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1.

Origem
2. Domesticação
3. Evolução
4. Caracteristicas morfosiológicas
5. Efetivo (Estadual, Nacional e Mundial)
6. Perspectivas (Estadual, Nacional e Mundial)

2. Histórico da Suinocultura
3. A domesticação do suíno pode ter ocorrido de forma semelhante ao que acontece
até hoje em Papua, na Nova Guiné.
4. Lá os nativos caçam porcos selvagens e criam os leitões capturados como
animais de estimação, dentro das moradias. Na caça, por sinal, homens e cães
agem como parceiros. Os maiores animais abatidos servem de alimentação aos
humanos e os menores aos cães, enquanto os leitões são capturados vivos para
serem criados nas aldeias, junto às famílias dos caçadores, ou seja, nativos e
cachorros.

Na caça aos porcos selvagens os homens usam fogo, e os cães a tática dos lobos,
seus ancestrais. As varas de porcos são localizadas e cercadas, e no combate que
se trava a seguir, envolvendo fogo, lanças e o ataque de matilhas e cães, os
caçadores muitas vezes sofrem baixas. Os maiores são literalmente devorados
por humanos e cachorros e os leitões capturados vivos são preservados.

A verdadeira origem do suíno doméstico, como de outras espécies animais


domesticáveis pelo homem, no entanto, continua gerando discussões, pois não
há uma versão definitiva a respeito. Conforme renomados zoólogos, sobre a
origem do suíno, um artiodáctilo monogástrico, pertence ao gênero Sus, há pelo
menos, duas teorias com maiores números de adeptos.

Na primeira teoria, grande número de naturalistas aceita como procedência do


suíno e do javali europeu, a espécie catalogada cientificamente como Sus scrofa
feras, com base em fósseis encontrados por pesquisadores. Os defensores desta
tese baseiam em três argumentos básicos:
a) caracteres de crânio entre todos esses animais;
b) fórmula vertebral idêntica aos do javali;
c) caracteres externos.

Já os defensores da Segunda teoria argumentam que a extrema maleabilidade e a


fecundidade existentes entre todas as formas porcinas domésticas ou selvagens
permitem concluir que as espécies derivam umas das outras. Foram encontradas,
por exemplo duas espécies fósseis de gênero Sus. Por esta tese, o Sus indicios
seria anterior ao Sus scrofa, com origem no javali europeu, e principalmente ao
Sus vittatus, que seria descendente de espécies como o queixada e o tanto
americanos.

Naturalistas renomados opinam pela qualidade das espécies, afirmando que o


Sus scrofa e o Sus indicius, através de seus consecutivos cruzamentos, deram
origem ao grande número de raças de hoje existentes, combinando, transferido e
modificando as características originais dos animais. Justificando esta tese,
afirmam que apenas a inclusão de 1/32 de sangue indicius num cruzamento com
animal descendente da variedade scrofa seria suficiente para modificar a
conformação do seu crânio.

Já quanto à aptidão à engorda, cruzando-se descendentes da espécie Sus indicius


com o Sus scrofa, há uma melhora acentuada da capacidade deste último,
inexistente anteriormente. De qualquer forma, hoje os estudos, com base em
suas origens, aceitam a existência de três tipos distintos de suínos domésticos:
1) o tipo céltico, de perfil côncavo, orelhas longas, grosseiras e caídas, fonte
larga e chata, da espécie Sus scrofa;
2) O tipo asiático, de perfil ultraconcavilínio, orelhas curtas e eretas, fronte plana
e larga, a espécie Sus vittatus;
3) o tipo ibérico, de perfil subcôncavo, orelhas médias e horizontais e de fronte
estreita, a espécie Sus mediterraneus.

Todos concordam também que a domesticação do suíno é antiqüíssima, ou de


cinco mil anos antes de Cristo, e é creditada aos chineses. Há quem afirme, por
exemplo, que o suíno asiático só foi conhecido pelos europeus depois de
domesticado, quando foi trazido ao Ocidente pelos Árias. Como a domesticação
e as espécies atuais são frutos de uma intensa diversificação porque passaram ao
longo da história.

Na antiguidade, por outro lado, também estão as origens de mitos e polêmicas


que cercam o consumo da carne suína. Moisés e Maomé, por exemplo, proibiam
o uso de carne de porco na dieta humana, alegando que o produto era nocivo à
saúde. Os gregos, porém, criavam suínos e os destinavam a sacrifícios
consagrados as deuses Ceres, Martes e Cibeles. Para os cretenses eram também
animais divinos, porque os consideravam como o alimento preferido do Deus
Júpiter. O javali, por sua vez, era muito estimado na Gália e sua figura foi usada
por muito tempo como emblema de moedas e insígnias.

