Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE
VETERINÁRIO
AUXILIAR
DE
VETERINÁRIO
Sistema Nervoso..........................................................................................25
Sistema Respiratório....................................................................................38
Sistema Digestivo.........................................................................................40
Reprodução..................................................................................................45
Gestação .....................................................................................................50
Parto ............................................................................................................53
Vermífugos....................................................................................................67
Zoonoses.......................................................................................................72
Os Sinais Vitais.............................................................................................73
Aplicação de Medicamentos.........................................................................77
Atendimento ao Público................................................................................88
3
MÓDULO
I
4
Origem dos Canídeos
Se admitirmos que as origens da Terra remontam, aproximadamente, a 4,5 bilhões de anos, as
origens dos primeiros mamíferos (100 milhões de anos), a dos primeiros canídeos (50 milhões de
anos) e, seguidamente, as dos primeiros hominídeos (3 milhões de anos) afiguram-se
extremamente recentes. Com efeito, se compararmos a história da Terra a um percurso de 1 km,
a vida dos mamíferos representaria apenas os últimos metros e a dos canídeos os últimos
centímetros!
Os canídeos são mamíferos caracterizados por dentes caninos pontiagudos, dentição adaptada a
um regime onívoro e um esqueleto dimensionado para a locomoção digitígrada.
Durante o período Oligoceno, esboça-se claramente nos Felídeos uma tendência para a
individualização de duas linhagens distintas de felinos. Por um lado, animais grandes e robustos,
embora lentos, providos de enormes caninos semelhantes a lâminas de sabre: os Eusmilus; e por
outro, os grandes gatos mais ágeis e mais rápidos com uma dentição próxima dos atuais
Felídeos, os Proailurus, e mais tarde os Pseudailurus cuja locomoção se as-semelha à dos
Viverrídeos. Por exemplo, o atual Fossa (Crytoprocta ferox) constitui um verdadeiro fóssil vivo. O
Pseudailurus seria assim o primeiro membro da família dos gatos modernos dos quais o
Smilodon, na América, é um representante espetacular. Os pequenos felinos foram-se adaptando
a regiões tão diversificadas como os desertos, florestas, estepes e pântanos.
Sobrevém a era do Mioceno, durante a qual, em França, existia o Felis zitteli, animal muito
próximo do gato selvagem atual. Posteriormente, no período Pleistoceno da era quaternária,
5
surgiu o gênero Felis, enquanto que, por outro lado, os felinos primitivos, Smilodons e
Machairodus, espécie de tigres dentes de sabre, vão desaparecendo.
No Antigo Egito, o gato doméstico, trazido do sul ou do oeste por volta do ano de 2.100 a.C., é
considerado um ser divino, de tal ordem que, se um deles morrer de morte natural, as pessoas da
casa raspam as sobrancelhas em sinal de luto.
CURIOSIDADES
6
Em 1761, Claude Bourgelat, um dos melhores cavaleiros da Europa, dirigia, há vinte anos, a
Academia do Rei, estabelecida em Lyon, França. Disciplinas como a equitação, as armas, a
música e a matemática eram ensinadas. Mas, o seu
interesse pela anatomia e pela patologia equinas, levou
Bourgelat a refletir sobre as bases de um ensino
veterinário, capaz de preservar e melhorar a espécie
equina, e de proteger o gado das epidemias que o
dizimavam. Conseguiu convencer Bertin, controlador
geral das finanças, a atribuir-lhe um subsídio para criar o
primeiro estabelecimento veterinário em Lyon. Assim, a
Escola da Guillotière é fundada em 1762.
A medicina veterinária propriamente dita estuda a medicina preventiva dos animais, a sanidade,
patologia, cirurgia e a clínica médica. Dentro destas áreas diversas subáreas já são bem
definidas, sendo que já existem médicos veterinários que são anestesistas, odontólogos,
oftalmologistas, obstetras, pediatras, patologistas clínicos, ortopedistas, nutricionistas, dentre
outros.
7
Dentro da veterinária, ainda existem aqueles profissionais que lidam com animais selvagens
(também chamados silvestres), sendo que eles se ocupam tanto da clínica e cirurgia, da nutrição,
quanto da criação destes animais.
O auxiliar de veterinário
É cada vez mais crescente o mercado de trabalho para os médicos veterinários, de todas as
áreas. Neste contexto se destaca uma área em especial, a do chamado Mercado Pet, que é uma
das áreas comerciais que mais crescem na atualidade. Sendo assim, a necessidade de mão de
obra qualificada para o trabalho nos mais variados estabelecimentos veterinários também tem
crescido bastante. É justamente nesse mercado crescente que o auxiliar de veterinária pode se
enquadrar, ajudando em todas as seções e repartições dos pet shops, consultórios, clínicas ou
hospitais veterinários, além de zoológicos e fazendas.
Dentre as atividades que podem ser realizadas pelo auxiliar de veterinária, dentro da rotina
clínica, estão:
• Aferir temperatura;
• Observar condições físicas e neurológicas dos animais;
• Informar as condições de saúde dos animais ao veterinário;
• Auxiliar na coleta de materiais para a realização de exames;
• Controlar sinais vitais do animal, como temperatura, pulso, perfil capilar;
• Exercitar os animais;
• Higienizar o local de estada dos animais;
• Glosar e arrancar dentes de cavalos;
• Prestar primeiros socorros;
• Pesar o animal;
• Conter o animal;
• Auxiliar nos procedimentos de acesso intravenoso;
• Fazer a tricotomia de animais antes da cirurgia;
• Selecionar as caixas cirúrgicas;
• Preparar o material cirúrgico;
• Auxiliar no procedimento de intubação do animal;
8
• Posicionar o animal na mesa de cirurgia;
• Fazer a assepsia do animal;
• Transportar o animal dentro do estabelecimento;
• Recolher o material utilizado (instrumentos);
• Separar materiais descartáveis;
• Separar o lixo hospitalar;
• Embalar o lixo hospitalar para descarte;
• Lavar os instrumentos cirúrgicos;
• Montar a caixa de cirurgia;
• Dobrar panos, aventais e uniforme;
• Esterilizar materiais, instrumentos e o ambiente;
Dentre as atividades que podem ser feitas pelo auxiliar de veterinária, no que diz respeito às
outras áreas do pet shop, consultório, clínica e hospital estão:
• Buscar os animais;
• Entregar o animal;
• Controlar óbitos;
• Embalar cadáveres;
9
• Limpar e lubrificar equipamentos;
• Desinfetar equipamentos;
• Demonstra paciência;
• Demonstrar autocontrole;
• Demonstrar concentração;
• Demonstrar paciência;
• Avaliar riscos;
• Administrar conflitos;
EXERCÍCIOS
2. Explique com suas palavras como se deu a domesticação dos cães e gatos.
10
3. O que fez com que os gatos selvagens se aproximassem do homem pela primeira vez? Em
que região do mundo se deu essa aproximação?
4. Quando surgiu a primeira escola de Medicina Veterinária? Em qual país? Qual era a principal
espécie animal estudada?
A morfologia do cão
• Pequenos
(menos de 10 kg);
11
• Médios (de 11 a 25 kg);
Todos os
cães
possuem
regiões do
corpo
idênticas:
• Zona anterior: composta pela cabeça, pescoço e membros anteriores;
• Corpo: composto pelo dorso, rins, caixa torácica e abdome;
• Zona posterior: composto por ancas, membros posteriores e cauda
1. Trufa
2. Chanfro (zona posterior do nariz)
3. Olho
12
4. Orelha (pavilhão)
5. Pescoço (região dorsal)
6. Espádua
7. Cernelha ou Garotte
8. Dorso
9. Rim
10. Garupa
11. Cauda
12. Coxas
13. Articulação (joelho)
14. Perna
15. Jarrete (tarso)
16. Metarso
17. Região inguinal (virilha)
18. Prepúcio
19. Flanco
20. Ventre
21. Braço
22. Pescoço (zona ventral)
23. Bochecha
24. Boca
25. Codilho (cotovelo)
26. Ante-braço
27. Carpo
28. Mão (dedos)
29. Unhas
30. Esterno
31. Ponta da espádua
32. Peito ou costelas
33. Garganta
34. Nuca
35. Extremidade das nádegas
36. Extremidade do cotovelo
13
O corpo do cão é descrito por regiões, cada uma corresponde a um setor anatômico preciso.
Encontram-se assim, definidas, 52 regiões que permitem, nomeadamente ao perito de
certificação ou ao juiz de exposição, apreciar o espécime apresentado e explicar as decisões
tomadas ao seu proprietário.
O esqueleto do cão
• Os ossos são formados por uma estrutura fibrosa calcificada. Esta calcificação
ocorre progressivamente no decurso da vida fetal e durante a fase de crescimento. Esta
última fase é muito longa no caso dos cachorros de raças grandes, pelo que se aconselha
uma grande prudência em relação aos aportes de cálcio da alimentação para evitar
carências e excessos. O cálcio ósseo constitui, ao longo de toda a vida do cão, uma
reserva que aumenta ou diminui ao passo que o teor de cálcio sanguíneo permanece
constante. O centro dos ossos é constituído pela medula óssea, tecido esponjoso que
produz as células sanguíneas.
16
O esqueleto do gato
O esqueleto do gato é composto por 279 a 282 ossos, geralmente alongados, esguios e
finos, mas muito resistentes.
17
As articulações e músculos do cão
Os músculos
São constituídos por um conjunto de células contráteis ligadas entre si por membranas
que formam feixes musculares. Esses feixes reúnem-se formando tendões fibrosos que
se ligam às zonas de inserção óssea. As células contráteis possuem constituintes
específicos que lhe vão permitir encurtar-se, situação que produz, à escala muscular, a
contração. Esta requer a energia transportada pelo fluxo sanguíneo, armazenada e
metabolizada a nível celular. A determinação desta contração é nervosa, designando-se
por placa motriz a junção entre a célula nervosa e a célula muscular. Trata-se de um
sistema complexo que permite a transformação da informação nervosa em contração
muscular. O sistema muscular está assim estreitamente interligado ao sistema
circulatório e nervoso, qualquer alteração a nível de um deles implica repercussões
imediatas no aparelho locomotor.
18
Músculos superficiais do cão:
19
As articulações e músculos do gato
As articulações são notavelmente flexíveis e móveis. Os membros conseguem efetuar uma
rotação completa sem risco de luxação. O esqueleto é extremamente flexível e a cauda
pode assumir todas as posições.
