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O MANUAL DA

UM GUIA DA SOBREVIVÊNCIA AO SUCESSO


O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA

O QUE SIGNIFICA SER UMA


COSTUREIRA MODERNA?
Para já chegar colocando os pingos nos 'is'. Afinal, quem é essa tal de
Costureira Moderna? Você é uma delas ou está obsoleta?

AS 3 ÁREAS DO
CONHECIMENTO
Não se pode escapar, seja por sobrevivência ou sucesso, toda costureira
acaba estudando três áreas específicas. Você sabe quais são?

LIÇÕES PARA UMA COSTUREIRA


MODERNA
Escolha a treta, prepare seu espírito e leia pelo menos uma lição por dia.
Se é que você conseguirá ler apenas uma. Ou você me ama, ou me odeia.

A TRILHA
Já leu todas as lições? Ficou desnorteada com tantos mitos quebrados?
Qual caminho seguir daqui pra frente? Pegue a trilha e entenda...

O QUE ACHOU DO
MANUAL? ME DÊ SUA OPINIÃO.
Será que existe mesmo, o tal direito de resposta? Se quiser continuar o
debate, me chame nas redes sociais e bora conversar sobre as lições.

A AUTORA
É melhor que você descubra logo de cara, quem sou eu. Decida se vai ou
se fica. Será que você se identifica? Eu já sei como sou, e você?

AGRADECIMENTOS
É preciso agradecer, sempre. Exercitar o reconhecimento de quem nos
ajudou. Ninguém chega a lugar algum sozinho. Um clichê, dos melhores!

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA


INTRODUÇÃO

O QUE
SIGNIFICA
SER UMA
COSTUREIRA
MODERNA?
Este é o primeiro ponto que desejo abordar aqui. Ao longo dos anos nos acostumamos a saber que costureira é
aquela pessoa de hábitos caseiros, personalidade acanhada e que, apesar de ser a pessoa que de fato executa as
criações de moda, tem pouco ou nenhum conhecimento sobre design.

É a criatura que segue esquecida, a menos que algum parente precise fazer a bainha numa calça. É a criatura sem
carreira ou profissão, afinal tudo que sabe aprendeu sozinha ou porcamente com uma avó ou uma tia, nunca
investiu em um livro sequer (e ainda se orgulha disso!). É a criatura que faz roupas medíocres, seja para ela
mesma vestir ou para as clientes, já que no bairro simples onde mora, andar bem vestida causaria inveja e
julgamentos de vaidade. É a criatura puritana que não 'gosta de moda', coisa fútil e incompreensível para quem
se acostumou apenas a copiar os modelos vistos nas novelas. É a criatura preguiçosa que não vê problema
nenhum em viver mal arrumada e mal vestida, mesmo isto sendo totalmente contraditório para quem trabalha
com a beleza da moda. É a criatura sem voz, que não sabe exigir o pagamento digno pelos seus serviços, a famosa
'costureira desvalorizada'. Chega!!

Eu não aguento mais falar com 'esta costureira'. Desculpe o desabafo, mas esta costureira já está morta. Mesmo
que não saiba.

Venho aqui me dirigir a quem chamo de: A Costureira Moderna. Às nascidas do encantamento que é fazer moda.
Independente de sua origem, sexo ou condição social, a costureira moderna já percebeu que o mundo mudou...
Agora existe um espacinho para ela se realizar. Sabe aquela lembrança gostosa de fazer roupinhas para as
bonecas? Sabe aquela calça jeans que você transformou em shorts na adolescência? Todo este prazer pela criação
fica de lado por um tempo e a vida segue o baile, é natural. Mas vivemos o tempo do resgate! Você já reparou
como a moda exclusiva, a roupa bem feita e o diferencial de estilo, nunca estiveram tão em alta como agora? A
humanidade tem buscado avidamente por individualidade. Aquele desejo de se destacar, de ser reconhecida por
sua personalidade única. Mas como fazer isso em um mundo de figurinos repetidos das blogueiras, espremida
entre roupas de baixa qualidade da China e peças caríssimas das grifes? Como encontrar uma moda que tenha
nossa identidade e esteja alinhada com nossos valores? Que falta faz, uma moda com alma.

Pois é justamente neste espaço que a costureira moderna deseja se estabelecer. Seja criando roupas para si ou
fazendo disto um negócio, marca ou atelier. Roupa com alma é privilégio daquela que caprichosa e antenada, já
decidiu que vai mudar o próprio mundo com uma máquina de costura. Mais bonita, confiante, mais capaz,
independente, bem formada, criativa, realizada e mais feliz... Esta é a Costureira Moderna.

Eu definitivamente sou uma delas. E você?

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AS 3 ÁREAS DO
CONHECIMENTO
Em todos estes anos de internet lidando com a Costureira Moderna, percebi que os interesses que nos fazem avançar nos
estudos de moda ou na carreira fashion estão relacionados a três áreas. Estes três temas são tão recorrentes em cada
pergunta que recebo, em cada súplica desesperada por clareza, que decidi explicá-los aqui - já não era sem tempo.

Você notará como são três esferas totalmente distintas, mas que se entrelaçam de tal maneira, que não conseguimos
evoluir em uma se não evoluirmos na outra. Quando entendi isso, minha forma de estudar, ensinar e trabalhar melhorou
muito.

As três áreas do conhecimento são: Técnica, Empreendedorismo e Personalidade.

Descobri a duras penas que não importava o quanto minhas alunas soubessem de uma área, se a outra faltasse, elas só
rodavam em círculos. Tornavam-se muito dependentes de minhas validações e perdiam tempo. Isso as deixava inseguras e
tudo se resumia a um grande excesso de nada!

Por isso peço que você leia atentamente o que descreverei a seguir sobre a função de cada uma das áreas de conhecimento. E
sim, você precisará dominar estas três esferas para conseguir avançar nas suas conquistas de costura, moda, carreira e até
de vida. Se você não estiver disposta, tudo bem. Chegou o seu momento de parar! Deixe de ler este material e jogue-o no lixo
eletrônico da vida. Mas se você quiser encarar, já vou avisando: É um propósito de vida.

A vida que vale a pena é um bem árduo. Não é fácil, não se adquire do dia para a noite e a melhor notícia de todas é que nunca
acaba. Estas três áreas do conhecimento se renovarão diante de seus olhos. Quando você imaginar que já aprendeu de tudo,
surge uma novidade. E você devora! A consequência será que você terá uma vida próspera de sentido, utilidade e realizações.
Sempre que vocês me escrevem alguma dúvida é perceptível que o que vocês desejam, é ver a coisa dar certo. Ver o trabalho
com moda e costura deslanchar, a vida melhorar, se sentirem bem e realizadas. Então aqui vai o meu conselho mais certeiro:
Invistam nestas três áreas do conhecimento que apresentarei a seguir.

T E P

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A ÁREA TÉCNICA
Geralmente é por onde todas nós começamos, seria a esfera mais consciente. Todo mundo
que um dia desejou fazer moda, já sabia que teria que estudar costura, design, modelagem,
bordados e acabamentos, para conseguir fazer roupas de qualidade. Esta área do
conhecimento portanto, se refere a todo o trabalho operacional da moda. A parte da mão na
t massa (ou seria mão no tecido?). E dependendo do ramo em que a pessoa deseje atuar, esta
área se estende ainda mais. Exigindo estudos por exemplo, em modelagem digital,
tingimento artesanal, costura vitoriana, upcycling, bordados diversos, desenvolvimento de
coleção, colorimetria, tricot, ilustração de moda, conhecimentos de nichos como alfaiataria,
moda infantil, moda praia, moda festa, conhecimentos específicos de modelagem de
malhas, modelagem tridimensional, etc.
Em resumo, tudo o que se refere ao 'fazer', se enquadra nesta categoria. E quando uma pessoa investe na área técnica, é como se ela
se tornasse um canivete suíço. Uma criatura com infinitas habilidades e que tem a capacidade de transformar tudo ao seu redor em
moda. Trata-se de uma pessoa com muita experiência e que por consequência, torna-se autoconfiante. Afinal, quem investe na área
técnica já viu muitas coisas, já fez muitos testes, já praticou muito e sabe que para tudo dá-se um jeito. Quem curte a área técnica
costuma ser curiosa ou criativa, se diverte fazendo as coisas no atelier e ama os processos. Até aqui, temos uma 'faz tudo' eficiente.
Daí surge um bichinho que quer te morder e vem o impasse: Continuar fazendo moda só por hobby ou fazer disso um negócio ou
profissão? Se a resposta for a opção um, tá beleza. É só continuar investindo cada vez mais em cursos técnicos, livros e habilidades
criativas de todo tipo. Mas se a resposta for a opção dois, vem a dor de deixar de fazer tudo o que mais se gosta de fazer. Sim, é preciso
deixar a moda em 'stand by' por um tempo. Por mais que seu design seja autoral, sua costura seja linda, sua modelagem impecável...
Nada disso é suficiente para te fazer prosperar na ideia de trabalhar com moda. Você terá que começar a estudar sobre como fazer
desta sua habilidade manual e meramente operacional, um negócio ou uma carreira. É o tal do empreender, né menina?

A ÁREA EMPREENDEDORA
Aqui mora a receita do sucesso! Se fazer moda já virou profissão (por mais que você ainda
não tenha percebido) ou este é o seu objetivo final, investir nesta área agrega
conhecimentos em organização, marketing, gestão de recursos, contratos de trabalho,

E criação de marca, branding, social mídia, recursos humanos, infraestrutura, finanças,


contabilidade, estoque, precificação, prestação de serviços, desenvolvimento de produto,
atendimento ao cliente, definição de público alvo, etc. Obviamente que para quem faz da
moda o seu ganha pão, estes conhecimentos não são apenas recomendados e sim,
obrigatórios. Se você é costureira autônoma, dona de atelier, fundadora de uma pequena
marca ou profissional de carreira e sua ficha ainda não caiu, te darei uma notícia: Você é uma
empreendedora (seja com cnjp ou cpf). Então por favor, se comporte como uma!
Sim, se o dinheiro que você produz vem de uma costura aqui, um conserto ali, uma encomenda acolá ou um freela de leve, então você já
está empreendendo. Resta saber se você está fazendo isso de forma desleixada ou não. A pergunta que mais ouço em minhas redes
sociais é: 'Costura dá dinheiro?'. E a resposta é simples: Não dá!! Costura não dá dinheiro, pastel não dá dinheiro, engenharia não dá
dinheiro, padaria não dá dinheiro... O que faz dinheiro é o trabalho. E com uso de uma super palavrinha que agora vou sussurrar no seu
ouvido, fique atenta: venda. Quer ter sucesso? VENDA! Seja vender a si mesma, sua marca, sua costura... Você tem que aprender a
vender. E se você acha que saber vender é ter aquela desenvoltura ao falar, aquela malemolência de levar os outros no bico e forçar as
pessoas a comprarem produtos péssimos que nem precisam, devo te informar que você está muito enganada. Vender não é isso.
Vender não é crime e nem pecado, vender não é sujo e nem desonesto. Vender é entregar um valor em forma de produto ou serviço que
o cliente já esteja precisando muito. Sim, vender é servir a quem está precisando. E por que cobramos por isso e não entregamos de
graça? Cobramos por isso pois é o único jeito de continuarmos trabalhando e servindo, mantendo nossos estoques, nossos
maquinários, nossos funcionários e obviamente nos mantendo. E para vender, existem técnicas. Algumas são mais sutis, outras são
mais agressivas, tem a venda elegante, tem a venda animada, tem a venda em massa, tem a venda no um a um, tem a venda direta, a
indireta... Alguma vai combinar com você. Estude e descubra qual combina com a sua personalidade. Personalidade? Mas o que isso
tem a ver com fazer moda e empreender? Continue lendo que você vai descobrir.

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A ÁREA DA PERSONALIDADE
Se tem uma coisa que eu percebi nessa vida, é que o comportamental da gente é o que
define o jogo. Puta papo de coach de desenvolvimento pessoal, eu sei... É ridículo! Mas
quando a gente vê um bando de mulher com a faca e queijo na mão, já tendo várias

p
habilidades técnicas, já empreendendo de alguma forma, porém não construindo nada, é a
conclusão a que chegamos. Falta ajustar o lado comportamental, emocional, mental. Falta
ajustar a vontade, a resistência, a paciência. Falta ajustar a força, a autoconfiança, a
esperança. Falta ajustar a penetração, o risco, as perdas. Falta ajustar a imagem, o corpo, a
mensagem visual. Falta ajustar o foco, a constância, a saída estratégica. Falta ajustar a
maturidade, os gostos pessoais, os valores. Falta ajustar o que se quer e o que não se quer
de jeito nenhum.
Falta ajustar prioridades, sacrifícios, desimportâncias. Falta ajustar quem consideramos, quem ignoramos, quem amamos. Falta
ajustar quem somos, quem não somos, quem queremos ser. Falta ajustar a cultura, o carisma, o bom papo. Falta ajustar a saúde, a
fé a estória. Falta ajustar a PERSONALIDADE! Se identificou com tudo o que falta ajustar? Pois eu também. E a boa notícia é que
enquanto estivermos vivas, sempre teremos que ajustar algo. Ufa, deu até um alívio... É, mas não descanse, não. Construir nossa
personalidade é algo trabalhoso, temos de estar sempre ativas para desenvolver. E por que personalidade? Porque esta terceira
área trata de algo tão único, individual e intransferível que só poderia ser denominado assim. A personalidade não é algo que se
aprende em livros ou cursos. Não é algo que se copia de alguém e nem mesmo se inspira em alguém. Sabe o motivo? É que o
desenvolvimento da personalidade está sempre atrelado a nossa história pessoal. A família de onde viemos, a genética que temos, o
bairro, cidade e país onde nascemos, cada escolha que fizemos, cada pensamento que nutrimos, cada emoção que deixamos tomar
conta, enfim... A personalidade se faz em nossa estória que é irreplicável. Por isso não dá para viver a vida de outra pessoa, a
personalidade de outra pessoa. Ou a gente vive a nossa, ou não vive nenhuma! Isto sim, infelizmente é possível. Quantas são as
pessoas que acanhadas ou preguiçosas, não resolvem todos os ajustes que citei no começo. Daí a vida passa solta, pequena e sem
forma. Bom, e talvez você esteja aí pensando: 'Mas eu nasci numa família ruim, num bairro ruim, por isso fiz escolhas ruins ...'. E de
que adianta a esta altura do campeonato, reclamar disso? Eu também queria ter nascido princesa herdeira de Mônaco. Mas nasci
filha de gari e empregada doméstica, sou do subúrbio do Rio de Janeiro (alô, alô Realengo!), estudei em escola pública a vida toda e
hoje sou uma adulta bem formada, tenho conhecimento para dar e vender (literalmente), contribuo, pago impostos, salários, tenho
comida na mesa, sou casada com um Fernando maravilhoso, tenho feito meus dinheiros, tenho uma gata, se Deus quiser terei
filhinhos e sabe a tal da personalidade? Estou construindo a minha em meio a tudo isso e sem dar desculpinhas. Pois como eu já
disse, não dá para viver a vida de outra pessoa. Ou você abraça a sua história e de onde você veio ou você não vive vida nenhuma,
bebê.

É isso que vejo em muitas das mensagens que recebo de vocês, nas perguntas e desabafos. Sintomas e mais sintomas de quem não
desenvolve a própria personalidade, não contam a própria história, não vivem a própria vida. Vocês desejam costurar, mas têm
medo de cortar tecido. Desejam montar uma marca, mas não sabem em qual nicho. Desejam aprender a bordar, mas não sabem se
vai dar certo. Desejam ser bem remuneradas, mas não querem estudar sobre vendas... Tem vezes que tenho vontade de mandar
vocês catar coquinho! Hahaha Porque nem sempre é o caso de falar para vocês estudarem mais os assuntos das áreas técnica ou
empreendedora. Na maioria das vezes, é apenas caso de falta personalidade desenvolvida, mesmo.

E como sei que este é um assunto complexo, absolutamente individual e que adentra a eternidade, é claro que não tenho a
pretensão de ter trazer uma 'solução' ao final deste texto. Mas escrevi tudo isso para te apontar uma simples questão: Você precisa
desenvolver a área da personalidade e viver a própria vida! Agora é contigo, minha filha. Comece a prestar atenção na vida, seja
criteriosa em suas escolhas, domine seus sentimentos, faça uns cursos de desenvolvimento pessoal, se achar que precisa vá para a
terapia (com um bom profissional, please!), se tiver fé, viva a sua espiritualidade e pé na tábua. Sabe essa vida boa que você sonha
viver? Pois bem, já começou. E se ela não está do jeitinho que você queria, a responsabilidade de melhorar é sua. Que bom. Já pensou
se você dependesse de terceiros para melhorar? Então bora porque a vida, que é o bem mais precioso, você já tem. Viva a sua
história.

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"
E agora que já estamos alinhadas,
vamos às lições que vos separei. São
aprendizados que obtive a duras
penas ao longo de minha jornada
como Costureira Moderna e como
pessoa. Você notará estas lições se
enquadram em alguma das 3 áreas
anteriores. Você não precisa
segui-las, não precisa nem mesmo
concordar... Mas me dê a chance de
trocar com você algumas de minhas
ideias e, quem sabe, contribuir. Seja
para a mais que necessária,
sobrevivência. Ou para o tão
intrincado, sucesso.

Vamos lá!

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LIÇÕES PARA UMA
COSTUREIRA MODERNA
01 SE É PARA TER ROUPA MAL
FEITA, COMPRE EM LOJA!
Querida costureira ou aspirante a costureira, qual o sentido de se dar ao trabalho
de fazer uma roupa do zero, desde a modelagem, corte do tecido, costurar tudo...
E fazer mal feito? Eu fico perplexa com a falta de capricho de muitas costureiras. E
tudo bem que quando estamos começando ainda não temos todo o repertório
técnico de acabamentos, ainda não sabemos todos os ajustes de modelagem. Mas
cá entre nós, existem costureiras que usam a bengala do 'eu sou iniciante', há dé-
cadas. Gastam o próprio tempo, gastam tecido, gastam a máquina e o resultado é uma roupinha mal acabada que vai ficar
desbeiçada logo na primeira lavagem. Seria mais fácil comprar pronto numa loja qualquer, você não acha?

