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Ensino de Lutas
Prof. Amadeo Félix Salvador
2016
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof. Amadeo Félix Salvador
796
S182m
186 p. : il.
ISBN 978-85-515-0045-3
Na Unidade 2, convido você a ser mensageiro das artes marciais para o mundo
escolar, levar o conhecimento descoberto nas lutas como ensinamento para
os alunos. Nessa unidade, trataremos, primeiramente, dos direitos e deveres
como licenciados em Educação Física perante o ensino das artes marciais
através do estudo das legislações e PCN que falam sobre o assunto. Depois
disso, trataremos sobre os possíveis aspectos pedagógicos das lutas, desde
como ensinar, princípios relevantes e, por fim, os aspectos universais das lutas.
Na nossa última unidade temos muito ainda para aprender sobre o fantástico
mundo das lutas e como transmitir esse conhecimento aos nossos alunos.
O esporte é sim uma ferramenta educativa, assim como o ensino das lutas e
artes marciais, ou ainda, o esporte de lutas pode ser um conteúdo educacional,
pois é muito mais do que simples gestos repetidos em ordem (DARIDO;
RANGEL, 2005). Assim, na Unidade 3, iremos trabalhar as atividades de
ações inesperadas que devem ter extremo foco devido à necessidade de um
III
controle do professor ainda maior que as atividades de ação esperada. Ainda
na Unidade 3, abordaremos a arte da Capoeira, aspectos históricos, conceito
de Capoeira, principais movimentos e letras de música. Por fim, abordaremos
o ensino das lutas para pessoas com deficiência, como por exemplo, a luta para
deficientes intelectuais, auditivos, visuais, físicos, entre outras deficiências.
Durante o estudo dessa unidade, como nas demais, coloque-se no ambiente
de ensino e tome notas para que quando for a hora de ensinar esteja mais
preparado. Vamos lá!
Bons Estudos!
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – CONHECENDO AS LUTAS ....................................................................................... 1
VII
UNIDADE 2 – LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR .......................................................................... 65
VIII
UNIDADE 3 – ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE ........................... 119
IX
4.3 DEFICIÊNCIA FÍSICA ................................................................................................................... 172
4.4 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL .................................................................................................... 173
4.5 DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA . .......................................................................................................... 174
4.6 SURDOCEGO .................................................................................................................................. 174
5 VISÃO DO PROFESSOR SOBRE A LUTA E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ................ 175
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 180
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 181
X
UNIDADE 1
CONHECENDO AS LUTAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. Em cada um deles você encontrará
atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITOS
De acordo com Duarte (2004), apresentamos uma lista de conceitos. Caro
acadêmico, leia criticamente e absorva o melhor que estes conceitos podem fornecer.
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
DICAS
Para maior entendimento e criação de uma mente ainda mais crítica, você
pode ler o artigo: Lutas, artes marciais e modalidades esportivas, neste link: <http://www.
efdeportes.com/efd158/lutas-artes-marciais-uma-questao-de-terminologia.htm>.
Alguns aspectos podem ser utilizados para diferenciar os termos luta e artes
marciais. As artes marciais são práticas corporais de ataque e defesa, podendo ser
também caracterizadas como lutas. A principal diferença entre as duas é que os
praticantes de artes marciais, principalmente as de origem oriental, consideram
que os conteúdos da cultura de origem da atividade teriam uma orientação
filosófica que determinaria a sua diferença para com as lutas (FERREIRA, 2006).
4
TÓPICO 1 | CONCEITUAÇÃO DAS LUTAS
5
UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
6
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• É um jogo de oposição, entre duas ou mais pessoas. Deve usar meios de ataque
e defesa, derrotar o oponente. Precisa, necessariamente, do oponente e tudo
acontece simultaneamente.
• O substantivo luta, do latim lucta, significa “combate, com ou sem armas, entre
pessoas ou grupos; disputa”.
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AUTOATIVIDADE
( ) O termo luta pode ser definido como um jogo de oposição, entre duas ou
mais pessoas, e são permitidas somente ações de defesa, sendo o ataque
não permitido por uma questão moral.
( ) O substantivo luta, do latim lucta, significa “combate, com ou sem armas,
entre pessoas ou grupos; disputa”.
( ) A expressão artes marciais é uma composição do latim artes, e martiale
(“referente à guerra; bélico”). Assim, podemos dizer que as lutas têm
relação direta com os confrontos bélicos que aconteceram.
( ) Os termos luta ou artes marciais remetem a algo bagunçado e até mesmo
violento, e por estes motivos não podem ser abordados em ambiente
escolar.
a) ( ) V – V – V – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – V – V – F.
I - REGRAS
II - CONTATO
III - EQUIPAMENTOS
IV - OBJETIVO
V - AÇÕES
a) ( ) I – II – III - IV.
b) ( ) I – III – IV - V.
c) ( ) II – IV – III - I.
d) ( ) I – II – V - IV.
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4 Durante o estudo do Tópico 1 na Unidade 1, listamos e estudamos quatro
motivos para a criação das artes marciais. Por favor, liste três deles e explique
cada um que for mencionado.
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos a origem das mais variadas lutas, o caminho
histórico percorrido por estas no mundo e no Brasil, um breve resumo de cada
luta, atletas, técnicos ou mestres marcantes da modalidade e os atuais nomes do
esporte, e, claro, muitas curiosidades sobre o fantástico mundo das lutas.
Serão abordadas as seguintes lutas: judô, jiu-jítsu, boxe, caratê, kung fu,
sumô, luta greco-romana e esgrima. Antes de você se perguntar sobre a capoeira,
consideramos esta uma arte marcial diferenciada para os brasileiros, por diversos
motivos, e por isso, especificamente, a capoeira será enfatizada na Unidade 3, com
evoluções históricas, regras, atividades e metodologia do ensino. Sabemos que não
foram listadas todas as lutas, e infelizmente não teríamos tempo e nem espaço para
contemplarmos todas elas. Porém, isso não quer dizer que, caso houver uma luta
de seu interesse que não foi abordada, você não possa estudá-la.
DICAS
Que tal conferir a grande quantidade de lutas e seus variados estilos e modelos?
100 estilos de luta? 150? Mais? Clique no link para ver a grande maioria
dos estilos de luta existentes no mundo, você vai se surpreender:
<http://www.blackbeltwiki.com/martial-arts-styles>.
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
DICAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Na Grécia antiga, a luta era considerada não somente uma das disciplinas
gímnicas mais apaixonantes, mas também um exercício indispensável para o
reforço do físico e do caráter dos jovens. As formas de luta que se praticavam na
Grécia eram, substancialmente, quatro, e todas razoavelmente distantes, esteja bem
claro, da luta que hoje, diríamos arbitrariamente, chamamos de “greco-romana”.
Por muito tempo acreditou-se – de maneira um pouco superficial – que o termo
“greco-romana” indicasse naturalmente um tipo de combate de origem grega,
oportunamente modificado pelos romanos. E baseando-se no fato de que a posição
do lutador com as palmas das mãos e os joelhos pousados sobre a terra e o corpo
levantado, como para caminhar com quatro pés, é até hoje denominada como de
origem grega. Considerou-se que a luta grega fosse aquela da posição deitada e
que a romana fosse aquela em pé (perpendicularmente). Assim teria surgido o
termo “greco-romana” para designar a nossa luta, que se desenvolve tanto em pé
quanto deitada (DUARTE, 2004).
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
E
IMPORTANT
PRINCÍPIO DA SOBRECARGA
Caro estudante, no futuro, nas disciplinas de Treinamento e/ou Fisiologia do Exercício, você
ouvirá sobre o princípio da sobrecarga. Este princípio baseia-se no entendimento de que após a
aplicação de uma carga de trabalho existe uma recuperação do organismo visando restabelecer
a homeostase (DANTAS, 2003). O interessante é que você, estudante, deve estar se perguntando:
“Por que ele está discutindo sobre este assunto específico agora?” Pois então, lembra do Milon
de Crotona, que estudamos agora há pouco? Segundo as lendas, ele é a forma histórica deste
princípio. Mílon, da época de 500 a 580 a.C., na Itália, foi atleta olímpico de luta, além de discípulo
do matemático Pitágoras. Tudo indica que através dele o método de treinamento mais antigo da
humanidade, utilizado até hoje, a evolução progressiva da carga, foi criado. Este atleta corria com
um bezerro nas costas, para aumentar as forças dos membros inferiores, e quanto mais pesado
o bezerro ficava, proporcionalmente sua força aumentava. Nos jogos antigos teria ganho 12
competições: seis vezes nos Jogos Olímpicos e seis vezes nos Jogos Píticos. O nome da cidade
de Milão foi dado em sua homenagem.