Os romanos foram igualmente grandes consumidores de carne suína. Eles


mantinham postos com grandes criações de porcos, que eram consumidos em
Roma em grandes festins ou regularmente pelos nobres e o povo. Os ibéricos e
gauleses também criavam muitos suínos e Carlos Magno prescrevia o consumo
de carne de porco aos seus soldados e seguidores. Na época chegaram a ser
editadas leis sáticas e borgonhesa que puniam com severos castigos os ladrões e
matadores de porcos.

Desde a sua domesticação, porém, os suínos sofreram grandes transformações


morfológicas e fisiológicas, em conseqüência das condições que viveram e das
necessidades do homem, em relação ao melhor aproveitamento do animal.
Exemplo desta transformação está no javali, antes um animal selvagem, que
vivia na floresta e se alimentava de arbusto, pastos nativos, frutos e pequenos
animais. Entre suas principais armas de defesa e ataque estavam os dentes, que
evidenciavam para fora da arcada bucal, e sua robusta cabeça. Além disso, o
javali era um animal muito veloz, que usada esta capacidade para fugir dos
inimigos e predadores que não podia enfrentar.

O javali se caracterizava por membros dianteiro musculosos e fortes; corpo


relativamente curto e musculoso, capaz de transmitir com rapidez os
movimentos dos membros motores; tórax profundo e largo, com ampla
capacidade de abrigar o coração e os pulmões. Para as lutas ou fugas em alta
velocidade pela floresta, necessitava de um coração forte para levar o sangue
oxigenado aos músculos dois membros locomotores. Sua cabeça era pesada e
forte , muito bem plantada no pescoço e representava uma de suas principais
armas de defesa. O javali, portanto, era uma animal possuidor de uma frente
muito forte - cabeça, tórax e membro anteriores, enquanto o posterior era leve e
tinha membros com fracas massas musculares.

O porco selvagem possuía 70% de massa anterior e 30% de posterior, o que é o


inverso do que acontece com as melhores raças de suínos criados na atualidade.
No javali e outros animais selvagens, a parte anterior, onde as carnes são de
menores valores, é que era a mais rica, enquanto a parte posterior, com a
domesticação, o javali não necessitava mais procurar sua alimentação na floresta
e não necessitava mais procurar sua alimentação na floresta e não possuia mais
inimigos dos quais necessitava fugir, com exceção do criador que o abatia mais
tarde. A transformação do porco selvagem começou quando ele passou a viver
ao redor das habitações dos homens e depois em chiqueiros fechados, recebendo
toda a alimentação que necessitava. Dessa maneira o suíno foi adquirindo uma
nova forma. Foi tomando o formato de um paralelepípedo, de comprimento
pequeno ou médio, com uma grande papada na cabeça e quartos traseiros mais
amplos do que tinham os seus ascendentes selvagens. O perímetro toráxico foi
sendo reduzido com a vida sedentárias e o coração e os pulmões foram envoltos
em uma grossa camada de gordura. Assim, a criação do suíno se expandiu,
porque era o animal ideal para o homem, já que lhe fornecia grande quantidade
de gordura, além de carne. Foi esse o período do porco tipo banha, que se
estendeu desde o início do século XX. A massa de carne e gordura do suíno se
dividia entre 50% na parte anterior e 50% na posterior.

Poucos eram os criadores que se preocupavam com os problemas da criação


rudimentar do porco tipo banha, como o seu aproveitamento entre os 12 e 18
meses de idade, o que resultava no acúmulo de grandes quantidades de gordura e
exigia maiores gastos com alimentação e instalações para o abrigo dos animais.
Como a capacidade de transformação do suíno decresce a partir do sétimo mês
de idade, era necessário melhorar os animais e então surgiu o porco tipo carne,
abatido aos cinco ou seis meses de idade, pesando de 90 a 120 quilos, com
massas musculares posteriores, mais ricas em carne, o que lhe garante maior
valor no mercado e maior rendimento ao criador. Hoje, na verdade, se abate
também leitões do tipo carece, com o objetivo de oferecer carne ainda mais tenra
e saborosa aos consumidores. Os leitões e animais adultos das melhores raças,
inversamente ao que acontecia com o javali, concentram 70% de sua massa
muscular na parte posterior e apenas 30% na parte anterior.

