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O cão (nome científico: Canis lupus familiaris),[1] no Brasil também chamado de cachorro, é um

mamífero carnívoro da família dos canídeos, subespécie do lobo, e talvez o mais antigo animal
domesticado pelo ser humano. Teorias postulam que surgiu do lobo cinzento no continente asiático há
mais de 100 000 anos. Ao longo dos séculos, através da domesticação, o ser humano realizou uma
seleção artificial dos cães por suas aptidões, características físicas ou tipos de comportamento. O
resultado foi uma grande diversidade de raças caninas, as quais variam em pelagem e tamanho dentro
de suas próprias raças, atualmente classificadas em diferentes grupos ou categorias. As designações vira-
lata (no Brasil) ou rafeiro (em Portugal) são dadas aos cães sem raça definida ou mestiços descendentes.

Com expectativa de vida que varia entre dez e vinte anos, o cão é um animal social que, na maioria das
vezes, aceita o seu dono como o "chefe da matilha" e possui várias características que o tornam de
grande utilidade para o homem. Possui excelente olfato e audição, é bom caçador e corredor vigoroso,
relativamente dócil e leal, inteligente e com boa capacidade de aprendizagem. Deste modo, o cão pode
ser adestrado para executar um grande número de tarefas úteis, como um cão de caça, de guarda ou
pastor de rebanhos, por exemplo. Assim como o ser humano, também é vítima de doenças como o
resfriado, a depressão e o mal de Alzheimer, bem como das características do envelhecimento, como
problemas de visão e audição, artrite e mudanças de humor.

A afeição e a companhia deste animal são alguns dos motivos da famosa frase: "O cão é o melhor amigo
do homem", já que não há registro de amizade tão forte e duradoura entre espécies distintas quanto a
de humano e cão. Esta relação figura em filmes, livros e revistas, que citam, inclusive, diferentes relatos
reais de diferentes épocas e em várias nações. Entre os cães mais famosos que viveram e marcaram
sociedades estão Balto, Laika e Hachiko. Na mitologia, o Cérbero é dito um dos mais assustadores seres.
No cinema, Lassie é um dos mais difundidos nomes e, na animação, Pluto, Snoopy e Scooby-Doo há
décadas fazem parte da infância de várias gerações.

Etimologia e significado

Segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, na variante brasileira, cão significa mamífero
canídeo, domesticado pelo homem desde tempos remotos, que atende pelo plural de cães e tem como
forma feminina, cadela. Cachorro, por sua vez, entendido como sinônimo, tem cachorra como feminino e
cachorros como forma plural, designa sim um cão novo, uma cria de lobo ou ainda qualquer cão. Em
sentido pejorativo, o cachorro é sinônimo de canalha e aparece ainda em formas cristalizadas da gíria e
de expressões populares, como "matar cachorro a grito" e "quem não tem cão, caça com gato".[2][3]
Segundo o dicionário online Priberam, na variante europeia, cão possui um significado denotativo mais
amplo, além dos conhecidos na variante sul-americana, com sete significados conotativos e três
denotativos.[4] O mesmo se aplica a cachorro, que possui uma maior variação de significados em
Portugal.[5]
O vocábulo cachorro, proveniente do basco, indicava qualquer tipo de filhote, e, por um processo de
restrição de significado linguístico, passou a indicar filhote de cão e o próprio cão. Essa explicação
justifica o sinônimo entre as duas palavras e a adoção comum das pessoas, apesar dos significados
constantes nos dicionários da língua portuguesa.[6] cão foi descrito por Lineu em 1758 como Canis
familiaris, e considerado como uma espécie distinta do lobo, descrito também por Lineu no mesmo ano
como Canis lupus.[7] Outros nomes foram descritos por Lineu, Johann Friedrich Gmelin e Charles
Hamilton Smith para a mesma espécie, sendo considerados sinônimos.(c) A ancestralidade canina vem
sendo discutida e estudada desde há muitos anos. Teorias antigas sugerem uma origem proveniente do
chacal-dourado[8] ou então uma origem híbrida entre várias espécies.[9][10] Um levantamento das
sequências da região de controle do DNA mitocondrial em 140 cães e 162 lobos demonstrou que o lobo
é o único ancestral dos cães.[11] Esta conclusão foi confirmada em outro estudo envolvendo 654 cães e
38 lobos da Eurásia.[12] Enquanto há uma aceitação do lobo como único progenitor do cão, a questão
taxonômica envolvendo o reconhecimento de uma ou duas espécies distintas ainda não está resolvida.
[13] Baseado na consistência genética, Wayne considerou que o cão, apesar da diversidade em tamanho
e proporção, nada mais é do que um lobo.[14] Em contraste, análises estatísticas de crânios têm
repetidamente demonstrado uma separação total entre lobo e cão.[15]

O conceito ecológico de espécie proposto por Van Valen foi aplicado por alguns pesquisadores para
demonstrar características adaptativas específicas nos cães por viverem em um nicho antropogênico.
Esta hipótese suporta o reconhecimento do Canis familiaris como uma espécie distinta do Canis lupus,
apesar de uma idade de separação não superior a 12 000 a 15 000 anos atrás.[16] Apesar de certos
pesquisadores continuarem a reconhecer duas espécies distintas,[16][17] existe uma tendência recente
em seguir a classificação proposta por Wozencraft (1993;[18] 2005[19]) que inclui o C. familiaris como
uma subespécie de C. lupus.[13] Pela lei da prioridade estipulada pelo Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica, o nome C. familiaris, descrito na página 38, tem prioridade sobre C. lupus,
descrito na página 39 do Systema Naturae por Linnaeus. Por questões de usabilidade e estabilidade, foi
requisitado à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica a conservação de dezessete nomes
específicos baseados em espécies selvagens, entre eles o Canis lupus.[20][21]

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