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AS 3 ÁREAS DO
CONHECIMENTO
Não se pode escapar, seja por sobrevivência ou sucesso, toda costureira
acaba estudando três áreas específicas. Você sabe quais são?
A TRILHA
Já leu todas as lições? Ficou desnorteada com tantos mitos quebrados?
Qual caminho seguir daqui pra frente? Pegue a trilha e entenda...
O QUE ACHOU DO
MANUAL? ME DÊ SUA OPINIÃO.
Será que existe mesmo, o tal direito de resposta? Se quiser continuar o
debate, me chame nas redes sociais e bora conversar sobre as lições.
A AUTORA
É melhor que você descubra logo de cara, quem sou eu. Decida se vai ou
se fica. Será que você se identifica? Eu já sei como sou, e você?
AGRADECIMENTOS
É preciso agradecer, sempre. Exercitar o reconhecimento de quem nos
ajudou. Ninguém chega a lugar algum sozinho. Um clichê, dos melhores!
O QUE
SIGNIFICA
SER UMA
COSTUREIRA
MODERNA?
Este é o primeiro ponto que desejo abordar aqui. Ao longo dos anos nos acostumamos a saber que costureira é
aquela pessoa de hábitos caseiros, personalidade acanhada e que, apesar de ser a pessoa que de fato executa as
criações de moda, tem pouco ou nenhum conhecimento sobre design.
É a criatura que segue esquecida, a menos que algum parente precise fazer a bainha numa calça. É a criatura sem
carreira ou profissão, afinal tudo que sabe aprendeu sozinha ou porcamente com uma avó ou uma tia, nunca
investiu em um livro sequer (e ainda se orgulha disso!). É a criatura que faz roupas medíocres, seja para ela
mesma vestir ou para as clientes, já que no bairro simples onde mora, andar bem vestida causaria inveja e
julgamentos de vaidade. É a criatura puritana que não 'gosta de moda', coisa fútil e incompreensível para quem
se acostumou apenas a copiar os modelos vistos nas novelas. É a criatura preguiçosa que não vê problema
nenhum em viver mal arrumada e mal vestida, mesmo isto sendo totalmente contraditório para quem trabalha
com a beleza da moda. É a criatura sem voz, que não sabe exigir o pagamento digno pelos seus serviços, a famosa
'costureira desvalorizada'. Chega!!
Eu não aguento mais falar com 'esta costureira'. Desculpe o desabafo, mas esta costureira já está morta. Mesmo
que não saiba.
Venho aqui me dirigir a quem chamo de: A Costureira Moderna. Às nascidas do encantamento que é fazer moda.
Independente de sua origem, sexo ou condição social, a costureira moderna já percebeu que o mundo mudou...
Agora existe um espacinho para ela se realizar. Sabe aquela lembrança gostosa de fazer roupinhas para as
bonecas? Sabe aquela calça jeans que você transformou em shorts na adolescência? Todo este prazer pela criação
fica de lado por um tempo e a vida segue o baile, é natural. Mas vivemos o tempo do resgate! Você já reparou
como a moda exclusiva, a roupa bem feita e o diferencial de estilo, nunca estiveram tão em alta como agora? A
humanidade tem buscado avidamente por individualidade. Aquele desejo de se destacar, de ser reconhecida por
sua personalidade única. Mas como fazer isso em um mundo de figurinos repetidos das blogueiras, espremida
entre roupas de baixa qualidade da China e peças caríssimas das grifes? Como encontrar uma moda que tenha
nossa identidade e esteja alinhada com nossos valores? Que falta faz, uma moda com alma.
Pois é justamente neste espaço que a costureira moderna deseja se estabelecer. Seja criando roupas para si ou
fazendo disto um negócio, marca ou atelier. Roupa com alma é privilégio daquela que caprichosa e antenada, já
decidiu que vai mudar o próprio mundo com uma máquina de costura. Mais bonita, confiante, mais capaz,
independente, bem formada, criativa, realizada e mais feliz... Esta é a Costureira Moderna.
Você notará como são três esferas totalmente distintas, mas que se entrelaçam de tal maneira, que não conseguimos
evoluir em uma se não evoluirmos na outra. Quando entendi isso, minha forma de estudar, ensinar e trabalhar melhorou
muito.
Descobri a duras penas que não importava o quanto minhas alunas soubessem de uma área, se a outra faltasse, elas só
rodavam em círculos. Tornavam-se muito dependentes de minhas validações e perdiam tempo. Isso as deixava inseguras e
tudo se resumia a um grande excesso de nada!
Por isso peço que você leia atentamente o que descreverei a seguir sobre a função de cada uma das áreas de conhecimento. E
sim, você precisará dominar estas três esferas para conseguir avançar nas suas conquistas de costura, moda, carreira e até
de vida. Se você não estiver disposta, tudo bem. Chegou o seu momento de parar! Deixe de ler este material e jogue-o no lixo
eletrônico da vida. Mas se você quiser encarar, já vou avisando: É um propósito de vida.
A vida que vale a pena é um bem árduo. Não é fácil, não se adquire do dia para a noite e a melhor notícia de todas é que nunca
acaba. Estas três áreas do conhecimento se renovarão diante de seus olhos. Quando você imaginar que já aprendeu de tudo,
surge uma novidade. E você devora! A consequência será que você terá uma vida próspera de sentido, utilidade e realizações.
Sempre que vocês me escrevem alguma dúvida é perceptível que o que vocês desejam, é ver a coisa dar certo. Ver o trabalho
com moda e costura deslanchar, a vida melhorar, se sentirem bem e realizadas. Então aqui vai o meu conselho mais certeiro:
Invistam nestas três áreas do conhecimento que apresentarei a seguir.
T E P
A ÁREA EMPREENDEDORA
Aqui mora a receita do sucesso! Se fazer moda já virou profissão (por mais que você ainda
não tenha percebido) ou este é o seu objetivo final, investir nesta área agrega
conhecimentos em organização, marketing, gestão de recursos, contratos de trabalho,
p
habilidades técnicas, já empreendendo de alguma forma, porém não construindo nada, é a
conclusão a que chegamos. Falta ajustar o lado comportamental, emocional, mental. Falta
ajustar a vontade, a resistência, a paciência. Falta ajustar a força, a autoconfiança, a
esperança. Falta ajustar a penetração, o risco, as perdas. Falta ajustar a imagem, o corpo, a
mensagem visual. Falta ajustar o foco, a constância, a saída estratégica. Falta ajustar a
maturidade, os gostos pessoais, os valores. Falta ajustar o que se quer e o que não se quer
de jeito nenhum.