02 ATELIER COM CARA


DE CHIQUE, VENDE MAIS.
Verdade seja dita, as aparências importam. Ter um atelier bem decorado,
principalmente se você trabalha com moda festa ou sob medida, faz total
diferença na hora de conseguir bons clientes. Clientes com mais poder de compra,
clientes mais preparados para entender o valor dos nossos serviços. O que não
significa que se você não tem dinheiro para montar um atelier pomposo, não possa
começar a trabalhar. Comece com o que você tem! Mas tenha consciência de que:
1 - Neste começo, talvez você perca a oportunidade de cobrar mais; 2 - Você terá que lidar com uma clientela menos
qualificada; 3 - Você terá que compensar em outras coisas (atendimento, sorriso no rosto, pessoalidade); 4 - Tudo que
estiver ao seu alcance para embelezar o lugar, faça. Desde organização e limpeza impecáveis, até gambiarras de decoração,
iluminação, mobília, etc; Não é um gasto, é um investimento (mesmo!);

03 SEJA PROTAGONISTA
DO SEU APRENDIZADO!
A parada é simples. Você pode comprar dezenas de livros e cursos, frequentar as
melhores faculdades do país e do mundo, ouvir os melhores professores e
palestrantes do planeta Terra. Mas se você não assumir a responsabilidade de se
educar, de aprender de fato, você nunca sairá da ignorância. Não existe mestre,
sábio ou guru que consiga enfiar o conhecimento goela abaixo de uma pessoa. O
professor até pode trazer o conhecimento na bandeja, mas você é quem vai ter
que comer. E tem um lado muito bom em todo este esforço. Quando você finalmente tiver aprendido, saberá que é por
mérito seu. Seu coração se encherá de gratidão pelo professor, mas você terá absoluta certeza que é mérito seu. Então
antes de acreditar que não entendeu, pense um pouco mais. Antes de perguntar algo genérico, pesquise no Google. Se não
entendeu um texto, leia outra vez. Se não sabe como fazer algo, procure a resposta nas instruções. Você vai perceber que em
90% dos casos, você revolve tudo sozinha aproveitando o que o professor já lhe ensinou.

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04 VOCÊ SÓ PRECISA DE
UMA MÁQUINA DOMÉSTICA.
Taí uma coisa boa de explicar. Você consegue costurar um blazer impecável
usando apenas uma boa máquina doméstica. Consegue costurar uma calça jeans.
Consegue costurar um vestido de noiva. Tudo com acabamentos perfeitos, muito
superiores ao das roupas de loja. Só tem um detalhe. Você vai precisar ter
conhecimento das técnicas para fazer uma costura francesa, um forro embutido
ou costura em viés. E não, você não precisa de uma overloque. A overloque só é
fundamental quando costuramos roupas de malha. Em tecido plano, material de que é feito a maioria das roupas mais
desejadas, a overloque não apenas é desnecessária, como em muitas vezes, é sinal de baixa qualidade em acabamentos ou
um recurso precário da indústria.

05 VOCÊ PRECISA SE ARRUMAR


PARA TRABALHAR, QUERIDA!
Não basta ser, é preciso parecer ser. Se você é uma profissional competente,
parabéns. Mas se a sua imagem não transmitir isso, ninguém vai acreditar em
você. Perceba como o pensamento de quem nos olha de fora funciona: Se você
tiver uma boa imagem, todos vão acreditar que você é bem sucedida no que faz. E
se você conseguiu ser bem sucedida no que faz, é porque você é competente no
que faz. E se você é competente no que faz, mais pessoas irão confiar de comprar
o seu produto ou pagar por seu serviço. Booom! Simples assim. Agora, se você mesmo sendo competente, tiver a imagem de
uma fracassada, ninguém vai te levar a sério. 'Ah! Mas isso é injusto'. Que seja, não vai mudar em nada a realidade. Apenas
passe a se arrumar melhor e problema resolvido. E não, você não precisa de rios de dinheiro, muito menos viver como uma
perua louca. Admita que o que te falta é a disciplina de fazer diariamente uma maquiagem de 5 minutos, pentear o cabelo e
usar umas roupas decentes. E mulher, você trabalha com moda. Se tem uma criatura que deve andar bem vestida é você.
Estude sobre estilo, cabelo e maquiagem. Você vai se sentir muito melhor, mais forte e mais bonita. E não precisa virar uma
escrava da beleza, viu? Apenas pare de preguiça e use a boa imagem a seu favor.

06 MODELAGEM PLANA
É PARA OS FORTES. VAI ENCARAR?
Até pouco tempo eu dizia que modelagem plana não era difícil, que não era
nenhum bicho de sete cabeças. E em parte, mantenho a afirmação. Em parte,
mudei de ideia. É o seguinte, continuo achando que modelagem plana não é a
coisa mais intelectualmente difícil de ser assimilada. Porque prestando atenção
na explicação a gente consegue acompanhar. Mas mudei de ideia sobre ser tão
fácil, pois a modelagem plana testa habilidades que a maioria das pessoas infeliz-
mente não têm. Como concentração para fazer a mesma coisa durante horas, persistência para continuar tentando até dar
certo, leitura de padrões para prever consequências. Perceba que não são habilidades de gênios matemáticos. São coisas
comuns, que se aprende na infância e se usa em várias áreas da vida. Aos que não possuem tais habilidades, dá para comprar
moldes prontos ou correr atrás do prejuízo até aprender. Em todo caso, boa sorte!

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07 MEDO DE CORTAR
TECIDO, É O CARACA!!
A pessoa que tem medo de estragar tecido, no fundo, no fundo, valoriza mais o
dinheiro que gastou, do que a possibilidade de aprender com ele. Ou seja, a
hierarquia de valores da criatura está às avessas. E se o tecido estragar, e daí? Não
cai uma gota de sangue inocente no chão. Onde já se viu um tecido ser mais
importante do que o aprendizado? Tudo bem que alguns tecidos são preferidos e a
gente reserva para um momento em que seremos costureiras mais experientes
para lidar com ele. Mas este receio absurdo de estragar, de gastar, de perder... Só revela o quanto somos avarentas e
mesquinhas. Gente assim, quanto mais segura menos tem. Sabe aquela frase? 'É preciso quebrar os ovos para fazer uma
omelete'. Pois bem, conheço costureira que morreria de fome. E depois de morta, adivinha? Vem alguém e corta todos os
tecidos dela. Hahaha Eu acho é graça. Bem feito!

08 COSTUREIRA TEM QUE


GOSTAR DE MODA?
Certa vez me perguntaram isso na caixinha do Instagram e eu fui curta e grossa:
'Não, não precisa gostar de moda. Você tem a opção de continuar fazendo roupas
horrorosas que ninguém gosta'. Mas sabe qual é a real? A moda tem lá seus
conceitos de harmonia, estética e beleza. Será que esta costureira seria aceita no
clubinho? A moda categoriza as pessoas em uma pirâmide onde quem está no topo
é o influenciador descolado e quem está na base, é o influenciado retardatário.
Será que esta costureira teria estilo suficiente para estar no topo? Será que ela é boa o suficiente? E você, será que é?
Pronto! Eis a fronteira que divide quem gosta de moda, quem ignora e quem detesta!! As que gostam, entenderam que moda
é comunicação. Fala sobre quem somos e que, apesar de existirem códigos próprios, cada pessoa pode ter a sua moda e, que
estudar e aplicar tudo isso é bastante divertido. Já as que ignoram, não ignoram. Na verdade fingem ser intelectualmente
superiores por não gostarem de algo tão fútil. Fingem ser puras, por dizerem não à luxúria e à vaidade, mas caem no pecado
da preguiça. Haja vista que dá trabalho estudar moda, arte e cultura para ter um estilo bacana. E tudo o que elas querem é
simplesmente não se dar ao trabalho de estudar. Perdem boas oportunidades por não mostrarem uma imagem legal?
Perdem. Mas a vida é delas, cada uma faz como quer. E por fim temos as que detestam moda. São aquelas que utilizam os
mesmos argumentos das que 'fingem que ignoram', mas a verdade é que o que elas sentem mesmo, é medo de rejeição. A
moda, como eu disse lá no começo, tem seus conceitos de harmonia, estética e beleza. Concordemos com eles ou não, é certo
que refletem os seres humanos que somos. É assim que é. Alguns são 'padrões' que vivem mudando com o tempo e a
cultura. Outros são conceitos universais de beleza. E discutir eternamente sobre eles não passa de fetiche intelectual. Então
vamos focar no tal 'medo da rejeição', pois é mais realista e está ao nosso alcance de resolver. Para uma pessoa com a
autoestima boa, a moda não é assustadora. Ao contrário, todos os conceitos da moda por mais bizarros que pareçam, são
automaticamente adaptados àquela personalidade e tudo vira ferramenta para desenvolver seu estilo pessoal. Até aqueles
conceitos que parecem jogar contra, a pessoa com autoestima dá um jeito de virar a favor. Já para a pessoa coma a
autoestima fraca, a moda parece opressora. Ela se sente excluída, diminuída, à margem de tudo como se não merecesse
fazer parte daquele mundo do glamour. Mas este é um pensamento muito equivocado, pois a moda existe para nos servir. E
se você por qualquer motiva que seja, está com a autoestima meio capenga, aí mesmo é que a moda tem tudo para ser sua
aliada. Com um bom conhecimento de moda você consegue usar todas as ferramentas de estilo para melhorar o seu apreço
por si mesma, e se fortalecer até mesmo em outras áreas da vida. Porque a boa aparência costuma abrir portas que muito
nos interessam. Tais como conseguir uma promoção no trabalho, por aparentar mais autoridade e competência.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 10


Conquistar aquele namorado bacana, pois a beleza é a arma mais poderosa para atrair a atenção inicial. Capturar o olhar
afetuoso e simpático dos que te rodeiam, porque a boa aparência transmite cordialidade. Ou até mesmo gerar um olhar de
cobiça e inveja, caso seja isso o que você procura, pois a beleza e a vaidade cumprem o papel de mostrar que você tem o que
as pessoas entendem por sucesso. Veja como é você quem usa a moda para aquilo que quer, não o contrário. Logo, esqueça
essa crença limitante de que moda é excludente. Você é quem está transformando ela nisso por medo de rejeição. Embora
saibamos que a moda tem mesmo este caráter elitista social, você indivíduo, é maior do que todas estas convenções, quando
escolhe mandar na sua vida. E sendo você uma costureira, ou seja, aquela que tem o poder de fazer uma roupa. Por favor,
faça uma roupa com conhecimento de moda. Estude moda, estilo, história da moda, tendências, assista aos desfiles. A moda
é sua serviçal, sua criada. Mesmo assim, é preciso conhecê-la bem para conseguir dar as ordens.

09 APRENDA AS QUATRO
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS.
Em um mundo onde já dispomos de calculadora, parece até bobagem ter que saber
fazer as continhas de adição, subtração, multiplicação e divisão. Mas eu aposto um
metro de Tricoline que se você soubesse fazer essas contas no papel, do jeito que
se ensina no primário, você se sentiria muito mais segura na hora de precificar as
suas costuras, na hora de falar o preço para o cliente ou na hora de mensurar sua
uma margem de lucro. É ou não é? Pois eu serei ainda mais dura: é inadmissível
que uma pessoa adulta não saiba fazer as quatro operações matemáticas. Inadmissível! E talvez você esteja aí pensando na
desculpa perfeita. Aquela que relembra de sua infância difícil, onde você não pôde estudar direito pois era muito pobre, os
tempos eram mais sacrificados. Tudo bem. Infelizmente a educação de base em nosso país não é nada boa. Mas você já teve
tempo de correr atrás deste prejuízo, não teve? Hoje em dia você já poderia ter aprendido isso com aulas gratuitas do
Youtube, não é? Então é uma vergonha não saber as quatro operações. Porque no limite, no limite, isso te torna uma pessoa
vulnerável. Insegura para fazer cálculos simples de receita e despesa. Ou seja, um prato cheio para ser passada para trás por
clientes ou fornecedores desonestos. Como você pode permitir isso? Aprenda matemática básica, aprenda a fazer contas
simples de cabeça, perca o medo do monstro da matemática e este será o seu primeiro passo para saber lidar com dinheiro.
Depois disso, você poderá usar a calculadora e com segurança.

10 TENHA
CADERNOS DE ESTUDO!
Taí uma dica besta, besta... Mas que eu tenho que falar. Por que você não cria o
costume de ter um caderno para cada disciplina que você costuma estudar em
moda? Porque de alguma forma, isto acaba tornando concreto os nossos estudos
de moda. Eu conheço pessoas que anotam seus estudos em folhas soltas, que
depois se perdem. Ou anotam em alguma página aleatória de um caderno escolar
do filho, que depois também se perde. Mas mulher, custa tanto comprar um ca-
derno específico para estudar suas coisas e manter tudo organizado em um só lugar? Dá até aquela sensação nostálgica de
quando éramos crianças e comprávamos nossos materiais escolares, novinhos e cheirosos, no início do ano letivo. Dá até um
gosto maior na hora de estudar. Portanto tenha cadernos, coloque seu nome na frente, assuma compromisso pessoal de
levar seus estudos de moda a sério. Você verá como esta simples atitude, faz muita diferença.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 11


11 NÃO É PESSOAL. ENTÃO
APRENDA A APRENDER.
Durante toda a vida, diversas mensagens chegam até nós. Sejam através de livros,
vídeos, do storie de uma blogueira, um artigo no jornal, etc. Ao recebermos esta
mensagem, começamos a fazer diversas análises sobre o que foi dito. E é nessa
hora que uma galera se perde legal. Muitas pessoas costumam automaticamente
interpretar a mensagem segundo parâmetros pessoais. Digamos que uma amiga
te conte que gosta de beber Coca-Cola zero, pois sente que a ajuda a matar a von-
tade de comer doces. Se automaticamente você a questionar dizendo que isso não faz sentido, pois semana passada você a
viu comendo um brigadeiro. Percebe como você desviou da mensagem e focou na vida pessoal da sua amiga, se prendendo
ao fato dela supostamente ser uma mentirosa incoerente que come doces? Agora digamos que ao ouvir a mensagem, você
internamente se questionasse sobre o quanto beber Coca zero para deixar de comer doces não faz sentido, pois semana
passada você bebeu Coca zero e mesmo assim, comeu um brigadeiro. Percebe como você desviou da mensagem novamente
e focou na sua vida pessoal? Pois eu acredito que para aprendermos algo, pelo menos em nossa primeira análise, devemos
ser impessoais. Devemos focar no CONTEÚDO DA MENSAGEM e julgar se aquilo é bom ou mal, útil ou inútil, moral ou imoral,
ético ou antiético. E assim decidirmos se aquele conteúdo serve para nós ou deve ser descartado. Note que, se analisarmos
uma mensagem de forma pessoal logo de início, no caso de ser uma mensagem que mereça ser descartada, junto com a
mensagem descartaríamos também a PESSOA. No exemplo da Coca zero, você poderia pensar que sua amiga não presta, pois
fala uma coisa e faz outra. Ela é uma falsa! Ou então que você não presta, pois não consegue resistir nem a um doce. Você é
uma fracassada, indisciplinada! Entende como isso limita seu entendimento? Só gera picuinhas sobre a pessoa que fala ou
inseguranças sobre você, a pessoa que ouve. E foco na mensagem que é bom... nada. Você sequer chegou a analisar se a
'estratégia' da Coca zero é boa ou ruim para a sua vida. Então como você vai aprender? Como você vai desenvolver a
capacidade de filtrar as mensagens, aderir apenas ao que lhe convém e, colocando em prática, conseguir aprender algo de
fato? E é óbvio, que se depois desta primeira análise impessoal, seu raciocínio se encaminhar para ponderar tanto a pessoa
que fala, quanto você que ouve, muito que bem. Isso é normal. E talvez agora você já tenha condições de julgar com mais
maturidade as atitudes de cada qual. Mas de início, ao receber qualquer mensagem que seja, não leve para o pessoal. Não é
sobre isso.

12 CORTAR TECIDO FINO,


UMA QUESTÃO DE CALMA.
Brigou com o namorado? Este não é o melhor dia para cortar tecido fino. Está
ansiosa com as coisas do trabalho? Este não é o melhor dia para cortar tecido fino.
As crianças tiraram a sua paciência? Este não é o melhor dia para cortar tecido
fino. Esta é basicamente a regra básica sobre fazer algo que não é difícil, porém
exige calma. Calma! E algumas técnicas infalíveis, que vou te contar agora. 1 -
Forre a mesa de corte com um tecido macio: Pode ser um feltro, um moletom,
algum tecido mais pesado e que sirva de base para que o tecido fino não escorregue na mesa. / 2 - Corte moldes inteiros: é
comum em costura, que usemos moldes de papel que correspondam a apenas uma lateral do corpo (1/4) e que, na hora de
cortar a peça, cortemos com o tecido dobrado ao meio, para que fique inteiro. Pois no corte de tecidos finos, devemos usar
moldes de papel inteiros, para que sem dobra, o corte fique igual dos dois lados. / 3 - Use papel de seda: faça camadas de
papel de seda + tecido fino + papel de seda + molde de papel e por fim, corte do tecido. Desta forma o papel de seda trará
estabilidade ao tecido, que por ser fino e leve, costuma desalinhar. E tem um detalhe, o papel de seda possui dois lados, um
mais liso e outro áspero. Sempre encoste o lado áspero do papel no tecido, justamente para estabilizar ainda mais. / 4 -
Mantenha a tesoura na horizontal: entre cada movimento de corte, se esforce para manter a tesoura rente à mesa, de
maneira que tire o tecido o mínimo possível de sua posição estável.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 12


13 COSTURAR
NÃO DÁ DINHEIRO!
Agora eu vou comprar uma briga. Costura dá dinheiro ou não dá? Dá. Mas o que
não dá dinheiro, é costurar. Totalmente contraditório? Eu explico. O ramo da
costura é rentável. Mas você não vai conseguir uma grande renda se estiver
sentada na máquina, costurando. Pode ser que para começar, este seja o único
jeito. O que também é uma oportunidade para que você, como criadora de moda,
domine a parte prática de fazer uma roupa. Mas a renda, o dim dim, o capilé...
Este é feito fora da máquina de costura. Seja atraindo novos clientes, preparando os contratos, investindo em marketing,
atendendo, montando a imagem do seu negócio, etc. Sentada na máquina, o máximo que você conseguirá faturar estará
proporcionalmente atrelado ao seu 'tempo de máquina'. E o tempo de máquina da gente é limitado. Pois o dia tem 24hs, não
conseguimos passar todas essas horas trabalhando, quando conseguimos muitas horas, a coluna começa a doer, o valor
médio da hora trabalhada é limitado também. E no fim de tudo, se quisermos ganhar mais dinheiro, te digo com todas as
letras: costurar não dá dinheiro. Construir um negócio de costura, sim. Daí você me diz: 'Mas eu não quero construir um
negócio, não quero empreender, só quero desfrutar do prazer de costurar'. Pois então costure como um hobby e não para
ganhar dinheiro, separe as coisas. Ganhe dinheiro em outra profissão, gaste tudo com o seu hobby costurístico e seja mais
feliz.