Agora, quando você for questionado sobre treinamento, já saberá tudo sobre o quanto essencial
a sobrecarga é no dia a dia do treinamento, e como tudo surgiu.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
pelo mundo inteiro e, além das competições com instâncias mundiais, nacionais,
estaduais e regionais, o marco mais histórico para estas modalidades tem sido os
grandiosos Jogos Olímpicos. Infelizmente, não são todas as modalidades de lutas
e artes marciais que estão nos Jogos Olímpicos, pois o Comitê Olímpico leva em
consideração uma série de fatores para a introdução de determinada modalidade
ao quadro de práticas olímpicas (COI, 2016).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
3.1 JUDÔ
Uma arte marcial esportiva e que pode, sim, ser letal. Foi criada no Japão,
em 1882, de uma adaptação do jiu-jítsu, pelo professor de Educação Física Jigoro
Kano (JANICOT; POUILLART, 1999). Pessoa de alta cultura geral, ele era um
esforçado cultor de ju-jítsu. Procurando encontrar explicações científicas aos
golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as
melhores técnicas dos vários sistemas de ju-jítsu, dando ênfase principalmente
no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e
nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como o do
equilíbrio, gravidade e sistema de alavancas nas execuções dos movimentos
lógicos. Na criação desta arte marcial, Kano tinha como objetivo criar uma técnica
de defesa pessoal, além de desenvolver o físico, espírito e mente. O judô teve
uma grande aceitação no Japão, espalhando-se, posteriormente, para o mundo
todo, pois possui a vantagem de unir técnicas do jiu-jítsu (arte marcial japonesa)
com outras artes marciais orientais. Esta arte marcial chegou ao Brasil no ano de
1922, em pleno período da imigração japonesa (KANO, 1994).
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Você sabia que o judô é o esporte individual que mais deu medalhas
olímpicas para o Brasil? Interessante, não é? São 19, sendo três ouros, três pratas
e 13 bronzes. O primeiro ouro olímpico do judô brasileiro veio com o também
meio pesado Aurélio Miguel, nos Jogos de Seul, em 1988. E o segundo veio na
edição seguinte das Olimpíadas, em 1992, com Rogério Sampaio no meio leve
(CBJ, 2016). Ketleyn Quadros virou história do judô feminino brasileiro, sendo
a primeira judoca mulher brasileira a conquistar uma medalha olímpica, com
a importantíssima e muito suada medalha de bronze, nos Jogos Olímpicos de
Pequim (FJERJ, 2016).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
DICAS
3.2 JIU-JÍTSU
As crenças de como determinada arte se tornou o grande jiu-jítsu são das
mais variadas origens, porém, a crença com mais força é de que tudo teve início
na Índia, por isso mesmo a índia é conhecida como “berço das artes marciais”,
onde o jiu-jítsu era praticado por monges. Os contos diziam que, por questões
religiosas, os monges eram proibidos de usar armas para se defender. Porém, em
suas longas jornadas, tais monges eram constantemente atacados por ladrões e
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
assassinos de tribos mongóis do norte da Ásia. Assim, a ideia dos monges era
simples e consiste no jiu-jítsu até os dias de hoje, ou seja, era transformar o corpo
em uma verdadeira arma. Os monges forjaram técnicas de luta e defesa pessoal
baseadas nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das
alavancas, evitando o uso da força e de armas. A grande eficiência desta luta
nasceu, obviamente, da necessidade, visto que sem o uso de armas a habilidade
do corpo e de seu controle era essencial para afastar o assaltante ou até mesmo
aproximar para desarmá-lo (JJGF, 2016).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Apenas temos que ressaltar que existem alguns autores que não acreditam
que a origem do jiu-jítsu seja do país indiano. Esses autores acreditam que não se
tenha um único e específico lugar e que este surgimento se deu por uma mistura
de artes e conhecimento, pois desde os tempos mais remotos o homem conhecia
estilos de luta baseados em grappling (lutas de pegada), conforme relatos na Bíblia,
de filósofos gregos, do Egito dos faraós ou em cavernas da França no tempo dos
mamutes e tigres-de-dente-de-sabre por volta de dez mil anos antes de Cristo.
Hércules era conhecido como um exímio wrestler na mitologia grega antiga (IBJJF,
2016; JJGF, 2016).
Muito magrinho por destino da genética, nos seus 15 anos de idade, Carlos
Gracie fez do jiu-jítsu o seu meio de realização pessoal. Aos 19 anos, já no Rio de
Janeiro com a família, adotou a profissão de lutador profissional e professor dessa
arte marcial. Por todo o Brasil, Carlos começou a ministrar aulas de jiu-jítsu e a
vencer até com certa facilidade adversários bem mais fortes fisicamente e mais
pesados. No Rio de Janeiro, em 1925, abriu a primeira Academia Gracie de Jiu-jítsu,
com a ajuda e assessoria de seus irmãos Oswaldo Gracie e Gastão Gracie. Além
disso, auxiliou na criação e educação de seus pequenos irmãos George Gracie, com
14 anos de idade, e Hélio Gracie, com apenas 12 anos de idade.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
DICAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
As lutas são fiscalizadas sempre por pelo menos um árbitro que fica
circulando ao redor dos lutadores, sempre tentando buscar uma visão que permita
identificação melhor dos golpes e perigos. As lutas têm duração dependente de uma
gama de variedades, dentre elas, faixa etária, peso corporal e faixa de graduação
em que o atleta se encontra. Os movimentos que serão destacados em seguida
podem marcar ou retardar pontos ao praticante. As punições de movimentos
podem acarretar a perda de um, dois, três ou quatro pontos, de acordo com a
sua gravidade, e os ganhos de pontos são igualmente pontuados acima. Por fim,
quanto aos movimentos: a queda, raspagem e joelho na barriga podem acarretar
dois pontos ganhos, três pontos por uma passagem de guarda, e quatro pontos por
montada e pegada pelas costas. Obviamente o lutador que tiver a maior pontuação
no final da luta será o vencedor.
Por uma questão de tempo e foco, não poderemos mostrar ilustrações para
todos os movimentos do jiu-jítsu, pois acreditamos que o enfoque não seja ensinar
os movimentos, mas sim como eles podem trazer consciência corporal aos alunos
do nível escolar. Porém, existe um movimento denominado rolamento (frente,
costas e lateral) que é ensinado em várias lutas, e este movimento, classificado
como quedas, nas próximas unidades será melhor abordado. O rolamento nada
mais é que movimento de queda do ser humano com segurança. Deveria ser
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
ensinado nas primeiras aulas de Educação Física escolar, pois permitirá que no
futuro, quando adolescente e/ou adulto, já com mais massa corporal, saiba cair
adequadamente (RUFINO, 2015).
DICAS
3.3 CARATÊ
A terminologia caraté ou karaté (provinda do português europeu), caratê
ou karatê (português brasileiro) ou até mesmo karate-dô tem o igual significado,
porém os mais usados no Brasil são caratê e karatê. Esta palavra tem origem
japonesa e o significado de “mãos vazias”, que pode ser entendido como o ato de
lutar sem armas, usando somente o corpo e a mente, pernas e braços e o resto do
corpo como um elemento de defesa pessoal. As crenças antigas do caratê acreditam
que, além de luta, o significado pode ser levado para vida, onde você não precisa
viver e vencer os problemas diários visando a riqueza material, assim, mãos vazias
significaria que você é tudo que precisa para viver. Você consegue perceber a
semelhança entre o caratê, judô e jiu-jítsu? Claro, todas têm origens semelhantes e
por isso é importante estudar as histórias das lutas.
Já sabemos que a origem do caratê deve ser creditada a variações das artes
marciais vindas do berço das artes, a Índia. Passou pela China até chegar ao Japão
e desenvolver-se especificamente na pequena ilha de Okinawa.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Cada estilo de caratê tem uma história diferente no Brasil. Vários fundadores
que vieram ao Brasil estudar e/ou trabalhar acabavam por trazer o seu estilo. Como
a maioria dos colonizadores japoneses veio para São Paulo, grande parte da história
brasileira do caratê surge de lá, porém, Rio de Janeiro e Belo Horizonte também são
polos berços desta modalidade de arte marcial (FROSI; MAZO, 2011; CBK, 2016).
DICAS
Que tal ver uma luta sensacional de Douglas? Acesse o link: <https://www.youtube.
com/watch?v=iNPUI6UKmwk>.
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Quanto à duração das lutas para seniores do sexo masculino, o combate terá
uma duração de três minutos e para seniores do sexo feminino, assim como juniores
e cadetes de ambos os sexos, o combate tem a duração de dois minutos (CBB, 2016).
Quanto às pontuações do caratê, elas são distribuídas em: IPPON que vale
três pontos, WAZA-ARI que vale dois pontos e YUKO que vale um ponto. Porém,
para a marcação ser considerada válida ela deve atender aos seguintes critérios: boa
forma, atitude esportiva, aplicação vigorosa, alerta (ZANSHIN), tempo apropriado
e distância correta (WKF, 2016).
Sendo o IPPON atribuído para chutes Jodan (nível alto do pescoço para
cima) e qualquer técnica que pontue realizada sobre um oponente derrubado ou
caído. Já o WAZA-ARI é atribuído para chutes Chudan (nível médio altura do peito)
e, por fim, o YUKO é atribuído para golpes Chudan ou Jodan Tsuki (golpes com o
punho) e/ou Chudan ou Jodan Uchi (golpes com membros superiores exceto com
punhos). Os ataques na arte marcial do caratê estão limitados às áreas da cabeça,
rosto, pescoço, abdômen, peito, costas e laterais (WKF, 2016).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
3.4 KUNG FU
Kung fu e wushu têm o mesmo significado?
