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Maíra Moraes, doutora em comunicação pela Universidade de Brasília,

professora e coordenadora do MBA em comunicação governamental e


marketing político no IDP-Brasília.

1. Como o nome do candidato é incorporado na estratégia de marketing?

Primeiramente, é importante entender que a categoria “nome” em uma eleição é bem


ampla e inclui nome, sobrenome, apelido, insígnias, categoria profissional, religiosa e,
por fim, o próprio número.

Esse conjunto de características pode ser favorável ou desfavorável a um candidato e


essa avaliação deve partir de uma pesquisa e planejamento inicial em que, o principal
reverencial é sua base eleitoral e segmentação de público.

Se usando o sobrenome traz votos em sua região, o sobrenome será destacado nas
estratégias de comunicação, se tira votos, será omitido.
Se seu segmento é religioso, sua posição será destacada e assim define-se o nome do
candidato.

O mais importante na estratégia é entender como o nome pode ser transformado em um


capital eleitoral com a melhor conversão de votos.

2. Para quem tenta a eleição pela primeira vez, a escolha do nome pode
influenciar o futuro político?

O nome em si é apenas uma as variáveis que pode definir o futuro político. Se um


nome se transforma em um problema, por exemplo, estrategistas são capazes de
elaborar uma ação de reposicionamento de imagem ou a construção simbólica a partir
de uma nova categoria incluindo um novo partido, outra região, outras propostas etc.

3. O uso de nomes engraçados/irreverentes pode prejudicar a imagem do


candidato?

Depende do que se entende por “prejudicar”. A política nacional é personalista,


o brasileiro vota em pessoas e não necessariamente em uma proposta partidária, em um
projeto nacional.
Nesse sentido, a preocupação dos candidatos é cada vez mais com sua base. Se
seus eleitores se divertem com seu nome e sua propaganda, esse será o investimento em
narrativa. As redes sociais fortaleceram esse perfil.
Em 1949, o caso do “deputado indecoroso” Edmundo Barreto Pinto, que
figurou na imprensa em “trajes menores” resultou na primeira cassação de mandato
por incompatibilidade com o decoro parlamentar. Esse caso muito bem tratado pela
antropóloga Carla Teixeira em seu livro A honra da política.
Hoje, nomes como Doidão, Loira da Ração, João do Biscoito quando bem
trabalhados, podem levar uma cadeira. Apesar de irreverente, Tiririca segue com seu
mandato.

4. Qualquer outro comentário relativo aos nomes utilizados dentro da estratégia de


marketing que você puder adicionar, eu ficarei muito agradecida.

A tese de que o nome de candidat inclui “nome, sobrenome, apelido, insígnias,


categoria profissional, religiosa e, por fim, o próprio número”, é a escalada de uso de
referências como pastores, bispos e missionários. Em 2022, cerca de 630 candidatos
escolheram ter um nome religioso nas urnas. Em 2018, foram 606 os postulantes que
optaram por esse tipo de identificação.
O mesmo movimento encontramos entre os militares. Cerca de 1.858 policiais,
bombeiros e militares estão no pleito de 2022. O aumento é de 27,5% em relação a
2018. O nome de cada um deles, começa com sua posição na hierarquia militar.

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