14 ANOTE AS RECEITAS E DESPESAS DE SEU


ATELIER, ISSO É O MÍNIMO!
Se você não tem um caderninho sagrado no seu atelier. Desses que ninguém pode
chegar perto, seus filhos não podem pegar para desenhar e que nem mesmo você,
pode perder de vista, então você é uma costureira muito da amadora. Pois todas
as movimentações de dinheiro que passam pelo seu trabalho de costura, devem
ser anotadas. Eu disse TODAS. Desde aqueles R$ 2,00 que saem quando seus
filhos pedem dinheiro para comprar bala. Até aqueles R$ 80,00 que entram da
cliente que te devia há meses. Ou aqueles R$ 50,00 que você gastou sem perceber para repor o estoque linha preta. Ou
aquela conta de luz de R$ 120,00 que você pagou, por exemplo. E eu tenho certeza que no dia em que você começar a fazer
isso rigorosamente, vai cair pra trás ao perceber duas coisas: 1 - Entra menos dinheiro do que deveria entrar; 2 - Sai mais
dinheiro do que deveria sair; E aqui neste texto, eu não irei te entregar nenhuma solução ainda, para esses dois problemas.
Só lhe faço uma simples provocação. Compre um caderno no 1° dia do mês, escreva o nome deste mês na primeira folha do
caderno, trace uma linha no meio da folha dividindo a pauta. De um lado escreva 'receita' e anote as entradas. Do outro lado
escreva 'despesas' e anote as saídas. Faça isso mês após mês, anotando absolutamente tudo. Depois analise fazendo contas.
E assim descubra em quais tipos de encomendas você ganha/perde mais dinheiro (consertos, moda sob media ou pronta
entrega)? Em qual nicho você ganha/perde mais dinheiro (moda festa, infantil ou costura criativa)? Em que categoria de
coisas você gasta mais dinheiro? (materiais, o espaço, estudos ou despesas pessoais)? Analise tudo e tente a partir desses
dados, solucionar os dois problemas que citei lá no começo. Faça o exercício de pensar e confirme nos dados. Pesquise
alguma solução no Google e confirme nos dados. Teste algumas ideias e confirme nos dados novamente. Você precisa
anotar, analisar e pensar em soluções. Isso é ser autônoma, isso é trabalhar 'por conta'. Daí talvez você me diga: 'mas eu não
gosto dessa parte chata, queria só costurar'. Então trabalhe de carteira assinada, mulher. E seja feliz! Empreender envolve
gestão, finanças, dados e contas. É tudo coisa simples e como você mesma pode ver, é possível fazer isso com um simples
caderno. Mas alguém terá que fazer. E se não for você, quem será? Quem poderá te defender costureira? O Chapolin
Colorado? Acorda pra vida adulta costureira, só pega esse caderno e anota.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 13


15 SE NÃO VAI FAZER,
NÃO COMPRE CURSO ONLINE!
A que ponto chegamos, Brasil... Eu, Fernanda Herthel, a autora deste manual,
vendo cursos online. E estou aqui escrevendo este texto para tentar te convencer
a honrar o seu próprio dinheiro. Sim! Porque, tem aluna que compra curso online e
não faz. As desculpas para isso são as mais fundamentadas. E não tiro a razão de
nenhuma delas. Ocupada demais, cansada demais, desanimada demais. Como eu
poderia discordar? Mas em que isso te ajuda a concluir o curso? Em nada. Então
pra quê comprou?? E olha, muita aluna já me pediu encarecidamente, para que eu estendesse o tempo de acesso dos meus
cursos para 5 anos (incríveis 5 anos!). E eu bem besta naquela época, porém achando que poderia ajudar, estendi. E sabe qual
foi a porcentagem de conclusão do curso? Miseráveis 8%. Então percebi que o motivo para o absenteísmo não tinha nada a
ver com tempo de acesso, nem com as desculpas e nem com o valor pago pelo curso. O diferencial está na forma como eu me
comunico com a minha audiência antes mesmo delas comprarem o curso. A minha mensagem deve ser sempre clara: 'Se não
vai fazer meu curso, por favor não compre!' Eu definitivamente não preciso do seu dinheiro, de nada vale uma aluna que
coloca um dinheiro no meu bolso aqui, mas não rende resultado de aprendizado ali. Eu preciso é do seu resultado. Ou seja, de
provas do seu aprendizado. Para que eu mostre isso para outras pessoas, elas confiem e assim, decidam comprar meu curso
também. Não quero mais aluna que fica 5 anos lá na sala virtual do curso, mais perdida que cebola em salada de fruta,
sempre procrastinando, fazendo sempre as mesmas perguntas como se fosse a primeira vez. Por isso meus cursos
passaram a ter acesso de 1 ano. Podem facilmente ser consumidos em 1 mês, se você for dedicada de verdade. E eu não vou
fazer ele por você, não vou ficar te motivando... Você já é bem grandinha. Toda a minha parte já foi feita nas aulas do curso,
nos materiais e e-mails de acompanhamento. Minha função depois da sua compra é ser a carrasca. A professora que exige
que você envie fotos dos seus trabalhos concluídos e preencha os formulários. Quer aprender? Vai lá e faz. Se não quer
fazer, não compre meu curso.

16 O TAL DO
NICHO DE MERCADO.
Proliferou-se o conceito de que é mais fácil ter sucesso quando se escolhe um
único nicho de mercado para trabalhar. Em costura e moda por exemplo, temos os
nichos de moda festa, moda praia, moda infantil, etc. Ou até mesmo nichos de
costura criativa, costura de roupas, conserto de roupas, etc. E a ideia de que
escolher um nicho é vantajoso, vem do fato de que é mais fácil se tornar um
especialista, quando se faz uma coisa só. Ou que de é mais fácil se tornar reconhe-
cido pela clientela, quando se faz uma coisa só. Tudo isso é verdade. Escolher um único nicho nos trás foco e ali, depositamos
toda a nossa energia para crescer. Porém, antes de tudo é preciso escolher o tal do nicho. E é nessa hora que a galera se
enrola. Escolher um único nicho demanda de eliminar todos os outros, demanda ter autoconhecimento apurado sobre o que
gosta e o que não gosta, analisar em qual área se trabalha bem ou trabalha mal, pensar no que é mais estratégico agora, o
que vai dar mais certo considerando todas as particularidades envolvidas. E a maioria das pessoas não tem amadurecimento
profissional suficiente para escolher o nicho. E muitas diante deste empasse, paralisam. Se for este o seu caso, por favor tire
esse peso das costas. Jogue para o alto esse negócio de nicho e trabalhe em tudo o que você quiser, misture todos os nichos
e pronto. Se descubra!! Aí depois, caso queiras, escolha um nicho e foque nele. Caso sejam nichos parecidos, como por
exemplo moda praia e moda íntima, ou até moda festa e moda noiva, trabalhe em dois nichos de uma vez e mete ficha! O
importante é trabalhar duro. E o sucesso vem.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 14


17 NÃO VENDA PARA QUEM TEM
TÃO POUCO DINHEIRO QUANTO VOCÊ!
Uma das reclamações que mais recebo de costureiras que trabalham com costura
sob medida ou bordadeiras, é que elas não conseguem vender seus produtos. Não
pelo preço alto que gostariam e que sabem que o trabalho vale. E o erro é simples,
elas tentam vender para o cliente que não tem dinheiro para comprar. Geralmente,
amigos, parentes ou vizinhos. Pois pense comigo, tanto o bordado à mão quanto
peças sob medida, são produtos de luxo. Tudo neles é personalizado, exclusivo,
peça única, artesanal. São trabalhos que no mínimo, custam R$ 1.000,00 (um mil reais). Daí eu te pergunto, as costureiras e
bordadeiras, costumam comprar elas próprias, roupas de mil reais? Elas têm dinheiro para gastar fácil, milzinho numa
roupa? Geralmente, não. Pois se elas não podem comprar, por que raio de motivo os amigos, parentes ou vizinhos que
costumam possuir o mesmo padrão de poder aquisitivo baixo, poderiam? É por isso que tantos clientes pechincham, pedem
desconto, etc. Eles não têm dinheiro em abundância, são tão precários de grana quanto a própria costureira. Não é óbvio?
Pois então pare de tentar vender para amigos, parentes ou vizinhos. Você só vai perder a paciência. Venda para quem tem
mais dinheiro que você, venda para quem pode pagar com folga, venda para quem consome luxo.

18 FAÇA O QUE NINGUÉM


PODE FAZER POR VOCÊ!
No trabalho e na vida, muitas coisas são delegáveis. Uma louça na pia, o marido
também pode lavar. Uma roupa no varal, o filho da gente pode recolher. No atelier,
uma ajudante pode costurar as peças. Uma modelista pode fazer os moldes. Mas
existem coisas que só você pode fazer por você. São indelegáveis. E se você não
assumir que precisa cuidar disso, tanto você quanto aqueles que você ama, sairão
no prejuízo. São coisas simples como beber os tais 2 litros de água por dia, fazer as
unhas, ir ao médico fazer o preventivo, ler um livro. Perceba como são coisas que realmente, ninguém, nem se quisesse,
poderia fazer no seu lugar. Costumamos abrir mão de coisas assim pois parece até egoísmo 'cuidarmos de nós'. Mas pense,
se você não cuidar de sua saúde e bem estar de um modo geral, como poderá cuidar dos outros? É absolutamente
estratégico e altruísta cuidarmos de nós, nesta mesma medida. E digo mais, comece a fazer desses momentos algo de que
você se orgulhe, do qual se sinta grata e merecedora. Pois a verdade é essa mesmo, você merece. E se você acharia uma
injustiça que isso fosse tirado dos outros, por que não seria injusto tirar de você? Faça.

19 LINHA DA MESMA
COR, POR FAVOR!
O capricho mora na rigidez da exigência. Portanto querida costureira, se a roupa
que você vai costurar é de cor azul, use linha azul. Se a roupa é mostarda, use linha
mostarda. Se não tiver a linha na cor certa, não costure. Vá até uma loja e compre a
cor certa. Muitas de minhas seguidoras me perguntam como eu consigo fazer
roupas com acabamento tão primoroso. E é óbvio que a resposta inclui o fato de
que tenho muita técnica e conhecimento de acabamentos finos. Mas existe em
mim, muito antes de qualquer técnica, a decisão de ser caprichosa. Veja, não é uma vontade de ser caprichosa, não é nem um
prazer de ser caprichosa. É uma decisão da qual não abro mão. Uma regra, uma obrigação, uma lei. E o que eu mais vejo são
costureiras se costumando, se viciando melhor dizendo, em não serem caprichosas. Gente, acertar a cor da linha é o mínimo.
E eu sei que nós, em prol do capricho e excelência, não podemos ficar engessadas. Não podemos paralisar e deixar de
costurar. Mas por favor, não vamos exagerar nas concessões, né? Tem costureira que mete linha branca em tudo, como se
fosse uma 'cor universal', sei lá. Eu acho um absurdo.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 15


20 CONSERTO DÁ DINHEIRO,
MAS O CAPRICHO VAI PRO BREJO!
Muitas pessoas iniciam seus trabalhos na costura fazendo consertos. Eu acredito
que este nicho é uma excelente oportunidade para aprender sobre costura e
modelagem através da observação. Assim, como é um nicho poderoso para ganhar
dinheiro. Não tem tempo ruim. Só tem um problema. Para se fazer dinheiro neste
nicho, além de não ser correto cobrar uma mixaria. Definitivamente ganha-se mais
quando se faz consertos em quantidade, não com qualidade. Até porque, a grande
clientela que contrata os serviços de conserto, tem baixo poder aquisitivo. Vestem roupas baratas e de baixa qualidade,
compradas no fast fashion mesmo. Estes clientes costumam pagar por exemplo, R$ 79,90 numa calça na loja. Logo, não
estão dispostos a pagar um valor muito mais alto por um conserto bem feito, desses que a costureira desmonta a peça
praticamente toda, ajusta e depois costura de novo. Os próprios clientes falam: 'não precisa fazer bem feito, vai ficar muito
caro, só costure por cima'. De fato, é assim que o cliente quer e não existe nada de errado nisso. E a costureira que faz o
serviço desta forma, também não está errada. É um jeito honesto e viável de ganhar dinheiro. A única coisa que estou
tentando salientar aqui, é que este ramo da costura, tão comum entre as iniciantes, detona 'senso de capricho' da gente de
forma sistemática. Então, só recomendo que você preste atenção nisso. Para que você não vicie nos 'atalhos' da costura mal
feita. Para quem não viciem na costura industrial do fast fashion, que é reconhecidamente mal feita. Entendeu o ponto? Pois
bem, é isso. Fique esperta.

21 A CLIENTELA FEMININA
É TINHOSA. ESTEJA PREPARADA!
Se tem uma coisa que aprendi sobre clientes, é que o público feminino é tinhoso.
Repare só. Se um homem for a um shopping procurando comprar uma camisa, e na
primeira loja em que entrar, for bem atendido. Este homem durante anos, só irá
comprar naquela loja. Ele nem vai reparar nas dezenas de lojas em volta. Homem é
um cliente fiel (veja que deboche do destino!). Já a mulher, pode ser muito bem
atendida, bajulada, encontrar a melhor roupa do mundo em uma loja... E no mesmo
minuto, a tinhosa já está estará achando a grama da loja vizinha muito mais verde e, criando joguinhos com isso. As mulheres
são uma clientela diferenciada pois se envolvem no campo das relações interpessoais femininas. A abordagem com este
público tem que ser muito mais voltada ao desejo, às relações de poder, ao efêmero e intangível. E tudo isso é muito, muito
bom para as vendas. Tanto é que as mulheres compram muito mais que os homens. Mas não se engane! Existe um lado meio
inescrupuloso, desaforado e insolente na mulherada pagante. É CLARO QUE NÃO SÃO TODAS! Muito menos a maioria das
clientes. Mas que existe, no meio de nossa clientela feminina, um tipinho sorrateiro de freguesa. Pode crer que existe!
Confesso que talvez eu, é que não esteja sabendo me explicar muito bem aqui. Talvez eu tenha que adquirir um pouco mais de
experiência e estudar melhor este tipo de compradora, para voltar aqui e trazer alguma explicação mais lúcida a vocês. Porém
desde já, aviso: esteja preparada, as bichas são tinhosas!

VEM DAR SUA OPINIÃO!


Ao ler o Manual da Costureira Moderna, ficou vontade de comentar? Dar sua opinião ou
acrescentar um ponto de vista? Vá até o meu perfil @fernandaherthel no Instagram ou Tiktok e
interaja nas caixinhas dos stories, no direct ou comentários. Estarei lá pra trocarmos uma ideia.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 16


22 'ROUPINHA BÁSICA, VESTIDO FÁCIL,
BLUSINHA PARA INICIANTES...' ERRADO!
Muitas são as iniciantes na costura, que por falta de conhecimento caem no
engano de pensar que para aprender a costurar, é preciso começar pelo mais
simples, pelo mais fácil. Além disso não ser verdade, tem algo pior. Que é quando o
'simples e fácil', na verdade é uma máscara para o mal feito e mal acabado. Para a
costura grosseira das grandes produções. Em resumo: para os vícios da costura
industrial. Infelizmente, é assim que a maioria das costureiras começa a
'desaprender' a costurar. Seja por seguir os passos da tia costureira, um vídeo do Youtube ou até mesmo cursos pagos que
ensinam uma costura industrial e decrépita. Para te fazer entender este cenário, preciso explicar algo antes. A maioria das
pessoas que se propõem a aprender a costurar desejam fazer roupas para si, pelo menos no início. Buscam resgatar aquela
brincadeira de fazer roupinhas para as bonecas, só que agora adultas e podendo vestir as peças elas mesmas. Se por acaso
gostarem e se saírem bem na costura, consideram o sonho de fazer disso um atelier chique, uma marca própria ou uma
carreira fashion. Ou seja, desde o início a pessoa tem interesse numa roupa com valor agregado, na costura personalizada,
no 'sob medida'. A criatura não pensa: 'Puxa! Vou aprender a costurar para depois ganhar um salário mínimo trabalhando
numa fábrica'. Ninguém se imagina assim. E caso você não saiba, na indústria não se costura bem, não se costura como deve.
Se costura como dá! Todas as roupas produzidas em grande escala pulam etapas fundamentais para um bom acabamento,
não fazem montagens embutidas, metem overlock em tudo e adaptam a costura. O motivo é óbvio. A indústria foca em
quantidade, não em qualidade. Daí vem o meu questionamento. Se o que as pessoas querem, é aprender a costurar com
diferencial, com valor agregado, por que esse povo cai na mentira de que para aprender a costurar, se deve começar pelas
roupinhas fáceis e cheias de atalhos da indústria? Por que raio de motivo você desejaria aprender a costurar fácil e errado?
Simples e errado? Rápido e errado? Porque ninguém te conta que é ERRADO!! É totalmente errado aprender a costurar, com
essa mentalidade de indústria. Pois além de não ser a costura bem feita como você quer, você ainda fica viciada nesses
'atalhos' da costura mal feita e depois, sofre demais para conseguir aprender a costurar do jeito certo. Isso se você, não
desistir antes. A costura, quando ensinada do jeito certo desde o início, com acabamentos perfeitos e critérios de excelência,
não é difícil de aprender. A costura para iniciantes não precisa ser simples, precisa ser bem ensinada por quem sabe.

