos ainda como
fazer a implantação dos serviços de escolta e proteção; a reunião com a equipe e com os colaboradores
envolvidos na proteção; o acompanhamento e a supervisão da implantação dos serviços pelo gestor;
os relatórios de controle de qualidade e o feedback dos executivos; o treinamento e reciclagem dos
seguranças e motoristas; e dados sobre informação e contrainformação.

Desejamos bons estudos.

11
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Unidade I
1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROTEÇÃO EXECUTIVA

Considera-se segurança pessoal privada o serviço executado por empresa de segurança privada
autorizada pela Polícia Federal do Brasil, a proteção da incolumidade física de pessoas por profissionais
devidamente habilitados para exercer a função. A normatização é pela Lei n. 7.102, de 20 de junho de
1983, regulamentada pelo Decreto n. 89.056, de 24 de novembro de 1983 e suas portarias, como as
Portarias DPF n. 3.233, de 10 de dezembro de 2012, e n. 277, de 13 de abril de 1998.

Também temos o regulamento pela norma regulamentadora 16 (NR 16), conforme a Portaria
n. 3.214, de 8 de junho de 1978, que em seu anexo 3, “Atividades e Operações Perigosas com Exposição
a Roubos ou Outras Espécies de Violência Física nas Atividades Profissionais de Segurança Pessoal ou
Patrimonial”, diz no item 2:

2. São considerados profissionais de segurança pessoal ou patrimonial os


trabalhadores que atendam a uma das seguintes condições:

a) empregados das empresas prestadoras de serviço nas atividades de


segurança privada ou que integrem serviço orgânico de segurança privada,
devidamente registradas e autorizadas pelo Ministério da Justiça, conforme
lei 7102/1983 e suas alterações posteriores.

b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial ou


pessoal em instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias,
aeroportuárias e de bens públicos, contratados diretamente pela administração
pública direta ou indireta (BRASIL, 2019b).

No mesmo anexo, temos a atividade ou operações de segurança pessoal, definida como


“Acompanhamento e proteção da integridade física de pessoa ou de grupos”.

Para exercer a atividade de segurança pessoal privada (ou o Vigilante de Segurança Pessoal
Privada – VSPP), o candidato deverá se apresentar a uma escola de formação de vigilante autorizada
a funcionar pelo Departamento de Polícia Federal (DPF) e se matricular no Curso de Extensão em
Segurança Pessoal Privada (CSPP), que dura 50 h/a (horas/aula), munido de toda documentação
exigida pela lei, e concluir o aproveitamento do curso, ou seja, ser aprovado.

O Vigilante de Segurança Pessoal Privada (VSPP) tem como função a proteção de pessoas,
principalmente executiva ou familiar, deslocando-se junto com o seu cliente, tomando ações preventivas
e defensivas a fim de garantir a sua integridade.
13
Unidade I

Os bens mais valiosos de qualquer empresa são seus colaboradores, assim a primeira ordem de todo
programa de segurança é assegurar que as pessoas estejam fora de perigo. Esta não é uma proposta
fácil, dada à natureza global dos negócios e às ameaças presentes no clima geopolítico do século 21,
sendo um adequado programa de proteção executiva, o bom planejamento.

A grande competitividade entre as empresas, independentemente de seu ramo de atuação ou


tamanho, além dos riscos naturais característicos ao seu negócio e, ainda, o aumento da violência,
ascensão do crime organizado, descontrole social e atuação abaixo do desejável dos órgãos de segurança
pública, as obriga a programarem da forma mais eficiente todas as normas de segurança. Nesse contexto,
não se pode reduzir a segurança empresarial.

Não se deve ver a segurança apenas como a proteção de pessoas e ativos, pelo menor custo
aceitável, e sim como ferramenta essencial para acrescentar estabilidade aos processos da organização.
Inicialmente, veremos o conceito de sequestro, disponível em QueConceito:

A palavra sequestro se refere ao ato em que um indivíduo [ou] grupo privam


de maneira ilegal a uma pessoa ou outras de sua liberdade, geralmente,
durante um determinado tempo até conseguir a obtenção do chamado
resgate, que pode ser resultado de uma grande soma de dinheiro ou algum
tipo de benefício político, da mídia, entre outros. Os criminosos e marginais
que praticam esse crime são chamados de sequestradores.

O modo operativo que tradicionalmente envolve um sequestro,


primeiramente, é o de seguir a vítima durante vários dias para a realização
do golpe, como também, acompanhar o que faz, aonde vai, com quem se
reúne, entre outras ações, e desta maneira ter a real ideia de qual seria o
melhor momento para o sequestro, onde geralmente, nessas situações em
que a vítima circula sozinha, seja de automóvel ou a pé. Assim realizado o
sequestro, a vítima se encontra privada de sua liberdade em algum reduto
alugado ou pertencente a um dos sequestradores. Chega o momento de
comunicar-se com a família do sequestrado para notificar-lhe da situação e
exigir o tipo de resgate para poder liberá-lo.

Quase sempre, quando se trata de um tipo de crime complexo, os sequestros


estabelecem a participação de vários marginais empenhados até o
pagamento do resgate. Uns se ocupam de vigiar a vítima, outros de fornecer
o necessário para mantê-la viva e outros das comunicações telefônicas
com seus familiares ou amigos íntimos. No entanto, uma vez realizado o
pagamento do resgate, os sequestradores liberam a vítima em um lugar
distante e de pouca circulação.

A maioria das leis do mundo são muito rigorosas quando se trata de


punição a este crime; prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte foram
impostas a estes autores de crime. Uma das razões para isso, é que este
14
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

tipo de crime, geralmente deixa sequelas psicológicas profundas enraizadas


no consciente e inconsciente dos reféns, e muito mais quando ocorre um
sequestro violento em que as vítimas são torturadas física e psiquicamente.

Embora, em sua maioria, o sequestro seja um crime pelo qual os criminosos


procuram ter um bom retorno econômico, também tem sido um crime
utilizado por grupos guerrilheiros ou terroristas para conseguir algum tipo
de benefício ou para usar como valor de troca (QUECONCEITO, 2019).

A forma de mitigar os riscos está em empregar em proteção executiva agentes de segurança armados,
bem treinados e credenciados, lembrando que as equipes de proteção podem também incluir indivíduos
com treinamento médico e conhecimentos de idiomas.

A gestão da segurança deve ser inserida nas decisões estratégicas da organização, preservando
todas as formas de perdas, fraudes, desvios e outras atitudes criminosas que possam danificar as
atividades empresariais.

Profissionais que atuam na segurança sabem que não existe lugar para pessoas sem conhecimento
sobre esse assunto e que utilizem equipamentos e técnicas não profissionais. Esses profissionais estão se
conscientizando da importância de se planejarem para se oporem a problemas impostos pela ausência
da segurança pública, com o crescimento da agressão em espaço urbano, pelos avanços tecnológicos e
pelos diversos tipos de atos ilícitos que podem afetar o total desenvolvimento de uma empresa.

Figura 1 – A segurança pode ser de forma intensiva ou não

Como resultado dessa carência, há alguns anos surgiu o gestor de segurança, profissional que tem
a missão de planejar a segurança, se adiantar aos riscos, integrando todos os setores e recursos da
empresa. O que se espera desse especialista é que ele possa, entre outras atividades:

15
Unidade I

• assessorar setores e áreas relacionadas à segurança patrimonial em instituições públicas ou privadas;

• atender as empresas, no rigor da legislação, conveniente ao segmento de segurança privada;

• elaborar o planejamento estratégico de segurança, que possua uma análise crítica da política da
empresa contratante e de seus clientes;

• detectar riscos envolvidos nas atividades das organizações com o objetivo de auxiliar na definição
de políticas de segurança que assegurem a perpetuidade dos negócios;

• desenvolver projetos integrados de segurança física e eletrônica fundamentados em padrões


técnicos e legais;

• aplicar as técnicas adquiridas nas práticas de prevenção, além do gerenciamento de riscos à


integridade física das pessoas;

• identificar situações de crise com a utilização de recursos de identificação, a fim de aplicar os


métodos necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise.

2 DIGNATÁRIOS

2.1 Conceituação

Vejamos inicialmente o conceito de dignitário: a palavra deriva do latim dignita, que significa
dignidade; indivíduo que possui alta graduação honorífica, ou que ocupa cargos elevados, podem ser
autoridades ou pessoas específicas que podem sofrer algum tipo de agressão. Presidentes, diretores
ou mesmo gerentes de grandes corporações, ou alguém muito importante como um funcionário
público de alto nível, diplomata, magistrado, procurador, presidente da república, governador,
prefeito, personalidade, empresário, celebridades ou quaisquer que precisem de proteção (possíveis
alvos compensadores).

Considerando esses aspectos, criou-se a segurança privada, entre suas atividades desenvolvidas,
consiste a segurança patrimonial, segurança dos transportes de valores, vigilância, escolta armada,
atividade de proteção de testemunhas e segurança pessoal conhecida também como segurança VIP
(very important person ou pessoa muito importante).

A segurança pessoal ou a segurança VIP é orientada para assegurar a integridade física de dignitário
em todos os ambientes, seja em casa, trabalho, lazer, evento, ou qualquer outro local, em quaisquer
situações em que se encontre a pessoa VIP.

A antecipação a possíveis situações é imprescindível nesta atividade. Por esse motivo, o profissional
da área de segurança pessoal deve ser um agente treinado para exercer tal função e atender a todas
as exigências da legislação e normas estabelecidas pelo DPF, que é o órgão responsável por fiscalizar
este setor.
16
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Figura 2 – Ex-presidente americano John Fitzgerald Kennedy, um VIP

Sobre os principais conceitos básicos, temos:

• Segurança: são todas as medidas e/ou providências adotadas que se propõem a garantir a
plenitude física e moral de uma autoridade.

• Proteção: medidas adotadas para garantia física e moral de uma autoridade dentro dos limites de
uma área definida e executada por agentes de segurança.

• Sistema de segurança: conjunto de medidas e cuidados adotados que visam estabelecer a


segurança de uma autoridade em uma determinada área, compreendendo a segurança pessoal e
da área.

• Módulo de segurança: conjunto de medidas próximo à autoridade que possibilitam sua proteção,
executadas por agentes de segurança.

• Segurança pessoal: segmento da segurança que estabelece as medidas de segurança necessárias


para impedir, neutralizar ou reduzir os riscos de ações agressivas de qualquer ordem que sejam
capazes de provocar riscos físico, moral ou psicológico de uma pessoa ou de grupo a ser protegido.

• Segurança de área: grupo de medidas que completa a segurança pessoal, possibilita a ampliação
da proteção da autoridade.

• Segurança de área aproximada: executada próxima à segurança pessoal e em coordenação com esta.

• Segurança de área afastada ou ostensiva: conjunto de medidas ou providências que complementa o


sistema de segurança.
17
Unidade I

As missões de segurança de dignitários devem ser classificadas por faixas, de acordo com o nível da autoridade
e grau de risco que poderá existir para a sua integridade física. Para isso, é necessário que o segurança:

• esteja sempre desconfiado;

• seja organizado;

• tenha boa comunicação;

• use boa iniciativa e bom senso;

• evite a rotina;

• tenha uma boa percepção;

• haja com previsibilidade;

• possua versatilidade;

• demonstre iniciativa;

• aproveite a oportunidade;

• apresente simplicidade;

• tenha coordenação.

Entre as principais portarias, normas, leis e portarias do setor, que formam um conjunto de normas
que regulamentam suas práticas, podemos destacar:

• Lei n. 7.102/1983.

• Lei n. 8.863/1994 (BRASIL, 1994), que “Altera a Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983” e a Lei
n. 9.017/1995 (BRASIL, 1995b), que “Estabelece normas de controle e fiscalização sobre produtos
e insumos químicos que possam ser destinados à elaboração da cocaína em suas diversas formas
e de outras substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e
altera dispositivos da Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983, que dispõe sobre segurança para
estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento de empresas
particulares que explorem serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências”.
Ambas alteram a Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983.

• Medida Provisória n. 2.184-23/2001, modifica o art. 17 da Lei n. 7.102/1983, transferindo da


Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para o Departamento de Polícia Federal (DPF) o registro
profissional dos agentes de segurança.
18
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

• Decreto n. 89.056/1983 (BRASIL, 1983a) que “Regulamenta a Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983,
que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição
e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de
valores e dá outras providências”. Com as atualizações do Decreto n. 1.592/1995 (BRASIL, 1995a),
que “Altera dispositivos do Decreto n. 89.056, de 24 de novembro de 1983, que regulamenta a Lei
n. 7.102, de 20 de junho de 1983, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros,
estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram
serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências”.

• Decreto n. 1.592/1995 (BRASIL, 1995b) que “Altera dispositivos do Decreto n. 89.056, de 24 de novembro
de 1983, que regulamenta a Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983, que dispõe sobre segurança
para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das
empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá
outras providências”.

• Portaria n. 992/1995 da DPF, normatiza e uniformiza os procedimentos relacionados às


empresas de segurança privada, segurança orgânica assim como os planos de segurança dos
estabelecimentos financeiros.

• Portaria Interministerial MTE/MJ n. 12, de 21 de fevereiro 2001.

• Portaria n. 1.545/1995-MJ, modifica, no âmbito do Ministério da Justiça, a composição da


comissão consultiva para assuntos de segurança privada.

• Portaria n. 1264/1995-MJ, dispõe sobre o veículo especial para transporte de valores.

• Portaria n. 1.129/1995-DPF, aprova o certificado de segurança e o certificado de vistoria, emitidos


pelas Superintendências Regionais do DPF e regulamenta as comissões de vistoria.

• Portaria n. 277/1998-DPF, altera a Portaria n. 992/1995-DPF.

• Portaria n. 891/1999-DPF, regulamenta a carteira nacional de vigilante.

• Portaria n. 029/1999-DMB, cria normas para a atividade de segurança privada e a aquisição de


materiais de uso controlado pelo Exército brasileiro.

