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AUXILIAR

DE
VETERINÁRIO
AUXILIAR
DE
VETERINÁRIO

Vanessa Lopes CRBio 84.680/02

Professor/Veterinário: Wadson Coutinho


SUMÁRIO
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Origem dos Canídeos ................................................................................ 05

Introdução a Anatomia e Fisiologia Animal..................................................12

Sistema Nervoso..........................................................................................25

Sistema Circulatório ....................................................................................29

Sistema Respiratório....................................................................................38

Sistema Digestivo.........................................................................................40

Reprodução..................................................................................................45

Gestação .....................................................................................................50

Parto ............................................................................................................53

Nutrição dos Animais ...................................................................................57

Medicina Preventiva .....................................................................................62

Calendário de Vacinação .............................................................................65

Vermífugos....................................................................................................67

Zoonoses.......................................................................................................72

Os Sinais Vitais.............................................................................................73

Princípios Cirúrgicos ....................................................................................75

Aplicação de Medicamentos.........................................................................77

Contenção e Transporte de Animais ...........................................................85

Atendimento ao Público................................................................................88

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MÓDULO
I

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Origem dos Canídeos
Se admitirmos que as origens da Terra remontam, aproximadamente, a 4,5 bilhões de anos, as
origens dos primeiros mamíferos (100 milhões de anos), a dos primeiros canídeos (50 milhões de
anos) e, seguidamente, as dos primeiros hominídeos (3 milhões de anos) afiguram-se
extremamente recentes. Com efeito, se compararmos a história da Terra a um percurso de 1 km,
a vida dos mamíferos representaria apenas os últimos metros e a dos canídeos os últimos
centímetros!

Os canídeos são mamíferos caracterizados por dentes caninos pontiagudos, dentição adaptada a
um regime onívoro e um esqueleto dimensionado para a locomoção digitígrada.

A sua evolução e diversificação teve início no continente norte-americano, com o aparecimento


de uma família de carnívoros semelhantes à doninha atual - os miacídeos – que proliferaram
nesse continente há 40 milhões de anos, compreendendo na altura 42 gêneros diferentes,
enquanto que hoje apenas se subdivide em 16. A família dos canídeos atuais comporta 3 sub-
famílias: os cuonídeos (licaon), os otocinonídeos (otocion da África do Sul) e os canídeos (cão,
lobo, raposa, chacal, coiote).

O aparecimento de diferentes tipos de cães


Tendo surgido durante o terceiro milênio na Mesopotâmia, delinearam-se, então, dois grandes
tipos de cães constituídos pelos
Molossóides, encarregados da proteção dos rebanhos contra os predadores (o urso, e ironia do
destino, do seu antepassado, o lobo!) e o tipo "galgo" adaptado à corrida e às regiões desérticas,
que se tornou num precioso auxiliar de caça para o homem. Juntamente com esses dois tipos
básicos, encontravam-se já, sem dúvida, os tipos de cães correspondentes atualmente aos
principais grupos classificados pela Sociedade Central Canina.

Origem dos felinos

Durante o período Oligoceno, esboça-se claramente nos Felídeos uma tendência para a
individualização de duas linhagens distintas de felinos. Por um lado, animais grandes e robustos,
embora lentos, providos de enormes caninos semelhantes a lâminas de sabre: os Eusmilus; e por
outro, os grandes gatos mais ágeis e mais rápidos com uma dentição próxima dos atuais
Felídeos, os Proailurus, e mais tarde os Pseudailurus cuja locomoção se as-semelha à dos
Viverrídeos. Por exemplo, o atual Fossa (Crytoprocta ferox) constitui um verdadeiro fóssil vivo. O
Pseudailurus seria assim o primeiro membro da família dos gatos modernos dos quais o
Smilodon, na América, é um representante espetacular. Os pequenos felinos foram-se adaptando
a regiões tão diversificadas como os desertos, florestas, estepes e pântanos.

Sobrevém a era do Mioceno, durante a qual, em França, existia o Felis zitteli, animal muito
próximo do gato selvagem atual. Posteriormente, no período Pleistoceno da era quaternária,

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surgiu o gênero Felis, enquanto que, por outro lado, os felinos primitivos, Smilodons e
Machairodus, espécie de tigres dentes de sabre, vão desaparecendo.

A domesticação dos gatos


A domesticação do gato permanece envolta em bastante mistério e, como tal, não pode ser
estabelecida com uma certeza absoluta. Segundo a crença tradicional, a domesticação terá
ocorrido no Egito, local onde foram encontrados os primeiros vestígios da domesticação do gato,
por volta do ano 4500 AC. O gato egípcio seria assim descendente de uma das subespécies do
Gato selvagem Felis silvestris libyca. Inicialmente, este gato começou por ser um comensal do
Homem, partilhando a sua alimentação; posteriormente, estabeleceu-se uma relação de maior
proximidade entre o Homem e o animal, que primeiro se tornou "familiar" e, mais tarde, de
"companhia”. Desde a época do Novo Império (sensivelmente nos anos 1580-1070 AC) até ao
período ptolomeico (do ano 300 ao ano 30 AC), os egípcios chegaram mesmo a permitir a
aproximação dos gatos selvagens e a sua domesticação. Mais tarde, mandaram também
mumificá-los, tal como o faziam aos espécimes domesticados há muito tempo.

No Antigo Egito, o gato doméstico, trazido do sul ou do oeste por volta do ano de 2.100 a.C., é
considerado um ser divino, de tal ordem que, se um deles morrer de morte natural, as pessoas da
casa raspam as sobrancelhas em sinal de luto.

Deusa Bastet em forma de gata,


evidenciando a adoração do povo
egípcio pelos felinos.

CURIOSIDADES

Ao contrário dos grandes felinos, os pequenos felinos


caracterizam-se pela particularidade do seu osso hióide ser
completamente rígido, o que não lhes permite rugir. Ronronam durante
A
a primeira
inspiração e a expiração, enquantoescola
que nosde grandes
veterinária
felinos o
ronronar só se produz durante a expiração.
Todos os felinos de pequenas dimensões pertencem ao mesmo grupo,
até mesmo o Puma, que tem o tamanho de uma pantera.

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Em 1761, Claude Bourgelat, um dos melhores cavaleiros da Europa, dirigia, há vinte anos, a
Academia do Rei, estabelecida em Lyon, França. Disciplinas como a equitação, as armas, a
música e a matemática eram ensinadas. Mas, o seu
interesse pela anatomia e pela patologia equinas, levou
Bourgelat a refletir sobre as bases de um ensino
veterinário, capaz de preservar e melhorar a espécie
equina, e de proteger o gado das epidemias que o
dizimavam. Conseguiu convencer Bertin, controlador
geral das finanças, a atribuir-lhe um subsídio para criar o
primeiro estabelecimento veterinário em Lyon. Assim, a
Escola da Guillotière é fundada em 1762.

Ao contrário do ensino universitário da época, o ensino


veterinário privilegiava a reflexão e a observação, a
habilidade manual e a memória visual. Desde o início, os
estudantes praticavam através de consultas e
hospitalizações de animais. Muito rapidamente, esta
primeira escola atraiu alunos estrangeiros e foi uma
referência em matéria de Medicina Veterinária. Tornou-se
Escola Real Veterinária em 1764.

O ensino veterinário evoluiu juntamente com as descobertas científicas. A sua missão de


formação expandiu-se para o campo da investigação. As colaborações entre Médicos e Médicos
Veterinários permitiram vencer numerosas doenças. Podemos citar os trabalhos do Médico
Veterinário Henry Bouley e de Pasteur sobre a vacinação contra o carbúnculo, de Camille Guérin
e o médico Albert Calmette, que desenvolveram

a B.C.G. contra a tuberculose, e de Auguste Ramon, que descobriu as anatoxinas antitetânicas e


anti-diftéricas. A Medicina Veterinária atual se beneficia das melhores técnicas médicas e
cirúrgicas. Ecografia e endoscopia fazem parte da prática quotidiana e, por vezes, os animais até
se beneficiam da ressonância magnética. As investigações atuais tendem a melhorar os cuidados
dados aos animais e contribuem, assim, para o progresso da Medicina Humana. Para isso é cada
vez mais necessário o auxílio de profissionais nãoveterinários, como o auxiliar de veterinário,
para manter sempre o padrão de qualidade e de funcionabilidade de hospitais, clínicas,
zoológicos e pet’s shops.

Principais ramos da medicina veterinária


A veterinária divide-se em 2 grandes ramos: a produção animal e a medicina veterinária
propriamente dita. Na produção animal são estudados tópicos como criação de animais (também
chamado zootecnia) como bovinocultura, equicultura, psicultura, caprino-ovinocultura, apicultura;
estudo de pastagens; melhoramento animal; reprodução.

A medicina veterinária propriamente dita estuda a medicina preventiva dos animais, a sanidade,
patologia, cirurgia e a clínica médica. Dentro destas áreas diversas subáreas já são bem
definidas, sendo que já existem médicos veterinários que são anestesistas, odontólogos,
oftalmologistas, obstetras, pediatras, patologistas clínicos, ortopedistas, nutricionistas, dentre
outros.

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Dentro da veterinária, ainda existem aqueles profissionais que lidam com animais selvagens
(também chamados silvestres), sendo que eles se ocupam tanto da clínica e cirurgia, da nutrição,
quanto da criação destes animais.

O auxiliar de veterinário
É cada vez mais crescente o mercado de trabalho para os médicos veterinários, de todas as
áreas. Neste contexto se destaca uma área em especial, a do chamado Mercado Pet, que é uma
das áreas comerciais que mais crescem na atualidade. Sendo assim, a necessidade de mão de
obra qualificada para o trabalho nos mais variados estabelecimentos veterinários também tem
crescido bastante. É justamente nesse mercado crescente que o auxiliar de veterinária pode se
enquadrar, ajudando em todas as seções e repartições dos pet shops, consultórios, clínicas ou
hospitais veterinários, além de zoológicos e fazendas.

Dentre as atividades que podem ser realizadas pelo auxiliar de veterinária, dentro da rotina
clínica, estão:

• Aferir temperatura;
• Observar condições físicas e neurológicas dos animais;
• Informar as condições de saúde dos animais ao veterinário;
• Auxiliar na coleta de materiais para a realização de exames;
• Controlar sinais vitais do animal, como temperatura, pulso, perfil capilar;

• Ministrar medicamentos sob a supervisão do médico veterinário;


• Aplicar injeções;
• Fazer curativos;
• Alimentar os animais;

• Exercitar os animais;
• Higienizar o local de estada dos animais;
• Glosar e arrancar dentes de cavalos;
• Prestar primeiros socorros;
• Pesar o animal;
• Conter o animal;
• Auxiliar nos procedimentos de acesso intravenoso;
• Fazer a tricotomia de animais antes da cirurgia;
• Selecionar as caixas cirúrgicas;
• Preparar o material cirúrgico;
• Auxiliar no procedimento de intubação do animal;

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• Posicionar o animal na mesa de cirurgia;
• Fazer a assepsia do animal;
• Transportar o animal dentro do estabelecimento;
• Recolher o material utilizado (instrumentos);
• Separar materiais descartáveis;
• Separar o lixo hospitalar;
• Embalar o lixo hospitalar para descarte;
• Lavar os instrumentos cirúrgicos;
• Montar a caixa de cirurgia;
• Dobrar panos, aventais e uniforme;
• Esterilizar materiais, instrumentos e o ambiente;

Dentre as atividades que podem ser feitas pelo auxiliar de veterinária, no que diz respeito às
outras áreas do pet shop, consultório, clínica e hospital estão:

• Atender a clientes-proprietários dos animais;

• Buscar os animais;

• Conversar com os proprietários;

• Informar sobre normas e regulamentos do


estabelecimento;

• Orientar sobre noções de saúde, higiene e alimentação;

• Indicar o atendimento do animal pelo médico veterinário

• Entregar o animal;

• Orientar sobre cuidados especiais para estética;

• Orientar sobre tipos e raças de animais para aquisição;

• Administrar o local de trabalho;

• Solicitar material e medicamentos;

• Repor material e medicamentos;

• Controlar óbitos;

• Embalar cadáveres;

• Encaminhar os cadáveres para necropsia ou para o aterro


sanitário;
• Enviar materiais coletados para os laboratórios;

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• Limpar e lubrificar equipamentos;

• Desinfetar equipamentos;

• Demonstrar competências pessoais;

• Demonstrar capacidade no trato com animais;

• Demonstra paciência;

• Demonstrar autocontrole;

• Demonstrar bom humor;

• Demonstrar concentração;

• Demonstrar paciência;

• Avaliar riscos;

• Demonstrar senso estético;

• Administrar conflitos;

• Demonstrar conhecimento teórico.

EXERCÍCIOS

1. O que você entende por canídeos? E por felídeos?

2. Explique com suas palavras como se deu a domesticação dos cães e gatos.

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3. O que fez com que os gatos selvagens se aproximassem do homem pela primeira vez? Em
que região do mundo se deu essa aproximação?

4. Quando surgiu a primeira escola de Medicina Veterinária? Em qual país? Qual era a principal
espécie animal estudada?

5. Para você, quais são as 10 principais funções de um Auxiliar de Veterinária?

A morfologia do cão

Com base no tamanho, os cães podem ser divididos em:

• Pequenos (menos de 46 cm);

• Médios (de 46 a 61 cm); Com base no peso,


a divisão é a
• Grandes (mais de 61 cm). seguinte:

• Pequenos
(menos de 10 kg);
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• Médios (de 11 a 25 kg);

• Grandes (de 26 a 45 kg);

• Gigantes (acima de 46 Kg)

Pequeno Médio Grande Gigante

Todos os
cães
possuem
regiões do
corpo
idênticas:
• Zona anterior: composta pela cabeça, pescoço e membros anteriores;
• Corpo: composto pelo dorso, rins, caixa torácica e abdome;
• Zona posterior: composto por ancas, membros posteriores e cauda

1. Trufa
2. Chanfro (zona posterior do nariz)
3. Olho

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4. Orelha (pavilhão)
5. Pescoço (região dorsal)
6. Espádua
7. Cernelha ou Garotte
8. Dorso
9. Rim
10. Garupa
11. Cauda
12. Coxas
13. Articulação (joelho)
14. Perna
15. Jarrete (tarso)
16. Metarso
17. Região inguinal (virilha)
18. Prepúcio
19. Flanco
20. Ventre
21. Braço
22. Pescoço (zona ventral)
23. Bochecha
24. Boca
25. Codilho (cotovelo)
26. Ante-braço
27. Carpo
28. Mão (dedos)
29. Unhas
30. Esterno
31. Ponta da espádua
32. Peito ou costelas
33. Garganta
34. Nuca
35. Extremidade das nádegas
36. Extremidade do cotovelo

Classificação zoológica do cão:


Classe: Mamíferos
Subclasse: Eutérios
Supraordem: Carnívoros
Ordem: Carnívoros terrestres
Família: dos canídeos
Género: Canis
Espécie: Canis familiaris – cão doméstico

Introdução à anatomia e fisiologia animal

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O corpo do cão é descrito por regiões, cada uma corresponde a um setor anatômico preciso.
Encontram-se assim, definidas, 52 regiões que permitem, nomeadamente ao perito de
certificação ou ao juiz de exposição, apreciar o espécime apresentado e explicar as decisões
tomadas ao seu proprietário.

Cabeça Abdome Membro pélvico


1. região frontal 25. r. xifoidiana 45. r. da articulação
2. r. parietal 26. r. do flanco da anca
3. r. temporal 27. r. umbilical 46. r. da coxa
4. r. auricular 28. r. hipogástrica 47. r. do joelho
5. r. zigomática 29. r. inguinal 48. r. póplitea
6. r. orbital 30. r. do prepúcio 49. r. da perna
7. r. intraorbital Pelve 50. r. do tarso
8. r. nasal 31. r. do sacro 51. r. do metatarso
9. r. bucal 32. r. coccígea ou r. 52. r. metatarso-falangiana
10. r. massetérica caudal
Pescoço 33. r. dos glúteos
11. r. da laringe 34. r. da tuberosidade
12. r. da parótida coxal
13. r. dorsal do pescoço 35.r.da tuberosidade
14. r. lateral do pescoço isquiática
15. r. ventral do
pescoço (r. traqueal) Membro torácico
16. r. pré-escapular 36. r.da articulação
escapulo-humeral
Tórax 37. r. do braço
17. r. interescapular 38. r. bicipital
18. r. dorsal 39. r. do codilho
19. r. Lombar 40. r. do ante-braço
20. r. da espádua 41. r. do carpo
21. r. do pré-esterno 42. r. do metacarpo
22. r. do esterno 43.r. metacarpo-falangiana
23. r. das costelas 44. r. ungiculada
24. r. do hipocôndrio
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O aparelho locomotor do cão e do gato
O esqueleto é a estrutura do cão e do gato. Trata-se de um conjunto
de ossos organizados entre si por meio de articulações que podem
ser de tipos distintos de acordo com o grau de amplitude entre dois ossos: algumas são
totalmente fixas (ossos do crânio), outras permitem movimentos em três dimensões
(articulação entre o crânio e a coluna vertebral). A mobilidade do esqueleto é
assegurada pelos músculos estriados que, por meio de tendões, se inserem sobre
ossos diferentes. A sua contração implica movimentos ao nível das estruturas ósseas,
umas em relação às outras, tal como nos movimentos de flexão e extensão.
As contrações musculares são comandadas pelos nervos através do sistema nervoso
central: o cérebro e o cerebelo para os movimentos voluntários, a espinal-medula para
os reflexos. Os neurônios que tomam parte no comando dos movimentos são
designados por neurônios motores em oposição aos neurônios sensitivos que
conduzem a informação ao cérebro.
O cão possui três a quatro formas de locomoção, com maior ou menor grau de
desenvolvimento consoante a raça: passo, trote, galope, passo travado. O cão é um
bom saltador e um nadador médio, apresentando sempre variações em função da
raça.

O esqueleto do cão

1. Mandíbula 8. Íleo 17. Metatarso


2. Face 9. Sacro 18. Falanges
3. Crânio 10. Vértebras caudais 19. Metacarpo
4. Vértebras cervicais 11. Ísquio 20. Carpo
5. Vértebras torácicas 12. Fémur 15 21. Rádio
6. Costelas 13. Rótula 22. Ulna
7. Vértebras lombares 14. Fíbula 23. Esterno
15. Tíbia 24. Úmero
16. Tarso Escápula
• O esqueleto. A coluna vertebral, formada por diferentes tipos de vértebras,
desempenha o papel de eixo axial na qual se inserem 13 costelas, 10 das quais ligadas
pelo esterno, formando a caixa torácica. O crânio articula-se com a primeira vértebra
cervical em forma de receptáculo, o atlas. Este articula-se com a seguinte, o axis, em
forma de "pivot", de tal forma que a cabeça se pode movimentar em volta do eixo formado
por estas duas vértebras.

• Os membros posteriores, verdadeiro sistema de propulsão do cão, engrenam-se na


bacia ao nível da articulação da anca, estando a bacia, por sua vez, unida à coluna
através de um sistema de ligamentos complexos. Os membros anteriores, com um papel
menos ativo na propulsão, estão simplesmente ligados à coluna torácica por meio da
escápula e músculos adjacentes.

• Os ossos são formados por uma estrutura fibrosa calcificada. Esta calcificação
ocorre progressivamente no decurso da vida fetal e durante a fase de crescimento. Esta
última fase é muito longa no caso dos cachorros de raças grandes, pelo que se aconselha
uma grande prudência em relação aos aportes de cálcio da alimentação para evitar
carências e excessos. O cálcio ósseo constitui, ao longo de toda a vida do cão, uma
reserva que aumenta ou diminui ao passo que o teor de cálcio sanguíneo permanece
constante. O centro dos ossos é constituído pela medula óssea, tecido esponjoso que
produz as células sanguíneas.