23 OS OUTROS
NÃO VÃO ENTENDER!
Quando decidimos que vamos conquistar algo realmente custoso, como por
exemplo empreender, perder muitos kilos ou aprender a costurar. Devemos estar
preparadas para a solidão desta jornada. A conquista de bens árduos é tão cheia
de altos e baixos, detalhes intrinsecamente pessoais e batalhas, que quem olha de
fora jamais conseguirá entender nossas dores. Recebo de vocês muitas
reclamações do tipo: 'meu marido não me apoia', 'minha família não entende'. E é
assim mesmo. Os outros não vão entender o que você passa. É óbvio que não é correto que seu marido ou familiares
espezinhem de seus sonhos e desincentivem sua vitória. Se você estiver em uma relação assim, recomendo que se possível,
afaste-se dessas pessoas. Por outro lado, esperar que os outros entendam seus desafios é infantil. Eles não estão inseridos
no cenário como você, não vivenciam as mesmas coisas que você, não vislumbram os mesmos ideais. Como então poderiam,
por mais empáticos que fossem, te entender verdadeiramente? E mais ainda, como poderiam te consolar com as palavras
certas? Como poderiam te motivar quando você mais precisa? Essa força que você busca nos momentos de dificuldade, na
maioria esmagadora das vezes, não se encontra nos outros. Você encontrará dentro de si. Logo, não espere isso de ninguém.
Muito menos exija isso dos outros! É patético, desculpe dizer. Seja você a pessoa forte. E acredite, deste dia em diante você
vai começar a enxergar mensagens de força em todos os lugares e em pessoas das mais aleatórias. Sentirá gratidão pelas
boas palavras que vierem, se vierem. Pare de cobrar aquilo que cabe a você ter.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 17


24 VENDER NÃO É TIRAR
O DINHEIRO DE ALGUÉM.
Para muitas costureiras, o tema 'cobrar pelo seu serviço' tem exatamente a
mesma conotação de 'tirar o dinheiro de alguém'. Erroneamente, é assim que
muitas se sentem. Mesmo após terem feito as contas e definido o preço certo que
devem cobrar da cliente, na hora de falar, parece que engasga. Vem um nó na
garganta, a costureira gagueja, chega a perder o ar, sente como se estivesse
tirando o sustento de um necessitado... E acaba cuspindo um preço muito mais
barato do que deveria. Depois que a cliente vai embora a costureira se sente mal. Ela promete para si mesma que nunca mais
fará isso. Até que vem outra cliente e a costureira repete tudo outra vez! Se identificou? Você sabe por que faz isso? Por
mais que matematicamente você saiba que deveria cobrar mais, vem uma emoção irracional e te domina. Pois eu fui buscar
uma explicação para este sentimento perguntando às minhas seguidoras costureiras, na caixinha dos stories, como elas se
sentiam. Dentre as respostas e histórias, percebi um padrão e dividi esses sentimentos em 4 categorias: 1 - Culpa fictícia; / 2
- Insegurança; / 3 - Rejeição; / 4 - Negócios; Agora irei explicar o sentimento de cada categoria, preste atenção pois as frases
entre aspas, que incluí neste texto são reais, escritas por costureiras que sofrem todos os dias com falta de dinheiro, pois
não sabem cobrar.

Começando pela culpa fictícia, neste caso a costureira se deixa levar pelo fato de saber que a cliente tem tão pouco dinheiro
quanto ela e pensa coisas como: 'Sei que é caro para o bolso dela', 'Sinto que é quase como roubar', 'Se R$ 100,00 para mim é
muito, para a cliente também é', 'Sei que é um absurdo para a cliente ter que pagar tanto assim por um único vestido', 'É
como se estivesse extorquindo, enganado, sendo desonesta com a cliente', 'É como se estivesse tirando dinheiro de alguém
carente'. Perceba como a costureira, enxerga a cliente com pena, o que é um erro grave. A costureira não é responsável pela
pobreza do próximo, não é culpa dela. E a cliente mesmo sendo pobre, não é uma desmazelada completa, é apenas uma
pessoa comum. E é comum ser pobre, a maioria de nós é pobre também. E isso não desmerece ninguém a ponto de olharmos
a cliente com pena. O olhar de dignidade e grandeza que devemos ter sobre todas as pessoas não deve aumentar quando a
criatura tem mais dinheiro e nem diminuir, quando a criatura tem pouco dinheiro. O valor está no fato da pessoa ser pessoa,
uma alma igualzinha a nós. Portanto, PARE DE SENTIR PENA DOS POBRES! Isso é de certa forma, uma desvalorização da vida.
Além de uma soberba absurda, disfarçadinha de caridade. E por que a costureira sente isso, em forma de culpa? Porque esta
é uma culpa fictícia e agradável. Porque ao dar desconto, ao cobrar menos da cliente, a costureira tem a oportunidade de se
sentir boazinha e generosa. A recompensa emocional é agradável e imediata, mesmo sendo uma culpa fictícia. Pois como eu
disse lá no início: A COSTUREIRA NÃO TEM CULPA DA CLIENTE SER POBRE! Mas quer saber qual é a CULPA REAL da costureira?
A culpa de ter um filho pedindo uma comida ou um brinquedo e ela não ter dinheiro para comprar. A culpa de estar acabando
com a própria saúde de tanto costurar sem lucro. A culpa de ter que trabalhar tantas horas e não ter tempo para cuidar dos
próprios filhos. A culpa por ter aberto um atelier em casa que só dá dor de cabeça e prejuízo, e ver o marido jogar isso na cara
dela com uma certa razão. Essa é a culpa real que a costureira não quer encarar. E concorda comigo que é muito mais fácil
sentir a culpa fictícia diante da cliente e ainda posar de caridosa por cobrar menos? Concorda comigo que é muito mais fácil
se sentir uma vítima sem condições financeiras diante de um filho, do que admitir para a criança que você é incapaz de
sustentá-la com os itens mais básicos? Concorda comigo que teu filho vai te amar e te consolar muito mais, se acreditar que
você é uma pobre vítima e não uma profissional incompetente? Concorda comigo que se teu marido erroneamente perder a
paciência com você e te chamar de empreendedora incompetente da pior forma possível, você vai ganhar uma história triste
de grosseria para contar e se vitimizar?

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 18


Concorda comigo que toda essa ficção onde você é coitadinha e caridosa, é mais agradável do que encarar a realidade de que
você precisa acreditar em si mesma e aprender a trabalhar de forma profissional? Caraca, costureira!! Pare de fugir. Você
tem uma profissão poderosíssima nas mãos, um produto exclusivo para vender. E poderia usar tudo isso para melhorar a sua
vida, a vida de quem você ama e a vida da cliente também. Porque existe a cliente que pode pagar caro. E é essa cliente que
você tem que atingir para que suas finanças melhorem. Depois que você conseguir mais dinheiro, você poderá ajudar
pessoas, empregar pessoas, a riqueza gira de mão em mão e de alguma forma, até aos pobres você será capaz de ajudar. A
começar por você e sua casa, logicamente. Ou você acha que sustentar a própria família com dignidade é um pecado? Pecado
é inventar uma ficção só para se ausentar das próprias responsabilidades. Como diz minha mãe: cresça e apareça!

Certo, agora vamos tratar da insegurança. Por acaso você pensa coisas como: 'Tenho um sentimento de inferioridade', 'Sinto
que ainda não devo cobrar tanto pelo trabalho, porque ele ainda pode melhorar', 'Não me sinto merecedora', 'Duvido do meu
preço, me sinto uma fraude', 'Sinto que só sirvo para ser costureira dentro de uma fábrica', 'Tenho baixa autoestima, acho
que meu serviço não vale tudo aquilo'? Perceba como o fato de não conseguir cobrar o preço certo está totalmente
relacionado a não se sentir segura quanto a qualidade do próprio serviço. E adivinha? Quando uma costureira acha que a
costura dela não é tão boa assim, é provável que ela esteja certa, ora. E não dá para SE SENTIR segura, sem de fato, SER boa
no que se faz. Ou você acha que autoconfiança é um sentimento gostosinho que algumas pessoas sortudas conseguem
sentir do nada? Mulher, autoconfiança vem da certeza de ser capaz de realizar algo com qualidade. E a gente só consegue
isso com aperfeiçoamento de nossas habilidades, estudando e praticando. Daí no meio do caminho o valor de nosso trabalho
vai ficando óbvio, a gente compara a qualidade da nossa costura com as costuras de loja, por exemplo. E percebemos o
quanto somos boas. Comparamos nosso trabalho com o da concorrência e mais uma vez confirmamos a qualidade. O
sentimento de inferioridade só desaparece quando de fato, nos tornamos superiores através do trabalho duro. É muito,
muito raro, uma pessoa realmente competente se sentir insegura sobre seu serviço. Quando isso ocorre é caso de fazer
terapia, inclusive. Agora, na maioria das pessoas, quando elas se sentem inseguras, é porque realmente ainda NÃO SÃO BOAS
no que fazem. Elas se sentem mal e devem se sentir mal mesmo. Para que incomodadas, tomem a atitude de melhorar, de
estudar e praticar. E acredite, a autoconfiança virá incontestavelmente.

Agora vamos falar do sentimento de rejeição. Você pensa coisas como: 'Tenho medo da cliente pensar que eu estou me
achando', 'Quer ser reconhecida como gente boa', 'Tenho medo de ser conhecida como careira', 'Não tenho problema ao falar
o preço para desconhecidos, mas é difícil com amigas ou pessoas próximas', 'Tenho medo do não, da pessoa achar um
absurdo e eu ser rejeitada'? Perceba como tudo neste caso, é sobre o desejo de se sentir aprovada pelo outro. É tudo sobre
ser 'amada' como pessoa. Daí eu te pergunto, costureira: o que tem a ver amor e vendas? Nada! Que coisa terrível um bando
de profissionais adultas, prestadoras de serviço, desejando serem queridas e admiradas pelas clientes. E daí se a cliente não
te achar um anjo de candura ou uma pessoa perfeitinha? A opinião dela atrapalha a sua vida em quê? Tenho certeza que
receber um pagamento inferior atrapalha muito mais. A cliente tem que ter certeza das suas QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS.
Ela não precisa admirar seu bom coração e te amar por aprovar seus valores. Ela por acaso é sua MÃE? Tem vezes que até a
mãe da gente, que é geneticamente programada para nos amar, é egoísta e não nos ama tanto assim. Acontece. Agora, em
uma relação comercial, não existe espaço para esperar amor. Se uma cliente chegasse em seu atelier e encomendasse um
lindo vestido para ser entregue dentro de 30 dias e, ao chegar na data, você entregasse a ela muito amor, carinhos e
beijinhos, um forte abraço e muita admiração, isso seria correto? Não, né?! Pois então entenda seu lugar de profissional,
cobre como uma profissional e espere amor de quem você combinou trocar amor. Com cliente, a gente só troca
primordialmente: DINHEIRO. Se a cliente por ser generosa acabar nos admirando, é um adicional, apenas isso.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 19


Bom, e agora chegamos a última categoria, vamos falar de negócios. Quando você tem dificuldades para cobrar o preço
correto pelo seu trabalho, você pensa coisas como: 'Tenho medo de cobrar caro e perder os poucos clientes que tenho, pois
não sou conhecida', 'Cobro menos pois quero ser justa com ambas as partes', 'Dou desconto porque moro num bairro distante
e o cliente já gastou para vir até aqui', 'Tenho medo da cliente dizer: vou pensar. E ela nunca mais voltar', 'Não saber o que
dizer ao cliente se ela argumentar que está caro'? Pois bem costureira, se você se identificou com essas situações, é porque
você não entende NADINHA de negócios e marketing. Quer conseguir mais clientes pois é pouco conhecida? Aprenda técnicas
de marketing para aquisição de clientes. Quer ser justa com ambas as partes? Aprenda técnicas de precificação e você vai
entender que preço não tem nada a ver com justiça. Seu cliente gasta dinheiro para ir até você? Estude sobre regras de
oferta e demanda, e você vai perceber que pensar assim é uma bobagem. Tem medo da cliente que diz que 'vai pensar' e
nunca volta? Estude sobre porcentagem de vendas e você vai entender perfeitamente a taxa de conversão do seu negócio.
Não sabe como argumentar com a cliente que questiona seu preço? Estude sobre técnicas de vendas e como quebrar de
objeções. Percebe como tudo está relacionado a sua FALTA DE CONHECIMENTO? Ou você achava que daria para abrir um
negócio e saber tudo isso intuitivamente? Poxa!! Tá brincando de ser empresária, costureira? Bora acordar pra vida, porque
todos esses impasses chegam a ser tolos, de tão fáceis de se resolver, caso você se dedicasse a estudos básicos de negócios.

Pois bem, agora que eu já esclareci as quatro categorias: culpa fictícia, insegurança, rejeição e negócios. Peço por gentileza,
que você reflita e DECIDA, que dá próxima vez que algum desses sentimentos brotarem no seu peito, você estará atenta para
identificá-los e corrigi-los. No começo, será extremamente desconfortável combater todas essas coisas mas se for preciso,
escreva na testa: VENDER NÃO É TIRAR O DINHEIRO DE ALGUÉM!

25 EXAUSTA? ASSISTA
A UM 'FILME DE MULHERZINHA'!
Gente, eu amo trabalhar. Amo. Mas tem dias que eu tô só o pó da bobina. Não
quero ouvir falar de trabalho pois muitas lutas neste campo de batalha ainda não
foram vencidas, isso cansa. Em dias assim, lanço mão de uma estratégia poderosa
para me animar e quero recomendá-la para você agora: assista filmes 'de
mulherzinha'. Pode ser filme de romance, filme de adolescente, filme de moda,
filme de relacionamentos, filme com qualquer roteiro leve e divertido que te faça
assistir sem pensar em problemas. Um filme que seja bonito, com coisas bonitas, é extremamente recomendável. Lugares
bonitos, roupas bonitas, atores bonitos, essas coisas. É como se por um momento, fugíssemos de nossa 'vida feia' para
contemplar uma 'vida bonita'. Eu particularmente gosto de filmes antigos, aqueles da época de ouro de Hollywood. Então
assisto muito 'Bonequinha de Luxo', 'Um corpo que cai',' O ladrão de casaca', 'Quando Paris alucina', 'Cinderela em Paris', 'Os
homens preferem as loiras', 'Janela indiscreta', 'Agora seremos felizes' e todos deste tipo que eu conseguir encontrar. Mas
tem um detalhe importante! É preciso ter um pequeno ritual. Pode ser tomar uma banho quente antes do filme, pode ser
apagar bem as luzes e fechar todas as cortinas, fazer um chá, passar um perfume chique, fazer pipoca. Qualquer coisa um
pouco diferente da sua rotina, porém marcante. Algo simples que sua situação em casa, possa permitir. E o que antes era um
dia ruim, se torna um dia agradável, de emoções prazerosas. Parece improdutivo passar uma hora e meia ali, hipnotizada.
Mas funciona. Lembrando que esta 'fuga da realidade' não deve ser constante, em minha opinião. Pois a vida acontece no
campo de batalha, onde devemos ser ativos no fazer, cuidar de nós e de quem amamos. Porém, dar uma relaxada do cansaço
vendo filme de mulherzinha pode ser bem saudável. Eu costumo observar a elegância das protagonistas, por exemplo. O jeito
como falam e gesticulam. Fico pensando que agirei assim, bem plena, quando estiver em uma situação parecida, sei lá. É
bobo, mas é para isso que servem os adoráveis 'filmes de mulherzinha'. Use-os com moderação e aproveite seu melhor. Ah! E
se você leu o texto inteiro, entendeu o que eu quis dizer, mas está aí pensando que o termo 'mulherzinha' talvez seja
pejorativo... Então você é dessas que se prende a detalhes pífios tão somente para ser implicante. Vá catar coquinho!

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 20


26 VAI DAR CERTO.
SÓ NÃO PÁRA!
Existem coisas na vida que só dão certo justamente porque a pessoa não desistiu.
Não é uma questão de sorte ou azar, inteligência ou burrice, força ou fraqueza. A
coisa que mais será avaliada é se você irá desistir ou não. É claro que todos os
fatores que citei anteriormente influenciam nesta questão. E obviamente que ter
sorte, inteligência e força é muito mais favorável. Mas no limite, no limite... Estas
coisas serão as menos testadas no campo de batalha. Já a sua persistência é a que
mais vai levar fogo! E aprender a costurar é uma dessas coisas em que não se pode desistir. Sabe aquela modelagem que não
encaixa? Se você não parar, vai dar certo. Sabe aquela máquina com o ponto desregulado? Se você não parar, vai dar certo. É
assim que funciona. Porque enquanto a gente não desiste, buscamos soluções. E quem busca, encontra. Parece papo de
autoajuda, né? Mas se você aí do outro lado estiver viva e livre, vai desistir por causa de quê? Não vejo motivo. Tá exausta,
ocupada com as coisas da vida adulta, coisa e tal? Todo mundo está igualzinho, mulher. Só não para. Vai dar certo.

27 VOCÊ
NÃO É A SHEIN!
Se tem uma coisa que muitas costureiras não entendem, é que elas não vendem
roupas. Muito menos as baratas e padronizadas, vendidas por qualquer outra loja.
Muito menos as lojas de fast fashion e ultra fast fashion, como a Shein. Tentar
competir com loja, é o suicídio da costureira. E talvez você esteja aí se
perguntando: 'Mas se eu não vendo roupa, vendo o quê?'. Você vende uma
experiência de moda. Que dependendo do seu jeito de ser, ganha uma cara diferen-
te. Darei alguns exemplos, então use a imaginação a seguir. 1 - Poderia ser uma experiência de moda em um atelier de moda
noiva e festa, com aquela decoração requintada e foco na privacidade. Onde a noiva poderá escolher seu vestido com uma
renda personalizada, receber a mãe, a sogra e as amigas para tomarem um champanhe com canapés, enquanto escolhem o
vestido dos sonhos e falam sobre os desafios do matrimônio; / 2 - Poderia ser uma experiência de moda super descolada, em
um atelier de upcycling com pegada underground. Onde a cliente consome uma moda autoral sob medida, enquanto bebe uns
drinks e ouve rock em um disco de vinil ao fundo, garimpa umas peças de brechó a pronta entrega, e faz uma tatuagem;
Perceba que dei dois exemplos bem diferentes, mas ambos possuem foco no serviço em torno da roupa, e não na roupa.
Porque se for só a roupa, vamos falar a verdade, é melhor comprar na Shein. A cliente que procura um atelier de costura, um
atendimento diferenciado. E só por isso já podemos perceber que esta cliente, não busca o menor preço. Daí nessa hora você
esbraveja: 'Como não? Minhas clientes vivem pedindo desconto!'. Pois deixa eu te informar que você está com a cliente
errada, vendendo a coisa errada, em um atelier todo errado. Ufa! Desabafei. Mas e agora? Como fazer tudo certo,
principalmente quando se está começando e não temos uma boa estrutura (decoração, bebidas, etc). Bom, você vai juntar
seus Tico e Teco, seus neurônios, e tentar bolar um jeito de fazer a cliente viver uma experiência de moda, conforme der.
Darei um outro exemplo. Digamos que você tenha um simples atelier de moda para gestantes. Sem decoração bonita, sem
nada. Também não custa nada (ou muito pouco), perguntar a cliente se o bebê é menino ou menina, qual o nome e preparar
algo especial que impressione a grávida. Talvez brigadeiros coloridos, talvez um cartão desejando saúde ao bebê. Talvez
enviar pelo whatsapp uma arte de lembrete feita gratuitamente no Canva com os dizeres: 'O atelier fulano de tal, aguarda
Enzo e mamãe fulana amanhã, às: 14:30hs'. Talvez uma flor, talvez uma coisa fácil de costurar e que grávida usa muito. Daí
você manda uma foto do brinde pelo whatsapp um dia antes dizendo: 'Fulana, olha o que eu fiz de presente para você, vem
buscar'. Seja criativa!