Os músculos da cabeça são caracterizados pelo seu grande desenvolvimento, complexidade e
interligação com os músculos subcutâneos. Os músculos mastigadores são extremamente
desenvolvidos.
A região cervical é composta por uma espessa massa muscular que está subdividida em 4
camadas. Os músculos do abdome são muito desenvolvidos, conferindo à parede abdominal a
sua textura carnuda e espessura característica. Os músculos da anca e coxas são bastante
fortes. As características específicas dos músculos dos membros são baseadas no número dos
dígitos das mãos e dos pés. Os membros possuem músculos rotatórios (de pronação e de
supinação: movimentos de rotação de 180¼ da face palmar ou plantar das mãos e pés). Os
membros posteriores, mais fortes que os anteriores, estão sempre preparados para o
relaxamento ou propulsão do animal. No caso do gato, a corrida é composta por uma série de
saltos longos e rasantes. O gato é um corredor de velocidade e não de distâncias longas. Os
seus músculos e garras permitem-lhe escalar e trepar com facilidade. Consegue saltar muito alto
e, quando a altura é suficiente, consegue criar sobre as 4 patas.
20
7. Músculo gastrocnêmio
1. Músculo trapézio
2. Músculo grande dorsal 8. Músculo oblíquo externo do abdómen
3. Fáscia toracolombar 9. Músculo recto do abdómen
4. Músculo glúteo médio 10. Músculo tríceps do braço
5. Músculo tensor da fáscia lata 11. Músculo braquiocefálico
6. Músculo sacrocaudal 12. Músculo esternocefálico
21
A artrose
Afecção das articulações caracterizada pela destruição progressiva da cartilagem articular
associada à formação de osteófitos (pequenos ossos) e de modificações do osso subcondral e da
membrana sinovial. É a evolução sistemática de uma articulação dolorosa. Dor, agravada pela
umidade e pelo frio. Melhora com o exercício moderado, mas agrava-se sob exercício muito
violento. Estes sintomas representam o estágio 1. O estágio 2 é caracterizado por episódios
agudos, como ganidos e supressão de apoios. A doença evolui para o bloqueio total da
articulação acompanhado por uma diminuição da dor (estágio 3).
As artrites
São inflamações da articulação. Podem ter diferentes origens: sépticas, com a presença de um
microorganismo infeccioso na articulação (a inoculação do microorganismo na articulação pode,
por exemplo, ocorrer por ocasião de dentadas), ou estéreis, podendo ser imunológicas
(poliartrites, as mais freqüentes) ou não.
A artrite séptica é caracterizada por uma inflamação (vermelhidão, calor, tumefação, dor) com
inchaço nítido e eventualmente supressão de apoios. Pode atingir uma ou várias articulações que
são mais frequentemente as grandes articulações ou as articulações intervertebrais. As
poliartrites apresentam os mesmos sintomas, sendo algumas, no entanto, mais específicas de
uma raça.
A displasia coxo-femural
Trata-se de uma afecção congênita, de caráter hereditário contestado, caracterizada por um
desenvolvimento anormal da articulação coxo-femural, que tem como conseqüência uma má
imbricação do fêmur na cavidade articular do quadril. É freqüente nos cães grandes e tem
desenvolvimento rápido (Terra-Nova, Labrador, Pirinéus, Pastor Alemão).
A primeira fase, dominada pela dor, é observada nos cães em fim de crescimento. Pode ser
suspeitada nos seguintes casos: marcha anormal "desengonçada" dos posteriores, posição em
"X" dos posteriores vistos por trás, recusa em trotar; galope de lebre: o cão não desenvolve o
movimento de flexão-extensão característico; recusa do salto; coxear constante; dor à
manipulação forçada em flexão extensão.
A segunda fase ocorre por volta dos 3 anos de idade: existem os mesmos sintomas,
exacerbados pela artrose.
22
A pele do cão e do
gato
A pele, no sentido mais puro,
representa o limite entre o organismo
e o meio exterior. Inclui duas estruturas: a pele, no sentido
estrito, ou seja, a estrutura queratinizada e os seus anexos (pêlos e diversas glândulas).
Estrutura da pele
A pele possui uma estrutura queratinizada. Podem distinguir-se 3 níveis na espessura da pele:
1. A epiderme, composta por uma camada basal, constituída por células em divisão e células
produtoras de melanina (pigmento responsável pela cor da pele); uma camada clara (duas a três
camadas celulares) muito espessa ao nível da trufa e das almofadinhas. Trata-se de células
resultantes de divisões anteriores e de macrófagos (responsáveis pela "eliminação" dos
elementos estranhos); de uma camada granulosa em que as células se aplanam; de uma camada
córnea composta por células muito planas sem núcleo, contendo uma quantidade considerável de
queratina; uma camada superficial onde se situam as células de descamação.
2. A derme, separada da estrutura anterior por uma lâmina basal e que representa uma
camada espessa da pele: 1,3 mm no dorso até 2,5 mm nas almofadinhas. Contém fibras elásticas
e colágeno que asseguram a elasticidade e a resistência a pele.
3. A hipoderme, que forma a camada mais profunda, rica em adipócitos (células gordas ou
lipídicas).
1. Pêlo primário
2. Epiderme
3. Derme
4. Músculo eretor do pêlo
5. Gordura subcutânea
6. Glândula sebácea
7. Glândula sudorípara
8. Pêlo secundário
23
9. Papila
Os anexos da pele
São compostos por diversas formações:
• Os folículos pilosos, constituídos por um pêlo e sua respectiva bainha, uma glândula
sebácea e um músculo eretor, responsável pelo eriçar do pêlo.
1. Almofadinha do carpo
2. Almofadinha palmar (metacarpo)
3. Almofadinhas digitais
4. Unha
5. Esporão
EXERCÍCIOS
1) Cite, de acordo com os seus conhecimentos, 3 raças de cães de porte pequeno, 3 de porte
médio e 3 de porte grande. (você ainda não estudou as raças, portanto, pode ser que não
saiba todos, mas pelo menos tente).
24
3) Cite os anexos da pele.
O sistema nervoso
O sistema nervoso recolhe as informações provenientes do exterior ou produzidas pelo
organismo, o que se dá o nome de estímulos. Liberta também impulsos que vão determinar a
contração dos músculos voluntários e involuntários (os músculos do esqueleto que controlam os
movimentos e os que fazem parte das vísceras, a secreção das glândulas).
• No cérebro estão sediados diferentes centros: motor, sensitivo, visual, auditivo, olfativo e
gustativo. É o centro da memória e da associação.
26
Conformação exterior dos hemisférios cerebrais
1. Hemisfério cerebral
2. Cerebelo
3. Espinal-medula
4. Pedúnculos cerebrais
5. Fissura pseudo-silviana
6. Sulco rino-lateral
7. Cerebelo
8. Espinal-medula
9. Hipófise
As convulsões
O termo convulsão refere-se ao distúrbio paroxístico (ataque súbito) involuntário do cérebro,
geralmente manifestando-se como uma atividade muscular descontrolada. Epilepsia
27
refere-se à recorrência ou repetição das convulsões, particularmente se a causa fundamental não
pode ser identificada (epilepsia idiopática). As convulsões caracteristicamente são não
precipitadas, estereotipadas e cessam espontaneamente.
Portanto, a epilepsia é uma enfermidade funcional do cérebro caracterizada por
convulsões tônico-clônicas, periódicas, recorrentes geralmente de breve duração e
aparentemente similar à epilepsia do homem. A epilepsia idiopática foi descrita em muitas
espécies, mas com grande frequência nos cães, principalmente nas raças Cocker Spaniel ,
Beagle, Pastor Alemão, Setter Irlandês, etc.
Animais com epilepsia freqüentemente tem uma história de nervosismo e desorientação
antes da convulsão. Esta fase pré-ataque é seguida pelas próprias convulsões, que normalmente
duram de 1 a 2 minutos e se caracterizam pela perda ou perturbação da consciência, pelo olhar
fixo, pela alteração do tono muscular, movimentos dos membros (tonico-clonicos) e alguns
animais também apresentam micção, evacuação e salivação. As convulsões podem começar no
primeiro ano de vida do cão, mas com maior freqüência no segundo ano. O local de origem das
convulsões no cérebro é chamado de foco das convulsões sendo que elas podem ser
amplamente divididas em dois grupos: nas ormas generalizadas e focal (parcial).
EXERCÍCIOS
28
Sistema circulatório
Entende-se por circulação sanguínea o estudo dos vasos (veias e artérias) e do coração, não
só no plano anatômico como também fisiológico. A circulação linfática é o sistema de drenagem
que auxilia a circulação geral.
Na sequência de um desenvolvimento normal, o eixo do coração do cão deve apresentar-se
oblíquo em relação ao eixo do corpo, situando-se o coração mais à esquerda do que à direita. O
coração é achatado transversalmente, o lado direito em posição cranial (em direção à dianteira do
cão) e o lado esquerdo em posição caudal (em direção à traseira). Assim, a base do coração
onde estão situados os vasos é simultaneamente cranial e dorsal, enquanto que o ápice é caudal
e ventral. A sua área de inserção situa-se entre a 3° e a 6° costela e o peso varia
consideravelmente em função da raça do cão.
29
1. 3° costela 6. Ponta do coração
2. 6° costela 7. Ponta do cotovelo
3. Orifício aórtico 8. Válvula tricúspide
4. Orifício pulmonar 9. Orifício aórtico
5. Orifício átrio-ventricular esquerdo 10. 3° costela
Coração
Divide-se em quatro grandes compartimentos: o átrio direito que recebe o sangue pobre em
oxigênio e envia-o para o ventrículo direito, que o expele em direção aos pulmões; o átrio
esquerdo que recebe o sangue dos pulmões rico em oxigênio, envia-o para o ventrículo esquerdo
que por sua vez o expele para as diferentes zonas do corpo. No adulto o coração é totalmente
compartimentado, não se verificando a mistura entre os sangues rico e pobre em oxigênio, a
passagem pelos diferentes compartimentos processa-se graças a válvulas que formam um
sistema de “portas”.