Assim, a suinocultura se expandiu para o mundo inteiro, com exceções de


alguns países da África e do Oriente Médio, porque o islamismo proíbe o
consumo de carne dessa espécie. Na América, foi o descobridor do continente, o
navegador Cristóvão Colombo, quem introduziu os primeiros animais, em 1493,
na região de São Domingo. Dessa ilha, logo foram levados para a Colômbia,
Venezuela e Equador, se espalhando por todo o continente americano. No
Brasil, os primeiros suínos chegaram ao litoral paulista em 1532, trazidos pelo
navegador Martim Afonso de Souza e logo em seguida à Bahia.
5.
6.
7. Classificação Zoológica do Suíno
8.
9. Reino: Animal ( os animais de forma coletiva )
Ramo ou Filo: Chordata ( um entre mais ou menos de vinte e um tipos do reino
animal em que existe um espinhaço ou rudimento de espinhaço, a corda dorsal )
Classe: Mammalia ( são animais mamíferos, de sangue quente, onde as crias
alimentam,-se por um período variável de uma secreção das glândulas mamárias
da mãe )
Ordem: Artiodactyla bunodontes ( de unhas pares )
Sub-Ordem: Ungulados ( unhas nas extremidades dos dedos )
Família: Suidae ( compreende os suínos domésticos e selvagens )
Gênero: Sus
Espécies: Sus scrofa e Sus vittatus
10. Fonte: Home-page da Associação Paranaense de Suinocultores ( APS )

A História do Porco
A História do Porco
- Pesquisa de Eliane Faganello

1) Os Ancestrais

A origem de todos os porcos que conhecemos atualmente está associada a três espécies
de javalis:

Sus scrofa scrofa, originária da Europa e do norte da África

Sus scrofa vittatus, originária da Indonésia, Japão e China

Sus scrofa cristatus, originária da Índia

A espécie Sus scrofa mediterraneus seria uma intermediária entre as duas primeiras.

As pinturas ruprestes encontrados nas grutas de Altamira, na Espanha e reproduzidas no


Museu Nacional Alemão (Deutsches Museum) de Munique,mostram que o javali já era
conhecido na Europa há 15.000 anos.

1a) O Javali

A história do javali (Sus scrofa Linnaeus 1758 ) remonta a milhões de anos. Fósseis
revelam que há cerca de 48 milhões de anos, mamíferos onívaros habitavam as florestas
e pântanos nos quais foi formado o carvão. Estes fósseis,conhecidos como
Entelodontidae são considerados os antecedentes mais remotos do animal que
conhecemos hoje.
1b) A Domesticação

Os mais antigos registros arqueológicos do porco domestico (Sus scrofa domesticus)


datam de 9.000 anos A.Ce foram encontrados na Grécia e na Turquia. Na China e no
Egito, remontam há 6.000 anos a.C. e na Europa Central, a 4.000 a.C.

Na Europa, a domesticação dos porcos iniciou no Período Neolítico, ou seja, no último


período da Idade da Pedra, quando a agricultura e a criação de

animais tornaram-se práticas conhecidas ao homem. De acordo com o material


arqueológico, pode-se concluir que os porcos passaram a servir o homem bem antes do
gado, porém, depois das ovelhas e das cabras.

Por vários séculos, o porco doméstico conservou as características físicas de seus


antepassados. Na Europa Central essas características eram observadas ainda nas
pinturas do Renascimento.

Com o aperfeiçoamento da criação, o porco foi modificando suas características


externas: o tamanho do corpo e do cérebro diminuiu, os dentes tornaram-se menores e o
focinho encolheu. Em muitas raças, as orelhas também se modificaram, tornando-se
caídas. Dependendo do lugar e da raça, também se alterou a forma integral do corpo,
assim como o tamanho, densidade e coloração dos pêlos.

2) Os Porcos na China

Na China, os porcos já eram domesticados no período do imperador Fo-Hi, no ano 3500


a.C.

No entanto, a expansão da atividade deu-se durante a Dinastia Han (202 a.C. até 220
d.C.). Neste período, o império responsável pela invenção do papel estendeu sua força
cultural, política e agrícola sobre as regiões que atualmente correspondem ao Vietnã,
Ásia Central, Mongólia e Coréia.