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O esqueleto do gato
O esqueleto do gato é composto por 279 a 282 ossos, geralmente alongados, esguios e
finos, mas muito resistentes.

• Coluna vertebral: 50 a 54 vértebras distribuídas por 5 segmentos ou regiões.


Inclui 7 vértebras cervicais, 13 dorsais ou torácicas, 7 lombares, 3 sagradas e 20 a
24 caudais ou coccígeas (cauda);

• Tórax: esterno; 13 pares de costelas, 9 das das quais esternais;

• Cabeça: o osso frontal é extremamente curto e o crânio é volumoso e

globular. As fossas temporais e as órbitas são muito extensas. As mandíbulas são


fortes e curtas.

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As articulações e músculos do cão

As articulações ão diferentes de acordo com os movimentos que condicionam: a simples


soldadura que impede qualquer movimento (ossos do crânio), a sínfise cartilaginosa que
permite um ligeiro movimento entre duas estruturas ósseas (sínfise púbica), a verdadeira
articulação em que as superfícies em causa se encontram cobertas por uma cartilagem
hialina e por uma cápsula comum às 2 articulações. Esta cápsula recobre uma cavidade
repleta por um líquido viscoso, a sinóvia, que desempenha simultaneamente um papel
nutritivo e lubrificante para a cartilagem. A cartilagem é um tecido muito frágil, não
renovável caso seja destruído, razão que explica a importância dessa dupla proteção
sinovial. Frequentemente, a cápsula articular está envolvida por um revestimento fibroso e
1. Mandíbula 10. Vértebras caudais 18. Falange
2. Face 11. Ísquio s
3. Crânio 12. Fémur 19. Metacar
4. Vértebras cervicais 13. Rótula ou Patela po
5. Vértebras torácicas 14. Fíbula 20. Carpo
6. Costelas 15. Tíbia 21. Rádio
7. Vértebras lombares 16. Tarso 22. Ulna
8. Íleo 17. Metatarso 23. Esterno
9. Sacro 24. Úmero
25. Escápul
a
numerosos ligamentos que reforçam a contenção articular. Caso duas extremidades
ósseas não sejam estritamente complementares, pode estar inserido um disco ou menisco
cartilaginoso complementar entre as duas superfícies articulares (articulação do joelho).

Os músculos
São constituídos por um conjunto de células contráteis ligadas entre si por membranas
que formam feixes musculares. Esses feixes reúnem-se formando tendões fibrosos que
se ligam às zonas de inserção óssea. As células contráteis possuem constituintes
específicos que lhe vão permitir encurtar-se, situação que produz, à escala muscular, a
contração. Esta requer a energia transportada pelo fluxo sanguíneo, armazenada e
metabolizada a nível celular. A determinação desta contração é nervosa, designando-se
por placa motriz a junção entre a célula nervosa e a célula muscular. Trata-se de um
sistema complexo que permite a transformação da informação nervosa em contração
muscular. O sistema muscular está assim estreitamente interligado ao sistema
circulatório e nervoso, qualquer alteração a nível de um deles implica repercussões
imediatas no aparelho locomotor.

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Músculos superficiais do cão:

1. Glândula parótida 12. Semitendinoso 24. Bíceps braquial


2. Glândula mandibular 13. Gastrocnêmio 25. Peitoral
3. Braquicéfalico 14. Músculo flexor dos dedos 26. Tríceps braquiais
4. Esterno-cefálico 15. Tendão calcanear comum 27. Deltóide
5. Trapézio 16. Músculos extensor longo dos 28. Esterno-hióideo
6. Grande dorsal dedos 29. Orbicular da boca
7. Abdominais (músculo 17. Músculo tíbial cranal 30. Zigomático
oblíquo externo do 18. Músculo intercostal 31. Levantador naso-labial
abdómen) interno 32. Masseter
8. Glúteo médio 19. Peitoral profundo 33. Orbicular
9. Músculos 20. Flexor ulnar do carpo 34. Temporal
sacrocaudais 21. Músculo extensor do
10.Músculo tensor da fáscia lata carpo 22. Músculo extensor
11.Bíceps fémurais comum dos dedos
23. Músculo extensor radial do
carpo

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As articulações e músculos do gato
As articulações são notavelmente flexíveis e móveis. Os membros conseguem efetuar uma
rotação completa sem risco de luxação. O esqueleto é extremamente flexível e a cauda
pode assumir todas as posições.
Os músculos da cabeça são caracterizados pelo seu grande desenvolvimento, complexidade e
interligação com os músculos subcutâneos. Os músculos mastigadores são extremamente
desenvolvidos.
A região cervical é composta por uma espessa massa muscular que está subdividida em 4
camadas. Os músculos do abdome são muito desenvolvidos, conferindo à parede abdominal a
sua textura carnuda e espessura característica. Os músculos da anca e coxas são bastante
fortes. As características específicas dos músculos dos membros são baseadas no número dos
dígitos das mãos e dos pés. Os membros possuem músculos rotatórios (de pronação e de
supinação: movimentos de rotação de 180¼ da face palmar ou plantar das mãos e pés). Os
membros posteriores, mais fortes que os anteriores, estão sempre preparados para o
relaxamento ou propulsão do animal. No caso do gato, a corrida é composta por uma série de
saltos longos e rasantes. O gato é um corredor de velocidade e não de distâncias longas. Os
seus músculos e garras permitem-lhe escalar e trepar com facilidade. Consegue saltar muito alto
e, quando a altura é suficiente, consegue criar sobre as 4 patas.

Músculos superficiais do gato

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7. Músculo gastrocnêmio
1. Músculo trapézio
2. Músculo grande dorsal 8. Músculo oblíquo externo do abdómen
3. Fáscia toracolombar 9. Músculo recto do abdómen
4. Músculo glúteo médio 10. Músculo tríceps do braço
5. Músculo tensor da fáscia lata 11. Músculo braquiocefálico
6. Músculo sacrocaudal 12. Músculo esternocefálico

Afecções do aparelho locomotor

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A artrose
Afecção das articulações caracterizada pela destruição progressiva da cartilagem articular
associada à formação de osteófitos (pequenos ossos) e de modificações do osso subcondral e da
membrana sinovial. É a evolução sistemática de uma articulação dolorosa. Dor, agravada pela
umidade e pelo frio. Melhora com o exercício moderado, mas agrava-se sob exercício muito
violento. Estes sintomas representam o estágio 1. O estágio 2 é caracterizado por episódios
agudos, como ganidos e supressão de apoios. A doença evolui para o bloqueio total da
articulação acompanhado por uma diminuição da dor (estágio 3).

As artrites
São inflamações da articulação. Podem ter diferentes origens: sépticas, com a presença de um
microorganismo infeccioso na articulação (a inoculação do microorganismo na articulação pode,
por exemplo, ocorrer por ocasião de dentadas), ou estéreis, podendo ser imunológicas
(poliartrites, as mais freqüentes) ou não.
A artrite séptica é caracterizada por uma inflamação (vermelhidão, calor, tumefação, dor) com
inchaço nítido e eventualmente supressão de apoios. Pode atingir uma ou várias articulações que
são mais frequentemente as grandes articulações ou as articulações intervertebrais. As
poliartrites apresentam os mesmos sintomas, sendo algumas, no entanto, mais específicas de
uma raça.

A displasia coxo-femural
Trata-se de uma afecção congênita, de caráter hereditário contestado, caracterizada por um
desenvolvimento anormal da articulação coxo-femural, que tem como conseqüência uma má
imbricação do fêmur na cavidade articular do quadril. É freqüente nos cães grandes e tem
desenvolvimento rápido (Terra-Nova, Labrador, Pirinéus, Pastor Alemão).
A primeira fase, dominada pela dor, é observada nos cães em fim de crescimento. Pode ser
suspeitada nos seguintes casos: marcha anormal "desengonçada" dos posteriores, posição em
"X" dos posteriores vistos por trás, recusa em trotar; galope de lebre: o cão não desenvolve o
movimento de flexão-extensão característico; recusa do salto; coxear constante; dor à
manipulação forçada em flexão extensão.
A segunda fase ocorre por volta dos 3 anos de idade: existem os mesmos sintomas,
exacerbados pela artrose.

22
A pele do cão e do
gato
A pele, no sentido mais puro,
representa o limite entre o organismo
e o meio exterior. Inclui duas estruturas: a pele, no sentido
estrito, ou seja, a estrutura queratinizada e os seus anexos (pêlos e diversas glândulas).

Estrutura da pele
A pele possui uma estrutura queratinizada. Podem distinguir-se 3 níveis na espessura da pele:

1. A epiderme, composta por uma camada basal, constituída por células em divisão e células
produtoras de melanina (pigmento responsável pela cor da pele); uma camada clara (duas a três
camadas celulares) muito espessa ao nível da trufa e das almofadinhas. Trata-se de células
resultantes de divisões anteriores e de macrófagos (responsáveis pela "eliminação" dos
elementos estranhos); de uma camada granulosa em que as células se aplanam; de uma camada
córnea composta por células muito planas sem núcleo, contendo uma quantidade considerável de
queratina; uma camada superficial onde se situam as células de descamação.

2. A derme, separada da estrutura anterior por uma lâmina basal e que representa uma
camada espessa da pele: 1,3 mm no dorso até 2,5 mm nas almofadinhas. Contém fibras elásticas
e colágeno que asseguram a elasticidade e a resistência a pele.

3. A hipoderme, que forma a camada mais profunda, rica em adipócitos (células gordas ou
lipídicas).

Apenas a derme e a hipoderme são vascularizadas e inervadas, atuando como receptores


das informações provenientes do exterior e do interior.

1. Pêlo primário
2. Epiderme
3. Derme
4. Músculo eretor do pêlo
5. Gordura subcutânea
6. Glândula sebácea
7. Glândula sudorípara
8. Pêlo secundário
23
9. Papila

Os anexos da pele
São compostos por diversas formações:

• Os folículos pilosos, constituídos por um pêlo e sua respectiva bainha, uma glândula
sebácea e um músculo eretor, responsável pelo eriçar do pêlo.

• As glândulas sudoríparas: as apócrinas, situam-se na derme profunda e o seu canal


desemboca a jusante da glândula sebácea. Estão presentes em todo o corpo. As
exócrinas, localizam-se na junção da hipoderme e da derme profunda. Encontram-se,
apenas, sobre as almofadinhas plantares e a trufa. Os seus respectivos canais
desembocam ao nível da epiderme independentemente do folículo piloso.
• As outras glândulas compreendem as glândulas anais, que servem para a marcação
territorial, e as glândulas supra-caudais, situadas sobre a base da cauda.

Vista palmar do membro torácico do cão:

1. Almofadinha do carpo
2. Almofadinha palmar (metacarpo)
3. Almofadinhas digitais
4. Unha
5. Esporão
EXERCÍCIOS

1) Cite, de acordo com os seus conhecimentos, 3 raças de cães de porte pequeno, 3 de porte
médio e 3 de porte grande. (você ainda não estudou as raças, portanto, pode ser que não
saiba todos, mas pelo menos tente).

2) O que é o esqueleto? O que garante sua mobilidade?

24
3) Cite os anexos da pele.

O sistema nervoso
O sistema nervoso recolhe as informações provenientes do exterior ou produzidas pelo
organismo, o que se dá o nome de estímulos. Liberta também impulsos que vão determinar a
contração dos músculos voluntários e involuntários (os músculos do esqueleto que controlam os
movimentos e os que fazem parte das vísceras, a secreção das glândulas).

O sistema nervoso é composto por células exclusivamente nervosas, os neurônios e


células de suporte que as envolvem e que formam a neuróglia.

Os neurônios podem funcionar como receptores quando recebem um estímulo, ou


emissores quando enviam impulsos nervosos, ou ainda atuar em associação quando
estabelecem uma relação entre dois neurônios diferentes.

As diferentes fibras nervosas caracterizam-se pela sua excitabilidade e condutividade. A


velocidade de condução da periferia para o cérebro e vice-versa é aproximadamente de 30
m/segundo. Os reflexos consistem numa transformação direta, através do sistema nervoso geral,
de uma informação sensitiva externa ao sistema nervoso para o interior, numa informação
25
motora, secretora ou inibidora, que parte do sistema nervoso até ao órgão implicado no reflexo
em causa; tudo isto se processa num espaço de tempo relativamente curto.

O sistema nervoso central


É composto pelo cérebro, cerebelo, bolbo raquidiano (na cavidade craniana) e espinalmedula.
Para além da proteção óssea que o envolve, o sistema nervoso central está recoberto por três
membranas: a dura-máter, em contacto com o osso, o aracnóide e a pia-máter em contacto direto
com o tecido nervoso. Esta proteção que funciona tanto em relação a choques como a agressões
internas (existe uma "barreira" entre o sangue e as meninges designada por barreira
hematomeníngica resistente a diversas substâncias) é justificada pelo fato dos neurônios serem
células não renováveis.
Qualquer lesão é assim irreparável.

• No cérebro estão sediados diferentes centros: motor, sensitivo, visual, auditivo, olfativo e
gustativo. É o centro da memória e da associação.

• O cerebelo é a sede do equilíbrio e da coordenação de movimentos.

A medula espinhal • A espinal-medula constitui um importante centro de reflexos, tal como


o bolbo raquidiano (vômito, salivação...) que é também o centro do
automatismo respiratório, cardíaco e dilatador/constritor dos vasos sanguíneos.

1. Septo dorsal 9. Coluna dorsal


2. Veio lateral dorsal 10. Coluna ventral
3. Gânglio espinal 11. Funículo ventral
4. Ramo dorsal
12. Fissura ventral
5. Ramo ventral
13. funículo lateral
6. Ligamento denteado
14 . canal central
7. Nervo espinal
15. coluna lateral
8. Funículo dorsal

26
Conformação exterior dos hemisférios cerebrais

I face lateral esquerda


II face medial

1. Hemisfério cerebral
2. Cerebelo
3. Espinal-medula
4. Pedúnculos cerebrais
5. Fissura pseudo-silviana
6. Sulco rino-lateral
7. Cerebelo
8. Espinal-medula
9. Hipófise

O sistema nervoso periférico


É constituído pela reunião das fibras nervosas em nervos que se ramificam simetricamente
para uma posterior distribuição pelo conjunto do corpo. Conduzem assim a informação sensível
da periferia para os centros de integração do sistema nervoso central: os nervos sensitivos; ou
então transportam os impulsos gerados pelo sistema nervoso central até ao órgão alvo: os nervos
motrizes. Diversos nervos são mistos e compreendem simultaneamente fibras sensíveis e
motrizes.

O sistema nervoso vegetativo


Tem na sua origem uma cadeia de gânglios nervosos situados de ambos os lados da coluna
vertebral. Controla as funções vegetativas de organismo, cujo funcionamento não é comandado
pelo sistema nervoso central ou periférico. Subdivide-se em dois sistemas: os sistemas simpático
e parassimpático que possuem ações opostas, consoante o caso, ativadoras ou inibidoras das
funções de um determinado órgão. Por exemplo, o sistema parassimpático ativa o trânsito
intestinal enquanto que o sistema simpático o inibe.
O sistema nervoso participa em numerosas afecções e interações
medicamentosas. Os danos podem ser muito variados e exigem um bom domínio do tema.

As convulsões
O termo convulsão refere-se ao distúrbio paroxístico (ataque súbito) involuntário do cérebro,
geralmente manifestando-se como uma atividade muscular descontrolada. Epilepsia
27
refere-se à recorrência ou repetição das convulsões, particularmente se a causa fundamental não
pode ser identificada (epilepsia idiopática). As convulsões caracteristicamente são não
precipitadas, estereotipadas e cessam espontaneamente.
Portanto, a epilepsia é uma enfermidade funcional do cérebro caracterizada por
convulsões tônico-clônicas, periódicas, recorrentes geralmente de breve duração e
aparentemente similar à epilepsia do homem. A epilepsia idiopática foi descrita em muitas
espécies, mas com grande frequência nos cães, principalmente nas raças Cocker Spaniel ,
Beagle, Pastor Alemão, Setter Irlandês, etc.
Animais com epilepsia freqüentemente tem uma história de nervosismo e desorientação
antes da convulsão. Esta fase pré-ataque é seguida pelas próprias convulsões, que normalmente
duram de 1 a 2 minutos e se caracterizam pela perda ou perturbação da consciência, pelo olhar
fixo, pela alteração do tono muscular, movimentos dos membros (tonico-clonicos) e alguns
animais também apresentam micção, evacuação e salivação. As convulsões podem começar no
primeiro ano de vida do cão, mas com maior freqüência no segundo ano. O local de origem das
convulsões no cérebro é chamado de foco das convulsões sendo que elas podem ser
amplamente divididas em dois grupos: nas ormas generalizadas e focal (parcial).

EXERCÍCIOS

1. Cite e explique os diferentes sistemas nervosos

2. Qual sistema nervoso é responsável pelos ataques convulsivos: o central, o periférico ou o


vegetativo?
Por que?

28
Sistema circulatório
Entende-se por circulação sanguínea o estudo dos vasos (veias e artérias) e do coração, não
só no plano anatômico como também fisiológico. A circulação linfática é o sistema de drenagem
que auxilia a circulação geral.
Na sequência de um desenvolvimento normal, o eixo do coração do cão deve apresentar-se
oblíquo em relação ao eixo do corpo, situando-se o coração mais à esquerda do que à direita. O
coração é achatado transversalmente, o lado direito em posição cranial (em direção à dianteira do
cão) e o lado esquerdo em posição caudal (em direção à traseira). Assim, a base do coração
onde estão situados os vasos é simultaneamente cranial e dorsal, enquanto que o ápice é caudal
e ventral. A sua área de inserção situa-se entre a 3° e a 6° costela e o peso varia
consideravelmente em função da raça do cão.

29
1. 3° costela 6. Ponta do coração
2. 6° costela 7. Ponta do cotovelo
3. Orifício aórtico 8. Válvula tricúspide
4. Orifício pulmonar 9. Orifício aórtico
5. Orifício átrio-ventricular esquerdo 10. 3° costela

Coração
Divide-se em quatro grandes compartimentos: o átrio direito que recebe o sangue pobre em
oxigênio e envia-o para o ventrículo direito, que o expele em direção aos pulmões; o átrio
esquerdo que recebe o sangue dos pulmões rico em oxigênio, envia-o para o ventrículo esquerdo
que por sua vez o expele para as diferentes zonas do corpo. No adulto o coração é totalmente
compartimentado, não se verificando a mistura entre os sangues rico e pobre em oxigênio, a
passagem pelos diferentes compartimentos processa-se graças a válvulas que formam um
sistema de “portas”.
30
Coração do cão face auricular

1. Ventrículo direito
2. Tronco pulmonar
3. Aurícula direita
4. Veia cava cranial
5. Aorta
6. Veia cava caudal
7. Aurícula esquerda
8. Ventrículo esquerdo

Os batimentos cardíacos

Os batimentos cardíacos processam-se segundo


um ciclo bem definido. Graças à fraca pressão do
retorno venoso e à abertura das válvulas átrio-
ventriculares, os ventrículos enchem-se
passivamente (estando as válvulas arteriais fechadas), seguidamente a
contração dos átrios completa o enchimento: a sístole auricular (ou atrial). Segue-se a sístole
ventricular, o ventrículo encontra-se no ponto máximo de enchimento, a pressão intraventricular
aumenta, provocando o fechamento das válvulas átrio-ventriculares no início da contração dos
ventrículos. Esta contração vai adquirindo cada vez maior intensidade até ao ponto em que a
pressão intraventricular passa a ser superior à pressão das artérias, desencadeando assim a
abertura das válvulas arteriais. Finalmente, os músculos cardíacos relaxam permitindo o
encerramento das válvulas arteriais: a fase de relaxamento. Os átrios voltam a encherse, as
válvulas átrio-ventriculares abrem-se, os ventrículos enchem-se e tem início um novo ciclo.
De fato, durante a auscultação com estetoscópio, o clínico apenas percebe os ruídos
provocados por estas diferentes fases. Os batimentos cardíacos traduzem-se no cão por dois
sons: "bum" - pequeno silêncio – "ta" - grande silêncio. O "bum" corresponde a um som longo
uma vez que a sua origem é múltipla: encerramento das válvulas ventriculares, entrada do
sangue sob pressão nos ventrículos e entrada turbulenta do sangue na raiz dos
troncos arteriais mais grossos. O "ta" corresponde a um som mais breve uma vez que a sua
origem é única: o fecho das válvulas arteriais. Ao nível do cão, qualquer ruído suplementar pode
ser considerado patológico. No entanto, graças à utilização de métodos recentes tais como a
eletrocardiografia ou a ecocardiografia, os batimentos cardíacos podem ser estudados com maior
rigor. A sua interpretação é bastante complexa e deve ser entregue a especialistas.
Finalmente, podemos interrogar-nos sobre a proveniência do ritmo cardíaco. De fato, na
parede muscular existem 3 tecidos, denominados nodais, compostos por células que podem
despolarizar-se lenta e espontaneamente, dando origem a um potencial de ação que se propaga
a todas as células cardíacas, provocando assim a contração do coração. É o tecido nodal situado

31
ao nível dos átrios que impõe o seu ritmo, desempenhando assim a função de “marcapasso” do
coração.