30
Coração do cão face auricular
1. Ventrículo direito
2. Tronco pulmonar
3. Aurícula direita
4. Veia cava cranial
5. Aorta
6. Veia cava caudal
7. Aurícula esquerda
8. Ventrículo esquerdo
Os batimentos cardíacos
31
ao nível dos átrios que impõe o seu ritmo, desempenhando assim a função de “marcapasso” do
coração.
As artérias e veias
O coração desempenha apenas o papel de propulsor mas são os vasos sanguíneos que
transportam o sangue até aos órgãos. Do ponto de vista anatômico, designam-se por artérias os
vasos que saem do coração (quer o sangue seja rico ou pobre em oxigênio) designando-se por
veias os que regressam ao coração. Estas últimas comportam pequenas válvulas que
proporcionam ao sangue uma pressão fraca mas indispensável à circulação. É por este motivo
que, quando se corta uma artéria o sangue jorra em jatos, enquanto que no caso de uma veia o
derrame se processa de forma contínua.
32
A aorta, grande artéria cujo sangue se apresenta enriquecido em oxigênio, parte da zona
esquerda do coração em direção à zona anterior do animal. Curva-se rapidamente, formando o
arco da aorta, tomando então a direção da zona posterior. Imediatamente antes da curvatura,
encontra-se o início do tronco braquiocéfalico (que vasculariza a cabeça e os membros
anteriores) assim como a artéria subclávia esquerda com destino ao tórax. Seguidamente a aorta
passa pelo abdome para irrigar todos os órgãos e membros posteriores através da ramificação
em artérias progressivamente de menor calibre.
33
As veias no cão
Uma vez chegado ao músculo ou ao órgão, a artéria divide-se num feixe de arteríolas, artérias
que permitem a distribuição do oxigênio e que em troca retiram o dióxido de carbono. O sangue
volta a sair por vênulas que confluem numa veia de pequeno calibre. Todas estas pequenas veias
partem então em direção à veia cava cranial na zona anterior do corpo ou à veia cava caudal na
zona posterior. Estas duas veias trazem o sangue de volta ao lado direito do coração que o
propulsiona seguidamente, através do tronco pulmonar, em direção aos pulmões onde o sangue
se liberta do gás carbônico. Regressa ao coração pelas veias pulmonares para retomar a aorta: e
o círculo encerra-se.
34
A circulação linfática do cão e do gato
Trata-se de um sistema de drenagem que retira a linfa da circulação geral (sanguínea). Os vasos
são igualmente valvulados aglomerando-se com intervalos reduzidos para atravessar a linfa em
dois grandes troncos coletores: o ducto torácico e o ducto linfático direito. Os vasos em si são
pouco visíveis, no entanto são facilmente detectáveis os linfonodos linfáticos (ou gânglios) que
filtram a linfa da mesma região. O seu número é relativamente considerável, alguns são
superficiais e palpáveis, outros profundos (nas grandes cavidades) e apenas podem detectados
por via da radiologia ou ecografia. Na maioria dos casos a sua hipertrofia reflete uma inflamação
ao nível da região de drenagem, razão que justifica a importância da palpação durante o exame
clínico. Trata-se também de um local de passagem privilegiado das células cancerígenas ao
transitar de um órgão para outro, explicando-se assim que se proceda a extirpação dos gânglios
quando se faz a ablação de um tumor para limitar a extensão da doença.
1. Troncos lombares
2. Tronco visceral
3. Tronco traqueal
4. Tronco torácico
5. Tronco bronco-mediastinal
35
Gânglios linfáticos clinicamente exploráveis
O sangue
O sangue é um líquido viscoso, heterogéneo, composto por uma parte líquida – o plasma – e
uma parte globular formada pelos glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos e plaquetas.
Possui uma dupla função: transporte e defesa. Permite o transporte de:
Os glóbulos vermelhos
36
Com um formato discóide, os glóbulos vermelhos ou hemácias contém hemoglobina, uma
proteína composta por ferro e que transporta oxigênio. Caracterizam-se por possuir paredes
muito elásticas, o que lhes permite atravessar os vasos capilares, por mais estreitos que sejam.
O seu tempo médio de vida é de 2 meses. Após a sua destruição por células especializadas, a
hemoglobina transforma-se num pigmento, a hemoglobina transforma-se num pigmento, a
bilirrubina, que por sua vez é transformada e eliminada através da bílis e urina, o que lhes
confere uma coloração amarela ou verde.
Os glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos atuam simultaneamente na limpeza e no patrulhamento
organizado contra os invasores. Com efeito, são compostos por diferentes tipos celulares
especializados que cooperam ativamente na troca permanente de informações, graças a
mensageiros químicos denominados citocinas. Conseguem detectar todos os elementos
estranhos e resíduos, destruindo, envolvendo e digerindo-os. Estão dotados de uma grande
capacidade de aprendizagem - a função imunitária - que lhes permite reconhecer com maior
eficácia um elemento já anteriormente detectado (antígeno), atacando-o graças à presença de
anticorpos específicos. A vacinação tira partido desta capacidade de memória.
As plaquetas
São pequenas células que entram em atividade logo que surge um elemento estranho no
sangue, ou ao entrarem em contato com o tecido conjuntivo, no local de uma pequena ruptura
vascular. Possuem a capacidade de aderirem a essa área, onde rapidamente se aglomeram,
formando uma espécie de tampão. Simultaneamente, os vasos contraem-se localmente e a
hemorragia é estancada. Este processo é conhecido por hematose
Os elementos do sangue
1. Plaquetas
2. Leucócitos
3. Hemácias
EXERCÍCIOS
37
Sistema Respiratório
A respiração
A respiração é a função que permite ao organismo fornecer oxigênio às células e tecidos e,
simultaneamente, eliminar o dióxido de carbono (trocas gasosas).
O aparelho respiratório divide-se em duas partes: o aparelho respiratório superior e o inferior.
38
Aparelho respiratório superior
É constituído pelas cavidades nasais, nasofaringe, laringe e traquéia. As cavidades nasais estão
situadas no chanfro e na fronte do cão e abrem-se para o exterior através das narinas que, por
sua vez, se encontram na trufa. Dotadas de uma estrutura cartilaginosa, evidenciam uma boa
abertura e permitem a entrada de ar.
1. Osso nasal
2. Osso incisivo
As cavidades
3. Maxilar nasais e a nasofaringe
4. Cartilagem lateral
As 5.cavidades nasais no seguimento das narinas são
Septo nasa
constituídas por cornetos e seios nasais. São separadas
por um septo ósseo médio cujos ossos se apresentam
enrolados sobre si mesmos (cornetos). A mucosa que
os recobre é bastante extensa o que permite amplificar o
seu papel: ricamente vascularizada, aquece o ar
saturando-o de vapor de água. Além disso, as glândulas
nasais nela contidas segregam um muco que capta as partículas agressivas do ar (pó,
micróbios...). Outra parte da mucosa, a olfativa, permite ao cão a percepção dos odores. Após a
passagem nas cavidades nasais, o ar é encaminhado pelas coanas, para a nasofaringe situada
no final da boca. Encontra-se, agora, a uma temperatura praticamente idêntica à do organismo e
liberto das suas impurezas.
A laringe
O ar prossegue o seu trajeto até aos pulmões pela laringe e traquéia. A laringe é constituída por
quatro cartilagens (cricóide, tiróide, aritenóide e epiglote) e está ligada aos ossos do crânio pelo
osso hióide. Um conjunto de músculos permite a mobilidade das cartilagens umas em relação às
outras. Assim, a laringe abre-se para a respiração e fecha-se quando o cão deglute evitando a
passagem dos alimentos para a traquéia, caso empreendessem a via errada. Modula, também, o
débito de ar fechandose em maior ou menor grau. A laringe comporta, também, as cordas vocais
que vibram por meio da passagem de ar, emitindo sons: rosnados, latidos.
A traqueia
39
O aparelho respiratório inferior
É composto pelos brônquios e pulmões situados no interior da cavidade torácica da qual se
encontram separados pela pleura. O tórax do animal está delimitado, lateralmente pelas costelas
e, na zona posterior, pelo diafragma. Os pulmões estão separados da parede costal pela pleura
que define a cavidade pleural. Mantém-se, assim, sempre cheios de ar. Os pulmões do cão estão
divididos em 7 lobos: 3 à esquerda (lobo apical, médio e diafragmático) e 4 à direita (lobo apical,
médio e diafragmático e acessório).
1.Cavidade nasal
2. seios nasais
3. Coana
4. Faringe
5. Laringe
6. Esôfago
7. Traquéia
8. Terminação da traquéia
9. Bordo basal do pulmão
esquerdo
Os Projeção
10. brônquios dividem-se e asseguram
do diafragma
a condução
11. Pulmão esquerdo até aos alvéolos
do ar
pulmonares: o número de brônquios é idêntico
ao dos lóbulos pulmonares. Dividem-se,
seguidamente, em bronquíolos de calibre
progressivamente menor.
40
A hematose designa o conjunto de trocas
gasosas entre o ar alveolar e o sangue. Resulta de
fenômenos puramente passivos, envolvendo os
gradientes da pressão parcial dos gases entre o ar e
o sangue. O oxigênio, mais concentrado nos
alvéolos do que no sangue, passa do ar para o
sangue. O dióxido de carbono segue o caminho
inverso. A única forma que o animal tem de agir
sobre essas mudanças é fazer variar as pressões
parciais, modificando o débito de ventilação.
Qualquer aumento do débito de ventilação
(hiperventilação) acelera a renovação do ar alveolar,
aumentando as trocas gasosas. Os receptores
localizados nas artérias carótidas e na aorta
analisam permanentemente a composição do
sangue arterial, adaptando a ventilação a
qualquer variação, de forma a manter sempre os
mesmos níveis de pressão parcial de oxigênio e
dióxido de carbono.
O sistema digestivo
Graças à digestão, o animal dispõe de nutrientes (moléculas diretamente utilizáveis pelas
células) enquanto ingere alimentos com uma natureza molecular demasiado complexa para
serem simultaneamente absorvidos pelo intestino e utilizados pelas células. Por conseguinte, o
tubo digestivo do cão e do gato está totalmente direcionado para a simplificação molecular dos
alimentos (carboidratos, lipídeos, proteínas) e a absorção dos nutrientes. Divide-se em três
seções anatômicas: a primeira – ingestiva - é formada pela língua, dentes, glândulas salivares,
faringe e esôfago; a segunda – digestiva - compreende o estômago, intestino delgado, intestino
grosso e as glândulas anexas (fígado e pâncreas); a terceira - evacuação - engloba a
extremidade do intestino grosso e o canal do ânus.