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Caro acadêmico, para você ter ideia do quanto é antigo o kung fu, os
primeiros registros desta arte foram encontrados em cascos de tartarugas da
Dinastia Shang (1766-1122 a.C.). Ch’uan fa, ou estilo do punho, como era chamado
o kung fu no início, ganhou popularidade quando os guerreiros de Chou venceram
a Dinastia Shang e a arte começou a florescer. Durante as dinastias Ch’in (221-206
a.C.) e Han (206 a.C. – 220 d.C.) foram desenvolvidas e especializadas novas artes
marciais, como o shoubo (variável da luta romana) e o jiaodi, confronto onde nada
mais nada menos que chifres de bois na cabeça eram usados para a luta. O seguinte
grande desenvolvimento da história do kung fu também veio durante as dinastias
do Norte e do Sul: a chegada de Bodhidharma (CBKW, 2016).
• Estilo Macaco – utilizando muitos saltos e muito as forças das pernas, este estilo
tem como característica os movimentos que imitam os macacos.
• Estilo Shaolin do Norte – caracterizado por ataques agressivos com chutes altos
de muita velocidade.
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Outro ponto, ou nome muito importante para o kung fu, assim como para
as lutas em geral, é Bruce Lee (1940-1973). Nascido na Califórnia e criado em Hong
Kong, foi um artista e instrutor de artes marciais, filósofo, ator e cineasta norte-
americano. Bruce Lee aprendeu kung fu, assim como outras lutas, através de seu
pai, algo normal na China. Lee é a imagem das lutas marciais que foi trazido para
Ocidente, era conhecido pela velocidade, treinamento e estilo de vida saudável.
Além disso, Lee foi, através da mídia hollywoodiana, um grande divulgador do
kung fu e patriota do povo chinês.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Assim, relatos contam que chega ao Brasil, por volta de 1966, o Sr. Peng,
como era conhecido, um imigrante chinês da província de Chongqing (centro da
China). No Brasil, Peng conheceu Ronaldo Candido Ferreira durante uma luta
de caratê, e o convidou para uma troca de técnicas. Este momento marcaria a
história do kung fu brasileiro. Mais tarde, Ronaldo, juntamente com seus irmãos
Rodolfo e Rogério, viria a implementar a arte do kung fu com conhecimentos
de técnicas avançadas de respiração e concentração, elaborando métodos de
ensinamento e preservação deste estilo de luta. Posteriormente ele iria fundar
a 1ª Escola de Kung fu Mao Quan, em 10 de outubro 1977, na cidade de Osasco
(CBKW, 2016).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
3.5 SUMÔ
DICAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
sobre a origem deste esporte, a primeira delas é que a luta é espelhada na luta dos
ursos e os movimentos destes durante um confronto. A segunda hipótese é que
eram lutas entre dois deuses que lutavam para ter controle sobre as ilhas da costa
de Izumo, no Japão (PACIEVITCH, 2016).
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Para vencer as lutas, os lutadores podem usar uma gama de golpes, que são
tantos que não podemos listá-los todos aqui. Porém, os principais são: HATAKIKOMI
(sair da frente para deixar o adversário cair), TSURIDASHI (carregar o oponente
pela tanga até atirá-lo fora do círculo) e o UWATENAGE (jogar o adversário por
cima do ombro). O empate na luta de sumô é quase impossível, sendo que o último,
registrado em uma primeira divisão, foi no ano de 1974 (PACIEVITCH, 2016).
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
3.6 BOXE
Estima-se que a primeira atividade que possa ser considerada como boxe
ou pugilismo aconteceu no Egito por volta de 3000 a.C. Dizem as histórias que
os lutadores estavam completamente nus no momento da luta e a atividade fez
parte de uma festividade do rei (CBB, 2016). Deste período até a sua primeira
participação nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, em 688 a.C., o boxe evoluiu
muito, surpreendendo e levando o povo de Olímpia – Grécia à loucura com os
socos e movimentos rápidos. O primeiro conquistador do cinturão olímpico foi
um homem chamado Onosmastos de Esmirna, e esta arte marcial permanece há
mais de 2.600 anos como esporte de luta (DUARTE, 2005).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
DICAS
Recomendamos o filme “I am Ali” ou “Eu sou Ali”, sob direção de Clare Lewis. Um
documentário que vai mudar sua maneira de pensar.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
De sua primeira aparição até os dias de hoje, muitas alterações nas regras
aconteceram, além de muito aumento no conhecimento técnico e tático da luta.
Falando em técnica, um dos maiores nomes das histórias das lutas greco-romanas
não é grego, muito menos romano, é o russo Alexander Karelin. Este grande lutador
tinha apelidos que já colocavam medo em seus adversários antes mesmo da luta
começar. Karelin era conhecido como Alexandre, o Grande, o Urso da Sibéria e,
por último, o Experimento.
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Caro acadêmico, para você entender como este lutador foi marcante para o
mundo desta luta, de 1987 até o ano de 2000, o Urso não perdeu uma única luta, e se
isso não bastasse, ainda faturou títulos mundiais e europeus, além de três medalhas
de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, Barcelona e Atlanta. A invencibilidade de
Karelin chegou ao fim na final dos Jogos Olímpicos de Sydney, no ano de 2000,
quando o estadunidense Rulon Gardner levou a melhor.
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Em torneios oficiais a luta tende a durar dois tempos de três minutos com
intervalo curto de 30 segundos entre os tempos. Os pontos são concedidos de
acordo com os golpes e movimentos. São exemplos deles:
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
3.8 ESGRIMA
Antigamente, o entendimento da arte denominada esgrima era bem
diferente do atual, uma vez que a modalidade de esgrima era atribuída a qualquer
modalidade com a presença de armas brancas. Entende-se que esta nobre arte
surgiu através da caça de animais, assim que o homem levantou o primeiro pedaço
de madeira ou graveto para ataque ou defesa de animas e, posteriormente, com
a criação de armas de combate a esgrima continuava sua formação (CRAMER;
CAMPOS, 2007).
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UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
• Lutas e torneios chegaram ao fim por decreto do papa após a morte de Henrique
II, da França, perante sua própria corte.
• Devido ao surgimento de armas de fogo, as armas diminuíram de tamanho.
• São escritos e divulgados os primeiros tratados de esgrima falando sobre a
posição de guarda, a esquiva, o golpe à face e demais movimentos.
• Primeiras escolas de esgrima na França.
• A esgrima ganha uma cara mais parecida com a atual, luvas, máscaras, punhais,
coletes e floretes. Convenções começam a criar as regras de sabre e florete da
atualidade, assim como ordem de ataque e de defesa.
Incentivada por Dom Pedro II, a esgrima começou a surgir com os famosos
sabres das tropas imperiais. Assim, em 1858, os cursos de Infantaria e Cavalaria
ganham o curso obrigatório de esgrima. Sessenta anos depois é criado o curso de
formação em Ginástica e Esgrima em São Paulo. Posteriormente, com o objetivo de
ministrar esgrima aos militares no Brasil, é contratado Mestre Gauthier, instrutor
de esgrima francês (CRAMER; CAMPOS, 2007; CBE, 2016).
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TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
Começaremos pelo objetivo: Acertar o seu oponente com a arma sem ser
tocado. O vencedor será o que na primeira fase da competição tocar o oponente 5
vezes e 15 vezes na segunda fase. Conforme mencionado, as armas utilizadas na
prática de esgrima podem ser florete, espada ou sabre. Geralmente são feitas de
materiais flexíveis e com anéis eletrônicos. A duração depende dos toques ou de
nove minutos de intervalo de três em três minutos (CBE, 2016; FIE, 2016).
As principais infrações são cobrir a zona de ataque válida com o seu braço
que estiver em posse da arma, ou até mesmo usá-lo para agarrar ou desviar a arma
do adversário. Lembrando que é vetado o contato corporal entre participantes,
assim como o ataque a um adversário desarmado e virar as costas ao oponente.
Quando os toques de espada acontecem exatamente ao mesmo tempo, estes não
são contabilizados (CBE, 2016; FIE, 2016).
53
UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
54
TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
ATIVIDADE PRÁTICA
Com o objetivo de ensino dos golpes e regras das lutas, serão abordados
movimentos e regras de determinadas modalidades de lutas.
Atividade Duração
55
UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
Mapa Múndi
Nesta atividade, o professor irá dizer o nome da luta e o aluno terá que
colar ou apontar algo na região do Mapa Múndi onde a luta teve sua origem.
Competição Sumô
Em dois times, o professor irá demarcar um círculo grande onde todos
da sala caibam dentro, depois todos deverão entrar no círculo. O professor irá
dizer a cor de determinada equipe e esta terá que retirar a outra equipe de dentro
do grande círculo. A outra equipe não deve revidar, deve somente ficar parada e
permitir que a outra equipe retire a mesma.