Esquema geral da circulação


8. Tronco celíaco e
mesentérico
9. Capilar das
vísceras
10. Capilares do
corpo

11. Canais linfáticos


do corpo
12. Veia porta
13. Capilar do fígado
14. Veias sub-
hepáticas
15. Canal torácico
(linfa)
16. Veia cava caudal
17. Ventrículo
1. Capilar da cabeça esquerdo
2. Veia cava cranial 18. Ventrículo direito
3. Tronco braquio-cefálico 19. Aurícula esquerda
4. Aorta 20. Aurícula direita
5. Tronco pulmonar
6. Veias pulmonares
7. Capilar dos pulmões
O ritmo cardíaco pode ser modificado por diferentes fatores, quer externos (percepção de um
objeto estressante...) quer internos, possuindo uma ação sobre os trajetos nervosos compostos
por fibras aceleradoras ou moderadoras. De igual forma, o pulmão e os gases sanguíneos vão
influir na freqüência cardíaca por meio de baroreceptores situados na curva aórtica. O excesso de
oxigênio conduz à diminuição do ritmo cardíaco enquanto que o excesso de gás carbônico possui
um efeito acelerador.

As artérias e veias

O coração desempenha apenas o papel de propulsor mas são os vasos sanguíneos que
transportam o sangue até aos órgãos. Do ponto de vista anatômico, designam-se por artérias os
vasos que saem do coração (quer o sangue seja rico ou pobre em oxigênio) designando-se por
veias os que regressam ao coração. Estas últimas comportam pequenas válvulas que
proporcionam ao sangue uma pressão fraca mas indispensável à circulação. É por este motivo
que, quando se corta uma artéria o sangue jorra em jatos, enquanto que no caso de uma veia o
derrame se processa de forma contínua.

32
A aorta, grande artéria cujo sangue se apresenta enriquecido em oxigênio, parte da zona
esquerda do coração em direção à zona anterior do animal. Curva-se rapidamente, formando o
arco da aorta, tomando então a direção da zona posterior. Imediatamente antes da curvatura,
encontra-se o início do tronco braquiocéfalico (que vasculariza a cabeça e os membros
anteriores) assim como a artéria subclávia esquerda com destino ao tórax. Seguidamente a aorta
passa pelo abdome para irrigar todos os órgãos e membros posteriores através da ramificação
em artérias progressivamente de menor calibre.

33
As veias no cão

1. Veia caudal 13. V. auricular


2. V. ilíaca interna 14.Glândula parótida
3. V. sacral lateral 15.V. do olho, do nariz e
4. V. testicular dos lábios
5. V. renal 16.Glândula mandibular
6. V. porta 17. V. facial
7. V. intercostal 18. V. jugular externa
8. V. cava cranial 19. V. axilar
9. V. costocervical 20. V. do coração
10.V.cervical profunda 21. V. torácica interna
11. V. vertebral 22. V. cefálica
12. V. jugular interna 23. V. metacarpiana

24. V. cava caudal


25. V. hepática
26. V. porta
27. V. hepigástrica
28. V. dorsal da glande
29. V. safena interna
30. V. metatarsiana
31. V. safena lateral As artérias do cão
32. V. poplitea
33. V. fémural
11. A. ilíaca interna 1. Artéria temporal
22. A. axilar
34. V. ilíaca externa
12. A. sacral 2. A.costocervical
23. Tronco auricular
35. V. pudenda interna
13. A. pudenda interna 3. A.cervical
24. A.tiroidiana
14. A. tibial 4. A. escapular dorsal
25. A.carótida
15. A. safena comum 5. A. torácica
6. A. intercostal 16. A. femoral 26. A.vertebral
7. A.celíaca 17. A. média 27. A. carótida
8. A. mesentérica cranial 18. A.antebraquial externa
9. A. lombar 19. A. braquial 28. A. facial
10. A. ilíaca externa 20 e 21.A. torácicas

Uma vez chegado ao músculo ou ao órgão, a artéria divide-se num feixe de arteríolas, artérias
que permitem a distribuição do oxigênio e que em troca retiram o dióxido de carbono. O sangue
volta a sair por vênulas que confluem numa veia de pequeno calibre. Todas estas pequenas veias
partem então em direção à veia cava cranial na zona anterior do corpo ou à veia cava caudal na
zona posterior. Estas duas veias trazem o sangue de volta ao lado direito do coração que o
propulsiona seguidamente, através do tronco pulmonar, em direção aos pulmões onde o sangue
se liberta do gás carbônico. Regressa ao coração pelas veias pulmonares para retomar a aorta: e
o círculo encerra-se.

34
A circulação linfática do cão e do gato
Trata-se de um sistema de drenagem que retira a linfa da circulação geral (sanguínea). Os vasos
são igualmente valvulados aglomerando-se com intervalos reduzidos para atravessar a linfa em
dois grandes troncos coletores: o ducto torácico e o ducto linfático direito. Os vasos em si são
pouco visíveis, no entanto são facilmente detectáveis os linfonodos linfáticos (ou gânglios) que
filtram a linfa da mesma região. O seu número é relativamente considerável, alguns são
superficiais e palpáveis, outros profundos (nas grandes cavidades) e apenas podem detectados
por via da radiologia ou ecografia. Na maioria dos casos a sua hipertrofia reflete uma inflamação
ao nível da região de drenagem, razão que justifica a importância da palpação durante o exame
clínico. Trata-se também de um local de passagem privilegiado das células cancerígenas ao
transitar de um órgão para outro, explicando-se assim que se proceda a extirpação dos gânglios
quando se faz a ablação de um tumor para limitar a extensão da doença.

Sistema linfático do cão

1. Troncos lombares
2. Tronco visceral
3. Tronco traqueal
4. Tronco torácico
5. Tronco bronco-mediastinal

Gânglios linfáticos da cabeça

1. Gânglios linfáticos retrofaríngeos laterais


2. Gânglio linfático retrofaríngeo medial
3. Gânglio linfático mandibular
4. Gânglio linfático parotídeo

35
Gânglios linfáticos clinicamente exploráveis

1. Gânglios linfáticos axilares acessórios


2. Gânglios linfáticos axilares
3. Gânglio linfático cervical superficial ventral
4. Gânglios linfáticos cervicais superficiais dorsais
5. Gânglio linfático retrofaríngeo medial
6. Gânglios linfáticos mandibulares
7. Gânglio linfático parotídeo
8. Gânglio linfático retrofaríngeo lateral
9. Gânglios linfáticos mediastínicos craniais
10. Gânglios linfáticos mesentéricos craniais
11. Gânglio linfático poplíteo superficial
12. Gânglio linfático inguinal superficial.

O sangue
O sangue é um líquido viscoso, heterogéneo, composto por uma parte líquida – o plasma – e
uma parte globular formada pelos glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos e plaquetas.
Possui uma dupla função: transporte e defesa. Permite o transporte de:

• Gases respiratórios, como o oxigênio e o dióxido de carbono;


• Metabólitos celulares;
• Resíduos produzidos pelas células;
• Substâncias que regulam a atividade celular, como hormônios;
• Calor, entre as zonas de produção e as de eliminação.

O sangue desempenha também um papel fundamental na defesa do organismo. Graças às


propriedades de hemeostase e de coagulação, as hemorragias são estancadas em caso de
ruptura da parede interna de um vaso sanguíneo. Algumas células, como os macrófagos,
desempenham um serviço de limpeza, removendo todos os resíduos de origem interna ou
invasores externos. Finalmente, o sistema imunitário permite detectar todos os elementos
estranhos "memorizados" e reconhecidos, eliminando-os com maior eficácia.

Os glóbulos vermelhos

36
Com um formato discóide, os glóbulos vermelhos ou hemácias contém hemoglobina, uma
proteína composta por ferro e que transporta oxigênio. Caracterizam-se por possuir paredes
muito elásticas, o que lhes permite atravessar os vasos capilares, por mais estreitos que sejam.
O seu tempo médio de vida é de 2 meses. Após a sua destruição por células especializadas, a
hemoglobina transforma-se num pigmento, a hemoglobina transforma-se num pigmento, a
bilirrubina, que por sua vez é transformada e eliminada através da bílis e urina, o que lhes
confere uma coloração amarela ou verde.

Os glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos atuam simultaneamente na limpeza e no patrulhamento
organizado contra os invasores. Com efeito, são compostos por diferentes tipos celulares
especializados que cooperam ativamente na troca permanente de informações, graças a
mensageiros químicos denominados citocinas. Conseguem detectar todos os elementos
estranhos e resíduos, destruindo, envolvendo e digerindo-os. Estão dotados de uma grande
capacidade de aprendizagem - a função imunitária - que lhes permite reconhecer com maior
eficácia um elemento já anteriormente detectado (antígeno), atacando-o graças à presença de
anticorpos específicos. A vacinação tira partido desta capacidade de memória.

As plaquetas
São pequenas células que entram em atividade logo que surge um elemento estranho no
sangue, ou ao entrarem em contato com o tecido conjuntivo, no local de uma pequena ruptura
vascular. Possuem a capacidade de aderirem a essa área, onde rapidamente se aglomeram,
formando uma espécie de tampão. Simultaneamente, os vasos contraem-se localmente e a
hemorragia é estancada. Este processo é conhecido por hematose

Os elementos do sangue

1. Plaquetas
2. Leucócitos
3. Hemácias

EXERCÍCIOS

1) Explique resumidamente as funções dos


glóbulos vermelhos, dos glóbulos brancos e das plaquetas.

37
Sistema Respiratório

A respiração
A respiração é a função que permite ao organismo fornecer oxigênio às células e tecidos e,
simultaneamente, eliminar o dióxido de carbono (trocas gasosas).
O aparelho respiratório divide-se em duas partes: o aparelho respiratório superior e o inferior.

38
Aparelho respiratório superior
É constituído pelas cavidades nasais, nasofaringe, laringe e traquéia. As cavidades nasais estão
situadas no chanfro e na fronte do cão e abrem-se para o exterior através das narinas que, por
sua vez, se encontram na trufa. Dotadas de uma estrutura cartilaginosa, evidenciam uma boa
abertura e permitem a entrada de ar.

Cavidade nasal do cão

1. Osso nasal
2. Osso incisivo
As cavidades
3. Maxilar nasais e a nasofaringe
4. Cartilagem lateral
As 5.cavidades nasais no seguimento das narinas são
Septo nasa
constituídas por cornetos e seios nasais. São separadas
por um septo ósseo médio cujos ossos se apresentam
enrolados sobre si mesmos (cornetos). A mucosa que
os recobre é bastante extensa o que permite amplificar o
seu papel: ricamente vascularizada, aquece o ar
saturando-o de vapor de água. Além disso, as glândulas
nasais nela contidas segregam um muco que capta as partículas agressivas do ar (pó,
micróbios...). Outra parte da mucosa, a olfativa, permite ao cão a percepção dos odores. Após a
passagem nas cavidades nasais, o ar é encaminhado pelas coanas, para a nasofaringe situada
no final da boca. Encontra-se, agora, a uma temperatura praticamente idêntica à do organismo e
liberto das suas impurezas.

A laringe

O ar prossegue o seu trajeto até aos pulmões pela laringe e traquéia. A laringe é constituída por
quatro cartilagens (cricóide, tiróide, aritenóide e epiglote) e está ligada aos ossos do crânio pelo
osso hióide. Um conjunto de músculos permite a mobilidade das cartilagens umas em relação às
outras. Assim, a laringe abre-se para a respiração e fecha-se quando o cão deglute evitando a
passagem dos alimentos para a traquéia, caso empreendessem a via errada. Modula, também, o
débito de ar fechandose em maior ou menor grau. A laringe comporta, também, as cordas vocais
que vibram por meio da passagem de ar, emitindo sons: rosnados, latidos.

A traqueia

É um tubo comprido constituído aproximadamente por 40 anéis cartilaginosos fechados por um


músculo traqueal. Conduz o ar da laringe (na garganta) até aos brônquios (no tórax). A contração
do músculo traqueal diminui o diâmetro da traquéia, modulando consequentemente o débito de ar
ou evitando a sua dilatação excessiva em caso de tosse, por exemplo.

39
O aparelho respiratório inferior
É composto pelos brônquios e pulmões situados no interior da cavidade torácica da qual se
encontram separados pela pleura. O tórax do animal está delimitado, lateralmente pelas costelas
e, na zona posterior, pelo diafragma. Os pulmões estão separados da parede costal pela pleura
que define a cavidade pleural. Mantém-se, assim, sempre cheios de ar. Os pulmões do cão estão
divididos em 7 lobos: 3 à esquerda (lobo apical, médio e diafragmático) e 4 à direita (lobo apical,
médio e diafragmático e acessório).

Esquema geral do aparelho respiratório do cão

1.Cavidade nasal
2. seios nasais
3. Coana
4. Faringe
5. Laringe
6. Esôfago
7. Traquéia
8. Terminação da traquéia
9. Bordo basal do pulmão
esquerdo
Os Projeção
10. brônquios dividem-se e asseguram
do diafragma
a condução
11. Pulmão esquerdo até aos alvéolos
do ar
pulmonares: o número de brônquios é idêntico
ao dos lóbulos pulmonares. Dividem-se,
seguidamente, em bronquíolos de calibre
progressivamente menor.

Os pulmões são, também, amplamente vascularizados de forma a permitir as trocas de


oxigênio e dióxido de carbono (hematose) numa grande superfície.

40
A hematose designa o conjunto de trocas
gasosas entre o ar alveolar e o sangue. Resulta de
fenômenos puramente passivos, envolvendo os
gradientes da pressão parcial dos gases entre o ar e
o sangue. O oxigênio, mais concentrado nos
alvéolos do que no sangue, passa do ar para o
sangue. O dióxido de carbono segue o caminho
inverso. A única forma que o animal tem de agir
sobre essas mudanças é fazer variar as pressões
parciais, modificando o débito de ventilação.
Qualquer aumento do débito de ventilação
(hiperventilação) acelera a renovação do ar alveolar,
aumentando as trocas gasosas. Os receptores
localizados nas artérias carótidas e na aorta
analisam permanentemente a composição do
sangue arterial, adaptando a ventilação a
qualquer variação, de forma a manter sempre os
mesmos níveis de pressão parcial de oxigênio e
dióxido de carbono.

O sistema digestivo
Graças à digestão, o animal dispõe de nutrientes (moléculas diretamente utilizáveis pelas
células) enquanto ingere alimentos com uma natureza molecular demasiado complexa para
serem simultaneamente absorvidos pelo intestino e utilizados pelas células. Por conseguinte, o
tubo digestivo do cão e do gato está totalmente direcionado para a simplificação molecular dos
alimentos (carboidratos, lipídeos, proteínas) e a absorção dos nutrientes. Divide-se em três
seções anatômicas: a primeira – ingestiva - é formada pela língua, dentes, glândulas salivares,
faringe e esôfago; a segunda – digestiva - compreende o estômago, intestino delgado, intestino
grosso e as glândulas anexas (fígado e pâncreas); a terceira - evacuação - engloba a
extremidade do intestino grosso e o canal do ânus.

A ingestão dos alimentos


• A boca. O cão abocanha os alimentos para seguidamente os ingerir. Tal como todos os
carnívoros, os dentes dos canídeos possuem um papel específico em termos da mastigação.
Atualmente, quer a alimentação do cão seja caseira ou industrial, o animal limita-se a engoli-la
sem ter de efetuar uma pré-mastigação mecânica. As glândulas salivares - em número par -
libertam a saliva na cavidade bucal; os seus componentes aquosos e mucosos humidificam os
alimentos e facilitam o seu trânsito no esôfago. No momento da deglutição, a língua empurra os
alimentos em direção à orofaringe, a epiglote fecha-se (evitando assim que estes transitem para a
traquéia) e os alimentos são conduzidos para o esôfago.

41
• O esôfago. A chegada da refeição e as contrações musculares do esôfago conduzem os
alimentos através do tórax e diafragma até ao estômago passando por uma região deste último
designada por cárdia.

A digestão do alimento

Os alimentos são constituídos por três tipos de moléculas: os glicídios, as proteínas e os


lipídios. A digestão de cada um destes grupos implica a atividade de mecanismos e enzimas
diferentes situados em lugares distintos do tubo digestivo. Será interessante referir, neste ponto,
as diferenças que se prendem com o formato do cão: assim, o tubo digestivo de um cão de raça
pequena representa 7% do seu peso corporal, este valor é aproximadamente 3% no caso de um
cão de raça grande, circunstância que o torna globalmente mais “frágil” do ponto de vista
digestivo.

Disposição geral do aparelho digestivo do cão


1. ânus 10. Molares
2. Reto 11. Caninos
3. Cólon descendente 12. Língua
4. Estômago 13. Traqueia
5. Fígado 14. Diafragma
6. Cárdia 15. Piloro
7. Esôfago 16. Intestino delgado
8. Glândula mandibular 17. Duodeno
9. Parótida

• O estômago. Situa-se na zona esquerda da cavidade abdominal, por trás das abas
costais, ultrapassando ligeiramente o esterno. O seu volume é considerável comparativamente ao
do intestino devido ao regime alimentar carnívoro do cão.

Quando o animal termina a refeição, o seu volume aumenta: totalmente dilatado, pode
chegar a ocupar metade da cavidade abdominal. No estômago, os alimentos são submetidos a
uma digestão simultaneamente mecânica e química. As contrações das túnicas musculares
produzem uma agitação que dá origem à mistura dos alimentos com o suco gástrico, verificando-
se, então, uma importante digestão química.

• O intestino delgado. O quimo (alimentos parcialmente digeridos) é seguidamente


propulsionado pelo piloro em direção ao duodeno, a primeira parte do intestino delgado. No
entanto, o intestino é frágil e o esvaziamento gástrico processase lentamente, controlado,
simultaneamente, pelo piloro e pela zona inicial do duodeno.

42
• As glândulas digestivas. O conjunto do bolo digerido transita, então, para o
intestino delgado onde é submetido à seqüência da digestão química por intermédio das
secreções pancreáticas e hepáticas libertadas no duodeno pelos canais secretores.