Desta época remontam várias esculturas de porcos, encontradas em túmulos e sepulturas


humanas. De acordo com a simbologia chinesa, o animal representava a riqueza e a
fartura, que seriam levadas para a eternidade.

Diferentes das raças européias, as raças chinesas ainda hoje são conhecidas pela
prolificidade e pelo alto teor de gordura. As leitoas trazem ao mundo, em média, 14
leitões vivos por gestação, o que também é resultado de séculos e séculos de seleção a
partir do número de leitões por cria. Na Europa, a média superior de nascimentos fica
em 11 leitões por cria.

A partir de 1949, com a República Popular, a criação passou a ser incentivada pelo
Estado e se proliferou pelo país. Atualmente, a China é o maior produtor mundial de
suínos, com mais de 480 milhões de cabeças, o que corresponde amais de 50% do
rebanho mundial.

No Vietnã, que ocupa atualmente a quarta posição no ranking mundial da produção, a


criação já é conhecida há quase 4.000 anos. Assim como na China, comemora-se a cada
12 anos, o "Ano do Porco", sendo este, por coincidência,

2007. No horóscopo chinês, o animal também representa riqueza, fartura e


prosperidade.

3) O Porco no Antigo Egito

O material histórico revela que os porcos já eram conhecidos no Antigo Egito e no


Oriente, há mais de 4.000 anos. Possivelmente originários das regiões da Mesopotâmia
ou da Turquia, espalharam-se pelo delta do rio Nilo, sendo utilizados também para
puxar o arado, na preparação da lavoura, oferecendo, além da tração, a vantagem de
fazerem, com os próprios pés, os orifícios no solo onde seriam depositadas as sementes
do trigo.

Conta-se que na Babilônia, uma das cidades mais antigas do mundo, os porcos andavam
soltos, com o objetivo de consumir os restos de alimentos e o lixo depositado nas ruas.

O historiador grego Heródoto (484-425 a.C.) escreveu que os egípcios consideravam o


porco um animal "impuro", uma vez que se alimentava de dejetos e excrementos. Os
escravos responsáveis pela criação e pelo abate também eram proibidos de freqüentar
templos e outros lugares sagrados.

Ainda nos dias de hoje, os porcos desfrutam de uma imagem bastante negativa em
muitas culturas. Os motivos estão ligados, possivelmente, a idéia de "impureza" da
espécie, que foi transmitida pela história.

3a) Os Porcos na Bíblia

Foi com a Bíblia que dos grandes mitos em torno dos porcos passou a ser difundido,
contribuindo para piorar a já péssima reputação dos animais, no Oriente.

Já no Velho Testamento, no 3° livro de Moisés são descritos os mandamentos para a


pureza do homem. Entre eles, encontra-se a advertência contra o consumo de carne de
animais considerados "impuros", entre eles, o porco.

..." também os porcos, porque as unhas são fendidas e as fendas das unhas divididas em
duas, ... estes vos serão imundos. "(Lev. 11,7)

Hoje sabemos, através da história, que os porcos do Antigo Egito possivelmente sofriam
com tênias, triquinas e outros parasitas. Moisés, com seus

mandamentos, estabelecia também medidas de higiene para o povo, evitando


verminoses e doenças transmitidas através da carne suína mal-cozida. Medidas estas que
ainda hoje são recomendadas pelos sanitaristas.

No Novo Testamento encontramos vários registros nos quais a figura dos porcos é
associada ao profano, àquilo que não é sagrado ou ao pecado humano.

"... Não dêem aos cães coisas santas, nem deites vossas pérolas aos porcos,pois
voltando-se, eles as pisarão com os pés e as despedaçarão". (Mt, 7,6)
Na segunda epístola de Pedro, o porco é retratado como um animal imundo, comparado
àqueles que insistem em permanecer ao pecado:

"... pois aconteceu-lhe o que diz aquele provérbio verdadeiro, o cão retornou aopróprio
vômito e o porco lavado, revolveu-se, de novo, no lamaçal". (2 Pe 2,2)

Há mais de dois mil anos, o apóstolo Pedro não podia avaliar a importância dos banhos
de lama para o comportamento animal. A descoberta de que os porcos possuem
glândulas sudoríparas atrofiadas e que os banhos de lama asseguram a regulação térmica
do organismo, é bem recente.

Também são recentes as pesquisas que revelam a importância dos banhos de lama para
as relações sociais da espécie, uma vez que através da persistência de determinados
odores corporais, os animais podem assegurar seus limites territoriais e sexuais.

