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31/08/22, 12:13 Biografia de Alfredo Keil | O Leme - Magazine


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tas.

ALFREDO
KEIL
Lisboa, 03-07-1850
— Hamburgo, 04-10-
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31/08/22, 12:13 Biografia de Alfredo Keil | O Leme - Magazine

1907)

Por Luísa Viana


Paiva Bóleo

A versão inicial deste


m texto foi publicada na
revista Pública do
Jornal Público de 5 de
de Outrubro de 1997.
A
o presente versão,
revista e actualizada
pela autora, foi inserida
no magazine sem fins
lucrativos O Leme em
21 de Julho de 2006.

ar

Para a maioria
dos
portugueses
tas. Alfredo Keil
significa
apenas o
nome do autor
da música do
Hino Nacional.
Mas este
português de
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português de
origem alemã

foi, além de
compositor,
também
m
escritor, poeta,
de
fotógrafo,
o pintor e
coleccionador
de obras de
arte.
ar

O primeiro elemento da família Keil veio para


Portugal em meados do séc. XIX. Chamava-se
tas. Johan Christian Keil, alemão de Hanover, exilado
político, que em 1839 se estabeleceu em Lisboa,
como alfaiate, aí passando a residir. Casado com
Maria Josefina Stellpflug, de origem alsaciana,
deram origem a uma família de artistas em
várias áreas, principalmente na música e
pintura. Deste casamento nasceu, no palácio de
Barcelinhos, em 1850, aquele que viria a ser filho
único do casal, Alfredo Cristiano Keil.

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Mestre alfaiate Christian Keil possuía duas


alfaiatarias na Rua Nova do Almada e viria a ser
o alfaiate do rei D. Luís e de boa parte da
aristocracia e burguesia rica lisboeta. Porém a
sua clientela estendia-se a outros países. Muitos
clientes vinham a Lisboa mandar fazer os seus
fatos, visitar a cidade e ficariam amigos deste
m alemão emigrado e bem relacionado. Johan Keil
rapidamente se liga à alta finança internacional,
investe em diversas Bolsas e adquire uma
de fortuna considerável, nomeadamente em títulos
o e imóveis a render, em Lisboa.

O filho pôde assim ter urna educação de menino rico


sem qualquer limitação nos seus estudos e viagens.
Desde muito novo que Alfredo Keil mostrou um
talento invulgar para a música, tendo, aos 12 anos,
ar escrito a sua primeira peça musical com o título
Pensé Musicale, que dedicou à mãe.

Estudou no Colégio de Santo António e, em 1858, já


tinha lições de música com António Soller. Em 1860,
com apenas 10 anos, frequentava o colégio Britânico
tas. na Rua Vale de Pereiro, em Lisboa. Teve lições de
piano com o famoso pianista húngaro Oscar de La
Cinna. Em 1869 viajou com o pai pela Europa,
passando por Madrid, Paris, Genebra, Zurique,
visitando museus e monumentos e acabando por
ficar em Nuremberga, para frequentar a Academia
Real de Belas Artes. A Guerra franco-prussiana, em
1870, força-o a regressar a Portugal, onde frequenta
então aulas de pintura com Miguel Luppi.
Teve ainda
como professores de música, António Soares e

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Ernesto Vieira, e aulas de desenho com o professor


Joaquim Prieto, da Academia Real de Belas Artes.

Em 1878 Keil concorreu à exposição de Paris com a


tela “Melancolia”, que lhe valeu uma Menção
Honrosa, e em 1879, recebeu a Medalha de Ouro na
Exposição no Rio de Janeiro. Expôs também em
Madrid com grande sucesso.
m

Fernando Pamplona, no Dicionário de Pintores e


de Escultores, refere-se nestes termos à pintura de
o Alfredo Keil: «o seu romantismo discreto, amável,
sem exageros é temperado pelo clima realista da
pintura do tempo.» E elogia a «sensibilidade de
contemplativo em que se adivinha a influência de
Corot». Maria Luísa Bártolo, por sua vez, dirá que
Alfredo Keil tem uma «maneira delicada de tratar as
figuras femininas, nos pormenores do adorno, na
ar suavidade cálida do interior.»

Alfredo Keil casou, em 1876, com Cleyde Maria


Margarida Cinatti, filha de um arquitecto e cenógrafo
muito famoso na época, de nome Giuseppe Luigi
Cinatti. O casal teve quatro filhos – Joana, Paulo,
tas. Guida e Luís. Joana morreu criança; Paulo morreu já
adulto, sem filhos, Guida, que cursou Belas Artes e foi
autora da obra «Carolina Coronado, poetisa
romântica» (1960), tinha uma personalidade forte,
para urna menina da sua época. Foi protagonista de
uma aventura amorosa que parecia saída da pena de
Camilo Castelo Branco, quando decide deixar marido
e dois filhos para ir viver com o homem que amava.

Curioso que o seu divórcio foi o primeiro após a


implantação de República. Viria depois a casar com o
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amor da sua vida – Francisco Coelho do Amaral. O


primeiro filho, Francisco Keil do Amaral, nasceu em
Abril de 1910 e deu origem a uma “dinastia” de
arquitectos de renome, que ainda são vivos.
Francisco Keil do Amaral (pai) é marido da grande
pintora e ilustradora Maria Keil, nascida em 1914.