• O pâncreas. E um órgão bastante alongado, em forma de "V", nos carnívoros. Esta


glândula é constituída por um conjunto de células denominadas ácinos, que produzem e libertam
as enzimas digestivas no canal pancreático: o suco pancreático. Esta secreção ocorre apenas
durante as refeições. As enzimassão libertadas sob uma forma inativa (caso contrário destruiriam
os órgãos que atravessassem!) sendo ativadas posteriormente através de processos químicos
que ocorrem no intestino. Estas enzimas são, assim, as precursoras das proteases, lipases e
amilases. O suco pancreático é, também, constituído por bicarbonatos que permitem neutralizar o
conteúdo do intestino acidificado pelo estômago.

• O fígado é um órgão com múltiplas funções, entre as quais a digestiva. Situa-se por
trás do diafragma, do lado direito. As células do fígado estão organizadas em lobos hepáticos. A
bílis segregada é expelida através dos canais biliares, conducentes à vesícula biliar, onde a bílis
se encontra armazenada fora das refeições. Assim, a segregação da bílis é contínua ao longo do
dia. Quando o quimo atinge o duodeno, a vesícula contrai-se e provoca a descarga biliar. A bílis
entra, assim, em contacto com os alimentos pré-digeridos no duodeno. A bílis é constituída por
água, sais minerais, pigmentos biliares e sais biliares. Os pigmentos biliares não possuem
qualquer função na digestão (são produtos de degradação da hemoglobina) e são, efetivamente,
excretados pelo tubo digestivo. Pelo contrário, os sais biliares possuem um papel fundamental na
digestão dos lipídios.

• A flora digestiva. O intestino do cão, tal como o de qualquer espécie animal, possui
uma microflora importante constituída por microorganismos essencialmente bacterianos que
participam ativamente nos fenômenos da digestão. Esta flora intestinal é extremamente sensível
a variações em termos da qualidade alimentar (o cão é um carnívoro) o que explica que,
contrariamente ao homem (que é onívoro), a alimentação do cão não deva ser alterada a cada
refeição sob pena de provocar a destruição da flora intestinal e a ocorrência de diarréias.

Cavidade abdominal do cão em decúbito dorsal

1. Fígado
2. Arco costal
3. Estômago
4. Baço
5. Cólon descendente
6. Parte ascendente do
duodeno
7. Parede do abdómen
8. Canal deferente
9. Bexiga
10. Zona transversal do
duodeno
11. Jejuno
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12. Íleo
13. Ceco
14. Cólon ascendente
15. Cólon transverso
16. Pâncreas
17. Zona descendente do
A evacuação das fezes
As zonas intestinais que se seguem são as diversas partes do intestino grosso: o ceco, o
cólon, o reto e o ânus.

• O ceco e o cólon O ceco, muito curto, desempenha o mesmo papel que o cólon. Este
encontra-se dorsalmente sob o lombo. Tem como função absorver os nutrientes não absorvidos

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pelo intestino delgado: que é, sobretudo, o caso da água. O resto do quimo é parcialmente
digerido graças à flora microbiana intestinal, no entanto, trata-se de uma ação acessória ao nível
do cão; os nutrientes resultantes são absorvidos, tal como no caso do intestino delgado.
Desempenham também um papel na formação, armazenagem e evacuação das matérias fecais,
as fezes.

• O reto e o ânus Encontram-se situados na cavidade pélvica. O seu papel consiste em


armazenar as matérias fecais (exatamente como em todos os carnívoros) e proceder à sua
evacuação.

• A defecação A expulsão das matérias fecais processa-se em três fases. A primeira,


essencialmente comportamental, corresponde à procura do local: os cães têm tendência a
afastar-se do local onde vivem. Seguidamente ocorre uma fase de preparação mecânica: a
contração de diversos músculos leva o cão a assumir uma posição específica. A última, a fase de
evacuação propriamente dita resulta de uma acentuada contração do intestino grosso.

EXERCÍCIOS

1. Explique a sequência que o alimento percorre até o final da digestão.

2. Explique como ocorre a digestão dos glicídios, dos lipídios e das proteínas.

O aparelho urinário
Independentemente do sexo do animal os órgãos que tomam parte na produção e
posteriormente na eliminação da urina são idênticos. São, por ordem: os rins, dos quais partem
dois ureteres que desembocam na bexiga. Da bexiga parte uma uretra única, que conduz a urina
até ao seu ponto de evacuação para o exterior.
Todos estes elementos estão situados em posição abdominal. Os rins, em forma de feijão,
situam-se sob o arco lombar, virados para as primeiras vértebras lombares. O rim esquerdo é
ligeiramente mais caudal do que o direito. Os dois ureteres desembocam na face dorsal da
bexiga, que por sua vez se situa na parte dianteira da
45
A uretra segue um trajeto diferente nos machos e nas fêmeas. Nas cadelas, é mais curta e
geralmente mais ampla. Desemboca no vestíbulo da vagina através de uma pequena papila. Nos
machos a uretra é mais comprida, menos larga e composta por três partes, ou seja as zonas
prostática, membranosa e peniana.

1. Rim esquerdo
2. Artéria e veias renais
3. Ureter

Sistema Reprodutor
A reprodução
Embora os objetivos da reprodução sejam, naturalmente, obter cachorros, os meios para
os alcançar diferem sensivelmente entre um proprietário particular e um criador. Um proprietário
dum cão de companhia ou de utilidade deixará ocasionalmente a sua cadela reproduzir-se com a
finalidade de obter descendentes que apresentem qualidades comparáveis, embora a reprodução
não seja, conforme diz a crença popular, indispensável para o equilíbrio psicológico ou fisiológico
de um cão.

Na natureza o acesso à reprodução nas matilhas de cães selvagens depende intimamente


do estatuto hierárquico do indivíduo porque a monta é uma demonstração de dominância, o que
por vezes explica algumas incompatibilidades de temperamento entre parceiros. O criador, por
seu lado, tenta selecionar os reprodutores, machos e fêmeas, em função das suas origens, da
sua descendência e das suas qualidades genéticas. Consegue contornar o obstáculo hierárquico
assistindo e dirigindo a monta entre os reprodutores que escolheu. Em caso de recusa dos
parceiros, pode, até mesmo, recorrer à inseminação artificial para chegar aos seus objetivos.

A puberdade no macho
A idade a que é atingida a puberdade depende essencialmente do tamanho da raça na idade
adulta (aos 6 meses nas raças miniaturas e aos 18 meses nas raças gigantes). No macho, a
puberdade corresponde à produção dos primeiros espermatozóides fecundantes. Devido ao fato
da fertilidade diminuir com a idade e de forma ainda mais precoce nas raças grandes (fenômeno
provavelmente ligado ao envelhecimento da tiróide), o período fértil dos cães de raças grandes é
46
mais reduzido. Nestes cães, o poder fecundante do esperma por vezes começa a diminuir a partir
dos 7 anos de idade.

Aparelho genital do cão macho

1. Uretra 10. Cabeça do epidídimo


2. ânus 11. Prepúcio
3. Músculo retractor do pénis 12. Orifício externo da uretra
4. Bulbo do pénis 13. Parte alongada da glande peniana
5. Corpo cavernoso 14. Bulbo da glande
6. Músculo ísquio-cavernoso 15. Pénis
7. Cauda do epidídimo 16. Canal inguinal
8. Escroto 17. Canal deferente
9. Testículo 18. Bexiga
19. Ureter

Aparelho genital do gato macho

1. Ducto deferente
2. Cordão espermático
3. Epidídimo
4. Glande do pénis
5. Glândula bulbouretral
6. Músculo isquiocavernoso
7. Próstata
8. Pénis
9. Prepúcio
10. Testículo
11. Ureter
12. Uretra
13. Bexiga
14. Vasos testiculares

47
A puberdade na fêmea

Tal como acontece no macho, a puberdade na fêmea é atingida mais tardiamente nas raças
grandes (entre os 6 e 18 meses, dependendo do porte da raça). Os primeiros cios geralmente são
discretos e podem mesmo passar despercebidos. No entanto, na cadela deve ser feita a distinção
entre puberdade (capacidade de ovular) e nubilidade (capacidade de levar a termo uma gestação e
um parto), o que explica porque é desaconselhável acasalar uma cadela no primeiro cio, quando a
sua estrutura pélvica ainda não está completamente desenvolvida.
A partir da puberdade, o funcionamento do aparelho genital feminino adota um ritmo cíclico que
se exterioriza geralmente por dois períodos de cio por ano.

Aparelho genital das fêmeas

1. Ovário
2. Tuba uterina (de Falópio)
3. Corno uterino (aberto à
direita)
4. Colo uterino
5. Vagina
6. Orifício externo da uretra
7. Vulva
8. Uretra
9. Ureter
10. Bexiga
11. Tecido adiposo
Ciclo sexual da cadela
O ciclo sexual da cadela é considerado monoéstrico (uma única ovulação por cada ciclo)
com ovulação espontânea (ou seja, a ovulação não é desencadeada pelo acasalamento como
acontece na gata). Divide-se em quatro fases sucessivas:

Proestro: fase que prepara a ovulação,

Estro: fase de ovulação propriamente dita,

Metaestro: fase correspondente à duração de uma gestação e de uma lactação,

Anestro: fase de quiescência sexual.

A duração de cada uma das fases do ciclo pode ser variável. Apenas o metaestro tem uma
duração relativamente estável (120 +/- 20 dias).
A fêmea está em cio durante as fases de proestro e estro, um período que dura em média três
semanas. No entanto, a sua duração depende da data de ovulação, sendo variável de uma
cadela para outra, e na mesma cadela de um ciclo para o outro. Assim sendo, o fato de uma
cadela ter ovulado uma vez 12 dias após o aparecimento do corrimento sanguinolento, não
significa necessariamente que no ciclo seguinte a ovulação ocorrerá com o mesmo intervalo.

48
As fases do ciclo
Durante o proestro, a hipófise (glândula pituitária) induz a secreção de hormônios pelos folículos
ovarianos em crescimento. Estas hormônios são conhecidas como "estrogênios" e são
responsáveis pelas modificações físicas e comportamentais da cadela (atração de machos, busca
de afeto, ato de lamber a vulva, etc.). A vulva torna-se congesta e liberta um corrimento
sanguinolento que atrai os machos. No entanto, durante esta fase a fêmea ainda não está
receptiva e não permite a monta.
O período de aceitação do macho corresponde geralmente ao estro. É frequentemente
acompanhado por um reflexo de postura, caracterizado por um desvio lateral da posição da
cauda após uma estimulação vulvar. Contudo, este sinal deve ser interpretado com prudência em
determinadas fêmeas que aceitam o macho fora do seu período de ovulação.
Durante o estro as secreções vaginais tornam-se mais claras e transformam-se em
muco que irá facilitar o acasalamento. Nesta fase os óvulos são libertados ainda imaturos
no estágio dito "oocitário". Geralmente, são necessárias 48 horas para que se tornem
fecundáveis. Ao contrário do que acontece na maioria das outras espécies, os ovários da cadela
começam a secretar progesterona alguns dias antes da ovulação. O nível sanguíneo deste
hormônio aumenta então progressivamente, quer os ovócitos da cadela sejam fecundados ou
não. Assim, a dosagem de progesterona na cadela é um indicador da ovulação, mas não da
gestação.
Os níveis de progesterona atingem em seguida um nível que persiste durante todo o metaestro
devido à secreção deste hormônio pelos corpos lúteos do ovário que libertou os óvulos. A
progesterona prepara o útero para a nidação do embrião e para uma eventual gestação. A sua
produção decresce brutalmente dois meses depois da ovulação, permitindo o início da lactação e
a involução uterina até que o aparelho genital feminino possa entrar em repouso completo
(anestro).

Ciclo sexual da gata


A puberdade começa entre 4 e 12 meses. As raças de pêlo curto são mais precoces
(Abissínio, Birmanês e Siamês: 4 a 6 meses). Os Persas atingem a maturidade sexual com 1 ano
de idade. Na maioria dos casos, os primeiros cios ocorrem na Primavera, por volta do 7° mês. A
vida reprodutiva termina tardiamente (15 anos ou mais).

O aparelho sexual feminino apresenta, durante todo o período de atividade reprodutiva,


modificações estruturais que se produzem sempre na mesma ordem e se repetem com intervalos
periódicos, de acordo com um ritmo bem definido para cada espécie. Estes ciclos são apenas
interrompidos pela gestação. A gata é uma espécie sazonal: os ciclos ocorrem apenas num
determinado período do ano (estação sexual: principalmente de Janeiro a Outubro). Mas um
grande número de gatas (de pêlo curto, vivendo no interior, tipo siamês) praticamente não tem
períodos de descanso sexual (anestro). Aumentando o período de exposição à luz, é possível pôr
fim ao anestro.

O ciclo sexual da gata dura aproximadamente entre 15 e 28 dias. Pode ser dividido em 4
períodos que correspondem as diferentes fases de atividade ovárica.

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• Pró-estro: período de maturação folicular (o folículo ovárico contém o futuro óvulo).
Esta fase dura entre 1 a 4 dias.

• Estro (cio): período durante o qual a gata procura o acasalamento que desencadeia
a ovulação. Na maioria dos casos, a gata é uma espécie considerada de ovulação induzida, ou
seja, sem cópula não existe ovulação. O número de óvulos libertados (2 a 11) depende do
número e, principalmente, da freqüência dos cruzamentos (3 vezes no intervalo de 3 a 4 horas). A
ovulação ocorre 24 a 30 h após o acasalamento. No decorrer do estro, a gata executa um
verdadeiro comportamento de corte (mia, roça-se contra objetos e evidencia uma locomoção
arrítmica dos membros posteriores e lordose). O estro dura entre 4 a 10 dias.

• Metaestro: esta fase só existe se a gata tiver sido coberta, sendo neste caso
substituída pelo início da gestação. Caso não tenha sido coberta, ou se o macho for estéril,
desenvolve-se uma pseudogestação com uma duração de 30 a 40 dias.

• Anestro: período de repouso sexual. Esta fase tem uma duração variável,
dependendo das raças e das condições ambientais (iluminação, isolamento sem macho, etc.)

A fecundação
É o início de um novo ser através da fusão de 2 gametas que ocorre na parte superior do
oviduto.
Podemos observar dois fenômenos particulares:

• superfecundação: fecundação de diferentes óvulos, durante a mesma ovulação, por


espermatozóides de pais diferentes. O que significa que os filhotinhos da ninhada são
provenientes de pais diferentes.

• superfetação: 10% das gatas gestantes apresentam cio e aceitam o macho (entre o
21° e o 24° dia da gestação). Esta particularidade leva ao desenvolvimento de fetos com
diferentes idades gestacionais na mesma ninhada. Durante o parto, a gata poderá dar à luz fetos
vivos, nados-mortos e gatinhos prematuros.

EXERCÍCIOS

1. Cite uma importante diferença entre o ciclo sexual da cadela e o ciclo sexual da gata.

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A gestação
A sua duração varia entre 63 e 68 dias nas gatas e 58 a 64 dias nas cadelas.

Diagnóstico da gestação para cadelas

A fecundação de um óvulo por um espermatozóide resulta na formação de um ovo que


deve migrar e sofrer algumas divisões antes de ser implantado na mucosa uterina. Na cadela esta
nidação só ocorre em média 17 dias após a fecundação, e resulta na formação de vesículas
embrionárias que apenas podem ser detectadas por ultrasom a partir da terceira semana (no
mínimo, ao 18° dia).

A partir da terceira semana, uma cuidadosa palpação


abdominal pode por vezes detectar um útero em rosário, desde que a cadela não seja muito
gorda e que a parede abdominal não esteja tensa. Entre a quinta e a sexta semana de gestação,
o diâmetro do útero atinge um tamanho de uma alça intestinal. Portanto, durante este período
torna-se difícil distinguir através deste método um útero grávido de uma alça intestinal contendo
fezes endurecidas.

A radiografia só se torna útil no final da gestação, quando os esqueletos dos fetos estão
calcificados e se apresentam rádiopacos ao raio-X (a partir do 45° dia).

Outras técnicas de diagnóstico de gestação compreendem: mudanças de comportamento,


auscultação dos batimentos cardíacos dos fetos (audíveis em algumas cadelas nas duas últimas
semanas), modificações sanguíneas (velocidade de sedimentação, hematócrito), ou ainda o
desenvolvimento mamário da cadela gestante. Estas técnicas são, ou muito tardias ou muito
aleatórias para serem utilizadas de forma fiável.

Atualmente, o diagnóstico de gestação mais precoce é realizado através da ecografia


(ultra-som).

Diagnóstico de gestação para gatas


Como os testes hormonais não funcionam na gata, o diagnóstico é estabelecido pelos
dados obtidos no exame clínico, radiológico e mais recentemente ecográfico:
• Exame clínico: aumento bilateral do abdômen, detectável por volta do 30° dia.

• A palpação do abdômen permite, geralmente, sentir os fetos por volta da 3° semana.


Os fetos são reconhecidos pela sua disposição em rosário e pelo seu aspecto irregular,
semelhante a uma bossa dura.

• Radiológico: a radiografia permite detectar a gestação a partir do 21° dia. O


esqueleto dos gatinhos é detectado por volta do 36° dia, tornando-se bem nítido a partir do 40°
dia.

• Ecografia: o diagnóstico pode ser feito a partir do 20° dia. Os movimentos dos fetos
surgem por volta do 28° dia.

51
A partir da 6° semana, as várias partes do feto tornam-se
perceptíveis.

Fases da gestação
Na cadela, a duração da gestação pode variar de 58 a 68 dias (em
média 63 dias). Esta variação que é observada nas cadelas, está
associada à diferença entre a data de cruzamento e a data real de
fecundação. De fato, os espermatozóides podem sobreviver até
cinco dias nas vias genitais femininas antes que os óvulos sejam
fecundados.

Após a fecundação, os ovos transformam-se em embriões que migram dos ovidutos em direção
ao útero, e espalham-se uniformemente nos dois cornos uterinos. A nidação, ou seja, a
implantação do embrião na mucosa uterina, só se efetua entre o 17° e o 19° dia após a
fecundação, sendo impossível um diagnóstico de gestação através da ultra-som antes dessa
data.

A transformação do embrião no feto e o seu posterior crescimento, só é possível através do


fornecimento de nutrientes pela placenta e a existência de anexos embrionários (âmnios e
alantóide) que envolvem e protegem o feto. O crescimento dos fetos só se torna externamente
visível durante a segunda metade da gestação.

Anexos fetais da cadela

1. Córion viloso
2. Córion liso
3. Alantóide
4. âmnio
5. Vesícula umbilical
6. Orla da placenta
7. Placenta zonária do tipo endotélio-corial

Causas de infertilidade na cadela


Em todas as espécies animais, a fertilidade de uma população nunca atinge os 100 %.
Quando as condições de reprodução são ótimas, a fertilidade máxima na criação canina não
ultrapassa os 85 %. É recomendado que uma cadela de reprodução tenha de dois em dois anos
um período de cio em que não seja cruzada.
Apenas se pode suspeitar de infertilidade quando uma cadela cruzada em dois cios
consecutivos não fica gestante. No entanto, o Médico Veterinário pode tentar, desde o primeiro
fracasso, localizar mais precisamente a causa da infertilidade sem que tenha de esperar tanto
52
tempo. Através da realização de análises laboratoriais ao sêmen e da observação de ninhadas
recentes, é fácil eliminar as causas de infertilidade ligadas ao reprodutor. Se a infertilidade estiver
associada ao macho, existem geralmente poucas oportunidades de reprodução, e o melhor será
utilizar outro reprodutor.
Uma vez realizada esta verificação, as causas de infertilidade associadas à fêmea são muito
numerosas. Uma investigação cuidada que inclua informações sobre o seu passado reprodutivo
(ciclos anteriores), tratamentos realizados (particularmente hormonais), data do cruzamento,
forma como ocorreu o cruzamento, natureza dos corrimentos vulvares, etc, permitirão identificar a
causa de infertilidade. Estas causas podem estar associadas à produção de óvulos, à fertilização,
à nidação, ou até problemas relacionados com a gestação.