Irmãos Gêmeos
Com pegada de judô, os alunos irão se deslocar pela sala e obedecer às
ordens de movimento do mestre (professor).
Conversa Final
Explicar a escolha de cada atividade e vincular com os aprendizados. Os
acadêmicos devem responder o porquê de cada atividade.
LEITURA COMPLEMENTAR
56
TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
57
UNIDADE 1 | CONHECENDO AS LUTAS
58
TÓPICO 2 | ASPECTOS HISTÓRICOS DAS LUTAS
59
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Considerou-se que a luta grega fosse aquela da posição deitada e que a romana
fosse aquela em pé. Assim teria surgido a denominação do termo “greco-
romana” para a nossa luta que se desenvolve tanto em pé quanto deitada.
• O mais celebrado de todos os lutadores foi Milon de Crotona, que conseguiu seis
vitórias consecutivas na modalidade de luta em Olímpia.
• Atualmente, as lutas que são disputadas em nível olímpico são o boxe, o judô, a
luta greco-romana, esgrima, luta livre e o tae kwon do, sendo que o caratê acabou
de se tornar um esporte olímpico.
o Judô – criado por Jigoro Kano com o objetivo maior de defesa pessoal. É o
esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil. No ano
de 2016, Rafaela Silva destacou-se com a primeira medalha de ouro dos Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro. Praticado em tatame com formato quadrado (14
a 16 metros de lado). Tempo de duração de aproximadamente cinco minutos.
Vence quem conquistar o gesto ou movimento denominado ippon primeiro ou
maior pontuação ao final.
o Jiu-jítsu – criado por monges para proteção contra ladrões e assassinos de tribos
mongóis. Outras artes surgiram do jiu-jítsu, como SUMÔ, JUDÔ, CARATÊ,
KEMPO, AIKIDO. A adaptação do jiu-jítsu para a genética da família Gracie,
franzina fisicamente, tornou-se muito famosa para o mundo competitivo.
Além disso, a família Gracie transformou o jiu-jítsu em uma filosofia de vida,
exportando o jiu-jítsu brasileiro para o mundo todo, inclusive para o Japão.
Lembrando que o jiu-jítsu não é uma modalidade olímpica, assim como
constatado pelo judô. Quando olhamos para esta arte como modalidade
esportiva, temos como propósito principal a derrubada ou imobilização.
60
transformação do caratê antigo ao caratê moderno deve-se ao grande mestre
Gichin Funakoshi. O principal nome do caratê brasileiro é o atleta Douglas
Brose, considerado por muitos do meio esportivo como o maior carateca
brasileiro de todos os tempos. Quanto às pontuações do caratê, elas são
distribuídas em: IPPON que vale três pontos, WAZA-ARI que vale dois pontos
e YUKO que vale um ponto.
o Boxe – a primeira atividade que possa ser considerada como boxe ou pugilismo
aconteceu no Egito, por volta de 3000 a.C. Quando falamos de lutas de boxe
profissional, contamos com no máximo 12 assaltos com três minutos cada. Se,
por acaso, o lutador adversário vir a nocaute e permanecer por mais de 10
segundos ao solo, ou não apresentar condições de continuidade da luta, vence
o oponente. Um grande nome do boxe foi Mohammed Ali.
o Esgrima – entende-se que esta nobre arte surgiu através da caça de animais,
assim que o homem levantou o primeiro pedaço de madeira ou graveto para
ataque ou defesa contra animais e, posteriormente, com a criação de armas de
combate para esgrima. A esgrima tem regras diferentes de acordo com a arma
que está sendo usada. Por exemplo, na espada e no florete, o toque só pode ser
de ponta, e no sabre, com a ponta, o corte e o contracorte.
61
AUTOATIVIDADE
1 De maneira geral, sabemos que a origem das lutas é algo muito amplo; desse
modo, o momento correto, seus criadores e locais pode ser algo complicado
de se definir. Porém, durante a construção deste tópico trabalhamos com
algumas ideias. Selecione a única alternativa correta sobre os fatos mostrados
neste tópico:
( ) Boxe
( ) Kung fu
( ) Sumô
( ) Jiu-jítsu
62
4 Sobre o judô, qual dos nomes a seguir melhor se relaciona com a modalidade
e que melhor representa a arte desta luta? Lembrando que somente uma
alternativa está correta.
a) ( ) Carlos Gracie
b) ( ) Milon de Crotona
c) ( ) Mohammed Ali
d) ( ) Jigoro Kano
I - Na criação desta arte marcial, Kano tinha como objetivo criar uma técnica de
defesa pessoal, além de desenvolver o físico, o espírito e a mente.
II - O significado de duas palavras é o mesmo, bem como o ideograma usado
em japonês para escrevê-las, arte suave.
III - A luta é espelhada na luta dos ursos e os movimentos destes durante um
confronto.
IV - Esta nobre arte surgiu através da caça de animais, assim que o homem
levantou o primeiro pedaço de madeira ou graveto para ataque ou defesa
de animas, e, posteriormente, com a criação de armas de combate.
( ) JIU-JÍTSU
( ) JUDÔ
( ) ESGRIMA
( ) SUMÔ
a) ( ) II – I – IV – III
b) ( ) II – II – III – I
c) ( ) II – I – III – IV
d) ( ) III – IV – I – II.
Imobilização ou
Jiu-jítsu
movimento
63
Caratê
Vestimenta e armas
Kung fu
específicas
Adversário fora do
Sumô ringue e/ou toque no
chão com parte corporal.
Socos e movimentos
Boxe
corretos.
Greco-romana
Esgrima
64
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encon-
trará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados.
65
66
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico, abordaremos temas como a legislação e os princípios
pedagógicos das lutas, assim como os aspectos universais das lutas. Para toda
prática profissional cabe ao próprio profissional pesquisar, estudar e conhecer
sobre as leis que fazem parte do seu dia a dia de trabalho e ensino, desta maneira,
além de ser mais um conhecimento agregado, o profissional estará seguro para
atuar, pois sabe os limites que pode trabalhar e lecionar.
Por último, mais não menos importante, abordaremos neste tópico o que
chamados de aspectos universais, percebemos que de maneira específica cada luta
possui uma característica diferenciada, assim como peculiaridades em seus aspectos
universais, porém certos padrões nos ensinos das lutas podem ser percebidos. Olhos
atentos acadêmicos, pois continuaremos o seu preparo para o futuro professor.
67
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
Ainda que não seja uma lei regulamentada, no site do Conselho Federal de
Educação Física CONFEF (2016) podemos encontrar a seguinte afirmação:
Por fim, o governo de São Paulo (2008) indica cinco eixos elementares para
o Ensino Médio, sendo eles: jogo, esporte, ginástica, luta e atividade rítmica, que
de modo distinto se interligam com os eixos temáticos denominados Corpo, Saúde
e Beleza; Contemporaneidade; Mídias; Lazer e Trabalho.
DICAS
68
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
outras modalidades, como o hip hop, basquete, xadrez, por exemplo, também
não foram criadas visando o ensino escolar. Assim, para que as práticas de lutas
sejam ensinadas nas aulas de Educação Física escolar, deve haver modificações ou
transformações didático-pedagógicas.
Como disciplina, a luta deve ter a finalidade, segundo o autor Betti (2009),
de criar senso crítico à cultura corporal do movimento, visando formar o cidadão
que possa usufruir, compartilhar e produzir, além de transformar as formas
culturais do exercício da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas
de aptidão física, dança e atividades rítmicas; e também expressivas, lutas e/ou
artes marciais, práticas alternativas.
Dentre os fatores para a não inserção do tema luta e/ou arte marcial na
escola podemos frisar vários, porém de modo muito focado, o autor Melo e seus
colaboradores (2016) trouxeram uma abordagem justamente deste tema para a
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência que é interessante abordarmos:
69
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
• Desequilíbrio
• Contusão
• Imobilização
• Exclusão de determinado espaço.
Deste modo, sabemos que as lutas são importantes, porém, faltam ainda
proposições e indicações de possibilidades de abordar estas manifestações na
escola, indicando quando ensiná-las, como ensiná-las e, o mais importante, o que
ensinar das lutas no longo processo de escolarização (RUFINO, 2015).
Existe um empecilho que talvez seja mais forte que os listados acima, a
associação com o tema violência, o professor deve buscar maneiras de abordar
esse tema, tentando extinguir o preconceito e a associação das lutas à violência.
Utiliza-se dos recursos que a internet nos oferece para estudar maneiras de
abordar o tema tratado.
71
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
os alunos sempre esteve muito claro que aquele era um momento mais de um jogo de
força, habilidades motoras e inteligência, em que cabiam até estratégias complexas
para vencer, e que o lado violência com brigas e xingamentos nunca se fez presente.