• Portaria n. 836/2000-DPF, complementa a Portaria n. 891/1999-DPF (carteira nacional de vigilantes).

• Portaria 1055/2001-MJ, altera a Portaria n. 1264/1994, obrigando a repotencialização do teto e


do piso dos veículos especiais de transporte de valores.

• Portaria n. 22/2002-D Log, dispõe sobre coletes a aquisição, o controle e a manutenção dos coletes
à prova de balas.

19
Unidade I

• Portaria n. 320/2004-DPF, altera a validade da carteira nacional de vigilante.

• Instrução de Serviço n. 01/2004-CGCSP, trata da uniformização dos procedimentos nas delegacias


de controle de segurança privada e nas comissões de vistoria.

• Portaria n. 387/2006.

• Lei n. 15.340/2006, cria normas sobre licitações de contratação de empresas de vigilância.

• Portaria n. 515/2007, altera a Portaria n. 387/2006.

2.2 Causas e motivação de risco para as categorias VIP

As mudanças econômicas e sociais têm exigido que mais pessoas tenham necessidade de serem
protegidas. Durante a fase de planejamento, é importante levar em consideração o equipamento
de segurança. As operações em que os riscos são confirmados devem ser realizadas com os meios e
veículos adequados. Armas de fogo e veículos também devem estar de acordo com as expectativas
da equipe de proteção.

Sempre que houver necessidade de apoiar uma equipe de proteção de perto, a avaliação e a entrega
da operação devem ser realizadas com a máxima eficiência e os mais altos padrões.

O segurança VIP deve ser o responsável pela vida ou patrimônio de alguém, ou seja, ele deve realizar
a segurança pessoal de seu cliente, acompanhá-lo em viagens, controlar e fazer a manutenção de
veículos, em muitos casos, também fica responsável pela agenda do cliente. Além disso, deve tomar as
devidas prevenções de possíveis ameaças, tendo controle das situações e prevendo cenas de risco, de
maneira a evitar quaisquer tipos de perigos.

Onde as ameaças são manifestadas, os seguranças se concentrarão em minimizar o impacto por


meio de extração do ambiente de risco. Quando a única opção para conseguir isso é negar a ameaça,
isso deve ser feito com o uso apropriado, mínimo de força e com o objetivo de facilitar a extração
bem-sucedida do protegido de tal ambiente. Quando o uso de armas de fogo for inevitável, deve ser
executado com o mais alto grau de velocidade, precisão e disciplina, de acordo com a missão e a política
de segurança.

Os altos funcionários das empresas ou de governo podem enfrentar um risco aumentado de incidentes
de segurança devido à sua visibilidade potencialmente mais alta e ao fato de serem frequentemente
obrigados a emitir declarações que podem torná-los um foco para entidades hostis.

A proteção rigorosa é uma ferramenta viável para mitigar riscos à segurança e dignidade dos
funcionários dessas organizações.

Assim cabe à equipe de segurança produzir os seguintes documentos:

20
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

• Avaliação de riscos à segurança: considera a comunicação e negociação, garante que a ameaça


e o risco para um protegido sejam corretamente identificados, utiliza avaliações de ameaças e
inteligência para informar o programa realizado, aproveita as medidas de segurança necessárias,
adequadas à ameaça e aos riscos para o protegido, ajuda a minimizar o risco e informa o protegido
sobre a ameaça e o risco e qualquer mudança na imagem da Inteligência.

• Conceito de segurança: uma visão geral abrangente dos requisitos de segurança da operação,
incluindo protocolos de chegada e partida durante o movimento, no ambiente de estadia ou
alojamento, e local do escritório ou evento, além de apoio médico.

• Plano operacional: um cronograma detalhado da implementação do conceito de segurança,


com horários e contingências para cada fase da operação e ações de emergência, cronogramas
de comunicações e detalhes de contato. O plano deve ser mantido estritamente confidencial e
normalmente não deve ser compartilhado além do chefe designado, da equipe de segurança e dos
parceiros de implementação.

Saiba mais

Para conhecer as empresas de segurança privada no Brasil, acesse o site


a seguir:

SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA E VIGILÂNCIA PRIVADA


(SISVIP). Relação das empresas de segurança por U. F. Df informática,
18 jan. 2010. Disponível em: https://dfinformatica.net/cntv/
arquivos/1370276996.7084-arquivo.pdf. Acesso em: 13 maio 2020.

2.2.1 Tipos de segurança

Quanto aos tipos de segurança privada, temos:

• Segurança de pessoal: deve assegurar a integridade física e moral do indivíduo.

• Segurança de autoridades: também precisa assegurar a integridade física e moral do indivíduo.

• Segurança de patrimônio: um conjunto de medidas capazes de gerar um estado no qual os


interesses vitais de uma empresa estejam livres de interferências e perturbações.

2.2.2 Fatores de hostilização

Ação criminosa, praticada sobre pessoas ou instituição, executada por um indivíduo ou grupo, com
a finalidade, propósito ou razões específicas. Vejamos alguns exemplos:

21
Unidade I

• Organizações de informação adversas: Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho


(CV), Família do Norte (FDN), 3º Comando etc.
• Organizações terroristas: Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc).
• Outras: pessoas comuns em geral.

2.2.3 Atentados

É uma ação criminosa sobre qualquer autoridade. Conforme o site Consultor Jurídico:

Entre os meios de investigação previstos pela nova Lei de Crime Organizado


(Lei 12.850/2013), temos a ação controlada, que visa melhor dotar a investigação
de mecanismos que permitam alcançar a integralidade da investigação das
organizações criminosas. [Previsto] no capítulo II da Lei 12.850/2013, que trata
da investigação e dos meios de obtenção de prova, foi objeto de tratamento
pela seção II.

O texto legal que trata da ação controlada se apresenta dividido em dois


artigos, sendo o primeiro com noções gerais do instituto e seu procedimento,
descrito em quatro parágrafos e, no segundo artigo, trata da ação controlada
transnacional [...] (ANSELMO, 2017).

Diz o texto da Lei n. 12.850, de 2 de agosto de 2013:

Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou


administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que
a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas
e obtenção de informações.

§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será


previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá
os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter


informações que possam indicar a operação a ser efetuada.

§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao


juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir
o êxito das investigações.

§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da


ação controlada.

22
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

2.2.4 Modos de execução

Os modos de execução de atentados são:

• Seletivos: têm objetivo específico e predeterminado.

• Indiscriminados: visam produzir pânico e terror e são cometidos contra qualquer pessoa ou
organizações sem nenhum critério, visando alcançar um resultado prefixado. As vítimas serão
utilizadas como meio de divulgação (propaganda).

2.2.5 Quanto ao propósito

Quanto ao propósito, trazemos seguintes conceitos:

• Extermínio: visa assassinar uma pessoa ou autoridade.

• Sequestro: visa conseguir alguma coisa em troca da pessoa ou autoridade.

• Desmoralização: visa denegrir a imagem da autoridade, mas sem causar danos físicos à pessoa.

2.2.6 Quanto às razões

Com relação às razões para um atentado, podemos citar:

• Ideológicas: quem pratica o atentado acredita que a morte da autoridade pode facilitar uma
mudança de ideologia e sistemas de governo.

• Econômicas: a motivação é a convicção de que a vítima é responsável por crise econômica e/ou
situações adversas enfrentadas pelo agressor.

• Religiosas: motivadas por fanatismo religioso.

• Raciais: motivadas por segregação racial.

• Psicológicas: portadores de distúrbios mentais são levados a criar uma fantasia em torno da
figura da autoridade, o que ocasiona em tentar exterminar a vítima.

• Pessoais: quando o motivo é ciúme, vingança, ódio ou outro sentimento de caráter pessoal.

• Mercenárias: atentado praticado em troca de dinheiro.

23
Unidade I

2.2.7 Tipos de criminosos

Já quanto aos tipos de criminosos, citamos:

• Assassinos: quase sempre dois ou mais, normalmente, não agem contra mulheres ou crianças.

• Sequestradores: possuem boa organização, planejam detalhadamente, necessitam de muita


boa coordenação.

2.2.8 Meios utilizados nos atentados

Sobre os meios que podem ser utilizados em atentados, temos:

• Armas de fogo à curta distância ou arma branca: podem ser neutralizadas por um bom
sistema de segurança.

• Arma de fogo de longo alcance: normalmente burla com sucesso, tormento para os esquemas
de segurança.

• Explosivos: meio violento e covarde, pois normalmente atinge outras pessoas além do alvo.

• Engenhos rudimentares: cartas-bombas.

• Venenos: colocados em comida e bebida.

• Substâncias químicas: estragos desmoralizantes.

• Novos métodos potenciais: armas de laser, armas controladas a distância etc.

2.2.9 Aspectos vantajosos para os agressores

Os criminosos sempre têm a vantagem da escolha do local do atentado e o bom reconhecimento


do ambiente, fora o fato de que eles possuem todo tempo para o plano de ação. Sempre caberá a eles
a iniciativa de onde e quando atacar a autoridade que estivermos protegendo. Eles têm os seguintes
aspectos vantajosos:

• surpresa e fuga;

• rapidez e violência;

• reconhecimento e planejamento.

24
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Saiba mais

Recomendamos assistir aos filmes a seguir:

O GUARDA-COSTAS. Direção: Mick Jackson. EUA: Kasdan Pictures, 1992


129 minutos.

FALHA de Segurança. Direção: Tristan Aurouet. França: LGM Productions,


2015. 81 minutos.

INVASÃO à Casa Branca. Direção: Antoine Fuqua. EUA: Millennium


Films, 2013. 120 minutos.

MUNIQUE. Direção: Steven Spielberg. França: DreamWorks, 2005.


164 minutos.

2.3 Proteção VIP

Podemos conceituar segurança pessoal como qualquer atitude ou ação que tenha como propósito a
preservação da integridade física e moral de pessoas. As equipes de proteção VIP podem ser formadas por:

• Agente especial de segurança: recebe uma atribuição específica quanto à atividade ou a missão
a ser desempenhada.

• Equipe precursora: identifica e informa ao chefe de segurança, este é encarregado da confecção do


programa, dos riscos representados por eventos que não ofereçam as condições normais de segurança.

• Equipe de vistoria: responsável pela ação de varrer os locais do evento com o propósito de
identificar instrumentos que possam oferecer riscos. Tem o dever de chegar de 15 a 20 minutos
antes da autoridade.

• Equipe de segurança velada: empregada nos locais dos eventos ou nos itinerários do dignitário,
fica infiltrada no povo, quando há previsão de aglomerações.

• Equipe de segurança aproximada: responsável pela proteção direta do dignitário e por sua
retirada em caso de necessidade.

• Equipe de segurança especial: constituída por agentes de segurança de número variável com a
finalidade de proporcionar segurança à autoridade.

Permanentemente, porém, os seguranças devem permanecer invisíveis, pois em alguns eventos,


pode ser importante que eles se mostrem como uma presença inibidora. Já o oposto dessa tática ocorre
25
Unidade I

na escolta de celebridades (como cantores, atores), que requer percepção para distinguir o limite entre
o toque de um fã e a agressão.

2.3.1 As táticas

O planejamento deve ser realizado de acordo com o tipo de missão. O suporte de uma equipe de
proteção próxima pode ser operado durante proteção estática, móvel ou direta. De qualquer forma,
os membros da segurança devem estar familiarizados com esse vocabulário e têm de poder definir
claramente os princípios operacionais de cada situação e estabelecer mecanismos claros de coordenação
entre os diferentes atores de segurança.

É importante que todas as pessoas envolvidas nas partes componentes do pacote de proteção estejam
cientes da estratégia de proteção e dos riscos que a originam. Isso permite que gerentes, planejadores de
eventos e unidades participantes garantam:

• coordenação eficaz do que pode ocorrer;

• recursos alocados e implantados adequadamente;

• estrutura de comando definida e entendida;

• comunicações eficazes organizadas;

• informações a todos os participantes de forma eficaz.

A proteção direta destaca as habilidades individuais e as da equipe. A movimentação de várias


formações a pé ajudará a mitigar os vários tipos de ameaças e ambientes encontrados. No entanto,
todas as formações contam com as habilidades individuais e o profissionalismo dos seguranças para
funcionar como uma medida de mitigação coesa.

Ameaças ao protegido durante a fase de proteção direta têm um impacto maior. Sem a mitigação de
veículos blindados, paredes do perímetro etc., ataques, como dispositivos explosivos ou tiros disparados,
têm menos mecanismos defensivos para causar danos ao protegido.

A proteção direta também ocorre quando os agentes de proteção são mais visíveis ao público. Sua conduta
deve, portanto, ser irrepreensível para o público em geral, e imediata, apropriada e proporcional a um atacante.

O movimento a pé será necessário em várias circunstâncias, incluindo chegadas e partidas em aeroportos


ou estações de trem, movimentação em locais específicos e durante todos os exercícios de “embus” e “debus”.

Observação

“Embus” e “debus” são gírias militares. “Embus” se refere ao embarque


em um ônibus ou veículo, enquanto “debus” significa sair de um veículo.

26
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

A proteção direta é um serviço personalizado que depende e é sensível a todo o espectro de fatores
considerados no processo de gerenciamento de riscos. Em sua menor implantação, uma unidade de
proteção de fechamento compreende:

• Um segurança atribuído ao protegido.

• Pelo menos três seguranças de proteção atuando na equipe de escolta pessoal (na maioria das
formações desenvolvidas a seguir, o número de seguranças de proteção é quatro).

Esses seguranças precisarão de dois veículos: um para o protegido e seu segurança e outro para a
equipe pessoal de acompanhantes. Os motoristas para esses veículos também devem ser fornecidos.

A partir desse pacote básico, o comando operacional determinará que tipo e número de ativos adicionais
serão necessários, principalmente nas funções a serem desempenhadas pela equipe de suporte de proteção.

A escolha da formação dependerá da ameaça, do número de seguranças designados e também do


impacto visual desejado. Cada formação tem aspectos positivos e negativos, no entanto, todas elas
devem incluir uma defesa “em camadas” dos anéis concêntricos, com o segurança formando o anel mais
interno de segurança, e os demais da equipe de acompanhamento pessoal fornecendo pelo menos uma
camada adicional de segurança em profundidade: caixa, formações de diamante.