O parto
A vigilância durante o período prénatal começa com uma visita ao Médico Veterinário, a
qual é indispensável para as primíparas ou para as fêmeas de risco. Esta consulta deverá ser
realizada na oitava semana de gestação.

Um exame ginecológico da cadela permite detectar eventuais obstáculos ao parto. A


presença de bandas fibrosas na vagina das cadelas primíparas (gestantes pela primeira vez)
pode dificultar a expulsão dos cachorros.

A realização de uma ou mais radiografias abdominais durante este período torna possível a
contagem dos fetos, a qual é feita com maior precisão por radiografia do que por ecografia. Este
exame permite também detectar eventuais anomalias que são frequentemente causas de
distocias: estreitamento da bacia, mumificações fetais (imagens de contornos pouco nítidos,
deslocamentos dos ossos) ou ainda desproporções feto-maternas. Contudo, a determinação das
posições dos fetos por radiografia não é um bom indicador de eventuais distocias, pois os fetos
podem mudar de posição no último momento (rotação de 180°).

A realização duma ecografia uterina pode fornecer informações acerca da vitalidade dos
cachorros, através da observação dos seus batimentos cardíacos.

Sinais que antecedem o parto


A semana que precede o parto é geralmente acompanhada por uma modificação no
comportamento da cadela: tem tendência para fazer o "ninho", procura um lugar tranqüilo ou,
pelo contrário, procura a companhia do seu dono. A diminuição do apetite e desenvolvimento
mamário são sinais inconstantes, principalmente nas primíparas, nas quais o aparecimento
do leite só ocorre no próprio dia do parto ou até mesmo nos dias que se seguem ao
nascimento dos cachorros. Nos três dias que antecedem o parto, a vulva apresenta-se inchada e
relaxada sob o efeito do aumento de estrogênios, provocando por vezes manifestações de falso
cio.
A temperatura retal decresce 1°C nas 24 horas antes do parto. Este indicador pode ser usado
para prever o momento do parto. Assim, deve-se registrar a temperatura da cadela de manhã e à
noite durante os quatro dias que precedem a possível data do parto. Uma queda de 1°C em
relação à média dos quatro dias precedentes assinala então a iminência do parto. Esta hipotermia
temporária é concomitante com a queda de progesterona. Estes dois exames são sinais de

53
maturidade dos fetos e indicam que o nascimento dos cachorros pode ocorrer naturalmente ou
por cesariana sem riscos maiores para os recém-nascidos. A indução do parto na espécie canina
é perigosa.
Finalmente, o aparecimento de corrimento mucoso (que corresponde ao "tampão" mucoso que
mantinha a cérvix fechada) é um sinal de alerta para o início do parto e ocorre algumas horas (24
a 36 no máximo) antes das primeiras contrações. A gata começa a evidenciar nervosismo e
recolhe-se com freqüência no ninho preparado. O parto tem uma duração aproximada de 6 horas,
com intervalos de 10 a 60 minutos entre duas expulsões. A ninhada, em média, é composta por 3
a 5 crias. O peso dos gatinhos à nascença situa-se entre 100 e 125 g. No espaço de 2 anos, a
fêmea pode ter 5 ninhadas. Dá-se o nome de primípara à fêmea que procria pela primeira vez. A
mãe secciona o cordão umbilical e lambe vigorosamente os gatinhos. A gata permanece no
mesmo local durante 24 a 48 horas. Os gatinhos mamam pela primeira vez 1 a 2 horas após o
parto.

O parto normal
A menos que a visita pré-natal ao Médico Veterinário tenha detectado riscos específicos,
geralmente não é necessário intervir durante o parto.
Os primeiros sinais de parto aparecem em média 60 a 63 dias após a fecundação. Um
período de gestação de 65 dias pode indicar algum problema. Quando este período se prolonga
para além dos 70 dias estamos definitivamente perante uma situação anormal.
As primeiras contrações a aparecer são uterinas, e em geral só são detectáveis
externamente pelo nervosismo da cadela. Durante esta fase a cadela observa frequentemente os
seus flancos e procura um lugar tranqüilo para se isolar e preparar um "ninho" confortável. A
anorexia (perda de apetite) observada durante este período é uma situação normal, e algumas
fêmeas podem inclusivamente vomitar. Esta fase preparatória dura em média 6 a 12 horas,
podendo-se prolongar por 36 horas numa primípara. Se o proprietário estiver preocupado, pode
avaliar a dilatação vaginal através da introdução de um ou dois dedos protegidos com luvas,
aproveitando esta manipulação para detectar a eventual presença e a posição de um cachorro.

A progressão do primeiro cachorro provoca o início das contrações da prensa abdominal


(reflexo de Ferguson), que vem completar os esforços expulsivos do útero e que devem resultar
na ruptura da primeira bolsa de água (alantóide) no espaço de duas as a três horas. A segunda
bolsa de água (bolsa amniótica), que envolve o cachorro, aparece pendente na vulva no máximo
doze horas após a ruptura da alantóide.

Se a membrana amniótica não foi rasgada pela passagem do cachorro, a mãe executa
essa operação no minuto que se segue à expulsão, secciona o cordão umbilical e lambe o tórax
do recém-nascido, estimulando assim os seus primeiros movimentos respiratórios. Nesta fase, a
intervenção só é necessária se o feto estiver com uma apresentação posterior ou se o cachorro
não progredir apesar da estimulação materna. As apresentações posteriores são encontradas em
aproximadamente 40 % dos nascimentos, e tornam a expulsão do cachorro mais demorada.

Pode-se intervir através da realização de leves trações sincronizadas com as


contrações abdominais. É necessário verificar que não existem obstruções nas vias aéreas
superiores (freqüentes neste tipo de apresentação), caso existam deve-se limpar a zona e realizar
movimentos centrífugos que favorecem também o afluxo de sangue ao cérebro. Se estas
manobras se mostrarem ineficazes, é necessário utilizar água fria ou estimulantes
respiratórios.

54
Após o nascimento de cada cachorro a placenta e anexos são geralmente libertados nos
quinze minutos que se seguem à expulsão da cria (exceto se as contrações forem muito
intensas), e são na maioria das vezes ingeridos pela mãe. A expulsão dos seguintes cachorros
dá-se em intervalos de alguns minutos a cerca de meia hora. Assim, um período de tempo
superior a duas horas entre duas expulsões assinala uma anomalia, que pode ser devida a uma
inércia uterina primária (associada a fadiga, hipoglicemia ou hipocalcemia), ou secundária a um
obstáculo (cachorro com apresentação transversa, presença simultânea de dois fetos, obstrução
do canal pélvico). Neste caso é necessária uma intervenção médica ou cirúrgica.

55
MÓDULO
II

A nutrição dos animais


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A alimentação caseira
Sob o termo "alimentação caseira" está agrupado um conjunto heterogêneo de
modos de alimentação, desde a utilização exclusiva de sobras de refeições até à
elaboração de alimentações sofisticadas, mas preparadas pelo dono, e que têm em
conta todos os dados dietéticos indispensáveis ao equilíbrio nutricional.
Os Veterinários dispõem até mesmo de programas informáticos muito completos, elaborados
por professores investigadores das escolas de Veterinária de Alfort e de Toulose, que lhes
permitem prescrever aos seus pacientes caninos dietas perfeitamente adaptadas a todos os tipos
de porte. No sentido mais clássico, a ração doméstica compõe-se de uma mistura "carnearroz-
cenoura", à qual deve sempre ser acrescentado um complemento mineral e vitamínico específico.
É evidente que podem ser utilizados outros ingredientes substitutos, desde que o seu valor
nutritivo seja equivalente. Mas, será necessário conhecê-los bem para não cometer erros. No
caso mais simples de manutenção, a associação "produtos de carne + fontes de amido + legumes
+ suplementos" pode concretizar-se de
maneira extremamente diferente, conforme os ingredientes escolhidos e as proporções
respeitadas.

No plano prático, os conselhos clássicos do tipo:

- um terço de carne, um terço de arroz não cozido, um terço de legumes, associados a um


suplemento mineral e vitamínico (modelo "1/3-1/3-1/3");

- quatro partes de carne, três partes de arroz não cozido, duas partes de legumes, uma
parte de um suplemento composto por um terço de levedura dietética, um terço de
osso desidratado, um terço de azeite (modelo"4-3-2-1")

São muito simplistas e devem ser questionados, pois não levam em conta, por exemplo, as
variabilidades de tamanho das diferentes raças de cães. Por outro lado, substituindo a carne
gorda por carne magra, o valor energético de uma ração, como a definida acima, passará de
cerca de 2000 kcal para aproximadamente 1250 kcal/kg de alimentação! A relação
"proteína/caloria", expressa em gramas de proteínas por megacaloria de energia, bastante
importante para o cão, depende estreitamente da fonte de carne utilizada: peixe magro ou gordo,
tipo de carne. Assim, o conteúdo em lipídeos da carne pode variar de 0,5% a 35%, o seu
conteúdo em proteínas de 10% a 20% e em água de 45% a 80%.
Na alimentação caseira também é importante determinar se as fontes de amido
a serem utilizadas estão cruas ou cozidas nas proporções utilizadas, pois o arroz
absorve até três vezes o seu peso em água durante o cozimento.

57
Enfim, neste contexto de alimentação tradicional, é evidente que o complemento
vitamínico-mineral incorporado não pode ter em conta as ingestões vitamínicas e minerais
específicas para cada tipo de dieta e a imprecisão da dosagem ponderal pode
perturbar o equilíbrio nutricional global da mistura. Caso seja adotada esta solução, o dono
deverá utilizar um complemento no qual a relação Ca/P (relação dos conteúdos em cálcio e em
fósforo) seja obrigatoriamente igual a dois.

A alimentação industrializada
Derivados das indústrias agro-alimentares humana e dos animais de produção, os alimentos
industriais são classificados em função do seu conteúdo em água:

 Alimentos úmidos (70% a 85% de umidade):

- alimentos enlatados, carnes e legumes frescos;


- carnes cozidas para conservação no frio.

 Alimentos semi-úmidos (25% a 60% de umidade):

- alimentos cozidos e estabilizados graças à presença de conservantes e mantidos


sob refrigeração.

 Alimentos secos (menos de 14% de umidade):

- croquetes, biscoitos, flocos de cereais, massas, arroz tufado.

Os diferentes alimentos podem ser "completos" ou "complementares", estes


últimos devendo ser associados a outros para assegurar o suprimento das necessidades
fisiológicas.

As técnicas de fabricação

As latas
As latas (conservas) são alimentos esterilizados durante o processo de enlatamento
(1 hora e 30, dos quais 55 minutos a 120°C) e acondicionados em recipientes estanques a
líquidos, gases e microorganismos. Os produtos são constituídos principalmente por carnes e
miúdos derivados daquilo a que chamamos "subprodutos" (alimentos não consumidos pelo
homem), tratados sob a forma fresca ou congelada. A indústria de alimentos em lata surgiu em
1923 nos Estados Unidos e teve o seu maior desenvolvimento a partir dos anos 50.

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Alimentos semi-úmidos
Estes produtos não são esterilizados mas são:

- estabilizados com a ajuda de açúcar, sal ou aditivos químicos


(ex.: propilenoglicol);

- ou conservados sob refrigeração.

Alimentos secos (croquetes)

As tecnologias utilizadas são originadas diretamente das utilizadas na alimentação humana:

- as massas são preparadas a partir da sêmola de trigo duro, triturada a vácuo, comprimida e
depois cozida a vapor;

- os biscoitos, que apareceram pela primeira vez na Grã Bretanha em 1885 e em França em 1920,
são feitos de farinha amassada e, em seguida, cozida em forno tubular a vapor após o corte;

- os cereais em flocos são preparados como os destinados aos humanos para o pequeno-almoço,
por cozimento a vapor, trituração e secagem. Massas, biscoitos e flocos são alimentos
complementares destinados a serem misturados a uma fonte de carne.

Os croquetes são alimentos "extrudidos": o efeito conjugado da pressão na extrusora e da


temperatura (90 a 150° C) durante um tempo muito curto (20 a 30 segundos), que atua sobre a
mistura de ingredientes, permite a obtenção, após a secagem, de um produto homogêneo, em
seguida envolvido em gordura de acordo com o objetivo fisiológico. Esta última categoria de
produtos domina totalmente o mercado americano, de longe o mais evoluído na atualidade (80%
de alimentos secos, 66% de croquetes extrudidos), e impõe-se progressivamente em todos o
mundo, devido às suas qualidades nutricionais reconhecidas em todos os testes efetuados pelas
organizações de consumidores e às suas qualidades de custo e aspectos práticos (alimentos
geralmente utilizados pelos profissionais, ou seja, os criadores, ou preconizadas por aqueles que
prescrevem, ou seja os Médicos Veterinários).

Tipos de ração comercial

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Falar sobre alimentação de cães e gatos, mais especificamente ração comercial,
pode parecer um tema bastante simples, afinal estamos falando de uma embalagem
que se compra com o alimento pronto para servir. Mas não é bem assim, já que existem inúmeros
tipos e marcas de rações diferentes. Mas qual é a melhor para o animal?

Qual a diferença entre ração premium e ração super


premium?

Vamos começar falando em qualidade do alimento. As rações estão agrupadas conforme o


tipo da matéria prima utilizada na sua fabricação (veja a tabela abaixo com as principais marcas
em cada categoria). As chamadas super premium são as que possuem melhor fonte, seguidas
pelas rações premium. Vamos usar como exemplo as fontes de proteínas: o cão apresenta um
aproveitamento maior se a base da proteína for frango ou ovo. Essa proteína do frango pode ser
dos pés, das vísceras, da carcaça ou da carne propriamente dita.
É claro que existe proteína em todas estas partes, mas a existente na carne é de qualidade
superior a todas as outras. Sendo assim, temos uma matéria prima de melhor qualidade na ração
que utiliza essa fonte do que as rações que usam as outras, embora todas contenham proteína
na sua formulação. É por isso que muitas vezes achamos uma ração muito cara perto de outras,
mas se formos procurar saber o porquê dessa diferença é muito provável que a matéria prima
utilizada por uma seja bastante superior a outra, isso com certeza é um dos fatores.
Agora que escolhemos uma ração de boa qualidade, ela estará dividida em diversos sub-tipos,
como filhote, adulto, alta energia, light, tamanho do cão... De maneira geral um cão é considerado
filhote até 1 ano de idade, salvo em algumas raças muito grandes onde podemos considerar até 1
ano e meio, nesse período ele deverá comer a ração apropriada para sua idade e porte da raça
quando adulto, isso acontece porque um filhote de Maltês não tem as mesmas necessidades de
um filhote de Dog Alemão, tanto no aporte de nutrientes, quanto no tamanho do grão da ração.

EXERCÍCIOS

1) Cite as vantagens e desvantagens da alimentação caseira

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2) Cite as vantagens e desvantagens da alimentação industrializada.

3) Perante estas respostas, qual tipo de alimentação você indicaria para um


proprietário?

A medicina preventiva
Vários parasitas externos (ectoparasitos) de origem animal, como as pulgas, sarnas, piolhos e
ácaros, ou de origem vegetal, como tinhas e ainda as sarnas, podem modificar profundamente a
pele e a pelagem do cão. As infestações internas devidas a endoparasitos, frequentemente
veiculadas pelas pulgas, sarnas ou mosquitos, e as doenças virais podem atingir gravemente a
saúde do cão e desenvolver doenças infecto-contagiosas, das quais algumas beneficiam hoje em
dia de uma profilaxia por vacinas. A vigilância e uma boa higiene de vida podem evitar a maioria
destas afecções da saúde do cão das quais algumas podem tornar-se fatais.
61
A vacinação dos animais
As vacinações permitem evitar doenças infecto-contagiosas fatais. Algumas são obrigatórias. Só
podem ser eficazes se forem administradas em determinada circunstância, ou seja, respeitando
um calendário preciso.

Os diferentes tipos de vacinas

A administração de uma vacina a um cão baseia-se na inoculação de


microrganismos patogênicos ou de frações destes, de forma a que o
animal possa produzir uma imunidade contra esses vírus ou bactérias.
Algumas vacinas são ditas "de agentes vivos", o que significa que os
microrganismos ainda se podem multiplicar no organismo do cão, sem, no
entanto, possuírem caráter patogênico.

Distinguem-se:

• As vacinas de agentes atenuados. Trata-se de microrganismos – vírus ou bactérias – cujo poder


patogênico está diminuído após mutações obtidas, para os vírus, por meio
de passagens sucessivas em culturas de células pertencentes a animais de outras espécies
(galinha, porquinho-da-índia). A capacidade do vírus em provocar uma reação no cão é, então,
atenuada progressivamente. No que diz respeito às bactérias, são utilizados outros
procedimentos visando obter esses mesmos efeitos.

As vacinas são ditas homólogas se os agentes com os quais se pratica a vacinação


forem os mesmos do que os responsáveis pela doença. São denominadas heterólogas quando se
utiliza um microrganismo diferente, menos virulento que o primeiro, mais próximo do agente
patogênico selvagem.

• Outras vacinas, cujos agentes patogênicos foram modificados geneticamente, perdendo a sua
virulência. Também existem vacinas com agentes inertes incapazes de se multiplicar no
hospedeiro.

São elas:
• Vacinas com agentes inativados, nas quais o agente patogênico foi morto por ações químicas.

• Vacinas sub-unitárias, que contêm unicamente a parte do microrganismo responsável


pelo aparecimento da doença.

Estas vacinas de agentes inativados possuem uma maior inocuidade do que as vacinas vivas,
mas uma eficácia menor. Por este motivo, são frequentemente associadas a um adjuvante com a
função de prolongar o contacto com o organismo. No
caso da vacina anti-rábica, a presença de um adjuvante dispensa uma segunda injeção
após a primeira vacinação. De modo a evitar a aplicação de muitas injeções, utilizam-se com
freqüência várias valências, ou seja, o cão é vacinado contra várias doenças

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infecciosas ao mesmo tempo. No entanto, é necessário tomar o cuidado de não misturar vacinas
provenientes de diferentes fabricantes.

Acidentes pós-vacinais
Um cuidado importante dos profissionais de Clínicas Veterinárias e Pet shops é prestar
Importantes esclarecimentos aos proprietários de animais de estimação, quanto aos riscos dos
procedimentos de imunização (vacinação) de seus animais, sem a devida orientação e/ou
supervisão médico veterinária; considerando que esta vem se tornando uma prática, cada vez
mais comum e temerosa, com o advento da comercialização de vacinas em Pet shops e lojas de
produtos agropecuários.
Não somente os aspectos abaixo apresentados seriam os fatores únicos de nossa
preocupação com a vacinação praticada por leigos, mas também aqueles que proporcionam
interferências negativas nas respostas imunológicas às vacinas; tais como, interferência de
anticorpos maternos, verminoses e doenças intercorrentes. Fatores estes também, que só
poderão ser detectados e resolvidos por médicos veterinários.
Existem três formas principais de manifestaçõessintomáticas que caracterizam os acidentes
pós-vacinais; reações alérgicas locais, reações alérgicas sistêmicas (choque anafilático) e
acidentes neuro-paralíticos.

Reações alérgicas locais

As reações alérgicas locais que podem ocorrer após a aplicação de vacinas


estão associadas a presença de um adjuvante de imunidade, necessário para
aumentar a resposta imunogênica. A maioria das vacinas inativadas contém adjuvantes
e a reação pós-vacinal está relacionada com uma questão de sensibilidade individual.
Estas reações locais se caracterizam por uma alopecia (queda de pelo) no local de
aplicação da vacina, como resultado de uma paniculite granulomatosa focal ou de uma vasculite,
podendo se apresentar hiperpigmentada.