Temos que lembrar que a violência se encontra também no modo verbal ou até
mesmo em um olhar de desprezo ou superioridade, assim a mente e não o corpo seria a
arma, por isso a importância do ensino das lutas. Caro acadêmico, temos que discorrer
em nossa formação que a violência é mais uma intenção, um estado de espírito que
pode ou não se apresentar por gestos corporais relacionados com a motricidade grossa,
como um soco ou pontapé. Delvecchio e Franchini (2006), o importante é mostrar que
os professores devem “abrir espaço” para que os alunos troquem suas experiências e
percebam que podem contribuir para a construção do conhecimento do outro.
DICAS
Surpreenda-se com esta professora e com o projeto de lutas que ela desenvolveu.
Aprenda e aprenda muito com este vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=ES5Ie9XI9kM>
72
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
DICAS
74
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
75
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
FONTE: O autor
Além disso, Darido (2012) exemplifica que quando for tratar o futebol,
o ensino deve ir além do fazer (técnicas e táticas), a fim de abordar a cultura;
suas evoluções e transformações ao longo da história; dificuldades e tropeços da
expansão do futebol feminino (causas e efeitos); mitificação dos atletas de futebol;
grandes nomes do passado; violência nos campos de futebol etc., ou seja, é preciso
ir além do costumeiro jogar. E nós, no âmbito da luta, podemos pensar o mesmo
sobre as lutas, ou seja, quando formos tratar de luta e artes marciais, devemos ir
muito além de simplesmente o soco ou o chute, devemos abordar a manifestação
que aquela luta representa, como a luta chegou até aquele formato seguro e
controlado, dificuldades e mistificação da violência das lutas, nomes do passado,
por exemplo, Acelino Popó Freitas, entre outros. Isso é a verdadeira arte marcial.
76
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
DICAS
Perceba que grande parte dos exemplos acima você já está pronto para
responder somente com o estudo e compreensão da Unidade 1.
77
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
78
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
79
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
80
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
Professor, quer dizer que todos devem praticar a luta com todos,
independentemente dos fatores acima citados? Não, não é isso, caro acadêmico.
Temos sim que respeitar as diferenças, dependendo do estágio maturacional de
cada aluno. Temos que os dividir em gênero, sim, com o objetivo de não termos
acidentes devido à diferença de força. A inclusão que estamos discutindo significa
que tanto a menina quanto o menino devem praticar, e seu papel, professor, é
tornar isso uma atividade possível.
Além disso, temos que redobrar a atenção para as pessoas com deficiência
ou necessidades especiais, estas não devem se sentir impossibilitadas ou limitadas
de realizar e participar em igualdade, ao invés disso, devem se sentir motivadas
para com a prática. Assim, devemos estimular os portadores de necessidades
especiais a praticarem os desafios e duelos das artes marciais. Se pararmos para
pensar um pouco, podemos tirar proveito destas situações para ensinar muito
mais que os movimentos básicos de luta, podemos tornar possível uma atividade
em que todos os alunos, inclusive os com deficiência visual (todos iguais), usem
faixas/vendas nos olhos, impossibilitando a visão. E, com cuidado e determinação,
praticar combates ou jogos de luta.
81
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
82
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
DICAS
Para entender ainda mais sobre os gêneros nas lutas, segue uma entrevista que
foi feita com muito sucesso, reportando diferenciação de gêneros nas lutas marciais mistas.
Clique no link que segue para ver: https://www.youtube.com/watch?v=dnyHIA6ojrw
83
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
Os jogos nada mais são que uma maneira eficiente de ensinar as lutas
corporais, que deve seguir ordens com determinados limites espaciais e também
temporários (HUIZINGA, 1971). Além disso, os jogos podem ser compreendidos
como uma pequena representação da realidade, em que o aluno pode chegar perto
de uma prática da luta (FREIRE, 2005). Ainda sobre a utilização do jogo como
maneira de ensino, temos que ressaltar uma importante nota:
4.2.1 Imprevisibilidade
No mundo das lutas marciais costumamos falar que cada luta é uma luta
diferente, não existe um padrão perfeito, sempre haverá um fator imprevisível na
luta, que a torna diferente de outra luta. É por este fator que a luta é tão interessante
de estudar. Porém, quando falamos de ambiente escolar, a imprevisibilidade pode
ser um fator de insegurança e, às vezes, cabe ao professor tornar a atividade mais
previsível e, assim, mais segura. Sobre imprevisibilidade nas lutas, vejamos o que
dizem Gomes; Morato e Almeida (2010, p. 227, grifos nossos):
84
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
4.2.2 Oposição
Este aspecto é talvez o mais visível de todas as características. Temos que
entender que existe oposição em todo e qualquer tipo de luta, é inerente a sua
prática, sendo que às vezes os jogos de luta podem ser chamados de jogos de
oposição.
4.2.3 Regras
A grande diferença entre as brigas e lutas é que nas lutas existem regras
e normas pré-estipuladas que tornam as artes marciais controladas e permitem o
treinamento e estudo das mesmas. Sem as regras o critério de imprevisibilidade seria
total, não poderia o professor controlar o ensino e aprendizagem das lutas. Cabe
ao professor ensinar e garantir o correto entendimento das regras para que assim
a taxa de previsibilidade aumente e fique mais confortável. O professor também
tem a responsabilidade e poder de alterar as regras se assim achar pertinente para
o benefício das aulas. Em qualquer jogo, assim como no jogo de luta, a presença
de regras é inevitável (HUIZINGA, 1971). A regra torna-se uma maneira tática e
técnica de vantagem. Sobre tal afirmação, Gomes; Morato e Almeida (2010, p. 215,
grifos nossos) comentam que: “O que é permitido ou proibido tende a determinar
as técnicas e táticas usadas pelos lutadores. É esse princípio condicional que
define se, para atingir o alvo, devem-se usar as mãos, as pernas; se o contato deve
ser direto; se haverá o uso do implemento etc.”
85
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
86
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
87
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
88
TÓPICO 1 | PEDAGOGIA ESCOLAR DA LUTA
89
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem várias leis que permitem e asseguram as práticas das lutas na escola,
além disso, os PCN permitem uma prática com regulamentação previamente
estruturada.
90
• Existem duas formas principais de enfrentamento: Forma direta e forma indireta.
91
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V-F-V-V-F
b) ( ) V-V-V-V-V
c) ( ) V-F-V-F-F
d) ( ) V-V-V-V-F
e) ( ) F-V-F-V-F
92
4 Preencha a tabela abaixo com as corretas dimensões:
93
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos estudar as classificações das lutas e, com base em suas
características, podemos montar grupos de estudos para as lutas. Neste momento
você deve estar se perguntando: por que estudar as classificações de cada luta?
Pois bem, vamos explicar o porquê: Imagine você querer ensinar todas as lutas,
isto seria praticamente impossível, certo? Porém, se classificar as lutas gerais ou
mais usuais por tipo ou algum aspecto predominante ou padrão, você poderá
distribuir variados tipos de luta durante o ano letivo.
Além disso, neste tópico iremos abordar as principais ações das lutas e
dos jogos de lutas, tanto individual quanto coletivamente, assim como os grandes
conjuntos de ações esperadas e as ações inesperadas.
95
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
não verá uma luta de jiu-jítsu acontecer a longa distância e, ao mesmo tempo, não
verá uma luta de esgrima a curta distância, pois em ambas o juiz irá se aproximar
ou se afastar.
FONTE: O autor
96
TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO E AÇÕES DAS LUTAS
a práticas de curta distância, uma vez que não é possível realizar as técnicas de
agarre sem estar próximo do combatente. Portanto, lutas de curta distância igual
a lutas de agarre.
97
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
As regras de cada luta vão limitar quando podemos usar destas ações
mistas. Outro ponto importante que geralmente temos que entender é que depende
do grau de desenvolvimento motor de nosso aluno para limitarmos estas ações,
pois geralmente são mais complexas, por exemplo, um agarre por trás do pescoço
somado a uma joelhada com extensão de quadril.
98
TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO E AÇÕES DAS LUTAS
3 INTENÇÃO DA AÇÃO
Além das classificações das ações e de distância, existe também uma
classificação de acordo com a intenção da ação. Esta intenção pode ser classificada
como direta (oponente fase final) ou indiretamente (oponente intermédio).
Inesperadas/Imprevisíveis
• Enfrentamento direto entre combatentes.
• Alvo móvel.
• Ações motoras: agarre, toque e agarre mais toque.
• Com ou sem imediação de implementos.
100
TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO E AÇÕES DAS LUTAS
Esperadas/Previsíveis
• Elementos coreografados e repetitivos.
• Caráter de demonstração.
• Elementos e técnicas arranjados em sequência preestabelecida.
• Não apresentam oposição direta.
• Exemplos: katas do caratê.
• Exemplos: mostra de armas do kung fu.
• Mais presentes em treinamentos de refinamento técnico.
DICAS
101
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Assim como existem jogos de luta de distância mista, existem também as ações
mistas; estas ações são denominadas mistas, pois em suas lutas acontecem as
duas técnicas de agarre e de toque também.
• Além das classificações das ações e de distância, existe também uma classificação
de acordo com a intenção da ação. Esta intenção pode ser classificada como
direta (oponente fase final) ou indiretamente (oponente intermédio).
