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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – CAMPUS CANOINHAS

PRODUÇÃO DE CARTA - DIREITOS HUMANOS, SUJEITOS DA EPT E


NÃO-VIOLÊNCIA
Marcelo D'Aquino Rosa (Professor)

Cassiane Barbosa de Lima


Cristiane Vieira dos Santos Fürst
Cristina Fuck Vachtel
Liliane Peixoto Berbert Lima
Rafael Graciliano de Araujo Karvat

CARTA FUTURA – A TODOS OS JOVENS

Caro amigo,

Sua ansiedade, natural em todo jovem, não o deixa perceber a luta das
gerações mais velhas para que fosse reconhecido que todos os seres humanos
nasceram livres e iguais em dignidade e direitos e são dotados de razão e
consciência para agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Agora, venho através desta carta, lhe contar sobre um tempo não muito
distante, em que os Direitos Humanos não existiam e o futuro de muitos estava
nas mãos de poucos.
Naquela época havia distinção de inúmeras formas: de raça, cor, sexo,
idioma, religião, opinião política, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, e isso acarretava em uma desigualdade sem precedentes. O
preconceito era tão grande que se você tivesse nascido negro, sequer saberia
o que eram direitos e teria sua vida controlada, vendida ou mensurada pelo
poder do dinheiro. Se fosse uma mulher, estaria fadada a ser submissa ao seu
marido, sem direito de escolha ou voto. Já imaginou a geração atual de
mulheres independentes e donas de seu direito vivendo em uma época
dessas? É algo impensável, não é mesmo? Mas não se engane. A luta pelos
direitos das mulheres não foi fácil, é uma batalha que perdura até os tempos de
hoje. Muita coisa já foi conquistada, mas ainda estamos longe da real
igualdade.
Talvez, naquele momento, porque fosse comum a discriminação
fundada na condição política, jurídica ou internacional do território, e o direito à
liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado
estivesse ameaçado, e o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a
este regressar, tornasse a pessoa vítima de perseguição, e a fizesse procurar
asilo em outros países.
Ainda pior, naqueles tempos difíceis, a tortura, o tratamento e o castigo
cruel, desumano e degradante eram comuns e muitos mantinham em
escravidão ou servidãoo acusado de um ato delituoso, impondo como remédio
efetivo uma pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era
aplicável ao ato delituoso.
Foi depois de ficarmos obrigados a permanecer mais tempo em casa
que naquela época começaram a enxergar afamília como o núcleo natural e
fundamental da sociedade e por isto mereceria à proteção da sociedade e do
Estado, afinal, aquela interferência na vida privada, em sua família, em seu lar
ou em sua correspondência, era um a ataque à sua honra e reputação.
Acredita, amigo, que faziam distinção entre os homens e mulheres? Pior,
os nubentes dependiam daidade, da raça, da nacionalidade ou da religião, para
contrair matrimônio e fundar uma família. Os direitos em relação ao casamento,
sua duração e sua dissolução e outros meios de proteção social não eram de
responsabilidade dos nubentes, mas sim de suas famílias. Que podiam
inclusive, arranjar casamentos, prometendo seus filhos à outra família com
estes ainda crianças. E o mais espantoso, não era por amor ou amizade, mas
sim por motivação política ou financeira.
Imagine você a liberdade de pensamento, consciência e religião, e a
liberdade de mudar de religião ou crença, assim como a liberdade de
manifestar, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público
ou em particular ou por quaisquer meios e independentemente de fronteiras,
sofrendo interferênciaa todo o momento. Isso não deveria ser chamado de
liberdade, não concorda? Como devia ser difícil procurar, receber e transmitir
informações e ideias!
Não havia segurança social, pois não existia o direito ao trabalho, à livre
escolha de emprego, em condições justas e favoráveis que remunerasse de
forma justa e satisfatória, assegurando, assim como à família, uma existência
compatível com a dignidade humanae que permitisseo livre desenvolvimento
da personalidade.Repouso e lazer? Limitação de horas de trabalho? Férias,
ainda mais remuneradas? Muitos não eram capazes sequer de sonhar com
essas palavras. Com o pouco que recebiam, faltava para o básico, como saúde
e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e
os serviços sociais indispensáveis, além de não lhe serem assegurados
quaisquer direitos casos ficassem incapacitados de trabalhar.
Educação básica gratuita também foi uma conquista. Já imaginou um
tempo em que somente um pequeno grupo de privilegiados teria direito a
instrução? Como mudar uma cultura sem o conhecimento? Como transformar
uma geração sem o aprendizado? Pode parecer pouco, mas a instrução
mesmo em graus elementares e fundamentais tem o poder de transformação
necessário ao ser humano.
Portanto amigo, espero que você tenha entendido o quão importante foi
a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a grandiosidade
que o cumprimento de suas normas trouxe as pessoas antes desamparadas e
oprimidas. Sabemos que ainda existem muitos seres humanos que não
conseguiram ter seus direitos assegurados e exercidos, mas o primeiro passo
já foi dado lá atrás, agora só nos resta continuar esta jornada e lutar não só por
nós mesmos, mas pelo próximo, para que assim consigamos alcançar a tal
sonhada igualdade.

Um abraço saudoso do seu amigo Velho.

Brasil, junho de 2050.

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