4) O Porco na Grécia Antiga

Aristóteles (384-322 .C.), o filósofo e o pensador mais completo da Antigüidade,deixou


uma das primeiras observações de caráter científico sobre os porcos. O livro "A História
dos Animais", parte das "Obras Completas" contém um tratado sobre o comportamento,
preferências e hábitos, assim como as necessidades básicas da espécie.Também o
desempenho sexual dos porcos, cujos estímulos superavam os de qualquer espécie
animal, já foram observados e descritos por aristóteles.

Hipócrates (460-377 a.C.), uma das figuras mais importantes da História da Medicina,
descreveu o alto teor de gordura da carne de porco, recomendando-a àqueles que se
dedicavam às atividades cansativas ou aos adeptos de exercícios físicos, para conservar
o vigor físico e o tono muscular.

Pintura de vasos e antigas moedas revelam que os porcos, na Grécia, serviam também
como oferenda aos Deuses.

Na literatura clássica, foi na obra "Odisséia", atribuída ao grego Homero, que os porcos
passaram a ser conhecidos pelo seu valor literário e metafórico. Foi na transformação
dos homens em animais, feita pela feiticeira Circe, que os companheiros do rei Odisseu
tornaram-se porcos, escravos dos desejos e vontades da poderosa mulher.

4a) Os Porcos na Odisséia

A obra escrita no século VIII a.C. descreve episódios da turbulenta viagem de odisseu,
rei de Ítaca, retornando da Guerra de Tróia. Num dos episódios, talvez o mais
interessante do ponto de vista dos porcos, Odisseu e seus companheiros chegam até
Eéia, a ilha itinerante que vaga de um extremo a outro do Mediterrâneo. Na ilha vive
Circe, a bela feiticeira, que seduz os homens e tem o poder de transformá-los em
animais.

Chefiados por Eurícolo, o tratador de porcos, os companheiros de Odisseu tentam


desbravar a ilha até chegar ao palácio de Circe, onde são recebidos por leões e lobos
domesticados. Na verdade, todas estas feras já haviam sido homens, que devido aos
encantamentos da feiticeira, tornaram-se dóceis e obedientes criaturas, comandados por
ela.

De dentro do palácio, uma voz de mulher, canta e com suavidade e transforma o medo
dos guerreiros, em curiosidade e desejo. A porta se abre e a feiticeira de lindos cabelos
negros, convida-os a entrar. Dóceis e sem suspeitar, os guerreiros a seguem e saboreiam
o mel, o vinho e os queijos oferecidos. Depois de saciados e tendo sido tocados pela
varinha encantada, sofrem uma longa metamorfose, que os transforma em porcos .

Somente Eurícolo, o tratador dos porcos de Odisseu, que tendo desconfiado do perigo e
ficado do lado de fora, percebe o truque da feiticeira e volta ao barco,para avisar o rei.

Furioso, o rei de Ítaca resolve enfrentar a feiticeira, na esperança de reaver seus homens.
No caminho, encontra Hermes, que lhe oferece um encantamento para conseguir
escapar das armadilhas da sedução, utilizadas por Circe.

Quando a encontra, Odisseu, da mesma como seus companheiros, também é recebido


com mel, queijos e vinhos, mas quando Circe se prepara para encostara varinha e
encantá-lo, o rei de Ítaca puxa sua espada e tenta matá-la. Os pedidos de clemência de
Circe são aceitos pelo esperto rei, com a condição de libertar todos os seus homens.

5) Os Porcos na Antigüidade Latina

Os romanos, adeptos de grandes banquetes e de orgias gastronômicas,descobriram bem


cedo que poderiam melhorar a qualidade e aumentar a quantidade da carne, se
desenvolvessem técnicas adequadas de cuidado aos animais. Assim, as primeiras
granjas e instalações de suínos da história remontam a Roma.

Presuntos, salames e carne suína sempre foram artigos indispensáveis nas mesas
romanas, embora naquela época, a quantidade de gordura dos animais fosse muito
maior do que a dos conhecidos atualmente.

Também provêm de Roma Antiga, os primeiros relatos de especulações sobre o


aproveitamento dos dejetos suínos. Catone (234-149 a.C.) em sua obra De agricultura
recomenda aplicações de esterco, como parte do tratamento de picadas de cobras, que
eram comuns na época, tanto em humanos como em outros animais.