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 21


Essas coisas simples compõem a experiência do cliente e acredite, tem público disposto a pagar por isso. E logicamente, cabe
a você saber cobrar. Porque isso, não custa o preço irrisório de uma roupa da Shein. Não adiantaria nada fazer tudo isso e
depois cobrar R$ 29,90. Nem combina! E com o tempo você vai ganhando dinheiro e investindo cada vez mais em melhorar
esta experiência para poder cobrar mais, para ter um público cada vez mais seleto. Costureira não vende roupa barata,
entenda. Costureira vende ao cliente, o acesso a esses pequenos cuidados satisfatórios. E o mais bacana é que cada pessoa
pode fazer isso do seu jeito, com a sua personalidade. Cada atelier pode ser único assim como você, a costureira fundadora, é
uma pessoa única. Isso não é muito mais legal do que vender roupas? Não queira ser a Shein, queira ser o seu próprio País da
Maravilhas.

28 EMBALAGENS
BONITAS FAZEM A DIFERENÇA!
Essa é fácil. Todo mundo quando vai dar um presente, faz um embrulho bonito
para agradar. Pois bem, por que a costureira não pode fazer a mesma coisa para
atender seus clientes? Já sei, já sei... Desculpas chegando: 'não tenho dinheiro
para comprar embalagem, não tenho logomarca, meu atelier não tem nem nome'.
Pois a minha proposta aqui é te mostrar que tudo o que você faz no seu trabalho
tem que ser estratégico, pois voltará para você. Hoje em dia, as pessoas já pensam
no trabalho da costureira como algo barato, de segunda categoria. E você ainda entrega o serviço pronto em uma sacola de
mercado? Custa pouco comprar um pacote de papel pardo, um carimbo desses com mensagens fofas e um rolo de barbante.
Custa menos ainda escrever à mão, uma mensagem delicada em um bilhetinho para o cliente. Essas coisas fazem a diferença
nos lucros, na satisfação do cliente, no retorno do dele, na indicação de amigos, no boca a boca. Pesquise no Pinterest por
'embalagens baratas' e veja do que estou falando. Me diga se você não sentiria orgulho ao entregar ao seu cliente, uma
embalagem assim.

29 COSTURA À MÃO
É LUXO, NÃO É GAMBIARRA!
Tá aí uma coisa importantíssima, que preciso esclarecer. Eu não sei porque causa
ou circunstância, tem gente que pensa que costura à mão é sinônimo de
gambiarra. Como se a costura fosse um recurso de segunda classe que surgiu de
improviso, para quando a pessoa não tem máquina de costura ou não sabe usá-la.
Nada disso. A costura à mão é uma habilidade sofisticadíssima, que somente as
costureiras mais caprichosas sabem usar como um meio, para ter acabamentos
perfeitos. Existem momentos da sequência de montagem de uma peça, que se a costureira não souber fazer pontos à mão,
sejam eles provisórios ou definitivos, a roupa simplesmente não fica pronta. Ou então, é finalizada mal e porcamente com
uma costura à máquina que marca o tecido, direito e no avesso. E ainda tem mais um detalhe que não posso deixar passar.
Existem as costureiras que fazem uma belíssima costura à mão. E existem outras que fazem uma costura à mão horrorosa.
Ou seja, é possível ter uma costura à mão funcional, porém sem beleza e qualidade. Daí eu tenho que puxar a sardinha para as
bordadeiras. Pois geralmente quem borda bem, seja ponto cruz, pedrarias ou bordado livre, costuma fazer costuras à mão
mais limpas e harmônicas. Portanto, estudem sobre pontos à mão, treinem e aprendam a usar. Cada ponto à mão que se
sabe, é como uma ferramenta especial para fazer roupas lindas.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 22


30 FAÇA AS CONTAS, É
MELHOR NÃO TRABALHAR!
Uma vizinha certa vez foi a uma loja de roupas, dessas bem populares. A fim de
comprar simples blusas básicas de algodão. Caiu pra trás com o preço de R$ 40,00
cada. Sabendo que sou costureira, veio contratar meus serviços para que eu
fizesse as blusas por menos. Ela inclusive já chegou utilizando o preço da loja como
parâmetro e ela própria, pasmem, definiu que o preço do meu trabalho ficaria por
volta de uns R$ 15,00 ou R$ 20,00 no máximo. Foi quando expliquei a ela, que fazer
qualquer peça em uma costureira é justamente, mais caro. Pois se trata de algo personalizado, sob medida e tudo mais. A
vizinha entendeu? Sim, ela disse que entendeu. Porém logo em seguida emendou: 'Tá, mas você não quer ganhar nem R$
20,00? É pouco mais é dinheiro, melhor do que nada!'. Nessa hora, minha amiga... O sangue da gente ferve. Porque a infeliz
foi capaz de, em outras palavras, me chamar de 'vagabunda que não gosta de trabalhar e pobre coitada sem porr@ nenhuma',
numa única frase. E eu estou te contando esta estória para dizer que quando for assim, é melhor não trabalhar. Porque
façamos as contas, você não estará ganhando nem R$ 20,00, isso é ilusão. No giro do mês, gastando dinheiro para repor uma
cor de linha que acabou, pagando a conta de luz e todas as despesas, esse dinheiro pingado toma muito do seu tempo e não
rende nada. Pode ser que você agora esteja aí pensando: 'mas estou sempre ocupada e cheia de serviços, toda hora tem um
dinheirinho entrando'. Isso é uma ilusão novamente. Faça as contas e veja como na verdade, você está ocupada de tanto
trabalhar praticamente de graça. Você não ganha dinheiro, você só movimenta ele de um lado para o outro, tapando
pequenos buracos e nunca sobra um dinheiro bom para construir nada. Não sobra porque não tem margem de lucro. E pensa
comigo, se você já não ganha dinheiro nenhum, é melhor não se gastar costurando. Poupe a sua coluna, a sua mente, a sua
saúde. Daí com esse tempo agora livre, vá estudar as áreas técnicas, empreendedora e da personalidade. E se por acaso você
estiver naquela situação difícil de ter que vender o almoço para comprar a janta, onde não se pode rejeitar nem as moedas.
Neste caso minha amiga, de coração, eu recomendo que você arrume um emprego formal para garantir o pão de cada dia, se
recupere e pegue fôlego para investir no sonho de ter um atelier depois. Agora, se mesmo com pouco, você estiver com o pão
de cada dia garantido, seja pelo marido, pelos pais ou qualquer outra fonte de renda. Perceba que não vale a pena trabalhar
por trabalhar e não ganhar nada. É mais inteligente estudar por estudar, e com isso no futuro, poder ganhar algum dinheiro
de verdade. Acontece, que para tomar essa decisão, você tem que ser corajosa. Tem que parar e fazer as contas. Tem que
parar e dar um basta nos clientes. Tem que parar e acreditar em si mesma. Tem que parar e estudar coisas difíceis. E é por
isso, minha amiga, que muitas costureiras nunca param. Elas se enfiam nessa roda do rato e trabalham, trabalham,
trabalham e trabalham para permanecer na ilusão que eu citei lá no começo. Eu não sei se este é o seu caso, se você se
identificou com esta situação ou não. Eu não sei se você quer parar e pensar nisso agora. Mas este é meu único objetivo com
este texto, pedir para que se possível, você pare e pense.

31 TÁ TORTO?
DESMANCHE!
Costurar bem feito, tem muito, muito mais a ver com fazer de novo, do que com
conseguir fazer certo desde a primeira vez. Ainda mais quando estamos falando de
uma costura com diferencial de qualidade, uma costura com acabamentos
impecáveis. E sim, eu sei que vai dar uma preguiça muito grande desmanchar
aqueles pontos pequeninos, aquele arremate firme e aquele pesponto que estava
quase todo pronto quando no finalzinho, a linha da bobina acabou. Mas capricho é
exatamente isso: a atitude de fazer o certo pelo certo. Sem barganhar com a mediocridade. Afinal, se você já desprendeu
tanto tempo para criar, modelar e cortar aquela peça, vai fazer com pressa agora, na hora da costura? Devo salientar que o
tempo cura tudo, querida costureira moderna, menos aquela costura torta que você devia ter desmanchado.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 23


32 QUER UM ATELIER DE SUCESSO?
SEJA UMA GÊNIA DO MARKETING!
O mercado de costura é desvalorizado mesmo. Praticamente todo brasileiro tem a
mentalidade de que o trabalho da costureira é baratinho, de baixa qualidade, algo
feito no fundo de quintal, que costureira é alguém sem instrução e tudo isso que
vocês já sabem. Disso tudo, eu tiro uma conclusão óbvia: o maior trabalho de uma
costureira não é costurar e sim, educar o cliente. Costura perfeita, modelagem
impecável, acabamentos finos... É lógico que nada disso pode faltar. Pois o produto
de qualidade é o que confirma no racional do cliente, que seu trabalho tem valor de fato. Mas posso te mandar a real?
Aprenda esta parte técnica o mais rápido possível, na primeira oportunidade que tiver, delegue isso para uma
costureira/modelista assistente e dedique-se totalmente ao marketing. Com técnicas de marketing é que se faz esta
educação do cliente. E posso te mandar a real novamente? Não bastará ser um pouquinho marketeira, minha amiga, você terá
que se tornar uma GÊNIA do marketing! Pois o mercado está muito contaminado com essa mentalidade de desvalorização, o
mercado da moda globalmente falando, é muito prejudicado. E somente o marketing, o branding, a educação do cliente, a
construção de uma boa imagem de marca será capaz de te fazer ter um atelier de sucesso. Não estou brincando, é a única
saída. Para que fique ainda mais claro, eu diria que a sua energia deveria ser dividida em 90% marketing e 10% em todas as
outras coisas. Pelo menos até você conseguir fazer essa mudança de mentalidade na sua carteira de clientes e marcar bem o
território da sua marca. E tem que ser gênia! Se vira, vai estudar, tente, invente, faça um marketing diferente.

33 COLOQUE SEUS
FILHOS PARA TRABALHAR!
Ai, ai... Espero não ser cancelada na internet! Hahaha Mentira! Pode me cancelar,
estou me expondo ao que der e vier. E para completar, ainda não sou mãe e vou dar
um 'pitaco' sobre criação de filhos. Bota gostar de sarna pra se coçar! Brincadeiras
à parte, vamos ao que interessa. Como assim colocar os filhos para trabalhar?
Gente, eu comecei a trabalhar com moda aos 12 anos, quando aprendi a bordar
pedrarias. E posso falar em nome dos filhos e crianças, que esta foi uma das coisas
mais importantes que já me aconteceu. Perceba, que estou falando de um trabalho realmente responsável e custoso, mas de
forma alguma em minha infância eu fui submetida a trabalhos forçados e exaustivos, tá? Que fique claro que meus pais não
eram doidos. Mas quando digo que trabalhar tão cedo era custoso e cobrou de mim responsabilidades, quero dizer que eu
levava aquilo a sério. E os adultos ao meu redor também. E isso contribuiu muito com a minha formação pessoal, minha
maturidade, além de claro, ter me feito descobrir uma vocação profissional muito cedo. Sabe esses jovens de hoje me dia que
se sentem perdidos e se perguntam: qual será o meu propósito? Pois então, eu nunca pensei uma bobagem dessas (sorry, se
ofendi alguém). A verdade é que eu estava muito ocupada trabalhando, sendo autodidata e adquirindo uma profissão. Muito,
muito jovem e eu já tinha condições de me sustentar. Desde cedo já sabia que de fome, eu não morria. E quando chegou a
idade de decidir qual profissão seguir, eu já tinha quase uma década de experiência no ramo da moda. Então foi óbvio. Tudo
porque na infância, meus pais não me impediram de trabalhar. Não me pouparam do esforço, como vejo muitos pais fazerem
tentando proteger seus filhos, mas na verdade estão os enfraquecendo. E a ideia de começar a bordar numa equipe
terceirizada de bordadeiras, partiu de mim. E quantas são as mães costureiras, que tendo um atelier em casa, não ensinam
suas filhas a costurar. Elas(es) podem desde cedo descobrir uma vocação, se tornarem estilistas e podem principalmente,
adquirir a incrível autoconfiança que só o ato de fazer nos traz. Sonhos se realizam com ação, trabalho mesmo! Não tem
outro caminho.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 24


34 COSTUREIRA COM AS
AMIZADES CERTAS, VAI MAIS LONGE!
Relutei um pouco, pensando se escreveria este texto aqui ou não. Afinal, este é um
material sobre moda e costura, nada a ver falar sobre amizades. Pensei. Mas eu
recebo muitos comentários de vocês, muitas confissões na verdade, sobre o
quanto é difícil seguir essa jornada de aprender a fazer moda, estando em má
companhia. Então decidi falar sobre isso. Nós estamos em constante mudança em
nossa vida, muitas vezes isso é marcado por fases. Os estudos, o primeiro empre-
go, sair da casa dos pais, casar, os filhos. E é comum que entre essas fases algumas amizades sejam adquiridas, enquanto
outras, esfriam. Aprender a fazer moda, é um negócio tão amplo de se estudar, que costuma representar uma mudança de
fase também. Até porque a gente fica tão apaixonada por aprender essas coisas, que só fala nisso. E nessa de muito falar, é
comum que algumas amizades deixem de ser proveitosas para nós. Quem nunca teve uma amiga que quando descobriu que
estávamos aprendendo a costurar, começou a pedir favores? Quem nunca teve uma amiga que por falta de conhecimento do
mercado, colocou a gente para baixo desvalorizando nosso ofício? Pois eu gostaria de te recomendar, costureira moderna,
que você cultivasse uma boa 'amizade costurística'. Que buscasse, nem que fosse uma amiga se quer, que entendesse
justamente do que você passa. Nem que fosse uma amiga virtual, pois a internet está aí justamente para conectar as
pessoas. E é muito relevante para o nosso crescimento profissional, sempre que possível, estar acompanhada. Faz toda a
diferença falar com uma costureira todo dia, papear, conversar, falar de moda, essas coisas. Agrada ao coração.

35 ACORDE CEDO
E SE GASTE POR INTEIRO!
Vou direto ao ponto: acorde cedo pois você terá mais horas ativas para dar conta
de mais coisas. Este é o ponto central (e óbvio) deste enunciado. Mas o que eu
desejo realmente falar, é da satisfação de nos 'gastar por inteiro' diariamente.
Somos mulheres ativas, trabalhamos, estudamos, vamos à academia, saímos nos
fim de semana, cuidamos dos filhos e curtimos a vida com marido ou namorado. Já
é bastante coisa! Mas se você sente que ainda falta tempo para fazer mais coisas,
acordar antes de todo mundo costuma ser uma solução simples e poderosa. Só de acordarmos no silêncio matutino, termos
aquele tempo para pensar e organizar a mente para o dia, já nos adianta muito. Acordar cedo é também um exercício de
disciplina diante do desconforto que é sair da cama quentinha. E isso nos fortalece inclusive, para outras batalhas mais
difíceis da vida. E percebi com o tempo, que a labuta de ter um dia cheio, daqueles bem ocupados em que a gente não para
um só minuto. Nos dá ao final do dia uma maravilhosa sensação de dever cumprido. De termos nos gastado por inteiro em
algo realmente produtivo, usando o nosso hoje com presença total. Vou dar alguns exemplos de dias lotados assim, para que
você consiga me entender. Sabe dia de mudança? Aquela correria, carrega caixa, limpa, organiza... Sabe dia de festa? Faz
comida, prepara as bebidas, faz a decoração, limpa, recebe gente... Sabe viagem? Faz as malas, veste as crianças, confere os
documentos, vistoria no carro... Imagina ter dias ativos assim que sejam especialmente voltados para seus objetivos de
costura e moda. Imagine que potência. Ah! E tenho consciência de que não conseguimos e nem devemos manter uma
sequência de dias loucos assim direto, viu?! Precisamos de pausas para descansar a mente e o corpo, acordar tarde em
algum dia propício. Mas entender que esse 'batidão' dos dias produtivos tem seu poder, que potencializam nossa força é
muito importante. Não se acostume com a inércia e nem com a preguiça. Acorde cedo, curta se gastar, se descubra na
euforia do trabalho, na adrenalina das tarefas consecutivas. A gente está aqui nessa vida é para isso, para viver.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 25


36 QUESTÃO DE SENSIBILIDADE:
REGULE O PONTO DA MÁQUINA.
Um dos conhecimentos técnicos mais difíceis de se adquirir, é a tal da regulagem
do ponto da máquina de acordo com cada tecido. Não que seja algo difícil de
entender, mas exige prática e uma boa dose de sensibilidade. Você já viu alguma
roupa de tecido fino, principalmente os acetinados, com as costuras enrugadas?
Aquilo é ponto desregulado. Não é em todo tipo de tecido ou roupa, que a
regulagem do ponto causa problemas. Eu diria inclusive, que na maioria dos casos
a gente usa uma regulagem média ou 'universal'. Mas no brilho de um tecido acetinado ou sedoso, o deslize da costureira que
não sabe regular o ponto, não passa batido. Irei enumerar aqui, as seis variáveis que interferem nesta regulagem: 1 - A
agulha deve ser a adequada de acordo com a gramatura e tipo de tecido; / 2 - Atente-se para o volume de dobras e camadas
de tecido; / 3 - A linha também deve ter a gramatura e composição corretas; / 4 - Se for o caso, use calcador de teflon; / 5 -
Altere a pressão o pé calcador; / 6 - Regule a relação entre tamanho de ponto, tensão da linha da bobina (a de baixo) e tensão
da linha do carretel (a de cima); Regular o ponto corretamente, significa acertar dentro destas seis variáveis, qual é a
combinação. O que matematicamente falando (e para o desespero da costureira), gera um total de 720 combinações
possíveis. Mas calma! Não estou falando isso para te assustar. E sim para mostrar, que o que fará a diferença na regulagem
do ponto, é a sua sensibilidade. Não existe uma fórmula mágica, não existe tampouco uma única resposta certa, pois dentre
as centenas de combinações muitas poderão servir. Mas cabe à sua sensibilidade julgar em que nível de 'perfeição' aquela
regulagem está. Cabe a você observar o caimento do tecido, observar as sombras que se formam no tecido. Portanto regule
seu ponto antes de começar a costura de uma nova peça, principalmente as de tecido acetinado.