41
• O esôfago. A chegada da refeição e as contrações musculares do esôfago conduzem os
alimentos através do tórax e diafragma até ao estômago passando por uma região deste último
designada por cárdia.
A digestão do alimento
• O estômago. Situa-se na zona esquerda da cavidade abdominal, por trás das abas
costais, ultrapassando ligeiramente o esterno. O seu volume é considerável comparativamente ao
do intestino devido ao regime alimentar carnívoro do cão.
Quando o animal termina a refeição, o seu volume aumenta: totalmente dilatado, pode
chegar a ocupar metade da cavidade abdominal. No estômago, os alimentos são submetidos a
uma digestão simultaneamente mecânica e química. As contrações das túnicas musculares
produzem uma agitação que dá origem à mistura dos alimentos com o suco gástrico, verificando-
se, então, uma importante digestão química.
42
• As glândulas digestivas. O conjunto do bolo digerido transita, então, para o
intestino delgado onde é submetido à seqüência da digestão química por intermédio das
secreções pancreáticas e hepáticas libertadas no duodeno pelos canais secretores.
• O fígado é um órgão com múltiplas funções, entre as quais a digestiva. Situa-se por
trás do diafragma, do lado direito. As células do fígado estão organizadas em lobos hepáticos. A
bílis segregada é expelida através dos canais biliares, conducentes à vesícula biliar, onde a bílis
se encontra armazenada fora das refeições. Assim, a segregação da bílis é contínua ao longo do
dia. Quando o quimo atinge o duodeno, a vesícula contrai-se e provoca a descarga biliar. A bílis
entra, assim, em contacto com os alimentos pré-digeridos no duodeno. A bílis é constituída por
água, sais minerais, pigmentos biliares e sais biliares. Os pigmentos biliares não possuem
qualquer função na digestão (são produtos de degradação da hemoglobina) e são, efetivamente,
excretados pelo tubo digestivo. Pelo contrário, os sais biliares possuem um papel fundamental na
digestão dos lipídios.
• A flora digestiva. O intestino do cão, tal como o de qualquer espécie animal, possui
uma microflora importante constituída por microorganismos essencialmente bacterianos que
participam ativamente nos fenômenos da digestão. Esta flora intestinal é extremamente sensível
a variações em termos da qualidade alimentar (o cão é um carnívoro) o que explica que,
contrariamente ao homem (que é onívoro), a alimentação do cão não deva ser alterada a cada
refeição sob pena de provocar a destruição da flora intestinal e a ocorrência de diarréias.
1. Fígado
2. Arco costal
3. Estômago
4. Baço
5. Cólon descendente
6. Parte ascendente do
duodeno
7. Parede do abdómen
8. Canal deferente
9. Bexiga
10. Zona transversal do
duodeno
11. Jejuno
43
12. Íleo
13. Ceco
14. Cólon ascendente
15. Cólon transverso
16. Pâncreas
17. Zona descendente do
A evacuação das fezes
As zonas intestinais que se seguem são as diversas partes do intestino grosso: o ceco, o
cólon, o reto e o ânus.
• O ceco e o cólon O ceco, muito curto, desempenha o mesmo papel que o cólon. Este
encontra-se dorsalmente sob o lombo. Tem como função absorver os nutrientes não absorvidos
44
pelo intestino delgado: que é, sobretudo, o caso da água. O resto do quimo é parcialmente
digerido graças à flora microbiana intestinal, no entanto, trata-se de uma ação acessória ao nível
do cão; os nutrientes resultantes são absorvidos, tal como no caso do intestino delgado.
Desempenham também um papel na formação, armazenagem e evacuação das matérias fecais,
as fezes.
EXERCÍCIOS
2. Explique como ocorre a digestão dos glicídios, dos lipídios e das proteínas.
O aparelho urinário
Independentemente do sexo do animal os órgãos que tomam parte na produção e
posteriormente na eliminação da urina são idênticos. São, por ordem: os rins, dos quais partem
dois ureteres que desembocam na bexiga. Da bexiga parte uma uretra única, que conduz a urina
até ao seu ponto de evacuação para o exterior.
Todos estes elementos estão situados em posição abdominal. Os rins, em forma de feijão,
situam-se sob o arco lombar, virados para as primeiras vértebras lombares. O rim esquerdo é
ligeiramente mais caudal do que o direito. Os dois ureteres desembocam na face dorsal da
bexiga, que por sua vez se situa na parte dianteira da
45
A uretra segue um trajeto diferente nos machos e nas fêmeas. Nas cadelas, é mais curta e
geralmente mais ampla. Desemboca no vestíbulo da vagina através de uma pequena papila. Nos
machos a uretra é mais comprida, menos larga e composta por três partes, ou seja as zonas
prostática, membranosa e peniana.
1. Rim esquerdo
2. Artéria e veias renais
3. Ureter
Sistema Reprodutor
A reprodução
Embora os objetivos da reprodução sejam, naturalmente, obter cachorros, os meios para
os alcançar diferem sensivelmente entre um proprietário particular e um criador. Um proprietário
dum cão de companhia ou de utilidade deixará ocasionalmente a sua cadela reproduzir-se com a
finalidade de obter descendentes que apresentem qualidades comparáveis, embora a reprodução
não seja, conforme diz a crença popular, indispensável para o equilíbrio psicológico ou fisiológico
de um cão.
A puberdade no macho
A idade a que é atingida a puberdade depende essencialmente do tamanho da raça na idade
adulta (aos 6 meses nas raças miniaturas e aos 18 meses nas raças gigantes). No macho, a
puberdade corresponde à produção dos primeiros espermatozóides fecundantes. Devido ao fato
da fertilidade diminuir com a idade e de forma ainda mais precoce nas raças grandes (fenômeno
provavelmente ligado ao envelhecimento da tiróide), o período fértil dos cães de raças grandes é
46
mais reduzido. Nestes cães, o poder fecundante do esperma por vezes começa a diminuir a partir
dos 7 anos de idade.
1. Ducto deferente
2. Cordão espermático
3. Epidídimo
4. Glande do pénis
5. Glândula bulbouretral
6. Músculo isquiocavernoso
7. Próstata
8. Pénis
9. Prepúcio
10. Testículo
11. Ureter
12. Uretra
13. Bexiga
14. Vasos testiculares
47
A puberdade na fêmea
Tal como acontece no macho, a puberdade na fêmea é atingida mais tardiamente nas raças
grandes (entre os 6 e 18 meses, dependendo do porte da raça). Os primeiros cios geralmente são
discretos e podem mesmo passar despercebidos. No entanto, na cadela deve ser feita a distinção
entre puberdade (capacidade de ovular) e nubilidade (capacidade de levar a termo uma gestação e
um parto), o que explica porque é desaconselhável acasalar uma cadela no primeiro cio, quando a
sua estrutura pélvica ainda não está completamente desenvolvida.
A partir da puberdade, o funcionamento do aparelho genital feminino adota um ritmo cíclico que
se exterioriza geralmente por dois períodos de cio por ano.
1. Ovário
2. Tuba uterina (de Falópio)
3. Corno uterino (aberto à
direita)
4. Colo uterino
5. Vagina
6. Orifício externo da uretra
7. Vulva
8. Uretra
9. Ureter
10. Bexiga
11. Tecido adiposo
Ciclo sexual da cadela
O ciclo sexual da cadela é considerado monoéstrico (uma única ovulação por cada ciclo)
com ovulação espontânea (ou seja, a ovulação não é desencadeada pelo acasalamento como
acontece na gata). Divide-se em quatro fases sucessivas:
A duração de cada uma das fases do ciclo pode ser variável. Apenas o metaestro tem uma
duração relativamente estável (120 +/- 20 dias).
A fêmea está em cio durante as fases de proestro e estro, um período que dura em média três
semanas. No entanto, a sua duração depende da data de ovulação, sendo variável de uma
cadela para outra, e na mesma cadela de um ciclo para o outro. Assim sendo, o fato de uma
cadela ter ovulado uma vez 12 dias após o aparecimento do corrimento sanguinolento, não
significa necessariamente que no ciclo seguinte a ovulação ocorrerá com o mesmo intervalo.
48
As fases do ciclo
Durante o proestro, a hipófise (glândula pituitária) induz a secreção de hormônios pelos folículos
ovarianos em crescimento. Estas hormônios são conhecidas como "estrogênios" e são
responsáveis pelas modificações físicas e comportamentais da cadela (atração de machos, busca
de afeto, ato de lamber a vulva, etc.). A vulva torna-se congesta e liberta um corrimento
sanguinolento que atrai os machos. No entanto, durante esta fase a fêmea ainda não está
receptiva e não permite a monta.
O período de aceitação do macho corresponde geralmente ao estro. É frequentemente
acompanhado por um reflexo de postura, caracterizado por um desvio lateral da posição da
cauda após uma estimulação vulvar. Contudo, este sinal deve ser interpretado com prudência em
determinadas fêmeas que aceitam o macho fora do seu período de ovulação.
Durante o estro as secreções vaginais tornam-se mais claras e transformam-se em
muco que irá facilitar o acasalamento. Nesta fase os óvulos são libertados ainda imaturos
no estágio dito "oocitário". Geralmente, são necessárias 48 horas para que se tornem
fecundáveis. Ao contrário do que acontece na maioria das outras espécies, os ovários da cadela
começam a secretar progesterona alguns dias antes da ovulação. O nível sanguíneo deste
hormônio aumenta então progressivamente, quer os ovócitos da cadela sejam fecundados ou
não. Assim, a dosagem de progesterona na cadela é um indicador da ovulação, mas não da
gestação.
Os níveis de progesterona atingem em seguida um nível que persiste durante todo o metaestro
devido à secreção deste hormônio pelos corpos lúteos do ovário que libertou os óvulos. A
progesterona prepara o útero para a nidação do embrião e para uma eventual gestação. A sua
produção decresce brutalmente dois meses depois da ovulação, permitindo o início da lactação e
a involução uterina até que o aparelho genital feminino possa entrar em repouso completo
(anestro).
O ciclo sexual da gata dura aproximadamente entre 15 e 28 dias. Pode ser dividido em 4
períodos que correspondem as diferentes fases de atividade ovárica.