Lembrete

As missões de segurança de dignitários serão classificadas por faixas


de acordo com o nível da autoridade e grau de risco que eventualmente
poderão existir para a sua integridade física.

2.3.1.1 Pé

Após levantamento antecipado junto à equipe de Inteligência, averiguando os prováveis pontos


críticos de área de risco e reunindo-se com o chefe de equipe, são tratados os pontos incertos e define-se
estratégia de ação de:

• Proteção: estabelece as estratégias necessárias para impedir, neutralizar ou no mínimo reduzir


riscos de ações hostis capazes de provocarem dano à integridade física, moral ou psicológica de
uma pessoa ou grupo a ser protegido.

• Deslocamento: temos a seguinte classificação dos tipos de deslocamentos quanto à missão:

— rotineiros: deslocamentos efetuados da residência para o trabalho e vice-versa;

27
Unidade I

— especiais: realizados para atender às solenidades oficiais e às de cunho social (inaugurações,


concertos, datas cívicas, jantares) e são conhecidos também como programados;

— inopinados: deslocamentos não programados.

• Contenção e revide: contenção é o impedimento do deslocamento do ponto crítico.


A contenção de uma crise consiste em evitar que os sequestradores aumentem o número de
reféns, ampliem a área sob seu controle, conquistem posições mais seguras, tenham acesso a
mais armamento, vias de escape. Já o revide tem como significado dar uma resposta contrária
ao que foi afirmado ou feito.

• Evasão e retomada de normalidade: a evasão significa a ação de abandonar o local; enquanto


a retomada da normalidade é recuperação, ação ou efeito de retomar um estado padrão, normal,
considerado correto.

2.3.1.2 Posicionamento

É o estabelecimento da equipe de segurança, levando em consideração os seguintes itens:

• A segurança de frente faz a varredura e detecção de atitudes suspeitas.

• A segurança de meio faz proteção de aproximação de populares.

• A segurança de retaguarda faz a contenção.

Sempre tendo a ciência de cada função e como agir, isso deve ser treinado exaustivamente.

Os agentes de segurança mais próximos à autoridade (retaguarda) são os principais responsáveis


pela sua proteção e retirada do local. Cabe aos demais neutralizar a ação adversa e proteger a retirada
da autoridade.

2.3.1.3 Formação da equipe de segurança

A formação da equipe de segurança consiste em garantir a capacidade de proteção contra violações


e acessos não autorizados aos protegidos. As formações existentes estão enumeradas a seguir.

Losango

Quando se faz necessário cerrar sobre a autoridade. É o tipo de formação que proporciona
melhor segurança aproximada. É um processo muito ágil que permite deslocamentos rápidos.
Deixa que o agente à frente verifique os locais a serem percorridos. Permite o efeito de aproximar
ou distanciar. Isola pontos específicos de passagem, como portas e corredores verticais. Facilita a
retirada de emergência.

28
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

1ºAs (chefe da equipe)

4ºAs Dignatário 2ºAs (mosca)

3ºAs

Figura 3 – Formação em losango

Cunha invertida ou V

Utilizada quando a frente para onde a autoridade se desloca estiver protegida, considerada como o tipo
de formação que menos chama atenção, e a que favorece a imagem da Autoridade. É um tipo de processo de
acompanhamento indicado quando o VIP está acompanhado de outras autoridades ou convidados.

Permite melhor deslocamento do VIP e dos convidados, sem presença marcante da equipe de
segurança e melhor cobertura dos acontecimentos por parte da imprensa. A ação da equipe de segurança
não compromete as solenidades. A presença de outras pessoas torna o alvo mais difícil.
1ºAs (chefe da equipe) Dignatário 2ºAs (mosca)

3ºAs

Figura 4 – Formação em cunha invertida ou V

Caixa

Utilizada quando se fizer necessário cerrar sobre o VIP. É o tipo de formação que proporciona
também uma melhor segurança aproximada. É um processo ágil que permite deslocamentos rápidos
e que o agente à frente observe os locais a serem percorridos. Possibilita boa condição de visibilidade.
Permite o efeito sanfona (aproximar ou distanciar). Isola pontos específicos de passagem, como portas
e corredores perpendiculares. Facilita uma retirada de emergência.
29
Unidade I

1ºAs 2ºAs
(chefe da equipe)

Dignatário As (mosca)

4ºAs 3ºAs

Figura 5 – Formação em caixa

Formação S ou israelense

Empregada pelas equipes de segurança, sendo conhecida como uma das mais compactas e eficazes
formas de se conduzir um dignitário a pé, já que praticamente todos os ângulos de ataque serão cobertos por
quaisquer dos agentes de segurança. Todo deslocamento a pé é uma situação de risco e apresenta diversas
vulnerabilidades. É necessário observar pontos críticos, utilizar itinerários de curta distância, priorizar locais
cobertos e abrigados, escolher itinerários de fácil localização e sem obstáculos, evitar exposição desnecessária
da autoridade e ser sempre, quando puder, progressivo, a fim de evitar contra fluxo.

5ºAs

1ºAs
(chefe da equipe)

3ºAs
cobertura

Dignatário

2ºAs (mosca)
4ºAs
cobertura

Figura 6 – Formação em S ou israelense

30
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

2.3.2 Tipos de emboscadas

Emboscada é definida como um ataque inesperado, como uma cilada ou armadilha. Há vários tipos
de emboscadas, podemos citar as duas principais:

• Urbana: normalmente, tentativas de sequestro que têm por características a facilidade de


misturar-se com população, facilidade de esconderijo, dificuldade de investigação, além de o
efeito pretendido ter maior repercussão.

• Rural: normalmente, utilizada para assassinatos, tem por características, a facilidade de ações
menos rápidas, pouca repercussão imediata e tempo para fuga.

Figura 7 – Emboscadas são perigosas

2.4 Regras básicas da proteção pessoal

Defesa pessoal é um conjunto de métodos que têm como fim neutralizar um ataque pessoal.
Utilizam-se principalmente bloqueios e alavancas para dominar o adversário o mais rápido possível
a fim de encurtar o tempo de conflito e deixar em segundo plano diferenças físicas. A defesa
com mãos nuas pode ser completada com armas próprias, que podem ser armas de fogo, facas,
cassetetes ou qualquer objeto que esteja acessível no momento do combate. Para a proteção de
uma autoridade, é necessário:

• formações flexíveis;

• cobertura do corpo da autoridade;

• imagem da autoridade mantida;

31
Unidade I

• observação constante;

• análise de distâncias e intervalos corretos.

2.5 Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Pela NR 6, conceitua-se Equipamento de Proteção Individual (EPI), “todo dispositivo ou produto,


de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 2018). Podemos citar como EPI destinado aos seguranças:

• Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que trabalhem portando arma de fogo,
para proteção do tronco contra riscos de origem mecânica.

• Armamento individual.

• Estojo de primeiros socorros.

• Equipamento de comunicação.

Os agentes devem estar aptos a emergências e ter habilidades médicas para oferecer primeiros
socorros antes que a ambulância chegue ou que estejam no hospital. Todas as rotas devem ser feitas
para que se tenha sempre um hospital a dez minutos de distância.

Pela NR 6, temos que:

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento,
nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa


proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças
profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

[...]

E.2 - Colete à prova de balas de uso permitido para vigilantes que trabalhem
portando arma de fogo, para proteção do tronco contra riscos de origem
mecânica (BRASIL, 2018).

32
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Figura 8 – Colete à prova de balas, para proteção do tronco

Saiba mais

Caso queira conhecer todas as NRs, recomendamos acessar o site da ENIT:

BRASIL. Ministério do Trabalho. Escola Nacional da Inspeção do Trabalho


(ENIT). Normas regulamentadoras. Brasília, [s.d.]b. Disponível em: https://
enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/
sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default. Acesso em:
15 maio 2020.

2.6 Tipos de ataques e procedimentos

Como principais tipos de ataques, modos para executar um atentado, e os procedimentos para
evitá-los, temos:

• Verbal: quando há uma multidão xingando, ofensas verbais. A reação deve ser cerrar a formação
e passar rápido.

• Físico: quando há socos, pedradas e/ou pauladas. A reação deve ser cerrar a formação e
passar rápido.

• Arma branca ou de fogo: a reação deve ser rápida com armas ou golpes, e deve-se curvar a
autoridade, protegendo-a e retirá-la da área de risco.

• Bombas ou granadas: a reação deve ser gritar “bomba” e deitar-se sobre a autoridade.
33
Unidade I

• Armas de longo alcance: a reação deve ocorrer se o atirador for visto antes de atirar, gritar
“fuzil” e proteger a autoridade retirando-a para um local abrigado.

• Explosivos: conforme o anexo da Resolução n. 420, de 12 de fevereiro de 2004, Capítulo 2.1, da


Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT):

a) Substância explosiva é uma substância sólida ou líquida (ou mistura


de substâncias) por si mesma capaz de produzir gás, por reação química,
a temperatura, pressão e velocidade tais que provoque danos à sua volta.
Incluem-se nesta definição as substâncias pirotécnicas, mesmo que não
desprendam gases;

b) Substância pirotécnica é uma substância, ou mistura de substâncias,


concebida para produzir efeito de calor, luz, som, gás ou fumaça, ou
combinação destes, como resultado de reações químicas exotérmicas
autossustentáveis e não detonantes;

c) Artigo explosivo é o que contém uma ou mais substâncias explosivas


(ANTT, 2004).

Existem três tipos fundamentais de explosivos: os mecânicos, os atômicos e os químicos. Podem ser
construídos a partir de materiais, como projéteis, produtos tóxicos, químicos ou biológicos, material
radiológico ou granadas de artilharia. A fabricação, o manuseio, a armazenagem e o transporte desses
produtos devem seguir a NR 19 – Explosivos. Para o transporte, é necessário respeitar os regulamentos
para o transporte rodoviário e ferroviário de produtos perigosos como a Resolução n. 420, de 12 de
fevereiro de 2004 da ANTT (2004), que “Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do
Transporte Terrestre de Produtos Perigosos”.

Bombas

Provêm do latim bombus, que significa ruído. São cargas explosivas geralmente em invólucro de
metal dotadas de mecanismos de armação que sob ação externa provoca explosão. Como modelo mais
popular, podemos citar o coquetel molotov.

Observação

A palavra molotov deriva da associação do nome do russo Viatcheslav


Mikhailovitch Molotov com a bomba caseira e deve-se a sua declaração de
que durante a Guerra de Inverno, os soviéticos não estavam bombardeando
cidades finlandesas, mas sim jogando alimentos. As bombas russas então
foram apelidadas de “cestos de pães de Molotov”, e as bombas improvisadas
usadas pelos finlandeses de “coquetéis molotov”.

34
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Um artefato que promove a expansão de uma mistura de líquidos inflamáveis, como petróleo,
gasolina, ácido sulfúrico, clorato de potássio, álcool e éter etílico, que podem ser misturados no interior
de uma garrafa de vidro, um pano embebido do mesmo combustível na mistura serve como um pavio.

No Brasil, a posse, fabricação ou o uso do coquetel molotov configura crime de “posse ou porte ilegal
de arma de fogo de uso restrito”, estando o infrator sujeito à pena de reclusão de, no mínimo, três anos
até o máximo de seis anos e multa, conforme disposto na Lei n. 10.826/2003, art. 16, inciso III (BRASIL,
2003b). Tanto para bombas como para explosivos, o “mosca” joga o segurado ao chão e deita-se sobre
ele (cobrindo-o com o próprio corpo) a fim de protegê-lo dos efeitos da explosão.

Acionadores

Mecanismos de armação que podem ser mecânicos, elétricos, químicos; fricção; ou ondas sonoras
que conectados a portas, gavetas, no assento de poltronas, em camas, instaladas em telefones, são
usados para detonarem quando da retirada do fone do gancho.

Conforme o site DefesaNet, para entender melhor como são iniciados os Improvised Explosive Device
(IED) – traduzido como Dispositivo Explosivo Improvisado –, temos:

5.1 iniciação por comando: é um método de emprego que permite ao


inimigo escolher o momento ideal de iniciação. Ele é normalmente usado
contra alvos que estão em trânsito ou onde um padrão de rotina foi
estabelecido. Os tipos mais comuns são com fios e rádios controlados:

5.1.1 comando a fio: é um circuito elétrico ligado por um fio entre o


interruptor e a carga explosiva. Oferece vantagens já que é simples e é
invulnerável às contras medidas eletrônicas (inibidores de frequências –
Electronic Jammer). Contudo, o longo fio pode ser difícil de colocar e pode
levar à detecção do operador;

5.1.2 rádio controlado: pode ser usado qualquer fonte que transmita um
sinal de radiofrequência, como um alarme de carro, abridores de portas de
garagem, controladores de brinquedos, campainha ou telefones sem fio,
os quais são adaptados para funcionar como um acionador, permitindo ao
inimigo acioná-lo a uma distância segura.

5.2 temporizadores: são projetados para funcionar após um atraso


predefinido, permitindo ao inimigo fugir ou atacar forças militares que
criaram um padrão de suas ações. Há temporizadores por ignição química,
mecânica ou eletrônica;

5.3 ação da vítima: é um meio de atacar uma pessoa isolada ou até mesmo
um grupo. Existem vários tipos de dispositivos de iniciação, que incluem
tração, liberação, pressão, descompressão, detecção por infravermelhos
35
Unidade I

passivos ou ativos entre outros. Também é comum encontrar IED por ação
da vítima como armadilhas em outros IED instalados, chamados de IED
secundários (DEFESANET, 2017).

Acessórios e acionamento

São espoletas, estopins, acendedores. A fim de evitar bombas acionadas por controles via rádio
(a partir da adaptação de controles remotos de brinquedos, ou acionadores de portões de garagem)
ou via celular (pelo emprego de telefones adaptados), equipes encarregadas da proteção de autoridades
bem como grupamentos especializados antibomba e equipes de segurança de dignitários costumam
estar equipadas com geradores de interferência eletrônica capazes de isolar uma área de segurança em
um raio de algumas dezenas de metros.