102
AUTOATIVIDADE
3 Sobre a classificação das lutas, faça a correta relação entre as colunas abaixo:
a) ( ) I – IV – III – II – II.
b) ( ) I – II – III – II – II.
c) ( ) I – I – IV – II – II.
d) ( ) I – I – IV – I – IV.
103
4 Explique e exemplifique as classificações de lutas por intenção da ação.
104
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste momento de leitura já podemos estabelecer que você, acadêmico,
agora tem o conhecimento do contexto histórico das lutas, de suas principais
regras e de aspectos universais do ensino das lutas, assim como das três dimensões
de ensino e as classificações das artes marciais.
105
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
106
TÓPICO 3 | ATIVIDADES POSSÍVEIS NO ENSINO DAS LUTAS
O lutador
Último Samurai
107
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
Menina de Ouro
Outra opção para o ensino das lutas é o estudo através de biografias, por exemplo, dos atletas
Mohammed Ali, Mike Tyson, Anderson Silva e a atleta MMA feminina Ronda Rousey.
FONTE: Todas as fotos de capa dos filmes utilizadas nos destaques acima foram retiradas do site
<http://www.imdb.com/>. Acessos em: 29 set. 2016.
108
TÓPICO 3 | ATIVIDADES POSSÍVEIS NO ENSINO DAS LUTAS
109
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
O professor prepara uma lista de golpes e apresenta aos alunos, depois disso
todos os alunos se posicionam na frente do espelho, o professor irá dizer um gesto
e o aluno irá executá-lo, fazendo o determinado movimento. Depois de passados
todos os movimentos, os professores podem começar a adicionar sequência de
golpes. Por exemplo, no começo da atividade o professor orienta somente dizendo:
- Chute! E depois que os alunos entenderam a atividade, o professor começa a
colocar sequências como: Chute, Soco, Soco!
Kung fu animal
Soldado de Pedra
111
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
DICAS
Golpe no Balão
Bolas de Fogo
Os materiais que serão utilizados nesta atividade são bolas de tênis, espumas
leves e/ou balões de água. Nesta atividade, temos o objetivo de desviar de alvos
lançados utilizando esquivas ou os golpes que já foram aprendidos anteriormente.
112
TÓPICO 3 | ATIVIDADES POSSÍVEIS NO ENSINO DAS LUTAS
Esta atividade pode ser adaptada para os dias de verão, podem ser utilizados
balões de água, assim a brincadeira fica ainda mais divertida e mais refrescante.
113
UNIDADE 2 | LUTAS NO AMBIENTE ESCOLAR
ATENCAO
A mostra de lutas é algo muito sério, há, inclusive, campeonatos que não possuem
o contato excessivo somente para que os golpes se tornem o mais real possível. Segue o link
de uma demonstração de caratê: <https://www.youtube.com/watch?v=6J_YgeoAmnM>
DICAS
O professor dá a ordem
114
TÓPICO 3 | ATIVIDADES POSSÍVEIS NO ENSINO DAS LUTAS
O objetivo pode variar desde a busca por uma sincronia entre o grupo
ou a melhor técnica do movimento, ou ambos. Visualmente, o mesmo golpe ou
sequência realizado de forma sincronizada por todo o grupo pode, na frente do
público escolar, demonstrar a disciplina que se aprende com as lutas.
• São exemplos de atividades teóricas que podem ser realizadas na escola: Jogo de
imagens e pedir aos alunos que relacionem as lutas com as devidas classificações;
Mapa-múndi e pedir aos alunos que escrevam os nomes dos possíveis lugares
onde os vários tipos de lutas surgiram; caça-palavras com significados
interessantes e visitas técnicas em centros de treinamento.
• O Body Combat é uma aula que tem o objetivo de gasto de calorias e busca de
saúde através de movimentos semelhantes aos utilizados em várias lutas, como
boxe, MMA, muay thai e caratê.
116
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Era do Gelo
b) ( ) Rocky Balboa
c) ( ) O Lutador
d) ( ) Kung Fu Panda
e) ( ) Mike Tyson - Biografia
a) ( ) V-V-V-F
b) ( ) V-V-V-V
c) ( ) V-F-V-V
d) ( ) F-V-F-V
3 Explique como devem ser feitas as atividades de ações esperadas e quais são
suas características.
117
118
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• entender como o ensino das lutas pode ser utilizado para o ensino de pes-
soas com deficiência;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontra-
rá atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados.
TÓPICO 2 – CAPOEIRA
119
120
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO ESCOLAR
Mãe cola e/ou Pega congela com Movimentos de Luta
Descrição: Atividade que pode ser usada como aquecimento para demais
práticas. A atividade Mãe Cola ou Pega Congela tradicional geralmente utiliza um
121
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Sumozinho
Descrição: Nesta brincadeira e jogo de luta os participantes irão se situar
em espaço predeterminado em dupla, podendo ser um bambolê ou até mesmo
um pequeno quadrado de EVA. Estarão separados em duplas e, ao sinal sonoro
do professor, um terá que conseguir fazer com que o adversário se desloque para
fora do espaço predeterminado. Neste jogo de luta podem acontecer variações de
acordo com a leitura da atividade do próprio professor, por exemplo, permitir
que apenas um único pé toque fora do espaço e/ou tentativa de fazer com que o
companheiro toque as costas no solo.
Local: O local deve ser espumado ou protegido de quedas para que não
aconteça imprevisto de quedas.
122
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
Estoura Balão
123
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Prende e Desprende
Algumas variações podem ser feitas, como o local onde o grampo de roupa
é colocado, por exemplo, comece colocando na cintura, depois no ombro e depois
em um dos membros de braços ou perna. Outra variação que pode ser feita é pelo
número de grampos de roupa colocados no participante. Além disso, pode-se
124
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
trabalhar com mais de uma pessoa para retirar o grampo de roupa, aumentando
assim a dificuldade. Por último, para simular golpes mais explosivos, pode-se
controlar o momento do golpe com música e/ou com sinais sonoros feitos com um
apito simples.
Círculo proibido
Descrição: Neste jogo de luta o objetivo principal é evitar que o seu adversário
entre no círculo determinado, pois é muito importante que os combatentes não
utilizem os membros de forma direta, ou seja, os combatentes ficarão com seis
pontos no chão, os dois pés, os dois joelhos e as mãos, sendo assim, utilizarão força
aplicada ao quadril e ao tronco. Os professores devem tomar cuidado com a cabeça
dos combatentes.
Material: Podem ser usados canetas ou giz para fazer a marcação do círculo
proibido ou até mesmo mangueira de jardim formando um grande bambolê.
125
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Briga de galo
Material: Podem ser usados giz e/ou caneta para marcar o círculo no chão,
e se necessário, um pedaço de pano para o estudante/praticante amarrar as mãos
atrás das costas (OLIVER, 2000).
126
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
127
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Huka-Huka
Visto que esta atividade é um jogo de luta indígena, propriamente dito, não
precisamos de muito para explicar que esta é constituída de ações inesperadas, o
combatente pode usar vários movimentos bruscos e rápidos ainda que somente
com o tronco. Atenção, praticantes que tenham problemas articulares nos joelhos
devem tomar cuidado com a hiperflexão do joelho.
128
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
Derruba Toco
Descrição: Ainda sobre os jogos de lutas indígenas, uma atividade que pode
ser realizada no ambiente escolar é o Derruba toco, esta luta é conhecida como
luta do Maracá e é praticada pelos índios Pataxós de Minas Gerais e da Bahia. O
objetivo do combate é um dos combatentes derrubar um toco que fica posicionado
no meio de um grande círculo, utilizando uma parte do corpo do adversário. A
outra forma de vencer este combate é empurrar ou colocar seu adversário para
fora do círculo (AGUAR; TURNES; CRUZ, 2011; FUNAI, 2016).
Esta atividade é classificada como de ação inesperada, uma vez que nem
mesmo podemos saber qual dos dois objetivos possíveis o combatente vai escolher.
Além disso, são permitidas várias ações de agarre, o que torna a prática muito
imprevisível.
129
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
DICAS
Imobilização do Abração
Descrição: esta atividade, como o próprio nome já diz, tem como objetivo
imobilizar o companheiro com uma ação de abraço. Em duplas, um dos estudantes
terá que imobilizar o estudante número dois com um abraço. Inicialmente, o
estudante número dois irá ficar parado e, ao sinal sonoro ou verbal do professor,
tentará se soltar, e cabe ao estudante número um fazer com que este permaneça
parado.
130
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
Irmãos Gêmeos
131
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Pé-de-Jacaré
132
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
Pega Rabo
133
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
Combate de pés
134
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
3 VISÃO DO PROFESSOR
Entrevistamos uma professora que optou por não se identificar, com mais
de 30 anos de experiência em Ensino de Educação Física Infantil. A professora
em questão possui mestrado na área e é formada em universidade brasileira de
renome.