Reações alérgicas sistêmicas (Choque Anafilático)


A anafilaxia é uma síndrome determinada por um choque sistêmico, que se manifesta minutos
após a disseminação do alérgeno nos animais sensibilizados. Dentre os alérgenos que podem
induzir a uma anafilaxia estão as vacinas. Os órgãos envolvidos na anafilaxia, na maioria dos
animais, são o baço e os pulmões. A liberação de aminas vasoativas resulta em uma
vasodilatação esplênica, colapso vascular periférico, e em casos severos, coma e morte. Os
sinais clínicos incluem náusea, vômitos, diarréia, inquietação, ataxia, ataques epileptiformes,
palidez das membranas mucosas, taquipnéia e taquicardia. Alguns animais podem mostrar sinais
de hipersalivação, tenesmo e defecação.
Anafilaxia pode também ocorrer em formas localizadas, referidas como edema
angioneurótico ou facio-conjuntival e reações urticariformes. O edema angioneurótico é
tipicamente manifestado por inchaço dos lábios, pálpebras e conjuntiva, e é gerado
pelo mesmo tipo de alérgeno que induz a anafilaxia sistêmica. As lesões urticariformes
são lesões salientes e pruriginosas da pele, que ocorrem alguns minutos após à
exposição ao alérgeno.
63
Acidentes neuro-paralíticos
São afecções nervosas desmielinizantes ou mielinoclásticas, determinantes de
uma encefalomielite alérgica, cujo substrato é a desmielinização do Sistema Nervoso Central.
Estas afecções têm maior importância no cão, que é mais sujeito a tais encefalites, pela
freqüência com que é imunizado com determinadas vacinas antirábicas.
Está evidenciado que a substância responsável pela encefalite alérgica existe na substância
branca do cérebro de mamíferos.
Quando injetada esta substância, haveria a formação de anticorpos que se ligariam a uma
parte não determinada da mielina, causando sua degradação e conseqüente estabelecimento da
encefalite alérgica. Em condições naturais, o processo aparece sobretudo em animais e em seres
humanos, que inesperadamente exibem sintomas de paralisia, alguns dias após à administração
de suspensões de tecido nervoso (vacinas anti-rábicas).
A afecção se inicia, comumente, por paralisia de um ou mais membros, com rápida progressão
por todo o corpo. A morte é o desfecho habitual, nas formas graves da enfermidade. Podemos ver
desta forma, que todo processo de imunização em animais domésticos de estimação deve passar
pelo crivo da responsabilidade técnica de um profissional médico veterinário, que avalie
primeiramente a condição básica de saúde deste animal que será submetido à vacinação;
analisando seu nível de infestação parasitária, sua condição nutricional e elaborando um
programa de vacinação que obedeça as possíveis condições de imuno-interferências, para
definição do quantitativo adequado de doses seriadas em relação a faixa etária de aplicação do
mesmo. Por conseguinte, em decorrência dos riscos de acidentes pós-vacinais descritos, a
exigência de uma supervisão e acompanhamento do ato de aplicação deste programa de
vacinação, fica clara e evidentemente demonstrada neste relato técnico.

Calendário de vacinação de cães


Antes de vacinar um animal, devemos ter alguns cuidados
importantes, para garantir a integridade da saúde do nosso paciente. É
preferível não vacinar os cães em más condições de saúde,
especialmente aqueles que estejam com febre ou fortemente
infestados por ectoparasitas ou endoparasitas. Neste caso, é
preferível tratar o cão contra os parasitas. Se o calendário não pôde
ser seguido desde a 7a ou 9a semana, ele deverá ser retomado na sua
totalidade o mais rapidamente possível, independentemente da idade do
cão, com o mesmo ritmo de espaçamento entre vacinações.

Quadro de vacinas obrigatórias para o cão


45 dias 1a dose da óctupla (décupla)

66 dias 2a dose da óctupla (décupla)

87 dias 3a dose da óctupla (décupla)


120 dias 1a dose da anti-rábica
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Reforço anual para a óctupla (décupla) e para
a anti-rábica

O quadro de vacinação dos cães pode variar conforme as necessidades de cada animal,
situação de risco ou região, podendo ser alterado apenas pelo Médico Veterinário.

Doenças imunizadas
 Óctupla- Vacina que imuniza cães contra cinomose, hepatite infecciosa, Adenovírus tipo
2, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose, sendo esta contra a Leptospira
icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola ;

 Décupla- Imuniza conta as mesmas doenças da óctupla, porém contra mais 2 sorovares
de leptospirose, sendo eles a Leptospira grippotyphosa e Leptospira pomona.

Existem outras vacinas polivalentes, porém de atuação menos eficaz:

 Sextupla - Imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, parainfluenza e 2


sorovares de leptospirose, sendo a Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola.
 Tríplice canina - Vacina esta que imuniza contra cinomose, hepatite infecciosa e
leptospirose, sendo os sorovares Leptospira icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola.

Existem ainda inúmeras vacinas contra as mais variadas doenças, sendo as chamadas vacinas
monovalentes. Dentre estas existem vacinas contra parvovirose, leptospirose, coronavirose, raiva,
giardíase, leishmaniose, tosse dos canis, etc.

Calendário de vacinação de gatos


Qualquer dono, consciente da saúde do seu gato, deve preocupar-se em
protegê-lo de doenças graves através da vacinação. A prevalência de
diversas doenças graves do gato tem vindo a diminuir ao longo dos anos
graças à disponibilidade de várias vacinas. Se por um lado, o número de
65
gatos vacinados tem vindo a aumentar de forma regular, por outro lado, em França, os gatos vão
menos às consultas médico-veterinárias em comparação com os cães e, como tal, estão menos
protegidos pela vacinação preventiva. Dentre as doenças que podem afetar os gatos, algumas
são fatais. Outras raramente colocam em risco a vida do animal. No entanto, é sempre preferível
evitar o seu aparecimento vacinando o animal. Infelizmente, não existem hoje em dia vacinas
eficazes para todas as doenças identificadas no gato. De modo geral, está contra-indicada a
vacinação de gatos doentes, parasitados ou em fase de tratamento com um imunossupressor.
Em regra, todos os gatinhos devem ser submetidos a desverminação antes da administração
da primovacinação. Além disso, a administração de vacinas modificadas é contra-indicada nas
fêmeas em gestaçã o, pois existe um risco potencial de induzir
anomalias no feto. O calendário de vacinas deve ser estabelecido pelo médico veterinário, em
função de diversos parâmetros, tais como o modo de vida do gato, idade e meio ambiente.
Entretanto, todos estes programas correspondem aos princípios gerais que seguidamente
passamos a resumir.
A maior dificuldade da primovacinação, consiste em conseguir vacinar o gatinho da melhor
forma e com a maior rapidez possível, imediatamente a seguir ao desaparecimento da imunidade
passiva. Isto obriga à aplicação de duas inoculações sucessivas: a primeira, administrada entre
as 6 e as 10 semanas de idade habitualmente às 8 semanas – e a segunda 3 a 4 semanas após
a primeira – de forma geral entre as 12 – 14 semanas. Existe uma legislação específica referente
à vacinação anti-rábica, pelo que esta não pode ser aplicada antes dos 3 meses de vida. A
administração de uma dose de reforço aos gatos que foram vacinados muito jovens é
indispensável para a manutenção de um nível de imunidade eficaz.

2 meses 1a dose da tríplice felina

2 meses e 3 s 2ª dose da tríplice felina


3 meses e 2 s 3ª dose da tríplice felina
4 meses 1ª dose da anti-rábica
Deve-se proceder o reforço anual de todas

A tríplice felina imuniza contra Rinotraqueíte, Calicivirose e


Panleucopenia Felina. Existe também a chamada vacina quádrupla
felina (Rinotraqueíte, Calicivirose, Panleucopenia e Clamidiose felinas)
e quíntupla felina (Rinotraqueíte, Calcivirose, Clamidiose, Leucemia e
Panleucopenia Felina).

Vermífugos

A título preventivo, os cachorros podem ser desverminados a partir das duas semanas de
idade. Utiliza-se um vermífugo polivalente – geralmente uma associação de vários anti-

66
helmínticos, o que permite obter um espectro de ação muito amplo – cuja dose é adaptada ao
peso do cão. Em seguida, trata-se o cão uma vez por mês até à idade de 6 meses, depois 3 a 4
vezes por ano, dependendo se o cão sai muito ou não.

Também é possível proceder a um exame coprológico de ovos de


helmintos e, desta forma, identificar o antihelmíntico mais adaptado ao caso observado. Além
disso, deve-se considerar o temperamento do cão para adaptar a forma de administração do
vermífugo. Alguns estão disponíveis sob a forma de comprimidos, outros sob a forma de pasta
ou de líquido; são administrados numa única ou em várias vezes, o que pode também influenciar
a escolha do vermífugo.
De qualquer forma, é essencial desverminar regularmente o seu cão, especialmente nos casos
em que vários cães vivem juntos e, principalmente, porque existe um risco de transmissão aos
seres humanos.

As pulgas
São insetos desprovidos de asas, cujo corpo é achatado lateralmente. As
pulgas do cão pertencem às espécies Ctenocephalides canis ou
Ctenocephalides felis, dos
quais somente os adultos são parasitas. Encontram-se principalmente nos
lugares frequentados pelo cão: estima-se que, num determinado momento,
apenas 10 % das pulgas estejam presentes na pelagem (o restante está no
ambiente!). As pulgas são muito prolíferas: as fêmeas põem numerosos
ovos (às vezes mil ou dois mil) em alguns meses. Como estes ovos não aderem à pelagem, caem
ao solo e acumulam-se nos tapetes, no chão, etc. Os ovos eclodem, libertando larvas que sofrem
metamorfoses, realizam mudas e transformam-se em ninfas. Depois, em condições favoráveis, o
adulto formado sai do casulo e torna-se um parasita no cão, chamado hospedeiro definitivo.
A pulga adulta perfura então a pele do cão, utilizando as suas peças bucais, e suga sangue,
graças à sua probóscide, após ter inoculado saliva anti-coagulante. A presença de pulgas é
revelada pelos seus excrementos: trata-se de pequenos grãos pretos que se encontram na pele
do animal, especialmente na região dorso-lombar. Correspondem ao sangue absorvido e, depois,
digerido pelas pulgas.
As pulgas causam várias patologias no cão. Em primeiro lugar, têm um papel patogênico direto,
em geral pouco incomodativo, que se limita às comichões. No entanto, o cão pode desenvolver
uma dermatite por hipersensibilidade às picadas de pulga (DAPP), que se traduz por um prurido
intenso, levando à queda de pelo ou, até mesmo, feridas ao coçar, localizadas na parte superior
do corpo (sobretudo na região lombar). Esta afecção é mais rara na estação fria, quando a
atividade das pulgas é menor. O seu papel patogênico indireto consiste na transmissão de

67
agentes patogênicos: bactérias (como a responsável pela peste humana) e parasitas do tubo
digestivo (transmissão por ingestão de pulgas adultas).

Porque e como combater as pulgas?


Para combater um parasita é preciso conhecer o seu desenvolvimento para poder agir
nas suas diferentes etapas. A larva desloca-se para se abrigar da luz (numa casa: nos tapetes,
almofadas, rodapés, frestas do piso, cantos). Depois de uma vida de 1 a 2 semanas, a larva
transforma-se em casulo que é muito resistente ao tratamento e pode sobreviver cinco meses. A
eclosão do adulto a partir do casulo deve-se à presença de animais ou de seres humanos. Numa
casa desabitada durante vários meses, a eclosão de vários casulos pode ser simultânea, levando
a uma invasão de pulgas em algumas horas. Na maioria das vezes, o adulto ataca um gato ou
um cão e pica-o para se alimentar de sangue. As fêmeas são as mais vorazes: ingerem
aproximadamente 15 vezes o seu próprio peso em sangue (70 fêmeas ingerem 1 ml de sangue
por dia). Durante os repastos sanguíneos, as fêmeas defecam e podem ser encontrados
excrementos de pulga na pelagem, como pequenos pontos pretos que se tornam vermelhos em
contato com um papel úmido. Além da espoliação sanguínea, as pulgas são frequentemente
responsáveis por alergias e também podem transmitir aos cães aos gatos um verme achatado,
muitas vezes visto nos carnívoros adultos.
A maioria dos tratamentos anti-pulgas aplicados aos animais (coleira, spray, pós...) diminui o
número de pulgas, mas esses tratamentos geralmente não são suficientes para as eliminar todas
porque muitas vezes estas ficam no meio ambiente. Por isso, recomendasse geralmente associar
dois tratamentos. O primeiro, à base de inseticida, visa matar todas as pulgas adultas nos cães e
nos gatos que vivem no local a ser tratado. Para tal, utilizam-se produtos antiparasitas
(piretróides) sob a forma de spray ou spot-on, ou seja, através da colocação na pele do cão de
algumas gotas de uma solução muito concentrada, contendo o mesmo produto que o spray.
Esta solução difunde-se então por todo o corpo do animal e permite matar todas as pulgas
quando estas se alimentam. Este tratamento deve ser renovado todos os meses como
manutenção. Existe um outro método que visa esterilizar as pulgas durante o seu repasto
sanguíneo, que se realiza administrando ao cão um comprimido uma vez por mês. O segundo
visa matar as pulgas (com um inseticida) ou bloquear o seu desenvolvimento (com um regulador
de crescimento de inseto, o IGR, que significa "Insect Growth Regulator") no meio ambiente.

Os carrapatos
Os carrapatos são ácaros de grandes dimensões (de 2 a 10 mm). Existe um grande
dimorfismo sexual relacionado com o fato do abdômen das fêmeas ser
fortemente dilatável, ao contrário do que acontece com os machos. O seu
corpo, de cor vermelho acastanhado, é achatado, exceto depois de se
alimentarem, quando se torna globuloso. São parasitas intermitentes,
estritamente hematófagos, exceto alguns machos de algumas espécies que não
se alimentam.
Os carrapatos parasitos do cão são principalmente da espécie Rhipicephalus sanguineus.
São muito específicas do cão, visto que procuram fixar-se neste hospedeiro (e apenas nele), em
qualquer estado evolutivo (larva, ninfa ou adulto). O carrapato fixa-se à pele do cão, de
preferência onde esta é mais fina. Então, introduz as suas peças bucais na pele e inocula uma
saliva especial que se solidifica, formando uma área de fixação muito resistente.

68
Assim, o carrapato pode alimentar-se de sangue, o que é facilitado pela injeção de uma saliva
com propriedades anticoagulantes e vasodilatadoras. Esta refeição é parcial para as larvas e as
ninfas, bem como para as fêmeas não fecundadas, mas torna-se muito significativa (até alguns
mililitros) para as fêmeas fecundadas. As larvas, ninfas e adultos fazem apenas um repasto
sanguíneo, ao contrário dos machos, que se alimentam em pequenas quantidades e várias
vezes. O carrapato pode libertar-se no final do repasto sanguíneo graças a uma outra saliva, que
dissolve a primeira. A este período de vida parasitária sucede uma fase de vida livre, dependendo
das condições do meio ambiente. No ciclo evolutivo do carrapato o período de vida livre é
consideravelmente mais longo do que o de vida parasitária. O carrapato do cão reproduzisse
geralmente no seu hospedeiro, depois a fêmea enche-se de sangue e cai ao solo.
Após várias semanas, a fêmea põe alguns milhares de ovos e morre. Conforme as condições
do meio ambiente, os ovos incubam durante um período mais ou menos longo de algumas
semanas, depois eclodem. De cada ovo surge uma larva, que aguarda sobre as folhagens a
passagem do seu futuro hospedeiro, o cão. Ela pode, então, fixar-se nele e fazer a sua refeição
de sangue, que dura alguns dias e, depois, deixa-se cair novamente ao solo. Após algum tempo
no chão, a larva transforma-se em ninfa. O processo repete se: a ninfa alimenta-se, cai
novamente ao solo e faz a muda para adulto, macho ou fêmea. O ciclo completo é longo,
considerando que requer a fixação do carrapato em três hospedeiros; se as condições não forem
ideais, pode durar até quatro anos. Além disso, nem todos os ovos chegam ao estado adulto
porque podem ser ingeridos em diferentes fases do seu desenvolvimento por vários animais,
principalmente durante a sua vida livre.
Os carrapatos desempenham um papel patogênico direto importante, pela irritação que
provoca a penetração do carrapato e a sua saliva. Depois do carrapato se desprender do
hospedeiro, a pele do cão fica fragilizada. A lesão provocada pela fixação pode tornar-se um foco
de penetração de bactérias, conduzindo a mais infecções. O repasto sanguíneo constitui uma
espoliação sanguínea mais ou menos intensa para o cão, podendo causar uma anemia severa
em caso de infestação maciça. Finalmente, a presença de carrapatos no cão pode provocar uma
reação tóxica, tanto local quanto generalizada. Conhecem-se, por exemplo, paralisias por
carrapatos na Austrália causadas pela espécie Ixodes holocyclus; sem tratamento, levam à morte
por paralisia dos músculos respiratórios.
A presença de carrapatos também tem influência sobre a imunidade do cão. Quando ocorre
uma nova infestação, surge uma hipersensibilidade que se manifesta por reações violentas
(prurido) no ponto de fixação, dificultando a presença carrapatos que, aos poucos, vão diminuindo
em número. Observa-se o aparecimento de uma imunidade adquirida. Os carrapatos também
podem transmitir vários agentes causadores de doenças, seja através de uma fêmea à sua
descendência, seja de um estado de desenvolvimento a outro, seja pela combinação dos dois.

Os carrapatos são responsáveis pela transmissão de:

 Babesia canis, agente da babesiose (também chamada piroplasmose)



 Hepatozoon canis, responsável pela hepatozoonose

 Ehrlichia canis, agente da erliquiose

 Zoonoses, (doenças transmissíveis aos seres humanos) tais como a febreescaro-nodular


da Ásia, da África e da Europa meridional, causada pela Rickettsia conori, e a febre
maculosa, doença que ocorre no Brasil e estados como Minas Gerais e São Paulo,
causado pela Rickettsia riquettsi.

69
Como eliminar os carrapatos?

Se o cão estiver pouco infestado, é possível extrair os carrapatos uma a uma com o auxílio de
uma pinça, de preferência após ter deitado um pouco de éter sobre o carrapato ou depois de
passar um papel absorvente embebido em ivermectina. Na verdade, é essencial que esta seja
retirada, sob pena de ocorrer a formação de um abscesso no local de implantação do parasita. Se
a infestação for muito intensa, deve-se então proceder a lavagens, utilizando, por exemplo,
piretróides ou amitraz, substâncias contra carrapatos. É aconselhável cimentar o solo e as
paredes dos canis e pulverizar com um inseticida adequado, de modo a prevenir as infestações a
outros grupos de animais.
Existe também uma vacina, cuja duração é de seis meses, que visa prevenir as parasitoses
quando o cão se desloca frequentemente a locais onde a população de carrapatos é grande,
como nas florestas ou matas.

EXERCÍCIOS

1) Cite algumas doenças transmitidas por pulgas aos cães.

2) Cite uma doença transmitida pela pulga ao ser humano.

3) Cite algumas doenças transmitidas por carrapatos aos cães.

4) Cite uma doença transmitida por carrapatos ao ser humano.