Falta ajustar prioridades, sacrifícios, desimportâncias. Falta ajustar quem consideramos, quem ignoramos, quem amamos. Falta
ajustar quem somos, quem não somos, quem queremos ser. Falta ajustar a cultura, o carisma, o bom papo. Falta ajustar a saúde, a
fé a estória. Falta ajustar a PERSONALIDADE! Se identificou com tudo o que falta ajustar? Pois eu também. E a boa notícia é que
enquanto estivermos vivas, sempre teremos que ajustar algo. Ufa, deu até um alívio... É, mas não descanse, não. Construir nossa
personalidade é algo trabalhoso, temos de estar sempre ativas para desenvolver. E por que personalidade? Porque esta terceira
área trata de algo tão único, individual e intransferível que só poderia ser denominado assim. A personalidade não é algo que se
aprende em livros ou cursos. Não é algo que se copia de alguém e nem mesmo se inspira em alguém. Sabe o motivo? É que o
desenvolvimento da personalidade está sempre atrelado a nossa história pessoal. A família de onde viemos, a genética que temos, o
bairro, cidade e país onde nascemos, cada escolha que fizemos, cada pensamento que nutrimos, cada emoção que deixamos tomar
conta, enfim... A personalidade se faz em nossa estória que é irreplicável. Por isso não dá para viver a vida de outra pessoa, a
personalidade de outra pessoa. Ou a gente vive a nossa, ou não vive nenhuma! Isto sim, infelizmente é possível. Quantas são as
pessoas que acanhadas ou preguiçosas, não resolvem todos os ajustes que citei no começo. Daí a vida passa solta, pequena e sem
forma. Bom, e talvez você esteja aí pensando: 'Mas eu nasci numa família ruim, num bairro ruim, por isso fiz escolhas ruins ...'. E de
que adianta a esta altura do campeonato, reclamar disso? Eu também queria ter nascido princesa herdeira de Mônaco. Mas nasci
filha de gari e empregada doméstica, sou do subúrbio do Rio de Janeiro (alô, alô Realengo!), estudei em escola pública a vida toda e
hoje sou uma adulta bem formada, tenho conhecimento para dar e vender (literalmente), contribuo, pago impostos, salários, tenho
comida na mesa, sou casada com um Fernando maravilhoso, tenho feito meus dinheiros, tenho uma gata, se Deus quiser terei
filhinhos e sabe a tal da personalidade? Estou construindo a minha em meio a tudo isso e sem dar desculpinhas. Pois como eu já
disse, não dá para viver a vida de outra pessoa. Ou você abraça a sua história e de onde você veio ou você não vive vida nenhuma,
bebê.
É isso que vejo em muitas das mensagens que recebo de vocês, nas perguntas e desabafos. Sintomas e mais sintomas de quem não
desenvolve a própria personalidade, não contam a própria história, não vivem a própria vida. Vocês desejam costurar, mas têm
medo de cortar tecido. Desejam montar uma marca, mas não sabem em qual nicho. Desejam aprender a bordar, mas não sabem se
vai dar certo. Desejam ser bem remuneradas, mas não querem estudar sobre vendas... Tem vezes que tenho vontade de mandar
vocês catar coquinho! Hahaha Porque nem sempre é o caso de falar para vocês estudarem mais os assuntos das áreas técnica ou
empreendedora. Na maioria das vezes, é apenas caso de falta personalidade desenvolvida, mesmo.
E como sei que este é um assunto complexo, absolutamente individual e que adentra a eternidade, é claro que não tenho a
pretensão de ter trazer uma 'solução' ao final deste texto. Mas escrevi tudo isso para te apontar uma simples questão: Você precisa
desenvolver a área da personalidade e viver a própria vida! Agora é contigo, minha filha. Comece a prestar atenção na vida, seja
criteriosa em suas escolhas, domine seus sentimentos, faça uns cursos de desenvolvimento pessoal, se achar que precisa vá para a
terapia (com um bom profissional, please!), se tiver fé, viva a sua espiritualidade e pé na tábua. Sabe essa vida boa que você sonha
viver? Pois bem, já começou. E se ela não está do jeitinho que você queria, a responsabilidade de melhorar é sua. Que bom. Já pensou
se você dependesse de terceiros para melhorar? Então bora porque a vida, que é o bem mais precioso, você já tem. Viva a sua
história.
Vamos lá!
03 SEJA PROTAGONISTA
DO SEU APRENDIZADO!
A parada é simples. Você pode comprar dezenas de livros e cursos, frequentar as
melhores faculdades do país e do mundo, ouvir os melhores professores e
palestrantes do planeta Terra. Mas se você não assumir a responsabilidade de se
educar, de aprender de fato, você nunca sairá da ignorância. Não existe mestre,
sábio ou guru que consiga enfiar o conhecimento goela abaixo de uma pessoa. O
professor até pode trazer o conhecimento na bandeja, mas você é quem vai ter
que comer. E tem um lado muito bom em todo este esforço. Quando você finalmente tiver aprendido, saberá que é por
mérito seu. Seu coração se encherá de gratidão pelo professor, mas você terá absoluta certeza que é mérito seu. Então
antes de acreditar que não entendeu, pense um pouco mais. Antes de perguntar algo genérico, pesquise no Google. Se não
entendeu um texto, leia outra vez. Se não sabe como fazer algo, procure a resposta nas instruções. Você vai perceber que em
90% dos casos, você revolve tudo sozinha aproveitando o que o professor já lhe ensinou.
06 MODELAGEM PLANA
É PARA OS FORTES. VAI ENCARAR?
Até pouco tempo eu dizia que modelagem plana não era difícil, que não era
nenhum bicho de sete cabeças. E em parte, mantenho a afirmação. Em parte,
mudei de ideia. É o seguinte, continuo achando que modelagem plana não é a
coisa mais intelectualmente difícil de ser assimilada. Porque prestando atenção
na explicação a gente consegue acompanhar. Mas mudei de ideia sobre ser tão
fácil, pois a modelagem plana testa habilidades que a maioria das pessoas infeliz-
mente não têm. Como concentração para fazer a mesma coisa durante horas, persistência para continuar tentando até dar
certo, leitura de padrões para prever consequências. Perceba que não são habilidades de gênios matemáticos. São coisas
comuns, que se aprende na infância e se usa em várias áreas da vida. Aos que não possuem tais habilidades, dá para comprar
moldes prontos ou correr atrás do prejuízo até aprender. Em todo caso, boa sorte!
09 APRENDA AS QUATRO
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS.