135
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
136
TÓPICO 1 | ATIVIDADES COM AÇÕES INESPERADAS
DICAS
137
RESUMO DO TÓPICO 1
o Mãe que Cola: Adaptações com gestos e pode ser aplicado para várias
modalidades.
o Briga de Galo, Huka-Huka e Derruba Toco: Jogos de luta com origem indígena
brasileira, fazem parte da cultura brasileira e têm capacidade de ensinar, estão
aliados à iniciação ao contato, visto que em todas não são permitidas ações que
fujam do agarre.
138
o Combate direto por modalidade: Entendemos, com muito cuidado, como
sendo a atividade de combate real de uma determinada modalidade, deve ser
muito estudada e utilizada com estudantes prontos mental e fisicamente.
139
AUTOATIVIDADE
1 Baseado nas atividades estudadas e nos cuidados discutidos até então, monte
uma atividade de aquecimento para uma aula de lutas na escola.
2 Qual das alternativas abaixo não deve ser levada em conta no momento de
escolher as duplas para atividades com ações de agarre e inesperadas?
140
UNIDADE 3
TÓPICO 2
CAPOEIRA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos discutir a arte da capoeira. Você pode ter se questionado
sobre esta prática e o porquê de ela não estar presente na primeira unidade. Pois bem,
acreditamos que foi pelo fato de se tratar de uma luta essencialmente brasileira e muito
didática, que pode ser aplicada até mesmo no ambiente escolar com facilidade. Além
disso, ela permite o estudo de ritmos, pois geralmente vem acompanhada de músicas
divertidas. Enfim, acreditamos que a capoeira tenha um potencial gigantesco de
combater vários tipos de preconceitos, dentre eles o preconceito entre luta e violência.
Em uma junção do conceito dado por vários mestres, Hélio Campos (2001,
p. 35, grifo nosso) traz uma interessante conceituação: “Normalmente, falam de
capoeira como uma arte, poesia, luta, folclore, expressão corporal, harmonia,
equilíbrio, espiritualidade, emoção, jogo de cintura, liberdade, enfim, muitos
predicados que repercutem no modo de vida de cada um desses mestres”.
Já nas palavras de Castro Junior (2004, p. 144) podemos ver uma visão
totalmente aberta do que a capoeira pode representar: “A capoeira é uma célula
cultural presente num contexto histórico e social e no “jogo de dentro e de fora”
são visualizados os elementos da historicidade, culminando em uma visão de
totalidade e os elementos da ancestralidade, culminando em cosmovisão”.
Ainda temos o conceito de quão abrangente esta arte é e como pode ser
estudada por várias ciências, mais uma vez reforçando a ideia de trabalhar a
capoeira de modo multidisciplinar: “A capoeira é sem dúvida uma atividade física,
um esporte e uma luta, mas é também uma reza, um lamento, uma brincadeira,
uma vadiação, uma dança, um canto, uma comunhão” (IPHAN, 2014, p. 80).
141
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3 ORIGEM DA CAPOEIRA
Todos aprendemos e é bem sabido do tráfico de escravos. Este era um
dos mercados mais influentes na época, fácil e rendoso, porém humilhante e
desumano. Os escravos estavam por toda parte no Brasil, no setor urbano, no setor
rural, viviam como mendigos em ruas, em mercados, portos, palácios, engenhos e
senzalas. Estes eram usados como plantadores, roceiros, semeadores, moedores de
cana, oleiros, ferreiros e até mesmo carrasco de outros negros (REGO, 1968).
Mesmo com toda dificuldade que não podemos nem imaginar e talvez pela
existência destas dificuldades é que a capoeira foi desenvolvida. Sobre a origem da
capoeira ainda existem várias discussões, assim como várias hipóteses. Entretanto,
existem duas fortes tendências históricas:
• A capoeira teria origem africana e veio para o Brasil através dos escravos.
• A capoeira teria origem brasileira e é uma invenção dos escravos que já se
situavam no Brasil.
142
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
143
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
144
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
• 1935 - A capoeira deixou de constar como arte proibida com a queda do Decreto
de 11 de outubro de 1890.
• 1937 - Registro oficial que qualificava seu curso de capoeira como Curso de
Educação Física.
• 1972 - A capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como
modalidade desportiva.
• 1987 – Primeiro Seminário de Capoeira da Universidade Federal da Bahia.
• 1992 – Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira.
• 2000 – Fundada a Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada –
ABCEA.
Nos dias de hoje a capoeira está muito bem organizada, com líderes
denominados de mestres, estes organizam e cuidam da prática e têm por função
serem os multiplicadores da filosofia criada. Existem também os contramestres,
que são alunos formados pelos mestres, assim como outros menos graduados.
Apesar de muito divulgada a capoeira, verdadeiros mestres ainda são escassos em
certas localizações do país.
145
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
146
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
“outros” muita fraqueza, e esta evolução da capoeira era boa para o físico e para a
mente. Em 1953, mestre Bimba se apresentou para o presidente Getúlio Vargas, e
este declarou ser a capoeira o único esporte verdadeiramente nacional (FALCÃO,
2004; IPHAN, 2014).
DICAS
Somente por sua destreza e história já podemos admirar este mestre. Que tal ver
o mesmo em ação no vídeo de 1954 em Roda Histórica? Para ver o vídeo, basta acesse o link:
<https://www.youtube.com/watch?v=behw5eiYrwc>.
147
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
DICAS
148
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
149
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
• Angola
• São Bento Grande de Bimba
• São Bento Grande de Angola
• São Bento Grande
• São Bento Pequeno
• Iúna
• Cavalaria
• Samango
• Santa Maria
• Benguela
• Amazonas
• Idalina
• Regional de Bimba
Interessantemente, este toque que irá ditar o tipo de luta, por exemplo, o
toque Angola, é a origem da capoeira, e o capoeira terá que mostrar força e equilíbrio.
Iúna é um toque usado somente para os mestres jogarem, e nesse não há canto.
Cavalaria é usado para avisar do perigo no jogo e discórdia na roda. Benguela é
usado para acalmar os ânimos da luta e Amazonas é usado somente de modo festivo
para saudação de mestres. Ainda sobre os toques, para que não haja dúvida:
3.6.1 Ginga
Todos os golpes partem da ginga, esta é responsável por impedir o
enfrentamento direto dos capoeiras. Consiste, basicamente, em colocar a mão
direita para frente e a perna direita para trás, e em seguida fazer o mesmo com o
lado esquerdo do corpo, sincronizando o movimento com o ritmo do berimbau.
3.6.2 Cocorinha
Esquiva em que o capoeira se abaixa de frente para o adversário, com os
braços protegendo o rosto. Sendo um dos movimentos de defesa frontal da capoeira.
FIGURA 73 – COCORINHA
151
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3.6.3 Aú
Movimento de deslocamento que serve para esquivar-se de contragolpes
de rasteira, pode ser conhecido também como estrela. Usado como uma maneira
rápida de fugir ou enganar o adversário.
FIGURA 74 - MOVIMENTO AÚ
3.6.4 Bênção
Chute de característica frontal que tem o objetivo de acertar o adversário
com a sola do pé. O capoeira levanta o joelho, deixando o adversário sem a certeza se
este irá fazer a Bênção, o Martelo ou qualquer outro pontapé frontal com o mesmo
tipo de movimento. Novamente, acadêmico, movimento de imprevisibilidade.
FIGURA 75 - BÊNÇÃO
3.6.5 Negativa
Movimento de esquiva no qual o capoeira se abaixa até ficar rente ao solo
com uma das pernas flexionada e a outra perna estendida.
152
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
3.6.6 Armada
Chute com o lado externo do pé e com giro do corpo de 360 graus por trás.
Pontapé giratório.
3.6.7 Cabeçada
Golpe aplicado com a cabeça, sendo o objetivo principal desequilibrar o
adversário. Possui variações entre as capoeiras regional e a capoeira Angola.
153
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3.6.8 Queixada
Golpe circular com a parte externa do pé. Apesar da parte final do
movimento ser com membros inferiores, necessita-se de muita força de todo o
corpo para realizar o movimento, que deve acontecer com fluidez.
FIGURA 79 - QUEIXADA
154
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
3.6.10 Rasteira
Golpe perigoso que consiste no apoio das mãos ao solo e uma rotação da
perna, em um ângulo de 360 graus, encaixando atrás do pé ou apoio do adversário
e arrastando, com o objetivo de derrubá-lo.
3.6.11 Macaco
Neste movimento engraçado e peculiar, o capoeira, agachado e com os pés
completamente apoiados ao solo, irá realizar um salto para trás que inicia com a
colocação da mão imediatamente atrás e, depois de um forte impulso no corpo,
executa-se um giro completo.
FIGURA 82 - MACACO
155
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3.6.12 Martelo
Neste movimento sofisticado, devemos erguer o joelho como na bênção e,
com muita abertura de perna, faremos um giro de 90-180 graus. Vale lembrar que
a coxa da perna que ataca deve apontar diretamente para o alvo que quer atingir.
FIGURA 83 - MARTELO
FIGURA 84 - FLOREIOS
3.7 INSTRUMENTOS
Os instrumentos musicais utilizados na capoeira são, em sua essência, uma
característica cultural e são parte importante da roda e do jogo de luta da capoeira.