Zoonoses
70
Zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem, bem como aquelas
transmitidas do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas
afecções podem ser microrganismos diversos, como bactérias,
fungos, vírus, helmintos e rickéttsias. O termo antropozoonose se
aplica a doenças em que a participação humana no ciclo do
parasito é apenas acidental, ou secundária, como ocorre na
hidatidose. Nessa p arasitose, o ciclo se completa entre cães,
que hospedam a forma adulta do parasito, e carneiros, que
abrigam a forma larvária. O homem, ao ingerir os ovos
provenientes do cão, passa a comportar-se como hospedeiro
intermediário, no qual só se desenvolve a forma larvária. O
termo zooantroponose se aplica a parasitoses próprias do
homem, que acidentalmente podem transferir-se para animais. É o exemplo da
amebíase causada pela Entamoeba histolytica, que acidentalmente pode manifestar-se em cães.
Existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais, mas que,
transmitidos ao homem, encontram nesse novo hospedeiro melhores condições de
desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das insuficiências defensivas
desse último e acarretando graves lesões. As variantes dessa situação, envolvendo o homem, o
agente etiológico e os animais reservatórios, são muito freqüentes na natureza.

Vias de transmissão

A transmissão das zoonoses pode ocorrer através das seguintes vias:

1)TRANSMISSÃO DIRETA: Um hospedeiro vertebrado infectado transmite o parasita a outro


hospedeiro vertebrado suscetível através do contato direto.
Ex.: a raiva, brucelose, carbúnculo hemático, sarnas, microsporidioses, tricofitoses.

2)TRANSMISSÃO INDIRETA: Pode ocorrer através de diferentes vias:

2.1 Alimentos - Ex.: leptospirose, botulismo, carbúnculo hemático, brucelose,


tuberculose, salmoneloses, teníases, triquinelose.

2.2) Secreções - Ex.: Raiva, brucelose.

2.3) Vômitos - Ex.: leptospirose, peste, sarna, brucelose.

2.4) Artrópodes - Ex.: febre amarela, encefalomielite equina, tifo e peste.

Os sinais vitais
Sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal.
Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária para o auxílio do exame clínico do
animal, destacam-se pela sua importância e por nós serão abordados: a auscultação cardíaca, o
71
pulso, a temperatura corpórea e a respiração. Por serem os mesmos relacionados com a própria
existência da vida, recebem o nome de sinais vitais.

Auscultação cardíaca

Para realizar a auscultação cardíaca utilizamos um aparelho denominado


estetoscópio. Existem vários modelos, porém os principais componentes são:
Olivas auriculares: são pequenas peças cônicas que proporcionam uma perfeita
adaptação ao meato auditivo, de modo a criar um sistema fechado entre o
aparelho e o ouvido.

- Armação metálica: põe em comunicação as peças auriculares com o sistema flexível de


borracha; é provida de mola que permite um perfeito ajuste do aparelho.

- Tubos de borracha: possuem diâmetro de 0,3 a 0,5 cm. e comprimento de 25 a 30


cm.

- Receptores: existem dois tipos fundamentais: o de campânula de 2,5 cm que é mais sensível
aos sons de menor freqüência e o diafragma que dispõe de uma membrana semi-rígida com
diâmetro de 3 a 3,5 cm., utilizado para ausculta em geral.

Técnica: realize a auscultação em uma sala quieta, sem barulho e com o paciente calmo.
Posicione o paciente em pé, se possível, de forma que o coração fique em sua posição normal.
Avalie o coração independentemente dos pulmões; se for preciso segure o focinho do animal para
prender a respiração por alguns segundos. Primeiro ausculte do lado esquerdo do tórax, depois
do lado direito. O local correto de se colocar o diafragma do estetoscópio é embaixo das axilas do
animal, ou onde você sentir a pulsação do coração (faça isso colocando a mão sobre a parede do
tórax e procurando onde o coração “bate mais forte”).
Conte as batidas durante 15 segundos e depois multiplique por 4 para saber quantas batidas
por minuto (bpm) aquele animal apresenta. Se auscultar algum ruído estranho (um sopro por
exemplo) avise ao veterinário.

Frequências cardíacas Cão Gato


Calmo (ou adormecido) 50 a 90 bpm 90 a 120 bpm
Durante o exame 80 a 160 bpm 140 a 220 bpm
Exercício 230 bpm 230 bpm

Pulso

A palpação do pulso é um dos procedimentos clínicos mais antigos da prática médica, e


representa também um gesto simbólico, pois é um dos primeiros contatos físicos entre o médico
ou enfermeiro e o paciente.

 Fisiologia: com a contração do ventrículo esquerdo há uma ejeção de um volume de


sangue na aorta, e dali, para a árvore arterial, sendo que uma onda de pressão desloca-se

72
rapidamente pelo sistema arterial, onde pode ser percebida como pulso arterial. Portanto o
pulso é a contração e expansão alternada de uma artéria.

 Local: o melhor local para aferir o pulso nos animais é na artéria femoral, do lado interno
da coxa. Pode-se tentar aferir também nas carótidas (ao lado da veia jugular) no pescoço.
Conte as pulsações também em 15 segundos e multiplique por 4. Verifique também se o
pulso é forte ou se está fraco.

Temperatura

Sabemos ser quase constante, a temperatura no interior do corpo, com


uma mínima variação, ao redor de 0,6 graus centígrados, mesmo
quando expostos à grandes diferenças de temperatura externa, graças
à um complexo sistema chamado termorregulador. Já a temperatura no
exterior varia de acordo com condições ambientais. A mesma é medida
através do termômetro clínico.

 Local: o melhor local para medir a temperatura dos animais é no ânus, pois é a
que melhor reflete a verdadeira temperatura corporal.

O aparelho deve ser cuidadosamente introduzido, às vezes com uso de vaselina, de modo que o
depósito de mercúrio fique em contato com a mucosa do intestino (o reto). Como muitos animais
oferecem resistência à tomada de temperatura é conveniente que a operação dure pouco tempo,
com o emprego de termômetros clínicos que em trinta segundos marcam a temperatura
corretamente. É preciso que a coluna do mercúrio seja previamente baixada de pelo menos um
grau abaixo da temperatura normal do animal em exame. Para facilitar a colocação, o termômetro
deve ser lubrificado com vaselina, óleo ou mesmo água. A introdução jamais deve ser forçada a
fim de que o animal não se assuste e quebre o aparelho com movimentos violentos.
A temperatura retal dos cães é: 35 a 37,2ºC na primeira semana de vida; 37,2 a 37,8ºC na
segunda e terceira semanas; 37,5 a 39ºC na quarta semana; e 38,5 a 39ºC
a quinta semana em diante, inclusive nos animais adultos. Em cães adultos de grande porte, vai
de 37,4ºC a 39ºC, e em cães de pequeno porte de 38ºC a 39ºC. A temperatura retal de gatos
oscila entre 38ºC a 39,5ºC, sendo que em filhotes ela é um pouco mais baixa. Quando a
temperatura dos animais está acima do normal ele está com febre, e o termo técnico que deve
ser utilizado é hipertermia. Quando a temperatura está abaixo do normal, o animal está em
hipotermia. Ambos os casos deve ser imediatamente comunicado ao veterinário.

Frequência respiratória
O ritmo respiratório, que também deve ser regular, é verificado por meio da contagem do
número de modos dos movimentos do flanco ou do tórax, por minuto. O número de movimentos
respiratórios aumenta muito após um exercício ou esforço pesado, assim como em consequência
do susto, do medo e da excitação e quando o frio ou o calor são extremos, em lugares de
atmosfera confinada e durante um ataque de febre, convulsão

73
ou eclampsia. O normal para um cão de grande porte é de 14 a 30 movimentos por minuto, para
um cão pequeno é de 16 a 35, e para os gatos é de 20 a 40 movimentos por minuto, quando os
animais estão calmos.

Princípios cirúrgicos gerais

O sucesso de uma operação cirúrgica depende não só da compreensão dos


princípios básicos de divisão de tecidos, hemostasia e fechamento da ferida (atributos
do médico veterinário), como também de um centro cirúrgico bem equipado, mantido
por equipe treinada, que tem uma rotina organizada e estabelecida para esterilização
de instrumentos e para preparo e assistência ás operações. Nenhum centro cirúrgico fornece
todas as exigências ideais, mas isto não é desculpa para não se procurar os padrões de
assepsia, os mais aceitáveis possíveis, dentro das instalações do centro e do equipamento
disponível.
São vários os tipos de operações além daquelas realizadas em tecidos normalmente não-
infectados, como ovário-histerectomia de rotina e a maioria dos procedimentos ortopédicos;
operações no aparelho gastrointestinal, durante as quais o contudo intestinal pode contaminar
tanto os instrumentos como as mãos do cirurgião e do assistente; e finalmente exploração de
tecidos excessivamente infectado, como abscessos e fístulas. Deve ser regulamento
preestabelecido que nenhuma pessoa
terá permissão para entrar no centro cirúrgico sem primeiro vestir a indumentária protetora
apropriada, que deve incluir sapatilhas, gorro, máscara e avental.

Preparação do pessoal

Todos que adentrarem o centro cirúrgico devem passar por uma rigorosa
assepsia, que inclui limpeza com escova, sabão iodado, colocação de avental e luvas.
Primeiramente deve-se retirar todos os anéis, alianças, pulseiras, relógios, ou qualquer outro
objeto que seja potencialmente contaminante. Os antebraços e mãos são esfregados com uma
escova de unhas convencional, no mínimo 3 minutos, com atenção especial às unhas e entre os
dedos. Deve-se enxaguar as mãos e antebraços de cima para baixo, de modo que o fluxo de
água vá das mãos para o cotovelo.

Preparação das mesas de instrumentos

Se as mesas são preparadas para uma série de operações é


impossível garantir sua esterilização mesmo se forem
cuidadosamente cobertos; portanto, as mesas de
instrumentos devem ser preparadas antes de cada
operação. Deve-se limpar a superfície da mesa com
solução anti-séptica, como por exemplo álcool 70%, álcool
iodado, solução de cloro, etc. Depois cobre-se a mesa com
um pano de campo esterilizado.
A bandeja esterilizadas com todos os instrumentos necessários para
aquele tipo de cirurgia só deve ser aberta no momento da preparação dos instrumentos
74
na mesa. Estes devem ser “derramados” sobre a mesa já coberta pelo pano de campo, para só
depois, alguém já com luvas estéreis, possa arrumar os instrumentos de forma adequada. Na
hora de secar, comece pelos dedos, depois as mãos, punhos, antebraço e por último os
cotovelos, seguindo sempre esta ordem. As toalhas também devem estar esterilizadas.

Preparação para a cirurgia

Tendo o (a) enfermeiro(a) ou auxiliar preparado a mesa de instrumentos, colocado o avental


esterilizado e calçado as luvas, deve agora arrumar os instrumentos. Estes devem ser dispostos
de maneira que se possa dar assistência ao cirurgião durante toda a operação. A mesa deve
conter pinças hemostáticas (também chamadas “mosquito”), pinças de Allis, pinças de Kocher,
cabos de bisturi, tesouras de Mayo (retas e curvas), pinças de dissecação (lisas e denteadas),
afastadores, porta-agulhas além de compressas de reserva e materiais de sutura para o
fechamento.

Alguns instrumentos cirúrgicos mais utilizados:

1 3
2

4 5 6
1. Afastador de Farabeuf
2. Cabo de bisturi
3. Pinça Kelly
4. Pinça de Kocher
5. Afastador de Weitlaner
6. Pinça de Halstead reta (mosquito)

EXERCÍCIOS

1) Descreva a sequência correta de eventos que antecedem uma cirugia.

75
2) Pesquise e traga o nome de mais 3 instrumentos cirúrgicos que não foram
citados aqui.

Aplicação de medicamentos
Os medicamentos podem ser administrados por diversas vias: pela boca (oral); por injeção em
uma veia (intravenosa) ou em um músculo (intramuscular) ou sob a pele (subcutânea); inseridos
no reto (retal); instilados no olho (ocular); borrifados dentro do nariz (nasal) ou dentro da boca
(inalação); aplicados à pele para efeito local (tópica) ou sistêmico (transdérmica). Cada via tem
finalidades, vantagens e desvantagens específicas.

Via oral

A administração oral é, em geral, a mais conveniente, segura e barata, e portanto a mais


comum. Contudo, a via oral tem suas limitações. Muitos fatores, como outros medicamentos e a
alimentação, afetam a forma de absorção dos medicamentos depois de sua ingestão oral. Assim,
alguns medicamentos apenas devem ser tomados com o estômago vazio, enquanto outros
devem ser ingeridos com o alimento ou simplesmente não podem ser tomados por via oral.
Os medicamentos administrados por via oral são absorvidos pelo trato gastrointestinal. A
absorção começa na boca e no estômago, mas ocorre principalmente no intestino delgado. Para
chegar à circulação geral, o medicamento precisa primeiramente atravessar a parede intestinal e,
em seguida, o fígado. A parede intestinal e o fígado alteram quimicamente (metabolizam) muitos
medicamentos, diminuindo a quantidade absorvida. Em contraposição, os medicamentos
injetados por via intravenosa chegam à circulação geral sem atravessar a parede intestinal e o
fígado, e assim oferecem uma resposta mais rápida e consistente.
Alguns medicamentos administrados por via oral irritam o trato gastrointestinal: a aspirina e a
maioria das outras drogas antiinflamatórias não-esteróides, por exemplo, podem prejudicar o
revestimento do estômago e do intestino delgado e causar úlceras. Outros medicamentos são
absorvidos de forma deficiente ou errática no trato gastrointestinal ou destruídos pelo ambiente
ácido e pelas enzimas digestivas do estômago. A despeito dessas limitações, a via oral é utilizada
com freqüência muito maior que as demais vias de administração. As outras vias geralmente são
reservadas para situações em que o paciente não pode ingerir nada pela boca, em que o
medicamento deve ser administrado rapidamente ou em dose muito precisa ou quando a droga é
absorvida de forma deficiente e errática.

76
Comprimidos

Tente colocá-los dentro de uma pequena porção do alimento preferido do cão. Ele vai engolir sem
mastigar e não perceberá a medicação. Se não for possível fazer isso, a segunda opção é mais
agressiva. Abra a boca do cão, segure a sua língua e coloque o comprimido bem próximo da
garganta. Feche a boca, mantenha-a assim por um tempo, de forma que fique um pouco elevada.
Faça uma ligeira pressão na região da garganta, até que você perceba que ele tenha engolido.

Líquidos

Coloque a medicação em uma seringa descartável (plástica), sem a agulha. Segure o focinho do
animal, com a boca fechada, puxe a bochecha para o lado, para formar uma bolsa, introduza a
seringa e vá empurrando o êmbulo, e liberando o líquido, lateralmente aos dentes. Como a
cabeça deve estar elevada, o líquido chegará mais fácil à garganta e estimulará a deglutição.
Mantenha a boca segura, fechada, e a cabeça elevada até perceber que a medicação foi
engolida.

Vias Injetáveis

A administração por injeção (administração parenteral) compreende as vias subcutânea,


intramuscular e intravenosa. No caso da via subcutânea, a agulha é inserida por baixo da pele.
Depois de injetada, a droga chega aos pequenos vasos e é transportada pela corrente sangüínea.
A via subcutânea é utilizada para muitos medicamentos protéicos, como a insulina, que poderiam
ser digeridos no trato gastrointestinal se fossem tomados pela boca. Os medicamentos podem ser
preparados em suspensões ou em complexos relativamente insolúveis, de modo que sua
absorção se prolongue por horas, dias ou mais tempo, não precisando ser administrados com
tanta frequência. A via intramuscular é preferível à via subcutânea quando há necessidade de
maiores volumes do medicamento. Levando em consideração que os músculos estão situados
mais profundamente que a pele, é utilizada uma agulha mais comprida. No caso da via
intravenosa, a agulha é inserida diretamente em uma veia. Em pequenos animais usa-se a região
entre os músculos semi-membranoso e semi-tendinoso. Deve -se ter o cuidado para aspirar o
êmbolo da seringa antes de aplicar o remédio, pois se vier sangue terá que mudar a agulha de
lugar. Outro cuidado muito importante é fazer a injeção no local correto, pois se ocorrer um erro e
a agulha perfurar o nervo ciático, o animal poderá nunca mais movimentar a perna!
A aplicação intravenosa pode ser mais difícil que as demais parenterais, especialmente em
animais obesos. A administração intravenosa, seja em dose única ou em infusão contínua, é o
melhor modo de administrar medicamentos com rapidez e precisão. Em situações corriqueiras
utiliza-se as veias cefálica e safena, porém numa situação emergencial, qualquer veia que se
conseguir canular (até mesmo a jugular) pode ser usada para a aplicação de algum medicamento
de emergência. Esta via é perigosa se for utilizada de forma incorreta. Só pode ser usado
medicamentos com indicação para aplicação endovenosa, e em alguns casos, se o medicamento
vazar e cair fora da veia pode levar a sérios problemas como flebite e necrose. Outro cuidado é
nunca aplicar ar junto com o remédio, uma vez que isso pode levar a uma embolia pulmonar ou
cerebral, por exemplo.

Via Retal

77
Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem também ser administrados por
via retal, em forma de supositório. Nessa forma, o medicamento é misturado a uma substância
cerosa, que se dissolve depois de ter sido inserida no reto. Em razão do revestimento delgado e
da abundante irrigação sangüínea do reto, o medicamento é rapidamente absorvido. Supositórios
são receitados quando o animal não pode tomar o medicamento por via oral em razão da náusea,
impossibilidade de
engolir ou alguma restrição à ingestão, como ocorre em seguida a uma cirurgia. Alguns
medicamentos são irritantes em forma de supositório; para essas substâncias, deve ser utilizada
a via parenteral.

Via Transdérmica

Alguns medicamentos podem ser administrados pela aplicação de um emplastro


à pele. Essas substâncias, às vezes misturadas a um agente químico que facilita a
penetração cutânea, atravessam a pele e chegam à corrente sanguínea. A via transdérmica
permite que o medicamento seja fornecido de forma lenta e
contínua, durante muitas horas ou dias, ou mesmo por mais tempo. Mas alguns
animais sofrem irritação onde o emplastro toca a pele. Além disso, a via transdérmica fica limitada
pela velocidade com que a substância pode atravessar a pele. Apenas medicamentos que devem
ser administrados em doses diárias relativamente pequenas podem ser dados por via
transdérmica. Alguns exemplos são: nitroglicerina (para problemas cardíacos), escopolamina
(contra o enjôo de viagem), clonidina (contra a hipertensão) e fentanil (para o alívio da dor).
Inalação

Algumas substâncias, como os gases utilizados em anestesia e os medicamentos contra a asma


em recipientes aerossóis de dose medida, são inaladas. Essas substâncias transitam através das
vias respiratórias diretamente até os pulmões, onde são absorvidas pela circulação sanguínea.
Um número pequeno de medicamentos é administrado por essa via, porque a inalação precisa
ser cuidadosamente monitorada para garantir que o paciente receba a quantidade certa do
medicamento dentro de determinado período. Os sistemas de dose medida são úteis para os
medicamentos que atuam diretamente nos canais condutores do ar até os pulmões.
Considerando que a absorção até a corrente sanguínea é muito variável no caso da inalação por
aerossol, raramente esse método é utilizado na administração de medicamentos que atuem em
outros tecidos ou órgãos além dos pulmões.

EXERCÍCIOS

1) O que é perigoso no fato de uma pessoa sem treino ou experiência fazer injeções
intramusculares ou endovenosas?