49
• Pró-estro: período de maturação folicular (o folículo ovárico contém o futuro óvulo).
Esta fase dura entre 1 a 4 dias.
• Estro (cio): período durante o qual a gata procura o acasalamento que desencadeia
a ovulação. Na maioria dos casos, a gata é uma espécie considerada de ovulação induzida, ou
seja, sem cópula não existe ovulação. O número de óvulos libertados (2 a 11) depende do
número e, principalmente, da freqüência dos cruzamentos (3 vezes no intervalo de 3 a 4 horas). A
ovulação ocorre 24 a 30 h após o acasalamento. No decorrer do estro, a gata executa um
verdadeiro comportamento de corte (mia, roça-se contra objetos e evidencia uma locomoção
arrítmica dos membros posteriores e lordose). O estro dura entre 4 a 10 dias.
• Metaestro: esta fase só existe se a gata tiver sido coberta, sendo neste caso
substituída pelo início da gestação. Caso não tenha sido coberta, ou se o macho for estéril,
desenvolve-se uma pseudogestação com uma duração de 30 a 40 dias.
• Anestro: período de repouso sexual. Esta fase tem uma duração variável,
dependendo das raças e das condições ambientais (iluminação, isolamento sem macho, etc.)
A fecundação
É o início de um novo ser através da fusão de 2 gametas que ocorre na parte superior do
oviduto.
Podemos observar dois fenômenos particulares:
• superfetação: 10% das gatas gestantes apresentam cio e aceitam o macho (entre o
21° e o 24° dia da gestação). Esta particularidade leva ao desenvolvimento de fetos com
diferentes idades gestacionais na mesma ninhada. Durante o parto, a gata poderá dar à luz fetos
vivos, nados-mortos e gatinhos prematuros.
EXERCÍCIOS
1. Cite uma importante diferença entre o ciclo sexual da cadela e o ciclo sexual da gata.
50
A gestação
A sua duração varia entre 63 e 68 dias nas gatas e 58 a 64 dias nas cadelas.
A radiografia só se torna útil no final da gestação, quando os esqueletos dos fetos estão
calcificados e se apresentam rádiopacos ao raio-X (a partir do 45° dia).
• Ecografia: o diagnóstico pode ser feito a partir do 20° dia. Os movimentos dos fetos
surgem por volta do 28° dia.
51
A partir da 6° semana, as várias partes do feto tornam-se
perceptíveis.
Fases da gestação
Na cadela, a duração da gestação pode variar de 58 a 68 dias (em
média 63 dias). Esta variação que é observada nas cadelas, está
associada à diferença entre a data de cruzamento e a data real de
fecundação. De fato, os espermatozóides podem sobreviver até
cinco dias nas vias genitais femininas antes que os óvulos sejam
fecundados.
Após a fecundação, os ovos transformam-se em embriões que migram dos ovidutos em direção
ao útero, e espalham-se uniformemente nos dois cornos uterinos. A nidação, ou seja, a
implantação do embrião na mucosa uterina, só se efetua entre o 17° e o 19° dia após a
fecundação, sendo impossível um diagnóstico de gestação através da ultra-som antes dessa
data.
1. Córion viloso
2. Córion liso
3. Alantóide
4. âmnio
5. Vesícula umbilical
6. Orla da placenta
7. Placenta zonária do tipo endotélio-corial
O parto
A vigilância durante o período prénatal começa com uma visita ao Médico Veterinário, a
qual é indispensável para as primíparas ou para as fêmeas de risco. Esta consulta deverá ser
realizada na oitava semana de gestação.
A realização de uma ou mais radiografias abdominais durante este período torna possível a
contagem dos fetos, a qual é feita com maior precisão por radiografia do que por ecografia. Este
exame permite também detectar eventuais anomalias que são frequentemente causas de
distocias: estreitamento da bacia, mumificações fetais (imagens de contornos pouco nítidos,
deslocamentos dos ossos) ou ainda desproporções feto-maternas. Contudo, a determinação das
posições dos fetos por radiografia não é um bom indicador de eventuais distocias, pois os fetos
podem mudar de posição no último momento (rotação de 180°).
A realização duma ecografia uterina pode fornecer informações acerca da vitalidade dos
cachorros, através da observação dos seus batimentos cardíacos.
53
maturidade dos fetos e indicam que o nascimento dos cachorros pode ocorrer naturalmente ou
por cesariana sem riscos maiores para os recém-nascidos. A indução do parto na espécie canina
é perigosa.
Finalmente, o aparecimento de corrimento mucoso (que corresponde ao "tampão" mucoso que
mantinha a cérvix fechada) é um sinal de alerta para o início do parto e ocorre algumas horas (24
a 36 no máximo) antes das primeiras contrações. A gata começa a evidenciar nervosismo e
recolhe-se com freqüência no ninho preparado. O parto tem uma duração aproximada de 6 horas,
com intervalos de 10 a 60 minutos entre duas expulsões. A ninhada, em média, é composta por 3
a 5 crias. O peso dos gatinhos à nascença situa-se entre 100 e 125 g. No espaço de 2 anos, a
fêmea pode ter 5 ninhadas. Dá-se o nome de primípara à fêmea que procria pela primeira vez. A
mãe secciona o cordão umbilical e lambe vigorosamente os gatinhos. A gata permanece no
mesmo local durante 24 a 48 horas. Os gatinhos mamam pela primeira vez 1 a 2 horas após o
parto.
O parto normal
A menos que a visita pré-natal ao Médico Veterinário tenha detectado riscos específicos,
geralmente não é necessário intervir durante o parto.
Os primeiros sinais de parto aparecem em média 60 a 63 dias após a fecundação. Um
período de gestação de 65 dias pode indicar algum problema. Quando este período se prolonga
para além dos 70 dias estamos definitivamente perante uma situação anormal.
As primeiras contrações a aparecer são uterinas, e em geral só são detectáveis
externamente pelo nervosismo da cadela. Durante esta fase a cadela observa frequentemente os
seus flancos e procura um lugar tranqüilo para se isolar e preparar um "ninho" confortável. A
anorexia (perda de apetite) observada durante este período é uma situação normal, e algumas
fêmeas podem inclusivamente vomitar. Esta fase preparatória dura em média 6 a 12 horas,
podendo-se prolongar por 36 horas numa primípara. Se o proprietário estiver preocupado, pode
avaliar a dilatação vaginal através da introdução de um ou dois dedos protegidos com luvas,
aproveitando esta manipulação para detectar a eventual presença e a posição de um cachorro.
Se a membrana amniótica não foi rasgada pela passagem do cachorro, a mãe executa
essa operação no minuto que se segue à expulsão, secciona o cordão umbilical e lambe o tórax
do recém-nascido, estimulando assim os seus primeiros movimentos respiratórios. Nesta fase, a
intervenção só é necessária se o feto estiver com uma apresentação posterior ou se o cachorro
não progredir apesar da estimulação materna. As apresentações posteriores são encontradas em
aproximadamente 40 % dos nascimentos, e tornam a expulsão do cachorro mais demorada.
54
Após o nascimento de cada cachorro a placenta e anexos são geralmente libertados nos
quinze minutos que se seguem à expulsão da cria (exceto se as contrações forem muito
intensas), e são na maioria das vezes ingeridos pela mãe. A expulsão dos seguintes cachorros
dá-se em intervalos de alguns minutos a cerca de meia hora. Assim, um período de tempo
superior a duas horas entre duas expulsões assinala uma anomalia, que pode ser devida a uma
inércia uterina primária (associada a fadiga, hipoglicemia ou hipocalcemia), ou secundária a um
obstáculo (cachorro com apresentação transversa, presença simultânea de dois fetos, obstrução
do canal pélvico). Neste caso é necessária uma intervenção médica ou cirúrgica.
55
MÓDULO
II
- quatro partes de carne, três partes de arroz não cozido, duas partes de legumes, uma
parte de um suplemento composto por um terço de levedura dietética, um terço de
osso desidratado, um terço de azeite (modelo"4-3-2-1")
São muito simplistas e devem ser questionados, pois não levam em conta, por exemplo, as
variabilidades de tamanho das diferentes raças de cães. Por outro lado, substituindo a carne
gorda por carne magra, o valor energético de uma ração, como a definida acima, passará de
cerca de 2000 kcal para aproximadamente 1250 kcal/kg de alimentação! A relação
"proteína/caloria", expressa em gramas de proteínas por megacaloria de energia, bastante
importante para o cão, depende estreitamente da fonte de carne utilizada: peixe magro ou gordo,
tipo de carne. Assim, o conteúdo em lipídeos da carne pode variar de 0,5% a 35%, o seu
conteúdo em proteínas de 10% a 20% e em água de 45% a 80%.
Na alimentação caseira também é importante determinar se as fontes de amido
a serem utilizadas estão cruas ou cozidas nas proporções utilizadas, pois o arroz
absorve até três vezes o seu peso em água durante o cozimento.
57
Enfim, neste contexto de alimentação tradicional, é evidente que o complemento
vitamínico-mineral incorporado não pode ter em conta as ingestões vitamínicas e minerais
específicas para cada tipo de dieta e a imprecisão da dosagem ponderal pode
perturbar o equilíbrio nutricional global da mistura. Caso seja adotada esta solução, o dono
deverá utilizar um complemento no qual a relação Ca/P (relação dos conteúdos em cálcio e em
fósforo) seja obrigatoriamente igual a dois.
A alimentação industrializada
Derivados das indústrias agro-alimentares humana e dos animais de produção, os alimentos
industriais são classificados em função do seu conteúdo em água:
As técnicas de fabricação
As latas
As latas (conservas) são alimentos esterilizados durante o processo de enlatamento
(1 hora e 30, dos quais 55 minutos a 120°C) e acondicionados em recipientes estanques a
líquidos, gases e microorganismos. Os produtos são constituídos principalmente por carnes e
miúdos derivados daquilo a que chamamos "subprodutos" (alimentos não consumidos pelo
homem), tratados sob a forma fresca ou congelada. A indústria de alimentos em lata surgiu em
1923 nos Estados Unidos e teve o seu maior desenvolvimento a partir dos anos 50.