Ainda no campo filosófico e científico, destaca-se o escritor e professor de retórica


Claudio Eliano (170-235 d. C.). A vasta obra De Natura Animalium descreve os
animais em sentido alegórico e providos de sentimentos. Baseada muito menos em
observações do que em suposições e relatos fantasiosos de outros escritores, foi esta
obra que influenciou a criação dos bestiários da Idade Média.

Interessante também é a obra De re rustica, do estudioso de agricultura Columella (5 -70


d.C.), onde são observadas algumas necessidades dos animais e as condições
indispensáveis à criação. O autor também já reconhece a importância do trabalho
daquele que cuida dos animais,recomendando o constante o aperfeiçoamento da técnica.

6) Os Porcos entre os Celtas e os Povos Germânicos


Na Europa Central os porcos domésticos já eram conhecidos desde o

século V a.C., onde foram representados em cerâmicas.

Assim como para os celtas, os porcos tinham para os povos germânicos,extrema


importância como fonte geradora de alimentos. A domesticação da espécie permitiu que
a caça ao javali diminuísse consideravelmente.

Considerados símbolos de força física, vitalidade e virilidade, sobretudo os reprodutores


masculinos da espécie eram utilizados em rituais e oferendas.

Os celtas, que adoravam muitos deuses, também possuíam um deus para

o porco. Moccus, o deus dos porcos foi motivo estampado em moedas da época.
Também os nobres celtas eram enterrado com um porco ou parte dele, levando consigo
para a eternidade, a virilidade e a vitalidade.

O escritor romano Tacitus (55 -115 d.C.) citou em sua obra Germania os desenhos e
representações de porcos que os soldados germânicos traziam em suas roupas. As
mesmas figuras também foram encontradas em sepulturas de mulheres, possivelmente
como símbolo da fertilidade.

Assim como para os romanos, os porcos representavam também para os povos do norte,
prosperidade, riqueza e fartura. Esse significado ainda permanece na mitologia
germânica e podem ser encontrados em cartões de felicitações pelo ano-novo,
aniversário, casamento ou formatura.

Diferente dos romanos, os germânicos e celtas não se preocuparam, no início, com as


instalações para os animais. O tipo de criação era em florestas, onde havia o cruzamento
livre com raças de javalis. Estima-se que um porco atingia nas florestas do norte, em
cerca de dois anos, um peso de 40 até 60 kg. (Hoje, atinge cerca de 100 kg em poucos
meses).

7) Os Porcos na Idade Média

No cenário social da Idade Média, o povo comia alimentos muito mais gordurosos do
que atualmente. Também no que se refere à quantidade, sobretudo as camadas sociais
inferiores, abusavam das calorias. Quando havia comida, é claro!

O consumo da carne suína era intenso, refreado somente pela Igreja Católica,que
condenava os pecados da gula, luxúria e volúpia.

Por vários séculos os porcos circulavam livremente pelas ruas das cidades européias,
sendo muitas vezes, responsáveis por acidentes de trânsito. Conta a história que o
príncipe Phillip, herdeiro do rei francês Ludwig XXII, morreu em1131 ao ser derrubado
de um cavalo por um porco, próximo ao portão da cidade.

Só a partir de 1500, cidades como Ulm, Frankfurt a.M. e outras metrópoles da época
passaram a regulamentar a criação de suínos, impedindo a circulação livre dos mesmos
e limitando em 24, o número máximo de leitões, por cidadão.
Considerando a grande quantidade de porcos e as precárias condições de higiene na
Idade Média, outras comunas também passaram a estabelecer regras para a criação.

No final da Idade Média, os porcos também foram retratados pelos artistas do


renascimento e nos fornecem informações detalhadas sobre a forma de criação da época
e características físicas dos animais.

Na obra do pintor Albrecht Dürer (1471-1528) é possível reconhecer traços externos


ainda muito parecidos aos do javali e identificar neles, a maturidade e o longo período
de vida que desfrutavam.

Outra obra do final da Idade Média onde o porco está presente é a do pintor holandês
Hieronymus Bosch (1450-1516). Na obra percebe-se a figura do porco utilizada como
personificação alegórica da tentação e do pecado.

8) Os Porcos na América Latina

Assim como seus antecedentes javalis, os porcos não constituem uma espécie da fauna
nativa americana. Eles desembarcaram no continente trazidos Colombo, numa de suas
viagens e logo se acostumaram à rusticidade do Novo Mundo, se espalhando por vários
países.