2.7 Proteção em residências e escritórios

O desejo de qualquer pessoa é ter a residência protegida, isso significa o bem-estar de toda a família.
Assim, é necessário conhecer bem o que proteger, de modo a garantir a segurança máxima. As seguintes
medidas devem ser tomadas para a proteção em residências e escritórios:

• área do imóvel (dimensões), com a planta geral que deve detalhar: muros, cercas e terrenos;
iluminação (se é pouca, boa);

• localização;

• tipo (apartamento, casa isolada ou geminada, condomínio);

• densidade populacional da área;

• estabilidade emocional e política da população;

• nível de eficiência da polícia ou órgãos de segurança;

• vias de acesso;

• situação de pontos dominantes;

• definições dos limites;

• postos de saúde e hospitais nas proximidades;

• sistemas de água, esgoto, comunicações e energia;

• barreiras como sistemas de alarme, muros e animais.

36
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Para os imóveis, é necessário tomar algumas medidas de proteção, pois termos a casa protegida é
importante, adotando pequenos hábitos na rotina do lar, é possível aumentar a segurança da sua casa
e proteger sua família. As ações estão elencadas a seguir.

Medidas de proteção de rotina

Ligadas às atribuições de função e tarefas do pessoal de segurança e aos empregados de modo geral.

Medidas de proteção de emergência

Ligadas às atribuições de tarefas específicas a cada elemento, bem como a maneira e os meios para
executá-las, como em casos de incêndio, sabotagem, assaltos ou ataques, ameaças, que devem ter ações
específicas no plano de contingenciamento de evacuação, visando a repressão ou neutralização do
agente provocador, além de cortes no sistema de abastecimento de luz, água ou comunicações.

Medidas de proteção de caráter geral ou conduta familiar

Dizem respeito a todos que vivem ou trabalham no imóvel. Obtenção de chaves e segredos;
neutralização dos mecanismos de fechamento (interior); arrombamento com disfarce de intenção;
locais de acesso, como claraboia, janelas, respiros de sótão, parapeitos, condutos de calefação, redes de
esgoto, partes recobertas de vidro, são os principais itens de proteção.

Medidas de segurança

Aumentar a segurança de portas e janelas, por exemplo, a utilização de blindagem arquitetônica para
agregar proteção balística e contra a invasão a um imóvel, em que aberturas de portas e janelas, vidros e
a própria alvenaria das paredes recebam materiais de alta resistência e passem a figurar como barreiras
físicas seguras, proporcionando proteção contra invasão, vandalismo ou balas perdidas; estabelecer
normas para atendimentos a estranhos; medidas de detecção (contra entradas clandestinas); observação
sobre acessos ao prédio.

Figura 9 – Casas inteligentes serão o futuro da segurança

37
Unidade I

Trancas e travas de segurança

Chaves tetra, cadeados, trancas em janelas e portas ajudam a dificultar e a evitar a entrada de
ladrões. Lembre-se sempre de quando sair de casa, trancar as portas, janelas, saídas e portões.
Uma única porta ou janela aberta facilita uma entrada indesejada.

Câmeras de segurança

As câmeras de segurança residencial já evoluíram bastante e é possível encontrar muitos modelos


para áreas externas e internas que se utilizam de tecnologias avançadas. A instalação delas permite o
monitoramento contínuo da residência. Elas devem ser instaladas em locais sensíveis como a entrada e
divisas do terreno. Permitem a visualização de todos os setores em tempo real, em algum monitor, ou
até em smartphone cadastrado com acesso à internet. Há, ainda, a possibilidade de enviar as imagens
para um servidor que as gravará.

Cães de guarda

Ter um cachorro de grande porte é uma opção que inibe ações de criminosos. Há empresas de
treinamento de cachorros para guarda e canis que alugam animais para casos específicos.

Alarmes

Os alarmes são excelentes mecanismos para inibir, e até mesmo avisar, a presença de ladrões. Lembre-se
sempre de ligá-lo antes de sair de casa e de desativá-lo antes de entrar. Esses dispositivos funcionam muito
bem. O sistema de alarme consiste no disparo de sensores que acionam um sinal sonoro. Para ter eficiência,
precisa estar ligado a um monitoramento. Seja enviando SMS ou e-mail para o usuário ou para uma central de
segurança privada. Dessa maneira, será feita a devida verificação e, caso necessário, o acionamento da polícia.
Geralmente, esse sistema resulta na fuga dos invasores, pois acaba por despertar a atenção para o local.

Cercas elétricas e concertina

Os jardins e as áreas externas são locais estratégicos para a observação dos ladrões. Eles ficam de
olho em objetos que possam ser atrativos como móveis e aparelhos eletrônicos. Portanto, se possível,
evite deixar objetos que possam despertar o desejo dos ladrões. Outro cuidado que esse ambiente exige
é com a aparência, cuidando do local para que ele não pareça abandonado. O descuido com a área
externa pode aparentar que a casa está vazia, sendo convidativo para os ladrões tentarem entrar.

As cercas elétricas são opções mais baratas do que as barreiras invisíveis. São instaladas no topo dos
muros protegendo o imóvel de invasores que tentem transpor esse obstáculo com alta carga elétrica.
Esse dispositivo deve ser instalado em altura mínima de 2,5 m com placas de sinalização indicando
que os fios de metal são eletrificados. A concertina, por sua vez, é composta de arame enrolado em
espiral, com pontas cortantes, eletrificada para a mesma finalidade da cerca elétrica, no entanto, é
mais resistente. Os dois mecanismos devem ser instalados em locais em que não haja contato com a
vegetação para não causar danos ou disparos acidentais.
38
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Sistema wireless para a garagem

Hoje já é possível instalar uma câmera na entrada da casa que mostra em tempo real toda a sua
movimentação. Por meio de um acesso remoto, é possível ter acesso às imagens pela internet. É como
se fosse uma câmera escondida que o proprietário da casa pode consultar a qualquer instante, de
qualquer local. Esse sistema de câmeras tem se popularizado muito, pois permite a conexão por meio
de dispositivo com acesso à internet, facilitando o acesso às imagens.

Barreiras invisíveis

É um equipamento que emite luz infravermelha invisível aos olhos humanos, circundando todo
o perímetro selecionado para proteção. Quando alguém passa por ele, um dispositivo é acionado
automaticamente, que dispara um alarme. Essa é uma opção para proprietários que não desejam ter
interferências na arquitetura da casa.

Porteiro eletrônico

É um instrumento simples, cuja instalação prevê uma câmera na porta de entrada da residência com
uma tela junto ao interfone. Com ele, permite-se que o morador consiga ver quem está solicitando a
entrada no imóvel sem se expor na área externa, sendo possível ver quem toca campainha e, assim,
permitir a sua entrada ou não.

Biometria

É uma tecnologia utilizada para a abertura de portas, no caso da segurança residencial. É um


dispositivo que substitui as tradicionais fechaduras e que utiliza as digitais para reconhecer pessoas
autorizadas e impedir a entrada de pessoas estranhas. Apesar do custo, é um sistema que vem ganhando
mercado no Brasil e apresenta alto índice de proteção para a sua residência.

Sistema de monitoramento remoto

Uma das inovações de segurança residencial tem sido a possibilidade de o morador acompanhar tudo
o que ocorre em sua residência remotamente. O sistema de monitoramento deve ser um complemento a
todos os demais dispositivos de segurança, pois os demais sistemas, sem supervisão, podem sofrer falha,
seja por falta de energia, manutenção, intempérie, ou mesmo, ação de criminosos.

Por meio do sistema de monitoramento remoto, são enviados todos os dados da segurança
residencial para um destinatário, que pode ser uma central de segurança, o proprietário ou outra pessoa
indicada, que receberá informações de alarmes, imagens e identificação de usuários que acessaram o
local. Um exemplo disso são as centrais de alarmes monitoradas, elas são estruturas que funcionam 24h
por dia, recebendo sinais quando qualquer movimentação suspeita for identificada em uma residência
cadastrada, por meio de dispositivos em sua própria residência ou usando um smartphone quando
não puder estar no local. Assim, se o seu alarme disparar, uma pessoa da empresa de segurança irá
imediatamente até o local verificar o que houve. Essa medida de segurança pode funcionar sozinha
39
Unidade I

ou paralelamente com monitoramento particular contratado, exigindo apenas acesso à internet.


Com ele, é possível observar a tudo que ocorre no local, imagens das câmeras, disparos de alarme,
acessos utilizando fechaduras e até falhas no sistema.

Seguro residencial

Através de um pequeno investimento todo mês, é possível garantir mais tranquilidade para a sua
família e deixar a sua casa protegida contra acidentes e roubos, inclusive de responsabilidade civil
de terceiros. Sistemas eletrônicos de segurança reduzem o custo do seguro residencial em até 30%.
As seguradoras costumam oferecer um desconto de 20% a 30% para ambientes que possuem serviço
de monitoramento eletrônico.

Alerta de pânico

O alerta de pânico pode ser um botão ou uma senha que apenas o morador saiba. E, caso ele seja
rendido e obrigado a desligar o sistema de segurança, deverá digitar uma senha secreta que liberará o
acesso. Porém, acionará um alarme silencioso na residência, indicando à central que o local foi invadido.
Caso esteja instalado como botão, deverá estar em um local discreto, mas de fácil acionamento quando
uma invasão ocorrer.

Sensores de presença

Os sensores de presença são uma corrente elétrica ou fluxo de luz que ao serem interrompidas, acionam
um dispositivo predeterminado. O morador pode escolher que os sensores acionem o funcionamento e
gravação de câmeras de segurança ao detectarem movimento, ou que o alarme sonoro seja acionado ao
detectar presença no local. Também podem, através do sensor, acender a iluminação no local.

Fechaduras eletrônicas

As fechaduras eletrônicas são dispositivos que têm sua abertura e trancamento acionados por meio
de corrente elétrica. Esse sistema pode funcionar em trancas comuns, atuando como opção à utilização
das chaves. E, também, podem ser associadas a um método informatizado de abertura como:

• Senhas: são utilizados números e letras que, digitados em um teclado, acionam abertura e fechamento.

• Cartões: são cartões magnéticos que devem ser inseridos na tranca.

• Leitura biométrica: é feito o cadastramento das impressões digitais de todos os usuários que
terão o acesso liberado ao posicionar a digital diretamente no leitor.

• Programa no celular: é possível instalar um programa no celular para que libere o acesso ao ser
aproximado da fechadura.

40
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

• Leitura de íris: como no método anterior, cada usuário precisa ser cadastrado pessoalmente,
após isso, será necessário apenas posicionar os olhos na frente do leitor.

• Reconhecimento de voz: é feita a programação do dispositivo para que reconheça o usuário


apenas ao dizer comandos como “abrir” e “fechar”.

2.8 Elementos psicológicos da observação

É necessário muito treino para transformar o que se vê em um comportamento mensurável e passível


de análise. Observação é analisar, enxergar e pesquisar de forma cautelosa.

• Atenção: processo psicológico que faz com que se note presença ou a existência de um fato.

• Percepção: capacidade de entender, de compreender o fato para o qual a atenção foi atraída
ou despertada.

• Impressão: capacidade de imprimir no cérebro o fato, podendo posteriormente traduzi-lo


por palavras.

• Memorização: o conjunto de operações voluntárias e metódicas com a finalidade de auxiliar a


memória; primeira fase através da observação, a segunda fase através da retenção – concentração –
imaginação e a terceira fase, a revocação (ação ou resultado de revogar, retirar o efeito, anulação
ou extinção) e a imaginação.

• Verbalização: ato de expressar oralmente a palavra que representa uma ideia.

• Descrição: uma técnica de informação com toda a veracidade sobre as observações pessoais de
um fato. Deve-se levar em conta o significado das palavras, a descrição de detalhes e a ordem
para observação e descrição. Precisa conter:

— Sexo: homem/mulher; menino/menina; jovem/adulto/idoso.

— Cor: branco, moreno (claro/escuro), preto, amarelo, avermelhado.

— Compleição: fraca, delgada, média, forte, gordo, troncudo.

— Idade: até 20 anos, mais de 20 anos; quanto mais precisa, melhor.

— Altura: descrever em cm.

— Peso: compleição média, o que significa peso em kg.

— Aspectos físicos: rosto, cabeça, testa, cabelo.

41
Unidade I

— Marcas: tatuagem, cicatrizes.

— Deformidades: sua existência pelo corpo.

— Amputação: de membros do corpo.

— Fala: modo de falar.

— Andar: forma de andar.

— Vestuário: conjunto das roupas que compõem o traje e os complementos e acessórios (adornos)
que o acompanham.

2.9 Arsenal do guarda-costas

Alguns itens básicos compõem o arsenal do guarda-costas. Vejamos alguns deles:

• Terno escuro: para situações formais. Se o cliente estiver de roupa esporte, o segurança pode
usar o mesmo, mas normalmente a vestimenta do segurança é um uniforme.

• Lanterna: costuma ser usada para checar se há algo suspeito debaixo do carro ou para iluminar
áreas de fuga.

• Pistola calibre 380: um dos modelos permitidos para a segurança pessoal. Outra opção é o
revólver calibre 38.

• Canivete suíço: conhecido por suas muitas utilidades, como cortar cordas e efetuar reparos
de urgência.

• Óculos escuros: aumentam a discrição do segurança, pois não há como identificar onde o
portador dos óculos está olhando.

• Colete à prova de balas: aguenta até tiros à queima-roupa, dependendo do tipo de armamento.

• Rádio preso à cintura: mais o fone de ouvido, garantem a comunicação com os demais seguranças.

• Carga de munição reserva: também não pode faltar e, fixada ao cinto, ela pode ser facilmente acessada.

