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Curso Profissional de Técnico de Informática de Gestão

Ano Letivo 2022-2023 – 10º Ano - Turma


│Disciplina: Área de Integração
│M1 Tema problema 1.2
│Aluno Nº___ Nome:
Ficha de Trabalho nº03
│Descrição:

A DIVERSIDADE CULTURAL, PADRÕES DE CULTURA, ACULTURAÇÃO, ETNOCENTRISMO E


RELATIVISMO CULTURAL

OBJETIVOS
 Reconhecer a existência de diferentes contextos com os quais as comunidades humanas se deparam: a relativida-
de cultural; os padrões de cultura e aculturação como indutores de comportamentos comuns/grupais.

1.A DIVERSIDADE CULTURAL E PADRÃO DE CULTU-


RA
Se olharmos à nossa volta facilmente constatamos
que a cultura assume formas e conteúdos muito diversifi-
cados, do mesmo modo que existe uma grande variedade
de sociedades. Esta diversidade de culturas deve-se ao
facto de se terem desenvolvido em contextos e ambien-
tes também eles diferentes entre si. Esta diversidade cul-
tural será mais visível se caminharmos, por exemplo, na
direção do continente africano, mas igualmente no conti-
nente europeu é possível verificar que os povos da Europa
são portadores de culturas diversas.
Se olharmos à nossa volta, conseguimos detetar 1.A diversidade de enlaces matrimoniais
certos comportamentos, modos de vestir, gestos que se trocam, maneiras de estar à mesa, que são semelhantes entre
determinados grupos e que nós consideramos como pertencentes a uma mesma cultura. Esses elementos, que se vão
repetindo, manifestam o que se designa por padrão de cultura. Identificamos esse padrão cultural na medida em que
também se distingue de outros padrões de outras culturas. Padrão de cultura será o conjunto de referências, valo-
res, modos de estar e ser, práticas e crenças comuns aos membros de um determinado grupo que desenvolveu
uma determinada cultura. Um indivíduo manifesta a sua pertença a um determinado grupo assumindo esse
padrão cultural.

2. A ACULTURAÇÃO
Ao longo da História, quando se deram invasões e o povo invasor ocupou e instalou-se no território do povo in-
vadido, aconteceram, por vezes, fenómenos de adoção ou imposição de uma cultura estranha ao povo do território
ocupado. Como também aconteceu o contrário. Designamos por aculturação o processo pelo qual se produzem
modificações culturais num determinado grupo, resultantes do contacto (pacífico ou violento) deste com uma
cultura que o influenciou e lhe imprimiu as suas características.

3.ETNOCENTRISMO CULTURAL
Atualmente, as sociedades caracterizam-se por uma maior proximidade cultural, mas também por uma grande
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diversidade cultural. Muitas vezes os padrões de outros grupos ou sociedades podem ainda parecer-nos estranhos.
Por exemplo, quando vemos filmes na televisão sobre outras sociedades, começamos por achar incompreensível a
língua que falam, mas também podemos encontrar aspetos da vida quotidiana, hábitos alimentares e formas de ves-
tir, completamente diferentes dos da sociedade portuguesa. A situação torna-se mais difícil quando entramos em
contacto direto com outras culturas, podendo, muitas vezes, produzir-se choques culturais, quando os valores das
«outras» culturas são muito diferentes dos nossos padrões culturais. Estes choques resultam do facto de termos
tendência para julgar os padrões das outras culturas com base nos da nossa, levando-nos a não aceitar ou a aceitar
dificilmente esses padrões diferentes dos nossos. Por exemplo, a existência de monogamia nas sociedades ociden-
tais pode levar à rejeição de outros tipos de comportamentos poligâmicos característicos de outras culturas. Ora, o
etnocentrismo cultural consiste precisamente em julgar as outras culturas tomando como padrão os nossos mode-
los culturais. Quando assumem esta conduta, os indivíduos estão a sobrevalorizar a sua cultura, considerando in-
ferior a dos «outros». Atualmente, certos povos e grupos, baseados em dogmas e preconceitos religiosos e culturais,
afirmam a sua superioridade cultural e veem-se como povo e grupo eleitos e predestinados para missões superiores,
alimentando um combate do 'nós' contra 'os outros', estes vistos como bárbaros ou infiéis. O etnocentrismo cultural
opõe-se ao reconhecimento da diversidade cultural, já que afirma que existe uma cultura de referência que os ou-
tros povos e comunidades devem seguir e mesmo copiar.
Facilmente constatamos que, apesar das semelhanças entre os homens e da existência de muitas característi-
cas comuns, encontramos também diferenças físicas (cor da pele, estatura, nomeadamente) e diferenças culturais
(hábitos diferentes, bem como diferentes formas de organização familiar, por exemplo). Contudo, esta diversidade
não pode ser hierarquizada, isto é, colocando grupos humanos acima uns dos outros. É que, desse modo, desenvol-
vem-se posições racistas.
Um racista apoia-se numa ideia concebida sem suporte científico ou mesmo experimental, acerca da supe-
rioridade e da inferioridade de certos indivíduos, por estes pertencerem a determinadas raças e, em função desta
ideia preconceituosa, discrimina esses indivíduos ou o grupo a que eles pertencem, considerando-os inferiores. Atu-
almente, fala-se num «novo racismo», ou seja, uma nova forma de racismo. Nesta nova forma, é abandonada a noção
de inferioridade biológica. Contudo, determinados grupos de pessoas continuam a ser discriminados com base na sua
cultura. Quer isto dizer que atitudes racistas passam a ser justificadas através da noção de diferenças culturais. A xeno-
fobia, como o próprio nome indica (fobia é um medo persistente), significa temor/medo por tudo, que é diferente.
A xenofobia é uma posição próxima do racismo, só que orientada contra os estrangeiros, dirigindo-lhes
antipatia ou mesmo ódio pelo facto de serem originários doutro país, podendo ser identificáveis a partir de certos
sinais biológicos ou culturais: cor da pele, forma do rosto, língua, vestuário, hábitos quotidianos.