Falcão (2004) exemplifica que nem sempre teremos todos os instrumentos na
roda de capoeira, porém, percebe-se um padrão mínimo de presença. Desde os
primórdios são utilizados os instrumentos berimbau, pandeiro, adufe, atabaque,
ganzá ou recoreco, caxixi e agogô (REGO, 1968; CAMPOS, 2001; CASTRO, 2004;
FALCÃO, 2004; IPHAN, 2014).
156
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
3.7.1 Berimbau
Atualmente considerado o principal instrumento da capoeira, este é
composto por uma verga de biriba, uma corda de aço, cabeça raspada, courão
e caro. Este era tocado antigamente por uma moeda, atualmente é tocado por
baqueta e dobrão com acompanhamento do caxixi.
3.7.2 Pandeiro
Na roda de capoeira, a batida no pandeiro, com floreios, acompanha o
som do caxixi. No Brasil, o pandeiro entrou por via portuguesa. Existe também
um pandeiro menor, o adufe, que com origem árabe é um pequeno pandeiro de
formato quadrado e de proveniência mourisca.
157
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3.7.3 Caxixi
É um pequeno cesto com sementes, feito de palha trançada, possuindo
forma quase circular, produz som característico.
FIGURA 87 - CAXIXI
3.7.4 Atabaque
É um instrumento musical muito antigo utilizado entre os persas e árabes,
deve ser tocado com as mãos e acompanha o berimbau. Segundo Rego (1968),
pouco utilizado na capoeira atual.
FIGURA 88 - ATABAQUE
158
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
FIGURA 89 – RECO-RECO
3.7.6 Agogô
De origem africana, tem a função de ser um contraponto rítmico aos
berimbaus e ao atabaque. O termo agogô pertence à língua nagô e vem do vocábulo
agogô, que quer dizer sino.
FIGURA 90 – AGOGÔ
159
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
160
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
4 ATIVIDADES DA CAPOEIRA
Já comentamos, anteriormente, várias brincadeiras que podem ser feitas
com vários tipos de lutas, inclusive a capoeira. Alguns exemplos que o professor
pode trabalhar são:
Esta atividade pode ser feita de modo que os estudantes vão saindo
até sobrar uma única cadeira, ou podemos fazer o mesmo somente retirando e
colocando um capoeira para dentro da roda e o que saiu irá ficar com o toque do
pandeiro.
Jogo do Caxixi
161
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
162
TÓPICO 2 | CAPOEIRA
163
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
164
RESUMO DO TÓPICO 2
• A capoeira é, sem dúvida, uma atividade física, um esporte e uma luta, mas é
também uma reza, um lamento, uma brincadeira, uma vadiação, uma dança, um
canto, uma comunhão.
• Existem duas fortes tendências históricas sobre a criação da capoeira, uma delas
é que teria origem africana e veio para o Brasil através dos escravos. A outra é
que a capoeira teria origem brasileira e é uma invenção dos escravos que já se
situavam no Brasil.
• Mestre Pastinha foi um dos primeiros de sua arte, a capoeira Angola. Aperfeiçoou
e muito a capoeira Angola e expôs sua concepção filosófica.
• Nos dias de hoje, a capoeira está muito bem organizada, com líderes denominados
de mestres, estes organizam e cuidam da prática, além de serem criadores ou
multiplicadores da filosofia criada.
165
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) V – F – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.
a) ( ) Mestre Regional.
b) ( ) Mestre Pastinha.
c) ( ) Mestre Bimba.
d) ( ) Mestre Pé Grande.
166
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos abordar exemplos de como podemos abordar as lutas
com pessoas com deficiência. Para isso, certos cuidados devem ser tomados na hora
tanto do ensino quanto da prática. Esses cuidados tornam a prática segura, são
somente adaptações para o público, uma individualização para uma característica
diferente que o praticante possa ter.
167
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3 TERMINOLOGIA
Como continuação de nossa formação, é muito importante fazermos o uso
correto da terminologia, pois a falta de conhecimento do assunto pode fazer com
que enfatizemos a segregação e exclusão. Devemos esclarecer, primeiramente, para
as pessoas que utilizam a expressão "portadoras de deficiência" ou "portadoras
de necessidades especiais", lembrem-se: o verbo portar remete a algo que tem
168
TÓPICO 3 | LUTAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
169
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
4 TIPOS DE DEFICIÊNCIAS
Existem vários tipos de deficiências, desde as mais amplas até as mais
específicas. A deficiência sempre foi classificada como uma condição mental,
física ou psicológica que limita a atividade do indivíduo, sendo relacionada com
uma condição médica. Com o objetivo de auxiliar, a International Classification of
Functioning Disability and Health (ICF) apresenta conceituações e terminologias
internacionais recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. Não
poderemos citar todos os tipos de deficiência, todavia focaremos nas mais
presentes e mais globais.
O cuidado principal que deve ser tomado pelo professor é evitar a ordem
de comandos via som. Por exemplo, atividades musicais como dança da cadeira
ou algo que necessita de som não serão possíveis de realizar. Entretanto, as demais
atividades são facilmente realizadas, existem vários exemplos de lutadores surdos
171
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
172
TÓPICO 3 | LUTAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
173
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
4.6 SURDOCEGO
A pessoa com surdocegueira apresenta perdas auditivas e visuais
concomitantemente em diferentes graus, necessitando desenvolver diferentes
formas de comunicação para que a pessoa surdocega possa interagir com a
sociedade (BRASIL, 2002).
2 - Quais são os principais pontos que podem ser tomados de modo positivo
do ensino de lutas para esta população?
175
UNIDADE 3 | ATIVIDADES, CAPOEIRA E LUTAS NA ACESSIBILIDADE
3 - Quais os cuidados que devemos ter com o ensino de lutas para portadores
de necessidades especiais?
4 - Quais os avisos que você poderia dar aos alunos que estão se formando em
Educação Física e pretendem trabalhar na área com pessoas deficientes?
Aos futuros profissionais quero deixar dois pontos que devem servir de
base para seu trabalho: 1º Pedagogicamente, o ensino para com estas pessoas
não difere em modo nenhum nos conteúdos, mas sim na maneira como se vai
lecionar esses conteúdos; então, o desafio nessa área é ser criativo sempre, ver
o obstáculo como uma possibilidade e não uma pedra. Enxergar o aluno na sua
forma mais ampla, sujeito com possibilidade e não "aquele aluno não sabe isso,
não consegue aquilo", é preciso oportunizar a eles as mais amplas e divertidas
experiências corporais nas aulas de EDF. 2º Reciclem-se, o professor de hoje não
pode ser o mesmo cinco anos depois, devemos buscar novos conhecimentos,
novas práticas sempre, pois quem ganha com isso é você, nossa área, mas
principalmente nosso aluno, pois estes também vão nos trazendo novos
desafios, novos desejos e afins, por isso precisamos enriquecer-nos de novos
conhecimentos e práticas educacionais de fato eficientes e condizentes com a
realidade do aluno e sociedade.
Essa visão é dada devido à maneira como, por muitos anos, foi lecionada
a disciplina de Educação Física nas escolas: por meio da esportividade,
competição, selecionismo, melhor padrão, perfil atlético, enfim, no qual muitas
vezes os ditos "selecionados" se beneficiavam disso para serem os "mandões
da escola", o que por muitas vezes vinha acompanhado de violência. O que
deve ser buscado nesta última década é a nova concepção de Educação Física
Escolar, voltada para a Cultura Corporal do Movimento, que visa oportunizar
aos alunos a maior vivência de movimentos e práticas corporais, incluindo as
lutas, em que o foco é a corporeidade, a expressão corporal, o contexto histórico-
cultural. Assim, precisamos trazer a comunidade para dentro da escola, para que
176
TÓPICO 3 | LUTAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
vivencie esta nova concepção, para que paradigmas como estes, de preconceito,
violência perante o ensino de lutas e demais práticas, sejam desmistificados.
Atividades como: o Dia da Família na escola, gincanas cooperativas na
comunidade, apresentações pedagógicas das práticas educacionais da escola
para a comunidade, enfim, eventos que visem mostrar qual o atual papel da
escola, e da EDF em específico, para a comunidade.
177
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Por volta da metade da década de 1990 passou a ser utilizada a expressão "pessoas
com deficiência", que permanece até hoje e por muitos autores é considerada a
que melhor representa a classe.
178
• Os cuidados e atividades que poderão ser utilizados são muito específicos de
cada tipo de deficiência e, por isso, o maior cuidado deve ser o ensino ministrado
por parte do professor ou profissional.
179
AUTOATIVIDADE
a) ( ) F-F-V-V.
b) ( ) F-F-F-F.
c) ( ) F-V-F-V.
d) ( ) F-F-V-F.
a) ( ) Portadores excepcionais.
b) ( ) Portadores de necessidades especiais.
c) ( ) Pessoas com deficiência.
d) ( ) Invalidez por deficiência.
4 Estruture uma atividade com a temática lutas para uma turma de 20 alunos,
sendo que destes alunos um deles é deficiente visual.
180
REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES
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