2.10 Proteção e contra-ataque

Apesar de os seguranças, na maioria das vezes, estarem armados, quando o confronto é inevitável,
vale seu bom preparo físico e treinamentos em artes marciais. Mas, nem sempre, esses especialistas em
segurança devem manter-se invisíveis. Em alguns eventos públicos, é até relevante que eles realmente
se mostrem, como forma de aplicar uma presença intimidadora.
42
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Um braço para proteção, outro para o contra-ataque. Antes mesmo de o protegido perceber que está
sendo alvo de um ataque, o segurança já saca sua arma, sendo preciso boa coordenação motora e reflexos
ágeis para simultaneamente jogar o outro braço para trás, para manter o cliente atrás de si. O objetivo
é minimizar qualquer exposição a ameaças por meio de planejamento apropriado, conhecimento da
situação e reação.

É fácil perceber que os agentes de segurança estão sempre com a mão próxima à cintura.
Essa posição é mantida para que o agente esteja pronto para sacar suas armas e reagir a algum atentado
mais rapidamente.

2.11 Áreas vulneráveis do corpo

Não importa se seu adversário é alto ou forte, será possível atingi-lo se as áreas de vulnerabilidade
forem lembradas. As principais são olhos, nariz, garganta, plexo solar, virilha e joelho. É possível atacar
de qualquer forma, mas, para ter 100% de certeza de vitória, vale a pena ter em mente as técnicas que
comprometem essas partes do corpo. Vejamos algumas artes de luta que podem ajudar a neutralizar
um criminoso:

• Krav maga: defesa pessoal criada em Israel por Imi Lichtenfeld, já adotada por forças de segurança
e civis no mundo inteiro. Tem o objetivo de dar a qualquer pessoa, independentemente de sexo,
idade ou porte físico, a capacidade de se defender contra qualquer tipo de agressão armada ou
desarmada, contra um ou vários agressores, em pé ou no chão.

• Aikido: arte marcial japonesa desenvolvida pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969),
aproximadamente entre os anos de 1930 e 1960, como um compêndio dos seus estudos marciais,
filosofia e crenças religiosas. O aikido é, frequentemente, traduzido como “o caminho da unificação
da energia da vida”, ou “o caminho do espírito harmonioso”. O objetivo de Ueshiba era criar uma
arte em que os seus praticantes pudessem defender-se a si próprios a partir do ataque adversário.

• Jiu-jitsu: arte marcial japonesa que utiliza técnicas de golpes de alavancas, torções e pressões
para derrubar e dominar um oponente.

• Capoeira: expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular, dança e
música. Desenvolvida no Brasil por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes
e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas,
joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

• Maculelê: arte marcial armada, que, nos dias de hoje, se preserva na simulação de uma luta
tribal usando como arma dois bastões, chamados de grimas. Em um grau maior de dificuldade
e ousadia, pode-se dançar com facões em lugar de bastões, o que causa um bonito efeito visual
pelas faíscas que saem a cada golpe.

• Boxe: ou pugilismo é um esporte de combate, no qual os lutadores usam apenas os punhos, tanto
para a defesa quanto para o ataque.
43
Unidade I

2.12 Ordens de controle de multidões

Eventos de grande porte são aqueles com massiva presença de público no mesmo local e data e que
requerem planejamento complexo. É o caso da Copa do Mundo, das Olimpíadas, mas também de shows
musicais, eventos políticos, religiosos, entre outros. Vejamos as principais questões relacionadas aos
aspectos de segurança nesses tipos de eventos.

Existem diferentes tipos de pedidos que atendem a necessidades específicas. Estas são as definições
mais comuns:

• Ordens de operação: também é chamado de OPORD, do inglês operations order (traduzido como
ordem de operação), é uma diretiva emitida por um chefe para subordinar os seguranças com o
objetivo de efetuar a execução coordenada de uma operação. Geralmente, são usadas a fim de
dar ordens a várias unidades para uma operação complexa. Também podem ser empregadas para
direcionar uma equipe de segurança, por exemplo.

• Ordens de aviso: é uma diretiva de planejamento que descreve a situação, aloca forças e recursos,
estabelece relações de comando, fornece outras orientações de planejamento inicial e começa o
planejamento da missão da unidade subordinada. Geralmente, vem antes da ordem de operações
e dá as primeiras ordens na perspectiva de uma missão que provavelmente será decidida em
breve e explicada através da ordem de operações.

• Ordens de movimento: é uma ordem emitida por um comandante, cobrindo os detalhes de uma
movimentação do comando.

• Ordens fragmentárias: é uma forma abreviada de uma ordem de operação (verbal, escrita ou
digital) geralmente emitida no dia a dia que elimina a necessidade de atualização das informações
contidas em uma ordem de operação básica. É emitida após uma ordem de operação para alterá-la
ou modificá-la ou para executar uma ramificação ou sequência para essa ordem.

Lembrete

Uma ordem de operação é o guia definitivo para qualquer subordinado


sobre como uma operação será conduzida; deve conter todas as informações
necessárias para que eles instruam seus seguranças e cumpram sua missão.

A situação deve abranger o quadro geral do momento e qualquer informação relevante que os
comandantes operacionais possam precisar conhecer. No entanto, a palavra-chave é relevante. Um erro
comum é incluir muitas informações que tornam o pedido muito longo e incluir detalhes que não são
necessários para a executar a tarefa.

Tendo dado a situação geral, existem algumas áreas específicas em que mais detalhes serão necessários.
Os detalhes precisam ser o resultado da coleta e análise de informações. Os comandantes operacionais
44
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

precisam saber exatamente quem é a oposição, sua natureza e atitude, é uma multidão hostil ou apenas
pessoas deslocadas com fome? Eles precisam saber sua localização, números, que apoio podem receber,
armas, equipamentos e como eles devem se comportar quando confrontados pela polícia.

Além da oposição, os comandantes operacionais precisam estar cientes de quaisquer outras forças
amigas, ou seja, outras equipes de segurança, policiais e militares que possam estar envolvidos na
operação. Deve detalhar quais são suas áreas ou responsabilidades e qual será sua missão. Eles também
precisam estar cientes de quaisquer reforços que possam estar disponíveis, como uma contingência.

A declaração de missão deriva da intenção estratégica do comandante geral, normalmente, o


comissário de polícia. É curto e ao ponto de descrever o resultado básico que a missão deve trazer.

A fase de execução é a parte da ordem de operação que explica o método para alcançar a missão; é
frequentemente a maior seção da ordem, pois compreende a maioria dos detalhes e deve ser dividida em
instruções de intenção, método, tarefa e coordenação. Pode incluir uma lista de eventos principais
com um horário e vários elementos, podem ser divididos em elementos individuais.

Para alcançar a missão, a intenção do comandante será traduzida no efeito sobre a oposição e
quaisquer outros elementos relevantes. Ele responderá efetivamente à pergunta: “Como será uma
missão bem-sucedida?”

Para que, se a ordem for seguida exatamente à risca e a oposição reagir como esperado, a missão será
alcançada. O cronograma ou a lista de eventos principais deve abranger as várias fases da operação, caso
ela deva ser subdividida. A missão principal de cada elemento necessita ser traduzida em várias tarefas.

Os vários elementos precisam de instruções de coordenação para que toda a operação se torne um
movimento contínuo. A administração e logística cobrirá exatamente qualquer apoio indispensável,
todo o equipamento exigido para a conclusão da missão, os veículos necessários e quaisquer arranjos
para abastecê-los ou reabastecê-los, arranjos de alimentação para seguranças e, finalmente, apoio
médico disponível ou necessário.

Finalmente, comando e controle precisam ser cobertos, incluindo todas as informações relacionadas
às comunicações. A estrutura de comando precisa ser claramente definida para que os envolvidos na
operação saibam a quem devem se reportar.

Todos os aspectos da comunicação devem ser cobertos, instruções para o uso de rádios, para
quem serão emitidos e frequências a serem usadas. Quaisquer outras instruções de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) também devem ser incluídas, como o uso da internet ou de telefones
móveis/satélite para comunicação, quando apropriado.

Finalmente, os horários e locais dos briefings e os seguranças ou grupos de segurança que devem
comparecer, em grandes operações pré-planejadas, isso pode ser alguns dias antes da operação.

45
Unidade I

Os seguranças devem receber um resumo dos pontos principais da missão antes de serem perguntados
se eles têm alguma dúvida.

As ordens são projetadas para expressar com precisão a reação do comandante às circunstâncias no
terreno; ele deve contar com precisão, brevidade e velocidade para levar a mensagem aos subordinados
o mais rápido e sucintamente possível, enquanto ainda pode ser entendido pelo destinatário.

No controle de multidões, aplica-se a Lei n. 13.060, de 22 de dezembro de 2014, que disciplina o uso dos
instrumentos de menor potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública em todo o território nacional.

Não há aplicação prática de ordens individuais, pois os chefes devem efetivá-las durante a fase prática
dos módulos de controle de multidões. Todos os chefes têm de estar totalmente familiarizados com as ordens
antes de partirem para a missão.

O elemento prático consiste em um cenário baseado no qual os chefes devem escrever uma ordem
de operação; isso deve ser entregue aos instrutores, que precisam marcar cada ordem de operação de
acordo com sua estrutura.

No entanto, os instrutores podem usar qualquer cenário que acharem adequado e desejarem criar
um específico para a missão na qual a equipe está sendo implantada ou poderá obter uma série real
de eventos da missão e usar isso como base para os comandantes escreverem sua ordem de operação.

Antes de eventos relevantes serem realizados, deve ser feita uma encenação, que tem como objetivo antecipar
os possíveis cenários e as tentativas de assassinatos e tiroteios. Todos os agentes necessitam ser treinados para
situações de riscos nas quais os agentes de segurança teriam de se colocar na frente de uma bala.

O comandante escolherá seu layout de acordo com o terreno e o ambiente (necessidade de cobrir
um local amplo), a atitude da multidão e a missão. A unidade pode facilmente passar de uma formação
para outra sem nenhuma dificuldade apenas para responder a uma situação operacional. Seu layout
também dependerá da mão de obra empregada no chão.

O papel de cada membro da equipe deve ser definido de forma clara e conhecida por todos os
seguranças destacados para uma missão.

Figura 10 – Multidão deve ser controlada pelos seguranças

46
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Lembrete

O papel de cada membro da equipe deve ser definido de forma clara e


conhecida por todos os policiais seguranças para uma missão.

Os seguranças invariavelmente chegam ao local de uma operação nos veículos, eles precisam estar
cientes do método correto de embarcar e desembarcar. Sabe-se que os tipos de transporte utilizados
pelas equipes de segurança variam, e os instrutores devem garantir que o treinamento para esse
elemento seja realizado no tipo de veículo que será usado em sua implantação na missão.

Ao chegar ao local, o comandante da unidade dará o comando apropriado, dependendo do tamanho da


unidade e da formação tática apropriada à situação. Pode ser necessário implantar imediatamente um cordão
defensivo com os escudos e bastões na posição pronta, se for uma emergência. No entanto, na maioria dos
casos, os seguranças serão capazes de implantar e formar-se antes de qualquer ação hostil da multidão.

O comandante decidirá quantos comandos serão necessários e anunciará “Pronto para desembarcar
em dois minutos”. Ele indicará em que lado o cordão de escudo se posicionará (normalmente o lado voltado
para a multidão) e quaisquer outras instruções administrativas relacionadas a capacetes, máscaras de gás,
escudos e cassetetes. Por exemplo, “escudos à esquerda na posição de espera, bastões no cinto à direita”,
informe como pronto”. A unidade fará os ajustes necessários, como a colocação de capacetes, por exemplo, e
indicará “pronto”. O comando a seguir será “ir”, quando a unidade protegerá o veículo de maneira ordenada
e se formará conforme as instruções ao lado do veículo, e isso dependerá dos tipos de veículo usados pela
equipe de segurança. Assim, não é possível detalhar todas as diferentes formações potenciais.

Para voltar a embarcar, o comandante andará com a unidade até o veículo e dará o comando
“pronto para embarcar”. Os seguranças comandados responderão “pronto”, e a unidade se moverá para
o veículo de maneira ordenada, ocupando o assento apropriado para que eles possam desembarcar na
ordem correta, se necessário.

É importante que a unidade tenha embarcado na ordem correta no barramento para permitir a
implantação na forma adequada. Isso será explicado durante a fase de treinamento prático, quando os
instrutores poderão colocar fisicamente a unidade nos assentos apropriados do veículo. Depende dos
tipos de veículos usados pela equipe de segurança. Portanto, não é possível detalhar todas as diferentes
formações potenciais nessa orientação.

Para voltar a embarcar, o comandante marchará com a unidade até o veículo e dará o comando
“pronto para embarcar”. Os seguranças que comandam os subelementos responderão “pronto”, e a
unidade se moverá para o veículo de maneira ordenada, ocupando o assento apropriado para que eles
possam desembarcar na ordem correta, se necessário.

De acordo com a missão e a emergência da situação, o comandante das equipes de segurança pode decidir
avançar em ritmo normal, em marcha dupla ou em marcha dinâmica. Ordens apropriadas devem ser seguidas.

47
Unidade I

A unidade estará pronta para o movimento, os seguranças estarão na posição de guarda ativa
esperando uma ordem. O comando “pronto para partir” é dado, quando os portadores dos escudos
batem nos escudos com o bastão para indicar prontidão e, ao mesmo tempo, os seguranças chegam à
posição de atenção e gritam “pronto”.

Essa demonstração de unidade e disciplina tem um efeito psicológico e muitas vezes impressiona
uma multidão passiva e faz com que pensem bastante sobre como reagirão à essa unidade.

O comandante fixará um limite, por exemplo, “para a próxima luz da rua” ou “100 metros à frente”
ou poderá apenas dar o comando executivo “ir”. A unidade avançará a uma taxa constante, mantendo
uma linha reta em relação ao objetivo. Quando atingirem o propósito, o comandante ordenará “parar”.

A estrutura das ordens deve ser conhecida por todos os seguranças. Os pedidos devem ser
compreensíveis, claros e curtos, se possível. Uma estrutura de ordens comuns facilita a execução de
manobras no terreno porque elas são compreendidas por todos os seguranças, mesmo que sejam
de outra unidade.