4.O RELATIVISMO CULTURAL


Perante este mosaico de culturas, há quem defenda o relativismo cultural: não é possível hierarquizar as culturas,
colocar algumas culturas em posições de superioridade ou de inferioridade em relação às outras; não é possível ou
não é legítimo fazer de algumas culturas as mais importantes, desprezando as outras. Ao defender o relativismo cul-
tural, adora-se, também, uma posição de tolerância em relação às culturas diferentes da nossa. As culturas
devem as suas diferenças ao contexto e ao processo em que se desenvolveram e não existe nenhuma hierarquia en-
tre elas.
ATIVIDADES
1. Com base na leitura dos textos anteriores, escolhe a resposta que te parece mais acertada.

A. O padrão de cultura ...


I. corresponde a um conjunto de práticas que se repetem e que caracterizam a cultura de um grupo.
II. é um conjunto de práticas culturais que são dominantes numa sociedade num determinado momento.
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B. O indivíduo manifesta a sua adesão a um grupo ...
I. ao assumir como seu o padrão cultural desse grupo.
II. ao concordar com as orientações dos líderes desse grupo.

C. Através da aculturação ...


I. um grupo modifica a sua cultura, desenvolvendo as suas práticas tradicionais e fazendo evoluir os seus princípios.
II. um grupo assume e interioriza as influências duma cultura exterior modificando os seus modelos culturais iniciais .

Texto 1. Manter as origens culturais os emigrantes Portugueses em Paris


É evidente que se verifica em certos imigrados um fortíssimo apego às tradições originais. Para retomarmos
um exemplo já citado, o dos camponeses portugueses imigrados na região parisiense, observamos que se es-
forçam por conservar o mais fielmente possível os seus costumes alimentares: comerem como no seu país,
comerem os produtos do seu país, é afirmarem que tudo continua como antes, apesar da expatriação. Assim,
fazem vir boa parte da sua alimentação quotidiana da sua aldeia em Portugal, à qual se mantêm ligados por um
vaivém automóvel semanal. Chegam ao ponto de mandarem vir da sua aldeia as batatas, como se as não hou-
vesse em França: é que não têm sem dúvida o mesmo gosto e não provêm, sobretudo, da mesma. É aqui reco-
nhecível um símbolo forte de apego à terra nutriente original, caraterístico das sociedades camponesas.
Denys Cuche, A Noção de Cultura nas Ciências Sociais, p. 173

2. Depois de lido e analisado o texto 1, responde às questões que se seguem.


2.1 A partir do que é dito no texto sobre a aculturação, explica como é que os emigrantes portugueses em Paris
resistem à aculturação.

2.2 Como explicas essa atitude dos emigrantes portugueses? Consideras que possa ser a melhor atitude para se in-
tegrarem na sociedade francesa que os acolheu?

