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SEMINÁ RIO MAIOR DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃ O DO PORTO

Dimensã o comunitá ria


da Catequese
Pastoral catequética
João Paulo Machado de Freitas
01/01/2015
Neste trabalho, apresentarei as ideias que, a meu ver, são importantes a
reter do texto de Emílio Alberich intitulado Dimensão catequética da catequese.
Aproveitando, para apresentar algumas ideias que podem ser úteis para uma pastoral
catequética.
Ideias do Autor Sugestões Pastorais
«A experiencia catequética moderna ˗ A catequese não pode ser encarada
confirma, mais uma vez, que em primeiro como “mais um grupo”, “nem como um
lugar vêm os catequistas e depois os grupo que pertence ao catequista”
catecismos; ou melhor, as comunidades ˗ A comunidade deve participar,
eclesiais vêm ainda antes.» colaborar na catequese, através da sua
presença, participação;
«A exigência é amplamente partilhada. ˗ A comunidade não pode ser vista como
Pode dizer-se que "a comunidade cristã é um conjunto de pessoas que se juntam
em si mesma catequese viva" (DGC n. para as celebrações litúrgicas. A
140), e que esta corre o risco de se tornar comunidade deve ajudar para que todos se
estéril se não se apoiar no acolhimento e sintam acolhidos e, pelo seu testemunho
no testemunho da comunidade (CT n. cristão, ajudem a perceber que acreditar
24).» em Jesus é algo fascinante. Daí a
importância que haja familiaridade na
comunidade.
«A exigência comunitária obriga, assim, a ˗ Incentivar para que haja mais
repensar e verificar os ambientes da comunhão entre os membros da
catequese, quer os tradicionais comunidade
(paróquia, escola, associações etc.), quer ˗ Que os grupos, movimentos se tornam
os novos (grupos, comunidades, mais visíveis na vida da comunidade, para
movimentos etc…). Critério decisivo é a que a catequese possa ver o testemunho
qualidade comunitária ou a possibilidade de vida dos cristãos;
de referência comunitária nos diversos ˗ Participação da comunidade nas
ambientes de catequese.» actividades da catequese e vice-versa;
fazendo com que cada grupo ou a
catequese não seja apenas mais uma área
no ambiente comunitário.
«toda a comunidade eclesial deve ˗ No início do ano pastoral, que haja uma
considerar-se agente solidariamente bênção dos catequistas, ressaltando assim
responsável pela obra catequética. O que são chamados, a partir da
verdadeiro sujeito da catequese é a comunidade, a um ministério concreto na
comunidade, ainda que concretamente vida da comunidade;
se utilize de pessoas ou de estruturas ˗ Que as actividades da catequese
particulares» (catequese inter-geracional, encontros de
formação, etc.) sejam partilhadas na vida
da comunidade (jornal/boletim paroquial,
facebook…)
«Em um contexto comunitário não ˗ Que se criem oportunidades na
existem propriamente destinatários, mas comunidade (por exemplo, nos tempos
participantes da catequese, todos fortes do ano litúrgico) para que se

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sujeitos de palavra e de experiencia, preparam para as celebrações; não
ainda que com papéis diferenciados» havendo assim diferença entre aquilo que
se faz numa missa com crianças e na
“missa da comunidade”
«A catequese não se destina ˗ Que a catequese participe activamente
exclusivamente a indivíduos, mas tem na vida da comunidade (leituras, acólitos,
ante si a comunidade e o seu visita aos doentes, encontros e festas
crescimento na fé como verdadeiro paroquias…), que toda a vida comunitária
destinatário da sua ação» tenha influência na vida da catequese para
que percebam que eles têm um lugar
única, insubstituível na vida da
comunidade
«A catequese apresenta-se assim como o ˗ Que a caminhada dos agentes da
processo de crescimento de uma catequese sejam uma forma de fazer
comunidade eclesial que acolhe a palavra memória da sua adesão a Cristo, por
de Deus e a aprofunda, caminhando exemplo, aproveitando as festas da
rumo à maturidade da fé.» catequese (profissão de Fé, por exemplo),
os sacramentos (Eucaristia, Reconciliação,
Baptismo, Confirmação…) para recordarem
e aprofundarem a sua resposta a Cristo; ao
mesmo tempo, a comunidade pode
testemunhar, por exemplo, na participação
dos sacramentos, que a caminhada de fé
nunca termina mas que se anda à procura
de Cristo ao longo da sua vida.
«Sem negar a conveniência de algumas ˗ Que nas catequeses haja espaço para
separações parciais e temporárias, para testemunho de vida dos membros da
responder melhor às exigências dos comunidade;
participantes, são preferíveis formas ˗ Que haja “pequenas tertúlias” onde os
globais de catequese na comunidade jovens possam questionar os mais velhos e
cristã, que se enriquece com as trocas vice-versa;
entre participantes de condições e
sensibilidade diversas (cf. CT n. 45)».
«A comunidade é, sim, um pressuposto ˗ Que a catequese não esteja separada da
importante para o sucesso da obra vida da comunidade e que a comunidade
catequética, mas é verdade também que acolha com alegria, entusiasmo as
a própria catequese constrói comunidade propostas de reflexão dos mais novos;
(cf. Puebla n. 992, 995) e acompanha seu ˗ Que a tradição (“sempre se fez assim”)
crescimento,8 fazendo com que, na não seja um bloqueio para descobrir
catequese, "a Igreja edifique a Igreja" Cristo, a sua Palavra… mas que em
(Puebla n. 993).» conjunto e comunhão descubram a riqueza
de Cristo que é sempre o mesmo ontem,
hoje e sempre.
«Esses aspectos da opção comunitária ˗ Que a cada tenha um lugar na vida da
convidam a uma revisão em comunidade e que não apenas um sector,
profundidade da identidade da mas para isso é necessário que haja uma
catequese e de sua posição na acção revisão da comunidade para que não que