As ordens de controle de multidões são usadas para direcionar as equipes em formação e devem
ser usadas de acordo com as circunstâncias durante as operações de controle de multidões; a unidade
necessita reagir adequadamente.

A equipe de comando deve estar familiarizada com as ordens em todos os níveis de responsabilidade
da unidade (do comandante da unidade ao líder da equipe).

Ordens unificadas e reconhecidas são mais compreendidas e facilitam a coordenação com outras
unidades. As ordens de movimento são usadas para direcionar seguranças para um novo local durante
uma operação; isso pode estar em reação ao movimento da oposição no terreno ou em circunstâncias
variáveis, pode ser a pé ou com o uso de veículos e pode muito bem depender das distâncias envolvidas.
A ordem dos movimentos segue a mesma estrutura descrita anteriormente.

Os atiradores recebem diretamente as instruções de uso da força letal do chefe de segurança.


Pode ser necessário implantar imediatamente um cordão defensivo com os escudos e bastões na posição
pronta, se for uma emergência. No entanto, na maioria dos casos, os seguranças serão capazes de
implantar e formar-se antes de qualquer ação hostil da multidão.

Saiba mais

Recomendamos que você assista ao filme Aprendiz de Espiã, em que um


agente da CIA é enviado em uma missão secreta para vigiar uma família:

APRENDIZ de Espiã. Direção: Peter Segal. EUA: MWM Studios, 2020.


101 minutos.

48
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

De acordo com a missão e a situação, o comandante das equipes de segurança pode decidir avançar
em ritmo normal. Ordens devem ser seguidas.

A equipe estará pronta para o movimento, os seguranças estão na posição de guarda ativa aguardando
a ordem. O comando “pronto para partir” é dado quando os seguranças indicarem prontidão e, ao
mesmo tempo, os seguranças chegam à posição de atenção e gritam “pronto”.

Quando a unidade chega ao seu objetivo, o comando “parar” é dado, e a fila traseira se alinha com a
fila da frente, garantindo que fiquem em linha reta. A equipe frontal ajustará sua implantação à largura
do cordão. Pode ser necessário espalhar o cordão, com mais espaço entre as equipes de segurança.
Também pode ser o contrário, caso a rua seja mais estreita. Se não houver espaço suficiente para as
equipes de segurança, as equipes da direita e da esquerda ficarão atrás do restante do cordão e poderão
ser usadas como reforço, se necessário. Isso implica que a fila da frente permaneça ciente da situação
e se ajuste ao novo ambiente e suas restrições. Deixar muito espaço entre duas equipes de segurança
pode comprometer toda a proteção.

Toda a equipe de segurança pessoal tem um líder que possui a obrigação de se responsabiliza por
todos que a compõem, ele é quem vai escolhê-la e fazer todo o plano de segurança do VIP, ele tem
a obrigação de cuidar de tudo para a proteção de VIP. Ter um bom relacionamento com a equipe,
promovendo a harmonia, é de suma importância.

2.13 Segurança sobre rodas

Os veículos são o meio de transporte para a segurança, mas também são uma ferramenta para
apoiar uma intervenção e proteger os VIPs. Veículos leves devem ser usados prioritariamente para a
unidade no que diz respeito à mobilidade e para obter uma resposta rápida.

A unidade deve ser percebida como coesa, disciplinada em suas táticas e manobras e na capacidade
de transmitir um senso de profissionalismo ao público.

Os veículos não podem ser dissociados em operações de ordem pública. É crucial que os motoristas
sejam treinados para as manobras básicas dos veículos antes de qualquer implantação nas operações de
controle de multidões. Eles também devem estar cientes das ordens emitidas pelos chefes.

É provável que o nível de comando das manobras básicas de veículos transmita a impressão de
profissionalismo, é menos provável que os manifestantes mexam com uma unidade percebida como
forte e profissional. Por outro lado, uma unidade percebida pela multidão como tendo um domínio
limitado das manobras básicas de veículos e uma péssima liderança, provavelmente, será vista como
uma unidade “fraca”.

O sucesso de uma missão começa durante a fase de preparação. A escolha dos veículos é muito
importante. Os veículos não apropriados para um terreno específico podem limitar as capacidades
operacionais da unidade e colocar em risco seus membros.

49
Unidade I

A coleta de informações sobre os manifestantes também influenciará os tipos de veículos escolhidos


para serem utilizados. Os motoristas que atendem a segurança devem ser treinados em técnicas e táticas
de controle de multidões antes de qualquer implantação na missão.

O treinamento não deve ser limitado apenas ao dirigir veículos na cidade, mas ser baseado em
reatividade, iniciativa, manobras ofensivas e em todos os outros cursos relacionados a situações policiais.

Para cada missão, há uma opção diferente. O segurança encarregado escolherá uma de acordo
com as possibilidades oferecidas pelo meio ambiente, mas também pela situação geral e pela manobra
previsível que ele precisará configurar.

O chefe deve ter em mente a importância dos veículos de proteção pessoal, da cobertura de campo
e da rapidez de manobra.

Alguns princípios básicos do uso de veículos são frequentemente negligenciados e podem ter um
efeito dramático. Como um lembrete para os chefes:

• Escolher táticas adequadas, adaptadas às habilidades do motorista.

• Veículos de arquivo único são mais vulneráveis a ataques e fornecem falta de proteção em caso
de ataque lateral ou pelas costas.

• Qualquer disposição de veículo deve integrar a possível necessidade de uma volta rápida.

• Situações que exigem o posicionamento de veículos equipados com material de blindagem (grade)
na linha de frente.

• O uso de ruído de sirenes e motores rugindo deve ser limitado no tempo, pois também deixa as
equipes cansadas.

• Alguns veículos, como micro-ônibus, têm porta traseira apenas de um lado.

A seguir, indicações para os motoristas:

• devem dominar a capacidade de manobra do seu veículo;

• estarem cientes da limitação da visibilidade do veículo;

• estarem vigilantes em relação às manobras ao lado do veículo;

• adaptarem sua velocidade à dos elementos que podem seguir a pé durante os movimentos;

• ficarem cientes de sua vulnerabilidade quando estiverem sozinhos no veículo e usarem o sistema
de travamento central das portas, se disponível;
50
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

• estarem cientes de que o uso excessivo de sirenes pode interferir no entendimento das ordens
pelos pedestres.

Em relação aos seguranças de manobra a pé:

• permanecerem alinhados com o motorista em todas as manobras a pé ao lado de um veículo;

• lembrarem-se de que a melhor proteção contra tiros pode ser encontrada em veículos não
blindados atrás do motor ou atrás das rodas;

• estarem cientes da visibilidade limitada que os motoristas têm.

Observar que essas opções não são limitadas e podem ser adaptadas à situação de acordo com o
número e os tipos de veículos, com a largura da estrada, considerando a atitude da multidão e a missão
da unidade.

De qualquer forma, os veículos devem permanecer muito próximos em caso de retirada imediata do
local ou necessidade de proteção.

Os veículos fazem parte do arranjo em uma grande área e reforçam a manobra do segurança que segue
a pé. Os veículos podem ser usados para proteger a unidade no caso de enfrentar uma multidão agressiva.

Os motoristas ficam a bordo, prontos para reagir. Os cordões de isolamento são normalmente
considerados em missões estáticas. Um movimento para frente pode ser iniciado com o apoio dos
veículos para reposicionar a unidade.

Os seguranças têm um impacto dissuasivo melhor sobre os manifestantes. Eles também oferecem a
melhor proteção imediata para os protegidos em caso de forte ataque com projéteis ou ataque armado.
Nesse caso, a unidade pode reagir dos dois lados.

Em caso de deterioração da situação e se tenha a presença de uma multidão na frente, os veículos


viram e se preparam para sair do outro lado. Um elemento de reserva substitui a posição do veículo em
caso de decisão de retirada.

Os veículos podem fazer parte do arranjo na área, se a força empregada for insuficiente para cobrir
adequadamente toda a área. Os veículos podem ser usados para impressionar uma multidão hostil
e agressiva. Observe que, se a situação se tornar uma situação clássica de controle de multidões, os
veículos não deverão estar envolvidos na segurança. Se a multidão estiver calma, os motoristas seguirão
o ritmo dos seguranças, e a velocidade deve ser baixa.

Se a multidão for agressiva, se a situação se deteriorar e ficar tensa, os motoristas devem estar
prontos para interromper sua progressão e permitir que um segurança se posicione na frente.
Nesse caso, o segurança ficará na frente dos veículos. O chefe da unidade de segurança reorganiza a
unidade e decide como diminuir a tensão ou reagir à agressão.
51
Unidade I

Um comboio envolve pelo menos dois veículos e sempre deve haver um carro de apoio para dar
cobertura ao automóvel que transporta o protegido.

O chefe da equipe vai no banco do passageiro, com visão e campo de tiro de 180 graus. Os retrovisores
dão ao motorista uma visão de 360 graus, mas ele não pode atirar. Já os colegas do banco de trás
sentam-se de costas um para o outro, com visão de 90 graus.

Os dois carros devem ser blindados e idênticos, para confundir os agressores. O veículo de apoio anda
sempre em segunda ou terceira marcha, para facilitar freadas ou arrancadas bruscas.

Figura 11 – Os carros devem ser blindados e idênticos

Se o carro de apoio vê um veículo estranho se aproximando, deve começar a fazer uma curva aberta,
deixando o carro do protegido passar por dentro.

Esse mesmo veículo fecha a passagem do possível sequestrador, impedindo que ele aborde o carro
protegido. As janelas de trás devem estar sempre abertas, caso seja necessário atirar.

Enquanto o carro de apoio enfrenta o inimigo, o outro ganha tempo para fugir, por uma rota
alternativa, despistando os bandidos.

A proteção móvel refere-se a uma extensa gama de contramedidas disponíveis, aplicadas durante o
movimento do veículo do protegido entre locais, para mitigar uma ameaça percebida ou real. A ameaça
pode ser de terroristas, criminosos, grupos politicamente perturbadores e aventureiros solitários.

Os seguranças são cada vez mais solicitados para oferecer suporte a equipes de proteção a fim de
fornecer proteção móvel. O papel desses veículos nem sempre é bem compreendido e conhecido pelos
chefes e membros dos seguranças. Os seguranças devem ser treinados adequadamente antes de serem
colocados na área da missão.

52
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Ao mesmo tempo, a coordenação da segurança também deve estar familiarizada com esse tipo de
tarefas. Os seguranças precisam ser capazes de integrar e sustentar totalmente um plano operacional
de proteção rigorosa desenvolvido pela segurança sem nenhum problema.

Além de qualquer ameaça terrorista ou criminosa a que um protegido ou outro ativo protegido
esteja sujeito, as operações de proteção móvel são vulneráveis aos riscos normais de viajar por rodovia.

Os motoristas de veículos usados na proteção móvel devem sempre dirigir de acordo com o tipo
e o nível de treinamento que receberam e permanecerem responsáveis pelas decisões de direção
que tomam.

Embora a velocidade do trânsito possa ser desejável em algumas operações, deve ser prioritária a fim
de garantir que o trânsito seja concluído com segurança para o protegido, o público em geral e para os
próprios seguranças.

É um requisito apropriado que todos os motoristas de escolta sejam treinados adequadamente


em técnicas de direção defensiva e somente aqueles devidamente autorizados devem ser usados para
esse fim.

Lembre-se da segurança e a gradação do uso da força, porque os veículos podem constituir força
letal, e os motoristas são responsáveis por suas ações.

A responsabilidade pela maneira como os veículos são usados cabe aos motoristas, que talvez
precisem justificar suas ações em processos judiciais.

Os seguranças encarregados da proteção móvel devem avaliar as circunstâncias específicas de cada


operação e decidir sobre a estratégia de proteção mais relevante, usando o processo de gerenciamento
de riscos. Isso permitirá que outros seguranças, inclusive a proteção direta do protegido, ofereçam
suporte da maneira mais apropriada e econômica e, posteriormente, para o nível apropriado de
recursos disponíveis.

O movimento por rodovia dos protegidos nem sempre implica uma escolta formal. Em geral, pode
ser mais apropriado, sujeito à decisão de gerenciamento de riscos, que o segurança de proteção pessoal
que acompanha o protegido use uma abordagem discreta e secreta, com movimentos não anunciados
e pontos discretos de chegada e partida.

Por exemplo, para um protegido que tenha uma alta ameaça, em compromissos privados, pode ser
apropriado fornecer uma operação de alta segurança, mas de baixo perfil. Nesses casos, se for necessária
uma escolta, o uso de motociclistas armados para facilitar o progresso, sem o fechamento de estradas
ou outras atividades de alto perfil, pode ser a medida mais eficaz.

Alternativamente, uma operação móvel totalmente secreta pode ser preferível. Para uma operação
de alta segurança e alto perfil do protegido, um gerenciamento deve ser cuidadosamente coordenado.

53
Unidade I

A escolta, incluindo motociclistas, apoiada por seguranças mais fortemente armados em carros,
juntamente com uma capacidade de contra-ataque secreta e outras táticas, contendo iscas, pode
ser necessária.

É importante que todos os seguranças envolvidos nas partes componentes do pacote de proteção
estejam cientes da estratégia de proteção e dos riscos que a originam. Isso permite que gerentes,
planejadores de eventos e unidades participantes garantam que:

• a coordenação eficaz tenha de ocorrer;

• os recursos sejam alocados e implantados adequadamente;

• a estrutura de comando seja definida e entendida;

• as comunicações eficazes sejam organizadas;

• todos os participantes sejam informados de forma eficaz.

Em princípio, um comboio não deve conter mais de cinco veículos, caso contrário, torna-se seu
deslocamento pesado. Veículos não essenciais que não executam uma tarefa específica precisam
ser excluídos. A prática de formar um segundo comboio separado com seus próprios arranjos de
acompanhantes pode ser considerada, se necessário.