Em um mundo onde já dispomos de calculadora, parece até bobagem ter que saber
fazer as continhas de adição, subtração, multiplicação e divisão. Mas eu aposto um
metro de Tricoline que se você soubesse fazer essas contas no papel, do jeito que
se ensina no primário, você se sentiria muito mais segura na hora de precificar as
suas costuras, na hora de falar o preço para o cliente ou na hora de mensurar sua
uma margem de lucro. É ou não é? Pois eu serei ainda mais dura: é inadmissível
que uma pessoa adulta não saiba fazer as quatro operações matemáticas. Inadmissível! E talvez você esteja aí pensando na
desculpa perfeita. Aquela que relembra de sua infância difícil, onde você não pôde estudar direito pois era muito pobre, os
tempos eram mais sacrificados. Tudo bem. Infelizmente a educação de base em nosso país não é nada boa. Mas você já teve
tempo de correr atrás deste prejuízo, não teve? Hoje em dia você já poderia ter aprendido isso com aulas gratuitas do
Youtube, não é? Então é uma vergonha não saber as quatro operações. Porque no limite, no limite, isso te torna uma pessoa
vulnerável. Insegura para fazer cálculos simples de receita e despesa. Ou seja, um prato cheio para ser passada para trás por
clientes ou fornecedores desonestos. Como você pode permitir isso? Aprenda matemática básica, aprenda a fazer contas
simples de cabeça, perca o medo do monstro da matemática e este será o seu primeiro passo para saber lidar com dinheiro.
Depois disso, você poderá usar a calculadora e com segurança.
10 TENHA
CADERNOS DE ESTUDO!
Taí uma dica besta, besta... Mas que eu tenho que falar. Por que você não cria o
costume de ter um caderno para cada disciplina que você costuma estudar em
moda? Porque de alguma forma, isto acaba tornando concreto os nossos estudos
de moda. Eu conheço pessoas que anotam seus estudos em folhas soltas, que
depois se perdem. Ou anotam em alguma página aleatória de um caderno escolar
do filho, que depois também se perde. Mas mulher, custa tanto comprar um ca-
derno específico para estudar suas coisas e manter tudo organizado em um só lugar? Dá até aquela sensação nostálgica de
quando éramos crianças e comprávamos nossos materiais escolares, novinhos e cheirosos, no início do ano letivo. Dá até um
gosto maior na hora de estudar. Portanto tenha cadernos, coloque seu nome na frente, assuma compromisso pessoal de
levar seus estudos de moda a sério. Você verá como esta simples atitude, faz muita diferença.
16 O TAL DO
NICHO DE MERCADO.
Proliferou-se o conceito de que é mais fácil ter sucesso quando se escolhe um
único nicho de mercado para trabalhar. Em costura e moda por exemplo, temos os
nichos de moda festa, moda praia, moda infantil, etc. Ou até mesmo nichos de
costura criativa, costura de roupas, conserto de roupas, etc. E a ideia de que
escolher um nicho é vantajoso, vem do fato de que é mais fácil se tornar um
especialista, quando se faz uma coisa só. Ou que de é mais fácil se tornar reconhe-
cido pela clientela, quando se faz uma coisa só. Tudo isso é verdade. Escolher um único nicho nos trás foco e ali, depositamos
toda a nossa energia para crescer. Porém, antes de tudo é preciso escolher o tal do nicho. E é nessa hora que a galera se
enrola. Escolher um único nicho demanda de eliminar todos os outros, demanda ter autoconhecimento apurado sobre o que
gosta e o que não gosta, analisar em qual área se trabalha bem ou trabalha mal, pensar no que é mais estratégico agora, o
que vai dar mais certo considerando todas as particularidades envolvidas. E a maioria das pessoas não tem amadurecimento
profissional suficiente para escolher o nicho. E muitas diante deste empasse, paralisam. Se for este o seu caso, por favor tire
esse peso das costas. Jogue para o alto esse negócio de nicho e trabalhe em tudo o que você quiser, misture todos os nichos
e pronto. Se descubra!! Aí depois, caso queiras, escolha um nicho e foque nele. Caso sejam nichos parecidos, como por
exemplo moda praia e moda íntima, ou até moda festa e moda noiva, trabalhe em dois nichos de uma vez e mete ficha! O
importante é trabalhar duro. E o sucesso vem.
19 LINHA DA MESMA
COR, POR FAVOR!
O capricho mora na rigidez da exigência. Portanto querida costureira, se a roupa
que você vai costurar é de cor azul, use linha azul. Se a roupa é mostarda, use linha
mostarda. Se não tiver a linha na cor certa, não costure. Vá até uma loja e compre a
cor certa. Muitas de minhas seguidoras me perguntam como eu consigo fazer
roupas com acabamento tão primoroso. E é óbvio que a resposta inclui o fato de
que tenho muita técnica e conhecimento de acabamentos finos. Mas existe em
mim, muito antes de qualquer técnica, a decisão de ser caprichosa. Veja, não é uma vontade de ser caprichosa, não é nem um
prazer de ser caprichosa. É uma decisão da qual não abro mão. Uma regra, uma obrigação, uma lei. E o que eu mais vejo são
costureiras se costumando, se viciando melhor dizendo, em não serem caprichosas. Gente, acertar a cor da linha é o mínimo.
E eu sei que nós, em prol do capricho e excelência, não podemos ficar engessadas. Não podemos paralisar e deixar de
costurar. Mas por favor, não vamos exagerar nas concessões, né? Tem costureira que mete linha branca em tudo, como se
fosse uma 'cor universal', sei lá. Eu acho um absurdo.
21 A CLIENTELA FEMININA
É TINHOSA. ESTEJA PREPARADA!
Se tem uma coisa que aprendi sobre clientes, é que o público feminino é tinhoso.
Repare só. Se um homem for a um shopping procurando comprar uma camisa, e na
primeira loja em que entrar, for bem atendido. Este homem durante anos, só irá
comprar naquela loja. Ele nem vai reparar nas dezenas de lojas em volta. Homem é
um cliente fiel (veja que deboche do destino!). Já a mulher, pode ser muito bem
atendida, bajulada, encontrar a melhor roupa do mundo em uma loja... E no mesmo
minuto, a tinhosa já está estará achando a grama da loja vizinha muito mais verde e, criando joguinhos com isso. As mulheres
são uma clientela diferenciada pois se envolvem no campo das relações interpessoais femininas. A abordagem com este
público tem que ser muito mais voltada ao desejo, às relações de poder, ao efêmero e intangível. E tudo isso é muito, muito
bom para as vendas. Tanto é que as mulheres compram muito mais que os homens. Mas não se engane! Existe um lado meio
inescrupuloso, desaforado e insolente na mulherada pagante. É CLARO QUE NÃO SÃO TODAS! Muito menos a maioria das
clientes. Mas que existe, no meio de nossa clientela feminina, um tipinho sorrateiro de freguesa. Pode crer que existe!
Confesso que talvez eu, é que não esteja sabendo me explicar muito bem aqui. Talvez eu tenha que adquirir um pouco mais de
experiência e estudar melhor este tipo de compradora, para voltar aqui e trazer alguma explicação mais lúcida a vocês. Porém
desde já, aviso: esteja preparada, as bichas são tinhosas!
23 OS OUTROS
NÃO VÃO ENTENDER!