58
Alimentos semi-úmidos
Estes produtos não são esterilizados mas são:
- as massas são preparadas a partir da sêmola de trigo duro, triturada a vácuo, comprimida e
depois cozida a vapor;
- os biscoitos, que apareceram pela primeira vez na Grã Bretanha em 1885 e em França em 1920,
são feitos de farinha amassada e, em seguida, cozida em forno tubular a vapor após o corte;
- os cereais em flocos são preparados como os destinados aos humanos para o pequeno-almoço,
por cozimento a vapor, trituração e secagem. Massas, biscoitos e flocos são alimentos
complementares destinados a serem misturados a uma fonte de carne.
59
Falar sobre alimentação de cães e gatos, mais especificamente ração comercial,
pode parecer um tema bastante simples, afinal estamos falando de uma embalagem
que se compra com o alimento pronto para servir. Mas não é bem assim, já que existem inúmeros
tipos e marcas de rações diferentes. Mas qual é a melhor para o animal?
EXERCÍCIOS
60
2) Cite as vantagens e desvantagens da alimentação industrializada.
A medicina preventiva
Vários parasitas externos (ectoparasitos) de origem animal, como as pulgas, sarnas, piolhos e
ácaros, ou de origem vegetal, como tinhas e ainda as sarnas, podem modificar profundamente a
pele e a pelagem do cão. As infestações internas devidas a endoparasitos, frequentemente
veiculadas pelas pulgas, sarnas ou mosquitos, e as doenças virais podem atingir gravemente a
saúde do cão e desenvolver doenças infecto-contagiosas, das quais algumas beneficiam hoje em
dia de uma profilaxia por vacinas. A vigilância e uma boa higiene de vida podem evitar a maioria
destas afecções da saúde do cão das quais algumas podem tornar-se fatais.
61
A vacinação dos animais
As vacinações permitem evitar doenças infecto-contagiosas fatais. Algumas são obrigatórias. Só
podem ser eficazes se forem administradas em determinada circunstância, ou seja, respeitando
um calendário preciso.
Distinguem-se:
• Outras vacinas, cujos agentes patogênicos foram modificados geneticamente, perdendo a sua
virulência. Também existem vacinas com agentes inertes incapazes de se multiplicar no
hospedeiro.
São elas:
• Vacinas com agentes inativados, nas quais o agente patogênico foi morto por ações químicas.
Estas vacinas de agentes inativados possuem uma maior inocuidade do que as vacinas vivas,
mas uma eficácia menor. Por este motivo, são frequentemente associadas a um adjuvante com a
função de prolongar o contacto com o organismo. No
caso da vacina anti-rábica, a presença de um adjuvante dispensa uma segunda injeção
após a primeira vacinação. De modo a evitar a aplicação de muitas injeções, utilizam-se com
freqüência várias valências, ou seja, o cão é vacinado contra várias doenças
62
infecciosas ao mesmo tempo. No entanto, é necessário tomar o cuidado de não misturar vacinas
provenientes de diferentes fabricantes.
Acidentes pós-vacinais
Um cuidado importante dos profissionais de Clínicas Veterinárias e Pet shops é prestar
Importantes esclarecimentos aos proprietários de animais de estimação, quanto aos riscos dos
procedimentos de imunização (vacinação) de seus animais, sem a devida orientação e/ou
supervisão médico veterinária; considerando que esta vem se tornando uma prática, cada vez
mais comum e temerosa, com o advento da comercialização de vacinas em Pet shops e lojas de
produtos agropecuários.
Não somente os aspectos abaixo apresentados seriam os fatores únicos de nossa
preocupação com a vacinação praticada por leigos, mas também aqueles que proporcionam
interferências negativas nas respostas imunológicas às vacinas; tais como, interferência de
anticorpos maternos, verminoses e doenças intercorrentes. Fatores estes também, que só
poderão ser detectados e resolvidos por médicos veterinários.
Existem três formas principais de manifestaçõessintomáticas que caracterizam os acidentes
pós-vacinais; reações alérgicas locais, reações alérgicas sistêmicas (choque anafilático) e
acidentes neuro-paralíticos.
O quadro de vacinação dos cães pode variar conforme as necessidades de cada animal,
situação de risco ou região, podendo ser alterado apenas pelo Médico Veterinário.
Doenças imunizadas
Óctupla- Vacina que imuniza cães contra cinomose, hepatite infecciosa, Adenovírus tipo
2, parainfluenza, parvovirose, coronavirose e leptospirose, sendo esta contra a Leptospira
icterohaemorrhagiae e Leptospira canicola ;
Décupla- Imuniza conta as mesmas doenças da óctupla, porém contra mais 2 sorovares
de leptospirose, sendo eles a Leptospira grippotyphosa e Leptospira pomona.
Existem ainda inúmeras vacinas contra as mais variadas doenças, sendo as chamadas vacinas
monovalentes. Dentre estas existem vacinas contra parvovirose, leptospirose, coronavirose, raiva,
giardíase, leishmaniose, tosse dos canis, etc.
Vermífugos
A título preventivo, os cachorros podem ser desverminados a partir das duas semanas de
idade. Utiliza-se um vermífugo polivalente – geralmente uma associação de vários anti-
66
helmínticos, o que permite obter um espectro de ação muito amplo – cuja dose é adaptada ao
peso do cão. Em seguida, trata-se o cão uma vez por mês até à idade de 6 meses, depois 3 a 4
vezes por ano, dependendo se o cão sai muito ou não.
As pulgas
São insetos desprovidos de asas, cujo corpo é achatado lateralmente. As
pulgas do cão pertencem às espécies Ctenocephalides canis ou
Ctenocephalides felis, dos
quais somente os adultos são parasitas. Encontram-se principalmente nos
lugares frequentados pelo cão: estima-se que, num determinado momento,
apenas 10 % das pulgas estejam presentes na pelagem (o restante está no
ambiente!). As pulgas são muito prolíferas: as fêmeas põem numerosos
ovos (às vezes mil ou dois mil) em alguns meses. Como estes ovos não aderem à pelagem, caem
ao solo e acumulam-se nos tapetes, no chão, etc. Os ovos eclodem, libertando larvas que sofrem
metamorfoses, realizam mudas e transformam-se em ninfas. Depois, em condições favoráveis, o
adulto formado sai do casulo e torna-se um parasita no cão, chamado hospedeiro definitivo.
A pulga adulta perfura então a pele do cão, utilizando as suas peças bucais, e suga sangue,
graças à sua probóscide, após ter inoculado saliva anti-coagulante. A presença de pulgas é
revelada pelos seus excrementos: trata-se de pequenos grãos pretos que se encontram na pele
do animal, especialmente na região dorso-lombar. Correspondem ao sangue absorvido e, depois,
digerido pelas pulgas.
As pulgas causam várias patologias no cão. Em primeiro lugar, têm um papel patogênico direto,
em geral pouco incomodativo, que se limita às comichões. No entanto, o cão pode desenvolver
uma dermatite por hipersensibilidade às picadas de pulga (DAPP), que se traduz por um prurido
intenso, levando à queda de pelo ou, até mesmo, feridas ao coçar, localizadas na parte superior
do corpo (sobretudo na região lombar). Esta afecção é mais rara na estação fria, quando a
atividade das pulgas é menor. O seu papel patogênico indireto consiste na transmissão de
67
agentes patogênicos: bactérias (como a responsável pela peste humana) e parasitas do tubo
digestivo (transmissão por ingestão de pulgas adultas).
Os carrapatos
Os carrapatos são ácaros de grandes dimensões (de 2 a 10 mm). Existe um grande
dimorfismo sexual relacionado com o fato do abdômen das fêmeas ser
fortemente dilatável, ao contrário do que acontece com os machos. O seu
corpo, de cor vermelho acastanhado, é achatado, exceto depois de se
alimentarem, quando se torna globuloso. São parasitas intermitentes,
estritamente hematófagos, exceto alguns machos de algumas espécies que não
se alimentam.
Os carrapatos parasitos do cão são principalmente da espécie Rhipicephalus sanguineus.
São muito específicas do cão, visto que procuram fixar-se neste hospedeiro (e apenas nele), em
qualquer estado evolutivo (larva, ninfa ou adulto). O carrapato fixa-se à pele do cão, de
preferência onde esta é mais fina. Então, introduz as suas peças bucais na pele e inocula uma
saliva especial que se solidifica, formando uma área de fixação muito resistente.
68
Assim, o carrapato pode alimentar-se de sangue, o que é facilitado pela injeção de uma saliva
com propriedades anticoagulantes e vasodilatadoras. Esta refeição é parcial para as larvas e as
ninfas, bem como para as fêmeas não fecundadas, mas torna-se muito significativa (até alguns
mililitros) para as fêmeas fecundadas. As larvas, ninfas e adultos fazem apenas um repasto
sanguíneo, ao contrário dos machos, que se alimentam em pequenas quantidades e várias
vezes. O carrapato pode libertar-se no final do repasto sanguíneo graças a uma outra saliva, que
dissolve a primeira. A este período de vida parasitária sucede uma fase de vida livre, dependendo
das condições do meio ambiente. No ciclo evolutivo do carrapato o período de vida livre é
consideravelmente mais longo do que o de vida parasitária. O carrapato do cão reproduzisse
geralmente no seu hospedeiro, depois a fêmea enche-se de sangue e cai ao solo.
Após várias semanas, a fêmea põe alguns milhares de ovos e morre. Conforme as condições
do meio ambiente, os ovos incubam durante um período mais ou menos longo de algumas
semanas, depois eclodem. De cada ovo surge uma larva, que aguarda sobre as folhagens a
passagem do seu futuro hospedeiro, o cão. Ela pode, então, fixar-se nele e fazer a sua refeição
de sangue, que dura alguns dias e, depois, deixa-se cair novamente ao solo. Após algum tempo
no chão, a larva transforma-se em ninfa. O processo repete se: a ninfa alimenta-se, cai
novamente ao solo e faz a muda para adulto, macho ou fêmea. O ciclo completo é longo,
considerando que requer a fixação do carrapato em três hospedeiros; se as condições não forem
ideais, pode durar até quatro anos. Além disso, nem todos os ovos chegam ao estado adulto
porque podem ser ingeridos em diferentes fases do seu desenvolvimento por vários animais,
principalmente durante a sua vida livre.