A Guerra do Paraguai (1864-1870) parece ter sido um momento decisivo para a história
da espécie na América Latina, uma vez que tendo sido destruídas muitas granjas no país
vizinho, os porcos se espalharam pelas florestas, onde se proliferaram e se adaptaram ao
ambiente selvagem.

Os javalis, ainda hoje encontrados nas regiões centrais do Brasil são prováveis
descendentes dos sobreviventes da Guerra terminada com a morte do ditador Solano
Lopez, em Cerro Corá.

9) Os Porcos no Brasil

Os porcos chegaram ao Brasil a partir de 1532, trazidos por Martim Afonso de Souza.
Provenientes de raças derivadas dos javalis europeus do tipo ibérico e asiáticos,
sobretudo da Índia, logo se adaptaram ao clima tropical e permitiram aos criadores o
desenvolvimento de raças próprias.

Grande parte das mais de 100 raças de porcos existentes no mundo pode ser chamada de
brasileira. No entanto, a maioria delas foi extinta e substituída por raças consideradas
melhores e mais produtivas.

Até a metade do século XX, a suinocultura brasileira estava baseada em sistemas


extensivo, utilizando raças nacionais, caracterizadas pela rusticidade,facilidade de
adaptação e grande resistência à doenças. No entanto, com a importação das raças
estrangeiras, o plantel brasileiro se modificou.

Atualmente, o Brasil possui o terceiro maior rebanho do mundo, com cerca de


33.000.000 de cabeças, o que representa 3,4% da população mundial de suínos.

9a) As Raças Brasileiras

Os porcos não são animais originários da fauna brasileira nativa. As raças suínas
brasileiras foram formadas a partir de animais descendentes daqueles introduzidos no
século XVI, durante o Período Colonial.

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia identificou e catalogou essas raças,


embora muitas delas já tenham sido extintas e substituídas pelo "bom desempenho" das
raças estrangeiras.

São elas: Canastrão, Zabumba ,Canastra, Nilo, Nilo Canastra, Cabano,Vermelho, Meia
Perna, Mexabomba, Tatu, Canastrinho, Macau, Perna Curta, Baé, Caruncho, Piau
Pequeno, Caruncho Vermelho, Tatu Canastra, Pirapetinga, Junqueira, Pereira, Tatuí,
Sorocaba, Piau de São Carlos, Piau de Uberaba, Piau Carioca, Canastrão Preto,
Caruncho Malhado, Carunchinho Pintado, Simetral, Moura e Casco de Burro.

9b) As Raças Estrangeiras no Plantel Brasileiro

"No país da feijoada, é o porco estrangeiro é quem vai pra panela". Parece ironia, mas o
plantel brasileiro de suínos é composto basicamente pelas raças Landrace, Large White,
Duroc, seguidas pela Pietran, Hampshire e Wessex.

Entre as mais conhecidas está a Duroc. De cor marrom-avermelhada e vinda dos


Estados Unidos, foi a primeira a ser introduzida no Brasil, iniciando a tecnificação do
setor. Devido à rusticidade teve ótima adaptação em todo o território nacional e é
utilizada para melhoramento da carne de outras raças.

A raça Wessex , originária da Inglaterra, foi uma das preferidas pelas granjas que
priorizava a criação ao ar livre, típica do sistema extensivo. Caracterizada pela
prolificidade, rusticidade e habilidade materna, não se adaptou ao sistema de
confinamento brasileiro e vem sendo substituída por raças mais modernas.

Também a raça Hampshire, não se adaptou ao sistema brasileiro e teve desempenho


negativo, no registro genealógico brasileiro.

Apesar de ter chegado ao Brasil vinda dos Estados Unidos, a raça é originária da
Inglaterra e caracteriza-se pelas rusticidade e pelas faixas brancas na pelagem negra.

A raça Large-White, por sua vez, ocupa uma posição central na suinocultura brasileira,
com cerca de 23% da composição do rebanho. Originada do condado de Yorhshire, no
norte da Inglaterra, foi introduzida no Brasil a partir da década de 70 e é largamente
utilizada.