3. Podemos organizar as seguintes definições.


a) Padrão de cultura é
b) Aculturação é
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Texto 2. Todos os povos formam juízos de valor sobre modos de vida diferentes dos seus, sobre os princípios éti-
cos que guiam o comportamento e moldam o sistema de valores dos diferentes grupos sociais, sobre a sua estrutura
económica e política, as suas crenças religiosas, a arte, a música, a literatura, as regras de etiqueta, etc. Assim, por
exemplo, o português quando não compreende uma língua diz que é grego, o grego diz que é chinês; o francês
quando sai de uma festa sem se despedir diz que «sai à inglesa» enquanto o português diz «à francesa». Para um
português, um «pipi» é um elegante, bem vestido, cheio de maneiras, para um francês será alguém cheio de «chi-
chi»: para o português chichi é urina como para o francês é pipi. [...] As normas sociais a que o individuo se submete
são, portanto, o produto de quadros de referência elaborados por um determinado grupo num determinado mo-
mento histórico. Como atrás se referiu, os sistemas de valores, os conceitos de moralidade, de bem e de mal, não
são absolutos, e só comandam, efetivamente, a conduta dos povos, enquanto estiverem de acordo com a orienta-
ção por eles seguida, num determinado momento da sua história. Isto é, os valores são relativos no tempo e no es-
paço. [...]
O relativismo cultural põe o acento tónico na disciplina social que advém do respeito pelas diferenças - do respeito
mútuo. A posição relativista dá especial ênfase à validade de muitas formas de vida, não de uma só. Tal ênfase procu-
ra compreender eharmonizar objetivos, em vez de julgá-los e destrui-los, quando sejam diferentes dos nossos.
Augusto Mesquitela Lima et al., Introdução à Antropologia Cultural, pp. 60-62

4. A partir da leitura do texto 2, responde às seguintes questões.


4.1 De acordo com o que é descrito no primeiro parágrafo do texto, devemos concluir que as normas sociais são
absolutas? Justifica.

4.2 Explica em que sentido se afirma que os valores que cada grupo segue são relativos a um determinado momento
da sua história.

4.3 Explicita a ideia de que a tolerância deve resultar duma posição que defenda o relativismo cultural.

5. Tendo em conta a diversidade das culturas e o relativismo cultural, responde às perguntas que são
formuladas na legenda da imagem.

É errado comer baratas? E caranguejos? E carne de porco?


ESCOLA SECUNDÁRIA DE BARCELINHOS (403787)
ENSINO PROFISSIONAL

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Texto 3. Porque é que o racismo floresceu? Há várias razões para tal. Uma reside no facto de a oposição entre
branco e negro, enquanto símbolos culturais, se encontrar profundamente enraizada na cultura europeia. O
branco está há muito associado à pureza e o preto ao mal [...]. Antes de a população do Ocidente entrar em
contacto permanente com negros, já o preto era símbolo de significados negativos. [...]
Um segundo fator importante que influenciou o racismo moderno foi pura e simplesmente a invenção e difu-
são do próprio conceito de raça. Sabe-se que existem atitudes quase racistas há centenas de anos. Mas a no-
ção de raça enquanto conjunto de características fixas emergiu com o aparecimento da 'ciência da raça' [...]. A
noção de superioridade da raça branca, apesar de não ter qualquer valor factual, permanece um elemento-
chave para o racismo branco.
Uma terceira razão para o surgimento do racismo moderno reside nas relações de exploração que os Europeus
estabeleceram com as populações não brancas. O comércio de escravos não poderia ter existido se a maioria
dos Europeus não acreditasse que os negros pertenciam a uma raça inferior, talvez mesmo sub-humana. O ra-
cismo ajudou a justificar a dominação colonial sobre povos não europeus, negando-lhes os direitos de partici-
pação política que estavam, nessa época, a ser conquistados pelos brancos nos seus países europeus de ori-
gem.
Anthony Giddens, Sociologia, p. 255

6. Depois de leres o texto 3, completa o que se segue.


No texto são identificados três fatores que ajudam a explicar por que razão o racismo permanece ainda
nos dias de hoje. Assim, o primeiro fator tem a ver com

O segundo fator liga-se a

Finalmente, o terceiro fator relaciona-se com

Em relação à situação/experiência portuguesa, o fator mais preponderante é o

7.Comentando a imagem ao lado, elabora um curto texto (não esquecendo o título) onde deverás utilizar os
seguintes termos e expressões: tolerância, tradição, diferença, indiferença, relativismo cultural.

Um bom trabalho!

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