Os carrapatos desempenham um papel patogênico direto importante, pela irritação que
provoca a penetração do carrapato e a sua saliva. Depois do carrapato se desprender do
hospedeiro, a pele do cão fica fragilizada. A lesão provocada pela fixação pode tornar-se um foco
de penetração de bactérias, conduzindo a mais infecções. O repasto sanguíneo constitui uma
espoliação sanguínea mais ou menos intensa para o cão, podendo causar uma anemia severa
em caso de infestação maciça. Finalmente, a presença de carrapatos no cão pode provocar uma
reação tóxica, tanto local quanto generalizada. Conhecem-se, por exemplo, paralisias por
carrapatos na Austrália causadas pela espécie Ixodes holocyclus; sem tratamento, levam à morte
por paralisia dos músculos respiratórios.
A presença de carrapatos também tem influência sobre a imunidade do cão. Quando ocorre
uma nova infestação, surge uma hipersensibilidade que se manifesta por reações violentas
(prurido) no ponto de fixação, dificultando a presença carrapatos que, aos poucos, vão diminuindo
em número. Observa-se o aparecimento de uma imunidade adquirida. Os carrapatos também
podem transmitir vários agentes causadores de doenças, seja através de uma fêmea à sua
descendência, seja de um estado de desenvolvimento a outro, seja pela combinação dos dois.
69
Como eliminar os carrapatos?
Se o cão estiver pouco infestado, é possível extrair os carrapatos uma a uma com o auxílio de
uma pinça, de preferência após ter deitado um pouco de éter sobre o carrapato ou depois de
passar um papel absorvente embebido em ivermectina. Na verdade, é essencial que esta seja
retirada, sob pena de ocorrer a formação de um abscesso no local de implantação do parasita. Se
a infestação for muito intensa, deve-se então proceder a lavagens, utilizando, por exemplo,
piretróides ou amitraz, substâncias contra carrapatos. É aconselhável cimentar o solo e as
paredes dos canis e pulverizar com um inseticida adequado, de modo a prevenir as infestações a
outros grupos de animais.
Existe também uma vacina, cuja duração é de seis meses, que visa prevenir as parasitoses
quando o cão se desloca frequentemente a locais onde a população de carrapatos é grande,
como nas florestas ou matas.
EXERCÍCIOS
Zoonoses
70
Zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem, bem como aquelas
transmitidas do homem para os animais. Os agentes que desencadeiam essas
afecções podem ser microrganismos diversos, como bactérias,
fungos, vírus, helmintos e rickéttsias. O termo antropozoonose se
aplica a doenças em que a participação humana no ciclo do
parasito é apenas acidental, ou secundária, como ocorre na
hidatidose. Nessa p arasitose, o ciclo se completa entre cães,
que hospedam a forma adulta do parasito, e carneiros, que
abrigam a forma larvária. O homem, ao ingerir os ovos
provenientes do cão, passa a comportar-se como hospedeiro
intermediário, no qual só se desenvolve a forma larvária. O
termo zooantroponose se aplica a parasitoses próprias do
homem, que acidentalmente podem transferir-se para animais. É o exemplo da
amebíase causada pela Entamoeba histolytica, que acidentalmente pode manifestar-se em cães.
Existem, no entanto, muitos parasitos que não causam doenças em animais, mas que,
transmitidos ao homem, encontram nesse novo hospedeiro melhores condições de
desenvolvimento e multiplicam-se ativamente, aproveitando-se das insuficiências defensivas
desse último e acarretando graves lesões. As variantes dessa situação, envolvendo o homem, o
agente etiológico e os animais reservatórios, são muito freqüentes na natureza.
Vias de transmissão
Os sinais vitais
Sinais vitais são aqueles que evidenciam o funcionamento e as alterações da função corporal.
Dentre os inúmeros sinais que são utilizados na prática diária para o auxílio do exame clínico do
animal, destacam-se pela sua importância e por nós serão abordados: a auscultação cardíaca, o
71
pulso, a temperatura corpórea e a respiração. Por serem os mesmos relacionados com a própria
existência da vida, recebem o nome de sinais vitais.
Auscultação cardíaca
- Receptores: existem dois tipos fundamentais: o de campânula de 2,5 cm que é mais sensível
aos sons de menor freqüência e o diafragma que dispõe de uma membrana semi-rígida com
diâmetro de 3 a 3,5 cm., utilizado para ausculta em geral.
Técnica: realize a auscultação em uma sala quieta, sem barulho e com o paciente calmo.
Posicione o paciente em pé, se possível, de forma que o coração fique em sua posição normal.
Avalie o coração independentemente dos pulmões; se for preciso segure o focinho do animal para
prender a respiração por alguns segundos. Primeiro ausculte do lado esquerdo do tórax, depois
do lado direito. O local correto de se colocar o diafragma do estetoscópio é embaixo das axilas do
animal, ou onde você sentir a pulsação do coração (faça isso colocando a mão sobre a parede do
tórax e procurando onde o coração “bate mais forte”).
Conte as batidas durante 15 segundos e depois multiplique por 4 para saber quantas batidas
por minuto (bpm) aquele animal apresenta. Se auscultar algum ruído estranho (um sopro por
exemplo) avise ao veterinário.
Pulso
72
rapidamente pelo sistema arterial, onde pode ser percebida como pulso arterial. Portanto o
pulso é a contração e expansão alternada de uma artéria.
Local: o melhor local para aferir o pulso nos animais é na artéria femoral, do lado interno
da coxa. Pode-se tentar aferir também nas carótidas (ao lado da veia jugular) no pescoço.
Conte as pulsações também em 15 segundos e multiplique por 4. Verifique também se o
pulso é forte ou se está fraco.
Temperatura
Local: o melhor local para medir a temperatura dos animais é no ânus, pois é a
que melhor reflete a verdadeira temperatura corporal.
O aparelho deve ser cuidadosamente introduzido, às vezes com uso de vaselina, de modo que o
depósito de mercúrio fique em contato com a mucosa do intestino (o reto). Como muitos animais
oferecem resistência à tomada de temperatura é conveniente que a operação dure pouco tempo,
com o emprego de termômetros clínicos que em trinta segundos marcam a temperatura
corretamente. É preciso que a coluna do mercúrio seja previamente baixada de pelo menos um
grau abaixo da temperatura normal do animal em exame. Para facilitar a colocação, o termômetro
deve ser lubrificado com vaselina, óleo ou mesmo água. A introdução jamais deve ser forçada a
fim de que o animal não se assuste e quebre o aparelho com movimentos violentos.
A temperatura retal dos cães é: 35 a 37,2ºC na primeira semana de vida; 37,2 a 37,8ºC na
segunda e terceira semanas; 37,5 a 39ºC na quarta semana; e 38,5 a 39ºC
a quinta semana em diante, inclusive nos animais adultos. Em cães adultos de grande porte, vai
de 37,4ºC a 39ºC, e em cães de pequeno porte de 38ºC a 39ºC. A temperatura retal de gatos
oscila entre 38ºC a 39,5ºC, sendo que em filhotes ela é um pouco mais baixa. Quando a
temperatura dos animais está acima do normal ele está com febre, e o termo técnico que deve
ser utilizado é hipertermia. Quando a temperatura está abaixo do normal, o animal está em
hipotermia. Ambos os casos deve ser imediatamente comunicado ao veterinário.
Frequência respiratória
O ritmo respiratório, que também deve ser regular, é verificado por meio da contagem do
número de modos dos movimentos do flanco ou do tórax, por minuto. O número de movimentos
respiratórios aumenta muito após um exercício ou esforço pesado, assim como em consequência
do susto, do medo e da excitação e quando o frio ou o calor são extremos, em lugares de
atmosfera confinada e durante um ataque de febre, convulsão
73
ou eclampsia. O normal para um cão de grande porte é de 14 a 30 movimentos por minuto, para
um cão pequeno é de 16 a 35, e para os gatos é de 20 a 40 movimentos por minuto, quando os
animais estão calmos.
Preparação do pessoal
Todos que adentrarem o centro cirúrgico devem passar por uma rigorosa
assepsia, que inclui limpeza com escova, sabão iodado, colocação de avental e luvas.
Primeiramente deve-se retirar todos os anéis, alianças, pulseiras, relógios, ou qualquer outro
objeto que seja potencialmente contaminante. Os antebraços e mãos são esfregados com uma
escova de unhas convencional, no mínimo 3 minutos, com atenção especial às unhas e entre os
dedos. Deve-se enxaguar as mãos e antebraços de cima para baixo, de modo que o fluxo de
água vá das mãos para o cotovelo.
1 3
2
4 5 6
1. Afastador de Farabeuf
2. Cabo de bisturi
3. Pinça Kelly
4. Pinça de Kocher
5. Afastador de Weitlaner
6. Pinça de Halstead reta (mosquito)
EXERCÍCIOS
75
2) Pesquise e traga o nome de mais 3 instrumentos cirúrgicos que não foram
citados aqui.
Aplicação de medicamentos
Os medicamentos podem ser administrados por diversas vias: pela boca (oral); por injeção em
uma veia (intravenosa) ou em um músculo (intramuscular) ou sob a pele (subcutânea); inseridos
no reto (retal); instilados no olho (ocular); borrifados dentro do nariz (nasal) ou dentro da boca
(inalação); aplicados à pele para efeito local (tópica) ou sistêmico (transdérmica). Cada via tem
finalidades, vantagens e desvantagens específicas.
Via oral
76
Comprimidos
Tente colocá-los dentro de uma pequena porção do alimento preferido do cão. Ele vai engolir sem
mastigar e não perceberá a medicação. Se não for possível fazer isso, a segunda opção é mais
agressiva. Abra a boca do cão, segure a sua língua e coloque o comprimido bem próximo da
garganta. Feche a boca, mantenha-a assim por um tempo, de forma que fique um pouco elevada.
Faça uma ligeira pressão na região da garganta, até que você perceba que ele tenha engolido.
Líquidos
Coloque a medicação em uma seringa descartável (plástica), sem a agulha. Segure o focinho do
animal, com a boca fechada, puxe a bochecha para o lado, para formar uma bolsa, introduza a
seringa e vá empurrando o êmbulo, e liberando o líquido, lateralmente aos dentes. Como a
cabeça deve estar elevada, o líquido chegará mais fácil à garganta e estimulará a deglutição.
Mantenha a boca segura, fechada, e a cabeça elevada até perceber que a medicação foi
engolida.