37 COMPRE LIVROS,
MAS NÃO LEIA. ESTUDE-OS!
Existe uma grande diferença entre ler um livro e estudar um livro. E nesta lição
gostaria de compartilhar com vocês algumas das estratégias que utilizo para
estudar os livros que tenho. É bem verdade que livros de moda de costura existem
em diferentes tipos. Os bibliográficos, lemos como se fosse um romance. Os
técnicos usamos para consulta. Os de design, olhamos as figuras mais que
qualquer outra coisa. Os de empreendedorismo, assimilamos para aplicar o méto-
do. E em todos esses livros podemos de fato estudar. Minha dica principal é simples: resuma os livros em fichas e guarde em
envelopes dentro de cada livro. Sabe essas fichas pautadas, de papel mais grossinho, tamanho 10x15? Em cada livro que já
estudei, tenho ele resumido em fichas. Escrevo com canetas coloridas e letra de forma, para melhor compreensão e visal
clean. Guardo em um envelope e mantenho na orelha do livro. E sempre que preciso relembrar, saco as fichas do envelope e
leio de carreirinha. Incrível como todo o conteúdo do livro volta fresco à minha memória. Antes de fazer assim, eu sempre
tinha a impressão que perdia o conhecimento. É claro que quando se trata de livros técnicos, junto com as fichas vem a
prática de fazer moldes, cortes e costuras. Mesmo assim as fichas ajudam a registrar os aprendizados mais importantes.
Espero que esta minha dica te ajude. Sei que cada leitor tem suas manias e nem tudo que funciona para um, serve para o
outro. Mas de verdade, te convido a experimentar. É uma sensação muito agradável preencher as fichas com caneta colorida.

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38 CATALOGUE TUDO, CATALOGUE
TUDO, CATALOGUE TUDO!
Esta lição é uma dica que soará como besta para muitas pessoas. Porém a outras,
irá parecer uma grande novidade. Sabe quando a gente precisar ter uma ideia
super criativa para produzir uma roupa, um bordado ou até mesmo para
solucionar um problema urgente? Pois bem, esta ideia não surge do nada dentro
de nossa cabeça. Toda ideia, absolutamente todas, nascem de um repertório de
referências que quando combinadas, geram uma ideia inédita. Logo, criatividade
na verdade poderia se chamar 'combinatividade'. Pois tudo nasce da combinação de referências. Dito isso, pense no quão
prático seria, ter suas referencias devidamente catalogadas. Pois é exatamente isso que eu faço a décadas. Desde o tempo
das revistas de moda, eu já guardava estes catálogos. Quando ganhei meu primeiro computador passei a guardar todas as
imagens de roupas e looks que eu achava bonitos, em pastas. Tinha pasta de saia, de vestido , de acessórios, de moda festa,
moda praia, de bordados, de sapatos, etc. Tudo ali lotando a memória do meu pobre PCzinho. E agora, neste momento em que
dispomos de tudo na palma de nossas mãos, acessando pelo celular. Eu tenho pastas e mais pastas catalogando moda no
Pinterest, nos 'Salvos' do Instagram, no Canva, no TikTok. E até vídeos inteiros, salvos em playlists organizadas dentro do
Youtube. Tenho até listas de livros para comprar na Amazon, tudo separadinho. O que me ajuda a descobrir quando algum
livro que desejo entra em promoção, sabia disso? E quando eu preciso criar algo novo ou solucionar algum problema, corro
para as as pastas. E como eu já faço isso há anos, tenho muito material catalogado. Raríssimas vezes procuro algo dentro de
minhas pastas e não encontro. Essa é uma mania doida que tenho, mas decidi compartilhar. Espero que ajude.

39 INSTAGRAM VENDE,
MAS TEM QUE FAZER BONITO.
Eu comparo a oportunidade de ganhar dinheiro nas redes sociais no Brasil, com a
primeira revolução industrial, na Inglaterra. Todo aquele que quiser arriscar
enriquecer, tem um terreno fértil para isso. E no ramo da moda e das costuras não
é diferente. Mas existe uma particularidade deste nosso mercado que não
podemos ignorar. Moda é sobre beleza, desejo, fascínio. Logo, se você quiser
ganhar dinheiro com moda nas redes sociais, terá que ter um Instagram (ou qual-
quer outra rede) com uma aparência bonita. E isso exige sim, algum investimento mínimo. Sei que em muitos casos, a
pessoa cria um perfil de seu atelier no Instagram pois não possui dinheiro para montar um atelier físico que seja bonito e
bem decorado, para receber as clientes. Então como terá dinheiro para investir no Instagram? Mas daí eu te digo: dê um jeito!
Você poderá improvisar em muitas coisas para criar fotos e vídeos bonitos, tem muita coisa grátis na internet (Canva, Inshot,
etc), tem como começar com muito pouco. Mas este pouco às vezes inclui comprar um celular melhorzinho, pintar uma
parede na sua casa para ter um fundo mais bonito, comprar um manequim baratex para mostrar as roupas, uma ring light
nem que seja dessas feitas em casa, etc. Eu recomendo que você não abra mão deste pouco, pois fará a diferença. Então faça
uma listinha de coisas que você precisa comprar ou providenciar. Faça um freela, venda algo que não usa, reserve uma grana
do salário, deixe de comprar a tal da pizza ou cafezinho. E estude sobre como fazer boas fotos e vídeos. Busque inspiração no
Pinterest. Mas acima de tudo, não ignore a força da boa aparência nas redes sociais. Este simples 'detalhe' é o que faz a
diferença entre poder cobrar R$ 1.000,00 em um vestido ou ter que fazer o trabalho por R$ 100,00. A credite em mim, é
desse jeito.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 27


40 ACORDAR INCONFORMADA,
DORMIR AGRADECIDA.
Sempre, em toda minha vida, fui uma pessoa inconformada. Inconformada por não
ter acesso a tudo que eu desejava desfrutar, inconformada com a pobreza em que
eu vivia, inconformada com tudo de ruim que me cerceava. Mas, ao mesmo tempo,
sempre fui muito grata. Grata pela saúde que tinha, grata pela astúcia, grata pelas
oportunidades que vieram, grata por tudo. E é poderoso perceber como a
inconformidade nos incomoda a buscar algo melhor e quanto a gratidão nos acalma
para que desfrutemos do que já temos. Mas agora vamos fazer uma análise mais profunda sobre isso, considerando a ordem
destes dois sentimentos, inconformidade e gratidão, na porção do nosso dia. Se logo pela manhã acordarmos inconformadas,
poderemos batalhar durante todo o dia para melhorar de vida, seremos ativas e focadas, empregando nosso melhor para
conquistar o que desejamos. E se com o cair da noite nos tornarmos agradecidas, poderemos curtir as benevolências ao fim
do dia com sensação de dever cumprindo, sorrindo ao lado de quem amamos, curtindo a vida e tendo uma boa noite de sono.
Porém, a maioria de nós, faz ao contrário. Logo pela manhã contemplando o nascer do sol, enchemos o peito de gratidão e
passamos o dia inteiro a desfrutar das benevolências da vida sem nenhum propósito, só deixando a vida nos levar, como um
hedonista que recorre à fuga dos pequenos prazeres. Até que a noite começa a cair e é quando ficamos inconformadas, afinal
não solucionamos nem metade dos nossos problemas, está tudo errado ao nosso redor, maltratamos até quem amamos só
de raiva e vamos dormir possessas, com uma terrível angústia no peito. Veja como perdemos completamente a potência
positiva da inconformidade e da gratidão, só por termos invertido a ordem das coisas. Reflita sobre isso.

41 SE A COSTURA ESTÁ FEIA,


NÃO DIGA QUE ESTÁ BONITA, ORA!
Pense numa coisa que me deixa indignada! É quando eu vejo alguém postando
alguma foto ou vídeo de uma costura, ou melhor, do detalhe de alguma costura ou
acabamento. Comentando o quanto a costura está 'certinha', está 'perfeitinha'...
Mas eu olhando a bendita foto ou vídeo com estes olhos que um dia a terra há de
comer, estou VENDO que está tudo torto. Gente, como pode? Eu não sei se a
pessoa é cega ou cara de pau. Não sei se os critérios perfeição desta pessoa são
diferentes, se a criatura tem o olhar viciado ou com poucas referências de excelência. Não sei se é hipocrisia de quem posta
ou complacência de quem concorda nos comentários. Eu juro que não sei o motivo. Mas estou comentando isso aqui com
vocês, para que vocês tenham a oportunidade de refletir sobre isso. Por favor, minha Costureira Moderna, não seja a pessoa
que diz que a costura está bonita, se ela estiver feia. Nem a sua própria costura e nem a costura de outra pessoa. Porque isso
nos impede de ver a verdade como ela realmente é, isso nos emburrece e nos impede de buscar melhoramentos. É claro que
de forma nenhuma (nenhuma!) forma, devemos comentar que a costura da pessoa está torta, deixa quieto. Não temos esse
direito. Mas a obrigação de reparar essa patifaria, nós temos. Em prol do capricho e da excelência não podemos nos
conformar. Se não daqui a pouco estamos concordando de que a grama não é verde e sim, cor-de-rosa. Tudo tem limites,
gente. Preserve o critério.

VEM DAR SUA OPINIÃO!


Ao ler o Manual da Costureira Moderna, ficou vontade de comentar? Dar sua opinião ou
acrescentar um ponto de vista? Vá até o meu perfil @fernandaherthel no Instagram ou Tiktok e
interaja nas caixinhas dos stories, no direct ou comentários. Estarei lá pra trocarmos uma ideia.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 28


42 O IMPORTANTE NÃO É SABER
DE TUDO, E SIM QUERER SABER.
Eu gosto muito desta frase. E em moda, ela é nossa tábua de salvação. Deixa eu te
contar uma coisa que pouca gente admite: os estudos de moda e costura, são
infinitos. Eu sei que tem uma galera aí que vende curso online e livro, jurando de pé
junto que se você comprar os produtos deles, tudo sobre determinado assunto,
estará lá. Isso é balela. Além de ser uma mentalidade limitadora. Todos os
assuntos de moda são vastos, pois se referem a complexidade do ser humano e sua
evolução na história. Darei um exemplo. Digamos que você deseje costurar uma simples calça jeans e comece a estudar
sobre isso. No meio do caminho entre costura, técnicas de modelagem, algodão 100%, emancipação feminina, construção
em sarja, o que é Denim, de onde veio o tal five pockets, que diabos é índigo, a corrida do ouro na Califórnia, agrotóxicos na
Índia, de qual estilo, para que serve aquele bolsinho, quem foi James Dean, boca de sino, Levi Straus, como aplicar rebite, a
classe trabalhadora, com elastano, travete ou ponto mosca... Percebeu? Por isso repito: o mais importante não é saber DE
TUDO, pois em moda esse tudo nunca acaba. Mate essa ansiedade por querer aprender tudo de uma vez, pois não vai rolar.
Mas fique calma, pois com o tempo você terá clareza sobre todas essas coisas. O importante é querer saber. E não se
esqueça de que é absolutamente limitador e até mesmo, ingênuo, enxergar o conhecimento de moda como algo finito. Não
cai nessa, Costureira Moderna.

43 É MAIS DO QUE DESVALORIZAÇÃO,


É A CULTURA DE TIRAR VANTAGEM!
Percebemos a desvalorização de nosso trabalho quando a clientela considera
nosso ofício como algo de baixa instrução, algo que se faz em 5 minutos, algo como
uma gambiarra. Literalmente um serviço banal e que por isso, paga-se pouco.
Mas e quando o cliente tem consciência de que fazer uma roupa na costureira é
mais vantagem por ser exclusivo, é mais vantagem por ser sob medida, é mais
vantagem até por ser supostamente econômico, é mais vantagem para que se vis-
ta com estilo e alta qualidade. Podemos dizer que este cliente desvaloriza nosso trabalho? Claro que não. Ao contrário, este
cliente sabe exatamente o quanto o trabalho da gente é conveniente para ele. Em seu entendimento interior, ele 'valoriza
nosso ofício'. Mas como um belo filho da put@ que é, decide deliberadamente não externar isso no meio social. Pois é muito,
muito melhor trepar no cangote da costureira e só tirar vantagem. Esta é a cultura do cliente BRASILEIRO! Uma espécie de
acordo velado onde a nossa sociedade (incluindo a gente), combinou de se omitir diante de uma grande injustiça, em prol de
poder sugar uma vantagemzinha. E se quisermos resolver este problema, teremos que tomar algumas medidas: 1 - Devemos
cortar em nossa própria carne. Porque de nada adianta você reclamar que seu cliente de costura não te valoriza, se você pede
desconto quando encomenda um cento de salgados para a festinha dos seus filhos ou se você pechincha o valor da diarista
que vem limpar sua casa. Você é escrota igual. Se não pode pagar pelo serviço, aceite que não é para o seu bico, você é pobre.
Foque em fazer mais dinheiro para conseguir contratar o serviço ou produto, ao invés de focar em tentar ter acesso
explorando os outros; / 2 - Já falei aqui que devemos educar nosso mercado sobre o valor do nosso trabalho, mostrar que
fazemos algo exclusivo, de profundo saber técnico, personalizado e tal. Mas agora precisamos mergulhar mais fundo. Não
basta apenas educar nosso cliente sobre o que nós fazemos de bom, é preciso educar nosso cliente sobre o que ele faz de
ruim. Precisamos assumir a espinhosa missão de confrontar a mesquinhez, a cultura de tirar a vantagem, só assim
mudaremos nosso mercado. O problema é que poucas costureiras estão dispostas a isso, elas não querem 'se indispor', não
querem abraçar esta malfadada e inconveniente postura. Porque é desagradável mesmo, ter que mostrar ao próximo o
quanto ele está sendo escroto. Daí a costureira pensa: 'E se a cliente ficar magoada?'. Algumas costureiras com autoestima
baixa não conseguiriam lidar com esta suposta rejeição. Ou então a costureira pensa: 'E se a cliente cobrar de mim a mesma
boa atitude?'.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 29


Algumas costureiras também não querem deixar de tirar vantagens dos outros. E tudo 'termina em pizza', é a tal da
autocorrupção. Onde costureira e cliente, relativizam seus valores. Barganham a justiça de acordo com as próprias
conveniências. E diante deste cenário, eu Fernanda Herthel, que sou costureira também, quero te dizer uma coisa sincera: eu
torço para que você se lasque!! Se você não quer melhorar o mercado para você e para todas nós, se você não quer pagar o
preço por isso, então se lasque. Eu já decidi que farei o trabalho duro de cortar em minha própria carne, farei o trabalho sujo
de cortar na carne do cliente e já decidi que irei melhorar o mercado para mim (por tabela já aceitei que se tudo der certo, eu
melhorarei o mercado até para você, mesmo você não fazendo nada). Eu tenho coragem suficiente para isso, eu tenho moral
suficiente para isso. E com a graça, acredito que irei colher bons frutos de meu esforço. Se você também quiser se esforçar,
pode contar comigo, Costureira Moderna. Mas se você não quiser, digo e repito: você que se lasque!

44 NÃO SABE SE IMPOR DIANTE DAS


CLIENTES? TREINE NA FRENTE DO ESPELHO.
Esta questão de como se comunicar com o cliente é complexa. E serei sincera ao
dizer que neste texto aqui, não irei conseguir te mostrar uma solução completa.
Mas quero te passar uma única dica, que acredito que irá começar a te ajudar
desde já. Convenhamos, você sabe já mais ou menos o que precisa dizer para se
impor diante de suas clientes. Mas na hora de falar, você congela. Então que tal se
você treinasse antes, na frente do espelho? De tanto imaginar as palavras exatas
que gostaria de dizer a ela, você vai criando o texto. Crie os argumentos, as réplicas e tréplicas. Vá memorizando as frases de
efeito, a entonação imponente. Incorpore a postura correta e o tom de voz firme. Recomendo que você vista uma roupa preta
(parece bobagem, mas o preto é uma cor de autoridade), arrume o cabelo e a aparência de uma forma geral, fique de pé
frente do espelho e faça o teatrinho. Fale em voz alta e gesticule. Se este tipo de exercício não for algo natural para você, se
force a fazê-lo nos primeiros dias de forma consecutiva. Depois vai ficando mais fácil e daí você mesma decide com que
frequência fará estes treinos. Faça uma lista com os assuntos mais espinhosos a se tratar com as clientes e ponha-se a
tagarelar sobre todos eles. Se desejar, anote em um caderno suas resoluções principais. Até que, um belo dia, eleja uma
cliente qualquer e desengasgue tudo diante dela. Só faça. Depois me conte se não foi muito mais fácil do que você imaginou.