Outra raça que ocupa posição de destaque no plantel brasileiro é a Landrace. Originária
da Dinamarca, onde foi desenvolvida no final do século XIX, a partir do cruzamento de
fêmeas locais, de origem antiga, possivelmente celta, com machos Large-Whites,
importados da Inglaterra.
Difundida em vários países, a dinamarquesa Landrace ainda é uma das raças mais
selecionadas. Tem como características básicas a prolificidade, a habilidade materna e o
bom desempenho, sendo muito utilizada em programas de melhorias genéticas. No
Brasil, a raça Landrace representa mais de 15% do plantel, ficando atrás apenas da
Large-White.

A raça Pietran é originária da Bélgica e caracteriza-se pela pelagem branca, com


manchas pretas e pela excelente massa muscular. De temperamento tranqüilo, os
animais desta raça são muito sensíveis ao estresse.

Até 1950 era uma raça praticamente desconhecida, na Europa. Foi com a mudança dos
hábitos alimentares da população, que passou a preferir carnes com menos quantidade
de gordura, que ela se espalhou pelo Continente. Desde1970, a Pietrain é utilizada em
programas genéticos, visando melhoramento da qualidade da carne.

Atualmente, as granjas comerciais onde são produzidos os animais para o abate, não
utilizam mais animais chamados "Puros", que ficam restritos às empresas que produzem
e comercializam material genético. Os animais "Híbridos" são derivados do cruzamento
de raças e tendem a aumentar, cada vez mais, a sua participação no plantel brasileiro.

Por exigências do mercado, o porco brasileiro perdeu, desde 1980, cerca de30% de seu
nível de gordura, 14% de calorias e 10% de colesterol.

10) Os Porcos em SC

É quase impossível imaginar Santa Catarina sem os porcos. Eles fazem parte da
formação histórica, cultural e social do estado, mas é sobretudo no aspecto econômico
que se tornam relevantes.

Gerando cerca de 200 mil empregos diretos e injetando milhões de dólares na economia
é na balança das exportações, que o porco catarinense mostra o seu valor.

Desde o início da colonização, realizada por descendentes de italianos vindos do Rio


Grande do Sul e por imigrantes vindos diretamente da Itália e Alemanha, o porco
passou a fazer parte do dia-a-dia da região montanhosa, que forma o Alto Uruguai
Catarinense. Com os imigrantes, a suinocultura na região que anteriormente era
habitada por índios e caboclos, cresceu e se profissionalizou de tal forma, que
atualmente, cinco dos maiores conglomerados agroindustriais do país se encontram na
região, sendo responsáveis por 60% dos abates e 70%dos negócios no setor.

As primeiras agroindústrias surgiram na década de 40, com o objetivo de beneficiar a


carne suína e os grãos de cereais. A partir da década de 70,impulsionada pelo Estado e
amparada pelo modelo integrado de produção, a atividade se ampliou
desordenadamente, sem considerar critérios de sustentabilidade ambiental. A escala de
produção intensiva de suínos trouxe sérias conseqüências sociais e ambientais para toda
a região.

Santa Catarina possui o maior rebanho de porcos do país, com cerca de 5.775.890
cabeças, o que representa cerca de 17,5% da produção nacional Os porcos de Santa
Catarina produzem, diariamente, cerca de 40 mil metros cúbicos de dejetos.

Características das principais raças suínas

1) Pietrain
Origem – Belga
Pelagem – Malhada de preto e branco
Tipo de orelha – Asiáticas
Particularidades – Boa mãe, boas leiteiras, quatro pernis, baixa velocidade
de ganho de peso, problemas cardíacos.

2) Wessex
Origem – Inglesa
Pelagem – Preta com faixa branca
Tipo de orelha – Célticas
Particularidades – Boa mãe, boas leiteiras, dóceis, prolíferos, rústicos,
carcaças ruins.

3) Landrace
Origem – Dinamarquesa
Pelagem – Branca
Tipo de orelha – Célticas
Particularidades – Prolifera, precoce, carne magra, boa mãe, problemas de
cascos e de aprumos.
4) Large White
Origem – Inglesa
Pelagem – Branca
Tipo de orelha – Asiáticas
Particularidades – Rústica, prolífera, alta produtividade, boas leiteiras e
longos.

5) Duroc
Origem – Americana
Pelagem – Vermelha
Tipo de orelha – Ibéricas
Particularidades – Rústica, precoce, prolífera, alta conversão, alta
velocidade de ganho de peso, raça pai.

6) Hampshire
Origem – Americana
Pelagem – Preta com faixa branca
Tipo de orelha – Asiáticas
Particularidades – Vigorosos, dóceis, boas mães, curtos, raça pai.

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