A maioria dos comboios consiste em não mais que quatro veículos. Quatro é um número ideal; menos
automóveis facilitam a identificação do carro do protegido e, assim, contribuem para comprometer
o ocupante. Todos os veículos devem estar em conformidade com o mesmo padrão de desempenho
sempre que possível.

Todos os veículos utilizados devem ter quatro portas e, dependendo da ameaça, necessitam ser
protegidos com blindagem balística, incluindo janelas, painéis de portas e material rodante (pneus e
rodas). Todos os automóveis de comboio precisam estar equipados com espelhos retrovisores.

Os motores dos veículos devem permanecer em funcionamento até que o protegido esteja seguro
dentro de um edifício e ser ligados com bastante tempo antes que o protegido retorne para permitir que
ele atinja sua temperatura normal de trabalho.

Os veículos de comboio têm de sempre ser mantidos totalmente abastecidos e, em qualquer caso,
nunca podem estar com os tanques de combustível abaixo da metade, excluindo a reserva.

54
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Saiba mais

Recomendamos a leitura da Portaria n. 94-COLOG, de 16 de agosto de


2019, sobre blindagens balísticas:

BRASIL. Portaria n. 94-COLOG, de 16 de agosto de 2019. Dispõe sobre


o exercício de atividades com veículos automotores blindados, blindagens
balísticas e o Sistema de Controle de Veículos Automotores Blindados e
Blindagens Balísticas. Brasília, 2019c. Disponível em: http://www.dfpc.
eb.mil.br/images/Portaria94.pdf. Acesso em: 15 maio 2020.

2.13.1 Carro-líder

O motorista do carro-líder é responsável pela velocidade e posição do comboio na estrada.


É importante que a velocidade do comboio seja tal que permita ao carro-líder gerenciar o tráfego com
segurança e eficiência.

O motorista do carro-líder deve seguir as instruções e, observando a situação à frente e julgando a


velocidade e a distância, manter uma área estéril ao redor do comboio sempre que possível.

O segurança do carro-líder é responsável por transmitir as instruções específicas do veículo ao


motorista que o guia. O chefe da segurança também deve permanecer taticamente atento e alerta a
qualquer veículo que possa estar tentando interferir ou ameaçar a integridade do comboio.

O carro-líder tem a função de garantir que haja espaço suficiente para o comboio se mover em um
bloco único. O carro-líder também levará pessoal usado para tradução caso o protegido seja estrangeiro.

2.13.2 Veículo protegido

O veículo protegido é usado para transportar o protegido, é conduzido por um motorista.


Ele deve seguir as instruções do carro-líder e, observar a situação à frente e julgar a velocidade e a
distância, precisa manter uma área estéril ao redor do comboio, conforme necessário, de acordo com o
plano operacional.

O motorista do protegido também é responsável por garantir a condução mais tranquila possível
para o protegido em circunstâncias normais, bem como ter o mais alto nível de habilidades de direção
defensiva em caso de incidente.

O segurança de proteção pessoal viajará no veículo do protegido, é responsável por fornecer cobertura
a ele, comunicar-se com o comboio, preparar o uso de armas de fogo e transferir o protegido para um
veículo alternativo se o veículo principal for imobilizado.

55
Unidade I

2.13.3 Carro da equipe de escolta de proteção (PET)

O carro da equipe de escolta de proteção (PET) é usado para transportar apenas agentes de proteção.
Dos veículos do comboio, o carro da PET pode dirigir mais abruptamente, usando táticas de bloqueio
para impedir que os veículos interceptem o comboio.

No caso de operações com comboios de baixo perfil, o veículo PET pode optar por aumentar a
distância entre o veículo protegido e o seu veículo a fim de elevar o perfil do comboio. No entanto, em
nenhum momento, o veículo PET deve ser incapaz de observar o veículo protegido nem estar a uma
distância que exceda o alcance efetivo das armas de fogo transportadas no veículo.

Em caso de incidente, o veículo pode ser usado como um escudo para o veículo protegido e enviar
agentes de proteção para se envolver com a ameaça, conforme necessário.

O carro da PET poderá ser usado para transportar o protegido no caso de o veículo principal ser imobilizado.

2.13.4 Veículo-piloto

Onde um comboio viaja através de fronteiras desconhecidas, um carro-piloto pode ser fornecido
sujeito a uma avaliação de ameaça apropriada.

O carro-piloto fornece:

• comunicação aprimorada dentro dessa área;

• conhecimento de trabalho detalhado das rotas e condições locais.

2.13.5 Veículo traseiro

Os veículos traseiros serão utilizados apenas em operações de segurança móvel de alto perfil.

O motorista do carro traseiro deve manter uma área estéril na parte traseira do comboio, a fim
de evitar invasões no comboio na direção que estão seguindo e alertar o carro da PET sobre qualquer
pessoa que tente fazê-lo.

2.13.6 Veículos da equipe de contra-ataque (CAT)

A inclusão de um veículo da equipe de contra-ataque (CAT) deve ser considerada apenas para
escoltas de ameaças particularmente altas. O veículo da CAT é implantado para se opor a um ataque,
para proteger a autoridade ou VIP diretamente ou para cobrir a retirada do protegido.

Um veículo da CAT pode ser implantado de maneira uniforme ou secreta, dependendo da decisão de
adotar uma escolta de alto ou baixo perfil.

56
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Nos casos em que a movimentação de um protegido faz parte de uma operação mais ampla, um
veículo da CAT só deve ser implantado após consulta com o coordenador de proteção.

Sob algumas circunstâncias, as pessoas adicionais em que serão atribuídas a função de


contra-ataque podem viajar no carro da PET ou veículo traseiro a fim de reduzir ainda mais o perfil do
comboio, mantendo uma capacidade de suporte aprimorada.

2.13.7 Carro de varredura

O carro de varredura normalmente possui três seguranças, todos armados com revólveres e dois
com boa capacidade de armas de fogo. Embora faça parte da implantação geral do comboio, o carro de
varredura opera como um componente desanexado, protegendo o comboio a uma distância discreta,
de modo que não é provável que seja pego imediatamente em um ataque ao comboio.

No entanto, deve estar bem posicionado para responder a outros veículos que representam uma
ameaça à integridade do comboio ou a uma emboscada. Caso ocorra um incidente, os seguranças
fornecem apoio tático ao comboio principal, e o motorista assumirá responsabilidade pelas comunicações
e irá coordenar a assistência externa ao comboio.

O carro de varredura também ajudará o comboio principal:

• Ao parar para lidar com qualquer incidente em que seja necessária ação imediata, como outro
veículo comboio envolvido em um acidente de trânsito.

• Quando um veículo de comboio for desativado ou avariar, o carro de varredura fornecerá a


substituição imediata, preservando assim a integridade da estrutura e a função do comboio.

Os seguranças podem estar envolvidos na proteção de vários VIPs, e veículos blindados adicionais
para a escolta podem desempenhar um papel fundamental da segurança na estrada. A imagem dos
seguranças também pode ser vista de forma menos agressiva do que uma escolta composta de veículos
militares. Os seguranças que estão participando do comboio com carro-líder e veículos traseiros ou carro
de varredura, na maioria dos casos, estão armados.

As comunicações efetivas, do comboio e para ele, são vitais e precisam de uma consideração
cuidadosa como um recurso operacional essencial do plano de proteção.

Os canais de rádio-padrão podem ser fortemente monitorados por entusiastas e outros e, portanto,
não são adequados para a transmissão de informações confidenciais. Quando as comunicações dependem
de tais sistemas, a manutenção do silêncio por rádio deve ser observada, exceto em emergências. É uma
solução eficaz para a estrutura de comunicação potencialmente complexa.

Para operações em que é necessária alta segurança, é altamente recomendável o uso de sistemas de
rádio e comunicação criptografados robustos e confiáveis. Em todas as comunicações, criptografadas
ou não, é importante que os nomes de locais e estradas não sejam fornecidos em linguagem simples.
Alternativas codificadas são recomendadas.

57
Unidade I

Sempre que possível, todos os veículos em um comboio escoltado devem ter comunicação direta
de um carro para outro. A necessidade é aumentada durante operações de alto risco ou ameaça, em
que automóveis auxiliares podem precisar ser excluídos durante o movimento se o comboio estiver no
caminho de uma ameaça de ataque aumentada ou iminente.

2.13.8 Comboio de comunicações internas

O benefício de um canal de rádio carro a carro dedicado dentro do comboio é claramente identificado.
Permite o fluxo contínuo de informações necessárias para a coesão e o controle do comboio, bem como
para a capacidade de responder imediatamente a uma situação perigosa.

As figuras a seguir mostram o movimento de um comboio constituído pelo veículo protegido e pelo
veículo da PET (veículo de segurança ou não) em caso de ultrapassagem por um terceiro veículo.

Antecipando uma ultrapassagem por um veículo desconhecido, o carro da PET começa a se mover
em direção ao meio da estrada para proteger o veículo de proteção (PV).

Ao mesmo tempo, o motorista do PV se move para a direita a fim de facilitar a manobra do


motorista do veículo de escolta de proteção. Os movimentos devem ser coordenados e iniciados por
ordem do líder do veículo de escolta de proteção.

O veículo de escolta de proteção se coloca entre o PV e o veículo desconhecido a fim de impedir


qualquer ataque.

Os dois veículos retornam à sua posição inicial após as ultrapassagens. Depois de mostrar várias
vezes os movimentos dos veículos, exercícios práticos devem ser propostos e executados.

PET
LC PV

Figura 12 – Formação de comboio

Nessa situação, o carro-líder e o veículo de escolta de proteção se movem em direção ao meio da


estrada para proteger o veículo protegido. O motorista do veículo protegido inicia seu movimento para
o lado direito da estrada por ordem do líder do veículo de escolta de proteção. Os veículos encarregados
da proteção do cliente retornam à sua posição inicial após a ultrapassagem.
58
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Como é provável que um ataque se concentre no núcleo do comboio, ou seja, no PV ou no veículo


de escolta de proteção, o alerta de rádio imediato permitirá que os não envolvidos diretamente
informem o centro de comando relevante, forneçam um local exato, o relatório de situação e a
convocação de assistência.

Essa função geralmente recai sobre o carro-líder, mas nas circunstâncias potencialmente confusas
de um ataque repentino, se não for imediatamente executado pelo carro-líder, será feita por qualquer
oficial capaz de fazer a transmissão.

Quando uma tentativa de interromper o comboio é feita por um atacante, por exemplo, por um
veículo conduzido ao longo da rota, isso deve ser contornado sempre que possível, permitindo que o
comboio prossiga. Se isso não puder ser alcançado, forçar outra opção para remover a obstrução é uma
opção adicional fornecida:

• As circunstâncias podem ser totalmente justificadas.

• A probabilidade de remover a obstrução supera a de desativar o veículo de colisão.

• O veículo do protegido não deve se envolver em colisões, a menos que seja totalmente inevitável.

Durante as operações realizadas em ambientes remotos ou em circunstâncias em que


o atendimento definitivo deve estar a mais de sessenta minutos da posição do comboio a
qualquer momento, os ativos médicos devem ser atribuídos ao comboio ou colocados em pontos
pré-designados ao longo da rota.

Contato pela esquerda

PET

PV

Figura 13 – Contato pela esquerda

A figura anterior ilustra a tática a ser usada pelo veículo de escolta de proteção em caso de ataque
no lado esquerdo da estrada. O principal objetivo é proteger o PV, colocando o veículo de escolta de
proteção entre o PV e o local de onde os atiradores estão em ação.

59
Unidade I

Contato pela direita

PV

PET

Figura 14 – Contato pela direita

A figura anterior demonstra a tática a ser usada pelo veículo de escolta de proteção em caso de
ataque no lado direito da estrada. O principal objetivo é proteger o PV, colocando o veículo de escolta
de proteção entre o PV e o local de onde os atiradores estão em ação.

Contato pela frente

PET
PV

Figura 15 – Contato pela frente

O principal objetivo é proteger o PV, colocando o veículo de escolta de proteção entre o PV e


o local de onde os atiradores poderão estar em ação. Nesse caso, o veículo de escolta de proteção
ultrapassa o PV e interrompe sua progressão. O uso de armas de fogo é feito de acordo com os
princípios de autodefesa.

Após essa manobra, os dois veículos começam a se mover para trás. O PV está sempre sob o resguardo
do veículo de escolta de proteção durante todo o processo.

60
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

Contato pela traseira

PET
PV

Figura 16 – Contato pela traseira

O veículo de escolta de proteção já está em posição de proteger o PV. Continua avançando, acelera
e deve usar a força de acordo com os princípios de autodefesa.

Bloqueios na estrada

PET PV PC
PET 100 mt

Figura 17 – Bloqueio na estrada

A figura anterior ilustra a tática a ser usada pelo veículo de escolta de proteção ou pelo carro-líder
em caso de bloqueios na estrada.

Nessa situação, quando possível, o comboio faz uma curva em U e se move na direção oposta.
Barreiras podem ser usadas para emboscar o comboio.

Em caso de presença de objetos removíveis, o veículo de escolta de proteção pode ser usado como um
martelo para removê-los. A prioridade está aqui para manter o comboio em movimento, sem nenhuma
parada que possa colocar o principal em perigo.

Eventos mundiais recentes demonstraram a capacidade e a intenção de grupos terroristas de


perseguir seus objetivos contra alvos estáticos. Embora esses atos possam ser os principais em nossa

61
Unidade I

mente, também deve ser reconhecido que outros incidentes de atividades criminosas e eventos de
desordem pública podem ter um sério impacto na segurança.

Essa realidade levou os profissionais de segurança a aumentar a conscientização e introduzir medidas


efetivas, como proteção pessoal, guardas de segurança armados, acesso restrito e regimes de busca de
rotina, por funcionários adequadamente treinados e em muitos outros locais, como prédios para os
quais os funcionários viajam ou tenham acesso.

O que é necessário para todas as operações de proteção estática é a aplicação adequada do gerenciamento
de riscos, juntamente com métodos e princípios de proteção sólidos, bem pensados e eficazes.