45 O DESAFIO DO
ZÍPER INVISÍVEL.
O bichinho é um desafio. Já vi muita costureira de décadas dizendo que costura de
tudo, menos zíper invisível. Chega ser engraçado como um aviamento tão singelo,
pode nos tirar tanto a paciência. Então eu quero te dar algumas dicas. 1 - Use o
calcador de zíper invisível: este calcador possui ranhuras que abrem as bordas do
zíper na medida certa para que a costura reta o prenda no tecido perfeitamente,
mantendo a invisibilidade perfeita. / 2 - Use o ferro de passar: você pode abrir um
pouco mais as bordas do zíper utilizando o ferro em temperatura média, o que facilita o encaixe. / 3 - Use zípperes originais
da marca YKK: eles costumam ter uma qualidade superior. / 4 - Costure à mão: se está difícil entender como é feito ou fazer
com perfeição na máquina, a costura a mão pode te ajudar a visualizar e entender o mecanismo da costura, pelo menos no
começo. / 5 - Desmanche e tente outra vez: este é um clássico do aprendizado de costura, e a cada tentativa fica melhor.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 30


46 KITSCH: TRABALHOS CAFONAS,
MAL FEITOS E COM CARA DE BARATO.
Pronto! Agora sim, serei cancelada na internet. Desde que comecei a fazer
conteúdos aqui, principalmente bordados, que são mais associados ao artesanato.
Tenho vontade de comentar com vocês o quanto existem alguns artesanatos
horrorosos. Uns biscuit cafonas, uns tapetes de crochê escabrosos, uma estética
chinfrim que se vê constantemente nos trabalhos artesanais. Quase com um
'espírito' de coisa barata e brega que todo mundo sabe que existe. Mas que nin-
guém pode falar nada, porque seria execrada, principalmente na internet. Porque deusulivre, alguém ousar achincalhar este
tipo trabalho manual. Capaz sair uma artesã do bueiro pra dar na nossa cara. Ela vai dizer que você não pode falar assim do
trabalho que ela fez com tanto amor. Amor esse, que você é obrigado a retribuir com admiração. Afinal, fazer com amor com
certeza é superior a algo tão fútil como a beleza. Ainda mais uma peça que levou tantas horas para ser feita, que importa se
ficou horrorosa aquela boneca vesga com um olho pintado pra cada lado? A tentativa daquela artesã mesmo sem um pingo
de técnica, vale mais do que a qualidade do produto final. Sem contar que muitas vezes, a tal obra artesanal retrata algo da
natureza, como um lindo por do sol ou um patinho com chapéu florido pintado em um pano de prato. Como alguém poderia
rejeitar algo da natureza, que o próprio criador bondosamente nos agraciou? Não importa se o tal pano de prato é
ultrapassado e genérico, os valores celestiais são superiores. E para finalizar a artesã ofendidíssima, ainda irá argumentar
que o trabalho manual dela, só foi rejeitado por ser mais humilde, feito com reciclagem, por isso ninguém quer comprar ou
muito menos pagar caro. E não importa se a bolsinha feita com caixa de leite tem as rebarbas cheias de cola quente e cheiro
de azedo, é preconceito com os pobres. Este tipo sentimentalismo exagerado te lembra alguém? Talvez aquelas mensagens
coloridas de 'Bom dia!' ou cheias de frases aparentemente bondosas porém que são usadas de forma importunadora e
julgadora. Geralmente enviadas por aquelas tias chatas e hipócritas no grupo da família, no Whatsapp? Você lembrou de
alguém que age assim em grupos de artesãs no Facebook? Você age assim? Pois bem, eu fiquei muito feliz ao descobrir que
todo esse engodo de algumas artesãs tem nome. Se chama Kitsch. Um termo de origem alemã, cunhado por volta de 1870. E
que é utilizado para designar uma categoria de objetos ou estética geral, que seja cafona. Mas cafona de um jeito bastante
particular. Pois o Kitsch possui características bem marcantes, vejamos: apela para inocência e ingenuidade (usa bichinhos e
bebezinhos), glorifica a vida mais simples (usa cenas de amanhecer, vida no campo), exalta valores patriotas (por isso
costuma ser usado em marketing político, para manipular as massas), a vida família, a religião (costuma ser usado com
mensagens bíblicas), usa de um romantismo extremo (muitos corações), usa cores vibrantes, poluição visual (excesso de
ornamentação, utilização de todos os espaços), uso de fontes que imitam caligrafia (para parecer que foi feito à mão), porém
é produzido em escala popular (logo, não é feito à mão ou é muito mal feito, já que foi executado com pressa ou por artesãs
pouco habilidosas e mal remuneradas), tenta imitar uma obra de arte ou produto elegante (mas não consegue ser, pois
costuma ser feito com matéria-prima de baixa qualidade, recicláveis ou design sem conhecimento técnico). E por fim, o que
mais define o Kitsch, principalmente no Brasil e com foco nas artesãs, que é a quem estou me dirigindo neste texto. É o mais
profundo sentimento de inferioridade, que mascarado de virtude, é usado com soberba velada, para se julgar mais puro que
os outros (se você não entendeu o conceito completamente, volte e leia a frase anterior pausadamente). Sim, Kitsch é um
sentimento. Sim, um sentimento que cria artesanato. Sim, um artesanato bem cafona. E é aqui, que entra o motivo que me
levou a escrever este texto. Porque finalmente agora, poderei falar disso na internet. Afim de conseguir explicar a vocês, o
que é um bordado bonito e o que um bordado feio. Porque eu sempre soube da existência do Kitsch, todo mundo reconhece
essa cafonice na verdade, o negócio é que eu não sabia que existia um nome para isso. Ou melhor, um movimento histórico a
favor do senso crítico, desde o século XIX. Porque antes, se eu tocasse neste assunto, sem o respaldo intelectual do
movimento Kitsch, todas as pedras seriam tacadas sobre mim, Fernanda. Eu seria massacrada na internet e não teria base
teórica nem para me defender e nem para conseguir ensinar o design do bordado.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 31


Eu apenas viraria um bode expiatório na mão dessas artesãs cheias de não-me-toque, por isso esperei o momento certo para
meter o dedo nesta ferida. E em todo este tempo em que eu não pude ensinar, adivinha quem mais saiu perdendo? AS
ARTESÃS!! Que por falta de conhecimento, produzem muitos de seus trabalhos árduos, com cara de BARATO. E depois não
conseguem ganhar dinheiro com isso, reclamam por não serem valorizadas. E reclamam com muito sentimentalismo e
autocomiseração, diga-se de passagem. Porque muitas delas fazem trabalhos Kitsch, e nem sabem. Elas não possuem o
olhar treinado para reconhecer o que é Kitsch e o que não é. Ou não sabem reconhecer quando o Kitsch convém e não convém.
Pois saibam que nem tudo que é KItsch, é feio! Eu mesma, tenho alguns objetos Kitsch dos quais gosto muito. E sei combiná-
los de maneira que não fique (tão) cafona. Porque vamos falar a verdade, se não houver um pouco de cafonice na vida da
gente, ela fica insípida e sem graça. O problema, é ser uma cafonice que mascara um coitadismo extremo, um desprezo pelo
estudo técnico e claro, uma chatice sem fim! Por isso vocês ainda me verão falar muito de Kitsch. Ainda tenho muita coisa
para ensinar, exemplos para dar. Sei que posso arrumar uma quizumba forte com artesãs. Mas eu estou aqui para isso, para
ensinar a vocês o que for preciso, para que vocês possam melhorar seus trabalhos e suas vidas.

47 COSTURA NÃO É RENDA


EXTRA, É TUDO OU NADA!
Preciso te mandar a real: para ganhar dinheiro com costura, é tudo ou nada. Gente,
o mercado da moda, seja com costuras sob medida, consertos, tendo uma marca
própria ou até mesmo costura criativa, é muito desafiador. Existem outros
mercados que também são assim. O negócio de restaurantes, fotografia de
casamento, salgados e doces para festas, estes são alguns exemplos. Seja pela
margem de lucro apertada, alta rotatividade na equipe, cliente que desvaloriza,
concorrência desleal ou qualquer outro pepino, alguns ramos são mais estressantes para se empreender do que outros. E
moda, sinto muito dizer, também é um desses. Logo, não tem meio-termo, é tudo ou nada. O tudo, é montar uma empresa
com 100% de dedicação e criar o seu lugar no mercado. O nada, é encarar a costura como um negócio de renda extra ou para
o qual você não se dedica tanto. E neste caso, você será explorada, vai pagar pra trabalhar e vai levar desaforo de cliente. E
por mais que existam os gurus da internet te dizendo o contrário, que dá para ganhar não sei quantos mil reais por mês com
renda extra, eles estão mentindo para você. Só para te vender outro curso online. Porque não dá para trabalhar com costura
assim, gente. Só com metade da força. O mercado é cheio de cacoetes e vícios que depreciam nosso trabalho. Costura não é
um mercado, pelo menos não hoje, que esteja preparado para você entrar e 'fazer uma boquinha', pegar um freela light, fazer
uma graninha. Ou você constrói uma marca, um atelier, uma empresa de verdade, um negócio com uma certa complexidade
ou é melhor não trabalhar com isso. E quando eu digo um 'negócio com uma certa complexidade', não estou dizendo que você
precisa fundar uma multinacional, com milhares de funcionários do nada. Mas estou te dizendo com todas as letras, que você
precisará investir em marketing, vendas, aquisição de clientes, posicionamento de marca, estratégias de gestão e tudo mais.
Por mais que seu atelier se restrinja a atender apenas o seu bairro, por mais que seja uma marca que só venda no Instagram,
é preciso cuidar de diversas competências que vão além de colocar uma placa na porta, sentar na máquina e esperar os
clientes chegarem. Pois os clientes que chegarão, virão deste mercado todo cheio de problemas conforme eu já expliquei. E a
chance de você ser explorada é grande. Mas se você encarar a costura como um negócio, um negócio sério por menor que ele
seja, aí você terá chances de vencer, de conhecer a realização que é trabalhar com moda. É tudo ou nada.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 32


48 JÁ SONHOU E PLANEJOU?
AGORA DESENVOLVA O OFÍCIO.
Que moda é um negócio encantador, ninguém pode negar. O glamour das criações
no atelier, a moulage, a alta-costura, as rendas, brilhos e volumes. O vestir, a
autoconfiança da mulher, a passarela, o reconhecimento. É com tudo isso que
sonhamos, muitas vezes desde meninas. Ao folearmos uma revista de moda, ao
fazermos roupinhas de boneca, ao desenharmos um look no croqui. Algumas de
nós até fazem faculdade de design de moda. E o diploma na parede parece até
confirmar tudo: 'É real, você faz moda!'. Até que de repente... 'Quem foi que disse?' Fazer moda realmente inclui toda esta
parte de sonhar. Eu diria até que ajuda a compor a mística do criador. E que é absolutamente desejável sonhar. Mas minha
querida Costureira Moderna, não se engane! Você não irá construir absolutamente nada se não se dedicar a desenvolver o
ofício de fazer moda. O que cá entre nós, exige muito investimento de tempo, esforço e realidade. Realidade!! Por tanto
sonhe, planeje... Viaje na maionese. Mas em seguida volte-se para a realidade, coloque os pés no chão e comece a FAZER
moda, de fato. Com o que estiver ao seu alcance hoje. Estude corte e costura, modelagem, estude design e criação, crie
peças, crie contexto, crie seu estilo. A estrada da construção disso tudo costuma levar décadas. E você fica aí só planejando?
A faculdade de moda não será suficiente, o diploma te dará uma validação meramente abstrata, saber fazer moda não é
entregar um TCC fabuloso. E não importa se o mundo inteiro te diz: 'Puxa! Você tem muito potencial!'. Se você não sabe
resolver um problema, entregar um valor, nem que seja fazendo uma casa de botão, você não tem nada. Eu não sei se você
acreditou nesse devaneio de que fazer moda é desenhar croquis o dia inteiro, mas não é isso, não. E também não é gostar de
consumir, gostar de combinar looks ou comprar roupas no shopping. Ser consumidor de moda, sonhar com moda, gostar de
moda... É bem diferente de saber fazer moda. Colocar suas ideias no mundo significa dominar (ou pelo menos compreender
amplamente) todas as áreas deste ofício. Sonhar, planejar e só se auto satisfazer deste prazerzinho imaginativo, como quem
vive uma novela, ou filme de Hollywood é é coisa de criança. E uma faculdade, por mais cara que venha a custar a seus pais,
não será suficiente. E não importa se seus professores acadêmicos tentarem te fazer sentir como se fosse a própria Chanel
em Paris, como se o mercado fosse um lindo jardim de criações eletrizantes, isso é pura abstração. Caia na real e vá aprender
a trabalhar.

49 NÃO QUERO SABER SE O


PATO É MACHO, EU QUERO É O OVO!
O significado deste ditado é simples: foco na solução. E não existe nada mais
cansativo do que costureira cujo olhar, só vê desculpas. Minha filha, se vira!! Se
você está impedida de conseguir realizar algo hoje, por qualquer motivo, elimine
este motivo para conseguir realizar o que você precisa. Até já posso ouvir você
dizendo: 'Ah! Mas você não sabe o que eu passo', 'Pra você é fácil falar'. Querida
Costureira Moderna, serei solidária a você neste momento. Reconhecerei suas do-
res. Eu realmente admito que você tem razão em argumentar seus motivos. Sei inclusive que você está nesta situação
porque outra pessoa fez algo ruim a você. Você está certíssima e eu concordo plenamente com você. Pronto. Dito isso minha
amiga, seu problema foi resolvido? O ato de concordar com você, de lamber suas feridas e afagar suas dores mudou em
alguma coisa a sua real situação? Não, em nada. Então pare dedar desculpas e encontre a solução. Se vira. Eu não quero saber
se o pato é macho, eu quero é o ovo.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 33


50 VAMOS ESCLARECER ESTA
QUESTÃO DO MEDO DE UMA VEZ!
Eu fico é louca com esse tal 'medo de errar' que vocês tanto me dizem sentir.
Medo de errar a modelagem, medo de errar o corte do tecido, medo de errar na
roupa do cliente. Então abri uma caixinha nos Stories do Instagram e pedi que
vocês me escrevessem o que realmente sentiam em relação a isso. Lembrando
que medo, todo mundo sente. Eu também sinto. O problema é que muita gente
paralisa diante do medo. Aí não dá. Pois nas respostas de vocês, cinco motivos fo-
ram mais recorrentes. A saber: 1 - Insegurança pessoal (não acredita ser capaz de conseguir); / 2 - Falta de conhecimento
técnico (não estudou suficiente sobre a execução); / 3 - Pecados (tais como preguiça de fazer, soberba de falhar e ter o ego
ferido); / 4 - Realmente acreditar que não pode errar (como se fosse proibido, quando na verdade é inevitável); / 5 - Não ter
bola de cristal nem máquina do tempo (paralisar pois não tem garantias de que tudo vai dar certo no futuro e não terá como
voltar no tempo e refazer o passado); Se você, ao ler estes motivos se identificou com algum, saiba que é absolutamente
normal. Mesmo assim, não deixa de ser ESQUISITO DEMAIS! É incrível como nos agarramos ao medo como se ele fosse de
estimação. Sabemos que o medo é um mecanismo de proteção, mas não somos apenas bichos reagindo por extinto aos
perigos da natureza. Somos racionais e podemos, ao perceber o óbvio, escolher que iremos encarar o medo. Insegurança e
falta de conhecimento se resolvem estudando e praticando. Pronto. Pecados e acreditar que não se pode errar, é só caso de
mudar de mentalidade, decidir fazer. Pronto. E a questão da bola de cristal e da máquina do tempo chega a ser tão absurda,
tão deslocada da realidade, pessoal. Que basta colocar a viola no saco e admitir que não temos controle sobre todas as coisas.
Pronto. Assim, cada uma de nós consegue sair da jaula do medo, pois ela só está em nossa cabeça. Decida sair e pronto.

51 O CONCEITO DE
GUARDAR O CORAÇÃO.
Senti a necessidade de falar deste assunto aqui, pois percebo que pelo menos
metade das reclamações que recebo de seguidoras decepcionadas com pessoas,
parentes, amigos ou clientes que as magoaram, poderiam ter sido evitas se o
conceito de 'guardar o coração' fosse aplicado. Eu acredito que alguns de nossos
sentimentos, dons e sonhos devem ser guardados em nossa intimidade. E
somente revelados para as pessoas certas e no momento certo. Pois não é toda
pessoa que tem condições de nos ouvir com generosidade, atenção e cuidado. Percebo que as pessoas falam muito de si, o
tempo todo. Revelam seus sonhos, como se ficassem nus diante de qualquer um. Esta é a receita para estar vulnerável e ser
atravessada por influências externas que alteram nosso jeito de ser. Como se virássemos quebra-cabeças com as peças dos
outros. E você espera que ao revelar seus sonhos todas as pessoas sejam boas com você? Não acontece assim. As pessoas,
às vezes por serem egoístas, às vezes por serem distraídas, desprezam nossos sentimentos. Por isso devemos guardar o
coração como um jardim bem cuidado, que somente as pessoas preparadas podem adentrar. E você não precisa se tornar
aquela pessoa neurótica que acha que tudo e todos estão contra você. Menos, bebê (1). E também não precisa encarar seus
sonhos como algo místico, que se você contar para alguém, não vai acontecer. Menos, bebê (2). Mas tenha consciência de que
a maioria das patacoadas desestimulantes que você ouve dos outros, só acontece porque você está revelando sua
intimidade a qualquer um, muitas vezes esperando apoio como uma espécie de aprovação. Aí depois vem reclamar comigo.
Cale essa boca, mulher. Guarde seu coraçãozinho.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 34


52 NEM SEMPRE É LUXO,
MAS SEMPRE É HIGH TICKET.
Sempre falei para minhas seguidoras que o que nós criamos, seja em costura ou
bordados, é uma peça de luxo. De fato é. Pois é feito à mão, são peças únicas no
mundo, são feitas como nos ateliers franceses de alta-costura, por exemplo. Mas
existe uma grande diferença entre o luxo do mercado de luxo, aquele luxo absoluto
como os carros da Ferrari e tailleurs da Chanel, e as roupas de luxo que fazemos.
Não estou aqui desmerecendo nosso trabalho, mas existe sim, esta diferença!
Tanto é, que nossas roupas por mais bem feitas e luxuosas que sejam, não são disputadas à tapa por clientes internacionais
que desejam comprá-las por R$ 20.000,00. Nós estaríamos podres de ricas, se nossa costura fosse luxuosa assim, vocês não
acham? Portanto não podemos viver no mundo da lua. Existe o mercado de luxo absoluto e inacessível, porque esta é a
natureza deste tipo de luxo. E existe o mercado high ticket, que tem na verdade, a natureza de ser 'um luxo para a pessoa'.
Toda experiência que seja valiosa para um indivíduo, é um luxo high ticket. Ou seja, é possível vender um produto ou serviço
por um alto preço (high ticket), já que se trata de um luxo para o cliente, mas isso NÃO significa vender para o mercado de
luxo. Haja vista que nem eu nem você, somos donas da maison Chanel, não é verdade? Logo, o nosso mercado é o luxo do
cliente, o high ticket. Não é o mercado do luxo absoluto.