Quando decidimos que vamos conquistar algo realmente custoso, como por
exemplo empreender, perder muitos kilos ou aprender a costurar. Devemos estar
preparadas para a solidão desta jornada. A conquista de bens árduos é tão cheia
de altos e baixos, detalhes intrinsecamente pessoais e batalhas, que quem olha de
fora jamais conseguirá entender nossas dores. Recebo de vocês muitas
reclamações do tipo: 'meu marido não me apoia', 'minha família não entende'. E é
assim mesmo. Os outros não vão entender o que você passa. É óbvio que não é correto que seu marido ou familiares
espezinhem de seus sonhos e desincentivem sua vitória. Se você estiver em uma relação assim, recomendo que se possível,
afaste-se dessas pessoas. Por outro lado, esperar que os outros entendam seus desafios é infantil. Eles não estão inseridos
no cenário como você, não vivenciam as mesmas coisas que você, não vislumbram os mesmos ideais. Como então poderiam,
por mais empáticos que fossem, te entender verdadeiramente? E mais ainda, como poderiam te consolar com as palavras
certas? Como poderiam te motivar quando você mais precisa? Essa força que você busca nos momentos de dificuldade, na
maioria esmagadora das vezes, não se encontra nos outros. Você encontrará dentro de si. Logo, não espere isso de ninguém.
Muito menos exija isso dos outros! É patético, desculpe dizer. Seja você a pessoa forte. E acredite, deste dia em diante você
vai começar a enxergar mensagens de força em todos os lugares e em pessoas das mais aleatórias. Sentirá gratidão pelas
boas palavras que vierem, se vierem. Pare de cobrar aquilo que cabe a você ter.
Começando pela culpa fictícia, neste caso a costureira se deixa levar pelo fato de saber que a cliente tem tão pouco dinheiro
quanto ela e pensa coisas como: 'Sei que é caro para o bolso dela', 'Sinto que é quase como roubar', 'Se R$ 100,00 para mim é
muito, para a cliente também é', 'Sei que é um absurdo para a cliente ter que pagar tanto assim por um único vestido', 'É
como se estivesse extorquindo, enganado, sendo desonesta com a cliente', 'É como se estivesse tirando dinheiro de alguém
carente'. Perceba como a costureira, enxerga a cliente com pena, o que é um erro grave. A costureira não é responsável pela
pobreza do próximo, não é culpa dela. E a cliente mesmo sendo pobre, não é uma desmazelada completa, é apenas uma
pessoa comum. E é comum ser pobre, a maioria de nós é pobre também. E isso não desmerece ninguém a ponto de olharmos
a cliente com pena. O olhar de dignidade e grandeza que devemos ter sobre todas as pessoas não deve aumentar quando a
criatura tem mais dinheiro e nem diminuir, quando a criatura tem pouco dinheiro. O valor está no fato da pessoa ser pessoa,
uma alma igualzinha a nós. Portanto, PARE DE SENTIR PENA DOS POBRES! Isso é de certa forma, uma desvalorização da vida.
Além de uma soberba absurda, disfarçadinha de caridade. E por que a costureira sente isso, em forma de culpa? Porque esta
é uma culpa fictícia e agradável. Porque ao dar desconto, ao cobrar menos da cliente, a costureira tem a oportunidade de se
sentir boazinha e generosa. A recompensa emocional é agradável e imediata, mesmo sendo uma culpa fictícia. Pois como eu
disse lá no início: A COSTUREIRA NÃO TEM CULPA DA CLIENTE SER POBRE! Mas quer saber qual é a CULPA REAL da costureira?
A culpa de ter um filho pedindo uma comida ou um brinquedo e ela não ter dinheiro para comprar. A culpa de estar acabando
com a própria saúde de tanto costurar sem lucro. A culpa de ter que trabalhar tantas horas e não ter tempo para cuidar dos
próprios filhos. A culpa por ter aberto um atelier em casa que só dá dor de cabeça e prejuízo, e ver o marido jogar isso na cara
dela com uma certa razão. Essa é a culpa real que a costureira não quer encarar. E concorda comigo que é muito mais fácil
sentir a culpa fictícia diante da cliente e ainda posar de caridosa por cobrar menos? Concorda comigo que é muito mais fácil
se sentir uma vítima sem condições financeiras diante de um filho, do que admitir para a criança que você é incapaz de
sustentá-la com os itens mais básicos? Concorda comigo que teu filho vai te amar e te consolar muito mais, se acreditar que
você é uma pobre vítima e não uma profissional incompetente? Concorda comigo que se teu marido erroneamente perder a
paciência com você e te chamar de empreendedora incompetente da pior forma possível, você vai ganhar uma história triste
de grosseria para contar e se vitimizar?
Certo, agora vamos tratar da insegurança. Por acaso você pensa coisas como: 'Tenho um sentimento de inferioridade', 'Sinto
que ainda não devo cobrar tanto pelo trabalho, porque ele ainda pode melhorar', 'Não me sinto merecedora', 'Duvido do meu
preço, me sinto uma fraude', 'Sinto que só sirvo para ser costureira dentro de uma fábrica', 'Tenho baixa autoestima, acho
que meu serviço não vale tudo aquilo'? Perceba como o fato de não conseguir cobrar o preço certo está totalmente
relacionado a não se sentir segura quanto a qualidade do próprio serviço. E adivinha? Quando uma costureira acha que a
costura dela não é tão boa assim, é provável que ela esteja certa, ora. E não dá para SE SENTIR segura, sem de fato, SER boa
no que se faz. Ou você acha que autoconfiança é um sentimento gostosinho que algumas pessoas sortudas conseguem
sentir do nada? Mulher, autoconfiança vem da certeza de ser capaz de realizar algo com qualidade. E a gente só consegue
isso com aperfeiçoamento de nossas habilidades, estudando e praticando. Daí no meio do caminho o valor de nosso trabalho
vai ficando óbvio, a gente compara a qualidade da nossa costura com as costuras de loja, por exemplo. E percebemos o
quanto somos boas. Comparamos nosso trabalho com o da concorrência e mais uma vez confirmamos a qualidade. O
sentimento de inferioridade só desaparece quando de fato, nos tornamos superiores através do trabalho duro. É muito,
muito raro, uma pessoa realmente competente se sentir insegura sobre seu serviço. Quando isso ocorre é caso de fazer
terapia, inclusive. Agora, na maioria das pessoas, quando elas se sentem inseguras, é porque realmente ainda NÃO SÃO BOAS
no que fazem. Elas se sentem mal e devem se sentir mal mesmo. Para que incomodadas, tomem a atitude de melhorar, de
estudar e praticar. E acredite, a autoconfiança virá incontestavelmente.