Muitas das medidas de proteção estática atualmente usadas pelas equipes de segurança foram
estabelecidas e desenvolvidas dentro de um sistema por um longo período. No atual clima de segurança,
no entanto, à medida que a ameaça contra seus protegidos se torna mais generalizada e frequente, as
equipes de segurança estão cada vez mais baseando seus futuros sistemas de segurança no conhecimento
adquirido e em suas experiências contemporâneas com o terrorismo internacional.

Os métodos para combater novas ameaças do terrorismo continuam sendo desenvolvidos, e as


equipes de segurança devem garantir que sempre fiquem à frente desse desafio ou então sofram
as consequências inevitáveis.

A proteção estática refere-se a uma ampla variedade de contramedidas disponíveis, aplicadas fora
ou dentro de perímetros para proteger uma pessoa, atividade ou local de uma ameaça percebida.
A ameaça pode ser de terroristas, criminosos, grupos politicamente perturbadores e pessoas solitárias.

2.13.9 Escolta motorizada

É a segurança proporcionada à autoridade quando esta se desloca em veículos. Durante a execução


da escolta motorizada, é fundamental que sejam tomados cuidados em relação aos veículos que podem
ser utilizados, sendo que os mais comuns são carros, motos, quadriciclos e segways (diciclo de duas
rodas lado a lado). A escolha de qual é mais apropriado deve ser feita com base no tamanho da área,
topografia do local e a distância que percorrerá.

Figura 18 – Tipo de segway

62
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

2.13.10 Normas de utilização de viaturas

Para utilização das viaturas de escolta, é necessário:

• carro examinado e bem guardado;

• inspeção antes do uso;

• deslocamento por itinerários previamente escolhidos;

• itinerários variados;

• portas trancadas e vidros fechados, principalmente no carro da autoridade;

• plena atenção em todos os movimentos;

• máxima velocidade com segurança;

• em caso de ataque, manter-se em movimento;

• estacionar sempre com a frente voltada para a saída;

• não permanecer sentado no carro estacionado;

• deixar espaço para manobras no trânsito.

O profissional da escolta armada deverá possuir Curso de Formação de Vigilante (CFV) de 200 horas/aula
e o Curso de Extensão em Escolta Armada (CEA) de 50 horas/aula conforme a Portaria DPF n. 3.258/2013,
de 2 de janeiro de 2013 (BRASIL, 2013b), devidamente realizado.

Figura 19 – No deslocamento é bom deixar uma margem para manobras

63
Unidade I

2.13.11 Equipamentos da viatura

São considerados como equipamentos para todas as viaturas de segurança e de acordo com as
necessidades detectadas durante o planejamento:

• dois pneus de estepes;

• material para revista do veículo e de pessoas;

• armas longas do tipo espingarda;

• ferramentas, lanternas e sirenes;

• máscara contra gases ou granadas, sejam de fumaça ou gás lacrimogênio;

• dispositivos para comunicação;

• bolsa de primeiros socorros;

• equipamentos para pernoite dos seguranças;

• macacões e luvas;

• ferramentas como pás, picareta, machadinha, utilizadas no trabalho com a terra, como escavações,
perfurações, retirada de terra.

Lembre-se de manter em excelentes condições cintos de segurança, direção, freios, luzes, buzina; e
de utilizar viaturas com menos de dois anos de uso e com potência igual ou superior ao veículo utilizado
pela pessoa protegida.

Figura 20 – Ferramentas podem ser necessárias em emergências

64
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

2.13.12 Medidas preventivas

Os seguintes equipamentos devem ser verificados antes da partida:

• espelhos retrovisores externos;

• cinto de segurança;

• direção, freios, luzes, buzina, deverão estar em excelente estado;

• veículo com menos de dois anos;

• viatura deve estar sempre limpa.

Figura 21 – A limpeza da viatura é uma boa medida

2.13.13 Situações que devem ser evitadas

Há várias situações que devem ser evitadas no deslocamento:

• paradas, mesmo que rápidas, junto a ônibus, caminhões e veículos fechados;

• paradas próximas de meio-fio;

• paradas perto de carrocinhas e vendedores.

2.13.14 Cuidados no deslocamento

Com relação ao deslocamento, deve-se ficar atento a:

• usar horários adequados;

65
Unidade I

• observar condições climáticas, pois chuva pode atrapalhar o comboio pela redução da velocidade
do tráfego;

• demonstrar cautela nos pontos críticos, como esquinas, hospitais, pontos de redução de velocidade,
como lombadas no piso ou eletrônica;

• ter cuidado com obras, motociclistas e ciclistas.

Figura 22 – Manter horários é fundamental

2.13.15 Cuidados com a viatura

Atenção para os cuidados a seguir:

• Deixar o veículo sempre fechado na garagem.

• Antes do uso, examinar:

— chão em torno do carro;

— laterais do carro;

— rodas e para-lamas;

— capo e malas;

— interior.

66
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

2.14 Modus operandi e implementação

Modus operandi é uma expressão em latim que significa “modo de operação”. Existem vários fatores
que influenciam na segurança privada, como vulnerabilidade dos equipamentos, localização da área de
segurança, situação econômico-financeira da área, capacidade dos agentes do crime, nível de instrução
do pessoal da organização (em particular, dos agentes de segurança), grau de atração do alvo, ineficiência
dos órgãos de segurança pública, escassez de recursos financeiros e materiais, existência de área que
propicie ao oponente realizar sua ação, como uma área de mata ou mal iluminada.

Assim, os profissionais de segurança se obrigam a empregar técnicas, tecnologias e mão de obra, e


sistemas integrados. É essencial que o agente estude o modus operandi dos potenciais inimigos do seu
segurado e seja capaz de antever os passos. Um argumento possível em favor de seguranças do tipo
“Bruce Willis” na série Duro de matar, mas não pode se esquecer de que pouco valerão sua disposição
física e o seu armamento, se ele vier a ser atacados por um inimigo inteligente e disposto a explorar a
vantagem da surpresa.

Em todo planejamento de uma segurança pessoal, sempre é necessário coletar informações e avaliar
quais os dados disponíveis sobre riscos, como os perigos, atentados e acidentes, inimigos e adversários
do protegido, identificação de grupos de pessoas ou de indivíduos, avaliação de recursos à disposição dos
adversários que possam ser empregados em ações de atentado, histórico de ações anteriores cometidas
pelos referidos grupos ou indivíduos, seu modus operandi, denúncias anônimas etc.

Assim, é necessário que o motorista tenha uma cultura de condução de alto respeito e educação
nos códigos de trânsito e, claro, ele deve ser um motorista profissional. Com relação aos seus hábitos,
ele não deve ter um temperamento esquentado e não precisa possuir hábitos alcoólicos, pois o álcool
desorganiza o julgamento, a visão e o equilíbrio e produz excesso de confiança ou ousadia. Um homem
de temperamento esquentado não espera sinais ou reduz a velocidade em curvas perigosas, alguém com
esse tipo de temperamento usa palavras abusivas e reclama sempre da função.

Ele deve ser bem remunerado, bem alimentado (não necessariamente no momento da condução),
porque a fome e o excesso de alimentação causam cansaço e sonolência. E lembre-se de que se uma
empresa não pagar corretamente o funcionário e você a contratar, você será solidário ao problema e,
em um caso de processo trabalhista, responderá solidariamente.

O segurança deve ser hábil em se expressar e em usar o rádio de forma eficaz. Por ser um oficial de
segurança, portanto, pode comandar e controlar o tráfego. Necessita estar alerta sobre os perigos a que
as personalidades estão sujeitas e ser leal à organização. O motorista do carro denominado carro-líder
(o carro que segue na frente) é responsável por garantir que a rota selecionada permaneça limpa e viaje
a uma distância anterior ao comboio principal, para que, se uma rota não for mais adequada, o veículo
protegido possa seguir uma rota alternativa sem ser forçado a desacelerar ou parar. O controle de
tráfego, se necessário, é gerenciado pela polícia local, e o carro-piloto deve manter a comunicação com
essas autoridades. O motorista do carro-piloto, sozinho, é responsável por escolher a rota selecionada.

67
Unidade I

O carro-piloto viaja bem à frente do comboio, controlando e gerenciando o tráfego à sua frente a
fim de garantir uma viagem ininterrupta ou para notificar o comandante do comboio sobre quaisquer
obstruções ou bloqueios.

O segurança do carro-piloto, que viaja ao lado do motorista, é responsável por transmitir as instruções
do motorista do carro-piloto por rádio para o carro-líder e por manter uma localização precisa do
carro-piloto para o comandante do comboio. A localização exata do comboio em trânsito é de importância
crucial, principalmente, no caso de um incidente.

Por estar distante da vizinhança imediata de um ataque ao comboio, o carro-piloto estará em melhor
condições de receber assistência por rádio.

Figura 23 – GPS ajuda na locomoção

Resumo

Vimos o que se considera segurança pessoal privada, serviço executado


por empresa de segurança privada autorizada pela Polícia Federal do
Brasil para a proteção da pessoa física por profissionais devidamente
habilitados para exercer a função.

Esses profissionais estão se conscientizando da importância de se


planejarem para se oporem a problemas impostos pela ausência da
segurança pública com o crescimento da agressão em espaço urbano, pelos
avanços tecnológicos e pelos diversos tipos de atos ilícitos que podem
afetar o total desenvolvimento de uma empresa.

Também vimos que os seguranças encarregados da proteção móvel


devem avaliar as circunstâncias específicas de cada operação e decidir
68
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

sobre a estratégia de proteção, chamada de modus operandi, mais


relevante, usando o processo de gerenciamento de riscos, pois para uma
operação de alta segurança e alto perfil do protegido, um gerenciamento
deve ser cuidadosamente coordenado. Também observamos os cuidados no
deslocamento tomando as devidas precauções com as viaturas, não só dos
seguranças como do protegido.

Exercício

Questão 1. Você trabalha como chefe de segurança em uma universidade, é informado que na
semana seguinte, vai ocorrer uma solenidade com a presença do presidente do tribunal de justiça, o
governador do estado e de vários secretários, inclusive o de segurança pública, que, recentemente, foi
ameaçado de morte por uma facção criminosa, fato amplamente noticiado pela imprensa. Em razão da
solenidade, você:

A) Reúne sua equipe para organizar a avaliação dos riscos de segurança e a organização do
plano operacional.

B) Pede autorização para usar armas de grosso calibre de forma a reagir prontamente se for necessário.

C) Faz contato com a polícia civil e militar para saber como agir.

D) Pede a colaboração dos alunos para que auxiliem na proteção das pessoas que vão estar no local
durante a solenidade.

E) Decide que todos os seguranças devem portar terno preto e sapato social para que estejam em
conformidade com aquele momento solene.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: a avaliação de riscos à segurança é essencial para identificar as ameaças de perigo de


forma correta, o plano operacional como cronograma detalhado é que vai orientar as ações de toda a
equipe de segurança.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a utilização de armas e a definição do calibre, se elas forem necessárias, só ocorrerão


depois da avaliação de riscos e da organização do cronograma da operação.

69
Unidade I

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: no âmbito da defesa das autoridades no interior da universidade, o planejamento deve


incluir a participação da segurança pública e privada, por isso o contato precisa ser feito apenas depois
que a chefia da segurança privada identificar riscos e definir o organograma de ação.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: em nenhuma hipótese, a segurança privada poderá contar com a colaboração de


alunos, porque eles não são capacitados para o exercício dessas funções.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a definição de vestimenta a ser utilizada no dia da solenidade pelos seguranças privados
deverá ocorrer após a avaliação de riscos e da organização do cronograma de ação.

Questão 2. Um jogador de futebol famoso compareceu a um evento que reuniu milhares de


pessoas em uma comunidade muito pobre na periferia de grande cidade do Brasil. O evento transcorria
normalmente com distribuição de brinquedos e roupas para as crianças, quando um tumulto generalizado
se estabeleceu porque alguém gritou que traficantes estavam no local. A segurança privada do jogador
de futebol imediatamente retirou-o do local e, na saída, impulsionou os veículos com alta velocidade
e feriu algumas pessoas que lá estavam, infelizmente, causando o óbito de um rapaz. Movida a ação
judicial penal e civil para apuração das responsabilidades, o chefe da segurança privada do jogador de
futebol alegou:

I – Que houve um erro de avaliação de riscos e de ação, que a alta velocidade não poderia ter sido
utilizada sem que houvesse segurança para as pessoas que estavam no local e que os responsáveis
devem responder por seus atos como determina a lei.

II – Que a multidão tentou intimidar a segurança privada e não havia outro meio para proteger a
vida do jogador, pessoa de bem que estava no local para praticar atos de beneficência, que não fosse
a saída em alta velocidade.

III – Que o fato resultou de tumulto e, portanto, não gera responsabilidade, é caso fortuito ou de
força maior.

Assinale a alternativa correta:

A) I, somente.

B) II, somente.

C) III, somente.

70
GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PESSOAL E EXECUTIVA

D) II e III, somente.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: a segurança privada que organiza um plano de ação deve avaliar todos os riscos possíveis
em conformidade com cada situação que vai ser vivenciada. Se o uso de um instrumento (arma de fogo,
por exemplo), ou estratégia (fuga em alta velocidade com veículo), resultar em danos materiais ou
imateriais para outras pessoas, mesmo que o planejamento tenha sido muito bem realizado e executado,
é obrigação legal dos agentes de segurança privada assumirem suas responsabilidades no âmbito civil e
penal. No âmbito civil, resultará em pagamento de indenização pelos danos comprovadamente ocorridos
e, no âmbito penal, o apenamento em proporção à prática cometida.

II – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a alegação não é correta porque em ambiente com a presença de muitas pessoas a fuga
em alta velocidade não pode ser considerada solução, pois fatalmente vai gerar ferimentos em pessoas
que estejam no local. O fato de o jogador estar lá para praticar atos de beneficência não o eximem de
adotar todos os cuidados para que nenhum dano seja causado às pessoas presentes.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o evento organizado pelo jogador de futebol e sua equipe é que foi a causa do tumulto,
razão pela qual a responsabilidade pelos danos é inteiramente deles.

71

Você também pode gostar