53 PASSO A PASSO É PARA


BURROS! APRENDA A PENSAR.
Deste problema que vos irei apresentar, admito que tenho minha parcela de culpa.
Desde quando comecei a criar conteúdos de costura para a internet, produzi
muitos vídeos de passo a passo. Os tais tutoriais. Na verdadeira intenção de ajudar
vocês, e claro, de ver meu trabalho crescer na internet. Nos tutoriais eu entregava
todo o passo a passo da costura já pensado, contava os pulos do gato, vídeos tão
completos que passavam de meia hora, tudo tão bem explicadinho que até costu-
reiras inexperientes conseguir fazer uma roupa igualzinha a minha. E... e só! Para começo de conversa, poucas eram as
pessoas que de fato costuravam a roupa mesmo. Afinal, o vídeo estava de graça no Youtube e elas supostamente poderiam
assistir depois. Outra coisa, a maioria só assistia ao vídeo pulando os minutos para passar mais rápido. Queriam apenas olhar
a roupa pronta. E logo em seguida, adivinha? Comentavam no vídeo perguntando como é que se fazia outro tal modelo. E
pediam para que eu fizesse outro vídeo. Outro vídeo INÚTIL? Por que eu faria outro passo a passo que não estimula a pessoa
a realizar? Por que eu faria outro passo a passo que não ajuda meu trabalho a crescer? Foi quando percebi, que não tinha um
jeito fácil. A pessoa teria que aprender a pensar. Existe uma grande diferença entre compartilhar os pulos do gato, os
segredinhos da costura, e literalmente mastigar toda a sequência de montagem da roupa para a pessoa. Sabe por quê?
Porque as criaturas até aprendiam a fazer um vestido comigo, mas se quisessem fazer uma calça não sabiam nem por onde
começar. Até aprendiam a fazer uma camisa super elaborada, mas se quisessem fazer uma saia básica não sabiam nem
como pensar. Perceba o quão péssima professora eu estava sendo, criando essa legião de zumbis dependentes. Então decidi
mudar meu jeito de ensinar na internet e melhorei a minha didática. Continuo entregando todos os pulos do gato, pois não
sou aquele tipo de pessoa que fica guardando o ouro, eu entrego tudo. Mas agora a prendi a entregar. Eu ensino a pessoa a
pensar. A pensar.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 35


54 ESTÁ TUDO NA SUA
HISTÓRIA, PRESTE ATENÇÃO NA VIDA.
'Como ter autoconfiança? Como falar com autoridade diante do cliente? Como me
posicionar?' Recebo várias perguntas assim, de minhas seguidoras. E apesar de
existirem técnicas e soluções específicas para cada uma destas coisas, gostaria de
convidar você a fazer um exercício digamos, mais generalista, junto comigo. A
coisa é simples: busque as respostas em sua história. Eu acredito mesmo, que se
você puxar da memória, conseguirá lembrar de algum momento de sua infância,
adolescência ou mais adulta. Em que você agiu com certa autoconfiança e soube se impor. Pois eu te convido a destrinchar
esta história para você mesma. Relembre como eram os sentimentos, que palavras usou, que postura empregou. Eu
costumo chamar isto de 'prestar atenção na vida'. Na sua vida, no caso. Pois a maioria das respostas costuma estar em algo
que já vivemos em alguma medida. Nós humanos temos emoções e reações muito mapeáveis. Então basta resgatar um
momento desses de força e amplificá-lo. Repita estes seus trejeitos mais e mais forte. Emule este tipo de situação mais
vezes e com mais intensidade. A não ser em caso de alguma patologia que precise ser profundamente tratada em um
psicólogo (se for este o caso, vai lá e trate), todos nós já tivemos algum momento de autoconfiança, isto já está na sua
história. E a solução também, basta prestar atenção na vida.

55 BASICAMENTE, É ASSIM
QUE SE PRECIFICA A SUA COSTURA.
Que o assunto precificação de produto rende horas e horas de explicação, a gente
sabe. Mas aqui irei te passar um jeito bem basicão de pensar essa conta. Existem 3
tópicos que você não pode ignorar: 1 - O custo direto de cada produto; / 2 - O custo
total do seu negócio; / 3 - O valor da sua marca; Perceba de antemão, que eu
chamei os dois primeiros tópicos de custo, e o terceiro chamei de valor. E
basicamente, isso já mostra que dos custos não se abre mão, e de que o valor a
gente faz crescer. Memorize esta informação. Agora irei explicar cada um destes três tópicos através de um exemplo.
Digamos que você deseje definir o valor de um vestido. Vamos calcular o que custou para produzir este um vestido (custo
direto). Geralmente matéria-prima (compra de tecidos, frete, aviamentos, etc) + mão de obra (o salário da modelista e da
costureira - e aqui neste caso cabe fazer uma outra conta para descobrir o valor da hora destas profissionais - que na maioria
das vezes é você, então calcule o seu salário operacional aqui) + gastos eventuais (por exemplo, a compra de uma ferramenta
específica para fazer este modelo). Exemplo de resultado: R$ 588,00 / Agora vamos calcular todo o custo de estrutura que
possibilitou a produção deste vestido (custo do negócio). Geralmente os custos fixos (aluguel, energia, água, internet, outro
funcionários como atendente ou vendedora - que na maioria das vezes também é você, então calcule o seu salário
operacional aqui) + custos variáveis (embalagens, combustível, manutenção de máquinas, etc) + gastos eventuais (algum
imprevisto custoso, uma reforma, etc). Exemplo de resultado mensal: R$ 5.000,00 / Agora vamos calcular o que é valor
(valor da sua marca). E este é um valor intangível, um valor de acordo com o que você acha que vale a sua criação. Tanto a
criação das roupas, quanto da experiência do cliente. Você pode somar aqui o valor que você desejar, consciente é claro, de
que o cliente também avaliará se está disposto a pagar por isso. E vou te dizer, tudo aqui neste ponto, depende de
marketing. Se você tiver um bom marketing, uma boa identidade de marca, poderá cobrar mais e o cliente pagará. Se não
tiver, o cliente simplesmente não irá pagar por isso. Exemplo de resultado por peça: R$ 2.000,00. Logo, matematicamente
falando, o preço do vestido deveria ser: R$ 588,00 + R$ 5.000,00 + R$ 2.000,00. Que daria: R$ 7.588,00. Sim, eu sei este valor
que para muitas costureiras é impraticável. Mas calma, ainda tem muita água para passar debaixo dessa ponte. O custo
direto de R$ 588,00 é intocável. Qualquer coisa que barateie esse custo significa trabalhar com tecidos de segunda categoria
ou costurar de graça, ser explorada.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 36


E se você está aí pensando: 'Ah! Mas o meu cliente não tem dinheiro para pagar nem apenas esse primeiro custo'. Pois então
te direi o problema agora mesmo: você está vendendo para o cliente errado, vendendo o luxo do sob medida para quem não
pode pagar. Se você não entender isso, não conseguiremos nem avançar, pois este preço ainda vai subir muito mais. Pois
bem, continuando, vamos ao custo do negócio de R$ 5.000,00, que também é intocável. Haja vista que você não poderá
trabalhar se atrasar o aluguel ou os salários dos funcionários, por exemplo. Porém, este custo é sempre distribuído na
quantidade de produtos que você vende. Se você vender só um vestido, então este único vestido terá que cobrir com o todo
custo de R$ 5.000,0. E a cliente se quiser, que pague. Mas se você conseguir fazer dez vestidos por exemplo
(matematicamente, quanto mais melhor), dá para dividir o valor e cada cliente arcaria com R$ 500,00 deste custo, entendeu?
Lembrando que isso só funcionaria se você conseguisse fazer mais vestidos, mantendo o mesmo custo. Caso o custo do
negócio cresça junto (majoritariamente, quanto menos melhor), você deve refazer a conta e redistribuir os custos para que
cada cliente pague. Mas tem um detalhe, se você começar a produzir peças demais, seu negócio poderia perder a
exclusividade do luxo, então seria um tiro no pé. É preciso considerar todas essas coisas, Costureira Moderna. Agora falta
explicar um pouco mais sobre o valor da sua marca. Mas lembra que eu disse lá no começo do texto, que existe uma diferença
entre custo e valor? Pois bem, os custos sempre devem ser cobertos pelo preço. Não se pode cobrar menos que os custos
totais em nenhuma hipótese, pois você ficaria no prejuízo com toda certeza. Já sobre o valor da sua marca, ele pode ser
alterado de acordo com a estratégia. E nessa hora, muita costureira pensa: 'Já sei! Vou cobrar menos no início só para fazer
meu nome e conseguir os primeiros clientes, depois aumento o preço'. E quem foi que disse que esta é a melhor estratégia?
Se você já entrar no mercado mostrando que faz mais barato, vai atrair o cliente errado, aquele que busca se aproveitar e
encher o saco. E vai justamente afastar o cliente certo, aquele que quer pagar caro pela exclusividade e descrição, pois esse
cliente vai achar que você não é competente o suficiente para atendê-lo. Entenda uma coisa costureira: cobrar alto não é só a
melhor estratégia para o seu negócio, como é a única que funciona. Já comece certo! E se você me disser: 'Mas Fer, para
começar cobrando alto assim, eu terei que ter um atelier mais chique e não tenho condições para isso agora'. Pois então
recomendo que você consiga isso primeiro! É melhor do que trabalhar de graça para o cliente errado e já marcar seu nome no
mercado fazendo tudo ao contrário. Se for o caso, arrume emprego em outra coisa e com o salário, invista em ter um atelier
arrumado apesar de simples. Se for o caso, separe o melhor cômodo da sua casa, reforme e transforme em atelier. Se for o
caso, venda alguma coisa que não esteja usando e invista no atelier. E principalmente, seja criativa para fazer esses
investimentos gastando pouco. Tudo simples, mas limpinho e arrumado. Tudo branco e preto, por exemplo. Cores sólidas,
pouca ou nenhuma estampa na decoração. Caixas organizadoras com aparência clean. Nem que seu local de atendimento
seja do tamanho de um banheiro e o resto seja uma zona! E você, esteja arrumada, se vista toda de preto pois é chique e fácil,
maquiagem e unhas feitas. Olha quanta coisa você pode planejar e realizar antes mesmo de abrir o atelier. A maioria das
costureiras abre o atelier no desespero, pois está precisando de dinheiro naquela semana, às vezes naquele dia. Já recebe
qualquer pagamento e corre pro mercado para comprar o almoço das crianças. Eu sei que é assim, essa luta. E não ter com
quem deixar as crianças para trabalhar fora. Mas eu insisto que com planejamento se vai mais longe. Veja se consegue ajuda
do marido, de algum parente, algo assim. Porque se seu atelier demonstrar ter mais valor, você vai conseguir incluir isso no
preço. E é no valor de marca que a margem de lucro está. É onde o crescimento do negócio está. Se você determinar o preço
das suas peças apenas para cobrir os custos (custo direto e custo do negócio), você fica muito perto do zero a zero. Isso não
é ter uma empresa, seria no máximo um 'autoemprego'. Comecei este texto falando de precificação, dei o exemplo
matemático e finalizei falando de custos e valor. Espero ter ajudo um pouco, pois este á um assunto muito amplo e
dependendo de cada caso, tudo isso que citei vai ganhando exceções. Mas o espírito é sempre este: custos e valor.

VEM DAR SUA OPINIÃO!


Ao ler o Manual da Costureira Moderna, ficou vontade de comentar? Dar sua opinião ou
acrescentar um ponto de vista? Vá até o meu perfil @fernandaherthel no Instagram ou Tiktok e
interaja nas caixinhas dos stories, no direct ou comentários. Estarei lá pra trocarmos uma ideia.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 37


A TRILHA
Uma das coisas que mais nos auxiliam a avançar, é ter clareza. Conseguir vislumbrar o
terreno em que estamos pisando ou pisaremos. Então aqui, ao finalizar este Manual
da Costureira Moderna, não sei se até mesmo sendo muito pretensiosa, desejo vos
apontar um caminho de estudos a seguir. A formação na área de moda ou costura é
muito extensa, complexa e cheia de particularidades que se alteram dependendo de
cada indivíduo e sua história pessoal. Mas acredito que algum pontos são
importantes e comuns a todas. Os escreverei aqui nesta página e espero de todo o
coração, que a quem possa interessar, seja de grande ajuda. Eis a trilha:

Dedique-se a Área Técnica sabendo que ela é infinita. Justamente por isso,
1 todo tipo de estudo é válido. Conteúdo em livros, em vídeos, conteúdo
gratuito, conteúdo pago, online ou presencial. Aprendizado teórico, na
prática ou por observação. Anote tudo, catalogue tudo, estude tudo. Mas
tenha olhar crítico e selecione com quem irá aprender. Já que se trata de
uma área tão vasta, aprender errado ou com maus professores, nos atrasa;

Dedique-se a Área da Personalidade, busque se conhecer e se desenvolver.


2 Mas não faça isso como um egoísta viciado em lapidar a si mesmo e que fica
tão enfeitiçado, que esquece de se gastar. De que adianta se conhecer tão
bem, se desenvolver e não ser útil a ninguém? Descubra como servir e se
olhe, no espelho de vez em quando;

Se for empreender como fundador de uma empresa, faça isso direito. Se for
3 empreender como funcionário de uma empresa, faça isso direito também.
Dê o seu melhor em um ambiente que seja o melhor. Busque este ambiente
seja em sua própria empresa ou na empresa de outra pessoa. Contribua para
que o ambiente seja cada vez melhor. Sobre trabalho, isto é o melhor que
tenho a dizer;

Faça roupas lindas. Pelo mais puro prazer de fazê-las. Existe uma certa
4 magia na costura, quase como um feitiço. Criar uma roupa linda e bem-feita
nos transporta para um certo paraíso que não sei bem explicar, mas existe.
Um certo estado de graça, eu diria. Nunca deixe essa paixão morrer. Após
fazer a roupa, vista. Alegre-se! Leve a roupa para passear na vida junto com
você. Não existe coisa mais fúnebre do que uma costureira que não se sente
digna o suficiente para vestir as próprias criações. Estenda a mesma alegria
a outras pessoas, costure para quem ama ou para clientes que precisam de
você;

Retorne aos passos anteriores e repita-os a vida inteira. Esta é basicamente


5 a trilha. Simples e cheia de vida. Repleta de inimagináveis possibilidades.
Basta querer viver;

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 38


O QUE ACHOU
DO MANUAL?
DÊ SUA OPINIÃO EM MINHAS REDES SOCIAIS!
Meu objetivo com o Manual da Costureira Moderna é receber cada nova pessoa que se aproxima de minhas redes sociais e
expor, logo de cara, meus valores e forma de pensar. Sabemos que não existe a menor chance de concordarmos com 100%
de tudo que escrevi aqui neste material e, a proposta definitivamente não é essa. Minha intenção é me apresentar a você,
de maneira que você decida prontamente se deseja ficar e trocar figurinhas comigo ou se deseja ir embora. Se você não se
identificou com a maioria do que foi dito aqui, não vale a pena me seguir nas redes sociais e perder seu tempo com o meu
conteúdo. É sério, não tem necessidade. Mas se apesar de ter discordado de um ponto ou outro, em maioria você tiver se
identificado com o que eu te apresentei, fique. Acredito que poderemos crescer juntas desde já.

Repetirei abaixo o meu perfil no Instagram e Tiktok, duas redes bem interativas onde você consegue conversar comigo
diretamente. Seja através das caixinhas dos stories, direct ou comentários. Seja muito bem-vinda e bora papear!

Perfil no Instagram: @fernandaherthel


Link: https://www.instagram.com/fernandaherthel/

Perfil no Instagram: @fernandaherthel


Link: https://www.tiktok.com/@fernandaherthel

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 39


A AUTORA

Comprometida com o capricho, custe o que custar. Geralmente só custa a minha


perseverança mesmo, e isso eu tiro de letra. Se eu não dou refresco nem para mim,
o que te faz pensar que darei refresco pra você? Bora trabalhar, pois eu quero é
resultado. Eu gosto muito de gente, gente boa principalmente. Tenho um espírito
MacGyver. Engenhosa e criativa, conserto batedeira com peça de bicicleta, faço
isso na moda constantemente. Sempre quis ser rica, é uma mania doida que tenho.
Creio em Deus. E eis minha maior habilidade: eu vivo minha própria vida.

Fora isso, trabalho como costureira, bordadeira, modelista, estilista, desenhista,


vendedora, empreendedora... e sou professora de muitas dessas coisas. Tenho
milhares de alunas justamente por conta de ter muito com o que contribuir e por
ter escolhido fazer disso, meu modo de vida. Além claro, dos lindos trabalhos de
moda que faço por aí.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA - Pag. 40


Agradeço primeiramente a minha equipe, Bruna e Meire.
Ambas contribuíram para a idealização deste material com
muito suor e estudo sobre estratégias de marketing e
definição de público-alvo.

Agradeço agora a você, que fez o download deste material.


Obrigada por ter me confiado sua atenção e lido esses textos,
que eu pessoalmente escrevi. Espero ter falado ao seu coração
e mente. Espero ter contribuído positivamente em sua jornada.

O MANUAL DA COSTUREIRA MODERNA


O MANUAL DA

UM GUIA DA SOBREVIVÊNCIA AO SUCESSO


por

Você tem a licença para uso pessoal deste material. Fora isso, nenhuma parte deste
material pode ser traduzida, reproduzida, armazenada ou transmitida de nenhuma
forma ou em qualquer formato, seja ele eletrônico, mecânico, cópia, fotografia, gravação
ou semelhantes. Este material é propriedade intelectual de Fernanda Herthel.

É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto
às características gráficas e/ou editoriais. Você não pode usar este material, em parte
ou sua totalidade, para sua inspiração/criação de curso ou material similar, pago ou
gratuito.

A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei
n° 6.895, de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas
(Lei n° 9.610/98).

Todos os direitos reservados à Fernanda Herthel.

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