Agora vamos falar do sentimento de rejeição. Você pensa coisas como: 'Tenho medo da cliente pensar que eu estou me
achando', 'Quer ser reconhecida como gente boa', 'Tenho medo de ser conhecida como careira', 'Não tenho problema ao falar
o preço para desconhecidos, mas é difícil com amigas ou pessoas próximas', 'Tenho medo do não, da pessoa achar um
absurdo e eu ser rejeitada'? Perceba como tudo neste caso, é sobre o desejo de se sentir aprovada pelo outro. É tudo sobre
ser 'amada' como pessoa. Daí eu te pergunto, costureira: o que tem a ver amor e vendas? Nada! Que coisa terrível um bando
de profissionais adultas, prestadoras de serviço, desejando serem queridas e admiradas pelas clientes. E daí se a cliente não
te achar um anjo de candura ou uma pessoa perfeitinha? A opinião dela atrapalha a sua vida em quê? Tenho certeza que
receber um pagamento inferior atrapalha muito mais. A cliente tem que ter certeza das suas QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS.
Ela não precisa admirar seu bom coração e te amar por aprovar seus valores. Ela por acaso é sua MÃE? Tem vezes que até a
mãe da gente, que é geneticamente programada para nos amar, é egoísta e não nos ama tanto assim. Acontece. Agora, em
uma relação comercial, não existe espaço para esperar amor. Se uma cliente chegasse em seu atelier e encomendasse um
lindo vestido para ser entregue dentro de 30 dias e, ao chegar na data, você entregasse a ela muito amor, carinhos e
beijinhos, um forte abraço e muita admiração, isso seria correto? Não, né?! Pois então entenda seu lugar de profissional,
cobre como uma profissional e espere amor de quem você combinou trocar amor. Com cliente, a gente só troca
primordialmente: DINHEIRO. Se a cliente por ser generosa acabar nos admirando, é um adicional, apenas isso.
Pois bem, agora que eu já esclareci as quatro categorias: culpa fictícia, insegurança, rejeição e negócios. Peço por gentileza,
que você reflita e DECIDA, que dá próxima vez que algum desses sentimentos brotarem no seu peito, você estará atenta para
identificá-los e corrigi-los. No começo, será extremamente desconfortável combater todas essas coisas mas se for preciso,
escreva na testa: VENDER NÃO É TIRAR O DINHEIRO DE ALGUÉM!
25 EXAUSTA? ASSISTA
A UM 'FILME DE MULHERZINHA'!
Gente, eu amo trabalhar. Amo. Mas tem dias que eu tô só o pó da bobina. Não
quero ouvir falar de trabalho pois muitas lutas neste campo de batalha ainda não
foram vencidas, isso cansa. Em dias assim, lanço mão de uma estratégia poderosa
para me animar e quero recomendá-la para você agora: assista filmes 'de
mulherzinha'. Pode ser filme de romance, filme de adolescente, filme de moda,
filme de relacionamentos, filme com qualquer roteiro leve e divertido que te faça
assistir sem pensar em problemas. Um filme que seja bonito, com coisas bonitas, é extremamente recomendável. Lugares
bonitos, roupas bonitas, atores bonitos, essas coisas. É como se por um momento, fugíssemos de nossa 'vida feia' para
contemplar uma 'vida bonita'. Eu particularmente gosto de filmes antigos, aqueles da época de ouro de Hollywood. Então
assisto muito 'Bonequinha de Luxo', 'Um corpo que cai',' O ladrão de casaca', 'Quando Paris alucina', 'Cinderela em Paris', 'Os
homens preferem as loiras', 'Janela indiscreta', 'Agora seremos felizes' e todos deste tipo que eu conseguir encontrar. Mas
tem um detalhe importante! É preciso ter um pequeno ritual. Pode ser tomar uma banho quente antes do filme, pode ser
apagar bem as luzes e fechar todas as cortinas, fazer um chá, passar um perfume chique, fazer pipoca. Qualquer coisa um
pouco diferente da sua rotina, porém marcante. Algo simples que sua situação em casa, possa permitir. E o que antes era um
dia ruim, se torna um dia agradável, de emoções prazerosas. Parece improdutivo passar uma hora e meia ali, hipnotizada.
Mas funciona. Lembrando que esta 'fuga da realidade' não deve ser constante, em minha opinião. Pois a vida acontece no
campo de batalha, onde devemos ser ativos no fazer, cuidar de nós e de quem amamos. Porém, dar uma relaxada do cansaço
vendo filme de mulherzinha pode ser bem saudável. Eu costumo observar a elegância das protagonistas, por exemplo. O jeito
como falam e gesticulam. Fico pensando que agirei assim, bem plena, quando estiver em uma situação parecida, sei lá. É
bobo, mas é para isso que servem os adoráveis 'filmes de mulherzinha'. Use-os com moderação e aproveite seu melhor. Ah! E
se você leu o texto inteiro, entendeu o que eu quis dizer, mas está aí pensando que o termo 'mulherzinha' talvez seja
pejorativo... Então você é dessas que se prende a detalhes pífios tão somente para ser implicante. Vá catar coquinho!
27 VOCÊ
NÃO É A SHEIN!
Se tem uma coisa que muitas costureiras não entendem, é que elas não vendem
roupas. Muito menos as baratas e padronizadas, vendidas por qualquer outra loja.
Muito menos as lojas de fast fashion e ultra fast fashion, como a Shein. Tentar
competir com loja, é o suicídio da costureira. E talvez você esteja aí se
perguntando: 'Mas se eu não vendo roupa, vendo o quê?'. Você vende uma
experiência de moda. Que dependendo do seu jeito de ser, ganha uma cara diferen-
te. Darei alguns exemplos, então use a imaginação a seguir. 1 - Poderia ser uma experiência de moda em um atelier de moda
noiva e festa, com aquela decoração requintada e foco na privacidade. Onde a noiva poderá escolher seu vestido com uma
renda personalizada, receber a mãe, a sogra e as amigas para tomarem um champanhe com canapés, enquanto escolhem o
vestido dos sonhos e falam sobre os desafios do matrimônio; / 2 - Poderia ser uma experiência de moda super descolada, em
um atelier de upcycling com pegada underground. Onde a cliente consome uma moda autoral sob medida, enquanto bebe uns
drinks e ouve rock em um disco de vinil ao fundo, garimpa umas peças de brechó a pronta entrega, e faz uma tatuagem;
Perceba que dei dois exemplos bem diferentes, mas ambos possuem foco no serviço em torno da roupa, e não na roupa.
Porque se for só a roupa, vamos falar a verdade, é melhor comprar na Shein. A cliente que procura um atelier de costura, um
atendimento diferenciado. E só por isso já podemos perceber que esta cliente, não busca o menor preço. Daí nessa hora você
esbraveja: 'Como não? Minhas clientes vivem pedindo desconto!'. Pois deixa eu te informar que você está com a cliente
errada, vendendo a coisa errada, em um atelier todo errado. Ufa! Desabafei. Mas e agora? Como fazer tudo certo,
principalmente quando se está começando e não temos uma boa estrutura (decoração, bebidas, etc). Bom, você vai juntar
seus Tico e Teco, seus neurônios, e tentar bolar um jeito de fazer a cliente viver uma experiência de moda, conforme der.