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pastoral da Igreja. Mais uma vez se não se exclua mas que inclua, acolha
impõe a necessidade de harmonizar e todos.
coordenar os diversos ambientes e ˗ Que não se tenha medo de propor
modalidades da ação catequética no gestos concretos na vida da comunidade
interior da comunidade, sem (que os catequizandos animem as
isolacionismos ou parcialidade. Por outro eucaristias juntamente com o coro da
lado, a atividade catequética está sempre paróquia)
estreitamente ligada a outras funções
pastorais da Igreja (liturgia, comunhão,
compromisso etc.), sem solução de
continuidade.
«No interior do grupo desenvolve-se uma ˗ Que os catequizandos possam
dinâmica que predispõe à aprendizagem. aprofundar a sua fé nos diversos
Com efeito, o grupo é muito mais que a grupos/movimentos da comunidade
soma dos indivíduos, porque cada ˗ Participação nas actividades diocesanas,
membro pode-se tornar uma referência nacionais onde sintam que não os únicos a
importante para os outros. […]É no acreditarem em Deus
próprio grupo e graças a ele que se ˗ Que haja nas vigarias encontros que
estimula a integração dos conhecimentos ajudem os catequizandos a partilharem a
e das aprendizagens.» sua fé, as suas inquietudes e certezas.
«São notórias as virtudes do grupo, do ˗ Os grupos são uma bela oportunidade
ponto de vista pedagógico. No grupo são de se identificarem na fé, fazendo com que
gerados processos de identificação e de eles descubram valores e convicções fortes
conformidade que levam à aceitação de que marcam as suas vidas. Que não é algo
normas de comportamento e de que lhes é imposto mas que se baseiam na
convicções comuns.» procura de Alguém que dê sentido às suas
vidas.
«adquire grande importância o ˗ Para além do crescimento e do
funcionamento correto das relações amadurecimento da fé, existe uma
interpessoais no grupo ou na crescimento enquanto pessoas,
comunidade, e que o equilíbrio e recordando as palavras do Papa Paulo VI
autenticidade do grupo se tornam «homens sede homens».
questões de fundamental importância. ˗ Que em cada grupo exista meios
Daí também a utilidade das diversas concretos de autoconhecimento
ciências e técnicas para a condução dos
grupos: dinâmica de grupo, técnicas de
animação, psicologia social, teoria e
prática da comunicação etc. »
«A comunidade torna-se assim instância ˗ Que na comunidade se acolha novas
hermenêutica, e nesse sentido confronta- propostas sugeridas pelos mais novos onde
se com uma mensagem que não é seja fruto das suas reflexões;
simplesmente assimilada, mas também ˗ Que não se sinta que os mais novos têm
reinterpretada, recriada. » de aprender com os mais velhos (como se
já fossem doutorados na fé) mas que seja
um espaço onde se partilhe as suas buscas

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(músicas, estilos de oração (taizé), pondo
assim em prática «Recebeste de graça, dai
de graça».
«também na apresentação dos ˗ Que o pároco, como Pastor que conduz
conteúdos que se orientam no sentido de o povo de Deus a Cristo, se sinta
introduzir na vida motivações evangélicas responsável de acompanhar as actividades
para um crescimento em Cristo (Puebla dos diversos grupos da comunidade, não
n. 100; cf. DCG n. 76). » para controlar nem para ser polícia que
bloqueia as actividades, mas que apoie e
lhes ajude a descobrir uma mensagem
evangélica nas actividades.
«É um caminho de participação e de ˗ Que todos se sintam que são discípulos-
responsabilização. Em comunidade os missionários. Criar desafios que faz com
indivíduos não devem sentir-se simples que não tenham vergonha de anunciar,
destinatários do anúncio da fé, mas propondo actividades que façam com que
sujeitos ativos, responsáveis.» todos saem para dar testemunho das suas
fés (procissões, visita aos doentes… etc)
«a comunidade não faz apenas
catequese, mas vive também as diversas
dimensões da experiência eclesial:
compromisso, partilha, celebração,
missão»
«Em lugar das personalidades fortes e ˗ Para a catequese necessita-se de
arrebatadoras, cheias de concepções pessoas que querem aprofundar a sua fé e
geniais, grande força de vontade e que, acima de tudo, que sejam um dêm um
fascínio carismático, sente-se a bom testemunho, não pelas suas teorias e
necessidade de um novo tipo de saberes, mas pela sua vida;
personalidade acolhedora e aberta, ˗ Que sejam pessoas que sabem, através
capaz de relações profundas, disposta a da sua experiência de fé, responder às
ser influenciada pela comunidade, mas inquietudes dos outros
também capaz de guiá-la, valorizá-la,
estimular ao máximo a contribuição de
todos.»

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