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Em entrevista exclusiva ao 

E-Investidor, Vays fala sobre as perspectivas de curto e longo


prazo do bitcoin, as outras criptomoedas do mercado e as discussões de regulamentação.
Confira:
E-Investidor – O bitcoin tem lutado para se manter na casa dos US$ 30 mil. O que o investidor
cripto deve ter no radar neste momento?
Tone Vays – O principal fator pressionando o bitcoin é a correlação com o mercado de ações
tradicional como S&P 500 e Nasdaq, onde não temos muitas notícias positivas acontecendo. O
fato é que o bitcoin não vai permanecer com esses preços baixos por muito tempo. Isso vai
mudar significativamente em algum momento deste ano, mas, antes que isso aconteça, é
muito provável que tenha um pouco mais de quedas. Uma vez que o BTC começar a subir, vai
subir bastante, porque não vai ter muito ativo disponível no mercado para vender.
Vimos isso em outubro do ano passado, quando, depois de ir de US$ 65 mil em abril para US$
30 mil em setembro, a cotação saltou para US$ 68 mil em apenas um mês. O ativo não
precisa de muito tempo para se valorizar. Eu espero que em algum momento no final deste
ano o preço fique acima dos US$ 100 mil.

Leia também:O que esperar do Bitcoin após a cripto atingir mínima no ano
Isso significa que é hora de ir às compras?  
Vays – É uma ótima oportunidade para investir. Acredito que este vai ser o último ano em que
as pessoas vão poder comprar bitcoin nesse patamar de preço. Não acho que o bitcoin ficará
abaixo desse valor nunca mais.
Se você é um investidor de longo prazo, essa é uma oportunidade incrível. Quem olha para o
curtíssimo prazo ainda pode esperar um pouco.

Havia uma expectativa no mercado de que o conflito entre Ucrânia e Rússia fortaleceria o bitcoin
como uma reserva de valor, assim como ouro ou dólar. A criptomoeda já cumpre esse papel?
Vays – O bitcoin já cumpre esse papel há cerca de dez anos. Eu fiquei realmente surpreso que
as sanções contra a Rússia adotadas pelos governos dos Estados Unidos e Europa não fizeram
o preço disparar. Essa é a propriedade mais importante do BTC: o fato dele ser o único ativo
do mundo que não pode ser confiscado por nenhuma razão, inclusive política. À medida que o
mundo reconhecer isso, a moeda vai chegar a patamares de preços incríveis.
O Sr. já disse algumas vezes que não faz sentido investir em DeFi. Qual é o problema da tese de
descentralização financeira?
Vays – Não existe uma definição real para isso. Em teoria, DeFi são finanças descentralizadas,
mas o único ativo realmente descentralizado que existe é o bitcoin. Todo o resto é ou será
centralizado.
Mas o que a maioria das pessoas fala sobre DeFi é o yield farming [conhecido também como
mineração de liquidez, uma forma de utilizar os criptoativos para ganhar mais criptoativos], e
o problema com esses projetos é que eles são livres para criar. E quando você tem uma
maneira livre de criar valor, o valor cai e estamos testemunhando isso com a moeda dos
Estados Unidos. O governo estava apenas imprimindo o quanto queria de dinheiro e agora
temos essa inflação. O bitcoin é  especial porque custa eletricidade para criá-lo. Por isso, tente
ficar longe desses projetos DeFi.
Analistas de mercado têm apontado o Ethereum como o ativo mais promissor para o futuro. O Sr.
acredita que o ETH pode assumir a liderança do mercado nos próximos anos?
Vays – Não. O ethereum tem muitos problemas. Sempre acreditei que o ETH era um ativo
com risco de regulamentação do governo, com um grande problema tecnológico e de escala.
Uma das razões pelas quais o ativo sobreviveu a esses problemas é porque outras
plataformas, como a solana, estão assumindo a tecnologia. Caso contrário, o ethereum seria
inutilizável hoje, porque as transações são incrivelmente caras.
O outro problema é a dinâmica econômica. Os fundadores da cripto ainda acreditam nessa
ideia de que a mineração é ruim para o meio ambiente, o que é incorreto. Essa tentativa de
passar o ethereum do proof-of-work para proof-of-stake vai gerar problemas significativos,
tanto é que eles continuam adiando a mudança.
Daqui a dez anos, acredito que tudo isso acabará se movendo para o bitcoin porque é o único
ativo que pode fornecer o melhor em termos de descentralização e tecnologia, aprovando
muitas regulamentações que estão acontecendo hoje.

O Senado Federal aprovou om projeto de lei que regulamenta o mercado de criptomoedas no


Brasil. De que forma a regulamentação pode movimentar as criptos?
Vays – A regulamentação pode ajudar o preço do bitcoin a subir muito. É ótimo para quem já
tem a criptomoeda e para os investidores que ainda têm medo de adquirir o seu primeiro ativo
porque não existe regulamentação. Muitos investidores institucionais e grandes companhias
não querem assumir esse risco, mas isso vai deixá-los mais confortáveis.
A minha preocupação é que as pessoas saibam como segurar o bitcoin para garantir que ele
siga como um ativo não confiscado. Embora a regulamentação seja boa, a melhor seria aquela
que aceitasse o BTC, mas não propusesse nenhuma interferência. Isso poderia levar a riscos
no futuro caso algum governo decida confiscar ou manter os ativos em nome das pessoas,
como aconteceu nos EUA na década de 1930, quando o governo confiscou o ouro da
população.

O meu maior medo com a regulamentação é que daqui 20 ou 30 anos a maior parte do
bitcoin seja mantida pelos bancos e não pelas pessoas.

Quer deixar alguma mensagem para os investidores brasileiros?


Vays – Acredito que o bitcoin é um ativo único, tão diferente das moedas fiduciárias
tradicionais quanto de todas as outras criptomoedas. O meu maior conselho é entender
porque o BTC não é nada parecido com o ethereum e porque é um ativo muito mais seguro
para investir.
Sendo mais específico, avalie se você pretende fazer um trade ou se está assumindo um
investimento. Um investimento é algo que você entende completamente e que vai manter por
um longo tempo, mesmo nos altos e baixos do ativo. Eu acredito que as pessoas deveriam
investir em bitcoin, mas não sinto o mesmo de nenhuma outra criptomoeda. Elas não são uma
oportunidade de investimento, são apenas uma opção para trade no curto prazo.

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