Darei um outro exemplo. Digamos que você tenha um simples atelier de moda para gestantes. Sem decoração bonita, sem
nada. Também não custa nada (ou muito pouco), perguntar a cliente se o bebê é menino ou menina, qual o nome e preparar
algo especial que impressione a grávida. Talvez brigadeiros coloridos, talvez um cartão desejando saúde ao bebê. Talvez
enviar pelo whatsapp uma arte de lembrete feita gratuitamente no Canva com os dizeres: 'O atelier fulano de tal, aguarda
Enzo e mamãe fulana amanhã, às: 14:30hs'. Talvez uma flor, talvez uma coisa fácil de costurar e que grávida usa muito. Daí
você manda uma foto do brinde pelo whatsapp um dia antes dizendo: 'Fulana, olha o que eu fiz de presente para você, vem
buscar'. Seja criativa!
28 EMBALAGENS
BONITAS FAZEM A DIFERENÇA!
Essa é fácil. Todo mundo quando vai dar um presente, faz um embrulho bonito
para agradar. Pois bem, por que a costureira não pode fazer a mesma coisa para
atender seus clientes? Já sei, já sei... Desculpas chegando: 'não tenho dinheiro
para comprar embalagem, não tenho logomarca, meu atelier não tem nem nome'.
Pois a minha proposta aqui é te mostrar que tudo o que você faz no seu trabalho
tem que ser estratégico, pois voltará para você. Hoje em dia, as pessoas já pensam
no trabalho da costureira como algo barato, de segunda categoria. E você ainda entrega o serviço pronto em uma sacola de
mercado? Custa pouco comprar um pacote de papel pardo, um carimbo desses com mensagens fofas e um rolo de barbante.
Custa menos ainda escrever à mão, uma mensagem delicada em um bilhetinho para o cliente. Essas coisas fazem a diferença
nos lucros, na satisfação do cliente, no retorno do dele, na indicação de amigos, no boca a boca. Pesquise no Pinterest por
'embalagens baratas' e veja do que estou falando. Me diga se você não sentiria orgulho ao entregar ao seu cliente, uma
embalagem assim.
29 COSTURA À MÃO
É LUXO, NÃO É GAMBIARRA!
Tá aí uma coisa importantíssima, que preciso esclarecer. Eu não sei porque causa
ou circunstância, tem gente que pensa que costura à mão é sinônimo de
gambiarra. Como se a costura fosse um recurso de segunda classe que surgiu de
improviso, para quando a pessoa não tem máquina de costura ou não sabe usá-la.
Nada disso. A costura à mão é uma habilidade sofisticadíssima, que somente as
costureiras mais caprichosas sabem usar como um meio, para ter acabamentos
perfeitos. Existem momentos da sequência de montagem de uma peça, que se a costureira não souber fazer pontos à mão,
sejam eles provisórios ou definitivos, a roupa simplesmente não fica pronta. Ou então, é finalizada mal e porcamente com
uma costura à máquina que marca o tecido, direito e no avesso. E ainda tem mais um detalhe que não posso deixar passar.
Existem as costureiras que fazem uma belíssima costura à mão. E existem outras que fazem uma costura à mão horrorosa.
Ou seja, é possível ter uma costura à mão funcional, porém sem beleza e qualidade. Daí eu tenho que puxar a sardinha para as
bordadeiras. Pois geralmente quem borda bem, seja ponto cruz, pedrarias ou bordado livre, costuma fazer costuras à mão
mais limpas e harmônicas. Portanto, estudem sobre pontos à mão, treinem e aprendam a usar. Cada ponto à mão que se
sabe, é como uma ferramenta especial para fazer roupas lindas.
31 TÁ TORTO?
DESMANCHE!
Costurar bem feito, tem muito, muito mais a ver com fazer de novo, do que com
conseguir fazer certo desde a primeira vez. Ainda mais quando estamos falando de
uma costura com diferencial de qualidade, uma costura com acabamentos
impecáveis. E sim, eu sei que vai dar uma preguiça muito grande desmanchar
aqueles pontos pequeninos, aquele arremate firme e aquele pesponto que estava
quase todo pronto quando no finalzinho, a linha da bobina acabou. Mas capricho é
exatamente isso: a atitude de fazer o certo pelo certo. Sem barganhar com a mediocridade. Afinal, se você já desprendeu
tanto tempo para criar, modelar e cortar aquela peça, vai fazer com pressa agora, na hora da costura? Devo salientar que o
tempo cura tudo, querida costureira moderna, menos aquela costura torta que você devia ter desmanchado.
33 COLOQUE SEUS
FILHOS PARA TRABALHAR!
Ai, ai... Espero não ser cancelada na internet! Hahaha Mentira! Pode me cancelar,
estou me expondo ao que der e vier. E para completar, ainda não sou mãe e vou dar
um 'pitaco' sobre criação de filhos. Bota gostar de sarna pra se coçar! Brincadeiras
à parte, vamos ao que interessa. Como assim colocar os filhos para trabalhar?
Gente, eu comecei a trabalhar com moda aos 12 anos, quando aprendi a bordar
pedrarias. E posso falar em nome dos filhos e crianças, que esta foi uma das coisas
mais importantes que já me aconteceu. Perceba, que estou falando de um trabalho realmente responsável e custoso, mas de
forma alguma em minha infância eu fui submetida a trabalhos forçados e exaustivos, tá? Que fique claro que meus pais não
eram doidos. Mas quando digo que trabalhar tão cedo era custoso e cobrou de mim responsabilidades, quero dizer que eu
levava aquilo a sério. E os adultos ao meu redor também. E isso contribuiu muito com a minha formação pessoal, minha
maturidade, além de claro, ter me feito descobrir uma vocação profissional muito cedo. Sabe esses jovens de hoje me dia que
se sentem perdidos e se perguntam: qual será o meu propósito? Pois então, eu nunca pensei uma bobagem dessas (sorry, se
ofendi alguém). A verdade é que eu estava muito ocupada trabalhando, sendo autodidata e adquirindo uma profissão. Muito,
muito jovem e eu já tinha condições de me sustentar. Desde cedo já sabia que de fome, eu não morria. E quando chegou a
idade de decidir qual profissão seguir, eu já tinha quase uma década de experiência no ramo da moda. Então foi óbvio. Tudo
porque na infância, meus pais não me impediram de trabalhar. Não me pouparam do esforço, como vejo muitos pais fazerem
tentando proteger seus filhos, mas na verdade estão os enfraquecendo. E a ideia de começar a bordar numa equipe
terceirizada de bordadeiras, partiu de mim. E quantas são as mães costureiras, que tendo um atelier em casa, não ensinam
suas filhas a costurar. Elas(es) podem desde cedo descobrir uma vocação, se tornarem estilistas e podem principalmente,
adquirir a incrível autoconfiança que só o ato de fazer nos traz. Sonhos se realizam com ação, trabalho mesmo! Não tem
outro caminho.