Aplicação de Medicamentos (Continuação )


78
Via intravenoso

A via intravenosa só deve ser utilizada por pessoas devidamente capacitadas, com
treinamento prévio, uma vez que usada de forma inadequada pode até levar à morte do animal
por embolia, tromboembolia, choque anafilático (dependendo do tipo da droga administrada) ou
intoxicação (uma vez que aplicado o remédio não tem mais como tirálo do organismo). Até
mesmo os medicamentos utilizados por esta via devem ser prescritos unicamente pelo médico
veterinário, mesmo que você saiba que aquele determinado remédio seja de aplicação
intravenosa.
Antes de cateterizar qualquer vaso, deve-se fazer tricotomia da área e uma assepsia
cuidadosa. O acesso venoso periférico, com cânula metálica (escalpe ou agulhas) ou plástica
(cateter), de preferência em membros anteriores (veia cefálica principalmente), possibilita a
infusão de medicamentos como antibióticos, antiinflamatórios, vitaminas, soros, etc. Na
impossibilidade de uma veia periférica (por exemplo em casos de emergência), esses fármacos
podem ser administrados por um vaso de maior calibre, como a jugular; nos filhotes existe ainda a
alternativa da via intra-óssea.
Os escalpes metálicos devem ser trocados a cada 48 horas, já os cateteres podem
permanecer no vaso do animal por até 4 dias, dependendo da marca.
Para a fluidoterapia, além de um escalpe ou um cateter, é necessário o equipo do soro e o frasco
do soro. Existe 2 tipos de equipos: o macrogotas (possibilita uma maior infusão de fluidos por
minuto) e o micro-gotas (permite uma menor infusão de fluidos por minuto).

Existem diversos tipos de soros, cada um com fórmula diferente, e a determinação do tipo de soro
que o animal vai utilizar quem faz é o médico veterinário. Um soro errado pode até levar o animal
à morte. Os mais comuns e mais utilizados na rotina de uma clínica veterinária são: solução
fisiológica 0,9 % de cloreto de sódio, solução glicosada 5%, solução de Ringer simples e solução
de Ringer-Lactato. Existe também diferentes tamanhos de frascos, sendo que a maioria das
marcas comerciais varia de 100 ml a 1litro.

As principais complicações da cateterização de veias são:

a) hematomas: ocorre pelo insucesso da punção sem a devida compressão do local


abordado, ou quando a coagulação sanguínea do paciente está seriamente comprometida;

b) infiltração: observada quando a cânula se encontra fora da veia ou uma punção posterior sem
sucesso foi realizada proximal à mesma;

79
c) celulite e flebites: que podem ser prevenidas com o emprego da boa técnica de punção,
assepsia local, cateter adequado e menor tempo de uso;

d) sepse: especialmente por germes de pele, podendo se diminuir a chance dessa complicação
com emprego de técnica correta de punção, reconhecimento de infecção, tratamento com
antibióticos e retirada do acesso precocemente, bem como da formação de eventuais abscessos;

e) embolia gasosa: evitada com o uso de sistemas fechados. A punção venosa pode ser realizada
por agulhas hipodérmicas, agulhas tipo borboleta ou cateter plástico, que pode ser inserido sobre
ou dentro da agulha.

Na rotina de tratamento do paciente grave, os cateteres plásticos são os eleitos, já que ficam
mais bem ancorados, permitem ao paciente melhor mobilização sem trauma de parede dos
vasos, e na reposição volêmica de emergência poderá ser usado cateter de grande calibre e
curto, que são os que possibilitam maiores fluxos.

Tricotomia

Tricotomia nada mais é que depilar uma certa área do corpo do animal para a realização de
alguma intervenção médica, como cirurgias, cateterização de vasos, realização de curativos, etc.
Pode ser feito com máquina de tosa ou com lâminas de gilete.

Curativos

Curativo é o tratamento de qualquer tipo de lesão da pele ou mucosa.

FINALIDADES

1. Prevenir a contaminação.
2. Facilitar a cicatrização.
3. Proteger a ferida.
4. Facilitar a drenagem.
5. Aliviar a dor.

TIPOS DE CURATIVOS

O curativo é feito de acordo com as características da lesão.

 Aberto: curativo em feridas sem infecção, que após tratamento permanecem abertos
(sem proteção de gaze).

 Oclusivo: curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento é fechado


ou ocluído com gaze ou atadura.

 Compressivo: é o que faz compressão para estancar hemorragia ou vedar bem uma
incisão.
80
 Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula, com
indicação de irrigação com soluções salinas ou anti-séptico. A irrigação é feita com
seringa.

 Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato. Coloca-se dreno
de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.

MATERIAL

Bandeja contendo:

 Pacote de pinças para curativo (usamos anatômicas – 1 com dentre e outras em e 1


Kocher) e espátula com gaze.
 Frascos com anti-sépticos.
 Esparadrapo, fita crepe ou micropore.
 Tesoura.
 Pacote com gazes.
 Quando indicados: pomadas, ataduras, chumaços de algodão, seringas, cubas.

MÉTODO

- Lavar as mãos.

- Separar e organizar o material de acordo com o tipo de curativo a ser executado.

- Levar a bandeja com o material

- Colocar o animal em posição apropriada, contendo-o se necessário

- Abrir o pacote de curativo e dispor as pinças com os cabos voltados para o executante, em
ordem de uso – da esquerda para a direita: pinça anatômica sem dente, Kocher, anatômica com
dente, e a espátula montada com gaze.

- Abrir o pacote de gaze e colocá-la no campo. Se necessário colocar também chumaços de


algodão.

- Retirar o curativo anterior utilizando a espátula montada com gaze embebida em


benzina ou éter, e a 1ª pinça antômica com dente.

- Retirar o esparadrapo no sentido dos pêlos;

81
- Com a 2ª pinça (Kocher, Pean ou Kelly) limpar as bordas da lesão com gaze embebida em soro
fisiológico.

- Secar com gaze e desprezar a pinça.

- Com a 3ª pinça (anatômica sem dente) limpar alesão com gaze embebida em soro fisiológico

- Obedecer o princípio: do menos contaminado para o mais contaminado, usando tantas gazes
forem necessárias;

- Usar técnica de toque com movimentos rotativos com a gaze, evitando os movimentos de dentro
para fora da ferida, tanto quanto os de fora para dentro;
- Remover ao máximo os exsudatos (secreções – pus, sangue), corpos estranhos e tecidos
necrosados;

- Secar com gaze e passar o anti-séptico indicado (ou pomada, creme, etc.)

- Proteger com gaze e fixar com adesivo (se indicado).

PRODUTOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS

- Açúcar cristal ou fino – utilizado como cicatrizante, bactericida das feridas infectadas. Em
regiões de difícil aderência dos cristais, como proeminências ósseas, região perineal e inguinal,
utiliza-se uma pasta constituída de 10% de furacin ou vaselina e 90% de açúcar cristal.

- Água e sabão – emoliente utilizado para limpeza.

- Benzina – utilizada para desprendimento do adesivo.

- Clorexedine – anti-séptico.

- Éter – anestesia levemente a superfície da pele e serve também para desprender o adesivo. Por
ser volátil precisa ficar sempre em recipiente bem fechado.

- Nitrato de prata – utilizado na cicatrização de pequenas lesões; apresenta-se, especialmente em


forma de spray.

- Permanganato de Potássio – anti-séptico útil nas supurações com infecção secundária. É


oxidante e cicatrizante. Remove exsudatos e odores.

- Solução fisiológica – usada para limpeza de lesões.

- Vaselina – emoliente utilizado para retirar crostas e impermeabilizar a pele.

- Violeta de Genciana 1 ou 2% - substância germicida e fungicida utilizada em micoses ou lesões


da pele e mucosas.

Cuidados com o lixo hospitalar


82
Dentro de um hospital, nem todo o lixo hospitalar é hospitalar propriamente dito, haja
vista que o lixo proveniente dos setores administrativos se
comporta como se fosse da classe dos lixos urbanos. Mas o
que se quer dizer como lixo hospitalar é aquela porção que
pode estar contaminada com vírus ou bactérias patogênicas
das salas de cirurgia e curativos, das clínicas dentárias, dos
laboratórios de análises, dos ambulatórios e até de clínicas e
laboratórios não localizados em hospitais, além de biotérios e
veterinárias. A composição de tal lixo é a mais variada possível, podendo ser
constituída de restos de alimentos de enfermos, restos de limpeza de salas de
cirurgia e curativos, gazes, ataduras, peças anatômicas etc. É importante estar atento ao
manuseio deste lixo, pois as pessoas que o manipulam podem ficar sujeitas a doenças e levarem
para outras, vários tipos de contaminação.
O lixo hospitalar contaminado deve ser embalado de forma especial, segundo a Norma EB
588/1977 (sacos plásticos branco-leitosos, grossos e resistentes). O depósito desses sacos deve
ser em vasilhames bem vedados e estes colocados fora do alcance de pessoas, até a chegada
do carro próprio para a coleta. Nunca tais lixos devem aguardar a coleta em locais públicos; nas
calçadas, por exemplo.
A melhor forma de destruir o lixo hospitalar é a incineração, desde que os incineradores
possuam tecnologia adequada e estejam em locais que não causem incômodos à população. A
pior forma, e que deve ser evitada, é levar o lixo hospitalar para usinas de lixo urbano, aterros
sanitários e lixões, o que é praxe. Os custos do tratamento do lixo hospitalar são elevados e seria,
de todo interessante, a formação de consórcios de geradores, para a adoção de uma solução

Contenção e transporte de animais

A adoção de medidas que visem o bem-estar animal é de suma importância durante todos os
procedimentos de contenção e transporte, a fim de lhes proporcionar tranquilidade, sem
comprometimento de sua saúde e a dos membros das equipes de trabalho.

Equipamentos de recolhimento, contenção e manejo

Guia/corda ou laço de contenção: pode ser tecido em fibra de algodão ou outro material
macio, resistente e maleável, com espessura mínima de 1,5 cm (para não ferir o animal).
Deve-se aproximar calmamente do animal, acompanhando seus movimentos, mantendo
a corda feito um arco na mão direita. Quando o animal estiver mais tranqüilo, passar o
laço por sua cabeça até o pescoço e puxar rapidamente a ponta livre para segurar o
animal, deixando que ele ande alguns metros para se sentir seguro.

Mordaça: corda macia em fibra de algodão, com 1,5 m de comprimento, utilizada


para cães. A mordaça deve ser colocada segurando-se a corda com a mão
esquerda, passando-a pela região dorsal do pescoço e, com a mão direita, passar a
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outra ponta da corda em volta do focinho por três vezes. Na última volta, posicionar o braço embaixo da
cabeça do animal. Segurar as duas pontas da corda com a mão direita; libera-se a mão esquerda, que
passa embaixo do ventre do animal para pegá-lo no col

Cambão: trata-se de um tubo rígido produzido com diferentes materiais, resistente


ao peso dos animais, devendo ser leve, revestido na extremidade de contato com o
animal por borracha ou outro material atraumático e macio. No interior do tubo rígido
é inserida uma corda de material flexível, como couro, algodão, aço, borracha ou
outro similar. A corda, quando de aço, deverá ter um revestimento de material
atraumático, resistente. Deverá, preferencialmente, possuir uma trava de segurança
para facilitar o manejo e evitar o enforcamento do animal. O material deve ser leve e
ergonômico.

Puçá: rede de malha de algodão trançado, fixa a um aro de material leve e rígido, com
cabo, geralmente confeccionado em alumínio. Este equipamento é utilizado para manejar
gatos em situações especiais e, também, alguns animais silvestres de pequeno porte.
Ao retirar o animal da malha deve-se escolher ambiente calmo e fechado e utilizar luvas de
material resistente (borracha grossa ou raspa de couro) para evitar acidentes com unhas
ou dentes de felinos.

Luvas: podem ser confeccionadas em diversos materiais, tais como raspa de couro, borracha,
silicone, tecidos tipo lona ou mistos. Devem ser utilizadas as confeccionadas em material
resistente, espesso, macio e flexível, podendo apresentar diferentes comprimentos de
cano, curto a longo, e ser aprovadas pelo Ministério do Trabalho. São empregadas na
contenção de animais como proteção individual, devendo ser utilizadas para
recolhimento de animais de pequeno porte, filhotes, gatos adultos em locais de difícil
acesso ou com pequeno espaço para manipulação, em especial de animais agressivos ou
arredios, a fim de evitar mordeduras e arranhaduras.

Gaiola de contenção: utilizada para administração de medicamentos injetáveis ou


tratamento de ferimentos. Possui parede retrátil para restringir ao mínimo a
movimentação do animal.

Gaiola ou caixa de transporte: confeccionada em material leve, lavável,


preferencialmente impermeável, resistente e com ventilação, sistema externo de
fechamento seguro e alças para facilitar o transporte. Sendo utilizada para o
alojamento temporário ou transporte do animal recolhido. O tamanho da caixa ou
gaiola deve ser compatível com o do animal, de forma a permitir movimentos
naturais e transporte confortável.

Focinheiras: devem ser de material flexível, macio e adaptáveis aos


diferentes tipos de focinhos, mantendo a respiração e salivação normais. Seu
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emprego será necessário em diversas situações e existem no mercado vários modelos. Para gatos pode-
se utilizar uma toalha de rosto ou pano largo dobrado, colocado ao redor do pescoço, e unidas suas
pontas pela mão do funcionário no alto da cabeça, mantendo as patas imóveis por outro operador. Deve-
se sempre observar que as narinas do animal permaneçam livres. Também existem máscaras especiais
para os gatos.

Transporte: o veículo
Recomenda-se que:

 O veículo esteja em perfeitas condições para utilização e corretamente higienizado;

 O compartimento específicodestinado ao transporte de animais (carroceria) seja fechado, com


sistema de ventilação permanente para circulação de ar, proporcionando conforto e segurança, e
seja adaptado para desembarque no local de alojamento dos animais recolhidos;

 Em veículos sem sistema de controle de temperatura e ventilação interna, o recolhimento dos


animais seja realizado somente nos períodos mais frescos do dia;

 A altura do veículo seja compatível com a atividade, considerando-se aspectos ergonômicos, no


embarque e desembarque dos animais;

 O veículo exiba: a identificação do órgão a que pertence (logotipo, nome); telefone e endereço
empresa.

Manejo para o transporte de animais

Recomenda-se:

 Transportar pequeno número de animais, não excedendo a capacidade prevista;

 Evitar a permanência prolongada dos animais nos veículos;

 Que os cães sejam transportados em caixas/gaiolas ou compartimentos individuais, de


tamanho adequado ao porte, permitindo que possam realizar pequenos movimentos de
acomodação no seu interior;

 Que as gaiolas ou caixas de transporte possam ser removíveis e, durante o transporte,


mantidas fixas no veículo;

 Que os gatos sejam transportados apenas em gaiolas ou caixas de transporte , nunca


soltos nos compartimentos específicos destinados ao transporte de animais dos veículos;

 Que não sejam transportadas espécies diferentes na mesma viagem;

 Que as mães sejam mantidas com as ninhadas;


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 Que animais acidentados, com suspeita de doenças infecto-contagiosas, feridos, idosos ou
cegos sejam rapidamente encaminhados para a clínica veterinária.

Atendimento ao Público
Conceitos

Atendimento:

Ato ou efeito de atender; Maneira como habitualmente são atendidos os usuários de determinado serviço.

Cliente:

• Na antiga Roma indivíduo que estava sob a proteção de um patrono (cidadão rico e poderoso);

• Cada um dos indivíduos sócio-economicamente dependentes que fazem parte de uma clientela (conjunto
de indivíduos dependentes),

• Comprador assíduo.

Como atender clientes: Preceitos Básicos

Você é a primeira pessoa a manter contato com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito
para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Você é o cartão de visita da empresa. Preste atenção
a todos os detalhes do seu trabalho:

• Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possível.

• Calma: às vezes pode não ser fácil, mais é muito importante que você mantenha a calma e a paciência.

• Interesse e iniciativa: cada pessoa que você atende merece atenção especial.

• Polidez: seja simpática, atenciosa e procure demonstrar interesse em ajudar.

• Tratamento adequado: não use de intimidade seja formal (Sr., Sra., Por favor, Queira desculpar).
• Evite gírias e conotações de intimidade.

• Sigilo: às vezes é preciso saber de detalhes importantes, lembre-se, eles são confidenciais e pertencem
somente às pessoas envolvidas. Seja discreta e mantenha tudo em segredo.

• Postura / Apresentação pessoal: Atenda as pessoas com um sorriso, olhe nos olhos.

Filosofia: Ao atender a um cliente devemos ter em mente:

• O bom atendimento deve gerar auto-realização

• Uma reclamação é uma nova oportunidade de se fazer certo na próxima vez.

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• Uma reclamação é uma ajuda e não um transtorno

• Uma reclamação bem atendida vale mais do que uma boa venda

• O cliente é a razão da existência da empresa

• O atendente é a empresa perante o cliente

• O bom atendimento envolve: presteza, bom humor, boa vontade e COMPROMETIMENTO.

• Atender ao cliente é responsabilidade de todos nós.

Direitos Do Consumidor:

1. ÀSEGURANÇA Contra Produtos ou Serviços que


Possam ser Nocivos à Saúde.

2. À ESCOLHA entre Vários Produtos e Serviços de


Qualidade Satisfatória e Preços Competitivos.

3. A Ser Ouvido.

4. À Indenização.

5. À Educação Para O Consumo.

6. A Um Meio Ambiente Saudável.

7. À Informação

8. À Proteção Contra A Publicidade Enganosa.

9. À Proteção Contra Contratos Abusivos.

Por Que Se Perde Um Cliente?


 1% morte
 3% mudam
 5% adotam novos hábitos
 9% acham o preço alto demais
 14% estão desapontados com a qualidade dos produtos
 68% estão insatisfeitos com a atitude do pessoal (má qualidade do serviço)

Técnicas Para Garantir A Satisfação Dos Clientes:

• Leve as coisas pelo lado profissional, não pessoal.

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• Detecte o estresse prematuramente e previna-o.

• Trate cada pessoa como um cliente para conseguir mais cooperação.

• Vise à satisfação do cliente e não apenas ao serviço.

• Solucione problemas sem culpar a si próprio ou aos outros.

• Pratique técnicas comprovadas.

• Estimule o feedback continuo.

As 15 Competências Fundamentais Para A Linha de Frente

1 - Desenvolver a confiança e fidelidade dos clientes.


2 - Colocar-se no lugar do cliente = empatia.
3 - Comunicar-se bem.
4 - Dominar a tensão.
5- Prestar atenção.
6 - Estar sempre alerta.
7 - Trabalhar bem em equipe.
8 - Demonstrar confiança e lealdade.
9 - Demonstrar motivação pessoal.
10- Resolver problemas.
11- Manter o profissionalismo.
12- Entender a empresa e o setor.
13- Conservar a energia.
14- Aplicar conhecimentos e habilidades técnicas.
15- Organizar as atividades de trabalho.

Inteligência Emocional

 AUTOCONSCIÊNCIA
 AUTOCONTROLE
 AUTOMOTIVAÇÃO
 EMPATIA
 HABILIDADE NOS RELACIONAMENTOS
Que Irritações Podemos Evitar?

 PROMETER E NÃO CUMPRIR


 INDIFERENÇA E ATITUDES INDELICADAS
 NÃO OUVIR O CLIENTE
 DIZER QUE ELE NÃO TEM O DIREITO DE ESTAR “IRADO”
 AGIR COM SARCASMO E PREPOTÊNCIA
 QUESTIONAR A INTEGRIDADE DO CLIENTE
 DISCUTIR COM O CLIENTE
 NÃO DAR RETORNO AO CLIENTE
 USAR PALAVRAS INADEQUADAS
 APRESENTAR APARÊNCIA E POSTURA POUCO PROFISSIONAIS

O Que Querem Os Clientes Irritados?


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 SER LEVADOS A SÉRIO.
 SER TRATADOS COM RESPEITO.
 QUE SE TOME UMA AÇÃO IMEDIATA.
 GANHAR COMPENSAÇÃO/ RESTITUIÇÃO.
 VER PUNIDO OU REPREENDIDO QUEM ERROU COM ELES.
 TIRAR A LIMPO O PROBLEMA, PARA QUE NUNCA ACONTEÇA OUTRA VEZ.
 SER OUVIDOS

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Parabéns por concluir uma nova etapa em sua vida!!!

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