O quarto filho de Alfredo Keil, Luís, seguiu também


m
na senda das artes tendo sido Conservador do Museu
Nacional de Arte Antiga, Director do Museu dos
Coches e Vice-Presidente da Academia Nacional de
de
Belas Artes. Morreu tragicamente com a mulher e a
o
única filha num desastre de automóvel, em 1947. E
assim Alfredo Keil teve dos dois casamentos como
descendente apenas a filha Guida,

Compositor de paisagens e
ar de sons

Em 1874 já Alfredo Keil recebera duas medalhas


por trabalhos de pintura expostos na Sociedade
Promotora de Belas Artes, a que se somaram
nos anos seguintes mais prémios,
tas. nomeadamente com as telas com os temas
“Sesta” e “Meditação”. Este quadro viria a ser
adquirido pelo Rei D. Luís.

Em 1883 sobe ao palco, no Teatro Trindade, a


sua ópera cómica em um acto, “Susana”, escrita
em em italiano, e em 1884 escreve a cantata
“Pátria”, seguindo-se, em 1885, o poema
sinfónico “Uma Caçada na Corte” e, em 1886, “As
Orientais”.
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Inspirada no poema de Almeida Garrett, em Março


de 1888, estreia-se a ópera cm quatro actos, “Dona
Branca”, dedicada ao rei D. Luís. Teve trinta
representações de enorme sucesso e direito a
reposição no ano seguinte. Esta ópera, também em
italiano, foi igualmente aplaudida do outro lado do
Atlântico, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

m
Os quadros de Keil foram expostas em mais de uma
dezena de Exposições da Sociedade Promotora de
Belas-Artes e é impossível enumerar todos os
de
prémios que recebeu.
o

Entretanto, na então chamada África Portuguesa, em


finais do século XIX, havia graves conflitos com a Grã-
Bretanha e o caso do “Mapa cor-de-rosa” que
correspondia à perca de uma larga fatia do território
português no continente africano, entre Angola e
ar Moçambique, veio a desembocar, em 1890, no
chamado “Ultimato inglês”. É então que Alfredo Keil,
animado de sentimentos patrióticos, compõe a
marcha “A Portuguesa” – ao som da qual, no ano
seguinte, os revoltosos de 31 de Janeiro proclamaram
a República no Porto.

tas.
Porém foi preciso aguardar mais uns anos para que o
ciclo do regime monárquico desse lugar à República,
a 5 de Outubro de 1910. Até esse dia, “A Portuguesa”
esteve proibida de ser tocada em público. Depois, em
1911 é adoptada pela nova Constituição como Hino
Nacional da República Portuguesa.

Alfredo Keil, que viajava muito e passava temporadas


em Itália, a pátria da ópera, conseguia dividir o seu
tempo entre a pintura e a composição musical.
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Em 1893, foi cantada, em Turim a sua ópera “Irene”,


baseada na lenda de Santa Iria. O sucesso foi enorme
e o rei Humberto de Itália condecorou o compositor.
Esta ópera foi, três anos mais tarde, levada à cena no
Real Teatro de São Carlos de Lisboa.

Alfredo Keil trocava correspondência com


compositores consagrados de outros países,
m
nomeadamente Verdi e Massenet. Numa carta
enviada a Verdi, o compositor português anexa a sua
partitura de “Dona Branca” e Verdi respondeu-lhe, em
de
Dezembro de 1890. O grande compositor escreve
o
«Sei que a sua ópera teve um sucesso excelente no
seu país e isso vale mais que uma crítica a frio de um
compositor». Já Massenet, mais entusiasmado, tece-
lhe rasgados elogios. Como vemos Alfredo Keil é um
compositor à altura dos maiores do seu tempo.

ar A ópera de Alfredo Keil que mais tempo perdurou no


tempo foi sem dúvida “Serrana”, a primeira com
libreto em português, inspirada num romance de
Camilo Castelo Branco, composta entre 1895 e 1899 e
estreada com sucesso no Teatro São Carlos, em
Março de 1899. É a sua peça musical mais conhecida,
exceptuando “A Portuguesa”, e, no século passado,
tas.
foi levada à cena mais onze vezes.

Diogo de Macedo coloca a obra de Alfredo Keil no


período neo-romântico e diz que ele foi um pioneiro
do “nacionalismo musical”.

Como pintor, Alfredo Keil deixou mais de 2000 obras,


entre telas e desenhos, Como conhecedor de arte foi
um grande coleccionador. Adquiriu telas de pintores
como Lucca Giordano e diz-se que talvez possuísse
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um Brueghel. A sua colecção de instrumentos


musicais antigos (cerca de 500) encontra-se no
Museu da Música, em Lisboa.

Este autor, multifacetado legou-nos também obras


escritas, contos e romances dos seus verdes anos e
estudos como “Breve História dos Instrumentos de
Música Antigos e Modernos” (1904), Colecções e
m
Museus de Arte em Lisboa (1905), “Breve Notícia da
Colecção Keil” de 1905 e um livro editado
postumamente, “Tojos e Rosmaninhos”.
de
o
A 4 de Outubro de 1907, três anos e um dia antes de
ser proclamada a República, Alfredo Keil morre, em
Hamburgo, vítima de doença. Contava apenas 57
anos e deixou inacabada a ópera “Índia”, que
começara a compor para as comemorações da
chegada de Vasco da Gama à Índia.
ar

tas.

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Jose Correia
A cultura e conhecimento sao bens necessarios.
Gosto · Responder · 1 · 4 ano(s)
m
Antonio Marques Darque
SERÁ QUE TODO O POVO PORTUGUES SABE O NOSSO
HINO ......
de Gosto · Responder · 1 ano(s)
o
Antonio Marques Darque
EM CONTINUIDADE,ESPECIALMENTE OS NOVOS (
RAPAZIADA E MULHERADA)
Gosto · Responder · 1 ano(s)

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