35 ACORDE CEDO
E SE GASTE POR INTEIRO!
Vou direto ao ponto: acorde cedo pois você terá mais horas ativas para dar conta
de mais coisas. Este é o ponto central (e óbvio) deste enunciado. Mas o que eu
desejo realmente falar, é da satisfação de nos 'gastar por inteiro' diariamente.
Somos mulheres ativas, trabalhamos, estudamos, vamos à academia, saímos nos
fim de semana, cuidamos dos filhos e curtimos a vida com marido ou namorado. Já
é bastante coisa! Mas se você sente que ainda falta tempo para fazer mais coisas,
acordar antes de todo mundo costuma ser uma solução simples e poderosa. Só de acordarmos no silêncio matutino, termos
aquele tempo para pensar e organizar a mente para o dia, já nos adianta muito. Acordar cedo é também um exercício de
disciplina diante do desconforto que é sair da cama quentinha. E isso nos fortalece inclusive, para outras batalhas mais
difíceis da vida. E percebi com o tempo, que a labuta de ter um dia cheio, daqueles bem ocupados em que a gente não para
um só minuto. Nos dá ao final do dia uma maravilhosa sensação de dever cumprido. De termos nos gastado por inteiro em
algo realmente produtivo, usando o nosso hoje com presença total. Vou dar alguns exemplos de dias lotados assim, para que
você consiga me entender. Sabe dia de mudança? Aquela correria, carrega caixa, limpa, organiza... Sabe dia de festa? Faz
comida, prepara as bebidas, faz a decoração, limpa, recebe gente... Sabe viagem? Faz as malas, veste as crianças, confere os
documentos, vistoria no carro... Imagina ter dias ativos assim que sejam especialmente voltados para seus objetivos de
costura e moda. Imagine que potência. Ah! E tenho consciência de que não conseguimos e nem devemos manter uma
sequência de dias loucos assim direto, viu?! Precisamos de pausas para descansar a mente e o corpo, acordar tarde em
algum dia propício. Mas entender que esse 'batidão' dos dias produtivos tem seu poder, que potencializam nossa força é
muito importante. Não se acostume com a inércia e nem com a preguiça. Acorde cedo, curta se gastar, se descubra na
euforia do trabalho, na adrenalina das tarefas consecutivas. A gente está aqui nessa vida é para isso, para viver.
37 COMPRE LIVROS,
MAS NÃO LEIA. ESTUDE-OS!
Existe uma grande diferença entre ler um livro e estudar um livro. E nesta lição
gostaria de compartilhar com vocês algumas das estratégias que utilizo para
estudar os livros que tenho. É bem verdade que livros de moda de costura existem
em diferentes tipos. Os bibliográficos, lemos como se fosse um romance. Os
técnicos usamos para consulta. Os de design, olhamos as figuras mais que
qualquer outra coisa. Os de empreendedorismo, assimilamos para aplicar o méto-
do. E em todos esses livros podemos de fato estudar. Minha dica principal é simples: resuma os livros em fichas e guarde em
envelopes dentro de cada livro. Sabe essas fichas pautadas, de papel mais grossinho, tamanho 10x15? Em cada livro que já
estudei, tenho ele resumido em fichas. Escrevo com canetas coloridas e letra de forma, para melhor compreensão e visal
clean. Guardo em um envelope e mantenho na orelha do livro. E sempre que preciso relembrar, saco as fichas do envelope e
leio de carreirinha. Incrível como todo o conteúdo do livro volta fresco à minha memória. Antes de fazer assim, eu sempre
tinha a impressão que perdia o conhecimento. É claro que quando se trata de livros técnicos, junto com as fichas vem a
prática de fazer moldes, cortes e costuras. Mesmo assim as fichas ajudam a registrar os aprendizados mais importantes.
Espero que esta minha dica te ajude. Sei que cada leitor tem suas manias e nem tudo que funciona para um, serve para o
outro. Mas de verdade, te convido a experimentar. É uma sensação muito agradável preencher as fichas com caneta colorida.
39 INSTAGRAM VENDE,
MAS TEM QUE FAZER BONITO.
Eu comparo a oportunidade de ganhar dinheiro nas redes sociais no Brasil, com a
primeira revolução industrial, na Inglaterra. Todo aquele que quiser arriscar
enriquecer, tem um terreno fértil para isso. E no ramo da moda e das costuras não
é diferente. Mas existe uma particularidade deste nosso mercado que não
podemos ignorar. Moda é sobre beleza, desejo, fascínio. Logo, se você quiser
ganhar dinheiro com moda nas redes sociais, terá que ter um Instagram (ou qual-
quer outra rede) com uma aparência bonita. E isso exige sim, algum investimento mínimo. Sei que em muitos casos, a
pessoa cria um perfil de seu atelier no Instagram pois não possui dinheiro para montar um atelier físico que seja bonito e
bem decorado, para receber as clientes. Então como terá dinheiro para investir no Instagram? Mas daí eu te digo: dê um jeito!
Você poderá improvisar em muitas coisas para criar fotos e vídeos bonitos, tem muita coisa grátis na internet (Canva, Inshot,
etc), tem como começar com muito pouco. Mas este pouco às vezes inclui comprar um celular melhorzinho, pintar uma
parede na sua casa para ter um fundo mais bonito, comprar um manequim baratex para mostrar as roupas, uma ring light
nem que seja dessas feitas em casa, etc. Eu recomendo que você não abra mão deste pouco, pois fará a diferença. Então faça
uma listinha de coisas que você precisa comprar ou providenciar. Faça um freela, venda algo que não usa, reserve uma grana
do salário, deixe de comprar a tal da pizza ou cafezinho. E estude sobre como fazer boas fotos e vídeos. Busque inspiração no
Pinterest. Mas acima de tudo, não ignore a força da boa aparência nas redes sociais. Este simples 'detalhe' é o que faz a
diferença entre poder cobrar R$ 1.000,00 em um vestido ou ter que fazer o trabalho por R$ 100,00. A credite em mim, é
desse jeito.
45 O DESAFIO DO
ZÍPER INVISÍVEL.
O bichinho é um desafio. Já vi muita costureira de décadas dizendo que costura de
tudo, menos zíper invisível. Chega ser engraçado como um aviamento tão singelo,
pode nos tirar tanto a paciência. Então eu quero te dar algumas dicas. 1 - Use o
calcador de zíper invisível: este calcador possui ranhuras que abrem as bordas do
zíper na medida certa para que a costura reta o prenda no tecido perfeitamente,
mantendo a invisibilidade perfeita. / 2 - Use o ferro de passar: você pode abrir um
pouco mais as bordas do zíper utilizando o ferro em temperatura média, o que facilita o encaixe. / 3 - Use zípperes originais
da marca YKK: eles costumam ter uma qualidade superior. / 4 - Costure à mão: se está difícil entender como é feito ou fazer
com perfeição na máquina, a costura a mão pode te ajudar a visualizar e entender o mecanismo da costura, pelo menos no
começo. / 5 - Desmanche e tente outra vez: este é um clássico do aprendizado de costura, e a cada tentativa fica melhor.