Vias Injetáveis
Via Retal
77
Muitos medicamentos que são administrados por via oral podem também ser administrados por
via retal, em forma de supositório. Nessa forma, o medicamento é misturado a uma substância
cerosa, que se dissolve depois de ter sido inserida no reto. Em razão do revestimento delgado e
da abundante irrigação sangüínea do reto, o medicamento é rapidamente absorvido. Supositórios
são receitados quando o animal não pode tomar o medicamento por via oral em razão da náusea,
impossibilidade de
engolir ou alguma restrição à ingestão, como ocorre em seguida a uma cirurgia. Alguns
medicamentos são irritantes em forma de supositório; para essas substâncias, deve ser utilizada
a via parenteral.
Via Transdérmica
EXERCÍCIOS
1) O que é perigoso no fato de uma pessoa sem treino ou experiência fazer injeções
intramusculares ou endovenosas?
A via intravenosa só deve ser utilizada por pessoas devidamente capacitadas, com
treinamento prévio, uma vez que usada de forma inadequada pode até levar à morte do animal
por embolia, tromboembolia, choque anafilático (dependendo do tipo da droga administrada) ou
intoxicação (uma vez que aplicado o remédio não tem mais como tirálo do organismo). Até
mesmo os medicamentos utilizados por esta via devem ser prescritos unicamente pelo médico
veterinário, mesmo que você saiba que aquele determinado remédio seja de aplicação
intravenosa.
Antes de cateterizar qualquer vaso, deve-se fazer tricotomia da área e uma assepsia
cuidadosa. O acesso venoso periférico, com cânula metálica (escalpe ou agulhas) ou plástica
(cateter), de preferência em membros anteriores (veia cefálica principalmente), possibilita a
infusão de medicamentos como antibióticos, antiinflamatórios, vitaminas, soros, etc. Na
impossibilidade de uma veia periférica (por exemplo em casos de emergência), esses fármacos
podem ser administrados por um vaso de maior calibre, como a jugular; nos filhotes existe ainda a
alternativa da via intra-óssea.
Os escalpes metálicos devem ser trocados a cada 48 horas, já os cateteres podem
permanecer no vaso do animal por até 4 dias, dependendo da marca.
Para a fluidoterapia, além de um escalpe ou um cateter, é necessário o equipo do soro e o frasco
do soro. Existe 2 tipos de equipos: o macrogotas (possibilita uma maior infusão de fluidos por
minuto) e o micro-gotas (permite uma menor infusão de fluidos por minuto).
Existem diversos tipos de soros, cada um com fórmula diferente, e a determinação do tipo de soro
que o animal vai utilizar quem faz é o médico veterinário. Um soro errado pode até levar o animal
à morte. Os mais comuns e mais utilizados na rotina de uma clínica veterinária são: solução
fisiológica 0,9 % de cloreto de sódio, solução glicosada 5%, solução de Ringer simples e solução
de Ringer-Lactato. Existe também diferentes tamanhos de frascos, sendo que a maioria das
marcas comerciais varia de 100 ml a 1litro.
b) infiltração: observada quando a cânula se encontra fora da veia ou uma punção posterior sem
sucesso foi realizada proximal à mesma;
79
c) celulite e flebites: que podem ser prevenidas com o emprego da boa técnica de punção,
assepsia local, cateter adequado e menor tempo de uso;
d) sepse: especialmente por germes de pele, podendo se diminuir a chance dessa complicação
com emprego de técnica correta de punção, reconhecimento de infecção, tratamento com
antibióticos e retirada do acesso precocemente, bem como da formação de eventuais abscessos;
e) embolia gasosa: evitada com o uso de sistemas fechados. A punção venosa pode ser realizada
por agulhas hipodérmicas, agulhas tipo borboleta ou cateter plástico, que pode ser inserido sobre
ou dentro da agulha.
Na rotina de tratamento do paciente grave, os cateteres plásticos são os eleitos, já que ficam
mais bem ancorados, permitem ao paciente melhor mobilização sem trauma de parede dos
vasos, e na reposição volêmica de emergência poderá ser usado cateter de grande calibre e
curto, que são os que possibilitam maiores fluxos.
Tricotomia
Tricotomia nada mais é que depilar uma certa área do corpo do animal para a realização de
alguma intervenção médica, como cirurgias, cateterização de vasos, realização de curativos, etc.
Pode ser feito com máquina de tosa ou com lâminas de gilete.
Curativos
FINALIDADES
1. Prevenir a contaminação.
2. Facilitar a cicatrização.
3. Proteger a ferida.
4. Facilitar a drenagem.
5. Aliviar a dor.
TIPOS DE CURATIVOS
Aberto: curativo em feridas sem infecção, que após tratamento permanecem abertos
(sem proteção de gaze).
Compressivo: é o que faz compressão para estancar hemorragia ou vedar bem uma
incisão.
80
Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula, com
indicação de irrigação com soluções salinas ou anti-séptico. A irrigação é feita com
seringa.
Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato. Coloca-se dreno
de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia.
MATERIAL
Bandeja contendo:
MÉTODO
- Lavar as mãos.
- Abrir o pacote de curativo e dispor as pinças com os cabos voltados para o executante, em
ordem de uso – da esquerda para a direita: pinça anatômica sem dente, Kocher, anatômica com
dente, e a espátula montada com gaze.
81
- Com a 2ª pinça (Kocher, Pean ou Kelly) limpar as bordas da lesão com gaze embebida em soro
fisiológico.
- Com a 3ª pinça (anatômica sem dente) limpar alesão com gaze embebida em soro fisiológico
- Obedecer o princípio: do menos contaminado para o mais contaminado, usando tantas gazes
forem necessárias;
- Usar técnica de toque com movimentos rotativos com a gaze, evitando os movimentos de dentro
para fora da ferida, tanto quanto os de fora para dentro;
- Remover ao máximo os exsudatos (secreções – pus, sangue), corpos estranhos e tecidos
necrosados;
- Secar com gaze e passar o anti-séptico indicado (ou pomada, creme, etc.)
- Açúcar cristal ou fino – utilizado como cicatrizante, bactericida das feridas infectadas. Em
regiões de difícil aderência dos cristais, como proeminências ósseas, região perineal e inguinal,
utiliza-se uma pasta constituída de 10% de furacin ou vaselina e 90% de açúcar cristal.
- Clorexedine – anti-séptico.
- Éter – anestesia levemente a superfície da pele e serve também para desprender o adesivo. Por
ser volátil precisa ficar sempre em recipiente bem fechado.
A adoção de medidas que visem o bem-estar animal é de suma importância durante todos os
procedimentos de contenção e transporte, a fim de lhes proporcionar tranquilidade, sem
comprometimento de sua saúde e a dos membros das equipes de trabalho.
Guia/corda ou laço de contenção: pode ser tecido em fibra de algodão ou outro material
macio, resistente e maleável, com espessura mínima de 1,5 cm (para não ferir o animal).
Deve-se aproximar calmamente do animal, acompanhando seus movimentos, mantendo
a corda feito um arco na mão direita. Quando o animal estiver mais tranqüilo, passar o
laço por sua cabeça até o pescoço e puxar rapidamente a ponta livre para segurar o
animal, deixando que ele ande alguns metros para se sentir seguro.
Puçá: rede de malha de algodão trançado, fixa a um aro de material leve e rígido, com
cabo, geralmente confeccionado em alumínio. Este equipamento é utilizado para manejar
gatos em situações especiais e, também, alguns animais silvestres de pequeno porte.
Ao retirar o animal da malha deve-se escolher ambiente calmo e fechado e utilizar luvas de
material resistente (borracha grossa ou raspa de couro) para evitar acidentes com unhas
ou dentes de felinos.
Luvas: podem ser confeccionadas em diversos materiais, tais como raspa de couro, borracha,
silicone, tecidos tipo lona ou mistos. Devem ser utilizadas as confeccionadas em material
resistente, espesso, macio e flexível, podendo apresentar diferentes comprimentos de
cano, curto a longo, e ser aprovadas pelo Ministério do Trabalho. São empregadas na
contenção de animais como proteção individual, devendo ser utilizadas para
recolhimento de animais de pequeno porte, filhotes, gatos adultos em locais de difícil
acesso ou com pequeno espaço para manipulação, em especial de animais agressivos ou
arredios, a fim de evitar mordeduras e arranhaduras.
Transporte: o veículo
Recomenda-se que:
O veículo exiba: a identificação do órgão a que pertence (logotipo, nome); telefone e endereço
empresa.
Recomenda-se:
Atendimento ao Público
Conceitos
Atendimento:
Ato ou efeito de atender; Maneira como habitualmente são atendidos os usuários de determinado serviço.
Cliente:
• Na antiga Roma indivíduo que estava sob a proteção de um patrono (cidadão rico e poderoso);
• Cada um dos indivíduos sócio-economicamente dependentes que fazem parte de uma clientela (conjunto
de indivíduos dependentes),
• Comprador assíduo.
Você é a primeira pessoa a manter contato com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito
para a imagem que irão formar sobre sua empresa. Você é o cartão de visita da empresa. Preste atenção
a todos os detalhes do seu trabalho:
• Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural possível.
• Calma: às vezes pode não ser fácil, mais é muito importante que você mantenha a calma e a paciência.
• Interesse e iniciativa: cada pessoa que você atende merece atenção especial.
• Tratamento adequado: não use de intimidade seja formal (Sr., Sra., Por favor, Queira desculpar).
• Evite gírias e conotações de intimidade.
• Sigilo: às vezes é preciso saber de detalhes importantes, lembre-se, eles são confidenciais e pertencem
somente às pessoas envolvidas. Seja discreta e mantenha tudo em segredo.
• Postura / Apresentação pessoal: Atenda as pessoas com um sorriso, olhe nos olhos.
86
• Uma reclamação é uma ajuda e não um transtorno
• Uma reclamação bem atendida vale mais do que uma boa venda
Direitos Do Consumidor:
3. A Ser Ouvido.
4. À Indenização.
7. À Informação
87
• Detecte o estresse prematuramente e previna-o.
Inteligência Emocional
AUTOCONSCIÊNCIA
AUTOCONTROLE
AUTOMOTIVAÇÃO
EMPATIA
HABILIDADE NOS RELACIONAMENTOS
Que Irritações Podemos Evitar?
89
Parabéns por concluir uma nova etapa em sua vida!!!
90