51 O CONCEITO DE
GUARDAR O CORAÇÃO.
Senti a necessidade de falar deste assunto aqui, pois percebo que pelo menos
metade das reclamações que recebo de seguidoras decepcionadas com pessoas,
parentes, amigos ou clientes que as magoaram, poderiam ter sido evitas se o
conceito de 'guardar o coração' fosse aplicado. Eu acredito que alguns de nossos
sentimentos, dons e sonhos devem ser guardados em nossa intimidade. E
somente revelados para as pessoas certas e no momento certo. Pois não é toda
pessoa que tem condições de nos ouvir com generosidade, atenção e cuidado. Percebo que as pessoas falam muito de si, o
tempo todo. Revelam seus sonhos, como se ficassem nus diante de qualquer um. Esta é a receita para estar vulnerável e ser
atravessada por influências externas que alteram nosso jeito de ser. Como se virássemos quebra-cabeças com as peças dos
outros. E você espera que ao revelar seus sonhos todas as pessoas sejam boas com você? Não acontece assim. As pessoas,
às vezes por serem egoístas, às vezes por serem distraídas, desprezam nossos sentimentos. Por isso devemos guardar o
coração como um jardim bem cuidado, que somente as pessoas preparadas podem adentrar. E você não precisa se tornar
aquela pessoa neurótica que acha que tudo e todos estão contra você. Menos, bebê (1). E também não precisa encarar seus
sonhos como algo místico, que se você contar para alguém, não vai acontecer. Menos, bebê (2). Mas tenha consciência de que
a maioria das patacoadas desestimulantes que você ouve dos outros, só acontece porque você está revelando sua
intimidade a qualquer um, muitas vezes esperando apoio como uma espécie de aprovação. Aí depois vem reclamar comigo.
Cale essa boca, mulher. Guarde seu coraçãozinho.
55 BASICAMENTE, É ASSIM
QUE SE PRECIFICA A SUA COSTURA.
Que o assunto precificação de produto rende horas e horas de explicação, a gente
sabe. Mas aqui irei te passar um jeito bem basicão de pensar essa conta. Existem 3
tópicos que você não pode ignorar: 1 - O custo direto de cada produto; / 2 - O custo
total do seu negócio; / 3 - O valor da sua marca; Perceba de antemão, que eu
chamei os dois primeiros tópicos de custo, e o terceiro chamei de valor. E
basicamente, isso já mostra que dos custos não se abre mão, e de que o valor a
gente faz crescer. Memorize esta informação. Agora irei explicar cada um destes três tópicos através de um exemplo.
Digamos que você deseje definir o valor de um vestido. Vamos calcular o que custou para produzir este um vestido (custo
direto). Geralmente matéria-prima (compra de tecidos, frete, aviamentos, etc) + mão de obra (o salário da modelista e da
costureira - e aqui neste caso cabe fazer uma outra conta para descobrir o valor da hora destas profissionais - que na maioria
das vezes é você, então calcule o seu salário operacional aqui) + gastos eventuais (por exemplo, a compra de uma ferramenta
específica para fazer este modelo). Exemplo de resultado: R$ 588,00 / Agora vamos calcular todo o custo de estrutura que
possibilitou a produção deste vestido (custo do negócio). Geralmente os custos fixos (aluguel, energia, água, internet, outro
funcionários como atendente ou vendedora - que na maioria das vezes também é você, então calcule o seu salário
operacional aqui) + custos variáveis (embalagens, combustível, manutenção de máquinas, etc) + gastos eventuais (algum
imprevisto custoso, uma reforma, etc). Exemplo de resultado mensal: R$ 5.000,00 / Agora vamos calcular o que é valor
(valor da sua marca). E este é um valor intangível, um valor de acordo com o que você acha que vale a sua criação. Tanto a
criação das roupas, quanto da experiência do cliente. Você pode somar aqui o valor que você desejar, consciente é claro, de
que o cliente também avaliará se está disposto a pagar por isso. E vou te dizer, tudo aqui neste ponto, depende de
marketing. Se você tiver um bom marketing, uma boa identidade de marca, poderá cobrar mais e o cliente pagará. Se não
tiver, o cliente simplesmente não irá pagar por isso. Exemplo de resultado por peça: R$ 2.000,00. Logo, matematicamente
falando, o preço do vestido deveria ser: R$ 588,00 + R$ 5.000,00 + R$ 2.000,00. Que daria: R$ 7.588,00. Sim, eu sei este valor
que para muitas costureiras é impraticável. Mas calma, ainda tem muita água para passar debaixo dessa ponte. O custo
direto de R$ 588,00 é intocável. Qualquer coisa que barateie esse custo significa trabalhar com tecidos de segunda categoria
ou costurar de graça, ser explorada.
Dedique-se a Área Técnica sabendo que ela é infinita. Justamente por isso,
1 todo tipo de estudo é válido. Conteúdo em livros, em vídeos, conteúdo
gratuito, conteúdo pago, online ou presencial. Aprendizado teórico, na
prática ou por observação. Anote tudo, catalogue tudo, estude tudo. Mas
tenha olhar crítico e selecione com quem irá aprender. Já que se trata de
uma área tão vasta, aprender errado ou com maus professores, nos atrasa;
Se for empreender como fundador de uma empresa, faça isso direito. Se for
3 empreender como funcionário de uma empresa, faça isso direito também.
Dê o seu melhor em um ambiente que seja o melhor. Busque este ambiente
seja em sua própria empresa ou na empresa de outra pessoa. Contribua para
que o ambiente seja cada vez melhor. Sobre trabalho, isto é o melhor que
tenho a dizer;
Faça roupas lindas. Pelo mais puro prazer de fazê-las. Existe uma certa
4 magia na costura, quase como um feitiço. Criar uma roupa linda e bem-feita
nos transporta para um certo paraíso que não sei bem explicar, mas existe.
Um certo estado de graça, eu diria. Nunca deixe essa paixão morrer. Após
fazer a roupa, vista. Alegre-se! Leve a roupa para passear na vida junto com
você. Não existe coisa mais fúnebre do que uma costureira que não se sente
digna o suficiente para vestir as próprias criações. Estenda a mesma alegria
a outras pessoas, costure para quem ama ou para clientes que precisam de
você;
Repetirei abaixo o meu perfil no Instagram e Tiktok, duas redes bem interativas onde você consegue conversar comigo
diretamente. Seja através das caixinhas dos stories, direct ou comentários. Seja muito bem-vinda e bora papear!
A AUTORA
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ou semelhantes. Este material é propriedade intelectual de Fernanda Herthel.
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n° 6.895, de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas
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